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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Departamento de Psicologia e Educação

Formação Cívica e Criatividade

Dissertação de Mestrado em Educação –

Formação Pessoal e Social, apresentada

à universidade da Beira Interior

Isabel Maria Peres Manso

COVILHÃ – Abril, 2008


UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Departamento de Psicologia e Educação

Formação Cívica e Criatividade

Dissertação de Mestrado em Educação – Formação Pessoal e Social,

apresentada à universidade da Beira Interior, sob a orientação

da Prof. Doutora Maria Luísa Frazão Rodrigues Branco (U.B.I.)

Isabel Maria Peres Manso

COVILHÃ – Abril, 2008


Ao meu marido e aos meus filhos, Marco e Helena,
que constituem o pilar da minha luta
em prol de um ensino mais eficaz.
AGRADECIMENTOS

A todos os que, de alguma forma, contribuíram, encorajaram e me ajudaram durante esta


investigação, os meus reconhecidos e francos agradecimentos:
Aos docentes do Curso de Mestrado em Educação – Especialização: Formação Pessoal e
Social e ao Professor Doutor Juan Posada pelo estímulo e pela oportunidade que me
proporcionaram em aceder a novas áreas do conhecimento.
À Professora Doutora Maria Luísa Frazão Rodrigues Branco um agradecimento muito
especial por ter aceitado orientar esta dissertação, pelo seu apoio, pela bibliografia que me
facultou, pela sua dedicação, encorajamento nas horas mais difíceis e disponibilidade que sempre
dispensou ao longo deste projecto.
Aos meus pais e irmão pelo amor e carinho, pela maneira como me educaram e pela
disponibilidade, que sempre me manifestaram ao longo da vida.
À minha colega de trabalho e amiga de longa data, Angelina, pela sua disponibilidade e
amizade, que sempre me tem manifestado ao longo destes anos.
À minha colega de trabalho, Tanibel, Directora do Centro de Formação de Professores de
Belmonte e Manteigas – Forbelma - por ter acreditado em mim, convidando-me a dar formação,
fazendo com que eu despertasse para o início desta tão gratificante caminhada que é a da
investigação em educação.
À colega do mestrado e amiga, Marisa, pelo seu apoio, amizade e encorajamento nas
horas mais difíceis.
Aos, colegas de trabalho, auxiliares de acção educativa e pais/encarregados de educação
que, directa ou indirectamente, contribuíram com suas palavras e acções.
Aos entrevistados, por acreditarem no estudo e colaborarem para a sua realização.
A todos os meus alunos, os que o são e aos que já o foram e, em especial aos da minha
direcção de turma - 6ºC, pelo empenho, dedicação e pelos afectos manifestados que deram vida a
este projecto e me fizeram sentir e acreditar que vale a pena lutar e continuar a apostar nesta tão
gratificante caminhada, que é ser professor.

A todos, um abraço e até sempre.


RESUMO

O presente estudo corresponde a uma investigação-acção baseada na implementação de


um conjunto de actividades na área curricular não disciplinar de formação cívica, numa turma do
6º ano de escolaridade. O objectivo da mesma consistiu em potenciar o desenvolvimento de
competências cívicas associadas ao desenvolvimento da criatividade.
Partiu de um diagnóstico do grupo turma, tendo sido detectados alunos pouco
respeitadores dos direitos uns dos outros, intolerantes, pouco solidários e responsáveis. A maioria
demonstrava, ainda, uma baixa auto-estima nos dois sentidos que o termo encerra, uns, pela auto-
desvalorização: revelando fraca autonomia, confiança, persistência e motivação pelas actividades
escolares, falta de assiduidade e hábitos de trabalho e pouca motivação; outros, pela auto-
valorização: depreciando e rejeitando alguns dos colegas, revelando atitudes individualistas,
competitivas e egoístas, que entravam frequentemente em conflito.
As actividades implementadas foram alicerçadas numa aprendizagem orientada para o
aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros, onde se deu prioridade a estratégias que
proporcionassem o conhecimento progressivo de si e do outro e, posteriormente, a realização de
projectos comuns. Estas propiciaram um ambiente rico em estímulos e desafios, criando
oportunidades para o valorizar do trabalho individual e de grupo, levando os alunos a reconhecer
as suas potencialidades, respeitando as suas diferenças e oferecendo-lhes oportunidades para
manifestarem a sua criatividade e desenvolver ideias. Em suma, através da Formação Cívica foi
possível desenvolver nos alunos uma personalidade capaz de pensar e de se relacionar
positivamente com os outros e cooperar com eles, tomando decisões fundamentadas baseadas em
informação indispensável, assim como a capacidade de fazer transferências de saberes.
Através da análise de documentos e mediante entrevistas efectuadas a pais, professores e
alunos seleccionados, concluiu-se que as actividades realizadas permitiram aumentar a auto-estima, o
auto-conceito e a auto-imagem, favorecendo a motivação intrínseca dos alunos. Os alunos progrediram
no desenvolvimento da autonomia, cooperação e respeito pelo outro, o que facilitou o trabalho dos
grupos e o seu bom funcionamento, levando à construção de uma identidade própria da turma e a
uma consequente integração de todos os alunos da mesma.
ÍNDICE

Introdução ................................................................................................................................ 1
PARTE I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Capítulo I – Formação Cívica – Enquadramento Geral


1.1 Quadro legal .......................................................................................................................... 7

1.2 Alguns documentos teóricos orientadores .................................................................... 11

1.3 Formação Cívica no contexto escolar ............................................................................. 17

1.3.1 Papel do professor .................................................................................................... 21

1.3.2 Práticas a privilegiar ............................................................................................... 22

Capítulo II - A Criatividade - Enquadramento Geral


2.1 Conceito de criatividade .................................................................................................... 31

2.2 Traços de uma personalidade criadora ........................................................................ 37

2.3 Criatividade e sua relevância .......................................................................................... 38

2.4 A aprendizagem criativa: modificando a relação com o conhecimento .................. 40

2.5 Aprendizagem criativa: A abordagem da pedagogia personalista .......................... 43

2.6 Contribuições de outros autores para a compreensão da aprendizagem

criativa................................................................................................................................. 46

2.7 Alguns factores que inviabilizam a criatividade ......................................................... 50

2.8 Alguns dos recursos pedagógicos e técnico-didácticos dos docentes, a ter

em conta na Formação Cívica, de forma a aumentar os índices criativos dos alunos 52

Capítulo III -Formação Cívica e Criatividade: que relação? ................ 57


INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

Capítulo IV - Metodologia
4.1.Caracterização do estudo ................................................................................................. 61

4.2 Objectivo do estudo e questões de investigação ........................................................ 61

4.3. Implementação do estudo .............................................................................................. 62

4.4. Avaliação das actividades desenvolvidas ..................................................................... 85

4.4.1. Técnicas de recolha de dados ............................................................................ 85

4.5. Sujeitos estudados ........................................................................................................... 94

4.6.Tratamento dos dados ...................................................................................................... 95

Capítulo V – Resultados
5.1. Resultado da análise documental .................................................................................. 101

5.2. Resultado da análise de conteúdo das entrevistas ................................................. 106

Capítulo VI – Resposta e Discussão das Questões de Investigação . 111

CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 117

LIMITAÇÕES E IMPLICAÇÕES ........................................................................................ 118

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 119

ANEXOS ................................................................................................................................... 125


ANEXOS EM CD

VOLUME I – DOCUMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

Secção A Dossier do Director de Turma

Subsecção 1

-Actas dos Conselhos de Turma ................................................................................. 1

Subsecção 2

-Relatório de avaliação do P.C.T. anterior .............................................................. 19

Secção B Plano Curricular de Turma (P.C.T.)

Subsecção 1

-Caracterização da turma, reformulação do Plano Curricular de Turma ....... 21

Subsecção 2

-Relatórios de identificação de problemas e definição de prioridades ......... 35

Subsecção 3

-Relatórios de actividades da Área Curricular não Disciplinar de Formação

Cívica .............................................................................................................................. 45

Subsecção 4

-Relatório anual da actividade do Director de Turma ......................................... 52

Subsecção 5

-Relatório dos alunos com NEE .................................................................................... 61

Subsecção 6

-Relatório de avaliação do Plano Curricular de Turma com base na análise do

sucesso/insucesso dos alunos .................................................................................... 66


Secção C

Subsecção 1

-Instruções da prova de aferição de Língua Portuguesa do 6º Ano

de escolaridade ............................................................................................................. 97

Subsecção 1.1

-A primeira parte do enunciado da prova de aferição de Língua

Portuguesa do 6º Ano de escolaridade .................................................................... 99

Subsecção 1.2

-A segunda parte do enunciado da prova de aferição de Língua

Portuguesa.................................................................................................................... 103

Subsecção 1.3

-Os resultados obtidos pelos alunos, sujeitos alvo desta investigação,

nessa mesma prova ..................................................................................................... 107

Subsecção 2

-Actividade 1: “O Amigo Oculto” .......................................................................... 108

Subsecção 3

-Actividade 7: “O teatro como meio de Formação Cívica e

Criatividade” .............................................................................................................119

VOLUME II – ENTREVISTAS

-Transcrição das entrevistas Tipo 1- Professores ................................................... 1

-Transcrição entrevistas Tipo 2 – Alunos ................................................................ 13

-Transcrição entrevistas Tipo 3 – Encarregados de Educação........................... 32


LISTA DE QUADROS

Quadro I – Técnicas de trabalho de grupo ......................................................................... 25

Quadro II – Actividades para desenvolver a criatividade .............................................. 26

Quadro III – Resumo das actividades desenvolvidas em cada sessão ......................... 65

Quadro IV – Planificação das actividades de Formação Cívica....................................... 69

Quadro V – Competências transversais prioritárias/Conteúdos/Estratégias e

Contributos de cada Área Curricular .................................................................................... 84

Quadro VI – Fontes e instrumentos de recolha de dados ............................................... 94

Quadro VII – Análise composta por Dimensões e Categorias ........................................ 96

Quadro VIII – Descritivos das Dimensões Categorias e Subcategorias ..................... 97

Quadro IX – Análise documental ......................................................................................... 169

Quadro X – Análise composta por Dimensões, Categorias e Subcategorias ............... 98

Quadro XI – Descritivos das Dimensões Categorias e Subcategorias ......................... 99

Quadro XII – Análise de conteúdo das entrevistas ....................................................... 179


Formação Cívica e Criatividade

INTRODUÇÃO

A questão da criatividade tem sido uma preocupação ao longo das últimas décadas
assumindo-se esta como um valor de gradual interesse e cada vez mais solicitado no dia-a-dia de
qualquer ser humano. E se a problemática da criatividade tem também preocupado a educação é
porque ela apresenta particular importância neste sector. Com efeito, a escola é por excelência
um espaço que ajuda o educador e o educando a compreender e identificar diferentes problemas,
temas e formas de pensar, devendo favorecer a sua formação integral. Recorrendo às palavras de
Sebastião (2001), a finalidade máxima da escola deve ser a de promover valores, criatividade e
cultura.
Foi com base nestes pressupostos que nos propusemos realizar este projecto de
intervenção que leva como título Formação Cívica e Criatividade e que está dividido em duas
partes: Enquadramento teórico e Investigação Empírica.
Inicia-se a primeira parte - Enquadramento teórico - com o capítulo Formação Cívica –
Quadro Legal onde se procede a uma breve incursão pelos normativos, procurando apurar a
evolução deste conceito. Analisam-se, também, alguns dos documentos teóricos orientadores
mais significativos.
Faz-se também referência ao papel do professor na Formação Cívica e como esta última
pode ser operacionalizada em contexto escolar, evidenciando-se algumas das abordagens,
estratégias e práticas educativas passíveis de serem seguidas.
Inicia-se o segundo capítulo com A criatividade - Enquadramento Geral onde se
reflecte sobre a pertinência da criatividade na acção educativa, fazendo-se com uma breve alusão
ao seu desenvolvimento e compreensão ao longo dos tempos. Tenta-se demonstrar como a
aprendizagem criativa está ligada à abordagem personalista, segundo as linhas de proposta,
técnicas e dinâmicas pedagógicas de alguns autores e suas contribuições para uma melhor
compreensão dessa mesma aprendizagem, num contexto educacional e de modo a dar resposta a
uma sociedade que tanto a reclama. Reflecte-se, também, sobre as características de uma
personalidade criadora e alguns dos factores que inviabilizam a Criatividade, salientando-se
alguns dos recursos pedagógicos e técnico-didácticos dos docentes, a ter em conta na Formação
Cívica, de forma a aumentar os índices criativos dos alunos.

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Isabel Manso

Finaliza-se a primeira parte com o terceiro capítulo - Formação Cívica e Criatividade:


Que relação? realçando o contributo da Formação Cívica para o potenciar da criatividade dos
alunos.
Formam a segunda parte deste trabalho - Investigação Empírica - três capítulos:
Metodologia e Técnicas de Recolha dos Dados, Análise dos Dados e Discussão dos
Resultados.
No quarto capítulo apresenta-se a Metodologia, definindo-se, os objectivos, os sujeitos,
as questões de pesquisa, os instrumentos e o procedimento. Neste capítulo inclui-se, ainda, a
descrição do programa de intervenção realizado junto de uma turma de alunos do 6º ano de
escolaridade, que apresentava alguma falta de hábitos de trabalho, assiduidade, motivação, fraca
auto-estima e auto-conceito, entre outros, programa este aplicado na Área Curricular não
disciplinar de Formação Cívica.
Este programa de intervenção distribuiu-se por 20 sessões, desenvolvidas ao longo dos 2º
e 3º períodos lectivos e ocuparam um tempo de quarenta e cinco minutos semanais durante os
quais os alunos da turma, ora em grande grupo, ou em subgrupos, ora individualmente, foram
convidados a intervir num conjunto de actividades, metodologias/estratégias e recursos
educativos conducentes ao desenvolvimento de competências básicas, também chamadas de
virtudes cívicas ou competências da vida, com vista ao potenciar do pensamento criativo e
criatividade dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento da formação integral da sua
personalidade e, como consequência, levar ao sucesso académico de todos os alunos.
No quinto capítulo, debruçamo-nos sobre a apresentação e análise dos resultados, tendo
por base a análise do conteúdo das entrevistas a sujeitos seleccionados e, como complemento, a
análise documental. No sexto capítulo, a partir de uma triangulação dos dados obtidos e
discutidos em função da teoria, retiramos algumas conclusões, limitações e implicações da
investigação realizada.

2
PARTE I: ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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Isabel Manso

4
Enquadramento Teórico

“Os futuros mais florescentes fizeram-se sempre de impossibilidades; os sonhos mais belos
entrelaçaram-se nas vontades esperançadas e insaciáveis de muitos; as metamorfoses mais
dramáticas, tão mágicas quanto simples, suportaram-se na riqueza inigualável das vivências
analisadas e reflectidas. O bom, apesar de tudo, já é. O melhor será.”
(Marujo e Neto, 2004)

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Isabel Manso

6
Enquadramento Teórico

CAPÍTULO I – FORMAÇÃO CÍVICA – ENQUADRAMENTO GERAL

1.1 Quadro Legal


A Constituição da República Portuguesa de 1976 refere, no artigo 73.º, que a educação
deve contribuir para o progresso de uma sociedade democrática, fazendo sobressair a importância
de uma educação para a cidadania, com os seguintes objectivos: 1) promover o desenvolvimento
pessoal; 2) promover o desenvolvimento e progresso da comunidade nacional; 3) reforçar a
coesão nacional e um sentimento colectivo de identidade.
Dez anos mais tarde, a Lei nº46/86, de 14 de Outubro, (Lei de Bases do Sistema
Educativo, adiante designada como LBSE) entretanto renumerada e republicada como Lei nº
49/2005, de 30 de Agosto aponta, claramente, para a importância da educação cívica e moral dos
jovens e para a necessidade da formação de cidadãos livres, civicamente responsáveis e
democraticamente intervenientes na vida comunitária. A este propósito é realçado no ponto 4, do
art. 2º, o seguinte: “o sistema educativo responde às necessidades resultantes da realidade social,
contribuindo para o desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos indivíduos,
incentivando a formação de cidadãos livres, responsáveis, autónomos e solidários e valorizando a
dimensão humana do trabalho”.
Nesta linha, são enunciados os princípios que a organização do sistema educativo deve
levar em linha de conta: “a realização do educando através do pleno desenvolvimento da
personalidade, a formação cívica e moral dos jovens e o direito à diferença”. A implementação
da Educação Cívica transparece, igualmente, nas seguintes alíneas do artigo 7.º, referentes aos
objectivos do Ensino Básico:
a) Assegurar uma formação geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a descoberta
e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidões, capacidade de raciocínio, memória e espírito
crítico, criatividade, sentido moral e sensibilidade estética, promovendo a realização individual
em harmonia com os valores da solidariedade social;
c) Proporcionar o desenvolvimento físico e motor, valorizar as actividades manuais e promover
a educação artística, de modo a sensibilizar para as diversas formas de expressão estética,
detectando e estimulando aptidões nesses domínios;
f) Fomentar a consciência nacional aberta à realidade concreta numa perspectiva de
humanismo universalista, de solidariedade e de cooperação internacional;
h) Proporcionar aos alunos experiências que favoreçam a sua maturidade cívica e sócio
afectiva, criando neles atitudes e hábitos positivos de relação e cooperação, quer no plano dos
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Isabel Manso

seus vínculos de família, quer no da intervenção consciente e responsável na realidade


circundante;
i) Proporcionar a aquisição de atitudes autónomas, visando a formação de cidadãos
civicamente responsáveis e democraticamente intervenientes na vida comunitária;
l) Fomentar o gosto por uma constante actualização de conhecimentos;
m) Participar no processo de informação e orientação educacionais em colaboração com as
famílias;
n) Proporcionar, em liberdade de consciência, a aquisição de noções de educação cívica e
moral;
o) Criar condições de promoção do sucesso escolar e educativo a todos os alunos.
É de salientar que os princípios gerais e organizativos da LBSE visam fundamentalmente
a formação de cidadãos conscientes e empenhados nas realidades locais, nacionais, europeias em
que se integram, atribuindo, à escola um papel preponderante a desempenhar, com base num
clima interno de vivências e de participação.
Neste sentido, considera-se que é necessária uma adequação das estratégias de
desenvolvimento do currículo nacional ao contexto de cada escola, no quadro de uma educação
axiológica onde possa emergir a criatividade e o respeito pelos valores em que se inspira a
convivência democrática.
Na sequência da publicação da LBSE, o Decreto/Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto
estabelece os princípios gerais que ordenam a reestruturação curricular. No art. 7º, ponto 1, é
referido que “todas as componentes curriculares dos Ensinos Básico e Secundário devem
contribuir de forma sistemática para a Formação Pessoal e Social(1) dos educandos, favorecendo,
de acordo com as várias fases de desenvolvimento, a aquisição do espírito crítico e a
interiorização de valores espirituais, estéticos, morais e cívicos”. Segundo este Decreto/Lei a
escola não deve ter apenas como objectivo a formação intelectual mas igualmente contemplar no
aluno, o desenvolvimento de capacidades, aptidões e atitudes de desempenho pessoal: “as
aptidões cognitivas, sendo embora instrumentos imprescindíveis de afirmação pessoal, estão
longe de esgotar as dimensões essenciais da personalidade, cujo desenvolvimento integral e
equilibrado é objectivo prioritário do processo educativo”. Com efeito, uma das intenções
fundamentais da reforma curricular definidas pela LBSE, concretizadas no Decreto/Lei nº 286/89

