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Este modelo configura uma lógica burocrática excessiva desviando os reais objectivos que
devem presidir ao processo de ensino-aprendizagem. Assim, prevê muitos intervenientes,
muitos referentes internos e externos, muitos documentos a elaborar e a analisar, muitas fases e
grande diversidade de aspectos a considerar em cada fase – sobretudo considerando que todo o
processo se desenrola em simultâneo com a normal actividade lectiva e não lectiva (componente
de escola e componente individual) de avaliadores e avaliados.
É uma avaliação feita por pares que, fruto de uma legislação que não se compreende, chegaram
a professores titulares e foram eleitos coordenadores de departamento, sem terem recebido
especial formação pedagógica para o efeito. Os critérios que nortearam o primeiro Concurso de
Acesso a Professor Titular geraram uma divisão artificial e gratuita entre “ professores titulares”
e “professores”, valorizando apenas a ocupação de cargos nos últimos sete anos,
independentemente de qualquer avaliação da sua competência pedagógica, científica ou técnica
e certificação da mesma.
A relação avaliador/avaliado, inevitavelmente uma relação de poder que deveria ser sempre a
relação entre alguém mais habilitado e alguém menos habilitado, está, por essa razão, em muitos
casos, inquinada à partida, pois alguns dos avaliadores têm formação científico-pedagógica
inferior à dos seus avaliados, o que não o torna um modelo credível. Acresce ainda o facto de
em muitos casos, o avaliador não pertencer à mesma área científica do avaliado o que parece
inviabilizar uma avaliação de rigor científico, quer em aulas, quer em quaisquer documentos de
suporte.
Trata-se de um modelo que prevê a sua aplicação ao longo de períodos de dois anos, lectivos
necessariamente, mas que também prevê a conclusão de todo o processo de avaliação no final
do ano civil respectivo. Ora, desta cláusula decorre que, após o segundo ano de cada período de
avaliação, durante o primeiro período do ano lectivo seguinte, as escolas estão em simultâneo a
concluir a avaliação correspondente ao período anterior e a iniciar um novo período de
avaliação. Isto implica reuniões de avaliadores, entrevistas entre avaliadores e avaliados,
elaboração de referentes, entrevistas para negociação dos objectivos individuais, por exemplo, o
que pode envolver os mesmos coordenadores/avaliadores ou não, mas terá que contar sempre
com o Presidente do Conselho Executivo/Director. Mais uma vez, saliente-se que todo este
complexo processo se irá desenrolar em simultâneo com as actividades lectivas e não lectivas.
O desenvolvimento do processo com vista à avaliação do desempenho não respeita o que
determinam os artigos 8º e 14º, do próprio Dec-Regulamentar 2/2008, uma vez que, na maioria
das escolas, o Regulamento Interno, o Projecto Educativo e o Plano Anual de Actividades não se
encontram aprovados por forma a enquadrar os seus princípios, objectivos, metodologias e
prazos.
Como se pode perceber, e não obstante outros aspectos que aqui poderiam ser invocados, estas
são as fragilidades que nos parecem mais flagrantes no modelo de avaliação consagrado no
Decreto Regulamentar 2/2008 de 18 de Janeiro, que se agravam pelo facto de as escolas
passarem a centrar a sua actividade no processo de avaliação dos professores e não no processo
de ensino-aprendizagem dos alunos. Assim, tendo em conta o atrás exposto, os professores desta
escola, signatários desta proposta, não reconhecem neste modelo de avaliação qualquer
potencialidade na melhoria da qualidade da educação, nem no desempenho profissional dos
docentes.
Os signatários: