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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – UNU TRINDADE

TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA

MERCADO DE MODA INFANTIL

NADIMA CHALUP RIBAS

Trindade
2007
2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – UNU TRINDADE


TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA

MERCADO DE MODA INFANTIL1

NADIMA CHALUP RIBAS2


BENTO FLEURY3

Trindade, 28 de novembro de 2007.

Resumo
Este estudo visa avaliar a relação das crianças com a moda, os efeitos que essa relação
traz para a sociedade em questão de comportamento e mercado. Hoje, as crianças estão
mais autônomas, o que pode ser positivo ou negativo. Os pais não escolhem mais as
roupas, os filhos já têm o seu estilo formado e sabem muito bem o que querem.
Diariamente, os pequenos são vítimas do exagero da publicidade que os torna cada vez
mais precoces, consumistas, individualistas e vaidosos. A infância esta acabando cada vez
mais rápido.
Palavras-chave: Moda, Criança, Mercado, Comportamento, Consumo.

Abstract
This study evaluates the children’s relation with the fashion, the effects that this relation
brings for the society in question of behavior and market. Today, the children are more
autonomous, and it can be positive and negative. The parents doesn’t choose the clothes,
the children already have your own style and know very well what they want. Day by day, the
children are victim of the publicity’s exaggeration that make they will be more and more
precocious, consumer, individualists and vain. The childhood is finishing faster.
Key-Words: Fashion, Child, Behavior, Market, Consumption.

1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem o objetivo de relacionar o comportamento das crianças em


relação à moda. Hoje, elas têm mais autonomia; desde cedo já tem suas
1
Título do artigo científico.
2
Estudante do 1º ano de Design de Moda da Universidade Estadual de Goiás – Unu-Trindade
(nadima_chalup@hotmail.com)
3
Professor orientador doutor em Letras e Lingüística.

2
3

preferências, sejam elas de cores, formas. Os pais não podem, de maneira alguma,
escolher as roupas sem a palavra final dos pequenos. Devido a esse fato, cresce
cada vez mais o mercado infantil. Sabemos que um grande número de informações
são oferecidas a essas crianças.

Tempos atrás, o presente favorito era o brinquedo, boneca para as meninas e


carrinho para os meninos. Agora a roupa divide preferências, e engana quem pensa
que esse favoritismo é da parte das meninas, meninos estão cada vez mais
vaidosos. A criança ao nascer já esta aprendendo a lidar com a imagem exterior,
desde cedo é imposto um padrão de vida. A boneca mais famosa do mundo, a
Barbie, é um exemplo claro disso. Ela sempre esta na moda e de bem com a sua
vida consumista. Mesmo sem perceber a criança segue o mesmo referencial de vida
que foi idealizado para a figura Barbie, linda, na moda e feliz. Qual criança ou
mesmo adulto não queria se sentir assim?

Ao mesmo tempo em que o mercado de moda infantil cresce e eleva as


oportunidades para jovens promissores, causa uma preocupação. A moda infantil
esta cada vez mais adulta e a moda adulta cada vez mais infantil e isso reflete no
comportamento. Os pais, ao invés de evitar roupas que deixam as crianças como
“mini-adultos”, acham engraçadinhos e consomem ainda mais. O mesmo acontece
no guarda roupa dos adultos que mais parecem ser dos filhos, são os famosos
kidults. Resultando em crianças precoces e adultos que parecem nunca amadurecer.
O bom senso deve prevalecer, é saber respeitar o tempo de cada fase do seu
humano.

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4

2 A CRIANÇA E O MERCADO DE MODA

A moda infantil tem ganhado grande destaque na mídia nacional e internacional,


crianças são facilmente seduzidas por campanhas publicitárias. Unindo esses fatos
com adultos que adiam cada vez mais para ser pais, e quando finalmente são
contemplados com uma criança, fazem de tudo por ela. E os pequenos têm
consciência disso, aliam suas vontades com pressões psicológicas que resultam em
compras. Outro fator que impulsiona o mercado infantil é o grande número de
informações que assolam todos os dias as crianças através da televisão, Internet,
outdoors e vitrines de shoppings.