(1) Formação Pessoal e Social. A referida área “pode ter como componentes a educação ecológica, a educação do consumidor, a educação
familiar, a educação sexual, a prevenção de acidentes, a educação para a saúde, a educação para a participação nas instituições, serviços cívicos e
outros do mesmo âmbito”

8
Enquadramento Teórico

de 29 de Agosto, é imprimir uma nova orientação ao processo educativo, fazendo-o convergir


para a formação integral do aluno.
O Despacho 143/ME/91, de 18 de Setembro (D. R. – II Série), aprova o programa de
Educação Cívica, (para aplicação experimental no 1º ano do 3º ciclo do Ensino Básico, no ano
lectivo de 1991/1992), que tem como objectivos: a aquisição de espírito crítico, a interiorização
de valores espirituais, estéticos, morais e cívicos, remetendo, pois, para o desenvolvimento da
pessoa humana, para a autenticidade, a liberdade e a responsabilidade(2).
Este programa interdisciplinar, bem como a disciplina de Desenvolvimento Pessoal e
Social, em alternativa à Educação Moral e Religiosa e Católica ou outras confissões, integra a
Formação Pessoal e Social, concebida como uma formação Transversal. Apesar da importância
assumida por esta na legislação muitos obstáculos surgiram e vieram dificultar a sua eficaz
implementação.
No Documento Orientador para o Ensino Básico(3), publicado pelo Ministério da
Educação, em 1998, foram sintetizados os aspectos a considerar na reorganização curricular do
ensino básico, sublinhando que a escola precisa de se assumir como um espaço privilegiado de
educação para a cidadania e de “integrar e articular, na sua oferta curricular, experiências de
aprendizagem diversificadas, nomeadamente mais espaços de efectivo envolvimento dos alunos e
actividades de apoio ao estudo”, concretizando por sua vez, no anexo ao Despacho nº 9590/99, de
14 de Maio, no ponto 1, a definição do conceito de gestão flexível do currículo como sendo “a
possibilidade de cada escola organizar e gerir autonomamente o processo de
ensino/aprendizagem, tomando como referência os saberes e as competências nucleares a
desenvolver pelos alunos no final de cada ciclo e no final da escolaridade básica, adequando-o às
necessidades diferenciadas de cada contexto escolar e podendo contemplar a introdução no
currículo de componentes locais e regionais.”
Por sua vez, no ponto 2, alíneas a), b), c) e d), define-se o que o projecto de gestão
flexível do currículo pretende promover: ” a construção de uma escola mais humana, criativa e
inteligente; a criação de condições para que os alunos realizem mais e melhores aprendizagens; o

(2) A estrutura do referido programa corresponde a: finalidades, objectivos, mapa de conhecimentos, actividades, orientações metodológicas e
avaliação. Inclui um corpo de conhecimentos organizados em três dimensões, articuladas entre si: “I- Defesa dos direitos, deveres e liberdades
fundamentais; II -Organização do estado democrático como garante dos direitos e liberdades fundamentais; III – Participação nas instituições
democráticas”.
( 3) O referido documento sintetiza os aspectos a ter em conta na Reorganização Curricular do Ensino Básico.

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Isabel Manso

desenvolvimento profissional dos docentes e da sua capacidade de tomada de decisões em áreas


chave do currículo; uma maior implicação da comunidade educativa no desenvolvimento
conjunto de projectos educativos e culturais”.
É nesta sequência que o Decreto-Lei nº 6/2001 de 18 de Janeiro, fez emergir a Educação
para a Cidadania como objectivo educativo explícito. Este D/L estabelece os princípios
orientadores da organização e da gestão curricular do Ensino Básico, (art. 3º) preconizando um
conjunto de aprendizagens, competências e valores a desenvolver pelos alunos neste nível de
ensino, de acordo com os objectivos consagrados na LBSE. Entre estes, e relativamente à
temática que nos ocupa, salientamos os seguintes:
“Reconhecimento da autonomia da escola no sentido da definição de um projecto de
desenvolvimento do currículo adequado ao seu contexto e integrado no respectivo projecto
educativo”; “Valorização da diversidade de metodologias e estratégias de ensino e actividades de
aprendizagem, em particular com recurso a tecnologias de informação e comunicação, visando
favorecer o desenvolvimento de competências numa perspectiva de formação ao longo da vida”;
“Diversidade de ofertas educativas, tomando em consideração as necessidades dos alunos, por
forma a assegurar que todos possam desenvolver as competências essenciais e estruturantes
definidas para cada um dos ciclos e concluir a escolaridade obrigatória”.
Este diploma legal estabelece uma nova organização curricular para todos os ciclos do
Ensino Básico, defendendo a importância da formação integral dos alunos e privilegiando, como
referido, a Educação para a Cidadania. Efectivamente, no artigo 5.º, ponto 3 é preconizada a
criação das seguintes novas áreas não disciplinares: Área de Projecto, Estudo Acompanhado e
Formação Cívica que “devem ser desenvolvidas em articulação entre si e com as áreas
disciplinares (…) e constar explicitamente do Projecto Curricular de Turma”. Enquanto
integradoras, estas áreas estão vocacionadas para a “valorização da Educação para a Cidadania”.
A alínea c), do citado artigo, refere também a Formação Cívica como:
espaço privilegiado para o desenvolvimento da educação para a
cidadania, visando o desenvolvimento da consciência cívica dos
alunos como elemento fundamental no processo de formação de
cidadãos responsáveis, críticos, activos e intervenientes, com recurso,
nomeadamente, ao intercâmbio de experiências vividas pelos alunos e
à sua participação, individual e colectiva, na vida da turma, da escola
e da comunidade.

10
Enquadramento Teórico

É referido, ainda, no mesmo diploma, no artigo 6º., ponto 1, que a educação para a
cidadania deve ter um carácter transdisciplinar, isto é, deve ser operacionalizada mediante
proposta de temas transversais, trabalhados em todas as áreas curriculares disciplinares e não
disciplinares do Ensino Básico e aprofundada na área curricular não disciplinar, denominada de
Formação Cívica. E que esta área, de frequência obrigatória, se concretiza num tempo específico
que lhe é atribuído no Plano Curricular: de 45 minutos se se tratar do 2º ciclo e de 90 minutos se
se tratar do 3º ciclo, cabendo assim à escola e aos professores, responsáveis pela sua
implementação, traçar as actividades que considerem apropriadas, desenvolvendo competências
nos alunos que lhes permitam exercitar o sentido de responsabilidade, espírito crítico e criativo,
gosto pela participação em comunidade, concebendo o exercício da cidadania como um valor
imprescindível.
No fundo, pode concluir-se, que no seu conjunto, os referidos normativos convergem para
um necessário desenvolvimento da formação integral da personalidade, privilegiando valores tais
como: a responsabilidade, a tolerância, solidariedade, a liberdade, a autonomia, a criatividade, a
justiça, o respeito por si e pelos outros, a cooperação, a capacidade de diálogo e a capacidade de
valorizar a dimensão humana do trabalho, inseridos num Estado democrático, de que temos a
sorte de beneficiar e que nos compete a nós educadores/cidadãos, preservar e enriquecer.

1.2 Alguns documentos teóricos orientadores


A construção de um novo projecto de sociedade, ancorado numa visão holística de
cidadania é um projecto em prol do desenvolvimento sustentável, que tem norteado a actuação de
diversos organismos internacionais. Entre estes, destacam-se a UNESCO, a União Europeia e o
Conselho da Europa, cuja acção tem sido levada a cabo através da realização de um vasto leque
de iniciativas, tais como Conferências, Relatórios, Recomendações e Projectos.
Começamos por referir a intervenção do Conselho da Europa. Este conselho foi criado
com a finalidade de defender os direitos do homem e a democracia parlamentar, e assegurar a
preeminência do direito; concluir acordos à escala continental para harmonizar as práticas sociais
e jurídicas dos Estados membros; favorecer a tomada de consciência da identidade europeia,
fundada sobre valores partilhados que transcendem as diferentes culturas.
Neste sentido, foi lançado o projecto «Educação para a cidadania democrática» que surgiu
em Outubro de 1997 decorrente de um plano de acção(4) para o reforço da estabilidade
democrática nos estados membros, estabelecido na sequência das declarações da Segunda
11
Isabel Manso

Cimeira do Conselho da Europa, realizada em Estrasburgo. Esta cimeira constituiu um marco


decisivo para o desenvolvimento de uma política europeia de ECD baseada nos direitos e
responsabilidades dos cidadãos, bem como na participação dos jovens na sociedade civil. Nessa
cimeira, os Chefes de Estado e de Governo dos Estados Membros do Conselho da Europa
reafirmaram, por um lado, a sua fidelidade a princípios fundamentais, tais como a democracia
pluralista, o respeito pelos Direitos do Homem e a preeminência do Direito. Por outro lado, foi
consensual a vontade de construir uma sociedade europeia mais livre, tolerante e justa, fundada
em valores como a liberdade de expressão e de informação, a diversidade cultural e a dignidade
cultural de todos os seres humanos, numa crença comum de que a promoção dos direitos
humanos e o reforço da democracia pluralista são contribuições para a estabilidade da Europa
neste princípio de século.
Por sua vez, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), organismo especializado do sistema das Nações Unidas, tem como objectivo
contribuir para a paz e segurança no mundo mediante a educação, a ciência, a cultura e as
comunicações. No que confere à educação, evidencia a sua importância na sociedade. A
educação deve conhecer-se por aquilo que é: um factor essencial ao futuro e como consequência
a sua finalidade máxima deverá ser a preparação de indivíduos capazes de se adaptarem às
transformações, atribuindo prioridade ao êxito da educação fundamental adaptada às
necessidades actuais.
Com efeito, no relatório da UNESCO, a Comissão Faure (1972), alerta-nos para as
transformações/problemas que a sociedade atravessa. A sociedade actual exige uma união cada
vez mais íntima entre a vida e a educação devido à permanente revolução técnico científica em
que se vive; ao desfasamento dos programas (afastamento entre os conteúdos de ensino e a
experiência vivida dos alunos e os objectivos da sociedade); à disparidade de desenvolvimento
entre os diversos países (ciclo de pobreza e atraso) e ao carácter conservador da educação e
elitismo educacional.

(4)Foram definidos quatro domínios de actuação: Democracia e Direitos do Homem; Coesão social; Segurança dos cidadãos; Valores
democráticos e Diversidade cultural.

12
Enquadramento Teórico

Para fazer face a estas transformações/problemas, o relatório Faure, desenhou uma nova
concepção de educação, implicando um projecto, onde todos possam aprender, ensinar, educar e
ser educados de modo permanente, cujo lema “aprender a ser é aprender a viver”. Assim sendo,
este relatório, estabelece como linhas orientadoras de acção para a educação duas frentes: 1)
preparar o indivíduo para essas transformações, procurando criar nele um espírito dinâmico, não
conformista e não conservador; 2) representar o papel de antídoto para as diversas deformações
do homem e da sociedade (despersonalização, anonimato no mundo moderno). E atendendo a que
o futuro próximo será de quem souber reunir, a acção da crítica, da participação democrática e a
acção da ciência, a fim de valorizar os recursos existentes nas camadas mais profundas da
sociedade, “a educação permanente” deve orientar-se de forma a que os estudos não sejam vistos
como um pacote imutável e a educação e a aprendizagem se prolonguem por toda a vida, para
além da educação formal e se efective a “cidade educativa”.
Posteriormente, o relatório Delors (1996) coordenado pela UNESCO, identifica como
preocupantes na actual situação mundial, os seguintes aspectos: insatisfação face aos actuais
modelos educativos que sobrevivem do passado; descrédito das instituições educativas; progresso
científico e tecnológico que dispara a uma velocidade vertiginosa; tendência para a globalização;
erosão do conceito de democracia; exclusão social; sentimento de ausência de futuro. Tendo em
conta estes, estabelece as seguintes funções para a educação: Educação enquanto factor de coesão
social; Complementaridade entre socialização e desenvolvimento individual; Ajuda na promoção
e integração dos grupos minoritários; Educar para uma cidadania consciente e activa; Manter a
vitalidade da democracia e estimular a participação democrática; Fornecer as bases culturais que
permitam decifrar as mutações em curso na sociedade; Reforçar as bases do saber e do fazer;
Realizar o ser humano enquanto tal e não enquanto meio de produção. Em suma, o papel da
educação/sociedade educativa, segundo o relatório da Unesco coordenado por Delors, baseia-se
nas seguintes aprendizagens básicas e fundamentais: 1) aprender a conhecer; 2) aprender a fazer;
3) Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros; 4) aprender a ser.
Segundo o referido relatório, a aprendizagem do “aprender a conhecer”, não se restringe,
simplesmente, à aquisição de um almanaque de saberes codificados, mas sobretudo ao domínio
dos próprios instrumentos do conhecimento, podendo ser considerado, simultaneamente, como
um meio e uma finalidade da vida humana.
Em relação ao “aprender a fazer” esta aprendizagem não pode continuar a ter o
significado simplista de preparar alguém para uma tarefa bem determinada, ou fazê-la realizar o
13
Isabel Manso

fabrico de alguma coisa. Como consequência, as aprendizagens devem evoluir, no sentido de não
serem consideradas como uma simples transmissão de práticas mais ou menos rotineiras, embora
estas continuem a ter um valor formativo que não é de menosprezar.
A aprendizagem “Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros”, torna-se
imperativa, uma vez que existe a necessidade de se realizarem projectos comuns e saber gerir
conflitos com base no pluralismo e compreensão mútua, com competência e solidariedade … não se
confinando à educação formal, passando pela valorização de cada um e abrir-se às preferências de todos
nós”. Este tipo de aprendizagem, além de ser a que mais vantagens oferece e melhor responde aos
problemas que a sociedade apresenta, constitui um dos maiores desafios para os educadores, pois
insere-se no campo das atitudes e valores, da resolução de conflitos… mas se este tipo de
aprendizagem ou interacção se fizer num contexto igualitário de forma a existirem objectivos e
projectos em comum, os preconceitos e a hostilidade latente tenderão a desaparecer e dar lugar a
uma cooperação mais serena e até amizade. Parece, pois, que a educação, neste contexto de
aprendizagem, deve utilizar duas vias complementares: deverá proceder-se numa primeira fase, à
“descoberta progressiva do outro” e numa segunda fase, e ao longo da vida, à “participação em
projectos comuns”, que parecem ser métodos eficazes para prevenir ou resolver conflitos latentes.
A “descoberta progressiva do outro” baseia-se em ensinar, por exemplo, aos jovens a
considerar a perspectiva de outros grupos étnicos ou religiosos podendo-se, assim, evitar
incompreensões geradoras de ódio e violência entre adultos. Deve-se ter em consideração que os
métodos de estudo não devem ir contra este reconhecimento do outro. Para isso, os professores
devem deixar manifestar a curiosidade, criatividade, espírito crítico, dos alunos e favorecer o seu
potenciar porque caso contrário arriscam-se a enfraquecer para toda a vida, nos alunos, a
capacidade de abertura à mudança e de enfrentar as inevitáveis tensões entre pessoas, grupos e
nações, porque o confronto através do diálogo e da troca de argumentos é um dos instrumentos
indispensáveis à educação do século XXI.
“A participação em projectos comuns”: baseia-se num trabalhar em grupo, projectos
motivadores e diferentes, onde as diferenças e até conflitos inter-pessoais tendem a reduzir-se,
tendendo a desaparecer nalguns casos. Assim, por um lado, promove-se uma nova forma de
identificação que germina destes projectos fazendo com que se ultrapassem as rotinas individuais,
valorizando aquilo que é comum e não as diferenças. Por outro lado, na prática lectiva diária, a
participação de professores e alunos em projectos comuns podem dar origem à aprendizagem de
métodos de resolução de conflitos e constituir referências para a vida futura dos alunos,
enriquecendo a relação professor/alunos.
14
Enquadramento Teórico

No que concerne ao “aprender a ser”, é uma aprendizagem para a qual convergem as


anteriores porque consiste em fornecer às crianças, de forma continuada energias e referências
intelectuais que lhes permitam compreender o mundo que as rodeia e comportar-se nele como
autores responsáveis e justos.
As recomendações do Conselho da Europa (2002) sobre “Educação para a Cidadania
Democrática” indicam claramente que todos os níveis de ensino do sistema educativo devem
contribuir para a implementação desta temática nos programas, seja por meio de uma disciplina
específica, seja de modo transversal ao currículo. Estas mesmas recomendações apelam à
adopção de abordagens multidisciplinares de forma a facilitar a aquisição de conhecimentos,
atitudes e competências necessárias aos indivíduos para viverem harmoniosamente em conjunto,
numa sociedade democrática e multicultural .
Mais recentemente, é ainda de salientar, a Comunicação da mesma Comissão ao Conselho
e ao Parlamento Europeu (2007) sobre como “Melhorar a Qualidade da Formação académica e
profissional dos Docentes”. Tal comunicação refere, no ponto 1.3, que novas exigências se
colocam à profissão docente, devido às mudanças na sociedade e no sector da educação. Por um
lado, releva que os docentes para além de transmitirem conhecimentos de base, são também, cada
vez mais reclamados no sentido de auxiliar os jovens a tornarem-se completamente autónomos
em matéria de aprendizagem, através da aquisição de novas competências-chave que se
substituem à memorização de informações. Por outro, destaca o pedido que é feito, igualmente,
aos professores no sentido de desenvolverem métodos de aprendizagem mais construtivos e mais
centrados na cooperação e esperando-se que, em vez de formadores ex-cathedra, actuem
sobretudo como orientadores e gestores nas salas de aula. E além de considerar que estes novos
papéis pressupõem uma formação académica que abranja uma vasta gama de metodologias e de
estilos de aprendizagem, salienta, também, o facto de as salas de aula apresentarem, actualmente,
uma mistura mais diversa de jovens provenientes de meios sócio culturais diferentes e com
desiguais níveis de capacidade e incapacidade. Exigindo-se, por isso ainda, que os professores
ponham em prática as oportunidades proporcionadas pelas novas tecnologias e que respondam
com a procura de formas de aprendizagem individualizadas. Portanto, estas mudanças exigem
não só que os docentes adquiram novos conhecimentos e competências, mas paralelamente que
os desenvolvam continuadamente. E para dotar o corpo docente das qualificações e das
competências adequadas aos novos papéis que desempenha, são necessárias, conjuntamente, uma
formação inicial de docentes de elevada qualidade e uma trajectória coerente de desenvolvimento
15
Isabel Manso

profissional contínuo, passíveis de manter os professores actualizados no que confere às


competências requeridas numa sociedade construída no conhecimento.
Tal comunicação refere, que neste sentido, cabe aos professores a responsabilidade de
ampliar os limites do seu conhecimento profissional, quer procurando reflectir sobre a sua prática
pedagógica, quer através da investigação, ou ainda através de uma dedicação sistemática num
desenvolvimento profissional contínuo, ao longo da sua carreira, tornando-se, por isso, necessário
que os sistemas de educação e formação de professores proporcionem as oportunidades
necessárias para o efeito.
À luz dos normativos e dos documentos teóricos orientadores analisados poderemos
concluir que, nas últimas décadas, o Sistema Educativo Português, acompanhando uma
orientação mais geral, pelo menos ao nível dos países ocidentais, tem sofrido algumas
transformações com o objectivo de formalizar e definir um conjunto de iniciativas adequadas às
necessidades dos alunos.
Tendo como referência os documentos explicitados, verifica-se a existência de finalidades
comuns:
 Que todos aprendam na prática a construir uma sociedade europeia mais livre, tolerante
e justa, exercendo valores como a responsabilidade, solidariedade, tolerância;
 Que todos reconheçam a educação como um factor essencial ao futuro cuja finalidade
máxima deverá ser a preparação de indivíduos capazes de se adaptarem às transformações,
atribuindo prioridade ao êxito da educação fundamental adaptada às necessidades actuais;
 Que se consiga responder de modo eficiente à diversidade e aos problemas decorrentes
nos contextos escolares;
 Que sejam potenciadas as aprendizagens significativas dos alunos desenvolvendo-se a
sua capacidade de “aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros”;
 Que todos os alunos desenvolvam a capacidade de abertura à mudança, usando a
imaginação e abertura para as questões pertinentes e reais, com que se deparam no dia-a-
dia;
 Que os docentes desenvolvam métodos de aprendizagem mais construtivos e mais
centrados na cooperação.

