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Vidália

Boletim dos Amigos dos Açores – Associação Ecológica nº 29 • 2008

• Plano Actividades 2008


• Relatório de Actividades 2007
• Dalberto Pombo o Naturalista Açoriano
• O Adeus ao Amigo e ao Ilustre naturalista Dalberto Teixeira Pombo
• O Modo de produção biológico
• Flores - A Ilha Lixada
• Coastwach Europe
Sumário

Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 Órgãos sociais da Associação Vidália


para o biénio 2007-2008
Plano de Actividade 2008 . . . . . 4 Boletim dos Amigos dos Açores
DIRECCCAO – Associação Ecológica
Relatório de Actividades 2007 . 7 Presidente
Teófilo Soares de Braga
Dalberto Pombo o Naturalista Secretário
Açoriano . . . . . . . . . . . . . . . .10 Sérgio Diogo Caetano
Tesoureiro Distribuição gratuita
O Adeus ao Amigo e ao Ilustre Mário José Furtado entre os sócios
naturalista Dalberto Teixeira Vogais
Pombo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Maria Manuela Livro
Lúcia Ventura
O Modo de produção biológico Suplentes
- Um depoimento . . . . . . . . . 13 Gilda Pontes
Paula Cristina Tavares
Flores - A Ilha lixada . . . . . . . .15

Coastwach Europe . . . . . . . . .16 CONSELHO FISCAL


Presidente
Publicações e Materiais para Paula Santos
Venda . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 Secretário
Eduardo Santos Os artigos são da responsabilida-
Novos Sócios . . . . . . . . . . . . . .21 Vogal de dos autores e não representam
George Hayes obrigatoriamente a posição ofi-
Boletim de Inscrição . . . . . . . .21 Suplentes cial da Associação.
Emanuel Machado
A Terra que não queremos . . . .22 Pedro Teves É permitida a reprodução e trans-
crição, desde que citada a fonte e
o autor
ASSEMBLEIA GERAL
Presidente
João Carlos Nunes
Vice-Presidente
Luís Guimarães
Secretário
Eva Almeida Lima
Suplentes
www.amigosdosacores.pt.vu Eduardo Almeida
e-mail: Pedro Nunes
amigosdosacores@gmail.com

Tel. 296 498 004 Sede Social


Fax 296 498 006 Está instalada no edifício da Junta de Apoio
Freguesia do Pico da Pedra, Avenida Secretaria Regional do
da Paz, 14. Ali se encontram todas as Ambiente e do Mar
publicações editadas e uma bi-bliote-
ca especializada na temática ambien-
tal. Os interessados poderão visitá-la
todos os dias úteis das 9h às 12h
e das 13h às 17h. Aconselha- -se a
marcação da visita. Contacto: Carla Execução Gráfica e Impressão
Oliveira, EGA
Tel. 296 498 004 Empresa Gráfica Açoreana, Lda.

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Editorial
Neste primeiro número do Boletim Vidá- problemas que se lhes apresentam hoje, como a
lia de 2008, para além de apresentarmos uma poluição, defesa do património natural, ecolo-
síntese das actividades realizadas no ano tran- gia, todos interdependentes afinal”.
sacto e das actividades previstas para o ano em
curso, destacamos um depoimento sobre o modo Quanto a nós, que tivemos a oportunida-
de biológico e dois textos de homenagem ao sr. de de o conhecer, destacamos o seu pioneirismo
Dalberto Pombo. e exemplo em termos de contributos para a sen-
sibilização para a conservação da natureza. Mas,
Dalberto Teixeira Pombo, escriturário de mais importante do que tudo, destacariamos o
profissão e naturalista por vocação, criou na ilha seu trabalho voluntário e desinteressado em prol
de Santa Maria o Centro de Jovens Naturalistas da formação dos mais jovens.
que teve uma actividade mais intensa nas déca-
das de 70 e 80 do século passado, altura em que Com o seu falecimento, em 11 de Dezem-
editou o interessante “Boletim dos Jovens Natu- bro de 2007, o Centro de Jovens Naturalistas
ralistas”. terá terminado a sua nobre missão. Como melhor
forma de o homenagear, todos os que o conhe-
O Centro de Jovens Naturalistas, organi- ceram deverão empenhar-se cada vez mais, quer
zação que nunca se chegou a transformar numa individualmente quer nas associações existen-
associação formal, por falta de adultos interes- tes ou noutras que venham a surgir, em activi-
sados, teve como objectivo principal “iniciar os dades que conduzam à construção de uns Aço-
jovens nas colecções ou preparações com ele- res mais justos, limpos e pacíficos.
mentos diversos da História Natural, para
melhor poderem apreciar, entender e resolver os *TB