As crianças necessitam de trocas de roupas com mais freqüência que os adultos,


devido à fase de crescimento. A diferença é que as crianças agem como mini-
adultos, mesmo se não precisassem de trocas de roupas por necessidades, ou seja,
a roupa não servir mais, os pais comprariam o mesmo número de peças com a
mesma freqüência.

Levando em conta que moda é personalidade e expressão individual, as marcas do


ramo infantil, investem cada vez mais em diferentes estilos. Foi-se o tempo em que
pais escolhiam as roupas para seus filhos, eles sabem muito bem absorver
tendências e sabem o que gostam e o que não gostam. São mini-consumidores,
mas mini apenas no tamanho, tratando-se de mercado, os números são grandes. De
acordo com o estudo realizado na Faculdade de Economia e Administração (FEA)
da Universidade de São Paulo, o mercado infantil movimenta 50 bilhões por ano e
cresce 14% ao ano, o dobro comparado com segmentos adultos.

ILUSTRAÇÃO 1: A garota mostra ao adulto a roupa escolhida, as crianças já sabem escolher sozinha as
próprias roupas4.
.

4
Imagem disponível em: <http://amanha.terra.com.br/edicoes/218/especial.asp>

4
5

Empresários de moda infantil mostram-se otimistas com dados. A grife paulistana


Lilica Ripilica do grupo Marisol, é líder no segmento, sua participação chega a 15%,
a empresa fatura cerca de R$ 340 milhões com venda para o público infantil, ou seja
85% de sua receita total, dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

O sucesso é atribuído ao profundo conhecimento dos desejos das meninas, com


grande freqüência são feitas pesquisas com consumidoras para entender mais um
pouco desse universo. Pesquisas que resultam em grandes investimentos, como por
exemplo, a participação em desfiles do Fashion Rio, o que gerou um aumento de
25% nas vendas. E também abertura de lojas em outros países como Portugal,
Espanha e a concorrida capital da moda Milão.

3 A CRIANÇA E A MODA

3.1 Mini luxo

A tendência do filho é agir de acordo com as atitudes dos pais. A sociedade moderna
preocupa-se mais com moda e a entende como um artifício de identidade social.
Pais vaidosos também querem ver os filhos da mesma maneira, eles usam grifes
famosas, por que não a mesma grife para as crianças? Pensando nisso, grandes
marcas e estilistas começaram a investir no promissor universo infantil. A Zoomp,
famosa marca de jeanswear lançou uma coleção limitada de calças jeans com
numeração pequena, especialmente para o público mirim. A proposta é criar um
vínculo com o um futuro cliente da marca.

ILUSTRAÇÃO 2: Campanha publicitária da Zoomp, famosa marca de jeanswear adulto, peças em número
limitado para o público infantil com preços nada pequenos5.

Outras marcas a se aventurar nesse universo foram a VR e TNG. A VR fez uma loja
versão kids ao lado da loja adulto, com esse artifício, o pai faz compra e aproveita

5
Ilustração disponível em: < http://www.erikapalomino.com.br/moda/tendencias/index.php?md_tend_id=1010>

5
6

para atualizar o guarda roupa do filho na loja ao lado, ou vice versa. De acordo com
Alexandre Brett, empresário da marca, a VR kids " tem personalidade própria - é
voltada para uma criança moderna, atual, antenada, que interage em todos os
meios".

A TNG também se lançou no mercado infantil no ano de 2003, e tem dado certo. A
marca que até o ano de 1999 trabalhava com moda masculina, expandiu para a
moda feminina e vem fazendo sucesso também com o público infantil que pode
desfrutar de uma coleção mais colorida e alegre. Assim como a VR, a marca investiu
em uma loja separada para crianças, experiência que triplicou as vendas e
colaborou para uma maior identidade à marca.

