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Problemas Sociais

Contemporâneos

Apontamentos de: Cristina Lourenço


Email: mariacris@mail.pt
Data: 2001/02

Livro:Problemas Socias Contemporâneos


http://salaconvivio.com.sapo.pt

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PROBLEMAS SOCIAIS CONTEMPORÂNEOS

I - ESTUDAR OS PROBLEMAS SOCIAIS

1.1.1– Dos problemas sociais aos problemas sociológicos


Problemas Sociais
É uma alegada situação incompatível com os valores de um significativo número de pessoas,
que concordam ser necessário agir para a altear. (Rubington e Weinberg).

Problemas Sociais – com significado social – porque se definem em função de um


conjunto de valores sociais, ao passarem pelo método científico adquirem um significado
sociológico.

Para que um problema social seja considerado um problema sociológico deve possuir as
condições de:
- Regularidade
- Uniformidade
- Impessoalidade
- Repetição

1.1.2-As questões do positivismo versus relativismo

Sociologia Positivista – defende a procura de leis sociais a partir de um método indutivo-


quantitativo, e advoga uma separação absoluta entre a ciência e a moral, isto é, entre os factos
e os valores.
A sociologia positivista estuda situações objectivas, que são definidas como problemas em
razão de características que lhe são próprias. Daí a necessidade de se conhecerem as suas
causas e de se chegar à elaboração das leis que regem o fenómeno.

Sociologia Relativista – não existe nenhum critério universal para o conhecimento e para
a verdade. Todos os critérios utilizados serão sempre internos ao sistema cogniscente e, como
tal, serão relativos e não universais. O que importa estudar é a definição subjectiva dos
problemas sociais, conhecer os processos pelos quais uma dada situação se torna problema
social.

1.1.3-A aplicabilidade da ciência e o desenvolvimento teórico

Um problema pressupõe uma solução.

Mandato duplo – Rubington e Weinberg


a) Por um lado, dar atenção aos problemas existentes na sociedade, numa perspectiva de
correcção da realidade social, através dos conhecimentos empíricos adquiridos
(Estudo dos problemas sociais)
- Pressupostos da Sociologia correctiva – Hester e Eglin
- Equivalência de problema social a problema sociológico
- As questões sociológicas derivam das preocupações sociais
- O grande objectivo do estudo sociológico é a melhoria dos problemas sociais
- Preocupação central com as causas ou etipologia dos problemas
- Compromisso com os princípios positivista da ciência.
Aspectos negativos
- não separa a aplicabilidade da ciência do seu corpus teórico-metodológico
- não questiona porque é que as situação são definidas como problema, aceitando as
definições socialmente estabelecidas.
- Encara as pessoas como objectos e não como sujeitos que constróem a realidade social.

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b) Por outro, desenvolver teórica e metodologicamente a sociologia enquanto ciência
(Estudo dos problemas sociológicos)

Sociologia de Intervenção – modo de ver o trabalho do cientista social que em vez de isolar
asseptivamente o investigador do seu objecto de estudo, o desafia a ser “contaminado” por
este, o leva a intervir activamente na realidade que estuda e a não separar os papéis de
investigar e de cidadão. A investigação social deve ser utilizada para melhorar a sociedade.

1.2-As perspectivas de estudo dos problemas sociais


1.2.1-As perspectivas da Sociologia Positivista
1.2.1.1 Patologia Social
Os problemas sociais são entendidos como doenças ou patologias sociais.

Herbert Spencer – defende que a sociedade e os seus elementos podem sofrer


malformações, desajustamentos e doenças, à semelhança dos organismos vivos.

Cesare Lombroso, Ferri e Garófalo – Escola positiva italiana de criminologia – Perspectiva do


Homem delinquente.

Uma vez que o problema está no indivíduo, é essencial que se identifiquem as características
que diferencia o elemento doente daqueles que são normais.
Teorias
Para Cesare Lombroso era claro que a explicação do comportamento criminal dos
indivíduos estava em características fisiológicas particulares como o tamanho dos maxilares,
assimetria facial, orelhas grandes ou a existência de número anormal de dedos.

Eysenck – explicações de base psicológica ou biológica, ao nível de anormalidade


cromossomática (duplo cromossoma Y) ou predisposição genética para a extroversão está
ligada a comportamentos de violação de normas.

Deficiência na sociolização – os problemas sociais seriam o resultado da incorporação de


valores “errados” pelos indivíduos, fruto de uma “sociedade doente”. Neste sentido, a solução
para os problemas sociais passaria necessariamente pela educação moral da sociedade e pela
incorporação de valores moralmente correctos.
Criticas à última teoria
Vytautas Kavolis – a patologia é um comportamento destrutivo ou auto-destrutivo

Rosenquist – a única forma de se estudarem os problemas sociais é passando ao lado do


que constitui a sua condição problemática e aceitar o julgamento social como um dado.

1.2.1.2 Desorganização Social

4 Teóricos mais importantes – Charles Cooley, Thomas, Znaniechki e William Ogburn.

Teorias
Cooley – teorizou a distinção entre grupos primários e secundários sendo que nos grupos
primários os indivíduos vivem relacionamentos face a face, mais intensos e duradouros,
enquanto que nos grupos secundários as relações sociais são mais impessoais e menos
frequentes.
Definição – desorganização social é a desintegração das tradições. As regras sociais deixam
de funcionar.
Thomas e Znaniecki – no seu estudo sobre imigrantes polacos, conceptualizaram a
desorganização social como a quebra de influência das regras sociais sobre os indivíduos.

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Ogburn – centrou-se no conceito de desfasamento cultural que este autor propôs. A
sociedade não é um organismo mas sim um sistema, composto por várias partes
interdependentes. As partes do sistema cultural podem modificar-se a ritmos diferentes,
produzindo um desfasamento no sistema que origina a desorganização social.

Outros teóricos – Roberto Park, Ernest Burgesse Roderick McKenzie.


Levaram a cabo estudos sobre a organização espacial da cidade. O fenómeno da urbanização
é central para a perspectiva da desorganização social ao estar relacionando com o
enfraquecimento das relações face a face e das tradições sociais.
Robert Park – afirmou que a organização social se baseia nas tradições e nos costumes e
que tudo o que perturba os hábitos sociais, isto é,, a mudança social, tem potenciais efeitos
desorganizardes.
A desorganização social, e por conseguinte os problemas sociais, tem uma distribuição
desigual pelas zonas da cidade, apresentado maior intensidade na Zona II (zona de transição
– área deteriorada e de guetos, habitada por trabalhadores não especializados e imigrantes),
onde é maior a quebra do pesa das tradições.

(Zona I – Área Central de negócios – instalados grandes armazéns, sedes de empresas,


escritórios, espaços de divertimento e outros serviços; Zona III – Habitam trabalhadores
especializados e a segunda geração de imigrantes; Zonas IV e V são áreas de residência das
classes mais elevadas, zonas de apartamentos e zonas de moradias de trabalhadores
pendulares)

Criticas apontadas por Marsshal Clinard ao conceito de desorganização social.


- o seu poder explicativo para a sociedade em geral é reduzido
- confundiu-se desorganização social com mudança social
- é um conceito fortemente sujeito aos julgamentos de valor do investigador
- aplicou-se o conceito de desorganização social a situações que não são de
desorganização
- o sistema social pode acolher em si focos de desorganização sem que tal comprometa o
seu funcionamento

1.2.1.3 Conflitos de Valores


Distinção de três tipos de problemas que afectam as sociedades (Richard Fuller e Richard
Myers)
a) Problemas físicos – não são causados pela acção humana (ex. sismos e furacões),
existe consenso geral de que a condição objectiva é indesejável e nada se pode fazer
para controlar as causas do problema. Mas podem surgir conflito quanto ao que fazer
para tratar das suas consequências.
b) Problemas remediáveis (ameliorative) – (ex. delinquência juvenil) apresentam
consenso quanto à indesejabilidade da situação e quanto à necessidade de agir para a
corrigir, mas criam-se conflitos no que diz respeita ao conteúdo da acção, ou seja, o
que fazer.
c) Problemas morais – (Ex. consumo de marijuana ou a eutanásia) são os mais
complexos, pois não existe consenso quanto à própria indesejabilidade da situação.

Os problemas podem passar de um tipo para outro, acompanhando as mudanças nos valores
sociais.

3 fases de evolução dos problemas sociais (Fuller e Myers)


1ª Tomada de consciência do problema
2ª Fase de determinação política
3ª fase das reformas.

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1.2.1.4 – Comportamento Desviado
Escola de Harvard – Talcott Parsons – pensamento funcionalista-estrutural – contributo
para a perspectiva do comportamento desviado

O CONCEITO DE ANOMIA
Durkheim –significa uma ausência de normas
Merton – desfasamento entre metas culturais a atingir e os meios que a sociedade
proporciona para o efeito.

O desfasamento entre meios e metas dá origem a quatro tipos de adaptação individual –


Merton
- Inovação
- Ritualismo
- Evasão
- rebelião

Teoria da Associação diferencial – Edwin Sutherland


Centrou-se no processo pelo qual se dá o comportamento desviado.

9 Pontos que apresenta este processo de génese do comportamenteo criminoso – Sutherland


e Donald Cressey

1 – o comportamento criminoso é aprendido, não é inato


2 – é aprendido pela interacção com outros indivíduos num processo de comunicação
3 – a aprendizagem mais importante é feita em grupos primários
4 – a aprendizagem envolve as técnicas ao crime, os motivos, as racionalizações e as atitudes
a ele ligadas
5 – os motivos e os impulsos são aprendidos segundo a definição favorável ou desfavorável
aos códigos legais
6 – um indivíduo torna-se delinquente pela razão de encontrar um excesso de definições
favoráveis à violação da lei
7 – a associação diferencial varia em termos de frequência, duração, proximidade e
intensidade
8 – o processo de aprendizagem dos comportamentos criminosos e não criminosos integra
todos os aspectos normalmente envolvidos em qualquer tipo de aprendizagem
9 – as necessidades e os valores gerais (segurança, riqueza) que são reflectidos pelo
comportametno criminoso não explicam este mesmo comportamento.

Teorias
Albert Cohen – Teoria da subcultura delinquente
Richard Cloward e Lloyd Ohlin – teoria da oportunidade

A perspectiva do comportamento desviado entende que os problemas sociais reflectem de


forma mais ou menos directa violações das expectativas normativas da sociedade.
A solução para os problemas de comportamento desviado deverá passar pela ressocialização
dos indivíduos e pela mudança da estrutura social de oportunidades, de forma a que sejam
aumentadas as oportunidades legítimas e diminuídas as oportunidades ilegítimas.

1.2.2 – As perspectivas da Sociologia Relativista


3 perspectivas – nelas se defende, em oposição ao positivismo que o conhecimento é
socialmente construído.
- o labeling - interaccionista
- o constructivismo social - interaccionista
- perspectiva crítica - estruturalista

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1.2.2.1 – Labeling – Base interaccionista
Teoria de labeling ou teoria da rotolagem – Georg Herbert Mead, Blumer e Goffoman
Mead – os indivíduos aprendem a ver-se como objectos sociais e comportam-se de acordo
com esse percepção. Os seus significados emergem da interacção social.