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Plano de Actividades 2008
1 - Nota Introdutória to das duas primeiras obras da série Cadernos
O Plano de Actividades para 2008 dos Amigos Schumacher para a Sustentabilidade: Transfor-
dos Açores - Associação Ecológica contempla mar a Economia, de James Robertson e Criar
um conjunto de projectos em várias áreas da Cidades Sustentáveis, de Herbert Girardet, em
protecção da natureza e da educação ambiental, colaboração com a editora “Sempre em Pé”.
alguns dos quais foram iniciados em anos ante- 2.3 Ecodiversidade dos Açores
riores. Com este projecto, pretende-se dar a conhecer
Em 2008, merece destaque um conjunto de acti- e contribuir para a conservação do património
vidades relacionadas com o pedestrianismo, nas natural dos Açores.
suas vertentes turística e ambiental. De igual Nesse sentido, tal como em anos anteriores, a
modo, também inclui os orçamentos das Ecote- associação colaborará com outras ONGA’S,
cas da Ribeira Grande e de Ponta Delgada. nomeadamente com a SPEA na divulgação das
suas actividades. Continuar-se-á a distribuição
2 - Actividades a desenvolver em 2008 de desdobráveis sobre o cagarro e o garajau e
2.1 Boletim Vidália dar-se-á continuidade à iniciati-
A publicação de artigos sobre a va SOS-Cagarro, nos meses de
problemática do património Outubro e Novembro.
natural e construído e a divulga- No que diz respeito à biodiver-
ção das actividades associativas sidade, iremos desenvolver
junto do público e, em especial, várias actividades no sentido de
dos associados, são os objecti- dar a conhecer as principais
vos que nos levam a continuar a espécies invasoras para além de
editar, semestralmente, o bole- promovermos sessões de sensi-
tim VIDÁLIA. Pretende-se, bilização, estamos disponíveis
também, manter a versão Web do para participar em acções de
Boletim Vidália. combate à sua presença, sobre-
tudo em Áreas Protegidas.
2.2 Congressos, Seminários e For- No que respeita à geodiversida-
mação de, pretendemos sensibilizar
Sendo a participação em con- para a sua valorização, através
gressos, seminários e acções de de sessões de (in)formação e da
formação na área do ambiente fundamental ao edição de um livro e de um calendário.
desenvolvimento pleno das nossas actividades,
pretende-se garantir a disponibilização de uma 2.4 Conhecer para Proteger
verba para fazer face às despesas associadas à Tendo por objectivo principal a verificação "in
preparação de eventuais co-municações e des- loco" do estado do ambiente e a recolha de ele-
locações. Está prevista, entre outras, a partici- mentos para uma futura elaboração de itinerá-
pação no Seminário Coastwatch 2007/2008 e no rios de descoberta da natureza e roteiros de per-
XXI Encontro Nacional das Associações de cursos pedestres, realizar-se-ão 12 passeios
Defesa do Ambiente. pedestres/visitas de estudo. Estas visitas serão
Considerando que deve ser debatida entre nós a complementadas, sempre que possível, com a
segurança alimentar e ambiental dos organis- distribuição, aos órgãos de comunicação social
mos geneticamente modificados (OGM, trans- e aos participantes, de informações sobre os
génicos) pretende-se, também, organizar em locais a visitar.
São Miguel uma sessão sobre transgénicos, com
a colaboração da Plataforma Portuguesa por 2.5 Espeleologia
uma Agricultura Sustentável “Transgénicos No domínio da espeleologia, a associação irá
Fora”. realizar visitas a algumas grutas ainda não explo-
Promover-se-á, também, uma sessão de debate radas na ilha de São Miguel (caso das cavida-
sobre sustentabilidade, em torno do lançamen- des indicadas para o Nordeste e a C o n t i n u a

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Gruta da Ma-guinha) e pretende-se realizar, 2.9 Comemorações
ainda, um primeiro levantamento geológico da Como 2008 foi declarado Ano Internacional da
escoada lávica onde está implantada a Gruta do Rã, como forma de alertar para a necessidade
Carvão. No âmbito da divulgação e promoção de medidas que evitem a extinção dos anfíbios,
do património geológico dos Açores, prevê-se a dos quais cerca de um terço das espécies conhe-
edição de um glossário de termos vulcanoespe- cidas estava ameaçado em 2006, os Amigos dos
leológicos e de uma brochura sobre a Gruta do Açores pretendem ao longo do ano chamar a
Carvão. atenção para os factores que a nível global são
responsáveis pelo desaparecimento dos anfíbios
2.6 Espeleologia – Gruta do Carvão (Troço como o aumento de poluição, as alterações cli-
do Paim) máticas e a perda de habitat. Assim, para além
Tendo-se iniciado em Agosto de 2007 a abertu- de textos a divulgar na comunicação social e no
ra regular ao público do “Monumento Natural boletim Vidália, editar-se-á um desdobrável a
Regional da Gruta do Carvão” – Troço da Rua sensibilizar para este problema global, com
do Paim, segundo os moldes definidos no cor- dados básicos biológicos e históricos sobre a
respondente Plano de Gestão, pretende-se con- Rana perezi nos Açores.
tinuar com a realização de visitas guiadas àque- Com este projecto pretende-se assinalar algu-
la cavidade vulcânica, numa extensão total de mas datas importantes no calendário para a pro-
cerca de 250 m. tecção da natureza e do ambiente, nomeada-
Neste contexto, a gruta estará aberta ao público mente os Dias: da Floresta, da Água, do
em dias e horário a afixar, num regime de visi- Ambiente e o Dia da Terra e do Património Geo-
tas guiadas e apoiadas em modelo de visitação lógico. Para o Dia da Floresta pretende-se aler-
pré-definido. Este modelo inclui o acompanha- tar a comunidade em geral, através dos órgãos
mento de visitas de estudo (previamente mar- de comunicação social, para a necessidade de se
cadas e grátis) destinadas a grupos escolares. proteger a flora primitiva dos Açores. Os Dias
da Água e da Terra e do Património Geológico
2.7 Pedestrianismo serão comemorados através da distribuição de
Pretende-se continuar a editar novos roteiros de um desdobrável apelando ao consumo racional
percursos pedestres e reeditar os que estão esgo- da água, e com visitas de estudo e acções de sen-
tados, bem como participar em todos os even- sibilização. Do Dia do Ambiente constará um
tos relacionados com o tema, nomeadamente alerta a divulgar aos órgãos de comunicação
acções de informação, sensibilização e forma- social, chamando a atenção para a situação das
ção. Áreas Protegidas dos Açores.
A Associação continuará a fazer-se representar
na Comissão de Acompanhamento dos Percur- 2.10 Centro de Documentação dos Amigos
sos Pedestres da Região Autónoma dos Açores. dos Açores
Pretende-se, no âmbito GTAAL, pretende-se Pretende-se continuar a dinamizar o Centro de
fazer o levantamento de novos trilhos pedestres. Documentação dos Amigos dos Açores que pos-
sui uma biblioteca onde poderá ser consultada
2.8 Apoio às escolas – Acções de Sensibili- bibliografia sobre as seguintes temáticas: meio
zação físico (água, ar e solos), actividades humanas,
Este projecto consistirá de visitas a escolas de energia, conservação da natureza e resíduos. Ao
vários níveis de ensino, onde se realizarão acções mesmo tempo, far-se-á uma maior divulgação
de sensibilização e distribuição de materiais edi- do mesmo e proceder-se-á ao seu enriqueci-
tados pelos Amigos dos Açores ou por outras mento, através da aquisição de novas obras e
entidades. De entre os temas a tratar, será dado materiais, bem como da assinatura de revistas.
destaque às questões relacionadas com a água, Pretende-se, também, disponibilizar on-line
a energia, a biodiversidade, a geodiversidade e toda a informação relativa ao conteúdo do cen-
os resíduos. tro de documentação.
Continua