Walter Rodrigues, estilista famoso por seus vestidos glamourosos feitos sob medida,
desenvolveu uma coleção luxuosa para meninas inspirado em princesas e
bailarinas, mas sem abrir mão da liberdade de movimento e conforto.
Alexandre Herchcovitch aceitou, por meio de convite, criar uma coleção de
camisetas infantis para a loja Banca de Camisetas, em São Paulo. O tema remetia a
símbolos do início de sua carreira, como as famosas caveiras. Mas não quer dizer
que a coleção era totalmente gótica, em meio a esses elementos foi acrescentado
estrelinhas ou letras para dar delicadeza as camisetas.

ILUSTRAÇÃO 3: Criança vestida com camiseta da linha infantil de Alexandre Herchcovitch , coleção
desenvolvida para a loja Banca de Camisetas, em São Paulo6.

Com o estilista mineiro, Ronaldo Fraga, a experiência foi diferente. Ele entrou para
esse universo, pois não encontrava roupas interessantes para seu filho, Ludovico.
Ele resolveu então fazer o enxoval do filho, e acabou gostando da brincadeira.
Mesmo trabalhando o mesmo tema para a coleção adulta e infantil, ele deixa bem
frisado que criança tem que usar roupa de criança. “A sexualização do mercado
infantil feminino me preocupa. Não suporto ver garotas vestidas como a Kelly Key”.

Na moda internacional, grandes nomes também contribuem aos pequenos,


exemplos como: Dior, Gap, Marc Jacobs, Dolce e Gabbana, Diesel. Tudo para
satisfazer os luxos dos filhos e principalmente dos pais. Em um documentário

6
Ilustração disponível em: <http://www.terra.com.br/istoe/1773/comportamento/1773_quero_ser_grande.htm>

6
7

recente do canal Discovery Home e Health que estudava o comportamento de


crianças, foi mostrado o caso de uma garotinha que seguia os passos da mãe como
uma futura vítima da moda. A menina norte-americana de apenas quatro anos sabia
pronunciar todos os nomes das principais grifes internacionais, inclusive as de difícil
pronúncia como Yves Saint Laurent e Salvatore Ferragamo. Mas não era apenas
isso, além da pronúncia ela sabia identificar através das roupas qual marca se
tratava, sem olhar nas etiquetas, ainda corrigia os erros da repórter supostamente
ignorante no que se dizia a moda.

2.2 Ícones de Moda

É impossível falar de moda infantil sem lembrar da famosa boneca Barbie, ainda
mais aliado ao mercado infantil, além da venda das bonecas, o grupo Mattel vende
licenças do nome Barbie para ser estampado em roupas, sapatos e acessórios para
meninas. O sucesso da boneca é atribuído ao estilo de vida que ela mantém há
quase cinqüenta anos, época em que foi criada.
A boneca preserva uma imagem que todas as meninas – ou mesmo mulheres –
desejam ser. Ela é bonita, inteligente, amiga, companheira, meiga e politicamente
correta. Mesmo representando a imagem de uma estadunidense, ela encanta todo o
mundo e vai continuar sendo por muito tempo um objeto de influência na sociedade.

Ao longo dos anos a boneca era lançada com releitura de mulheres famosas e
grandes estilistas. A Barbie transmite a imagem de uma mulher, ou adolescente ou
menina rica que está a todo o momento sorrindo, não aparenta ter nenhum tipo de
problema, é bem aceita no meio em que vive, amada por todos, tem amigos
verdadeiros, esta sempre em lugares paradisíacos, consome muito e sempre esta
na moda. Seria um modelo de vida perfeito se não fosse apenas uma utopia.

Ilustração 4: Criança vestida com a fantasia da Barbie, o fascínio das crianças com a boneca não é novidadade
para o mercado7.