16
Enquadramento Teórico

1.3 Formação Cívica no contexto escolar


Como já referimos anteriormente, o Decreto-Lei nº 6/2001 que surgiu a 18 de Janeiro, no
âmbito do Ensino Básico veio privilegiar a educação para a cidadania, fazendo-a emergir como
uma formação transdisciplinar, ou seja como área de natureza transversal e integradora: é
transversal no sentido em que atravessa todas as disciplinas e áreas do currículo; é integradora
porque se constitui como um espaço de integração de saberes diversos. Foi também criada uma
área curricular não disciplinar, de frequência obrigatória, denominada como Formação Cívica
sustentada pelas seguintes razões: é uma área curricular porque procura salientar que ela faz parte
integrante do currículo obrigatório para todos os alunos; não é disciplinar no sentido em que não
parte da definição prévia de um programa ou de um conjunto de temas, conhecimentos e métodos
específicos, característicos de uma disciplina ou grupo de disciplinas.
Nesta perspectiva, assume-se a área curricular não disciplinar de Formação Cívica como
um espaço privilegiado para o desenvolver da formação integral da personalidade, e toda uma
gama de habilidades cognitivas e práticas, indispensáveis ao processo de socialização.
Assim, sendo, faz todo o sentido reflectir sobre este processo de socialização. Para
Tedesco (1999) este processo, divide-se, classicamente, em duas fases: a socialização primária e
a secundária. A socialização primária é a fase que o individuo atravessa na infância e mediante a
qual se converte em cidadão, regra geral, feita no seio das famílias. Salientando que esta se
constitui como sendo a mais importante para o indivíduo porque através dela se adquire a
linguagem, os esquemas básicos de interpretação da realidade e os princípios do aparelho
legitimador. Sendo as características mais importantes desta socialização a carga afectiva com
que se transmitem os seus conteúdos, e a identificação absoluta com o mundo, tal como ele é
apresentado pelos adultos. Por sua vez, a socialização secundária é todo o processo posterior, que
incorpora o indivíduo já socializado em vários sectores do mundo materializado pela sua
sociedade.
Segundo este autor, uma das mudanças que actualmente se impõe à escola é precisamente
em relação ao seu carácter socializador. Como a escola tradicional se definia, basicamente, pelo
seu carácter de instituição social secundária, partindo do suposto que a socialização primária já
estava adquirida, isto é, que o núcleo básico da personalidade e da incorporação na sociedade já
estava adquirido, concentrara, por isso, o seu trabalho na preparação, dos indivíduos, para a
integração social, disponibilizando-lhes conhecimentos, informações, valores, atitudes, …cada
vez mais especificados que correspondiam ao desempenho de funções sociais, relativamente,
17
Isabel Manso

estáveis e ordenados hierarquicamente. Porém, este modelo, entrou em crise devido às famílias já
não puderem cumprir com o seu papel de socialização primária ou, pelo menos, da mesma forma
que o faziam dantes. As razões desta realidade devem-se às alterações na composição e
funcionamento das famílias que originou uma substancial redução do número de horas no tempo
real que os adultos passam com os filhos (Tedesco, 1999).
Para este autor, a consequência, desta situação, é os filhos serem levados para outras
instituições (escolas, creches, ATL, clubes, etc.) ou deixados expostos a meios de comunicação
de massas, especialmente, à televisão. Transformando-se esta num meio de socialização
predilecto, pelo facto de a criança estar muitas vezes só em frente ao televisor recebendo, por
isso, todo o tipo de informação sem a ajuda de interpretação dos adultos. A televisão veio, assim,
provocar alterações substanciais: esbater das linhas de separação entre crianças e adultos,
colocando as crianças perante informações adultas e, simultaneamente, infantilizando os adultos,
suprimindo a necessidade de ler e escrever para aprenderem e terem acesso à informação.
Resumindo, e parafraseando o autor, estamos perante um processo mediante, o qual, os
conteúdos da formação cultural básica da socialização primária começam a ser transmitidos com
uma carga afectiva diferente da do antigamente, quer porque o ingresso nas instituições tende a
ser cada vez mais precoce, quer porque, num sentido mais profundo, os adultos perderam a
segurança e a capacidade de definir aquilo que querem oferecer como modelo, às novas gerações.
Perante este quadro, novas exigências se acrescentam à escola. Além de instituição
socializadora secundária terá que passar a ser um complemento da função educativa da família.
De facto a dissociação entre família-escola, faz com que as crianças cheguem à escola com um
núcleo básico de desenvolvimento da personalidade caracterizado, quer pelo enfraquecimento dos
padrões de referência, quer pela existência de padrões de referência que diferem dos que a escola
estabelece e para os quais está preparada. Assim sendo, Tedesco (1999) adverte que a função da
escola, relativamente à formação da personalidade, consiste em definir os quadros de referência
que permitam a cada um escolher e construir a sua ou as suas múltiplas identidades, para que
possa fazer face à grande diversidade de opções que encontra no desenvolvimento dos seus
vínculos sociais.
E como o acto educativo é sempre um processo de renovação e adaptação às
circunstâncias concretas da realidade em que nos encontramos, compete aos agentes educativos
propiciar um clima favorável ao desenvolvimento de valores que permitam, por um lado, o
potenciar do pensamento criativo e criatividade dos alunos, e por outro, desenvolver a formação
integral da personalidade (Tedesco, 1999).
18
Enquadramento Teórico

Para Tedesco (1999) os contextos pedagógicos de hoje caracterizam-se pela


heterogeneidade – ao nível social, económico, cultural, entre outros – exigindo respostas
educativas diversificadas, gestão eficaz e significativa da sala de aula ao nível dos recursos,
estratégias de ensino-aprendizagem distintas e adequadas às necessidades educativas específicas
de cada um dos alunos que os integram. Resumindo, aprender a compreender e a lidar com a
realidade que nos cerca, saber transformar a informação em acção, através do desenvolvimento
da capacidade de reflexão, são os novos caminhos a percorrer na senda da Idade do
Conhecimento. Desde modo, as escolas devem ter a capacidade de preparar os jovens de forma a
dar-lhes as competências-chave para enfrentar esses desafios, contribuindo para a criação de
espaços de debate e de aprendizagens criativas onde o aprender a viver juntos e o aprender a
viver com os outros” sejam um imperativo.
E sendo a Formação Cívica uma área integrante do currículo obrigatório para todos os
alunos, interessa-nos salientar as perspectivas de Savater (1997) e de Pinto (2001) que de alguma
forma se cruzam em relação ao seu conteúdo.
Savater (1997) defende que todo o indivíduo deve ter direito a aceder aos meios que lhe
permitam prover às suas necessidades, assegurar o seu bem-estar, conhecer e exercer os seus
direitos, entender e cumprir os seus deveres, assegurar a facilidade de aperfeiçoamento das suas
habilidades, capacitar-se para as funções sociais a que tem direito de ser chamado e a desenvolver
na sua plenitude os talentos que recebeu da Natureza. Por sua vez, Pinto (2001), defende que se
torna pertinente mudar o ensino reflectindo o mundo no interior de uma sociedade orientada para
o conhecer, inovando, abrindo portas à criatividade, à eticidade e à educabilidade.
Caracterizando-se a criatividade pelo uso real da imaginação do aluno e da sua abertura para as
questões pertinentes e reais, com que se depara no dia-a-dia; a eticidade centra-se na procura do
outro, tendo sempre presente as diferenças sentidas por cada um; e a educabilidade corresponde a
um direito que todos têm.
Com base na interpretação de ambas as perspectivas, poderá dizer-se que a Formação
Cívica é um espaço propício para a reflexão do mundo no interior de uma sociedade orientada
para o conhecer, inovando, abrindo portas à educabilidade, como sendo um direito que todos têm
a aceder aos meios que lhe permitam prover às suas necessidades e desenvolver as suas
potencialidades ou não; à criatividade pelo uso real da imaginação dos alunos e da sua abertura
para as questões pertinentes e reais, com que se deparam no dia-a-dia, desenvolvendo assim, na
sua plenitude, os talentos que receberam da Natureza; à eticidade para se capacitarem para as
19
Isabel Manso

funções sociais a que têm direito de ser chamados, centrando-se na procura do outro, tendo
sempre presente as diferenças de cada um.
Assim, e relembrando as palavras de Pinto (2001), a Formação Cívica pode tornar-se num
espaço privilegiado para que a cultura europeia entre pelas salas de aula e estas se abram à
comunidade diversificada da nossa realidade.
Nesta panorâmica, a escola não pode continuar a olhar para os alunos como sujeitos
passivos; é fundamental estimular iniciativas que promovam a convivência, a responsabilidade, a
tolerância e a solidariedade que, já por si, parecem fomentar um clima de amizade. O projecto a
desenvolver neste âmbito tem de ser adequado a estes desafios e exigências do mundo
contemporâneo, assente noutro tipo de práticas educativas que resultem da relação que cada
indivíduo estabelece com o mundo envolvente e com os outros seres humanos, começando,
efectivamente, pela reflexão do papel do professor.

20
Enquadramento Teórico

1.3.1 Papel do professor


Perante os novos desafios que a sociedade apresenta, a escola terá que apresentar
propostas sólidas quanto às metodologias e estratégias educativas, finalidades e objectivos, que
desenvolve e quanto à diversidade de opções que oferece. Segundo Patrício (1997) os valores são
intrínsecos à educação, pelo que o acto educativo só é concebível se este fizer referência aos
valores. O estudo dos valores a que o professor deve proceder não se pode confinar unicamente à
dimensão teórica dos problemas. A dimensão axiológica culminante do professor deverá ser a
dimensão prática. Isto é, o professor deverá adquirir e capacitar-se de estratégias metodológicas e
organizacionais que lhe permitam pôr em prática uma pedagogia de promoção dos valores. Para
este autor as grandes competências do professor além da do saber; saber-fazer; e saber-ser deve
ser também a do saber-fazer-ser, não numa questão técnica, mas sim, numa questão ética.
Para isso, recorrendo às palavras de Patrício (1997) cabe ao professor assumir um
discurso axiológico-educacional que obedeça, na medida do possível, aos seguintes requisitos:
simplicidade e clareza na sua estruturação e enunciação; objectividade; relação com o trabalho
educativo concreto. Isto é, cabe ao professor assumir novos problemas, requisitos, competências
e conhecimentos ou iniciativas para poder responder a esses desafios. Mas, para isso, precisa de
investigar e actualizar-se para atingir novas competências e conhecimentos, afim de intervir de
forma mais adequada. Deve ter uma atitude de constante humildade, procurando aprender e
ensinar assim como manter uma constante actualização. Isto é, não pode ter uma atitude de
indiferença a nenhum nível, assumindo sempre um interesse por uma renovação permanente.
A tarefa principal do professor parece-nos neste contexto, ser a de ensinar o aluno a
“aprender a aprender”. Isto é, levam o aluno a aprender de forma activa, construindo os seus
próprios saberes. Mas, para isso, é preciso que o professor não dê as respostas antecipadas ao
aluno ajudando-o, sim, a encontrá-las por si próprio. Isto só se consegue ajudando o aluno a
tomar consciência de si como alguém que possui potenciais criativos e atribui um sentido
particular às realidades do dia-a-dia (Fonseca, 2001).
No fundo, é o que Posada (2000) também defende ao salientar a influência que o
professor exerce sobre o aluno. Este tanto o pode ajudar a crescer e a expandir as suas
habilidades, a desempenhar uma influência significativa na manutenção da sua auto-estima e na
construção de seu auto-conceito positivo, como também, ao contrário, o pode prejudicar na
descoberta de si mesmo, das suas habilidades e do seu potencial (Posada, 2000).

21
Isabel Manso

Este ajudar a crescer não é senão a facilitação das aprendizagens, de forma a que os
alunos passem do estatuto de consumidores ao de produtores do saber, partilhando esses próprios
saberes. Esta é a posição também defendida por Santos (2005) salientando que a educação é um
processo de formação permanente e comum, nunca acabado, onde cada um, a seu modo, junto
com os outros, pode aprender e descobrir novas dimensões e possibilidades da realidade na vida.
Neste sentido Santos (2005) com base em Rego e Sousa (1999) salienta alguns dos
comportamentos de cidadania do professor, que contribuem significativamente para a eficácia e
sucesso das comunidades escolares, tais como: ser consciencioso (fazer sempre um pouco mais
do que aquilo que está prescrito nas suas funções); ser altruísta (praticar actos de solidariedade
sem esperar reconhecimento); ser cortês (agir com respeito na relação com os outros); ser
pacificador (moderar conflitos).
Realça, assim, alguns benefícios consequentes destes comportamentos de cidadania do
professor: Fomento da formação cívica dos alunos com vista ao desenvolvimento de adultos
responsáveis e civicamente activos; Contributo para a partilha de saberes e para o trabalho, em
grupo, de docentes; Criação de um clima que contribui para o estreitamento das relações entre
escola-comunidade e instituições.
E além de se considerar importante a promoção de uma cultura de cooperação (diálogo
franco e trabalho de grupo) entre professores, dado que estes tendem a reflecti-la nas
metodologias em contexto de sala de aula (Santos, 2005 com base em Postic, 1992). Esta é
imprescindível ao nível do Conselho de Turma porque a educação para a cidadania é uma
formação transversal e os seus objectivos deveriam ser aqui concertados.

1.3.2 Práticas a privilegiar


Ao estabelecerem-se os princípios orientadores da organização e da gestão curricular do
ensino básico, com o Decreto-Lei nº 6/2001, de 18 de Janeiro no âmbito do Ensino Básico,
preconizaram-se um conjunto de aprendizagens, competências, atitudes e valores a desenvolver
pelos alunos neste nível de ensino, de acordo com os objectivos consagrados na Lei de Bases do
Sistema Educativo.
Sendo a educação para a cidadania uma formação transdisciplinar; deveria ser
desenvolvida através de temas transversais, trabalhados em todas as disciplinas do ensino básico
e aprofundada/concretizada num tempo específico que lhe é atribuído no plano curricular. Cabe,
pois, às escolas e aos professores, responsáveis pela sua implementação, delinear as actividades

22
Enquadramento Teórico

apropriadas, construir aprendizagens significativas, desenvolver competências nos alunos que


lhes permitam ter sentido de responsabilidade, espírito crítico e criativo, gosto pela participação
em comunidade, assumindo o exercício da cidadania como um valor inegável.
Com efeito, a partir da nova concepção curricular do ensino básico, estamos perante uma
política educativa preocupada com a qualidade da escola. Por isso pressupõe-se também que esta
desenvolva condições que favoreçam a melhoria do clima moral da escola e a criação de
programas de educação moral e cívica. Segundo Marques (1998), trata-se de implementar uma
educação que não se preocupe só com o desenvolvimento do raciocínio moral (cognição moral),
mas também com o desenvolvimento da imaginação moral e a procura de condutas morais
respeitadoras dos valores básicos e dos princípios éticos universais. Parece-nos importante
salientar aqui o apelo feito à necessidade de criação nas escolas, de códigos de conduta com base
nos modelos da educação do carácter e da comunidade justa de inspiração Kohlbergiana.
O código de conduta, na perspectiva da educação do carácter, é o principal instrumento
para a transmissão dos valores, embora seja necessário recorrer a outros instrumentos, como a
discussão de dilemas morais, a leitura e discussão das grandes narrativas morais e contacto com
pessoas moralmente educadas. Estes podem ser utilizados em qualquer disciplina do currículo,
embora com principal destaque para a História e Línguas. Tanto o modelo comunidade justa
como o da educação do carácter defendem que o desenvolvimento moral e a educação cívica
dependem essencialmente do clima moral da escola e da criação de um programa específico
sobre ética ou sobre educação pessoal e social (Marques, 1998). A diferença entre estes dois
modelos está precisamente na questão do código de conduta. Enquanto que para o primeiro o
código de conduta é o instrumento essencial para a criação de um clima moral de escola, para o
segundo, o código de conduta é-o por isso, o produto de uma discussão livre e da negociação
entre todos os actores da comunidade educativa.
Ambos, defendem, contudo, que o quadro normativo deve estar directamente relacionado
com o projecto educativo da escola e ser do conhecimento de todos os seus actores, no sistema
público da educação, respeitando os princípios constitucionais e os valores realçados na LBSE
(Marques, 1998). Porque é nos limites do respeito por tais valores básicos (liberdade,
responsabilidade, participação, solidariedade e respeito pelos outros) que se torna possível e
desejável uma certa variedade de códigos de conduta, tendo em consideração os diferentes
projectos educativos das escolas e a sensibilidade das comunidades em que as escolas se inserem
(Marques, 1998).
23
Isabel Manso