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O Centro de Documentação que funciona na tância da Web no processo de comunicação dos
sede do Museu local do Pico da Pedra, Avenida Amigos dos Açores.
da Paz, 9, está aberto todos os dias das 9 às 12h
e das 13 h às 17h. Aconselha-se um pré-aviso 2.14 Ecotecas da Ribeira Grande e Ponta
da visita através do seguinte contacto: Carla Oli- Delgada
veira (telefone- 296498004). Os Amigos dos Açores, na sequência de um Pro-
tocolo assinado com a Secretaria Regional do
2.11 Coastwatch Europe-2008 Ambiente e do Mar, ficarão responsáveis pelo
Tendo como principais objectivos específicos: funcionamento das Ecotecas da Ribeira Grande
1- recolher dados sobre as características das e de Ponta delgada, colaborando na sua coorde-
zonas de costa e também sobre os principais pro- nação, assegurando o cumprimento do Plano de
blemas ambientais que as afectam, 2- elaborar Actividades e projectando novas iniciativas.
uma base de dados nacional e internacional Os Amigos dos Açores comprometem-se, ainda,
actualizada (ano a ano) sobre o estado do lito- a ceder material técnico e pedagógico, bem como
ral, 3- fornecer aos órgãos de decisão local, a participar com os seus especialistas na con-
nacional e internacional elementos que contri- cretização de colóquios, actividades de ar livre
buam para a gestão sustentada do litoral, para a e outras actividades propostas no programa da
recuperação de zonas degradadas e para a pre- Ecoteca e previstas no seu orçamento.
servação das áreas sensíveis e, 4- alertar a popu-
lação para os problemas ambientais da zona cos- 2.15 Energia: no poupar é que está o ganho
teira e para a urgência da sua protecção, A eficiência energética a par da promoção das
pretende-se implementar o projecto na Ilha de energias renováveis é uma tarefa do presente
São Miguel e se possível alargá-lo a outras ilhas. que, não esquecendo o lado da oferta, deverá
Assim, para além do envolvimento do maior começar já do lado da procura, envolvendo todos
número possível de associados, será feito um os utilizadores de energia até aos simples cida-
esforço suplementar no sentido de envolver dãos.
outros intervenientes e instituições, com desta- Os Amigos dos Açores irão, ao longo de 2008,
que para as escolas. promover um conjunto de iniciativas, debates,
edição de materiais, concursos como forma de
2.12 Fotografia de Natureza sensibilizar para a melhor utilização dos recur-
Em meados de 2007 os Amigos dos Açores – sos energéticos.
Associação Ecológica criaram um Grupo de Tra-
balho de Fotografia de Natureza. Em 2008, a 2.16 Representação em Comissões
Associação pretende divulgar a importância da A exemplo dos anos anteriores, os Amigos dos
fotografia para a preservação e valorização do Açores – Associação Ecológica, continuarão a
património natural dos Açores. Para tal, preten- contribuir, como Organização Não Governa-
dem-se realizar saídas de campo, acções de for- mental do Ambiente, em comissões de planea-
mação, exposições fotográficas e uma pequena mento que apresentem interesse em matéria de
publicação relativa à fotografia de natureza e ambiente e conservação da natureza, por solici-
conduta do fotógrafo de natureza. tação das entidades responsáveis pela sua exe-
cução.
2.13 Internet
Pretendem-se continuar a introduzir alterações
significativas na nova página web da associa-
ção, procurando cada vez mais um maior con-
tacto com os associados e a sociedade em geral.
A listagem actualizada da bibliografia do cen-
tro de documentação dos Amigos dos Açores, a
disponibilização de publicações, artigos e apre-
sentações de autoria da Associação em formato
digital, uma galeria de fotos e uma área para
conteúdos multimédia são projectos para o ano
de 2008, ano que será de consolidação da impor-

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Relatório de Actividades 2007 - Síntese

Tal como estava previsto no Plano Anual cursos Pedestres nos Açores e a sua importân-
de Actividades para 2007, foram editados os cia para a monitorização e Valorização das Áreas
números 27 e 28 do boletim Vidália, com uma ambientais”.
tiragem de 1500 exemplares, bem como se man- No ano de 2007, realizaram-se 10 pas-
teve actualizada a versão web do mesmo. seios pedestres, com o número total de quatro-
Na rubrica Congressos, Seminários e Formação, centos e noventa e quatro participantes. Anali-
a Associação esteve presente ou colaborou na sando a participação na actividade, constatou-se
organização de seis eventos: que 140 associados possuíam licença desporti-
- na Acção de Formação em Pedestrianismo va/seguro.
para Guias da Natureza promovida pela Direc- No âmbito do Projecto “Pedestrianismo”,
ção Regional do Turismo, em S. Miguel; foi efectuado, pelo GTAAL – Grupo de Traba-
- na Acção de Formação em Pedestrianismo lho de Actividades de Ar Livre, o reconhecimento
para Guias da Natureza, promovida pela Direc- do trilho “Sete Cidades”. A Associação esteve
ção Regional do Turismo, na Terceira; envolvida também na organização do Dia Mun-
- na Acção de Formação em Pedestrianismo dial das Zonas Húmidas com a Ecoteca da Ribei-
para Guias da Natureza, promovida pela Direc- ra Grande e com o Clube Zoom num passeio à
ção Regional do Turismo, no Faial; Lagoa do Fogo, com a Universidade dos Açores,
- nas Jornadas do Priôlo; num passeio às nascentes da Rocha da Relva, na
- na Acção de Formação “Didáctica das Ener- comemoração do Dia Rural das Sete Cidades
gias Renováveis”, promovida pela ARENA com um passeio à “Vista do Rei”, com a Junta
(Agência Regional de Energia e Ambiente dos de Freguesia da Ribeira Chã num passeio pedes-
Açores); tre na mesma freguesia e duas visitas no âmbito
- no III Congresso Internacional de Monta- do Ciência Viva à Serra da Tronqueira. Ao todo
nhismo, que decorreu na Escola Superior de participaram aproximadamente 350 elementos.
Hotelaria e Turismo do Estoril, tendo sido apre-
sentada uma comunicação intitulada “Os Per- Continua

7 Vidália 29
No âmbito da Espeleologia continuou- sário às suas actividades.
se a promover ou a guiar visitas de estudo à O Centro de Documentação dos Amigos
Gruta do Carvão (Troço do Paim) para jovens dos Açores, continuou a ser enriquecido, per-
estudantes bem como para o público em geral, mitindo aos associados e público, em geral, o
e no âmbito do projecto Ciência Viva. O núme- acesso a consultas bibliográficas nas mais diver-
ro total de participantes foi aproximadamente sas temáticas ambientais.
1100. No âmbito do apoio às escolas, foram
Os Amigos dos Açores, na sequência de prestados apoios a 4 instituições de ensino da
um Protocolo assinado com a Secretaria Regio- região, bem como a 2 instituições na área de
nal do Ambiente, responsabilizaram-se pela ges- educação ambiental, quer através da realização
tão das Ecotecas da Ribeira Grande e de Ponta Continua
Delgada, tendo cedido diverso material neces-