Mas as meninas sempre acreditam e tentam chegar o mais próximo possível


comprando tudo com o nome Barbie, até mesmo roupas. Para os meninos, não
existe um ícone bem definido ou que exerce tanta influência com a Barbie é para as
meninas. A sociedade machista em que vivemos não deixa o homem preocupar

7
Imagem disponível em: <http://www.toymagazine.com.br/fantasia-infantil-barbie-fada-p-250.html>

7
8

tanto com moda, embora exista uma pequena evolução. Os meninos buscam nas
roupas elementos que mesmo que eles não entendam, se remete a grandes paixões
de homens como: carros, esporte e aventura. As roupas para meninos que mais
fazem sucesso são as que carregam esses principais temas.

A marca Hot Wheels, do grupo Mattel, foi inserida no mercado no ano de 1968
fabricando miniaturas dos principais carros da época. Hoje a marca vai mais longe,
além dos brinquedos, existe uma infinidade de produtos que carregam a marca
como filmes, artigos de papelaria, bicicleta, roupas, sandálias e tênis. A marca
consegue unir a paixão por carros com esporte e adrenalina. Mas, da mesma forma
que a boneca Barbie ilude as meninas com uma vida totalmente cor-de-rosa, a
marca Hot Wheels, também faz o mesmo com meninos. As propagandas
superelaboradas transmitem a imagem de muita adrenalina e emoção, coisas que
nenhum garoto vai conseguir com um simples brinquedo ou com a roupa.

Ilustração 5: Tênis da Hot Wheels, estampa de chamas e rodinhas que inspiram aventura e adrenalina8.

Outro ícone que os meninos seguem são dos atletas famosos que desfilam por aí da
cabeça aos pés com marcas que os patrocinam, o exemplo mais famoso, a Nike.
Mas existem também outras marcas que além de provocar desejos no pai, provoca
no filho também como a Puma, Adidas, Gap e Diesel.

4 COMPORTAMENTO

4.1 Pesquisa com crianças e pais

As análises feitas a seguir são baseadas na pesquisa de campo realizada com


crianças e seus respectivos pais através de um questionário entregue aos mesmos,
em um colégio9 de classe média na cidade de Goiânia. A pesquisa teve como
objetivo aprofundar na opinião de crianças e pais sobre moda e comportamento em
relação ao consumo.

A média de idade dos pais é de 35 anos e dos filhos de 8 anos. A pesquisa também
comprova o grande interesse das mulheres em relação à moda para os filhos, de
todos os questionários, 92% foram completados por mulheres e apenas 8% por
homens. Em relação á escolaridade dos pais, 50% cursam ou já terminaram o
8
Imagem disponível em: <http://www.merokids.com.br/cgi-bin/thumbs.pl?parc=5>
9
Colégio Dimensão, Goiânia - Goiás

8
9

ensino superior, 36% tem o segundo grau completo e 13,6 % tem escolaridade
abaixo do ensino médio.

Quando foi feita a pergunta às crianças a primeira coisa que elas pensavam quando
se falava em moda, as palavras mais repetidas por meninos e meninas foram as
seguintes: roupa, Hello Kitty, calças, shopping, sapato, TV, sucesso, desfile. A
mesma pergunta foi feita aos pais que citaram as palavras: cores, crianças,
economia, TV, marcas, conceito, estilo, sapato, roupa, gasto.

Como era de se esperar, a maioria das crianças preferem escolher sozinhas suas
roupas, cerca de 76%, mesmo os pais negando a vontade dos filhos com o
argumento de evitar gasto. 14% das crianças preferem que os pais escolham suas
roupas e 9,5 % gostam de escolher na presença dos pais.
52% dos pais levam seus filhos na hora de comprar roupa contra 36% que preferem
deixar as crianças em casa e 12% que não tem preferências.

O que mais chama atenção nas crianças em uma roupa de acordo com os pais são
elementos como: desenho, cor, conforto, modelo, brilho, estar na moda, acessórios.
O que mais chama atenção nos pais na roupa para os filhos são: modelo, tecido,
preço, cor, modelagem, qualidade, beleza, conforto, marca boa, acessórios,
praticidade, detalhes, comprimento.