O modelo da comunidade justa realça que o relativismo cultural é diferente de relativismo


ético. Pode-se ser relativista cultural sem se ser relativista ético. Tanto o respeito como a defesa
do pluralismo cultural são em si mesmos valores a prezar numa sociedade dita democrática.
Contudo, para o pluralismo cultural existem limites de índole moral, quando se trata por exemplo
de aceitar situações de crueldade, masoquismo, superioridade racial…A defesa do pluralismo
cultural não significa a indiferença/neutralidade da escola face a todas práticas culturais. Estas
não têm defesa possível quando colidem com os princípios éticos universais (Marques, 1998). O
facto de se confundir, hoje em dia, relativismo ético e relativismo cultural radia sobretudo na
ausência de códigos de conduta nas escolas públicas (Marques, 1998).
Mas, então, que práticas educativas desenvolver no âmbito da Formação Cívica?
Nesta linha de ideias, as práticas de Formação Cívica só farão sentido se forem orientadas
para a formação integral da personalidade, de forma a fixarem-se os pontos de referência que
permitam a cada aluno escolher e construir a sua identidade. O mais importante nesta questão é a
escola saber “definir como promover nos alunos, o desejo do saber, face à sobreinformação
circulante, e como constituir os quadros de referência para o processamento da informação
disponível” (Tedesco, 1999, p. 119).
Tedesco (1999) alerta-nos para o facto de a escolha ser uma conduta que surge cada vez
mais cedo no processo de formação da personalidade e, como tal, aponta-nos alguns processos
para desenvolver essa capacidade de escolha nos alunos, tais como: o trabalho em equipa, a
solidariedade activa entre os elementos do grupo e o desenvolvimento da capacidade de escutar,
de decidir, entre outras. Mas decidir implica, contudo, um elevado grau de responsabilidade
individual ou grupal, de tolerância e de solidariedade. Estas são, portanto, temáticas, que se
constituem como temas centrais nas reflexões sobre o futuro.
Nas palavras de Tedesco (1999), “a mudança mais importante que as novas exigências
trouxeram à educação, é a de ela incorporar, de forma sistemática, a tarefa da formação da
personalidade” (p.116) dado que, quer o desempenho produtivo, quer o desempenho da cidadania
requerem o desenvolvimento de uma série de competências, tais como: pensamento sistémico,
solidariedade, criatividade, capacidade de resolver problemas, capacidade de trabalhar em equipa,
etc., que não se formam espontaneamente, nem através da mera aquisição de informações ou
conhecimentos, logo a escola e as formas institucionalizadas de educação deveriam formar não só
o centro básico do desenvolvimento cognitivo, mas também o centro básico da personalidade.
Concordante com Marques (1998), Franco (2000) também apela a uma necessidade da
escola começar por reavaliar as suas práticas e reformular a sua estrutura de modo a proporcionar
24
Enquadramento Teórico

práticas pedagógicas que privilegiem a comunicação, as relações interpessoais, as actividades


cooperativas e uma vivência compatível com os princípios éticos universais. São os valores,
como a justiça, a honestidade, a solidariedade, a responsabilidade, a tolerância, a amizade, o valor
da vida e o respeito mútuo que promovem o desenvolvimento cognitivo, social e moral dos
discentes.
Na sequência, indicamos actividades a privilegiar em contexto de sala de aula, no espaço
mais global da escola e no âmbito comunitário. Pretendemos, com isto, constituir a plataforma de
um plano de acção no domínio da área curricular não disciplinar de Formação Cívica.

Sala de Aula e Escola


A metodologia adoptada no espaço aula deve incentivar a pesquisa e o recurso a técnicas
de trabalho em grupo. Serrano (1997) e Carreras, L; Eijo, P.; Estany, A.; Gómez, Mª. T.; Guich,
R.; Ojeda, V.; Planas, T.; Derrats Mª. G. (2002) entre outros, propõem, algumas técnicas de
trabalho de grupo a nível do docente/discente para que os alunos possam construir determinadas
competências necessárias ao exercício da Cidadania Democrática.
Neste sentido passamos a apresentar o quadro que se segue:

Quadro I
Técnicas Explicação Competências
Dilema: Apresentação de uma situação e sugestão de dois ou mais Autonomia; Capacidade
caminhos para chegar a uma resolução. de juízo e decisão.
Diálogos Baseiam-se numa série de itens que, perante um tema ou Fazer pensar os alunos
clarificado questão determinada, os alunos, são levados a pensar e a e desencadear a auto-
res: desencadear a auto-reflexão. reflexão.
Simpósio Desenvolver um tema ou expor uma opinião por um grupo Capacidade de
reduzido de alunos que o prepararam com antecedência, em argumentação.
que cada um deles se encarrega por um determinado tema.
Painel Debater de forma informal. Existe um moderador que se Capacidade de síntese;
limita a apresentar o tema e a resumir as conclusões. dar opinião.
Debate Os alunos preparam-se relativamente a um tema e Dar opinião;
apresentam duas opiniões diferentes e maioritárias dentro Capacidade de
do grupo. Perante a assembleia apresentam razões para argumentação e
fazer prevalecer a sua opinião, convencendo os outros. confrontação;
Capacidade de
persuasão.
Philips 66 Divide-se a turma em grupos de 6 alunos que durante 6 Capacidade de
minutos resolvem ou debatem uma questão. Cada grupo argumentação;
deve escolher um secretário para resumir as conclusões. De Capacidade de juízo e
25
Isabel Manso

tal maneira que num curto espaço de tempo todos podem decisão.
falar de forma representativa.
Seminário Em grupos de 10 ou 12 pessoas discute-se um problema Autonomia;
que interessa a todos. Existe um moderador ou presidente Capacidade para
para dar a palavra a cada um dos intervenientes. Um relator respeitar as ideias e
ou secretário tomará notas para poder, no final lê-las ao opiniões dos
resto da turma. outros (tolerância).
Chuva de Apresentação de várias ideias ou temas, sobre as quais cada Autonomia;Capacidade
ideias aluno pode expressar a sua opinião. para respeitar as ideias
e opiniões dos outros
(tolerância).
Role- Representação de situações. Repartem-se os diferentes Colocar-se no lugar do
playing papéis pelos alunos, segundo as situações ou atitudes que outro; Empatia.
mais interessam à turma.
Sessão de Técnica utilizada no mundo da justiça. Consiste em Capacidade de juízo e
tribunal reproduzir um juízo com todas as possibilidades que este decisão.
oferece e assim resolver um tema ou uma opinião da
actualidade dentro da turma.
Entrevista Um aluno em nome dos outros faz uma entrevista a outro Empatia;
colega, professor, … depois expõe o resumo da entrevista Conhecer as opiniões e
aos outros elementos da turma. percepções dos outros;
Capacidade de
interpretação.
Fórum Faz-se como técnica complementar de outras. Existe um Autonomia;
moderador que vai dando a palavra aos demais Capacidade de
intervenientes. É muito interessante para se chegar a um argumentação;
consenso comum. Respeito pelas ideias
dos outros.
Fonte: Baseado em Serrano ( 1997)

Apresentamos de seguida, actividades que são convidativas e motivadoras, como a


análise de casos ou histórias reais, o conto, produção de textos dramáticos, construção de cenários
e que podem ser utilizadas de modo a tornar as aulas apelativas e a manter o interesse dos alunos
pela escola e pelo trabalho escolar.
Quadro II
Actividades Procedimentos
1-Na primeira fase o professor explica que, durante duas semanas, cada aluno, vai ser
amigo/amiga desconhecido(a) de um colega. Durante este tempo deve manter em
segredo de que colega se trata; ao mesmo tempo, deve estar atento às suas qualidades,
aos seus gostos, às coisas que faz bem durante o dia, etc. Durante duas semanas
deverá enviar mensagens a este amigo oculto, registando o que vai descobrindo;
“O
deixando também algumas pistas que ajudam o amigo oculto a descobrir quem é o
amigo oculto” emissor.
2-Decorridas as duas semanas, dedica-se uma aula na qual todos se reúnem em grande
grupo e cada um vai decidindo quem crê que é o seu amigo oculto. Se não é quem ele
26
Enquadramento Teórico

crê tornará a tentar com outra pessoa até que saiba de quem se trata. Posteriormente,
comentam como se sentiram recebendo e enviando mensagens secretas sobre os
aspectos positivos a um dos seus colegas, como se sentiram sendo amigos
desconhecidos de outra pessoa e também se lhes foi difícil descobrir quem era o seu
amigo oculto (anexos em CD - subsecção 2, da Secção C – Vol. I).
1-Numa primeira fase formam-se 4 grupos e fornece-se a cada um uma fotocópia do
conto (anexo 1) ou outro. Pede-se que o leiam e analisem as atitudes das personagens.
O secretário tomará nota das conclusões.
2-Seguidamente pede-se aos vários grupos para realizarem 4 representações, em que:
-Um grupo representará fielmente o conto.
“Uma Fada do
-Outro grupo fará uma representação introduzindo no conto uma nova
século XXI” personagem.
-O terceiro grupo, representará de modo a alterar a atitude da protagonista.
-O último, pode representar a história recriando um final totalmente diferente.
-Estas representações levam o seu tempo a preparar, de modo que deve-se dar
o tempo necessário aos alunos. No final, faz-se uma crítica, reflexão aberta a
cada uma das representações, e ao que cada um sentiu como actor.
“Títulos Esta actividade pode ocupar duas ou mais sessões.
1-No final de uma sessão qualquer pede-se aos alunos que tragam para a aula de
divertidos”
Formação Cívica, um jornal ou revista, se possível o mais actualizado(a), tesouras,
cola, papel cavalinho de tamanho A3 ou cartolinas. Alguns podem ser fornecidos pelo
professor.
2-Na sessão seguinte divide-se a turma em grupos consoante as diferentes secções do
jornal ou revista (desporto, notícias, economia, moda etc.).
- De seguida e de acordo com os alunos, faz-se o sorteio das várias secções, fazendo
corresponder a cada secção uma cor. Os alunos não podem saber da combinação feita
(cor-secção).
- O porta-voz de cada grupo escolhe um cartão colorido, e ao desdobrá-lo poderá ler
em voz alta a secção nele inscrita.
- Cada grupo terá a missão de criar um título divertido com pelo menos 4 palavras que
se relacionem com a sua secção, tendo como recurso o recorte e colagem de palavras
retiradas da secção que lhes fora sorteada. Só se poderão misturar palavras não letras
soltas. Os tipos de letras poderão ser diferentes.
- Reúnem-se todos os títulos de modo a formar um novo jornal ou revista.
3-Numa terceira sessão, tomam-se os títulos da actividade anterior e repartem-se de
forma que não calhe a nenhum grupo o seu próprio título.
- A partir daqui e seguindo a mesma dinâmica anterior, os grupos dispõem de 30
minutos para dar corpo à nova secção, segundo o título que lhe fora sorteado.
Escrevê- lo-ão de forma cómica, podendo adicionar imagens ou desenhos.
-Finalmente, cada porta-voz lê a sua secção e coloca-a no placar da sala de aula.
“Resolução de 1-Divide-se a turma em grupos de 3 ou 4.
a) Distribui-se a cada grupo uma tira de papel (anexo 2) onde está (ão) escrita(s)
problemas”
a(s) problemática(s) de um aluno, mais ou menos da sua idade e uma folha de
tamanho A4, com orientações que ajudarão o grupo a tomar uma decisão, onde
posteriormente procederão ao seu registo (anexo 3).
b) Cada grupo terá que a expor e procurar as possíveis soluções, os restantes
grupos podem acrescentar alguma sugestão;
c) O professor comentará como, possivelmente, alguns colegas da turma possam
ter problemas semelhantes, procurando ajudá-los;
Fonte: Baseado em Carreras et al (2002).

27
Isabel Manso

As técnicas e actividades referidas poderão entre outras, centrar-se sobre os seguintes


temas:
Documentos como a Constituição da República Portuguesa; a Declaração Universal dos
Direitos do Homem (Por exemplo, comentar artigos da referida Declaração: “todos os seres
humanos nascem livres”: no nosso dia-a-dia há algo que nos restrinja a liberdade? Restringimos
a dos outros? Na nossa sociedade há individualismo ou espírito de cooperação? Na nossa
sociedade há tolerância? O que é a tolerância? Quais os limites da tolerância? ou a Declaração
dos Direitos da Criança; Assuntos relacionados com a actualidade, Educação para a Tolerância,
Solidariedade, Responsabilidade, Amizade …

Para além das actividades referidas, é também fundamental discutir e encontrar formas de
intervenção na resolução de conflitos, promovendo a participação democrática dos alunos porque
é passando por experiências onde podem exercer direitos e responsabilidades que os alunos
compreendem o sentido da democracia não esquecendo que a escola é também uma democracia,
embora, em miniatura.
Neste sentido e no que diz respeito à resolução de conflitos ou situações diversas que se nos
apresentem na vida quotidiana, Branco (2007), apresenta como estratégia para a negociação dos
diferentes pontos de vista, a criação de um clima de entreajuda com base na procura do bem
comum e no respeito pela individualidade. Este clima consegue-se através dos conselhos de
cooperação educativa, propostos por Pires (2004), no espaço semanal dedicado à Formação
Cívica, no Ensino Básico, substituindo-se a Assembleia de Turma, pelos Conselhos de
Cooperação Educativa, onde se procuram solucionar determinados problemas vividos pela turma.
Esta estratégia tem como objectivo alcançar não apenas uma decisão que expresse a opinião da
maioria, mas obtida através de consensos na tomada de decisões, respeitando no fundo, os
princípios da participação generativa, contribuindo assim, para a construção de uma
personalidade democrática ou carácter deliberativo. Assim, Pires, sugere como exemplo: a
criação de um Diário de Turma, onde são registadas as diversas ocorrências ou vivências dos
alunos, na turma, em três colunas: o que Gostei; o que Não Gostei; o que Proponho;
seguidamente é organizado o Conselho de Cooperação Educativa, no qual um dos alunos
desempenha a função de Director dos Trabalhos, ficando com a responsabilidade ou tarefa de
registar as inscrições e dar a palavra, apontando de seguida a decisão tomada; outro aluno lê os
registos inscritos no Diário de Turma organizando-os por ocorrências. Após a leitura de cada
registo é concedida a palavra ao autor, seguindo-se a intervenção dos outros elementos da turma e
28
Enquadramento Teórico

do professor. A discussão é orientada no sentido da busca de soluções consensuais, que


contemplem as várias perspectivas expressas, tanto quanto possível traduzidas em regras.
Existem, pois, na escola, muitas oportunidades para se participar activamente e de forma
responsável. Vejamos alguns exemplos de actividades a desenvolver no espaço de sala de aula:
-Conselhos de Cooperação Educativa - o Diário da Turma (registar as vivências positivas e
negativas e sugerir propostas para as que não correram bem); o boletim informativo da turma...
como por exemplo “A nossa escola” ou “ A escola e a comunidade”….
- Debate sobre a importância de um Regulamento Interno;
- Elaboração de normas para melhorar o funcionamento das aulas;
- Eleição do delegado de turma (após debate sobre o respectivo perfil);
- Eleição da Associação de Estudantes (presença do Presidente da Associação do ano anterior
para salientar o papel da associação de estudantes na escola);
- Dar ideias para o Plano Anual de Actividades como por exemplo projectos que se possam
desenvolver na escola (Clubes); O Dia da Turma X , em que se combina uma data diferente para
cada uma das turmas para a realização de um Almoço Convívio (Professores, Pais e Alunos);
- Representação e participação dos alunos na assembleia de escola;
-Resolução de problemas da vida escolar, por exemplo, o funcionamento do refeitório (em
pequenos grupos preparar a argumentação a utilizar para alterar a situação e apresentar um
relatório ao Conselho Executivo).

Ligação Escola-Comunidade
A implementação de actividades de ligação da escola à comunidade é também, no nosso
entender, um meio de tornar as aprendizagens mais significativas para os alunos. É, pois,
fundamental, o contacto com diferentes contextos, de modo a proporcionar o desempenho de
diferentes papéis sociais nos dias de hoje e a facilitar a sua integração em espaços de participação
cívica, pois, é essencial, que o aluno se afirme como cidadão não só na escola mas também fora
dela. Como já foi referido anteriormente, o principal objectivo da educação para a cidadania é
proporcionar a aquisição de competências básicas conducentes ao desenvolvimento cognitivo,
social e moral dos seus discentes e que propiciem a inserção responsável e o gosto de estar na
escola.
Acrescente-se ainda que a prática de actividades artísticas, nomeadamente as teatrais,
“…são, desde há muito, portadoras de potencialidades interdisciplinares, mobilizadoras dos
29
Isabel Manso

mais diversos conhecimentos e competências” (Nóvoa citado por Amorim, 1995, p. 45). No
contexto escolar, o desenvolvimento destas práticas educativas vai permitir enfraquecer muros
que isolam a escola das comunidades, o intercâmbio de experiências e trazer para as escolas os
diversos olhares e sensibilidades que atravessam a sociedade (Amorim, 1995).
As práticas na Formação Cívica implicam, pois, algumas actividades a nível comunitário,
potenciando o desenvolvimento de competências sociais e comunicacionais:
- Convite a especialistas para tratamento de temáticas;
- Elaboração de entrevistas a vários membros da comunidade no sentido de ficarem a conhecer
melhor as suas funções e funcionamento do local onde passam uma grande parte do tempo da
suas vidas;
- Visionamento de peças de teatro;
- Colaboração em campanhas de solidariedade;
- Sessões de esclarecimento com encarregados de educação.