Herbert Blumer – os significados não são dados, mas requerem um a interpretação activa

Erving Goffman - introduziu o conceito de identidade social para se referir às qualidades


pessoais que permanente constante em diferentes situações. Se as reacções forem negativas,
as pessoas podem ser forçadas a aceitar uma “spoiled identity” = Estigmatização

Edwin Lemert – o desvio é definido pelas reacções sociais e introduziu os conceitos de


desvio primário e desvio secundário.
Lemert estabeleceu distinção entre:
Comportamento Desviado (deviant act) e papel social desviado (deviant role)
A reacção social ao desvio primário está assim na origem do desvio secundário.
Evolução que leva ao desvio secundário
1 – ocorrência do desvio primário
2 – sanções sociais
3 – recorrência do desvio primário
4 – sanções sociais mais pesadas e maior rejeição social
5 – continuação do desvio, agora com possível hostilidade e ressentimento por parte do
indivíduo desvio para com aqueles que o sancionam
6 – o coeficiente de tolerância chega a um ponto crítico, que se reflecte nas acções formais de
estigmatização do indivíduo levadas a cabo pela comunidade
7 – fortalecimento do comportamento desviado como reacção à estigmatização e às sanções
aceitação do estatuto de desviado por parte do indivíduo estigmatizado e consequentes
ajustamentos com base no novo papel social

Howard Becker – conceito de Labeling – defende que o comportamento desviado é aquele


que a sociedade define como desviado .
Para que alguém seja rotulado de desviado é necessário percorrer uma séria de fases
sequenciais – Carreira desviante.

A teoria de labeling defendeu que o desvio só é desvio quando é assim reconhecido


socialmente. Preocupou-se fundamentalmente em explicar o processo pelo qual o rótulo de
desvio era afixado aos indivíduos.

1.2.2.2 – Perspectiva Crítica /Radical – Base Estruturalista


A perspectiva crítica/radical veio centrar-se na questão da influência do poder na definição
dos comportamentos desviados e dos problemas sociais, e numa concepção alargada da
contextualização social do desvio.
A fundamentação desta corrente encontra-se no pensamento marxista. Assume uma postura
de conflito na génese dos problemas sociais.
Para a perspectiva critica/radical os problemas sociais advêm das relações sociais impostas
pelo modo de produção, e traduzem a necessidade de controle da classe capitalista e a
necessidade de resistência e acomodação das classes exploradas.
A solução para os problemas sociais reside, na mudança do sistema social de classes para
uma sociedade sem classes, isto é, sem exploração humana, sem injustiças e sem
desigualdades.

Ian Taylor, Paulo Walton e Jock Young - Teóricos

Taylor Walton e Young – o desvio deve ser analisado de forma materialista e histórica.

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Críticas dos positivistas a esta teoria
- é mais uma ideologia do que uma teoria científica
- o ênfase dado por esta corrente às questões de classe e ao poder económico, quando
existem outras fontes de conflito social, com base no género, idade ou nas diferenças
étnicas.

1.2.2.3 – Construtivismo social – Base Interaccionista


Peter Berger e Thomas Luckmann - As pessoas criam activamente a sociedade.
Estes teóricos defendem que a sociedade é uma produção humana e o Homem é uma
produção social. Para estes sociólogos, a sociedade é ao mesmo tempo uma realidade
objectiva e subjectiva. É objectiva porque é exteriorizada, relativamente aos actores sociais
que a produzem, e é objectivada, sendo constituída por objectos autónomos dos sujeitos
sociais. É uma realidade subjectivada por que é interiorizada através da socialização.

John Kitsuse e Malcolm Spector – publicaram dois artigos revista Social Problems. A
questão que os preocupava era saber porque é que algumas situações são consideradas
problemas sociais e outras não. A condição objectiva do problema social, é posta de lado pela
perspectiva constructista.
É a definição subjectiva do problema social que se revela essencial para a existência do
mesmo e como tal só esta deve ser investigada pelos sociólogos. Problemas como a violência
conjugal, trabalho infantil, poluição do ambiente são exemplos de situação que só se
converteram em problemas sociais quando se estabeleceu com sucesso um movimento de
reivindicação. Os construtivistas não poderam deixar de reconhecer a enorme importância
que os mass média têm neste mesmo processo.

Robington e Weinberg - Um problema social só se constitui em razão de todo um


processo de reivindicação e reacção social. Importa para a perspectiva constructivista quem
considera que existe uma situação inaceitável, ou seja:
- quem define uma dada situação, real ou virtual, como problema social?
- Quais as razões que apresenta
- Quem reage a esta pretensão
- Que tipo de dinâmica se estabelece entre as duas partes

Somente após o estudo empírico do processo de definição de cada problema social é que
podem ser elaboradas possíveis soluções para o mesmo. A perspectiva construtivista não
apresenta soluções à priori para os problemas sociais.

Critica à posição constructivista de Rubington e Weinberg


- esta perspectiva de menosprezar o sofrimento causado pelas situações objectivas que
secundarizam

Ver quadro.

II – PERSPECTIVAS POLÍTICO-DOUTRINÁRIAS SOBRE OS PROBLEMAS


SOCIAIS

Ver anexos

Perspectivas liberalistas

As teses
Adam Smith, Jereimis Bentham, Burke Humbold – liberalismo positivista clássico
Paine e Godwin – liberalismo utópico
Roberto Nozick, John Rawls – neoliberalismo
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Em todos estes autores encontramos uma forte crítica à excessiva dimensão do Estado.

Corrente neoliberal – Rosanvallon


Parte da teoria das internalidades. De acordo com esta teoria o Estado tem, com frequência,
efeitos imprevistos (internalidades) que pervertem as intenções de justiça e de promoção do
Bem-Estar das suas políticas.

Um ex. deste tipo de efeitos perversos é o do ciclo vicioso das despesas públicas:
- O crescimento das necessidades dos cidadãos implica aumento da procura do Estado
- O aumento da procura do Estado implica aumento da oferta de Estado
- Para que a oferta de Estado cresça este é obrigado a fazer mais despesas públicas
- O aumento das despesas públicas determina um aumento dos impostos
- O aumento da carga fiscal sobrecarrega os cidadãos o que lhes aumenta as
necessidades e a procura de Estado.

Problemas sociais e económicos


A posição neoliberal face aos problemas sociais e económicos podem-se resumir em dois
aspectos:
- a maior parte dos problemas sociais e económicso resultam de uma excessiva
intervenção do Estado
- a resolução dos problemas sociais e económicos deveria ser deixada aos mecanismos
naturais de auto-regulação do mercado.

As limitações = Críticas
- os limites da acção do Estado são insuficientemente operacionalizados
- os efeitos imprevistos do funcionamento do mercado não são convenientemente
equacionados.
- Contradição entre a apregoada liberalização de pessoas, bens, serviços e capitais – tese
central da corrente liberal – e a realidade observada no terreno, muitas vezes
fortemente proteccionista. (Sussane de Brunhoff)

Sussane de Brunhoff – as funções económicas e sociais do Estado procuram atingir dois


objectivos:
- reforçar a frente de combate económica
- ajudar a tratar dos feridos da guerra económica.

Perspectivas Marxistas

As Teses
O pensamento de Marx relativamente ao papel do Estado não é idêntico ao longo da sua obra,
nela se encontrando:
- posição idealista
- o Estado era uma expressão da alienação
- papel positivo em favor das classes oprimidas

Apesar da ambivalência, parece ser constante o reconhecimento do importante papel que


cabe ao Estado como instrumento da classe dominante, nas funções de regulação e
orientação da sociedade global.

Na perspectiva marxista os problemas sociais e económicos são resultantes da situação


de exploração de uma classe em benefício de outra num cenário de permanente luta de
classes.

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Duas estratégias defendidas:
- quando o estado não é controlado pela classe trabalhadora às organizações desta
classe cabe fazer pressão, no sentido de que o poder político lhes faça concessões.
- Quando o estado é controlado pela classe trabalhadora, deve-lhe competir o papel
dominante no planeamento e organização da economia e da protecção social.

As limitações = Críticas
- ponto de vista doutrinário – ao privilegiar a luta de classes o marxismo provocou
danos elevados na coesão social, lançando as classes sociais umas contra as outras,
gastando consideráveis energias sociais necessárias ao crescimento económico e ao
desenvolvimento social, em nome da igualdade e em detrimento da liberdade.
- Do ponto de vista político – falta de eficácia e de eficiência, uma vez que os
resultados obtidos foram muito inferiores aos previstos (ineficácia) e os avanços
conseguidos foram a custos económicos e sociais elevados (ineficiência).

As perspectivas conciliadoras

Os Pilares do Estado Intervencionista

Estado Providência = Estado Social = Estado do Bem-Estar


Este modelo de estado integrou 3 tipos de contribuições:

O Primeiro Pilar – o seguro obrigatório de Bismarck


Resposta à pressão conjugada, do movimento trabalhista alemão devido à situação de alto
risco em que se encontravam os trabalhadores da industrial e da acção de grupos de
académicos e políticos que se juntaram, para denunciar os malefícios das opções liberais e
para defender uma intervenção do Estado no combate aos problemas sociais.
A resposta política a tal conjuntura traduziu-se num conjunto de leis ( acidentes de trabalho,
seguro obrigatório, leis do seguro-doença, acidentes de trabalho e do seguro velhice-
invalidez) que procuraram melhorar a protecção social dos trabalhadores através de
mecanismos de seguro obrigatório.

O Segundo Pilar – a teoria intervencionista de Keynes


Vigorosa intervenção estatal através de investimentos públicos que criaram muitos
empregos. Ao fazer aumentaram o poder de compra, o que provocou um crescimento da
procura, revitalizou a economia e por consequência reduziu os problemas sociais e
economias.

O Terceiro Pilar – o relatório Beveridge


Lançamento das bases recentes dos sistemas de segurança social.
4 princípios:
- universalidade (população-alvo) segundo o qual a protecção social seria devida a
toda a população, qualquer que fosse a sua situação face ao emprego ou ao
rendimento.
- Unicidade (de inputs do sistema) pelo qual uma única quotização cobriria todos os
riscos de privação de rendimento
- Uniformidade (outputs do sistema) que preconizava a uniformidade das prestaões
- Centralização (organizacional) que obrigava à criação de um sistema único de
protecção social (saúde e segurança social) para todo o país.

A situação actual

O modelo de estado intervencionista teve consistência política devido a 3 factores:


- pleno emprego
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- serviços universais
- um nível nacional mínimo de condições de vida

Devido a várias crises (crise do petróleo, mudança acelerada, tendência para a globalização e
a localização) nos anos setenta a situação sócio-económica alterou-se iniciando-se um
período de recessão que teve dois efeitos na protecção social:
- aumento da procura de Estado devido ao crescimento do desemprego provocado pela
recessão económica;
- diminuição das contribuições para o sistema de segurança social que condicionou a
redução da oferta de Estado.