A maioria dos pais, cerca de 57% afirmam que compra roupa para os filhos
freqüentemente, de mês em mês. 19% compram com freqüência de duas a três
vezes ao ano e 23% compram roupas para os filhos quando é necessário, ocasião
especial ou quando as roupas ficam desgastadas.

Quando foi perguntado aos pais sobre a marca de moda infantil mais conceituada,
45% citaram a Cara de Anjo, marca goiana presente no mercado desde 1986. 20,8%
citaram Lilica Ripilica e 33% marcas variadas. Mas apenas 36% mantém fidelidade à
marca citada, 50% não tem fidelidade à marca e 15,3% alegam que ás vezes
compram da marca citada.

Sobre a semelhança da moda infantil e adulto, o assunto divide opiniões, 36% são
contra essa precocidade e defendem que criança tem que vestir como criança, tem
que saber respeitar o tempo da infância. 24% são a favor, alguns defendem que na
moda infantil masculina não tem problema, e outros 24% encaram o fato com
normalidade, já estão acostumados. Os pais mais velhos são os que mais protestam
contra a atitude precoce da moda infantil e os pais mais jovens querem vestir os
filhos da mesma maneira que eles.

4.2 Erotização da Moda Infantil

Um fato que preocupa pais, educadores e a sociedade em geral é a infância cada


vez mais curta. É cada vez mais comuns ver meninas na faixa de 7 a 11 anos agindo
como verdadeiras moças, ganhar brinquedo é uma ofensa, o presente bem vindo
são roupas, acessórios, maquiagens.

As festas de aniversário também mudaram, não existe uma decoração com tema
infantil, mas sim festas com DJ’s, luz negra ou então a festa é realizada dentro de

9
10

um salão de beleza. Criança sempre foi vaidosa, a diferença era que elas colocavam
suas vontades todas nas bonecas, hoje não precisam de bonecas, a realidade é
mais interessante, elas são as próprias “cobaias”.

O problema tem origens da própria educação dos pais que, na sua maioria, vestem
seus filhos, principalmente filhas como adultos em miniatura. Não imaginam o efeito
que isso causa em um futuro próximo. Mesmo que alguns pais eduquem seus filhos
de maneira coerente, eles acabam recebendo uma grande influência da televisão, a
contra educação. O fato não é tão atual, existe uma diferença muito grande na moda
infantil antes de depois do programa Xou da Xuxa, exibido na década de 80.

Ilustração 6: Xou da Xuxa, as roupas curtas da apresentadora contrastava com o cenário lúdico do programa10.

As meninas – as mais influenciadas – não queriam mais saber de vestir vestidos


com babadinhos e sapatos. A febre na época eram os shortinhos e as botas, marca
registrada da rainha dos baixinhos. A roupa da apresentadora que inspirava
sensualidade contrastava com um cenário cheio de elementos infantis. Além de
influenciar na moda, o programa também direcionou as crianças ao consumismo e a
competição.

Nos anos 90 outra preocupação dos educadores era o então grupo de axé, É o
Tchan. A atração do grupo eram as mulheres vestidas com roupas curtíssimas,
coloridas e coladas ao corpo dançando com letras de apelo sexual. É obvio que a
criança não entendia o significado da letra, mas se deixava levar pelo ritmo e o
colorido das roupas das dançarinas.

Nunca uma criança foi tão desrespeitada como naquela época, a tendência da
maioria é imitar sim as vestimentas de ídolos, não só as vestimentas, mas também
10
Imagem disponível em: <http://www.infantv.com.br/xoudaxuxa.htm>

10
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as atitudes. As meninas andavam praticamente semi-nuas, e o pior era o orgulho


que os pais sentiam em ver seus pequenos vestidos como os ídolos em programas
de TV. Esses programas promoviam concursos de cover infantil e ainda ganhava
ibope com isso.

A taxa de violência sexual contra crianças e adolescentes aumentou


consideravelmente, a sociedade se chocava no momento em que acompanhavam
dados no jornal da TV, mas de nada adiantava, pois depois do jornal entrava a
novela ou programas de auditório com a participação especial desses famosos
grupos de axé.