30
Enquadramento Teórico

CAPÍTULO II – CRIATIVIDADE – Enquadramento Geral

“ A finalidade do ensino criativo não é a de produzir soluções


criativas, mas sim a de dar energia e manter os esforços criativos
dos alunos, removendo obstáculos e criando incentivos”
(Cropley, 1992)

2.1 Conceito de Criatividade


Apesar da criatividade ser um conceito vago, pouco objectivo e, por vezes associado às
expressões, pesquisa científica ou criação tecnológica, é considerada por autores que
investigaram sobre esta temática, desde Kant a Butler, de Pieron a Trousseau e Valéry a Carl
Rogers, entre muitos outros, como sendo um construto inerente a todo o ser humano. Em relação
à origem do termo criatividade ou criação, ambos os termos provêm do verbo “criar”, da
capacidade que se tem em dar vida a alguma coisa, de tirar alguma coisa do nada, de estabelecer
relações entre as coisas, até aí não encontradas, de inventar, de descobrir algo de novo, de inovar
(Fonseca 1990).
A conferência intitulada Creativity, proferida em 1950 por J. P. Guilford, então presidente
da American Psychological Association, traduziu-se num dos principais impulsos para o provocar
de inúmeras experiências em torno desta temática, principalmente nos EUA (Gomes, 1975).
Entre estes destacam-se pela sua importância, trabalhos desenvolvidos por E. P. Torrance, na
década de 1960, centrados na identificação e prognóstico do potencial criativo entre os
indivíduos. Mais tarde, em 1974, procurara englobar todo o fenómeno criativo como sendo tudo
aquilo que gira à volta da descoberta de um problema até à apresentação dos resultados (Martins,
2000).
Embora J. P. Guilford, referido por Gomes (1975), a exemplo de outros estudiosos, já
defendesse a existência de um pensamento convergente, em contraposição a um pensamento
divergente, conjunto de operações mentais, ou pensamento que sai à procura, muda de rotas e
produz respostas múltiplas, é Rogers (1964) que vem dar uma visão mais abrangente a esta
matéria, ao assumir o potencial criador como um meio vital para sua auto-actualização enquanto
permanente tendência à auto-realização do indivíduo ou, nos termos próprios deste autor, um
processo inerente à natureza humana (Rogers, 2005). Esta sua posição essencialista de auto-
actualização encontrar-se-ia presente naqueles que tendem a procurar “desenvolver-se acima do
grau de suficiência, convictos da possibilidade de um crescimento contínuo em suas vidas”

31
Isabel Manso

(Rogers, 2005, p. 55). Por conseguinte, a criatividade é, para este autor, a tendência que os
indivíduos têm para exprimir e estimular todas as capacidades do organismo, na medida em que
esta estimulação reforça uma integração mais íntima com o eu, com a vida e com o mundo. Está a
falar-se da criatividade ao nível do pensamento do indivíduo criador que passa pela sua
necessidade de actualização e aperfeiçoamento.
Segundo Pinto (2001), existem variadas perspectivas acerca de quais as variáveis que
levam à produção de criatividade. Cita autores como Guilford (1962), já mencionado atrás, que
sustentam que esta passa pela capacidade de fazer descobertas através do ”pensar divergente”,
caracterizado pela variedade de soluções para responder a um mesmo problema. Noutra
perspectiva, cita autores como Steinberg (1976) e Rogers (1961), que associam a capacidade
criativa ao estilo pessoal de cada um, dando maior relevo às formas de aprender, às qualidades do
carácter e à motivação. Uma outra abordagem, que difere das atrás referidas, considera que a
criatividade está, ou não, associada à inteligência. Existem duas perspectivas: uma defende que a
criatividade não está associada à inteligência e a outra entende que a capacidade criativa é uma
dimensão da inteligência geral. Pinto sublinha, ainda, com base em Bruner (1963) e Guilford
(1967) as formas do pensamento criativo caracterizadas pela fluidez das ideias, flexibilidade e
originalidade. Para uma melhor compreensão do significado de cada um destes componentes
apoiamo-nos em Gomes (1975) que com base em Guilford (1952) os enumera entre outros,
explicando em que consistem:
sensibilidade aos problemas que se traduz pela inteligência de questionar o óbvio;
fluência ou imaginação como sendo a facilidade de se produzir pensamento divergente;
flexibilidade pessoal, que é a capacidade de multiplicar diferentes categorias de
respostas e estar sempre aberto a todas as experiências e atento às ambiguidades;
originalidade, como sendo a habilidade para produzir respostas incomuns, infrequentes,
originais e de ter iniciativa;
análise e síntese como capacidades mentais, em que a primeira permite dividir as ideias e
a segunda permite organizá-las;
penetração, como sendo a capacidade de prever as consequências, reconhecimento de
erros e deficiências e captação de sinais antes, mesmo, deles serem emitidos.
Assim sendo, Pinto (2001), prefere acreditar que criatividade e inteligência estão inter-
ligadas, sugerindo que a inteligência potencia a criatividade, embora esse grau de potenciação
esteja dependente de vários factores tais como: a motivação, a emoção, a personalidade…. Cabe,
assim, à escola o papel de criar as condições para potenciar quer a criatividade quer a
32
Enquadramento Teórico

inteligência. Todos os alunos são inteligentes e criativos, uns mais e outros menos, o que
interessa e compete aos professores é saber quais são os tipos de inteligência que cada aluno
possui, para os poder orientar, estimular e motivar, ensinando-lhes métodos de estudo e de
trabalho de acordo com os interesses e potenciais, para que cada aluno se possa manifestar
através da sua criatividade.
Aguilar (2006) define criatividade como sendo a forma com que o indivíduo faz face ao
imprevisto. Socorrendo-se de capacidades intelectuais, emocionais, espirituais, corporais,
imaginativas, etc., faz cada vez mais e melhor, transcendendo-se, e procurando os meios que lhe
permitem pôr o seu talento em prática, está aberto(a) a ideias novas, é flexível, questiona e questiona-
se ... ;
De Bono (2005), um dos líderes do movimento do pensamento criativo, diz que para se
resolver problemas é necessária uma visão fresca, uma visão desviada do pensamento lógico. É o
que ele chama de "pensamento lateral", mais intuitivo e menos lógico. Caracteriza o
"pensamento lateral", como um "outro tipo de pensamento", uma outra forma de pensar e de
agir, não linear, não sequencial ou lógica; procurar " lateralmente”, a solução do problema, como
se o procurássemos por uma estrada paralela, através de outra visão. Seria tentar encontrar
através de outras abordagens, alternativas diferentes.
No fundo, a criatividade é tudo aquilo que o indivíduo necessita para fazer face às questões,
problemas ou dificuldades, com que se depara no dia-a-dia, não sendo parte delas mais do que
situações imprevisíveis. E para conseguir resolver tais situações precisa reunir os instrumentos de
apoio que são a sua capacidade intelectual e motivação intrínseca que, por sua vez , o ajudam a
descobrir os meios que lhe permitem pôr o seu talento em prática e a procurar outras formas ou
percursos diferentes para resolver um mesmo problema ou uma dada situação.
Segundo Papalia, Olds e Fedman (2001) não existe uma fronteira exacta entre criativo e
não criativo, entre sobredotado e não sobredotado e talentoso e não talentoso. Todas as crianças
beneficiam do facto de serem encorajadas nas suas áreas de interesse e capacidade. A promoção
de inteligência, criatividade e talento nas crianças pode ajudar todas elas a realizar ao máximo o
seu potencial.
Gardner estabelece uma semelhança entre inteligência e talento, usando-os quase
indistintamente. O talento transforma-se em “competências”, através do treino e da prática,
revelando-se muitas vezes num “momento cristalizador” em que o indivíduo descobre uma
capacidade inesperada.
33
Isabel Manso

Contudo, Gardner salienta que as crianças tendem a desenvolver as competências que a


família e a cultura valorizam e encorajam, sendo pouco provável que as crianças desenvolvam
competências que estejam fora do seu contexto social (Sherer, 1985 referido por Papalia et al.
2001). Este investigador não usa testes de QI, prefere fazer uma avaliação de cada inteligência
pelos seus produtos, como por exemplo como uma criança conta uma história, recorda uma
melodia ou como se desenvencilha numa tarefa não familiar. Em vez de se comparar crianças, a
avaliação baseia-se numa observação extensiva para detectar áreas fortes e áreas fracas com o
objectivo de orientar o seu desenvolvimento (Sherer, 1985 referido por Papalia et al. 2001).
Poderá, então, dizer-se que o grau de criatividade, varia conforme as áreas fortes ou fracas
do individuo. Isto é, quanto maior for o grau de domínio de uma determinada matéria, maior será
a criatividade do individuo.
Os estudos de Prado (1998), sobre esta temática, vem de alguma forma reforçar esta ideia,
ao referir que “... todo acto criativo, toda nova ideia somente acontecia quando a actividade
envolvida era prazerosa”. (p.13). O autor concebe, deste modo, a criatividade como uma
consequência resultante do alto nível de prazer, atingido pelo indivíduo, numa determinada
actividade. Salienta que para se gerar algo novo, o nosso cérebro necessita de uma base de dados
e do respectivo domínio sobre ela. Acrescenta, ainda, que este domínio só se adquire através de
várias e constantes aprendizagens, aprendizagens estas que estão ligadas ao prazer por essa
actividade.
Reforça que é preciso dominar o assunto em questão para que se possa ter uma visão
abrangente de modo a poder divagar, discernir e que dessa divagação e discernimento nasça algo
de novo. Isto é, quanto maior for o domínio sobre um determinado assunto, maiores são as
possibilidades de se obter uma nova conexão de ideias, aquela percepção fora do comum que
caracteriza uma criação. Além disso, considera que a intuição é fundamental para a criatividade.
Patrício (2001) assim o julga, ao dizer que “é mais seguro acreditar no instinto profundo das
pessoas do que no frágil iluminismo voluntarista dos aprendizes de feiticeiro, condenados a
nunca aprender porque acham que sabem o que em absoluto ignoram” (p.241).
O Homem é em si um produto criativo, concebido para criar. A nossa realidade sofre
alterações cada vez mais constantes, evolui assim como a própria humanidade. O inovar não é
mais do que uma percepção mais fina da novidade devido a mudanças neuro-fisiológicas do
nosso cérebro (Santos, 2006). Assim, deve-se levar em conta não somente os componentes
conscientes, mas também, o nível de motivações inconscientes e conscientes. A criatividade não
é um atributo peculiar de poucos indivíduos excepcionais; está presente em todos. O que os
34
Enquadramento Teórico

distingue é o grau de intensidade com que a manifestam. Por fazer parte de todo o ser humano, a
criatividade necessita ser individualizada e incentivada. Também concordante com esta ideia,
Rapazote (2001) defende que todos os indivíduos são criativos ou à partida potenciais criativos.
O que se torna, ou não, responsável pelo desenvolvimento desse potencial será a educação.
Neste sentido o Homem, “ser criativo”, surge como o elemento central de todo o
processo, quer pelas suas potencialidades em captar estímulos diversos e transformá-los com
novas ideias, quer pela sua capacidade de produzir e processar informação, apresentando-a com
impressões ou características pessoais. Esta ideia de criatividade, como o diz Pinto (2001),
implicou ao longo dos tempos inovação e por consequência desenvolvimento, resultante de uma
correlação Homem-Meio-Mundo, ou seja, envolvendo múltiplos factores em exigentes
interacções: biológicos, psicológicos e sócio-culturais (Morais, 2001).
Zorzal e Basso (2001) entendem criatividade, como sendo a capacidade humana para
organizar e reorganizar a sua própria realidade, objectiva e subjectiva, inextrincavelmente, a
partir do confronto e conjugação de saberes adquiridos. Segundo as investigações que realizaram,
chegaram à conclusão de que esta ideia de criatividade decorre da forma como o indivíduo encara
o trabalho enquanto actividade transformadora fundamental para a espécie humana. Actividade
esta que solidifica toda a história do seu próprio desenvolvimento, partindo da premissa de que a
criatividade é uma capacidade ontologicamente inerente ao ser humano, fundamental ao seu
constante processo de reafirmação e, por conseguinte, ainda que possa manifestar-se
singularmente, dada a riqueza de diversidade existente entre os indivíduos nas suas relações com
a realidade esta permeia todos os indivíduos da mesma espécie.
Para Macintyre (2002), a criatividade manifesta-se, também, fora da produção de uma
obra de arte ou de uma invenção científica, uma vez que criativo é todo o pensamento e toda a
acção que sublimam a pessoa, afastando-a dos instintos obsoletos e tornando-a mais humana.
Esta autora salienta, ainda, com base em D’Acquino (1984) que as relações interpessoais podem
fomentar ou retrair a criatividade. Neste sentido, parece-nos importante referir Rogers (1980) e
Posada (2000). O primeiro, porque defende a importância da mediação do grupo como sendo
decisiva no acto criador. As criações dos indivíduos a fim de que sejam plenamente desejadas e
assumidas, não têm somente necessidade de ajuda moderada e de aprovação do professor mas
implicam a intervenção do grupo. Com efeito, o sentido do belo forma-se por mudanças e apreciações
recíprocas. O que o indivíduo criou: escreveu, recitou, desenhou, pintou…. deve ser comunicado e
apreciado pelos outros. O gosto forma-se e afina-se por confrontações e permutas constantes. O
35
Isabel Manso

segundo, porque salienta que o gosto pelas actividades dependem da estima e do conceito que o
aluno tem de si próprio contribuindo, assim, no nosso parecer, para o fomentar ou retrair da
criatividade.
Para Carreras et al. (2002), a criatividade é um potencial que todo o ser humano possui e
que o adulto deve saber valorizar e estimular tanto para descobri-la como para potenciá-la,
enquanto o dom mais apreciado. E esta revela-se, sobretudo, na capacidade que os alunos têm em
assimilar a educação, não esquecendo que os professores, por melhores que sejam, só conseguem
ensinar, sendo os alunos que realizam sempre o acto genial de aprender ( Savater, 1997).
Daí a criatividade ser considerada como um termo que se tornou cada vez mais popular e
abrangente. E é, sem dúvida, a par da lucidez e da autonomia, um dos aspectos mais preciosos de
uma pedagogia, centrada no desenvolvimento pessoal e social do indivíduo, pelo que é, cada vez mais
considerada como um valor positivo em si mesmo. No contexto pedagógico, o trabalho de grupo
promove e desenvolve a criatividade e esta, por seu turno, desenvolve-se mais em grupo do que
individualmente, já que, as relações interpessoais no grupo são mais importantes do que os produtos
finais, ainda que a aceitação das tarefas e das ideias, dependam da capacidade criadora de quem, no
grupo, as propõe (Aguilar, 2000).
Fonseca (1990), entre outros advoga que permitir aos alunos uma construção de uma
identidade própria do grupo, é em si mesmo, um fenómeno criativo. Tal poderá acontecer com
uma turma a partir do momento em que as partes se percebam a si mesmas como uma unidade,
deixando de ser uma simples soma de elementos isolados.
Gardner (2000) reforça esta ideia ao dizer que os indivíduos criativos não parecem ter à sua
disposição operações mentais unicamente suas, eles utilizam processos cognitivos de outras pessoas,
embora, de forma mais eficiente e flexível. Isto é, dedicam-se profundamente ao trabalho,
apaixonando-se pelo que fazem, manifestam uma necessidade de fazer alguma coisa nova e sabem
perfeitamente quais são os seus propósitos e objectivos fundamentais, são extremamente reflexivos
quer em relação às suas actividades e gerência do tempo, quer na qualidade dos seus produtos. Por
isso admite que é erróneo concluir que o conhecimento necessário para concretizar uma tarefa resida,
inteiramente, na mente de um único indivíduo. Este conhecimento pode estar distribuído, isto é, o
bom desempenho numa tarefa depende de uma equipa de indivíduos, em que nenhum possui uma
total perícia necessária, mas em que todos, trabalhando juntos, são capazes de realizar a tarefa de uma
maneira confiável.
Conclui-se, portanto, que uma pedagogia centrada no aprender a viver juntos, aprender a
viver com os outros, respeitando o estilo particular de cada um, dando ênfase às suas formas de
36
Enquadramento Teórico

aprender, às qualidades do seu carácter e às suas predisposições motivacionais, espírito de


abertura, sensibilidade ao meio, aos outros e a si próprio privilegia, naturalmente, a criatividade e a
espontaneidade, como elementos importantes e decisivos para as aprendizagens conducentes ao
desenvolvimento da formação integral da personalidade.

2.2 Traços de uma personalidade criadora


O comportamento criativo pode definir-se como uma reacção produzida intencionalmente por
uma pessoa que se exprime espontaneamente ou em resposta aos estímulos exteriores, reorganizando
os dados de forma pessoal e libertando-se das normas estabelecidas.
Vejamos como alguns autores estabelecem alguns traços de uma personalidade criadora.
Segundo Aguilar (2005), a Psicanálise considera que o poder criador é composto por três
elementos: um forte impulso que procura satisfazer-se no bem-estar; um descontentamento que
impede a satisfação pelos meios habituais; um certo grau de controlo de si próprio ou uma
disciplina que impede o impulso de descontentamento de desaguar em comportamentos
destrutivos. Assim, se a motivação para o prazer é muito fraca, o esforço fica-se pela resignação,
mas se é a disciplina que é fraca, transforma-se em revolta, agressividade e em rebeldia
anárquica. Outra ideia veiculada pela Psicanálise é a de que o acto criador não procede do eu,
desempenhando este, no entanto, um papel primordial na força criadora. A sua imagem é o corpo,
a sua motivação é a procura de prazer e a sua inspiração é originária do inconsciente.
Para este autor a actividade criadora pauta-se pela actualização verbal e/ou não verbal de
um processo espontâneo de si, que, ao ser desencadeado numa situação de aprendizagem escolar,
manifesta-se numa nova organização da situação, de modo a realizar cognitiva e emotivamente uma
experiência pessoal significativa. Nesse sentido, a actividade criadora, supõe quatro categorias:

• a flexibilidade, ou a capacidade de criar novos factos, a fluidez na emissão de ideias novas e a


facilidade de adaptação a diferentes situações em permanente mutação;

• a organização ou a possibilidade de elaboração e de integração de elementos diversos;

• a imaginação ou a capacidade de entrar no mundo do possível e funcionar para lá das normas


do real, explorando e questionando a realidade presente introduzindo o novo e o inesperado;

• a originalidade ou a capacidade de pensar de uma maneira pessoal, exprimindo as suas


reacções emotivas.

37
Isabel Manso

Os traços que caracterizam uma pessoa criativa são: a apreensão global dos elementos que a
rodeiam e as experiências que o mundo lhe proporciona; a agilidade mental viva e fina com que se
deixa, de forma infantil, conduzir; o gosto pelo risco; a capacidade de focalizar a atenção sem tensão
sobre os objectos e neles se perder contemplando-os sem expectativas ou preconceitos, a faculdade de
jogar simultaneamente com numerosas ideias complexas; a vontade de não se contentar com a
opinião dominante, dirigindo a acção segundo a sua intuição, mais para o desconhecido do que para o
que já é conhecido (Aguilar, 2000).
No fundo os traços de uma personalidade criadora são uma forte auto-estima e auto-
conceito, a capacidade de fazer transferências de saberes, de enfrentar novas situações e
experiências internas e externas e uma forte adaptação aos diversos contextos e situações.
Outros atributos, da personalidade criadora, apontados pelos pesquisadores, segundo De
Bono (2005), são: Estar plenamente envolvido no trabalho a ser realizado. "Arregaçar as
mangas", estar realmente interessado em saber mais, em produzir melhor, porque esse perfil é o
do indivíduo criativo; Ser optimista e ter coragem para correr riscos. O optimismo revela
confiança na capacidade de vencer sem se amedrontar, sem temer correr riscos; Ser flexível e
estar sempre pronto e receptivo às novas ideias; Ser persistente. Poucas coisas na vida se realizam
e se concretizam da noite para o dia.
Maslow, referido por Carreras et al. (2002) salienta que as pessoas criativas revelam
naturalidade, expressividade, ingenuidade não temente ao desconhecido, capacidade de aceitar
experiências previsíveis, tolerar facilmente a bipolaridade e aceitar facilmente pontos de vista
diferentes do seu.
No fundo, uma personalidade criadora corresponde à descrição feita por Juan Delval
como sendo uma pessoa capaz de pensar, de tomar decisões, de procurar a informação
indispensável de que necessita, de saber relacionar-se positivamente com os outros e cooperar
com eles. Além de ser muito mais polivalente tem mais possibilidades de adaptação (Savater,
1997).