Esta situação fez perder um pouco a confiança do Estado-Providência , propiciando o


aparecimento de políticas neoconservadoras.

Modelo Neoconservador
Segundo o seu ponto de vista grande parte dos problemas sociais são decorrentes de uma
excessiva despesa pública, sendo a sua solução passar pela redução da oferta de Estado.
O excessivo custo social das medidas implementadas e a sua ineficácia conduziram
novamente à tentativa de adaptação do Estado-Providência com novas propostas (ex.
Terceira Via – valor da solidariedade como um valor político, reconhecendo o seu
incontornável papel de aglutinador social e de legitimidador político).

III – OS GRANDES PROBLEMAS AMBIENTAIS

GESTÃO DA ÁGUA

Origem antropogénica – resíduos resultantes das diferentes actividades do homem

Contaminação – a presença de concentrações elevadas de uma dada substância no


ambiente, ou seja, concentração que se situem acima dos níveis de fundo, para a área e para
os organismos considerados.

Poluição – significa que houve introdução antropogénica directa ou indirecta, de


substâncias ou energia, da qual resulta prejuízos para os recursos vivos, perigos para a saúde
humana ou a afectação do uso do meio receptor.

O Impacto das descargas de origem antropogénica difere consoante as


características do meio receptor, exemplos:
- morfologia
- hidrodinamismo
- grau de contaminação e/ou poluição
- nível de eutrofização
- existência de captações de água a jusante do ponto de descarga

Diferentes contaminantes
- físicos
- químicos
- biológicos

Problemas da escassez de água


- implicações na saúde e bem-estar
- implicações no desenvolvimento da agricultura
- implicações na protecção dos ecossistemas dependentes dos recursos aquáticos

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Conjunto de factores para evitar os conflitos entre países para obtenção do
curso de água que atravessa fronteiras
- análise por bacia hidrográfica
- regulamentação legal
- regras administrativas
- mecanismos financeiros
- monitorização e controle

Utilização de fontes não convencionais de água para combater a sua escassez


- dessalinização
- reutilização da água

Põe-se em causa a qualidade da água quando ocorre:


- fenómeno da eutrofização
- descarregam nas águas elevadas concentrações de contaminantes
- ocorre a intrusão salina

Nos países + desenvolvidos existem poucos rios poluídos, porque houve:


- redução das descargas de matéria orgânica
- utilização de detergentes sem fosfato
- melhoria no sistema de tratamento de águas residuais

A nível geral a quantidade de esgotos contaminados vai aumentar, porque a


maioria das águas residuais são descarregadas sem tratamento e a agricultura intensiva
continua, com a consequente utilização excessiva de fertilizantes, originando a eutrofização
das zonas costeiras e a contaminação de aquíferos, que podem também ser contaminados
pela intrusão salina resultante de exploração de águas subterrâneas ao longo da costa.

EFEITOS DE ESTUFA E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Causas do efeito de estufa


- queima de combustíveis fosseis
- agricultura
- desflorestação
- processos industriais
- depositação de resíduos em aterros sanitários

As mudanças climáticas globais provocam alterações no ciclo hidrológico,


exemplos:
- fusão das calotes polares
- elevação do nível dos oceanos e consequente submersão de zonas costeiras
- modificações dos padrões de precipitação, provocando inundações ou secas e
consequente perturbação dos ecossistemas

Protocolo de Quito
- Redução global das emissões dos gases (dióxido de carbono e metano) que contribuem
para o efeito de estufa

Mecanismos de Quito
- Comércio de emissões entre países industrializados
- A implementação conjunta entre países industrializados
- Cooperação entre países industrializados
- Desenvolviemtno para implementação de mecanismos de tecnologias limpas

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Limitações do Protocolo de Quito
- não incluir os países em desenvolvimento que para já estão sem obrigação de redução
ou limitação de crescimento de emissões e de não terem sido criados mecanismos de
punião para quem não cumprir o acordo.

O encontro em Buenos Aires


- Mecanismos de financiamento para apoiar os países em desenvolvimento
relativamente aos efeitos adversos das alterações climáticas
- Desenvolvimento e transferência de tecnologias para os países desenvolvidos
- Actividades implementadas conjuntamente
- Programa de trabalho dos mecanismos de quito, com prioridade no desenvolvimento
de mecanismos de tecnologias limpas

A estratégia eficiente para a minimização deste problema passa pela modificação da


quantidade e tipo de combustíveis fósseis.

3 Métodos para modificar a utilização de combustíveis fósseis


- substituição por um combustível fóssil com maior capacidade de retenção de calor e
com baixos teores de carbono e enxofre, reduzindo assim as emissões de gases que
contribuem para o efeito de estufa e para a acidificação = chuva ácida
- utilização de energias alternativas (eólica, solar, geotérmica)
- melhorias na eficiência/conservação de energia, levando a reduções significativas no
combustível gasto

Medidas minimizadoras dos impactos das alterações climáticas


a) desenvolvimento de culturas resistentes à secura
b) aumento da eficiência do uso da água
c) evitar a perda e/fragmentação de habitats
d) reflorestação

Causas da diminuição da concentração de ozono


- desflorestação
- aumento da queima de combustíveis fósseis
- libertação para a atmosfera de CFC’s (espumas, solventes, extintores, sistemas de
refrigeração de frigoríficos e aparelhos de ar condicionado)
Protocolo de Montreal
- redução em 50% na utilização de CFC’s até 1999

Biodiversidade – a diversidade de habitats e espécies existentes nos diferentes


ecossistemas.

Fenómenos naturais que levaram à destruição massiva de espécies


- fenómenos de natureza vulcânica, geofísica e tectónica e alterações climáticas

A agricultura foi o ponto de partida para a escalada da exploração dos recursos


naturais. Foi através de uma exploração mais intensiva dos solos que nos últimos séculos o
homem modificou ecossistemas naturais, incentivou a monocultura, aumento a uniformidade
genética da exploração agrícola, contaminou o meio com excesso de fertilizantes e pesticidas
orgânicos, desbravou e queimou florestas para conquistar solos para a prática da agricultura.

O excesso de actividades da industrial extractiva florestal, aliado à incidência de incêndios e


de chuvas ácidas, conduziu ao desaparecimento de inúmeras espécies florestais e de
todo o conjunto de organismos que sobre elas habitam. A excessiva exploração dos solos e as

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alterações de comportamentos hidrológicos, conduziram a desequilíbrios importantes que
em alguns ecossistemas demonstraram ser irreversíveis.

Desde a revolução industrial com a utilização do carvão e do petróleo e com a excessiva


exploração das riquezas do sub-solo, o homem tornou-se o principal agente nas alterações
ambientais, com o uso maciço da água, a sobre-exploração das riquezas dos sub-solo.

Causas para o desaparecimento de espécies


- destruição de habitats
- introdução de espécies exóticas – a introdução de uma espécie animal ou vegetal, num
determinado ecossistema pode ter resultados inesperados. Pode aclimatar-se ou
extinguir-se ou pode, por falta de predadores, multiplicar-se e alterar o equilíbrio
existente.
- Contaminação – contaminação de origem química tais como metais pesados,
fertilizantes ou pesticidas.
- exploração dos recursos
- rarefacção da camada do ozono e o aquecimento global
Exemplos
- caça furtiva
- colheita excessiva de plantas endémicas
- recolha de corais para utilização em peças de joalharia
- pesca de arrasto ou com recurso a explosivos
- destruição maciça de florestas tropicais

Biodiversidade aplicada
A biotecnologia e a engenharia genética podem contribuir para a criação de novos
organismos transgénicos, com capacidade até então inexistentes. Poder-se-á assim,
recorrendo a esta riqueza genética, aumentar a eficiência de medicamentos naturais,
descobrir novas substâncias terapêuticas, criar diferentes modos de controlo biológico de
pragas agrícolas, tirar partido do teor proteico de algumas plantas endémicas para obter
culturas mais ricas em proteína, inventar novos produtos de interesse industrial, mais
baratos e menos tóxicos, entre outros.

Protecção da Biodiversidade
Os países envolvidos se comprometeram a realizar um inventário sobre as espécies existentes
nos seus territórios. Sendo os países pobre a ter maior diversidade biológica passam a ter
direito a benefícios económicos pelo transacção dos seus recursos biológicos com terceiros.

Desertificação e desflorestação

Desflorestação - As áreas florestais foram diminuindo, os solos perdendo fertilidade, e o


homem teve que continuar a avançar floresta dentro procurando meios de subsistência.

Razões que levam aos países pobres a pactuar com a desflorestação:


- meio de sobrevivência – fome

Razões que levam os países a pactuarem com esta destruição


- busca de madeiras exóticas
- novos e variados destinos de oferta turística
- mão-de-obra barata para a produção agro-alimentar
- extracção de lenha e carvão

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Floresta e protecção ambiental
As florestas são os pulmões do planeta e sustento de uma imensa variedade biológica. Ao
absorverem grandes quantidades de CO2 contribuem para atenuar a importância das
emissões deste gás. A queima de extensas áreas de floresta, qualquer que seja a justificação
conduz a uma importante libertação de CO2 para a atmosfera. Deste modo, em vez de
absorver este gás, a floresta deixa de o poder utilizar, contribuindo também para aumentar a
quantidade que é libertada para a atmosfera. Assim, a floresta, torna-se mais um factor
contribuinte para o aumento do efeito de estufa e também do aquecimento global da terra.

Processo de desertificação
A queima da floresta deixa o solo desprotegido. O solo exposto às radiações solares, ao
aquecimento e à falta de protecção por uma camada de folhagem, sofre mineralização e
torna-se improdutivo. Como consequência é abandonado. Sofre erosão, e sob a influência dos
factores climáticos, lentamente transforma-se num deserto.

Floresta e biodiversidade
A desflorestação assume hoje proporções importantes para dar lugar a pastagens para
rebanhos de lemures, campos de arroz e milho. Os solos esgotados, pisoteados pelos animais,
são abandonados, deixados à mercê dos agentes climáticos, e onde antes existia vegetação
abundante, hoje encontra-se deserto.
O homem está a contribuir para a saelização ( processo regressivo em que os ecossistemas
tendem para situações de pré-deserto) e Desertificação de vastas áreas da terra, esquecendo
que as suas actuações a nível local se fazem sentir de forma global, à escala planetária.

Medidas futuras
Propor que os países do Norte, que têm climas temperados e solos de melhor qualidade,
produzam bens para vender aos países do sul a preços baixos.

Resíduos – qualquer substância ou objecto de que o detentor se desfaz ou tem intenção de


se desfazer.

Conferência do Rio - 1992


- Reduzir a produção de resíduos , assim como o consumo de produtos com
componentes tóxicos.
- Valorização dos resíduos apostando-se na sua prevenção, como a:
- Redução – reutilização – reciclagem
- legislar quanto à qualidade e quantidade de emissões autorizadas sancionando
indivíduos, empresas ou industrias que ultrapassem os limites dos quantitativos e
qualitativos de resíduos pré-estabelecidos

Resíduos Sólidos Urbanos


Aliado a um maior poder de compra verifica-se quase sempre, um crescimento no consumo.
Consumo não apenas de bens essenciais, mas também de bens supérfluos. A consequência
deste consumo verifica-se a nível económico, social e ambiental. Adquire-se inúmeros
produtos dos quais não se necessita, que se deita fora facilmente contribuindo para um
aumento crescente dos resíduos urbanos.