Aproveitando o sucesso que o grupo tinha com as crianças, foram lançados diversos
produtos da linha É o Tchan entre brinquedos, cosméticos e roupas. Ou seja, mais
uma vez as crianças eram as principais vítimas de grandes empresários sem valores
que pensam apenas em dinheiro.

Ilustração 7: Papel de parede para computador disponível em um site especialmente para as crianças. Logo se
nota a incoerência da imagem, ao misturar fotos da dançarina com roupas provocantes e figuras infantis11.

Atualmente, um fenômeno que colabora para a erotização da moda infantil é a


cultura do funk. Semelhante ao axé, as letras são de gosto duvidoso e também
fazem apologia ao sexo. A criança novamente é seduzida pelo ritmo, as batidas. As
roupas também são extremamente justas e curtas, a criança ao vestir a roupa,
sente-se mais velha, e para elas, não existe coisa melhor.

O grupo Rebeldes, também tem uma parcela de influência nas vestimentas e no


comportamento precoce das crianças. O grupo musical também conta com uma
novela que é acompanhada assiduamente por crianças e adolescentes, mas
principalmente as crianças. A história se passa em um colégio de classe média alta,

11
Imagem disponível em: <http://www.sambando.com.br/>

11
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os atores que interpretam adolescentes, na vida real, já são adultos. As


protagonistas vestem uniformes curtíssimos, o que não seria permitido em um
colégio da vida real. Além das roupas as crianças tentam imitar o comportamento
intitulado como rebelde, o próprio nome diz tudo.

Ilustração 8: Apresentação do grupo musical Rebeldes. Com roupas extremamente sensuais, o grupo conquista
crianças e adolescentes do mundo inteiro que passam a se vestir de modo parecido 12.

Fatores sociais também colaboram para o aceleramento dos fatores biológicos, as


meninas de hoje entram na puberdade mais cedo.
"Esta geração de meninas está tão erotizada, vem recebendo tantos estímulos para
ficar moça que o cérebro acaba enviando sinais que detonam a produção dos
hormônios mais cedo" afirma Jonathas Soares, ginecologista do Hospital das
Clínicas e do Albert Einstein, de São Paulo.

4.3 Educação

As crianças passam boa parte do tempo na escola, o educador também acaba


tornando-se responsável pelas atitudes das crianças. Um grande desafio, visto que
hoje em dia, a infância é cada vez mais curta. Luciana Ribas13, psicopedagoga,
afirma que a relação da criança com a moda é cada vez mais voltada para o mundo
adulto. E através da mídia entende-se que isso influencia também na conduta da
criança que deixa de realizar atividades próprias para sua faixa etária.

Sobre a precocidade infantil na moda, a educadora afirma que é muito complicado


tentar mudar o comportamento, uma vez que os pais acreditam que isso é certo para
seus filhos. A alternativa encontrada é resgatar os valores através de brincadeiras
infantis, cantigas de roda e atividades lúdicas. Bater de frente com os pais causa
problemas, pois são eles quem educa seus filhos.

Os pais devem então proporcionar aos filhos atividades infantis. Eles devem
brincar com os filhos, utilizar jogos pedagógicos, assistir filmes voltados para
a faixa etária em que eles se encontram, deixar que as crianças entrem em
contato com outras crianças. Uma sugestão também é diminuir o contato das
crianças com o vídeo game e os computadores.

12
Imagem disponível em: <http://anahicollucc.nireblog.com/pag_2/>
13
Luciana Ribas Rufino, Pedagoga formada pela Universidade Católica de Goiás e Psicopedagoga pós-graduada
pela Universidade Católica de Goiás.