2.3 Criatividade e sua relevância


Segundo a LBSE, um dos princípios gerais da educação é a formação de «cidadãos
capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social em que se integram e de se
empenharem na sua transformação progressiva». Todavia, interessa-nos sobretudo abordar a
problemática da criatividade ao nível do Ensino Básico, quer porque se trata de um dos

38
Enquadramento Teórico

objectivos explícitos desse grau de ensino, (LBSE, art. 7.º), quer porque os alunos atravessam,
durante esse ciclo de estudos, uma fase fulcral do seu desenvolvimento no sentido da construção
da sua identidade pessoal e do seu processo de socialização.
Como já havíamos mencionado, segundo Tedesco (1999) “a mudança mais importante
que as novas exigências trouxeram à educação, é a de ela incorporar, de forma sistemática, a
tarefa da formação da personalidade” (p.116) e, quer o desempenho produtivo, quer o
desempenho da cidadania requerem o desenvolvimento de uma série de competências, tais como:
pensamento sistémico, solidariedade, criatividade, capacidade de resolver problemas, capacidade
de trabalhar em grupo, etc., que não se formam espontaneamente, nem através da mera aquisição
de informações ou conhecimentos, logo a escola, as formas institucionalizadas de educação
deveriam, resumidamente, formar não só o centro básico do desenvolvimento cognitivo, mas
também o centro básico da personalidade.
Perante os grandes desafios já apresentados, anteriormente, como o da mudança
civilizacional, cientifica e da técnica acelerada que já começámos a sentir e de uma atitude mais
humanista, visando-se “a produção do Sujeito como Sujeito-Pessoa, também actor social, e
construtor de si mesmo e da própria sociedade” (Fonseca, 1994, citado por Pinto 2001, p.188)
as estratégias educativas devem assumir uma atitude mais formativa e menos informativa, mais
crítica e menos passiva com o objectivo de melhor preparar os alunos para uma atitude criativa
dando prioridade à ética, à autonomia, à participação e à comunicação para que todos os
intervenientes no processo de ensino/aprendizagem expressem a sua criatividade e consigam
inovar. Mais crítica, segundo os valores próprios de cada um perante a superabundância das
mensagens audiovisuais, cada vez mais enfadonhas, obscuras e cada vez mais carentes de uma
hierarquização e selecção segundo livres critérios pessoais. Mais formativa, gerando factores de
criatividade e atendendo aos valores de opção pessoal, social e de grupo num quadro menos
tecnicista, utilitarista, fragmentarista e hiper-especializado. No contexto da globalização e face à
competição dos mercados, a educação e a formação, são considerados como o melhor dos
investimentos. Numa perspectiva economicista, o conjunto dos talentos humanos e as
capacidades para imaginar, criar, inovar e correr riscos, são considerados uma mais-valia, a
rentabilizar na sociedade tecnológica.
A sociedade cada vez mais exige respostas criativas aos diferentes e complexos
problemas que, de uma forma imprevisível, se colocam a cada instante. Particularmente nos
nossos dias em que a espécie humana se tem de confrontar com problemas tão diferentes e
39
Isabel Manso

complexos. Cabe, em particular, à educação um papel fundamental em relação ao pensamento


criativo, quer se tratem de comportamentos quer de atitudes.
É por isto que a temática criatividade ganha hoje especial interesse não só porque a
sociedade actual exige de todos um constante papel de auto-aperfeiçoamento e de resolução
criativa de problemas, mas também porque hoje vive-se numa " sociedade da criação " (Martins,
2000), onde os conhecimentos se renovam a grande velocidade, em virtude dos progressos
científicos e tecnológicos. Não só é necessário trabalhar bem, mas sobretudo fazê-lo com
eficácia. Há que desenvolver (as) capacidades que ajudem os indivíduos a mais facilmente se
adaptarem a novos contextos, em vez de se insistir na prática da simples memorização ou
reprodução de conhecimentos. Como refere Martins (2000) “Há que apelar à nossa inteligência,
mas também à nossa criatividade. (…) Já só é possível funcionar com eficácia se a acção for
baseada em todas as potencialidades das pessoas. Desenvolver o nosso potencial criativo é
mesmo urgente"( p.8).
Estamos portanto, de acordo com estes autores em relação à necessidade de
equacionarmos novas estratégias e metodologias educativas com base numa pedagogia centrada
no aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros, respeitando o estilo particular de cada
um, dando ênfase às suas formas de aprender, às qualidades do seu carácter e às suas
predisposições motivacionais, espírito de abertura, sensibilidade ao meio, aos outros e a si
próprio apelando, naturalmente, à nossa criatividade, como elemento importante e decisivo à
aprendizagem conducente ao desenvolvimento da formação integral da personalidade.

2.4 A aprendizagem criativa: modificando a relação com o conhecimento


Segundo Patrício e Sebastião (2004) para se planear o futuro de um modo consistente e
criativo é necessário “dirigir o olhar do educando, do homem-educando, para o sentido da vida e
da acção; da sua vida e da sua acção na vida” (p.69), proporcionando-lhes momentos de
satisfação e de prazer para que possam desenvolver a sensibilidade e habilidade estéticas de
pensar analiticamente e criticamente dando-lhes liberdade física e mental para as suas criações.
No dizer destes autores para haver aprendizagem criativa é necessário modificar a relação
com o conhecimento, tentando reflectir sobre essa acção educativa, reflectindo sobre a co-
implicação do ser do educador e do educando incluindo uma análise dos problemas e das
propostas que se pretendem modificar. Segundo Patrício e Sebastião (2004) o professor criativo
não se pode cingir ao manual, tem que criar hábitos de reflexão e crítica de modo a formar

40
Enquadramento Teórico

cidadãos que saibam agir de acordo com as circunstâncias, tornando-se numa esperança para a
sociedade. E além de contribuir para que os alunos tomem consciência de que fazem parte dessa
mesma esperança, à medida que são encorajados a adquirir conceitos científicos nas diversas
actividades, vão, consequentemente, modificando a sua relação cognitiva com o mundo.
Mas qual deve ser a orientação educativa e estrutural que a escola deve assumir para que a
aprendizagem criativa possa, realmente, mudar a relação com o conhecimento?
Martins (1998) com base em Alencar (1996) refere que é necessário repensar o sistema
educacional, inserindo, no mesmo, uma plataforma para a criatividade. Esta tem como base o
cultivo de habilidades relacionadas com o pensamento criativo e o fortalecimento de
competências de personalidade que favorecem a expressão criativa. E acrescenta com base no
mesmo autor que é também fundamental imunizar o aluno contra as patologias que enfraquecem
a sua energia criativa, como o medo do fracasso, o comodismo e a apatia. Por isso refere que é
necessário cultivar as sementes de criatividade que existem em todo o ser humano, através de um
ambiente rico em estímulos e desafios e da prática de valorizar o trabalho do indivíduo e do
grupo, reconhecer as potencialidades, respeitar as diferenças e oferecer oportunidades para a
produção e desenvolvimento de ideias.
No entanto, para além da intervenção exterior do professor ou do investigador no
desenvolvimento da criatividade dos alunos, Martins (1998) considera, também, muito
importante a criação de uma atmosfera “não ameaçadora”, utilizando na sala da aula estratégias e
processos de ensino criativos. Neste quadro, faz um apelo ao clima de segurança psicológica de
que fala Rogers (1983), a aceitação do aluno como indivíduo de valor, a compreensão empática
do aluno e a aceitação da sua avaliação interna. No entender deste autor, todo o indivíduo que
desenvolveu totalmente a sua criatividade usa processos de referência e avaliação internos. Daí a
dificuldade em ser-se criativo se não existir motivação interna para a tarefa a ser executada. É
neste sentido que, Martins (1998) apoiando-se em Wechsler (1994) apela ao desenvolver da
motivação interna nos alunos, ajudando-os a adquirir conceitos e juízos individuais, capacitando-
os assim a tornarem-se em indivíduos totalmente capazes de exercer o seu potencial criativo.
Nesta perspectiva é importante realçar a visão de Patrício (1993) que defende que não existe
educação sem que haja referência intrínseca aos valores. Porque desta relação deriva a estrutura
constitucional do próprio homem, que é para si mesmo, altamente, valioso, tornando-se por isso,
também valioso, o seu consequente processo de formação e aperfeiçoamento. Assim sendo, para
este autor, a própria educação é considerada como um bem geral constituindo-se, por isso, por
41
Isabel Manso

um complexo de bens particulares. O bem geral que esta visa é a perfeição do educando: do
homem enquanto sujeito de actos intencionais educativos. Isto é, a educação consiste em
actualizar o potencial que existe em cada ser humano. Estas actualizações concretas não são mais
do que os bens particulares, conducentes ao bem geral. Este bem geral é, em suma, o resultado de
uma multiplicidade estruturada e ordenada de valores. Segundo este autor, as grandes ordens de
valores a promover pela educação são as seguintes: a da utilidade; a do prazer; a da verdade; a da
beleza; a do bem; a do sagrado ou do divino.
No entanto, Patrício (1993) adverte que dentro de cada uma destas ordens é possível
cultivar inúmeros valores, admitindo-se a possibilidade de viver sem referência nenhuma ou
algumas destas ordens ou viver segundo uma diferente hierarquização das mesmas. Podendo
admitir-se que cada vida poderá desenvolver-se mediante uma ordem dominante de valores, ou
que em determinados períodos se verifique uma progressão, regressão ou ruptura axiológica.
No fundo, educar, para este autor, é realizar progressivamente o que é considerado como o
bem mais precioso para cada indivíduo e para a comunidade a que ele pertence. E para isso é
necessário que a escola se assuma como uma estrutura promotora da cultura dos valores assente
numa teoria dos saberes, isto é, uma escola que viva fortemente impregnada em experiências
baseadas em valores, proporcionando momentos de prazer e criatividade através dessas
experiências. Porque, nas palavras de Patrício (2001), “a própria ideia de criatividade já está
presente na ideia de aprendizagem, pois aprender é criar. É criar conhecimento, é criar saber”
(p.239).
Segundo este autor, a origem do criar remonta às origens, ao abrir dos olhos do homem
primordial – Adão - que não encontrou o conhecimento, o saber, em lado algum, começou
justamente por construí-lo, por criá-lo ao olhar. Todavia, acrescenta que aprender não é receber o
saber feito, aprender é criar e também recriar o saber que depois se possui. Concluindo, por isso,
que não existe aprendizagem sem criatividade. A educação só se justifica se esta cuidar do poder
criador do indivíduo e alimentar esse poder é, pois, dar atenção ao próprio núcleo do ser humano.
Deste modo e citando Patrício (2001) “a criatividade não é um suplemento do humano a que
prestemos atenção, designadamente através da educação, mas inscreve-se, em rigor, no núcleo do
humano” (p. 244).
Para Martins (1998), as várias reformas do ensino lançadas na Europa e a denominada
"massificação do ensino" (produto de forma assumida pela democratização do ensino) trouxeram
à luz do dia outras realidades, como a diversidade, a diferença e a multicultura, realidades estas
que podem constituir-se como uma mais-valia qualitativa e quantitativa para a prática da
42
Enquadramento Teórico

criatividade. Por isso, com base em Carneiro (1996), apela para que a escola deixe de continuar a
preparar alunos para uma cultura de submissão, para o rejeitar do diferente, para o desconhecer
da natural diversidade das pessoas, permanecendo como um modelo mecânico de educação.
Acrescenta ainda, sobretudo, com base em Flores (1997), a necessidade de utilização de
metodologias activas e diversificadas, uma vez que estas pressupõem o envolvimento dos alunos
nas actividades, dando espaço à iniciativa e à criatividade no saber fazer e a competências como a
iniciativa, a autonomia, a autoconfiança e a persistência, a par de uma atitude de receptividade a
novas ideias, de flexibilidade e de coragem para expressar os próprios pontos de vista. No fundo,
segundo este autor, as estratégias, metodologias e sobretudo posturas, que permitem o activar do
potencial criativo de cada um baseiam-se na implementação de um ensino que oriente os alunos
para o resolver, ou deixar resolver, os problemas que o circundam; melhorar-se a si próprio e
melhorar o que o rodeia; criar e deixar criar.

2.5 Aprendizagem criativa: A abordagem da pedagogia personalista


Oliveira (2002) dá-nos uma visão da origem do personalismo. A noção moderna de
personalismo, enquanto denominação de um movimento, terá surgido em França, por volta de
1930, em torno de uma revista denominada "Esprit" coordenada por Emmanuel Mounier, tendo
como base: o cristianismo, o existencialismo e o socialismo. Não se afirmara como um sistema,
mas como uma filosofia que parte da concepção de pessoa não como um objecto, mas sim, como
um ser que faz parte e que se afirma no mundo, que comunica, aderindo e apreendendo ideias,
enfim um ser que se conhece a si mesmo num processo constante de auto criação realizado em
sociedade.
A criatividade, como é concebida por Patrício (2001), já está presente na ideia de
aprendizagem - aprender é criar. Segundo Patrício (1997), o sujeito da educação é sempre a
pessoa. O educando tem que ser encarado, compreendido e tratado como pessoa, porque à medida
que ele vai descobrindo em si e nos outros a possibilidade de aperfeiçoamento até ao limite ideal
da perfeição, vai descobrindo em si e nos outros o poder criador do espírito permitindo-lhe
aperfeiçoar cada vez mais a sua obra, contribuindo para ”o enriquecimento prévio da sua pessoa,
que se fez mais perfeita ao fazer a obra, mas que só pôde fazer a obra por se ter feito mais
perfeita” (p.27).
Pretende-se com isto dizer que todo o indivíduo que consegue criar algo, ou se encontra
predisposto para criar, é porque se tornou mais responsável, solidário e tolerante. No fundo,
43
Isabel Manso

consegue criar, porque os outros lhe proporcionam o acreditar em si próprio e nas suas
capacidades, valorizando-o, encorajando-o, respeitando-o, dando-lhe espaço… tornando-o, assim,
cada vez mais, autónomo, motivado… e, resumidamente, mais feliz. Isto é, se consegue criar algo
é porque adquiriu um enriquecimento prévio que fez com que se tornasse cada vez mais perfeito,
mais pessoa, mais humano.
Segundo Patrício (1997), a “educação é necessariamente o acto e o projecto originais da
pessoa. Este acto é, necessariamente, acto cultural. Temos, assim, que toda a realidade
introduzida no mundo pelo poder criador da pessoa é cultural” (p.27) e é na escola que a pessoa
«se faz germinar a si mesmo». Através do investimento social e político que é feito na escola, a
criança e o jovem aprendem a investir na sociedade e na comunidade. As técnicas e dinâmicas da
pedagogia personalista enquadram-se perfeitamente no modelo de Escola Cultural, que Manuel
Patrício defende como um universo, onde interagem quatro dimensões diferenciadas e
específicas: a dimensão bidimensional (lectiva, extra-lectiva) está representada pelos dois
hemisférios do cérebro, a tridimensional (interactiva) está representada pela ligação estabelecida
entre os dois hemisférios ao corpo caloso e a quadrimensional (ambiente propício à felicidade e
ao sucesso).
Uma das linhas de força da Escola Cultural, proposta por Manuel Patrício é precisamente
uma teoria da pessoa. Para este autor pessoa é: ” uma consciência racional do si, do outro de si
para o outro e do outro para si; uma consciência de si com o outro e do outro consigo, ou seja,
uma consciência do nós; uma consciência de si e do nós no mundo” (p. 27). Assim sendo, cada
um vai descobrindo em si e nos outros a melhor maneira de se aperfeiçoar até ao limite ideal de
perfeição, julgando-se a si próprio e aos outros fazendo a suas escolhas em função dos seus
valores, descobrindo em si e nos outros o poder criador do espírito.
Para Patrício (1997), a escola não é dissociável da comunidade. A escola é o alimento da
comunidade e esta é o reflexo da escola. Necessariamente, cabe ao professor promover a reflexão
teórica sobre os valores a cultivar na vida e no processo educativo escolar; promover a
transferência dessa reflexão teórica para as situações concretas e práticas da vida real; preparar e
organizar situações didácticas rigorosamente provocadoras e propiciadoras da experienciação das
classes de valores consideradas principais; conduzir a reflexão e a prática dos valores de modo a
criar raízes num solo cultural e civilizacional concreto, sem esquecer que fazemos parte de um
todo - o universo - com a responsabilidade de formar cidadãos que provêm da comunidade com
experiências e valores e devolvê-los novamente à sociedade, com a consciência tranquila, de
modo a olharem o futuro e a comprometerem-se com ele.
44
Enquadramento Teórico

E ao proporcionarmos aos alunos uma formação não competitiva, ética, baseada na


criatividade estamos a desenvolver formas de aprender a pensar e a encarar a vida, ajudando a
formar adultos mais vibrantes e decididos a contribuir para um mundo melhor. Mas esta forma de
aprender só será significativa e sólida se nela estiverem presentes, “…. três advérbios que
parecem inultrapassáveis: amigavelmente, agradavelmente e tranquilamente” (Sebastião, 2001, p.
228). Em relação ao primeiro advérbio – amigavelmente – os dois determinantes mais eficazes da
aprendizagem são as relações afectivamente positivas entre os pares, presentes na relação
educativa, e a motivação. Mas, como esta última depende muitas das vezes da primeira, pode
dizer-se que a verdadeira chave do sucesso é a capacidade de criar um clima afectivo propício às
aprendizagens. Por outro lado, e em relação ao segundo advérbio – agradavelmente - as
aprendizagens devem ser agradáveis, isto é, tem que haver gosto em aprender. Para este autor, o
gosto em aprender é perfeitamente compatível com o esforço e a disciplina necessárias à
aprendizagem e com o sofrimento que por vezes está inerente a esse esforço. Por último –
tranquilamente – as aprendizagens devem ser tranquilas, isto é, num ambiente de sossego,
estabelecendo-se prioridades e onde o tempo se possa viver sem pressões.
Para reforçar o que até aqui temos vindo a defender, salientamos Carl Rogers e a sua
abordagem centrada na pessoa. Rogers é um humanista, acredita na capacidade natural de auto-
realização do indivíduo. Para este autor, a criança tenta racionalmente organizar a sua vida de
modo a atingir os fins pretendidos porque acredita que a criança tem uma existência prévia ao
bem e ao mal, com a capacidade inerente de ser racional e capaz. Para ele, a personalidade
assume um carácter positivo, racional e realista. A pessoa é autónoma e capaz de se desenvolver,
afirmar, auto-dirigir e fruir de um potencial de crescimento pessoal e de uma orientação positiva.
A abordagem centrada na pessoa deve facilitar o processo de mudança do sujeito criando as
condições psicológicas através da relação interpessoal, de autenticidade, aceitação e empatia.
Esta orientação é conseguida através da compreensão empática (atitude afectiva e compreensiva
de comunicação interpessoal com base na procura da compreensão da pessoa e do seu mundo
interior, como ele próprio o entende. A compreensão por empatia exige que sejamos capazes de
nos descentrarmos para entendermos o outro no seu ponto de vista); da autenticidade (atitude de
abertura ao outro, com expressão dos sentimentos. Ser-se autêntico é ser-se com transparência. A
autenticidade implica a necessidade de se ser congruente entre o comportamento, os pensamentos
e as emoções) e de uma aceitação calorosa da pessoa (atitude de consideração positiva
incondicional, que se baseia numa atitude de atenção, de procura de compreensão sem crítica
45
Isabel Manso

nem julgamento. A pessoa precisa de ter confiança em si e de se sentir aceite pelos outros)
permitindo-lhe escolher o melhor para si e tornar-se uma pessoa funcional, construtiva e
confiante (Santos, 2007).
Foi com base nestas reflexões que optámos pela abordagem personalista. Consideramos
que ao respeito pelo estilo particular de cada um, dando ênfase à sua forma de aprender, às
qualidades do seu carácter e às suas predisposições motivacionais, espírito de abertura,
sensibilidade ao meio, aos outros e a si próprio, apela, naturalmente, à criatividade, como elemento
importante e decisivo para a aprendizagem conducente ao desenvolvimento da formação integral da
personalidade.