Vidália 29 8
de palestras e sessões de informação, quer atra- queixa de uma poda executada de maneira incor-
vés de cedência de materiais diversos. Para além recta, na freguesia do Pico da Pedra.
da cedência de materiais às escolas, a Associa-
ção também cedeu a uma instituição diversas No que diz respeito ao projecto Ciên-
publicações. cia Viva, a Associação participou no programa
Ao longo de 2007, os Amigos dos Aço- “Biologia e Geologia no Verão” tendo realiza-
res reuniram-se com diversas entidades, a saber: do visitas à Gruta do Carvão – Troço do Paím,
Secretária Regional do Ambiente, Câmara da e passeios pedestres.
Ribeira Grande e reuniram-se em Assembleia- No âmbito do projecto “Coastwatch”,
geral. em 2007, foram percorridos 46 km, correspon-
No âmbito do projecto Avifauna, a Asso- dendo a 23 % do litoral da ilha de S. Miguel,
ciação participou na Campanha SOS Cagarro, tendo sido Ponta Delgada, o concelho com
tendo divulgado a mesma aos seus associados maior área de costa monitorizada (12,5 km). Em
e à comunicação social, bem como produziu um relação ao ano anterior, 2006, foram percorri-
calendário de secretária para 2008, com foto- dos e monitorizados mais 12 km de faixa cos-
grafias das espécies de aves açorianas mais teira.
comuns. Produziu também um panfleto sobre o No âmbito do protocolo celebrado com
cagarro “Vamos Salvar o Cagarro!”. a Secretaria Regional do Ambiente, os Amigos
No âmbito do projecto Abertura da Gruta dos Açores integram o GESPEA, Grupo de Estu-
do Carvão, foi realizado uma sessão de traba- do do Património Espeleológico dos Açores,
lho na mesma tendo a sido aberta ao público em tendo colaborado nas suas actividades das quais
Agosto. destacamos: a preparação e divulgação da Expo-
A Associação durante o ano de 2007 edi- sição itinerante “Visões Subterrâneas”, Foto-
tou e reeditou materiais. Editou o roteiro “Pico grafias de Jorge Góis; a construção da base de
da Vara”, “Ponta Garça – Ribeira Quente”, dados WoMOVoC (World Most Outstandig Vol-
“Salto do Cabrito”, “Caldeira do Santo Cristo”e canic Caves); a preparação da Exposição Peda-
“Caldeirinhas – Fajã do Ouvidor”, uma colec- gógica itinerante “Buracos de Lava”, o reco-
ção de 6 postais sobre as Grutas dos Açores, um nhecimento da gruta de Água de Pau e do Algar
livro “Pedestrianismo e Percursos Pedestres”, do Pico Queimado. Em colaboração com os
calendários de secretária para 2008/2009, car- Montanheiros, coordenaram e participaram na
tazes, folhetos e panfletos da Gruta do Carvão. campanha “Espeleo-Arcanjo 2007” contribuin-
Quanto às reedições, foram as seguintes: o livro do para o aumento de informação relativamen-
“Paisagens Vulcânicas dos Açores”, os roteiros te à Gruta do Carvão – Troço do Paim e outras
Sete Cidades e Furnas, o panfleto “Vamos tra- grutas e algares vulcânicos de S. Miguel.
tar os resíduos com competência” e o postal com
tabuada e “Tempo de Biodegradação de Resí- A Associação esteve presente e colabo-
duos no Mar”. Salienta-se que houve o lança- rou noutras actividades que não constavam do
mento do livro “Pedestrianismo e Percursos plano de actividades, nomeadamente: na parti-
Pedestres” no teatro da Ribeira Grande. cipação no Conselho Regional de Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável, na divulgação e
O Grupo de Fotografia da Natureza des- organização da apresentação do projecto Lati-
locou-se à Serra da Tronqueira com o objecti- tude 60, seguido do filme “Uma Verdade Incon-
vo de fotografar o priôlo, espécie endémica veniente” no Teatro Ribeiragrandense, emitiu
muito ameaçada. um parecer sobre o regime jurídico da revela-
No âmbito da rubrica Introduções Ver- ção e aproveitamento de massas minerais na
sus Endemismos, a Associação reeditou várias Região Autónoma dos Açores (RAA), partici-
brochuras, nomeadamente, “Cuidado com as pou com uma banca no 1º Encontro “O Ambien-
Introduções!”, “Amigo dos Açores com os Gol- te no Desenvolvimento Sustentável nos Aço-
finhos”, “Sobre os Golfinhos” e “Uma história res”, e com uma banca na “Feira do Ambiente”
contada pela Faia-da-terra”. promovida pela Escola Básica e Secundaria de
No que diz respeito a denúncias, no Vila Franca do Campo e Autarquia.
decorrer do ano 2007, a Associação fez uma