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5 Publicidade Infantil

Além de saber muito bem o que querem, as crianças, também, influenciam pais na
hora da compra, por esse motivo, esses pequenos tem ganhado muita atenção de
setores de marketing. De acordo com Arnaldo Rabelo14, consultor de marketing, em
entrevista, o mercado infantil não representa uma tendência, mas é um mercado que
apresenta um desafio interessante. A quantidade de crianças diminui a cada ano,
pois o número de filhos por casal tem diminuído, enquanto o consumo das crianças
tem aumentado. Trata-se de um ajuste natural das empresas ás mudanças do
mercado.

Se antigamente, os consumidores que procuravam o produto, hoje é o contrário, o


mercado busca todas as armas para conquistar o cliente. Em conseqüência dessa
grande oferta, o consumidor esta mais exigente. A tendência são ramos de mercado
cada vez mais segmentados. Com a moda, esse fenômeno não é diferente, com um
número maior de consumidores cada vez mais exigentes, cada empresa se adapta a
um estilo diferente para agradar seu público alvo. Dentro do mercado infantil, já é
possível atender aos desejos de diferentes crianças, as roupas não são todas iguais
como a tempos atrás, a criança já desenvolve seu estilo e torna-se cada vez mais
vaidosa.

Segundo Arnaldo Rabelo, esse aumento das vendas de produtos infantis é devido a
menor quantidade de filhos por casal, sendo assim aumenta a renda dos pais por
criança. Os pais têm mais recursos, pois tem filhos cada vez mais velhos. Famílias
fragmentadas, o que gera presentes de pais, tios, avós. Os pais se sentem cada vez
mais culpados pela ausência e gastam mais com as crianças, e essas, que por sua
vez, estão cada vez mais maduras.

O passatempo não é mais o brinquedo, e sim a Internet e a televisão que são


verdadeiras escolas de consumo, nem sempre os pais estão por perto para
acompanhar, pois eles trabalham mais que antes. Quando chegam em casa já são
surpreendidos com os filhos que já lhe entregam um resumo das últimas novidades
na moda, tecnologia e alimentos.
Arnaldo Rabelo afirma que os programas infantis de TV ainda são ferramentas de
publicidade poderosas, pois atinge cerca de 85% das crianças brasileiras entre 6 e
12 anos das classes A e B. Mas existem outras mídias com resultado eficaz que são
o rádio, cinema, revista e Internet para crianças a partir de 7 anos de idade.

Com base nessas informações, fica parecendo que a criança realmente sabe
diferenciar o que é bom e o que tem qualidade. Mas não é bem assim, o fato delas
escolherem, não significa que elas vão optar por algo de qualidade e com preço
dentro do orçamento, mas pelo contrário. “Muitas vezes, as crianças preterem a
funcionalidade de um produto em favor da marca” afirma Luiz Marinho da Publicom.

O código de Defesa ao Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o


Conar15 e a Anvisa16 apresentam regulamentações ligadas à publicidade e artigos
14
Arnaldo Rabelo é Consultor em Marketing Infantil, professor de graduação nas áreas de Marketing e
Publicidade.
15
Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária
16
Agência Nacional de Vigilância Sanitária

13
14

infantis. Todas essas leis para evitar campanhas publicitárias que aproveitam da
inocência da criança para atingir suas metas de vendas com estratégias do tipo
“peça para sua mãe” ou que dão a ilusão que se adquirir tal produto ela vai se tornar
uma pessoa melhor.

Ilustração 9: Ilustração representando a criança como alvo de propagandas inescrupulosas17.

6 Kidults

Festas com decoração de bichinhos, música do balão mágico, brincadeiras, alegria...


Não, não estamos falando de uma festa destinada a uma criança, e sim para um
adulto, é cada vez mais comum esse clima de nostalgia entre adultos. Nos Estados
Unidos, esse comportamento foi nomeado de kidults, ou seja, uma mistura de
criança e adulto, em inglês.

O argumento que os kidults utilizam é que a infância de antigamente era realmente


uma infância, sem pressões da sociedade, natural e inocente. De fato isso é
verdade, não existe problema em relembrar a infância com os amigos, guardar
algum objeto antigo, contar histórias, compartilhar fotos. O fato agrava quando esses
adultos começam a ter a todo o momento atitudes de criança, usar roupas
exageradamente elementos infantis em roupas.