2.6 Contribuições de outros autores para a compreensão da aprendizagem

criativa
Segundo Amorim (1995), a criatividade tem que ser cada vez mais incentivada e
fomentada através de iniciativas e atitudes que, partindo dos educadores, valorizem a experiência
e o auto-conhecimento capazes de se revelarem numa perspectiva libertadora e transformadora.
Neste sentido, este autor salienta que se torna necessário que todos nós, educadores, sejamos
capazes de nos pôr em causa, partilhando com os educandos as nossas preocupações, aprendendo
a utilizá-las de forma enriquecedora e criativa num diálogo e partilha de saberes em que todos
possamos aprender. Importa transformar a realidade, numa constante interacção entre os vários
domínios do conhecimento e as nossas próprias vivências nos vários planos da formação e da
existência, de modo a que a democratização do pensar/agir e a criatividade se harmonizem num
perfeito equilíbrio. Deste modo, os alunos que partilham estas experiências ganham uma nova
dimensão humana, porque, mais do que actores num processo de criação, são também agentes
culturais, veículos de renovação de mentalidades, intervenientes activos num exercício de
transformação pedagógico e educativo.
Sem criatividade, o processo pedagógico tornar-se-ia enfadonho e desinteressante. Sem
um bom relacionamento interpessoal entre professor e aluno, como poderá tirar as dúvidas, como
se desenvolverá a capacidade reflexiva no grupo ou como alguém aprenderá a pensar? Essa é
uma iniciativa que deve partir principalmente do professor. Caso contrário, num ambiente tenso
em que não se permitem interrupções à fala do "mestre", quem terá a coragem para se
manifestar?

46
Enquadramento Teórico

Segundo Sternberg (2003), a capacidade criativa está associada ao estilo particular de


cada um, dando ênfase às suas formas de aprender, às qualidades do seu carácter e às suas
predisposições motivacionais. O espírito de abertura, sensibilidade ao meio, aos outros e a si
próprio constituem elementos relevantes de uma personalidade. E tal como Gardner, este autor,
acredita que, para se estimular a criatividade e desenvolver o conhecimento nos alunos torna-se
necessário incluir oportunidades para o pensamento criativo quer nas actividades quer na sua
avaliação. É preciso questionar os alunos sobre a realidade que os cercam: através do relembrar
de situações factuais, pensamento analítico e pensamento criativo. Poder-se-á não obter teorias e
respostas dignas de publicação mas é de esperar que pratiquem o pensamento criativo. Podendo
este princípio ser aplicado a qualquer curso ou disciplina (Sternberg, 1976).
Carreras et al. (2002) apresenta-nos algumas estratégias educativas para se estimular a
criatividade da criança e para que esta possa investigar e chegar por si própria a várias
alternativas, tais como: o respeito, o diálogo, a aceitação do ponto de vista do outro. Em resumo,
e segundo este autor, todo o potencial criativo emergirá nos nossos alunos, se: soubermos manter
a sua capacidade de afirmação, o seu próprio critério sem tentar moldá-los, sob qualquer tipo de
ameaças; lhe ensinarmos a trabalhar de forma autónoma sem se evidenciar nem menosprezar os
outros; os acostumarmos a manifestar as suas opiniões sem instigações nem atitudes dominantes
ou impositivas; aprenderem a manter as suas ideias com firmeza e não se deixarem dominar pela
timidez ou pela submissão; forem honrados, sinceros e manifestarem uma atitude aberta, com
uma visão ampla sem cair num pedantismo; e finalmente, se lhe facilitarmos a experiência de
saberem ser eles mesmos, traçarem o seu próprio caminho e não se submeterem ao que os outros
possam dizer, enfrentando os obstáculos.
Uma das formas de fazermos os nossos alunos felizes e predispostos para criar é
proporcionar-lhes um ambiente facilitador do ensino/aprendizagem. Assim sendo, necessitamos
de um ambiente educacional que promova a auto estima e o auto conceito dos alunos. Julga-se,
por isso, interessante abordar aqui a perspectiva de Posada (2000). Este autor salienta diversas
formas de pensar sobre o “EU”, considerando três importantes pilares do “EU”: o auto-conceito
(aspecto cognitivo), a auto-estima (aspecto avaliativo ou afectivo) e a auto-imagem (aspecto
perceptivo). Define auto-conceito, com base em Purkey (1988), como sendo um quadro
organizado e dinâmico de crenças aprendidas, atitudes e opiniões que cada indivíduo considera
como verdadeiras sobre a sua existência pessoal. A auto-estima consiste na forma como nos
sentimos e como nos valorizamos a nós próprios, sendo a auto-imagem, a forma como nos
47
Isabel Manso

percepcionamos a nós próprios. E como os nossos alunos têm o direito a ser felizes,
contribuamos, então, para que o sejam. Para isso é necessário que o/a professor/a tenha uma boa
auto-estima, isto é, que goste de si próprio, que seja feliz, porque só assim conseguirá fazer com
que os seus alunos também o sejam e melhorem a sua própria auto-estima (Posada, 2000).
Barron e Harrington (1981); Grudin, (1990) e Ochse (1990) referidos por Morais (2001),
sugerem que a sensibilidade estética está presente na caracterização de um indivíduo criativo.
Frequentemente, ele demonstra percepção e valorização pelo belo e esse sentido estético não é
apenas aplicado aos domínios mais culturalmente associados a este (arte, natureza, …), mas a
diversos contextos, inclusivamente o do trabalho. Os indivíduos criativos não só tendem a
percepcionar beleza como a apaixonar-se pelo que fazem (Grudin, 1990 e Alencar, 1997,
referidos por Morais 2001). E aí as intensas horas de trabalho podem ocupar as de lazer e serem
vividas com satisfação e liberdade.
Precisamos, por isso, ensinar-lhes que o estudo e o trabalho não precisam de ser vistos
como uma obrigação escravizante, mas como um prazer em que a recompensa é o resultado do
seu próprio esforço, que estimula e amplia o universo de cada um (Goleman, 1998).
Segundo Goleman (1997) até há bem pouco tempo, o sucesso do indivíduo era avaliado
pelo raciocínio lógico e pelas habilidades matemáticas e espaciais (QI). Contrariamente este
psicólogo considera a Inteligência Emocional (competências intra e inter-pessoais) como a maior
responsável pelo sucesso ou insucesso do indivíduo e uma vez que a maioria das situações de
trabalho implica relacionamentos inter-pessoais, os indivíduos com qualidades de relacionamento
humano como a afabilidade, a compreensão e a gentileza têm maior probabilidade de obter
sucesso.
Goleman (1997) delineia a inteligência emocional como compreendendo as seguintes
competências: Auto-conhecimento emocional – reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre;
Controle emocional – habilidade de lidar com os seus próprios sentimentos, adequando-os a cada
situação; Auto-motivação – dirigir emoções a serviço de um objectivo é essencial para que o
indivíduo nunca desista, lutando até alcançá-lo; Reconhecimento de emoções nas outras pessoas;
Habilidade para se relacionar com as outras pessoas.
A inteligência emocional engloba as inteligências intra pessoal e inter-pessoal
identificadas por Howard Gardner, sendo as três primeiras competências referidas relativamente à
inteligência intra-pessoal e as últimas duas à inteligência inter-pessoal (Parpineli e Watanabe,
s/d).
Segundo a teoria de Howard Gardner, todos os indivíduos possuem competências para
48
Enquadramento Teórico

questionar e procurar respostas, usando todas as inteligências, isto é, todos nós possuímos como
parte da bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as inteligências. No entanto, a
linha de desenvolvimento de cada uma destas inteligências é determinada por factores genéticos,
neurobiológicos e pelas condições ambientais.
Howard Gardner propõe ainda que cada uma destas inteligências tem a sua própria forma
de pensamento ou de processamento de informações, para além do seu sistema simbólico. Estes
sistemas estabelecem o contacto entre os aspectos básicos da cognição e a variabilidade dos
papéis e funções culturais.
Para este autor, a noção de cultura é essencial para a teoria das inteligências múltiplas.
Partindo da definição de inteligência como uma habilidade para resolver problemas ou criar
produtos que são significativos em um ou mais ambientes culturais, Gardner sugere que alguns
talentos só se desenvolvem segundo a valorização dada pelo ambiente. Afirma, ainda, que “cada
cultura valoriza certos talentos que devem ser dominados pela maioria dos indivíduos e que a
transmissão dos valores culturais é feita através da valorização que a cultura dá a esses talentos”
(p. 91).
A teoria de Gardner apresenta alternativas, para algumas práticas educativas actuais,
oferecendo uma base para: o desenvolvimento de avaliações adequadas às diversas habilidades
humanas; uma educação centrada no aluno e com currículos específicos para cada área do saber;
um ambiente educacional mais amplo e variado que dependa menos do desenvolvimento da
linguagem e da lógica.
Finalmente, Barbosa (2001) sugere que os agentes da educação tenham em conta um certo
número de exigências, para que possam implantar um modelo de pedagogia criativa, a saber: 1)
Dever-se-á começar por fazer um diagnóstico ou caracterização da turma, quer através de
documentos escritos ou através do diálogo; 2) Fazer a selecção de uma série de problemas que
pode levar à realização através do seu “afrontamento”; 3) Fazer o levantamento dos materiais
necessários e indispensáveis à realização das actividades; 4) Elaborar instruções, sempre gerais e
formais, tendo em vista auxiliar os educandos na prossecução das suas tarefas; 5) Dar especial
atenção aos processos/estratégias/mecanismos que o educando utiliza ou desenvolve nas
abordagens dos problemas que lhe são colocados, com vista a poder dar-lhe ânimo ou para ajudá-
los a prosseguir; 6) Finalmente implicar dois tipos de avaliação: uma avaliação do processo de
resolução de problemas, tendo em vista detectar dificuldades encontradas e ajudar a superá-las, e
outra avaliação das aquisições realmente efectuadas com a resolução dos problemas.
49
Isabel Manso

A primeira das avaliações seria para fazer o diagnóstico da maneira como os educandos
progridem, como formulam as hipóteses, como tentam resolver os problemas e a segunda para
averiguar, efectivamente, as aquisições advindas dessa resolução. Sendo esta última a que decide,
a um nível cognitivo, se o educando pode ou não aceder a outro patamar de desenvolvimento
mental através do afrontamento dos problemas que lhe foram propostos.
Contudo deve salientar-se que o que é realmente importante é que se saiba aprender com a
avaliação, isto é, deixar-se de avaliar a partir de um critério único – a quantificação da
aprendizagem – porque nela não estão contempladas as características emocionais, psicológicas,
adaptativas, sociais, em suma, de saúde física e mental de quem tem as notas. Como salientam
Marujo e Neto, (2004), “a avaliação não pode ser, como hoje é, a finalidade da aprendizagem”
(p.163). Avaliar não é só testar, mas sim, analisar o que se faz com os resultados. Uma boa
análise de um teste deverá levar o educador a dizer ao educando aquilo que considera que ele já
sabe fazer correctamente e aquilo que ainda necessita fazer para que ele melhore as suas
aprendizagens.

2.7 Alguns factores que inviabilizam a criatividade


Ainda se verificam, no espaço pedagógico, situações e comportamentos em que a
criatividade é sempre deixada para último plano, embora se admita que é uma área importante e
muito interessante a trabalhar. Julga-se, portanto, que algumas das razões que levam a este tipo
de comportamento, radiquem no facto de esta ainda não ser entendida como sendo um contributo
para desenvolver a formação integral da personalidade e consequente melhoramento da qualidade
da educação, um precioso bem para a análise de competências, progressos e avaliação porque
nela se reflectem todas as características do ser humano.
Uma outra situação, em ainda existir quem acredite que a criatividade deva ser uma
preocupação apenas dos que trabalham com crianças mais pequenas e que os alunos “mais
crescidos”, devem simplesmente assistir a aulas "dadas", estar com atenção e estudar para
aprender! Ora, apesar de muita da nossa educação ser baseada no passado, esquecendo que a
maioria dos alunos irá passar a maior parte de suas vidas no desconhecido mundo do século XXI,
em que pouco ou nenhum valor terá a sua capacidade de reproduzir conhecimentos memorizados,
o facto é que o seu modo de estar na vida vai depender de sua habilidade para enfrentar
eficazmente os desafios e problemas, num futuro imprevisível e do desenvolvimento de sua
capacidade de pensar e criar (Vidal, 2000).

50
Enquadramento Teórico

Felizmente, hoje em dia, o ensino, na grande maioria das escolas, já não se baseia não só
numa mera reprodução do conhecimento. Há uma maior preocupação na intenção de preparar o
aluno para a produção de ideias e construção do próprio conhecimento. Actualmente, a escola,
em geral, já começa a dar ênfase e valor às "descobertas do aluno", às suas explorações, ao seu
pensamento criativo e também, à sua capacidade de reflectir. Contudo, em relação à prática, o
incentivo à fantasia, aos sonhos, ao jogo de ideias, é algo desconsiderado por ser utopia.
Há até a hipótese de que se fosse dado mais valor e importância à fantasia e à imaginação,
nas escolas, não se precisaria gastar tanto em outros recursos. No entanto, pode ser facilmente
percebido, no nosso sistema educacional, numa formação desequilibrada, pois além de se
desenvolver apenas uma parcela muito reduzida das competências cognitivas do aluno, ignoram-
se totalmente outras competências que ao serem menosprezadas, vão aos poucos sendo inibidas e
atrofiadas.
De uma escola actual espera-se o estímulo para uma consciência de viver e estar vivo,
para um fazer parte da comunidade, para a importância dos conhecimentos, para a caminhada em
direcção ao futuro solidário, responsável e mais tolerante. Todavia, sabemos que os factos não
têm facilitado muito esta visão porque se tem medo de arriscar, de inventar. O ser original é um
risco, a capacidade de enfrentar desafios e pôr em causa o que quer que seja é uma ameaça ao
status quo. A linguagem da mudança parece ser, em Portugal, uma linguagem da descrença –
acredita-se que isto há-de mudar, mas muda-se porque tem que ser, e não se irá para melhor,
senão para pior. Segundo Marujo et al. (2004), “então mudar, será assim um erro de linguagem.
Não há ética na linguagem da desesperança” (p. 169).
Por isto tudo, a criatividade tem vindo a ser menosprezada e esquecida quer pelo
educador, quer pelo educando como sendo impossível num contexto pressionado pelos currículos
e tempos determinados. A variedade de exigências que é feita à escola e a parca capacidade de
resposta da escola: o exagerado número de alunos por turma e por escola que não proporciona o
tipo de relação educativa humanizante que se impõe nos nossos dias, o tipo de expectativas ou até
a falta delas face à escolarização, e a estrutura e organização curriculares que não permitem que o
sistema corresponda à diversidade de sujeitos que o frequenta, são alguns dos obstáculos mais
mencionados.
Efectivamente, querem-se alunos criativos, com espírito crítico, alunos que dêem luta,
mas nas aulas, na prática, não se acha graça nenhuma tê-los…São incómodos, desafiam, fazem
muitas perguntas, narram episódios que se consideram inoportunos, pensam de forma diferente,
51
Isabel Manso

perturbam a aula e assim “descontrolam” o professor e os outros alunos que até aí estavam
sossegados. Talvez, por isto, a escola tenha, embora de forma intencional, erigido um conjunto
de bloqueios que impedem desenvolver o pensamento criativo e a criatividade (Marujo et al.,
2004).
Eis alguns dos bloqueios mais comuns à criatividade que devemos evitar, propostos por
(Marujo et al., 2004): Tradição (ter medo do novo por isso repete-se o conhecido); Controlo (ter
os alunos sem poder e sem voz); Negativismo (esperar para ver o pior); Preconceito (o diferente é
ameaçador); Medo de falhar (experimentar o insucesso mais provável ao inovar); Impaciência
(criar exige tolerância e perseverança); Uniformidade (é mais seguro o normativo, o constante e o
regular); Medo do ridículo (a diferença pode ser mal entendida e levar à vergonha); Falta de
meios/suporte financeiro (há a expectativa de que criar implica investimento); Insegurança (será
o novo e diferente bom?); Pressão do grupo (a sociedade intimida à uniformização e rejeita a
diferença a diferença criativa); Preguiça (inventar implica mais esforço do que fazer sempre
igual); Apatia (desinteresse em transformar: para quê inventar outras formas?); Falta de
comprometimento e envolvimento (não vale o esforço; ninguém reconhece); Falta de apoio (não
há ajuda para as coisas novas); Tensão (criar exige mobilização de energias); Medo da mudança
(a intimidação do desconhecido); Nostalgia tóxica (o confronto do habitual; a rotina securizante).
Para lhes fazer face evitando-os e lutando contra eles, estes autores apresentam-nos
algumas sugestões, a saber: Treinos colectivos e pessoais para ver o lado bom das pessoas e dos
acontecimentos, que envolvam divertimento e jogos; Procurar e tornar públicas experiências
criativas realizadas com parcos meios ou com estratégias angariadoras, elas mesmas criativas;
Analisar situações em que a mudança criativa foi a saída para novos e mais valiosos projectos.