9 Vidália 29
Dalberto Pombo o Naturalista Açoriano
Dalberto Teixeira Pombo pode ser con- superiores e criptogâmicas, que visitaram os
siderado como um dos Naturalistas mais impor- Açores nos últimos 40 anos. Pode-se mesmo
tantes de sempre dos Açores e um educador de afirmar que o conhecimento actual da fauna e
grande mérito. A sua grande capacidade de flora de Santa Maria não estaria no mesmo
comunicação permitiu-lhe trabalhar não só com ponto sem o seu trabalho. O seu contributo
cientistas de muitas áreas da biologia e geolo- ultrapassa as fronteiras de Santa Maria, pois
gia, mas igualmente com muitos jovens, con- durante as suas viagens pelas várias ilhas cap-
tribuindo decisivamente para a sua formação. turou ou colheu muitos exemplares, que enviou
Eu fui um desses jovens! Aos 15 anos tive para especialistas do mundo inteiro, resultan-
a oportunidade única de aprender com o Sr. do o seu esforço em muitas publicações cien-
Pombo as técnicas de captura e montagem de tíficas. Alguns destes autores descreveram
insectos. Ainda hoje guardo na Entomoteca espécies a que atribuíram o seu nome, e todos
“Arruda Furtado” (no Departamento de Ciên- o mencionam na secção de Agradecimento dos
cias Agrárias da Universidade dos Açores) a seus artigos, nacionais e internacionais, salien-
caixa de insectos que o Sr. Pombo me ofere- tando a sua simpatia congénita e verdadeiro
ceu durante a sua visita à ilha Terceira em 1980, espírito de naturalista.
já lá vão 27 anos. O melhor elogio que lhe consigo fazer é
Foi o Sr. Pombo que contribuiu decisi- afirmar que sem o seu conhecimento, entu-
vamente para que me tornasse Entomólogo e siasmo e amizade eu não seria a mesma pes-
não Ornitólogo. Digamos que a minha fase das soa! As longas horas de conversa, benevola-
“aves” durou pouco tal o entusiasmo conta- mente acompanhadas pela Dona Noémia, nos
giante com que o Sr. Pombo abordava os insec- anos de 1994 e 1995 quando estive em Santa
tos. Maria a realizar os meus trabalhos de campo
O seu conhecimento da História Natural de Doutoramento, foram muito importantes
dos Açores permitiu-lhe estabelecer inúmeras para a minha compreensão da História Natural
colaborações com os especialistas de várias dos Açores.
áreas e domínios científicos, nomeadamente de Talvez a contribuição científica mais
insectos, mas também de moluscos, plantas importante e duradoura do Sr. Pombo tenha
sido a exploração da fauna do
Pico Alto de Santa Maria, um
fragmento de vegetação natu-
ral pequeno mas de elevado
valor em termos de riqueza
de artrópodes e moluscos
endémicos desta ilha e dos
Açores. Hoje essa área está
considerada no novo esque-
ma de Reservas dos Açores,
(baseado nos critérios
IUCN), o que se deve, em
grande parte, ao trabalho per-
sistente de Dalberto Teixeira
Pombo.

Bem haja! Com amizade,

* Paulo Borges
Dep. de Ciências
Agrárias (Univ. dos Açores)

Vidália 29 10
O Adeus ao Amigo e ao Ilustre naturalista Dalberto Teixeira Pombo

Com este escrito pretendo mostrar publi- Chamámo-lo várias vezes a participar em
camente o meu sentido pesar pelo falecimento acções de sensibilização/educação ambiental, o
de um Amigo, e concomitantemente, prestar uma que muito as credibilizou e enriqueceu. A últi-
modesta homenagem ao Naturalista Dalberto ma delas, em 2003, foi sobre o papel das aves
Pombo, companheiro de algumas jornadas e de rapina, tendo o Senhor Pombo levado os pan-
caminhadas na Natureza, nas quais passámos fletos dos JN, relevado a importância do Milha-
longas horas em pesquisas florísticas, faunísti- fre no controle da população de ratos, contri-
cas e geomorfológicas. buindo para desmistificar a imagem negativa
Imbuídos nas mesmas causas e paixões, destas “úteis e belas” aves.
tive o privilégio de, com ele, conviver de perto, Vou sentir muito a sua falta mestre Pombo,
e de colher vastos aprendizados da sua versati- porque já não poderei ir mais à sua casa com as
lidade de conhecimentos científico-naturais. aves, plantas e bicharocos para me ajudar a iden-
Pela sua mão, pela primeira vez, observei o raro tificar, mas lhe prometo que tudo o que aprendi
Conchelo do mato (Platantera mycranta), no consigo, veicularei às crianças e jovens com
Pico Alto, fósseis marinhos do Miocénio Supe- quem trabalho, perpetuando os seus ensina-
rior, na Ponta Negra, conheci melhor a “nossa” mentos e as suas (nossas) causas.
Estrelinha (Regulus regulus azoricus), que ele,
orgulhosamente, enfatizava como sub-espécie O NATURALISTA E SUA OBRA
de Santa Maria, para além de passar a conhecer Dalberto Teixeira Pombo nasceu a 9 de
muitas borboletas pelos seus nomes. Juntos, Novembro de 1928, na aldeia de Almofala,
igualmente, também encontrámos, nas fendas Figueira de Castelo Rodrigo. Veio para Santa
rochosas da Ponta das Salinas, o único morce- Maria, para trabalhar na Direcção Geral da Aero-
go endémico dos Açores (Nyctalus azoreum), náutica Civil, exercendo as funções de Escritu-
muito raro em Santa Maria. rário de Tráfego e de Despachante de Mensa-
Recusava associar-se connosco em situa- gens, em 1952, tendo, desde então, adoptado
ções de “activismo ambiental”, assumindo-se sempre a Ilha de Gonçalo Velho como sua terra
primordialmente, como naturalista-investiga- de coração e de acção. Aqui constituiu família
dor, estudioso e pedagogo, mas sempre foi um a 23 de Abril de 1955, com a Mariense Noémia
abnegado defensor da preservação da natureza, Pombo, sua sempre companheira, tendo o casal
nos mostrando muito do seu esplendor, riqueza tido 1 filho e 2 filhas.
e diversidade, pugnando pelo seu equilíbrio. Apesar de não possuir curso universitário,
Nessa linha, considero o Senhor Pombo, uma de forma auto-didáctica, comprovadamente, se
figura de referência na Educação Ambiental nos diplomou a esse nível, sendo um
Açores. Continua