Compostagem
Processo de reciclagem dos resíduos que envolve a separação e conversão biológica dos
resíduos sólidos orgânicos, o produto final, o composto, pode ser utilizado posteriormente
como correctivo agrícola.

Resíduos Industriais
Distinguem-se dos resíduos domésticos/urbanos pela:
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- maior variação na sua composição
- maior quantidades produzidas
- grande variação do seu carácter tóxico

As industrias são responsáveis:


- pela produção de resíduos perigosos
- emissão de produtos tóxicos ocasionando contaminações de lençóis freáticos, águas
superficiais, solos, atmosfera e cadeias tróficas, seja pela emissão de gases tóxicos ou
pela deposição dos resíduos no solo e no subsolo conducentes á destruição de muitos
ecossistemas.

O Tratamento de resíduos perigosos pode ser feito através de dois tipos de


tratamentos
- físico-químicos - utilizado no tratamento de resíduos constituídos por metais pesados
e ácidos
- incineração – destina-se a materiais orgânicas não biodegradáveis

Medidas Futuras
Além de sancionar, legislar e aplicar taxas de tratamento é preciso educar, sensibilizar e
formar consciências.

Instrumento de Política de Ambiente


Comissão Mundial para o Ambiente e o Desenvolvimento – objectivos:
- reexaminar os problemas vitais do ambiente e do desenvolvimento e formular
propostas de acções inovadoras, concretas e realistas para tentar “remediá-los”.
- Reforçar a cooperação internacional nos domínios do ambiente e do desenvolvimento,
bem como educar e propor novas formas de cooperação, que possam surgir a partir
dos padrões existentes e influenciar as políticas e os acontecimentos no sentido da
mudança necessária
- Aumentar o nível de compreensão e de compromisso dos cidadãos, organizações
voluntárias, empresas, instituições e governos.

Relatório Bruntland - Desenvolvimento sustentável – desenvolvimento que satisfaz


as necessidades das gerações actuais, sem com isso comprometer a possibilidade das
gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. O desenvolvimento sustentável
envolve a integração das políticas sócio-económicas e ambientais.

O conceito de desenvolvimento sustentável implica certos limites – relativamente


aos recursos ambientais e à capacidade da biosfera absorver os efeitos das actividades
humanas

Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento


Teve como objectivos apresentar soluções para o problema da poluição, pobreza e do
desperdício de recursos.

Objectivos pré-definidos – elaboração de documentos


- Carta da Terra – respeito da terra e dos seus organismos vivos
- Convenções sobre:
o Alterações Climáticas – estabilização das concentrações de gases que
contribuem para o efeito estufa
o Biodiversidade – conservação das espécies
o Florestas – conservação das florestas naturais, restabelecidas ou plantadas, dos
povos colonos, nativos e indígenas, etc.

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Conferência do Rio de Janeiro – Agenda 21
O seu objectivo é preparar o mundo para os desafios do século XXI face aos actuais
problemas de ambiente e desenvolvimento

Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas – Cimeira Rio + 5


Criar um novo plano de acção capaz de, na viragem do século, suster o ritmo da degradação
das condições de vida no planeta e impulsionar os factores de mudança e de melhorias a
todos os níveis – mundial, nacional e local.

Estratégias para a implementação da Agenda 21


- Promoção de tecnologias limpas
- Aumento da eficiência através da transparência de tecnologias
- Mudanças estruturais nos padrões de produção e consumo

Acções do homem para melhorar as condições ambientais


- alterar os sistemas intensivos de produção de alimentos para sistemas sustentáveis,
que reduzam a degradação do solo e que preservem os recursos naturais (como a água,
biodiversidade) garantindo assim o seu uso pelas gerações futuras.
- Promover uma gestão integrada da água que balance os consumos da sociedade
humana com os dos ecossistemas e que salvaguarde o abastecimento de água ao longo
prazo através, por exemplo, da minimização do gasto de recursos fósseis de águas
subterrâneas e utilizando a água de uma forma mais eficiente
- Aumentar a eficiência na conversão, utilização e produção de energia assim como na
transição da utilização de combustíveis fósseis para energias alternativas
- Reduzir a utilização intensiva de materiais na produção e consumo, como por
exemplo, evitar o esgotamento dos recursos mantendo o consumo abaixo dos níveis
que requerem substituição a longo prazo, no caso dos recursos não renováveis ou
dentro da capacidade de regeneração, no caso dos recursos renováveis. Estas medidas
incluem a redução da produção de resíduos e de emissões de poluentes, que podem ser
efectuadas através da modificação de tecnologias, incentivo à reciclagem ou
substituição de produtos ou processos por outros menos poluentes.

Estas modificações só podem ser realizadas se as condições sócio-económicas e institucionais


se encontrarem tendo em vista a melhoria dos sistemas ambientais.

Instrumentos de política ambiental existentes:


Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) – antes da autorização de um projecto, os impactes
ambientais sejam satisfatoriamente avaliados e tidos em consideração.
Avaliação Ambiental Estratégica – visa a aplicação da AIA, planos e programas.
Legislação Ambiental – processo para regulamentar e proteger por lei o ambiente
Gestão Ambiental e Auditorias Ambientais – consiste na avaliação da qualidade ambiental de
uma empresa em todos os níveis da sua actividade, exemplos:
- consumo de matérias primas
- qualidade do ambiente de trabalho
- iniciativas para a promoção da qualidade do ambiente
- consumos energéticos
- produção de resíduos e emissão de efluentes
Análise do Ciclo de Vida de Produtos (ACV) – técnica de avaliação dos impactes ambientais
associados a um produto ou serviço.
Rótulos Ecológicos – processo de atribuição de rótulos ecológicos a equipamentos que são
submetidos a um licenciamento perante a análise do ciclo de vida do produto.
Acordos Voluntários – acordos com os Governos de cada país no sentido de motivar o tecido
industrial a considerar critérios de natureza ambiental nos seus processos produtivos.

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Tecnologias limpas – processo de implementação de tecnologias menos poluidoras nas
industrias que tenham em conta a prevenção da poluição e não a utilização de técnicas de
despoluição
Subsídios – procedimentos que tanto podem originar degradação ambiental como beneficiar
Taxas ambientais – processo que consiste na incorporação dos custos da poluição e outros
custos ambientais nos preços, ou seja um processo de correcção de preços e aplicação do
princípio do poluidor-pagador.
Comércio ambiental e implementação conjunta - instrumento económico que se baseia na
fixação total de uma quantidade de poluição permitida, sendo permitido o comércio de
emissões entre diferentes países desde que o balança final seja mantido.

IV – MIGRAÇÕES

Classificação das Migrações

- Internas
- Internacionais

Migrações internas
São movimentos definitivos ou sazonais das populações dentro de um país, território ou área
restrita.

Classificação das migrações internas


Definitivas – êxodo rural – saída do campo para a cidade
Sazonais – constituídas por grupos organizados de pessoas em resposta a ofertas de
emprego foram das suas regiões habituais de residência durante determinado período do
ano. – ex. actividades agrícolas como as vindimas ou ceifas ou ligadas ao turismo ou
indústrial hoteleira.

Causas das migrações internas – exemplos


Ordem económica – questões de natureza laboral
Ordem não económica:
- ecológicas – infertilidade das terras, escassez de água potável, maior rigor do clima;
- sociais – conflitos, dificuldades de comunicação, inexistência de infra-estruturas,
como centros de saúde, escolas, universidades)

Consequências das migrações internas


A principal consequência das migrações internas é a crescente urbanização que trará
problemas sérios a vários níveis:
- nível demográfico – desertificação do interior e zonas rurais que contribui para o
envelhecimento destas regiões e ao aumento da densidade populacional nas áreas
urbanas dando origem a mega cidades (Nova Iorque, Tóquio, Londres)
- nível familiar – o abandono de mulheres, crianças e idosos, enquanto os homens
vão para as cidades;
- nível social – desemprego ou subdesemprego, baixos salários, bairros com precárias
condições de vida, tensões sociais e pressão sobre os sistemas de prestação de serviços.

Migrações internacionais
Por migrações internacionais entendem-se os movimentos populacionais que ocorrem entre
países.

Emigrante – o individuo que sai do seu país para ir trabalhar para outro país.

Migrações internacionais – Alguns factores


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- natureza das motivações
o migrações políticas – guerras, revoluções, perseguições étnicas ou
religiosas)
o migrações económicas – desemprego, baixos salários, más condições de
vida)
- distância percorrida
o grandes distâncias – migrações longíquas ou transoceânicas
o curtas distâncias
- duração de permanência
o definitiva – geralmente é o caso das migrações transoceânicas
o temporária – migrações sazonais, anuais ou plurianuais, contratos de
temporada (ex. construção civil, agricultura)
- duração do fluxo – que está relacionado com a conjuntura económica e/ou decisões
políticas dos países de origem e de destino.
- A estrutura familiar dos grupos emigrantes – tenderá a reflectir-se nos
respectivos comportamentos, consoante a emigração seja de curta ou longa distância
(ex. a emigração é menos problemática para os solteiros e isolados)
- As qualificações dos emigrantes – por regra, quanto mais elevadas forem mais
facilitarão a sua entrada e integração sócio-profissional nos países de destino.
- Proximidade cultural entre os migrantes e a população anfitriã – língua,
etnia, cultura – quanto maior for essa proximidade maiores as facilidades de
integração e maior preferência terão os migrantes nas políticas de imigração.

Causas das migrações internacionais


- Ordem económica – questões de natureza laboral (desemprego, baixos salários,
redes de transporte e comunicações desenvolvidas)
- Ordem não económica
o Políticas – guerras, revoluções, perseguições
o Demográficas – maior densidade populacional
o Sociais – falta de infraestruturas sociais, escolas, hospitais
o Religiosas/culturais – proibição de professar outros cultos, existência de
certas práticas rituais como, mutilação genital feminina)
o Familiar – reagrupamento familiar
o Pessoal – realização profissional, gosto de viver no estrangeiro

Consequências das migrações internacionais


As desigualdades económicas, cada vez maiores, entre os países mais desenvolvidos e os
países menos desenvolvidos, e as pressões políticas, ecológicas e demográficas, levarão a que
um número cada vez maior de indivíduos procure outros países. Como consequência,
verifica-se um maior afluxo migratório, de individuos dos países menos desenvolvidos para
os mais desenvolvidos, que poderão trazer consequências tanto positivas como negativas não
só para os países de origem dos migrantes como também para os países de destino.