E por falar em moda, o mercado anda gostando dessa tendência e o mercado


sempre lança produtos para adultos com cara de criança. Um exemplo é a
tradicional marca de bolsas Louis Vuitton que lançou bolsas para adultos com
estampas que remetem ao universo lúdico. De acordo com a consultora de Moda

17
Imagem disponível em: <http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/2007/06/30/a-publicidade-infantil-e-
etica/>

14
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Glória Kalil: “A moda não é a causadora deste fenômeno, mas colabora com ele. E
muito”.

Ilustração 10: Bolsa com estampas da Louis Vuitton, a mesma usada por um adulto e por uma criança18.

Essas eternas crianças terão que encarar a realidade, chega um dia que não tem
mais como prolongar os estudos para continuar morando na casa dos pais. Hoje é
cada vez mais difícil se tornar um adulto, como afirma Glória Kalil:

Não é mesmo fácil crescer e encarar a vida adulta. Principalmente hoje,


quando tantas dificuldades ameaçam os primeiros passos de um jovem:
violência, desemprego, competição, dificuldade nas relações amorosas...
Razões mais do que suficientes para voltar correndo para o ninho onde
mamãe e papai tomam conta de tudo.

18
Imagem disponível em: < http://chic.ig.com.br/site/secao.php?secao_id=1&materia_id=1582>

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16

6 CONCLUSÃO

Diante da análise aqui realizada, conclui-se que o mercado de moda infantil cresce a
cada dia, pois as crianças estão mais informadas, vaidosas e exigentes. Não se
pode afirmar que esse fato é devido ao grande número de crianças, pelo contrário,
elas diminuem a cada ano, pois os casais têm cada vez menos filhos. A diferença é
que os casais se preocupam em ter uma boa estrutura para receber um filho,
trabalham mais e tem filhos mais velhos. Quando chegam os filhos, os pais têm mais
condições para gastar com seus herdeiros.

Em relação á moda, as crianças sempre precisam de trocas, devido ao crescimento,


mas nem por isso abrem mão do estilo. Os pais se orgulham em poder vestir bem
seus filhos da mesma maneira que eles, marcas de sucesso no gênero adulto
também lançaram linhas para crianças. O ponto negativo, é que muitos pais
exageram, e acabam colocando os filhos mais precoces, foi-se o tempo em que uma
menina de 11 anos brincava de boneca, hoje ela é a boneca que sempre se enfeita.

Dessa forma, conforme analisado, quando se fala de moda, conseqüentemente fala-


se de comportamento. As roupas que uma criança veste são apenas o resultado de
suas atitudes, atitudes que são formadas pela educação dos pais, ídolos e as
informações que elas recebem diariamente. Recomenda-se, portanto, o máximo de
atenção dos pais para com os pequenos, é dever deles explicar com paciência à
criança o que lhe convém e o que não convém. Não deixar essa tarefa apenas para
professores, e depois colocar toda a parcela de culpa das atitudes da criança na
mídia.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Érika Palomino, Consumidor infantil é no alvo de estilistas e marcas de moda.


Disponível em: http://www.erikapalomino.com.br/moda/tendencias/index.php?md_te
nd_id=1010/
Acesso em: 10 de dezembro de 2005.

Érika Palomino, ''Consumidor infantil absorve tendências'', diz grupo Marisol.


Disponível em: http://www.erikapalomino.com.br/moda/fashionview/index.php?md_e
vent_id=1413
Acesso em: 09 de janeiro de 2006.

Amanhã – Terra, Papai, eu quero...


Disponível em: www.amanha.terra.com.br/edicoes/218/especial.asp
Acesso em: março de 2006.

Diga Não Á Erotização Infantil, A publicidade infantil é ética?


Disponível em: http://www.diganaoaerotizacaoinfanil.wordpress.com/2007/06/30/a-pu
blicidade-infantil-e-etica/
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