11 Vidália 29
autêntico mestre em áreas como a botânica, bio- dos Jovens”, sendo o primeiro datado de 1970 e
logia e geologia, possuindo dotes e conhecimen- o último de 1987.
tos de investigação muito apreciados e reconhe- Juntamente com o Clube dos Amigos e
cidos, naqueles meios académico-científicos. Defensores do Património-Cultural e Natural, rea-
Colaborou com várias universidades portu- lizou várias actividades de educação ambiental e
guesas e estrangeiras, tendo, meritoriamente, sido pesquisas sobre aves marinhas migratórias e vege-
incumbido de fazer a etiquetagem de tartarugas tação endémica dos Açores, integradas na Cam-
oriundas da América do Norte, que nas suas rotas panha Bandeira Azul da Europa.
migratórias eram encontradas ao largo do litoral Nas muitas saídas de campo realizadas com
de Santa Maria, realizando, igualmente, os regis- os jovens, em Santa Maria, noutras ilhas dos Aço-
tos de identificação das mesmas, para reenvio à res e até na serra do Gerês, constantemente, irra-
comunidade científica. diava simpatia, entusiasmo, clima de curiosidade
O apoio recente dos Estados Unidos da e humor, sempre com uma anedota fresca na ponta
América à pretensão dos Açores, junto da UE, de da língua, a intercalar uma nova aprendizagem.
salvaguardar os recursos dos seus mares e manu- Saia com eles para apanhar borboletas, coleópte-
tenção da ZEE nas 200 milhas, sob o argumento ros, colher amostras geológicas, identificar plan-
que as suas tartarugas da Florida, fazem rota nes- tas e observar aves, tendo construído colecções e
ses mares, têm de alguma forma presente a con- embalsamado exemplares de avifauna encontra-
tribuição do trabalho anónimo do Senhor Pombo. dos mortos, os quais se constituem de relevado
No campo de investigação, descobriu deze- valor em termos de património natural.
nas de espécies novas, reconhecidas cientifica- Em reconhecimento deste valioso e singu-
mente como tal, em revistas científicas de reno- lar espólio, a SRAM, protoculou com a família
me. De entre essas espécies, há cinco que, através no sentido do mesmo ser exposto numa sala do
da atribuição da sua denominação científica, a futuro Centro de Interpretação Ambiental de Santa
comunidade investigadora internacional, presta- Maria, a qual se denominará de Dalberto Pombo,
ram homenagem ao Senhor Pombo, acrescentan- em justa homenagem ao Naturalista.
do o restritivo específico “pomboi”. O enorme valor do Senhor Pombo, dentro
e fora de portas, na área científico-natural e
São elas: ambiental, igualmente teve justo reconhecimento
- Um crustáceo de água salgada, em da parte da RTP-Açores, e RTP-1, tendo sido con-
1974; vidado a falar da sua obra nos programas “Aqui
- Dois ácaros, em 1992; Açores”, em 1985, e “Praça da Alegria”, em 1999.
- Dois coleópteros (1 em 1990 e outro em 2002). Pelo seu dedicado trabalho no âmbito do
escutismo, o Senhor Pombo, também foi enalte-
Vários dos seus trabalhos de investigação cido com devidas condecorações do CNE.
obtiveram relevo e perpetuação em artigos cien- Ao brilhante investigador-naturalista, ao
tíficos publicados pela Sociedade Portuguesa de dedicado e histórico chefe de escuteiros, ao mes-
Entomologia, e referências em alguns estudos do tre e companheiro de causas, ao homem ilustre,
Dr. Artur Serrano e do Dr. Paulo Borges. mas sempre de enorme simplicidade, expresso em
Mas o Professor Pombo, como, justamen- nome do CADEP-CN, o profundo pesar pelo seu
te, lhe chamou o investigador Paulo Borges, e mais desaparecimento físico, ficando na nossa memó-
recentemente o Director Regional do Ambiente, ria e na dos marienses, em geral, o exemplo de
não foi só um distinto naturalista-investigador, Homem e a sua obra, ambientalmente, notável.
mas também um percursor da educação ambien- Sempre te reencontraremos em cada recan-
tal nos Açores, e um verdadeiro pedagogo, sen- to da Natureza.
tindo-se feliz, quando concretizava essas suas pai-
xões, com os jovens e para os jovens. Nessa senda, Obrigado Senhor Pombo.
foi co-fundador do Corpo Nacional de Escutas, BEM HAJA, E PAZ À SUA ALMA!
em Santa Maria e criou o reputado Centro de
Jovens Naturalistas (CJN), tendo sido sempre o
seu coordenador responsável. * José de Andrade Melo
Do CJN, saíram várias publicações como Coordenador do CADEP-CN
panfletos e brochuras de sensibilização/educação (Clube dos Amigos e Defensores do
ambiental, destacando-se os conhecidos “Boletins Património- Cultural e Natural de Santa Maria)

Vidália 29 12
O modo de produção biológico – Um depoimento

Nota de abertura: geralmente não é erro Sendo muitos filhos e netos, foi a casa e quin-
afirmar; mas afirmar às vezes dá é maior evi- ta posta em arrematação pública, sendo com-
dência ao erro do que confirmação para o que prada, creio que no final dos anos vinte do sécu-
é dito. Assim foi o que aconteceu depois de ter lo passado, por um dos herdeiros, Manuel
na primeira parte deste meu depoimento refe- Álvares Cabral, meu Tio Avô, que precisou de
rido os diminutos danos do tripes no bananal. usar da disponibilidade de pessoa amiga para o
Pois a verdade é que tivemos neste inverno a efeito. A filha, a quem pela muita amizada cha-
encarniçada acção dessa pequeníssima mos- mávamos de Tia, Manuela Canavarro Álvares
quinha preta sobre uma parte do bananal da Cabral Ataíde, doou esta propriedade às minhas
quinta. Devo acrescentar o problema dos ratos, duas Irmãs, ao meu Irmão e a mim, há já uns
que vai assumindo preocupante gravidade, e trinta anos talvez, mantendo o usofruto enquan-
para cuja resolução somam-se obstáculos ao to viva.
invés de realizações favoráveis. O conjunto edificado consta da casa
A actualmente chamada de Quinta da principal, com granel, adega e cisterna, miran-
Torre é uma parcela entre outras propriedades te posicionado para servir de controlo da nave-
vinculadas a partir do século XVII e adminis- gação em aproximação da costa, com pau de
tradas como tal até à extinção dos morgadios bandeira para comunicação com outros postos
no século XIX. O último morgado foi André de observação (a defesa da ilha estava na gene-
Manuel Álvares Cabral, pai de André Álvares ralidade a cargo de pequenas forças de milícias
Cabral, que, já só da parte que lhe coube dos organizadas nas várias localidades). Constam
bens legítimos, e destruindo a capela e a casa várias dependências domésticas e de criação de
antigas, fez edificar em 1864 a casa actualmente animais, nitreira e garagem (ambas dos anos
existente mais o jardim em frente. Continua