Consequências para o país de destino


- Ordem económica – acréscimo da população activa e o aumento da população
menos qualificada (para realizar tarefas que os naturais não queiram realizar)
- Ordem demográfica – o rejuvenescimento das suas populações (geralmente com
tendência para o envelhecimento populacional) e o aumento do número de efectivos.
- Ordem sócio-política – o surgimento de sentimos de xenofobia e racismo por parte
das populações anfitriãs que poderão levar a que os governos adoptem medidas
restritivas de migrantes, particularmente os oriundos de certas áreas culturais ou
geográficas.

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Consequências para o país de origem
- ordem económica – contribuição financeira dos seus emigrantes através do envio
de remessas, redução da população activa qualificada (cuja integração no país de
destino é tendencialmente mais fácil)
- ordem demográfica – envelhecimento das suas populações dado que a tendência é
para que emigrem mais os jovens do que os mais velhos.
- Ordem social – abandono de mulheres e crianças, contacto com outras culturas e
tradições que puderam levar à extinção de determinadas práticas tradicionais ou à
adopção de práticas novas como ex. técnicas de planeamento familiar

Tendências das migrações internacionais para os próximos 20 anos


- globalização das migrações
- crescimento das migrações
- indeferenciação das migrações
- feminização das migrações

Processo migratório internacional – o modelo das 4 fases – ver quadro


- Estada temporária
- Prolongamento da estada
- Maior consciência de fixação permanente
- Fixação torna-se permanente

V – GLOBALIZAÇÃO ECONÓMICA

Investimento externo directo – todo o fluxo de capital estrangeiro destinado a uma


empresa - residente - sobre o qual o estrangeiro – não residente – exerce controlo sobre a
tomada de decisão.

Globalização – interacção de 3 processos distintos que têm ocorrido ao longo dos anos e
afectam as dimensões financeira, produtiva, comercial e tecnológica das relações económicas
internacional. Esses processos são:
a) a expansão dos fluxos internacionais de bens, serviços e capitais
- Ocorre através do comércio internacional
- Investimento externo directo – um agente económico estrangeiro actual na economia
nacional por meio de subsidiárias ou filiais
- Relações contratuais – permite que agentes económicos nacionais produzam bem ou
serviços que têm origem no resto do mundo
b) a concorrência desenfreada nos mercados internacionais – esses investidores
podem actuar por meio de instituições financeiras internacionais ou, então,
directamente nos mercado nos quais têm interesse
c) a maior integração entre sistemas económicos nacionais

Determinantes da globalização
- Tecnológicos – revolução da informática e das telecomunicações – resultado foi
uma redução dos custos operacionais e de transação.
- Institucionais – A liberdade de escolha, diante de opções políticas e ideológicas
mais liberalizantes, parece ter desempenhado um papel coadjuvante no processo de
liberalização, tendo em vista a força avassaladora e a gravidade da realidade
económica, bem como a própria fragilidade e a incapacidade das elites nacionais de
definirem projectos alternativos de ajuste e desenvolvimento. O resultado foi uma
mudança do orientação na estratégia de diversificação dos recurso, no sentido de uma
maior dispersão geográfica.

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- Sistémica e estrutural – a questão central refere-se ao menor potencial de
crescimento dos mercados domésticos dos países desenvolvidos, ricos em capital, isto
é, trata-se do problema clássico de realização do capital. Como resultado, há um
deslocamento de recursos da esfera produtiva para a esfera financeira e, portanto, um
efeito de expansão dos mercados de capitais domésticos e internacional.

As economias capitalistas desenvolvidas defrontam-se com quatro respostas básicas para sair
da crise de acumulação
1ª Saída Keynesiana
2ª Saída Schumpeteriana
3ª Saída centra-se na distribuição do produto e riqueza
4ª Saída encontra-se no mercado externo

O processo de globalização por meio da abertura e exploração dos mercados externos – tem
permitido uma recuperação das taxas de lucro.
Esta estratégia surge como reacção à insuficiência de procura interna nos países capitalistas
desenvolvidos, sendo activamente promovido por governos e empresas transnacionais.
Portanto, a insuficiência da procura colectiva nos países desenvolvidos constitui-se no mais
importante e determinante fenómeno da globalização económica deste final de século.

Capital estrangeiro e poder


Há 3 diferentes formas de exercício de poder:
- Coacção – existe quando o consentimento é baseado na privação física ou a ameaça
de privação física
- Autoridade – refere-se ao consentimento legitimado
- Influência – consentimento não-legitimado e não coercivo

Fontes ou elementos de poder da Empresas de Capital Estrangeiro (ECE)


- Externas – são derivadas de elementos fora do controlo dos países receptores do IDE
(investimento externo directo)
- Internas – podem ser colocadas sob o controlo dos governos dos países receptores
Por vezes é difícil definir um elemento da base do poder das ECE como externo ou interno.
Esses elementos nem sempre são independentes uns dos outros, já que a própria existência
de um elemento externo pode criar condições para o aparecimento de um elemento interno.

Fontes internas do poder – ex.


- a estrutura do mercado interno
- controlo de associações patronais
- liderança de mercado
- efeito fiscal
- influência do nacionalismo
- controlo e uso dos meios de comunicação

Fontes externas do poder – ex.


- importância segundo a origem
- dinâmica da inovação tecnológica
- assimetria da informação
- grau de integração do sistema matriz-filiais
- capacidade de mobilização de recursos à escala global

Os consumidores e a globalização
Num tempo em que as campanhas eleitorais se mudam dos comícios para a televisão, das
polémicas doutrinárias para o confronto de imagens e da persuasão ideológica para as

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pesquisas de marketing. Embora ainda nos interpelem como cidadãos é mais fácil e coerente
sentirmo-nos convocados como consumidores.

O novo cenário sociocultural perante a globalização


As mudanças socioculturais que estão a ocorrer em todos estes campos podem ser
sintetizadas em cinco processos:
1º perda de peso dos orgãos locais e nacionais em benefício dos conglomerados empresarias
de alcance transnacional;
2º do bairro aos condomínios, das interacções próximas à disseminação policêntrica da
mancha urbana, sobretudo nas grandes cidades, onde as actividades básicas (trabalhar,
estudar, consumir) têm lugar, frequentemente, longe do lugar de residência e onde o tempo
empregue para se deslocar por lugares desconhecidos da cidade reduz o tempo disponível
para habitar a própria.
3º a reelaboração do “próprio e do nosso” devido ao predomínio dos bens e mensagens
provenientes de uma economia e uma cultura globalizadas sobre aqueles gerados na cidade e
na nação a que se pertence;
4º a consequente redefinição do lugar de pertença e identidade, organizado cada vez menos
por lealdade locais ou nacionais e mais pela participação em comunidades transnacionais ou
desterritorializadas de consumidores;
5º a passagem do cidadão como representante de uma opinião pública ao cidadão interessado
em desfrutar de uma certa qualidade de vida.

Ler Glossário

VI – SAÚDE, DOENÇA E SOCIEDADE

Definição
Saúde é o bem estar físico, psíquico e social do indivíduo.

Modelos diversos de saúde


- Expansivo – acentua o aspecto curativo das ciências da saúde partindo da ideia que o
equilíbrio no indivíduo saudável se pode romper quando adoece.
- Preventivo – o importante é evitar que o individuo adoeça.
- Promoção da saúde – a promoção da saúde abrange as atitudes, comportamentos e
estilos de vida que se traduzem no bem estar físico, psíquico e social do indivíduo,
contribuindo para evitar a doença ou outra condição que ponha em risco a vida do
indivíduo.

Os indicadores de saúde mais utilizados são:


- o nº de médicos e enfermeiros por 100.000 habitantes
- a taxa de mortalidade geral
- a taxa de mortalidade infantil
- a esperança média de vida

O nível de saúde é maior nos países industrializados do que nos países em vias de
desenvolvimento, onde as condições de vida e a presença ainda de doenças como o sarampo,
a malária, ou a tuberculose são responsáveis por elevadas taxas de mortalidade geral e
específica.
Os países desenvolvidos viram surgir porém o aumento de outras doenças como as doenças
cardiovasculares e vários tipos de cancro.

6.2 – Assimetrias no campo da saúde


6.2.1 – Países desenvolvidos e países menos desenvolvidos

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é nos países menos desenvolvidos que se encontra também uma maior percentagem de
doenças infecciosas.
A nível mundial de entre as doenças infecciosas com maior responsabilidade nas causas de
morte destacam-se por ordem decrescente:
- doenças respiratórias agudas (pneumonia e gripe)
- sida
- doenças diarreicas
- tuberculose pulmonar
- malária
- sarampo
A nível geral as principais causas de morte a nível decrescente são as doenças:
- cardiovasculares
- doenças infecciosas
- vários tipos de cancro
- os acidentes
- as doenças respiratórias
- e o tubo digestivo

Em Portugal as doenças do aparelho circulatório, os tumores malignos e as doenças do


aparelho respiratório são as principais causas de morte.

6.2.2 – Sexo e classe social


Sexo
Nota-se o aumento da esperança de vida das mulheres em relação ao homem.

Causas:
- Genéticas
- Hormonais
- Estilos de vida

Classe Social
Tem-se notado diferenças devido não só aos menores recursos económicos nas classes mais
baixas, mas também a um menos conhecimento nessas classes sobre como utilizar os serviços
de saúde e como se proteger das doenças mais comuns.
Se tomarmos em conta as habilitações sociais nota-se que os estados de saúde mais negativos
são mais frequentes nos grupos com menores habilitações literárias.

6.3 – O problema da SIDA


A SIDA é uma das principais causas de morte, no campo das doenças infecciosas.

6.4 – Perturbações mentais


Fobias, depressão, dependência do álcool e das drogas, as perturbações obsessivo-
compulsivas, esquizofrenia e as psicoses afectivas.
A tendência actual é para evitar internamentos prolongados de doentes mentais, por forma a
evitar o afastamento do doente do seu meio habitual e a facilitar a sua reabilitação e inserção
social.

VII – A EDUCAÇÃO COMO PROBLEMA SOCIAL

Resultante da forma conjugada do aumento da esperança média de vida das populações e da


redução drástica do ciclo de vida do Conhecimento, a formação inicial perdeu peso relativo,
circunscrevendo-se à aprendizagem básica de conhecimentos, técnicas e atitudes,
susceptíveis de virem alicerçar a aprendizagem ao longo do resto do ciclo de vida. Em

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contrapartida regista-se o alargamento da formação contínua, à medida em que se vai
tomando consciência da degradibilidade do saber e do seu ciclo de vida cada vez mais curto.

Desde modo a educação no mundo contemporâneo assume-se como um processo de


acompanha o ciclo da vida humano. (ver quadro)

Este processo resulta de 3 macrotendências da sociedade contemporânea:


- Tendência para a aceleração da mudança – estratégias educativas – adaptação
ao choque cultural e condução do processo de mudança
- Tendência para as assimetrias sociais – estratégias educativas – educação para
o desenvolvimento e educação para a solidariedade
- Tendência para a alteração dos sistemas de poder – estratégias educativas –
educação para a autonomia e educação para a democracia

Efeitos da mudança na educação – 1ª Macrotendência


Existe um desajustamento entre a evolução da sociedade de informação e o sistema educativo
contemporâneo.
Sinais desse desajustamento:
- conclusão do curso com menos conhecimento
- aumento de analfabetos funcionais
- aumento da taxa de absentismo e de abandono
- informatização das empresas - o sistema educativo não conseguiu responder ao
mesmo ritmo, correndo-se sérios riscos de estar a criar uma geração de analfabetos
informáticos.