13 Vidália 29
trinta), antigas cavalariças muito destruídas, nos Lourais), galinhas diversas, poedeiras, rio-
casa da madeira, duas habitações e três ruínas las, as chamadas “galinhas da Madeira”, taba-
junto ao caminho, e ainda uma pequena casa cas, alguns patos e gansos, coelhos e pombas.
dentro da propriedade reconstruída há poucos Diminuímos entretanto alguma área de
anos para apoio ao gado. Há também as ruínas pastagem ocupada agora com produções tradi-
da pequena fábrica de colorau. Várias ruas altas cionais em consociações e rotações: o milho
em pedra seca permitem a circulação interna. amarelo da terra, algumas variedades antigas
A propriedade tem uma pequena mati- de feijão, de ervilha e de fava, o tremoço, o
nha de incensos com alguns exemplares de inhame, a batata, a batata-doce, o amendoim,
espécies autóctones (Myrica faya, Laurus azo- etc..
rica, Picconia azorica). Temos vindo a multiplicar aromáticas
A parte propriamente da antiga quinta de laran- diversas, sendo algumas, aliás, espontâneas em
jas, com bananal, citrinos, especialmente man- S.Miguel.
darina e tangerina, e algumas outras fruteiras As abelhas para ajudar na polinização
defendidas pelas tradicionais sebes altas de das flores e para produção de mel estão insta-
incenso, bânksia, barrileira e faia-da-terra, está ladas em cinco colmeias.
hoje restrita a uma área mais pequena daquela A manutenção e recuperação de ruas e
que foi até há uns vinte e cinco anos atrás. muros de pedra seca, assim como a conserva-
Parte do que tinha árvores de fruto foi apas- ção do demais edificado constituem uma sobre-
centado nos anos setenta e oitenta. Apascenta- carga na gestão propriamente agrícola.
da também foi uma área tradicionalmente ocu- A opção pelo modo de produção biológico tem
pada com a produção de milho e outras culturas sido um inequívoco factor de sustentabilidade
de rotação. do conjunto.
Dantes a vinha ocupava os terrenos
todos acima e abaixo do mirante. Hoje está res- À vitalidade e sustentabilidade internas
trita à rua alta de acesso ao mirante e ao terre- há que juntar a vontade, o interesse, a opção,
no junto à casa logo acima da estrada regional. pela aquisição e pelo consumo dos produtos
Temos gado da terra, identificado moderna- agrícolas já disponíveis em modo de produção
mente como “Ramo Grande” (na quinta duas biológico em S.Miguel. São aliás vários os
vacas com as respectivas crias até aos 5 ou 6 núcleos em produção certificada actualmente
meses, estando o núcleo principal actualmente na ilha.
Razões espúrias, prolife-
rados preconceitos, falta
de diálogo, de idoneida-
de e de coragem para
afrontar a avassaladora
destruição de recursos
no planeta ao assustador
ritmo do brutal, deca-
dente, irracional modo
de produção e de distri-
buição burguês, logram
fazer dum corpo mori-
bundo no estertor ainda
muito mal a muitos em
boa parte evitável se para
tal nos precavermos.

Obrigado.

* Pedro Albergaria Leite


Pacheco

Vidália 29 14
Flores - A Ilha Lixada
da e saída de animais e dos próprios resíduos que
facilmente se dispersam para o ambiente circun-
dante.
A lixeira de Santa Cruz encontra-se na par-
te superior de duas Área Protegidas, decretadas
pela União Europeia. Nos SIC (Sítio de Impor-
tância Comunitária) e ZPE (Zona de Protecção
Especial de Aves Selvagens) da Costa Nordeste,
cujo objectivo é proteger e conservar os habitats
e aves selvagens ameaçadas, são depositados resí-
duos que estão a prejudicar seriamente as espé-
cies e os habitats, assim como a qualidade de vida
A ilha das Flores, situada no Arquipélago da população.
dos Açores, com apenas 145 km2 possui duas A lixeira das Lajes está localizada ao lado
lixeiras a céu aberto, uma para cada Concelho. das Lagoas Rasa e Funda. Estas lagoas consti-
Facto que revela ser demasiado para uma ilha tão tuem um santuário para as aves migratórias do
pequena. Atlântico Norte, além das aves nativas e plantas
A lixeira do Concelho de Santa Cruz das endémicas. Esta lixeira também não está bem iso-
Flores encontra-se localizada na parte superior de lada e como se situa numa zona de altitude ele-
duas áreas protegidas, enquanto que, a lixeira do vada os resíduos líquidos desaguam em várias
Concelho das Lajes se situa ao lado de duas lagoas ribeiras e regos de água da costa ocidental flo-
de beleza incomparável. rentina.
Os habitantes da Ilha das Flores enfrentam A ilha das Flores constitui um paraíso úni-
uma problemática relacionada com as lixeiras a co e de extrema beleza. A riqueza de plantas endé-
céu aberto. Para aumentar o problema, as duas micas dos Açores, o elevado número de aves nati-
Câmaras que dividem a ilha, há anos que estão vas e migratórias, as tradições seculares de um
em desacordo com a localização do futuro Ater- povo e as paisagens majestosas continuam rela-
ro Sanitário da Ilha das Flores. tivamente bem conservadas. É necessário unir
A gestão das lixeiras não está a ser bem efec- esforços para manter esta diversidade e preparar
tuada, visto não existir uma vedação ou estrutu- um futuro sustentável, protegendo e conservando
ra delimitadora. Não havendo controlo na entra- o ambiente em que todos nós estamos inseridos.

15 Vidália 29
Coastwatch Europe

O ano de 2007 foi caracterizado pelo encontram-se poucos artificializadas e 10.8%


aumento de área coberta, com mais 36% em rela- não se encontram artificializadas. As unidades
ção ao ano de 2006, embora tenha-se verifica- em áreas com designação especial (17.9%) dimi-
do uma diminuição dos participantes. O conce- nuíram em relação aos 49% de unidades em
lho mais percorrido foi Ponta Delgada com 25 áreas com designação especial analisadas no ano
unidades inquiridas, num total de 147 unidades, transacto.
ultrapassando assim o concelho de Ribeira Os principais usos do solo dominantes são cons-
Grande, o mais percorrido em 2006. Relativa- truções urbanas (Outros) em 34.1% das unida-
mente à área coberta por concelho, verificou-se des analisadas, pastagem em 24%, culturas agrí-
que, tal qual o ano de 2006, o concelho de Vila colas em 21.8%, matos em 17.9% e floresta em
Franca do Campo foi o mais coberto, alcançan- 2.2%. As modificações recentes na aparência
do relativamente à sua área total, 45.71% das das unidades teve um aumento de 19.4% em
unidades (16 unidades inquiridas, num total de relação a 2006.
35). Comparando os resultados totais de cada Em relação às descargas líquidas para o mar,
concelho com o ano transacto, constatou-se que houve um decréscimo em relação ao ano tran-
a Vila Franca aumentou a sua área coberta em sacto. Foram identificadas 46 descargas, menos
4 unidades, o Nordeste aumentou em 5 unida- 17 descargas líquidas no mar do que 2006. Os
des, a Povoação em 7 unidades e Ponta Delga- tipos de descargas mais frequentes foram linhas
da aumentou em 10 unidades. A Lagoa mante- de água naturais (Linhas de Água) em 47.8% e
ve a mesma percentagem de área coberta e a artificiais (Tubos/Condutas) em 39.1% das uni-
Ribeira Grande diminuiu a sua área coberta em dades analisadas. Das descargas acima referi-
1 unidade. das, os sinais de poluição encontrados com
Após a análise da área coberta, verifi- maior frequência foram o mau cheiro em 34.2%
cou-se que 44.1% das unidades analisadas das descargas, cor alterada/espuma em 30.4% e
encontram-se medianamente artificializadas, despejo de lixo em 15.2%. Em relação a 2006,
40.9% encontram-se muito artificializadas, 20% Continua