Aprender a adaptar-se à mudança


- Aprender estratégias adaptativas
- Compressão do tempo – adaptação de novos ritmos de vida e decisões mais rápidas
- Aprender a dominar o medo do desconhecido
- Assumir o estatuto de imigrante no tempo – interiorizando que o novo, o diverso e o
transitório não são maus para si.

Nesse sentido torna-se importante:


- adaptar-se a novos instrumentos e a novos processos de trabalho para que deles possa
extrair um desempenho qualificado
- a ser um consumidor crítico
- a adaptar-se rapidamente a novos lugares e ambientes

Ligado a este conjunto de aprendizagens é cada x + imperativo que se ganhem novas


competências comunicacionais.
Quanto à relação com o saber, é necessário aprender e reaprender. O fenómeno da
planetarização torna urgente o investimento na aprendizagem sobre a unidade e sobre a
diversidade da espécie humana, combatendo toda a espécie de etnocentrismo.

Aprender a gerir a mudança


- tirar partido dos recursos e sistemas energéticos
- utilizar as novas tecnologias
- produzir, distribuir e consumir bens e serviços, tendo em vista a melhoria das
condições de vida
- lidar com a diversidade de modelos de organização social (familia, escola, empresa)
- orientar e controlar a sua vida de forma autónoma
- utilizar de maneira ética e crítica os media
- aprender novas formas de se relacionar com o tempo e com as culturas vigentes em
presença

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Processos de socialização – 3 diferentes sentidos por vezes conflituais (Margaret Mead)
- Socialização tipo tradicional - das gerações mais velhas para as mais novas
- Socialização semelhante à que os grupos de migrantes sofrem, em que várias gerações
em presença sofrem uma resocialização em simultâneo, fruto do contacto com as
sociedades de acolhimento
- Socialização de sentido inverso, das gerações mais novas para as mais velhas

A autora atribui este fenómeno à principal causa do conflito de gerações. Remetendo para o
alargamento das necessidades educativas a todas as gerações, o que tem vindo a criar uma
sobrecarga de exigências aos sistemas educativos contemporâneos.

A educação e as assimetrias sociais – 2ª Macrotendência


Educar para o desenvolvimento
- tirar partido do meio ambiente e dos seus recursos
- evitar mortes desnecessárias e prolongar a vida com qualidade
- pôr a render as potencialidades humanas de produção, distribuição e consumo de bens
escassos no quadro da cidadania económica
Educar para a solidariedade
- Nível familiar – entre sexos e gerações
- Nível sistémico – organizações, regiões, países e comunidade internacional
- Questões ambientais

A Educação e a alteração dos sistemas de Poder – 3ª Macrotendência


Duas circunstâncias para esta alteração do sistema de poder:
1ª - o avanço das novas tecnologias de informação e comunicação e o desenvolvimento da
sociedade de informação fizeram com que a principal fonte de poder deixasse de ser a
riqueza e passasse a ser o conhecimento
2ª - devido ao processo de planetarização e de localização observou-se um aumento dos
protagonistas políticos e uma diversidade das suas relações.

Estas duas alterações traduzem-se em termos mundiais em 3 macrotendências políticas:


- Participação crescente dos cidadãos
- Fim do socialismo de economia centralizada
- Privatização do Estado-Providência

Novas aprendizagem por parte dos cidadãos para poderem tirar partido dos novos sistemas
de poder:
- Aprender a planear
- Aprender a decidir sozinho e em grupo
(Em suma aprender a ser autónomo, sem se insularizar no individualismo)
- aprender democracia, quer como meta a alcançar quer como método a desenvolver
dia-a-dia

Três níveis de análise


Índice de desenvolvimento humano (IDH) – 4 indicadores
- Esperança média de Vida à nascença
- Taxa de alfabetização de adultos
- Duração média da escolaridade da população maior que 25 anos
- Rendimento per capita corrigido

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Dimensões do desenvolvimento humano através de 3 níveis:
- Perspectiva macro-sociológica – a questão da educação deve ser concebida como
um problema económico e político, tanto pela amplitude das necessidades e dos
recursos envolvidos como pelos efeitos glogais do seu funcionamento.
- Numa óptica meso-sociológica – é indispensável entendê-la como um problema
organizacional uma vez que a organização dos recursos tem efeitos imeditados na
eficácia e na eficiência do processo educativo
- Numa aproximação micro-sociológica – interessa equacioná-la como um
problema psico-social, dado o processo educativo resultar fundamentalmente de
relações inter-pessoais, estabelecidas entre os diversos protagonistas envolvidos no
processo.

A Educação como problema económico e político


O ensino como indústria.

Os factores de produção
Os principais factores de produção são:
- Recursos humanos entre os quais se encontram os aprendentes (alunos,
formandos), os ensinantes (professores e formadores) e os outros protagonistas do
processo educativo
- Recursos materiais que englobam verbas, instalações, equipamentos e materiais de
ensino, bem como bens e serviços diversos (água, electricidade)
- Recursos ambientais que integram as infraestruturas de comunicações e
telecomunicações, o ambiente social, económico e político.

Quanto aos aprendentes, nos últimos anos o seu número e diversidade aumentaram, devido a
diversos factores:
- Crescente consciência da importância que tem a melhoria do nível de educação
de um povo para o seu desenvolviemnto económico e social
- Aumento da população infantil e juvenil em termos absolutos nos países menos
desenvolvidos
- Aumento das necessidades de formação contínua da população adulta
criando um enorme contingente adicional de aprendentes.

Para fazer face à pressão da procura educativa muitos sistemas educativos têm-se
confrontado com um duplo problema político: os recursos são escassos e são desviados para
fins militares e para além de escassos o investimento em educação tem sido globalmente
assimétrico, em detrimento dos países mais pobres. A indústria do ensino está claramente a
falhar em recursos materiais e tal carência é mais grave nos países que apresentam baixos
índices de desenvolvimento humano (IDH). Ligado a isto está a carência de ensinantes e do
seu custo crescente.
Perante está situação têm-se vindo a desenvolver programas alternativos ou metodologias
complementares de ensino.

Os produtos
Produtos = Qualidade das qualificações

Qualidade das qualificações = nº médio de anos de escolaridade da população adulta+nº de


diplomados por 1000 habitantes

Conclusão da Qualidade das qualificações


- A qualidade é ainda insuficiente
- O fosso de qualidade é ainda muito alto
- O segmento feminino é discriminado

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Número de pessoas qualificadas
- melhoria global da alfabetização mas a um ritmo demasiado lento para as
necessidades
- o fosso entre países ricos e pobres está a reduzir-se
- países mais carecidos apresentam índices piores de taxa de alfabetização
- o segmento feminino encontra-se em piores condições.

Cobertura dos diversos níveis de ensino


- aumento da taxa de cobertura do ensino primário
o taxas de cobertura diminuem com o nível de ensino
o o ritmo de mudança no secundário e superior foi lento
- as taxas de cobertura aumentem com o rendimento
- o fosso entre países ricos e pobres reduziu-se quer na cobertura do ensino primário
quer no secundário. No superior o fosso é enorme.

Em suma, existe uma crise global, resultante de uma insuficiente oferta de ensino perante
uma crescente pressão da procura:
- as necessidades do mercado aumentaram
- os recursos materiais, humanos e ambientais são insuficientes
- a falta de recursos é mais grave nos países menos desenvolvidos
- as assimetrias observadas reflectem-se nos produtos, na qualidade, quantidade e são
agravadas pela condição feminina e pelo nível de desenvolvimento.

Pode-se afirmar que a educação é um problema sócio-político por excelência, uma vez que a
adequação dos recursos às necessidades educativas tem efeitos evidentes na sociedade global,
quer em termos de coesão e de locomoção.

A educação como problema organizacional


Eficácia do processo educativo – convergência entre objectivos (resultados) previstos e
alcançados.
Eficiência do processo educativo – relaciona os objectivos alcançados com os recursos
afectados para os atingir.
Muitas fezes a ineficiência compromete a sustentabilidade da eficácia.

Gestão da dinâmica externa


- relação da escola com a estrutura de tutela, criação de regas de comunicação e
relacionamento com qualidade e com rapidez
- relação da escola com a comunidade envolvente, o mesmo tipo de cuidados, tanto na
definição dos papéis, como na manutenção de uma rede de comunicações.

Gestão da dinâmica interna


- circuitos – devem ser bem definidos e garantir a participação de quem deve tomar
parte do processo
- estrutura formal – os diversos orgãos da escola devem evitar situações de
competição e de conflito
- estrutura informal – a gestão da escola deve estar atenta aos grupos de pares e aos
líderes informais, procurando tirar partido do seu potencial em favor do projecto
educativo
- rede comunicacional – deve funcionar adequadamente, tanto na vertical como na
horizontal
- cultura – valores, padrões de actuação, deve ser sedimentada uma cultura orientada
para os grandes objectivos educativos (mudança, desenvolvimento, solidariedade)
através de uma liderança adequada.

25
É necessário que para isto funcionar os seus decisores tenham formação específica. Tão
formação deve dotá-los de competências técnicas para saber – planear, organizar e
controlar – mas também treinar a sua inteligência emocional de modo a poder
desempenhar as funções de liderança organizacional – motivação, comunicação e
desenvolvimento dos recursos humanos.

A educação como problema psicossocial – Tendência Micro-Sociológica


Em qualquer acto educativo formal estão presentes 3 subsistemas que o condicionam o
desempenho do:
- aprendente
- ensinante
- sistema de comunicação educacional

Condicionadores do aprendente
- Factores exógenos – meio social donde provém o aluno, e o sistema de recursos que ele
dispõe, fora do meio familiar, para poder gerir o seu processo de aprendizagem.
- meio social – situação sócio-económica da familia, o seu grau de instrução, a língua
materna e a etnia.
- Sistema de recursos do meio – locais de estudos, de bibliotecas, de cantinas, podem
compensar ou agravar as dificuldades do meio familiar
- Factores endógenos – aqueles que o aprendente encontra em si para gerir com êxito o
processo de aprendizagem, como a sua ambição pessoal, a capacidade de se auto-motivar.

Condicionadores do ensinante
- Factores exógenos – a coerência curricular, os recursos disponíveis na escola e na
comunidade envolvente
- Factores endógenos – a competência e a inteligência emocional

Condicionadores da comunicação educacional


- Materiais educativos de qualidade – suporte escrito, audiovisual e informático
- Espaços específicos – laboratórios, bibliotecas, ginásios e espaços polivalentes
- Estratégias activas para melhorar a comunicação educacional – como
programas de educação intercultural, formação e dotação de meios para fazer face aos
alunos com necessidades educativas especiais.