Vidália 29 16
houve uma diminuição no despejo de lixo, na 33.3% relativo a ocorrências a grupos de aves
cor alterada/espuma, no mau cheiro e no peixe de 11 a 50 e os restantes 6.4% são relativos às
morto e uma aumento nos sinais de vida nas des- ocorrências de grupos com mais de 50 de aves.
cargas e nos vestígios de óleo. Metade das unidades analisadas apresen-
Os tipos de coberto dominantes das zo-nas ta algum tipo de risco de degradação ambiental.
supratidais e intertidais nas unidades analisadas Os riscos mais frequentes são perda de quali-
são a rocha, areia e calhaus rolados, não haven- dade ambiental em 55.1% das unidades anali-
do modificação em relação ao ano anterior. sadas, erosão costeira em 32.7%, outros em
Nas zonas intertidais verificou-se a presen- 8.2%, pressão turística e a extracção de inertes,
ça de algas em 78% das unidades analisadas. ambos em 2% das unidades analisadas.
Em relação às plantas nativas, verificou-se a pre- Os objectos de grandes dimensões encon-
sença destas em 62% das unidades analisadas e trados são, maioritariamente e igualmente ao
as plantas exóticas em 90% das unidades. ano transacto, resíduos de construção e demoli-
A fauna observada nas unidades é dividi- ção em 38.4% das unidades inquiridas, objec-
da em duas categorias, a fauna existente na zona tos metálicos de grandes dimensões em 21.7%,
intertidal e a quantidade de aves observadas. No lixo doméstico em sacos ou amontoados em
total das unidades inquiridas, as espécies ani- 17.4%, objectos domésticos volumosos em
mais mais presentes na zona intertidal são o 13.8%, destroços de electrodomésticos em 6.5%
Caranguejo, a Litorina (Outros), a Craca e a lapa, e destroços de barcos em 2.2% das unidades ana-
distribuídas equitativamente. A análise da quan- lisadas.
tidade de aves encontradas é realizada através Os resíduos de pequenas dimensões mais
de ocorrências de 1 a 10, de 11 a 50 e mais de frequentes são o papel, cartão e/ou madeira em
50 aves. Houve o total de 78 ocorrências de aves 21% das unidades analisadas, as embalagens de
no conjunto das unidades observadas, sendo que bebida de plástico em 17% e as embalagens de
todas se encontravam sem petróleo e vivas. Qua- material sintético em 10.3% das unidades.
renta e sete das ocorrências são relativas a gru- Em termos globais, verifica-se que não há
pos de aves com o número de 1 a 10, 26 ocor- uma alteração significativa em relação aos anos
rências a grupos de aves com o número de 11 a anteriores, o que não deixa de ser preocupante,
50 e 2 ocorrências a grupos com mais de 50 aves. tendo em conta as acções de limpeza que têm
Transformando estes números em percentagem, ocorrido ao longo do ano e às campanhas de sen-
a análise indica que 60.3% das ocorrências de sibilização para a correcta gestão dos resíduos
aves são relativas a grupos de aves de 1 a 10, sólidos por parte dos cidadãos.

17 Vidália 29
Publicações e Materiais para Venda

LIVROS Associados Não Assoc. Nº Valor


Pedestrianismo e Percursos Pedestres 3,00 € 6,00 €
Lagoas e Lagoeiros da Ilha de São Miguel 7,50 € 12,50 €
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Percurso Pedestre do Salto do Cabrito Grátis 1,50 €
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Percurso Pedestre do Pico da Vela Grátis 1,50 €
Percurso Pedestre Algarvia – Pico da Vara Grátis 1,50 €
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Percurso Pedestre do Sanguinho Grátis 1,50 €
Percurso Pedestre das Sete Cidades Grátis 1,50 €
Percurso Pedestre Ponta Garça – Ribeira Quente Grátis 1,50 €
Percurso Pedestre da Ponta da Madrugada Grátis 1,50 €
Percurso Pedestre das Furnas Grátis 1,50 €
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Sweat-Shirt "Amigos dos Açores" 12,50 € 13,00 €

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Telefones - 296 498 004 Fax - 296 498 006 E-mail - amigosdosacores@gmail.com

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Novos Sócios
Os AMIGOS DOS AÇORES são uma asso- Porque é fundamental contribuir para a garan-
ciação regional de defesa do ambiente, inde- tia da existência de uma voz independente e
pendente do poder político-económico e aparti- firme na defesa do ambiente nos Açores, vimos
dária, que vem, desde 1984, trabalhando convidá-lo(a) a aderir aos Amigos dos Açores,
ininterruptamente a favor da conservação da para tal basta preencher a ficha que junto envia-
maior riqueza dos Açores: o seu património natu- mos e devolvê-la para:
ral.
No entanto, uma associação como esta, para AMIGOS DOS AÇORES
desempenhar ainda melhor o seu papel, tem de Avenida da Paz, 14
continuar a aumentar a sua principal base de 9600-053 PICO DA PEDRA
apoio: os seus associados.

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Agência de _______________________________

_________________, ___ de ___________ de ______


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Por débito na minha conta com o NIB _______________________________ nesse Banco, soli-
cito que transfiram para crédito da conta dos AMIGOS DOS AÇORES com o NIB
001200009399438830116 (Agência de Ponta Delgada do BANCO COMERCIAL DOS AÇO-
RES), a importância de ___________ , ____ €, no primeiro dia útil de _________________ de
cada ano, até instruções minhas em contrário. Agradeço ainda que, ao efectuarem as trans-
ferências, indiquem sempre o nome completo e morada do ordenante. Esta ordem anula todas
as eventuais anteriores.

De V.Exas.
Muito Atentamente
_________________________________ _________________________________
(nome completo) (assinatura idêntica à existente no Banco)

19 Vidália 29
A TERRA QUE NÃO QUEREMOS

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