Algumas políticas relevantes


Ver quadros

VIII – PROBLEMAS DE ORIGEM IDEOLÓGICA

RACISMO
Teorias da Raça – dividiam a espécie humana em categorias biológicas distintas e atribuíam a
cada uma delas uma posição específica numa hierarquia de capacidades culturais e de
estádios de civilização. Esta diferenciação entre “raças superiores” e “raças inferiores” e a
legitimação da supremacia das primeiras face a estas designa-se por racialismo.

DETRIMINISMO BIOLÓGICO
3 teorias para a legitimação do racismo
- Gobineau – alertava para a degenerescência das “raças” como resultado da mistura
entre si.

26
- Spencer – darwinismo social – defende a rejeição dos elementos mais fracos e menos
adaptados da sociedade em prol da sobrevivência e evolução desta (evolução das
espécies de Darwin)
- Francis Galton – o eugenismo – teoria que defendia a melhoria da espécie humana
através de um processo de selecção semelhante àquele que se utiliza no reino animal

EVOLUÇÃO DO RACISMO NO SÉCULO XX


Novo racismo – a classificação das populações em “raças” foi substituída pela definição de
“grupos étnicos ou culturais”

Racismo institucional
- Ausência de políticas ou acções que promovam a melhoria da situação de grupos
étnicos

Acto Único Europeu – exemplo de racismo institucional – o direito da livre circulação entre
as fronteiras da UE para os nacionais era excluída para os não-nacionais

Os factores da desigualdade e da diferença


O racismo encerra 3 componentes
- naturalização
- percepção do outro como ameaça
- apelo a medidas de protecção, discriminação ou segregação
nem sempre a discriminação de outrém é uma expressão de racismo, mas tão só se
incorporar estas 3 componentes.
Por outro lado, o racismo combina dois princípios de exclusão:
- desigualdade
- diferença

Teorias
Taguieff – Desigualdade está relacionada com a naturalização e sua inferiorização
Diferença está ligada à ideia de preservação da especificidade de cada cultura
Wieviorka – Desigualdade está ligado à dominação colonial – o racismo existe se a
consciência da inferioridade dos povos colonizados for acompanhada pelo
medo de invasão ou de perda da identidade do colonizador.
Diferença cultural só produz racismo se a cultura minoritária for entendida
como ameaçadora pela cultura dominante

O racismo com doença da modernidade


A perda das especificidades devido à consciência universal e à globalização faz nascer o
racismo.

Novo racismo
- relação de causa-efeito entre a pertença a grupos culturais minoritários e um estatuto
sócio-económico desfavorecidos, associação que frequentemente empurra largas
camadas da população imigrante para situações de exclusão social e económica.
- O medo da descaracterização da cultura e identidade nacionais, aliado ao aumento do
desemprego, leva ao racismo.

XENOFOBIA E FUNDAMENTALISMOS
Xenofobia – traduz a rejeição de outrém em relação aos traços físicos, cultura, pertença
nacional ou em outros aspectos. Em suma significa medo do estrangeiro.

A conjugação destas duas características - rejeição daquele que identificamos como diferente
e medo face a ele – leva ao fundamentalismo
27
Fundamentalismo – reporta à crença e à defesa de um conjunto de princípios religiosos que
são entendidos como verdades fundamentais.

Sexismo
Define-se por preconceitos, estereótipos e discriminações baseado no sexo da pessoa.

A análise das desigualdades e da discriminação das mulheres face aos homens gira em torno
de 3 temas – natureza, família, trabalho

As questões da natureza feminina


- diferenças físicas de personalidade que opõem a feminidade da masculinidade

Estão associados à feminidade traços como a emotividade, a intuição e a submissão


Enquanto que à masculinidade se associa a racionalidade, a lógica e a dominação

A família como fonte de desigualdades


Segundo estas teses a origem da discriminação da mulher reside na organização das
sociedades patriarcais, assentes na lei paternal e sendo a família a sua célula-base. A lei
concede ao homem o poder sobre a mulher e os filhos como sendo propriedade deste. Esta
hierarquia de poder dentro da família leva à divisão do trabalho que responsabiliza a mulher
pelo espaço do lar, nas tarefas ligadas à reprodução e à produção de riqueza mas apenas no
espaço privado.

As desigualdades na esfera do trabalho


A revolução industrial criou postos de trabalho feminino retirando à exclusividade da mulher
o lar, pondo em causa situações incompatíveis de lar/trabalho, maternidade/salário,
feminidade/produtividade. Mas o salário da mulher era visto apenas como um complemento
do orçamento familiar, visto que devido à sua qualidade de mulher era obrigada a
interromper a sua actividade produtiva devido à maternidade, tendo por conseguinte salário
mais baixo.

O novo rosto das desigualdades no século XX


2 exemplos extremos de discriminação
- a política do regime fascista italiano comandado por Mussolini – à mulher era exigido
que procriasse e educasse os filhos da pátria.
- política sexual nacional-socialista da Alemanha de Hitler – procura da “pureza da
raça” implementou políticas antinatalistas baseada na esterilização sistemática de
pessoas consideradas não válidas.

Os efeitos da democratização
Após a 2ª guerra assiste-se a uma maior democratização do mercado de trabalho, do acesso à
educação e uma democratização das relações sociais (apenas aparente porque o sistema
sócio-económico ao mesmo tempo que democratiza, vem acentuando desigualdades)

No campo da Educação
- apesar do acesso maciço das raparigas à escola, rapazes e raparigas continuam a ser
orientados para carreiras específicas, reproduzindo a divisão sexual do trabalho.
No campo de trabalho
- novas formas de trabalho que têm vindo a acentuar as desigualdades entre os sexos.
o O trabalho parcial – é um trabalho feminino, conservando a diferença salarial
entre os sexos bem como a divisão das tarefas domésticas
o O trabalho domiciliário – resultou do aumento da população feminina activa,
mas sempre numa situação de grande precariedade e em tarefas vistas como
“naturalmente” femininas.
28
o O trabalho temporário e os contratos a prazo – têm afectado principalmente
as mulheres e os jovens.

As análises feministas e o conceito de género


Conceito de sexo – ilustra as diferenças físicas entre homens e mulheres
Conceito de género – analisa as razões históricas, culturais, económicas e sociais que num
determinado momento e espaço moldam as relações entre as pessoas.

ATENTADOS AOS DIREITOS HUMANOS


A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) assenta no repúdio da violência e dos
conflitos entre os povos e na defesa de um diplomacia internacional que assegure a
manutenção da paz e evite a eclosão de actos de barbárie. Por oposição às discriminações e à
exploração de vários povos por outros, a Declaração realça a unidade da espécie humana.

A ONU e a nova ordem mundial


A DUDH surge pela iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas-1945) enquanto que
a ONU tem como princípio a busca e a manutenção da paz mundial, a Declaração torna clara
que este objectivo só é alcançado mediante o respeito dos direitos humanos.

Objectivos da ONU
- manutenção da paz internacional
- o desenvolvimento de relações amigáveis entre as nações
- a realização de cooperação internacional na solução de problemas internacionais

A evolução dos Direitos Humanos


1ª Geração dos Direitos Humanos – Proclamação Jurídica
2ª Geração – Socialização
3ª Geração – Internacionalização e direitos de solidariedade

5 aspectos da importância da Declaração Universal dos Direitos


1º - restaurou e consolidou um processo de desenvolvimento legal
2º alargou e tornou mais consistente os conceitos de liberdade e de igualdade
3º expandiu o conteúdo dos direitos humanos
4º instituiu que os direitos são universais
5º tornou os direitos humanos uma questão fundamental na lei e nas relações internacionais

O desrespeito pelos Direitos Humanos


Tem assumido várias formas ao longo destes décadas.
Os fenómenos de racismo, xenofobia, fundamentalismo e sexismo, são manifestações desse
desrespeito. Por outro lado, a persistência e a extensão da pobreza e da fome em numerosas
regiões do mundo, quer devido a guerras quer como resultado directo do
subdesenvolvimento constitui um dos mais graves exemplos de não cumprimento dos
direitos humanos. O princípio da auto-determinação dos povos tem sido permanentemente
desrespeitado.

A tendência actual para o reforço dos Direitos Humanos


Criação de novos documentos legais, em complementaridade com a Declaração Universal e a
tendência da celebração de acordos regionais.
As Organizações Não Governamentais tem exercido grande pressão para que os direitos
humanos não sejam esquecidos.

29
IX – O SUÍCIDIO UM PROBLEMA SOCIAL CONTEMPORÂNEO

O suicídio ou a tentativa de suicídio constituem sempre actos de solidão, angústia, chamada


de atenção, a ponta de um iceberg cuja base radica no desconforto da vida quotidiana e/ou
em traços depressivos.

O suicídio em Durkheim
Fenómeno de patologia social.
No modelo sociológico o suicídio é um acto individual, particular, previsível mas cuja
natureza é eminentemente social.
Os católicos se suicidavam menos que os protestantes e estes mais que os judeus e os casados
menos que os celibatários, divorciados ou viúvos.
Também certas épocas do ano pareciam favorecer o suicídio observando-se uma crista na
primavera e princípios de verão.

Para Durkheim há duas ordem de factores que podem explicar o suicídio:


Extra-sociais e Sociais
- Estados psicóticos - identificando quatro tipos de suicídios vesâmicos:
o maníaco, melancólico, obsessivo, impulsivo ou automático
- Efeitos de raça e hereditariedade
- Factores cósmicos – atribui uma influência na taxa de suicídios ao clima e à
temperatura sazonal (porque a vida social é mais intensa)
- imitação

Existem 3 tipos de suicídio


1 – Egoísta – motivado pelo excessivo isolamento do indivíduo face à sociedade, à família e à
religião.
2 – Altruísta – quando a existência do indivíduo vale pouca coisa face à colectividade.
- Exemplos
o Suicídio de homens chegados à velhice ou atacados pela doença
o Suicídio de mulheres quando o marido morre (Índia)
o Suicídio de subalternos ou de servos quando os chefes morrem
3 – Anómico – que ocorre por ocasião das grandes transformações e em que dificuldade de
integração: crises de escassez ou de mudança mesmo para melhor, traduzindo-se num
relaxamento de laços sociais.

Causas do suicídio
O suicídio tem vindo a aumentar de forma muito acentuada em todos os países atingindo
camadas cada vez mais jovens: adolescentes e crianças.
O suicídio é muito raro durante a infância, atingindo o seu apogeu com a velhice,
aumentando regularmente com a idade entre a infância e a velhice.

Suicídio infantil
A falta de afecto, maus resultados escolares e depressões psíquicas.

Outros factores desencadeantes do acto suicida (para-suicídios – já que a intenção de morte


não é assumida de forma consciente)
- o alcoolismo
- a toxicomania
- a desistência de viver
- a deliberada condução automóvel a alta velocidade, com consequente acidente e morte

Em algumas comunidades menos evoluídas o suicídio é menos frequente do que em países


tecnologicamente avançados e continua a ser mais comum nas cidades do que no campo

30
sendo a taxa de suicídio tanto mais elevada quanto maior for a cidade. Constata-se ainda que
na maior parte dos casos o paciente que tem intenções suicidas as comunica.

O gesto suicida positivo ou negativo traduz um comportamento complexo em que


simultaneamente se procura:
- a morte
- a comunicação do sofrimento
- o evitar as consequências de uma mudança de status
- a mitigação de sofrimento
- a procura de vingança

Perfil do suicida
- pertencer ao sexo masculino
- viver só ou não ter um companheiro/a estável
- doença psiquiátrica
- falta de apoio social
- perda do posto de trabalho

O suicídio em Portugal
Prof. Fragoso Mendes - Um acto que representava desesperança ou anulação do sentido de
existência, o gesto suicida, consumado ou não, manifesta-se principalmente nos estados de
depressão e de ansiedade e deve-se muitas vezes à solidão e isolamento sócio-psicológico.

Causas do suicídio em Portugal


- problemas afectivos
- de relação pessoal
- problemas de saúde

Daniel Sampaio – o suicídio é sempre um acto de desistência que desperta em todos nós uma
onda de angústia, talvez porque levanta sempre a questão da decisão do outro estar certa.

O homem comete suicídio três vezes mais frequentemente que a mulher a qual, em
contrapartida, comete o triplo das tentativas de suicídio do homem. Mas o suicídio no sexo
feminino vem manifestando uma nítida subida. É assinalável também o contraste entre o
norte e o sul do país. Razões culturais expliquem que o sul de Portugal seja três vezes mais
propenso ao suicídio do que o norte.

X – O ALCOOLISMO E AS SUAS IMPLICAÇÕES SOCIAIS

Há circunstâncias em que o alcoolismo pode constituir um risco de suicídio.


Para os OMS os alcoólicos são bebedores excessivos cuja dependências em relação ao álcool é
tal que apresentam perturbações mentais, de saúde, física, das suas relações com os outros,
do seu bom comportamento social e económico, devendo submeter-se a tratamento. O
alcoolismo é ainda entendido pela OMS como a totalidade dos problemas causados pelo
álcool no indivíduo e ligados a ele, e que se repercutem em vários planos: perturbações
orgânicos e psíquicas, perturbações da vida familiar, profissional e social, com todas as suas
implicações económicas, legais e morais.

Fouquet – o alcoólico é todo aquele que perdeu a liberdade de se abster do álcool e que, por
conseguinte, não exerce controlo no seu “consumo”

Jellinek – o alcoolismo é todo o uso de bebidas alcoólicas susceptíveis de causar prejuízo no


indivíduo, na sociedade ou em ambos. Fórmula de Jellinek.

31
A dependência do álcool pressupõe um primeiro contacto inicial entre o tóxico e o organismo
vulnerável.

Causas do alcoolismo
Índole Económica e sócio-cultural
- país viti-vinícola
- preceitos religiosos
- hábitos
- mitos
- tradições
- falsos conceitos
- razões individuais de origem fisiológica e psicológica
- razões externas decorrentes de exigências profissionais

Consequências do alcoolismo
Índole social e económica
- meio familiar (ambiente perturbado com repercussões nos membros da família e no
orçamento familiar)
- suicídio
- criminalidade
- ambiente de trabalho (acidentes, redução de produção de trabalho, absentismo)
- acidentes de viação
- acidentes domésticos

O problema do alcoolismo em Portugal


O consumo de álcool é regulado por variáveis ligadas:
- sexo
- idade
- religião
- normas
- valores culturais
- classe
- estatuto social

Durante décadas, o consumo tradicional do álcool foi quotidiano praticamente exclusivo dos
homens, com uma enorme componente social e essencialmente protagonizado pelo vinho.
Naturalmente que o facto de sermos um dos maiores produtores mundiais de vinho
associado a mitos e preconceitos e em certas regiões servindo de pagamento complementar
da jorna e utilizado como alimento pobre justifica que sejamos também um dos maiores
consumidores europeus de álcool per capita.

Naturalmente que no âmbito de consumo de álcool ser alargou particularmente aos


combinados, às bebidas destiladas e à cerveja.

Tem-se verificado consumos crescentes de álcool entre os jovens e as mulheres.


O sexo feminino por razões de ordem biológica são responsáveis por uma maior
susceptibilidade ao seu consumo a que acresceu os riscos decorrentes na gravidez e
amamentação.

A ingestão de bebidas alcoólicas entre os jovens é indiferente ao sexo, atingindo o seu


consumo maiores níveis particularmente nos fins-de-semana, em lugares de diversão
procurando uma intoxicação rápida.

32
A ingestão de bebidas começa cada vez mais cedo, a idade do início do consumo de vinho e
cerveja é por volta dos 11 anos, e os 14 anos a idade modal das primeiras bebedeiras. Em
relação às raparigas bebem metade do que os rapazes.

Causas ao consumo de álcool – segundo um estudo feito a jovens


- leva a acidentes
- horríveis ressacas, tonturas ou vómitos
- prejudicial à saúde
- consequências a nível familiar
- risco de perder o controle
- levar ao crime e violência

Vodka e cerveja são as bebidas preferidas pelos estudantes que frequentam discotecas e pubs
alterados que foram os hábitos tradicionais de consumo de álcool e que radicavam no vinho.

Efeitos do álcool
- acidentes motorizados
- insucesso escolar
- vulgarização de jovens embriagados

Incremento da promoção educacional e campanhas de informação sobre os malefícios do


álcool, com a implicação das famílias e da escola.
As campanhas a desencadear deverão assentar no aumento do conhecimento das
responsabilidades que o beber excessivo acarreta fazendo passar a mensagem de forma clara
e inequívoca.

XI – A REGULAÇÃO SOCIAL DO COMPORTAMENTO SEXUAL

Todas as sociedades criam normas que regulam o comportamento sexual.


Estas normas incidem geralmente em quatro tipos de situações:
1 – Formas de realização do acto sexual independentemente de se tratar de uma relação
sexual socialmente aprovada, ex, prática do sexo oral ou seja anal.
2 – relacionamento sexual entre indivíduos de sexo diferente fora de um contexto
socialmente aprovado, ex, as relações sexuais antes do casamento.
3 – comércio sexual como no caso da prostituição.
4 – certas orientações sexuais como é o caso da homossexualidade.

A reacção social a essas formas de comportamento tem variado não só entre as culturas, mas
igualmente ao longo do tempo, podendo as sanções sociais assumir várias formas, como o
ridículo, a estigmatização ou a exclusão social. Ideias religiosas, políticas e pseudo-científicas
contribuem, por vezes, para manter e reforçar a ideia de desvio relativo a esses
comportamentos, quase sempre relacionados com a ideia de protecção da família e de
manter o comportamento do homem e da mulher segundo o padrão socialmente definido.

Prostituição
Embora a prostituição tenha hoje em dia mais visibilidade pública do que no passado, há
indícios de que esta actividade tende a diminuir principalmente devido a uma maior liberdade
sexual.

O que leva uma mulher a tornar-se prostituta?


Para ganhar dinheiro
Por estar desempregada
Por curiosidade

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Homossexualidade
Implica uma orientação sexual de um homem ou mulher em relação a outra do mesmo sexo.
As questões mais controversas dizem respeito ao casamento e à possibilidade de adoptarem
crianças.

Causas da homossexualidade
- biológicas
- psicológicas
- sociais
- culturais

Pornografia
É todo o tipo de material concebido para provocar excitação sexual. Pode ser constituído por
fotografias ou filmes, textos escritos ou gravações áudio.

Diferenças - Erotismo pode ser uma forma de arte destinada a despertar, portanto, os
sentimentos estéticos no indivíduo enquanto que a pornografia se destina a despertar apenas
a excitação sexual.

XII – O CRIME E A VIOLÊNCIA

O crime como comportamento desviante


Um comportamento é considerado desviante quanto existe o consenso público de que as
normas sociais foram violadas, podendo essa violação de normas ser vista num contínuo
entre um máximo e um mínimo.
Ex. comportamentos desviantes:
- homicídio
- perturbações mentais

A palavra crime evoca na maioria dos casos actos de violência física sobre os indivíduos, cuja
explicação tem sido procurada por teorias de natureza biológica, psicológica, sociológica e
cultural.

Crime e droga
A ideia popular que associa a droga ao crime, sobretudo no caso de roubo ou fruto encontra
apoio nos estudos que têm sido realizados. De facto muitos toxicodependentes envolvem-se
em actividades criminosas com vista a obterem dinheiro que lhes permita o consumo.

Teorias biológicas
Ex. Os investigadores procuram a origem do comportamento criminoso numa anomalia dos
cromossomas sexuais masculinos.

Teorias sociológicas
Teorias de aprendizagem social
- Teoria da associação diferencial – Edwin Sutherland – existem subculturas que
poderão encorajar os indivíduos a cometer actos delinquentes.
- Teoria da identificação diferencial – Daniel Glaser – o indivíduo só passa a ter um
comportamento desviante depois de se identificar com a perspectiva das pessoas reais
ou imaginárias que têm esse comportamento.
- Teoria do reforço diferencial – Roberto Burgesse e Ronal Akers – o indivíduo tende a
manter os comportamentos que são mais reforçados, podendo o reforço ser de
natureza material ou psicológica.
Teorias de controlo social

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- Teoria do auto-controlo e do comportamento social – Travis Hirschi – o
comportamento delinquente existe pela falta de apego às normas socialmente aceitas.
- Teoria da rotulação – vê a delinquência como um processo interactivo entre quem
comete o acto e a sociedade.

Terrorismo
O terrorismo é também uma forma de violência física que pode ser exercida sobre o
indivíduo.
O objectivo é combater o poder instituído, sendo os indivíduos atingidos cidadãos inocentes
que não têm nenhuma relação pessoal com os terroristas.
O terrorismo representa uma forma de luta radical praticada por cidadãos de um país contra
o próprio Estado ou praticada contra Estados estrangeiros, podendo os terroristas
representar movimentos religiosos ou políticos.
O objectivo procurado pelos terroristas pode ser de dois tipos:
Instrumental – o terrorista pretende fundamentalmente chamar a atenção da opinião
pública de uma país ou da comunidade internacional. A violência neste caso tende a ser
minimizada pelo próprio terrorista, procurando tratar o melhor possível as vítimas da
violência para obter aquilo que pretende e granjear simpatia para a sua causa.
Expressivo – é mais violento, traduzindo a frustração perante o poder instituído. Esta
forma de terrorismo tem sido praticada sobretudo por grupos extremistas religiosos.

Terrorismo/Guerrilha
Guerrilha – designa a luta armada de grupos minoritários contra as forças armadas do
Estado, com o objectivo de restabelecer ou instaurar uma nova ordem.

A violência na família
Mitos a respeito da violência familiar
1 – a violência familiar é característica das famílias pobres
2 – violência e amor não podem coexistir na mesma família
3 – as crianças maltratadas transformam-se mais tarde em pais maltratantes.
4 – o álcool e as drogas estão associadas à violência na família

Tipos de violência na família


- Violação conjugal
- Maus tratos a crianças e pessoas idosas
- Violência física sobre o cônjuge

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