2.8 Alguns dos recursos pedagógicos e técnico-didácticos dos docentes, a ter

em conta na Formação Cívica, de forma a aumentar os índices criativos dos

alunos
Existem inúmeras formas de tornar as aulas mais dinâmicas e criativas. É preciso inovar,
tanto na forma como se leccionam os conteúdos, como na forma de os avaliar. Primeiramente,
torna-se imprescindível que o professor tenha a sensibilidade de captar a situação interpessoal da
turma e manipular as variáveis relevantes e a sua inter-relação, de modo que todos os envolvidos
possam conviver juntos e produzir conhecimento com satisfação e entusiasmo de forma
perfeitamente eficaz.

52
Enquadramento Teórico

Segundo, é preciso que o professor tenha em mente que o importante não é apenas
introduzir novas tecnologias com o propósito de eliminar tarefas rotineiras e de oferecer um
serviço mais eficiente e individualizado, mas sim introduzi-las no ensino com o objectivo de que
estas libertem o profissional da educação da tarefa de prestar informações, ou de preencher
formulários administrativos, de modo a que possa estar mais disponível e reforçar a atenção
personalizada e o trabalho de equipa. E para tal, nem sempre existe a necessidade de recorrer aos
computadores, pode-se fazê-lo de outras formas, com materiais menos dispendiosos, como guiões
escritos de auto-aprendizagem, que permitam o trabalho de grupo e ofereçam ao professor o
tempo imprescindível para ocupar-se com a aprendizagem, em função dos ritmos de cada aluno
(Tedesco, 1999).
Santana (2000) assim o confirma, ao referir que o grande desafio que se coloca actualmente
é o de deixarmos de estar tão preocupados em ensinar e o de criarmos, pelo contrário, condições
efectivas para que os alunos aprendam. Este desvio no sentido de focar o ensino na aprendizagem
dos alunos implica, necessariamente, a utilização de estratégias de diferenciação.
Esta autora considera que a aprendizagem, e mais largamente a formação, passa por
colocar no centro o aprendente, ensinando-o a ser autónomo. E para isso, diz ser fundamental a
montagem de «dispositivos pedagógicos» que promovam as aprendizagens. Com base em
Perrenoud (1997), define o diferenciar como o acto de «romper com a pedagogia magistral - a
mesma lição e os mesmos exercícios para todos ao mesmo tempo - mas é sobretudo uma maneira
de pôr em funcionamento uma organização de trabalho que integre dispositivos didácticos, de
forma a colocar cada aluno perante a situação mais favorável» (p.30). Isto acontece numa escola
onde existem diferenças, em que todos sejam aceites, respeitados, desenvolvam a sua auto-
estima, onde tenham espaço de participação activa e onde seja possível a todos a realização de
aprendizagens.
Neste contexto apresentamos alguns recursos que, além de permitirem analisar os
progressos dos alunos, favorecem, ainda, o desenvolvimento de competências intra e inter
pessoais (aperfeiçoadoras da auto-estima: reconhecimento individual, apoio dos colegas) e o
estabelecimento e alcance de objectivos. Tratam-se de incentivos ou estímulos positivos,
inspirados em autores como Posada (2000); Campbel, Campbel e Dickinson (2000); Marujo et
al., (2004). Estes recursos partem do pressuposto de que a construção de uma identidade positiva
dos alunos se traduz no reforço da autonomia e da confiança, desenvolvendo assim, o seu
potencial criativo e criatividade. Estas sugestões poder-se-ão distribuir aos alunos, pais/enc. de
53
Isabel Manso

educação e/ou afixar-se em placard na sala de aula. Deixa-se aqui uma explicação para cada uma,
encontrando-se os respectivos modelos em anexo 4:
1- Lembrete/marcador – Trata-se de uma forma de deixar registado, e portanto bem
visível, algo que o professor observou de particularmente positivo num aluno, no
decorrer de uma aula. É um lembrete especialmente útil quando os estudantes estão a
desviar-se por um caminho de desafio ou desânimo, e a precisar de auxílio para
mudar, pelo que é necessário que todos nos recordemos e os lembremos a eles que
também são capazes de coisas boas. Também pode ser usado, em sentido contrário,
como marcador, para sublinhar aquilo que o aluno já faz bem. Identificar e dar
evidência a isso descansa o aluno de que não tem que mudar - diminuindo resistências
– mas sim que só precisa de aplicá-lo em outras situações e aumentar de frequência o
que já faz de melhor.
2- Certificados de Sucesso – São diplomas facilmente adaptáveis ou substituíveis em
formato de cartolina gigante, a serem colocados informalmente ao longo do ano em
lugar bem visível na sala de aula, sempre que se verificar que um ou mais estudantes
fizeram algum esforço, demonstraram alguma (ainda que pequena) melhoria.
Pormenoriza-se o que conseguiram e porque conseguiram. Fica ao critério ou
criatividade de cada professor colori-lo, aplicar-lhe símbolos inspiradores, animá-lo na
forma e no conteúdo. Também pode ser utilizado para colocar na porta da sala de aula
ou nas paredes interiores da sala, relembrando as especificidades positivas do grupo
professor-turma, ou até e porque não, dos vários intervenientes no processo ensino
aprendizagem da turma que está em causa. Deve ser adequado às particularidades de
cada colectivo.
3- Mensagens de texto/voz/multimédia – Trata-se de registos escritos ou falados
ocasionais pensados para serem entregues aos pais/encarregados de educação dos
estudantes. Que melhor forma de fomentar qualitativamente a relação família-escola
do que enviar aos pais de vez em quando no decorrer do ano lectivo a confirmação das
mudanças significativas, progressos ou aptidões dos filhos? E não se deve esperar
esperem só pelo fim do ano ou do período: qualquer tentativa e progresso merece ser
salientada.
4- – Balões/rótulos – É uma forma de deixar escrito em local bem visível, na sala de aula
da turma, interesses ou desejos dos alunos para informar todos os professores da turma
ou outros que os possam substituir, sobre aspectos, pontos fortes e maneiras preferidas
54
Enquadramento Teórico

destes para obter reconhecimento. Identificar tais informações é benéfico, não só pelo
que elas revelam aos alunos, mas também por proporcionar aos professores
informações que ajudam a individualizar o ensino. Antes da aplicação dos balões ou
rótulos é aconselhável pedir aos alunos que façam uma selecção dos itens que desejam
exibir.
5- Regras de Ouro das Relações Humanas – inclui um conjunto de frases construtivas,
elucidativas de outras que podem ser desenvolvidas pelos actores da escola e que
estimulem e revivam o que de positivo se passa, ou se deseja que se passe, na sala de
aula, sala de convívio, sala de professores, …
São estes, entre muitos outros, os recursos pedagógicos e técnico-didácticos utilizados por
alguns investigadores de forma a aumentar os índices criativos dos alunos, que nos serviram de
orientação e inspiração.

55
Isabel Manso

56
Enquadramento Teórico

CAPÍTULO III – FORMAÇÃO CÍVICA E CRIATIVIDADE: QUE RELAÇÃO?


Na sequência do que atrás foi dito verifica-se, por um lado, que as habilidades
relacionadas com o pensamento criativo e o fortalecimento de competências de personalidade
favorecem a expressão criativa. Por outro, constata-se que, quer o desempenho da cidadania, quer
o desempenho produtivo requerem as mesmas competências básicas, ou virtudes cívicas, e que,
por sua vez, estas contribuem para o enriquecimento prévio da personalidade tornando-a cada vez
mais perfeita e mais humana, atributos imprescindíveis numa sociedade dita democrática
(Tedesco, 1999). Deste modo, pode-se concluir que a criatividade exige civismo e por sua vez, o
bom desempenho cívico gera criatividade.
É com base neste pressuposto, que consideramos a Área Curricular não disciplinar de
Formação Cívica como um espaço propício ao cultivo de sementes de criatividade que existem
em todo o ser humano. A consecução deste objectivo passa pela criação de um ambiente rico em
estímulos e desafios e pela prática de valorizar o trabalho do indivíduo e do grupo, reconhecendo
as suas potencialidades, respeitando-os nas diferenças e oferecendo-lhes oportunidades para a
produção e desenvolvimento de ideias.
Em suma, através da Formação Cívica é possível desenvolver uma personalidade que é
capaz de pensar, relacionar-se positivamente com os outros e cooperar com eles, tomando
decisões fundamentadas baseadas em informação indispensável e na capacidade de fazer
transferências de saberes. Uma personalidade deste tipo, para além de ser muito mais polivalente,
tem mais possibilidades de ter êxito e de se adaptar e contribuir para uma sociedade dita
democrática.

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Isabel Manso

58
PARTE II: INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

59
Isabel Manso

60
Investigação
Investigação Empírica

CAPÍTULO IV – METODOLOGIA
4.1 Caracterização do estudo
No dizer de Natércio (2005) existem várias abordagens em torno da investigação-acção.
Entre elas, destaca a apresentada por Corey (1953), que a caracteriza “como um processo através
do qual os práticos procuram estudar os seus problemas cientificamente, com o objectivo de
orientar, corrigir e avaliar as decisões e acções” (p.74). Uma outra abordagem, salienta a
opinião dos professores como actores e investigadores das suas próprias práticas, ou seja, o facto
da investigação-acção se destinar a ajudar os mesmos a enfrentarem, quer individualmente, quer
em grupo, os desafios e problemas das suas práticas, e a concretizarem algo de novo de uma
forma reflexiva.
Neste sentido, Natércio (2005) adverte que a investigação-acção tem adquirido, ao longo
dos últimos tempos, uma grande relevância, contribuindo assim, para a criação de um clima de
revisão e transformação de determinadas questões da realidade educativa. Permitindo superar
algumas das discrepâncias existentes entre o binómio teoria-prática e possibilitando melhorias
significativas no que diz respeito à qualidade da educação. Pois é através da investigação-acção
que o professor tem a oportunidade de indagar acerca do seu próprio trabalho, permitindo-lhe
focalizar problemas, determinar a sua etiologia e mobilizar estratégias que permitam superá-los,
potenciando todo o processo de ensino-aprendizagem.

4.2 Objectivo do estudo e questões de investigação


Com esta investigação procurou compreender-se qual o contributo que a Área Curricular
não disciplinar de Formação Cívica pode dar para o desenvolvimento da criatividade.
Incidimos, particularmente, na análise das metodologias/estratégias e recursos que, ao
nível das práticas de sala de aula, facilitam o processo da aprendizagem criativa e participação de
todos os alunos.
Entendemos que seria determinante para a operacionalização deste trabalho desdobrar este
objectivo geral em várias questões, de modo a obterem-se conclusões mais ricas sobre esta
problemática.
Consequentemente, foram definidas as seguintes questões de investigação:

61
Isabel Manso

1- Que tipos de metodologias/estratégias, ao nível das práticas de sala de aula,


facilitam o processo da aprendizagem criativa e participação de todos os alunos?
2- Quais são os factores ou condicionantes que favorecem o potencial criativo e a
criatividade de todos os alunos?
3- Quais são os principais obstáculos ao desenvolvimento da criatividade, em sala de
aula, identificados pelos professores, alunos e pais/encarregados de educação?
4- Quais são as competências básicas que devem ser trabalhadas nos alunos para que
estes possam manifestar a sua criatividade?
5- Existirão semelhanças/diferenças entre os conceitos de criatividade vistos pelos:
professores, alunos e pais/encarregados de educação?
6- Qual foi o contributo da Área Curricular Não Disciplinar de Formação Cívica,
para o desenvolvimento da criatividade?

4.3 Implementação do estudo


A presente investigação-acção consistiu na implementação de um conjunto de actividades
a ser desenvolvido no âmbito da área curricular de Formação Cívica, numa turma do 6º ano de
uma Escola E.B 2,3/S pertencente ao distrito de Castelo Branco, com o objectivo de potenciar a
criatividade.
Foram seguidos os passos seguintes:
1)Fez-se a caracterização da turma que se baseou na obtenção de dados relativos às
condições socio-económicas e culturais, ao percurso escolar, ao nível etário e ao
desenvolvimento psicológico dos alunos, a partir dos inquéritos preenchidos pelos alunos e
encarregados de educação, consulta dos processos individuais, Plano Curricular de Turma
(P.C.T.) e informação obtida em actas resultantes dos Conselhos de Turma do ano anterior.
Foram elaborados testes de diagnóstico e aplicados testes de diagnóstico pelo professor sobre os
pré-requisitos necessários às novas aprendizagens e analisadas informações fornecidas pelos
encarregados de educação, a fim de se diagnosticar os estilos de aprendizagem que facilitam a
aprendizagem de cada aluno. Tiveram-se ainda em conta observações directas dos alunos dentro
e fora das aulas;

62
Investigação Empírica

2) Após uma análise anteriormente referida chegámos à conclusão de que o processo de


ensino-aprendizagem mais adequado à turma seria uma aprendizagem alicerçada num aprender a viver
juntos, aprender a viver com os outros. Para isso, tentou-se implementar primeiramente, actividades que
proporcionaram o conhecimento progressivo de si e do outro e, posteriormente, actividades que
proporcionaram a realização de projectos comuns. Iniciámos, assim, com o desenvolver da motivação,
conhecimento de si e do outro, através de jogos, incentivos e estímulos positivos, tais como o
encorajamento, a valorização, o reconhecimento de capacidades para que conseguíssemos ter alunos
persistentes, autónomos, confiantes, capazes, criativos etc. (Abreu, 1979; Campbell, 2000; Posada,
2000);
3) Ao trabalharem-se estas competências criou-se um sistema de interacções humanas
com um carácter sucessivo/contínuo, de modo a que a turma se percebesse como uma unidade,
deixando de ser uma simples soma de elementos isolados. A construção de uma identidade
própria do grupo, é em si mesmo um fenómeno criativo (Fonseca, 1990);
4) Criou-se um ambiente propício e facilitador do ensino/aprendizagem ao trabalhar na
turma o valor da amizade como estratégia principal, abordando-se outros conteúdos mais
específicos associados: a responsabilidade, tolerância, solidariedade, cooperação, confiança,
autonomia, respeito, justiça, compreensão, afecto, altruísmo, generosidade, sinceridade e apoio
mútuo. A eleição desta prioridade resultou do facto de não só se ter diagnosticado a falta deste
valor mas porque ele promove a formação ética e moral dos alunos, propiciando, ainda, a
criatividade e o pensamento criativo e crítico necessários à resolução de problemas. Estas
competências traduzem-se, com frequência em sucesso académico e são, por sua vez, também as
competências requeridas para o bom desempenho da cidadania e para o desempenho produtivo
(Tedesco, 1990);
5) Fomentou-se a amizade por duas razões principais. É nesta fase da vida que esta
desempenha um papel fundamental, devido aos jovens sentirem uma maior incompreensão por
parte dos adultos (pais), sendo a sua fonte de compreensão os amigos. A amizade interage com
toda uma série de valores tais como: tolerância, auto estima, cooperação, respeito, camaradagem,
compreensão, afecto, altruísmo, generosidade, sinceridade, que por sua vez também caracterizam
uma personalidade criadora e democrática (Carreras et al., 2002; Sponville, 1995; Giollito, 2002;
Serrano, 1997; Pinto, 2004);
6) Depois de os alunos terem interiorizados competências de trabalho em grupo, apontou-
se para a prática de aprendizagens que visaram a realização de projectos comuns com vista ao

63
Isabel Manso

potenciar da criatividade, quer porque esta se trata de um dos objectivos explícitos desse grau de
ensino, quer porque os alunos atravessam, durante este ciclo de estudos, uma fase fulcral do seu
desenvolvimento em que se processa a identidade pessoal e uma socialização, que tende cada vez
mais para uma maior integração social segundo o processo de maturação cognitiva, física,
emocional e social (Papalia, 2001);
7) No sistema de avaliação na área curricular de Formação Cívica utilizaram-se elementos
provenientes das diversas disciplinas e áreas curriculares, segundo o despacho Normativo
30/2001, contemplando como elementos de avaliação, os seguintes critérios: a capacidade de
organização pessoal; a curiosidade intelectual; a autonomia nas próprias aprendizagens; a
predisposição para reflectir sobre o trabalho realizado e sobre os problemas; a originalidade ou
iniciativa pessoal, o sentido de responsabilidade, tolerância e solidariedade. No entanto, os
critérios que mais se privilegiaram foram: o fomentar do diálogo entre todos os membros da
turma, a adequação ou eficácia do produto perante o objectivo com que foi criado, critério
tomado como complementar à originalidade ou iniciativa pessoal, isto é, procurou-se juntar à
surpresa (vinda da originalidade) a satisfação de algo cumprido, considerando-se a subjectividade
que tal critério implica a nível do avaliador (Morais, s/d) e o favorecer a identificação dos
progressos e das dificuldades dos alunos, conduzindo a uma aproximação entre o que se ensina, o
que se aprende e o que se avalia. Além disso, são de salientar, ainda, os critérios ligados a
capacidades e a estratégias de resolução de problemas ou situações de conflito, assim como à
pesquisa e utilização de diversas fontes de informação. Neste aspecto tornou-se útil, também,
associar, ao trabalho dos alunos, as tecnologias de informação e da comunicação, uma vez que o
Decreto-Lei 6/2001 estabelece que uma componente de trabalho dos alunos deve ser associada a
esta área e constar explicitamente do Plano Curricular de Turma.
Neste processo de avaliação, embora de uma forma implícita, reflectiram-se os seguintes
parâmetros:
1- um, eminentemente contínuo, tem por base: a assiduidade; a participação activa
(planificação, realização e avaliação) das várias actividades implementadas nas várias
sessões;
2- outro, de dimensão globalizante, constituída por um trabalho de equipa, de natureza
transdisciplinar, cuja realização foi acompanhada pelos docentes pertencentes ao Conselho
de Turma, com os quais foi discutida.

64
Investigação Empírica

Foram concebidas 20 sessões, correspondentes ao 2º e 3º Períodos.


Os quadros III, IV e V que se seguem, apresentam, respectivamente, o resumo das actividades
realizadas em cada sessão, a planificação geral das actividades e as competências prioritárias
desenvolvidas na Área Curricular não disciplinar de Formação Cívica.

Sessão Quadro III


de Data
Resumo das actividades desenvolvidas em cada sessão
trabalho


• Distribuição individual do guião da actividade 1- “O Amigo Oculto”:
Período 08/01/07 finalidades, objectivos e regras sobre o seu desenvolvimento;
01 • Sorteio do “Amigo Oculto”

• Distribuição aos alunos do guião da actividade 2 - ”Vamos ao Museu”:


finalidades, objectivos e metodologia;
02 15/01/07 • Reflexão individual sobre os vários dilemas
• Registo das respostas no quadro de giz e no caderno diário;
• Votação da resposta mais adequada.

03 22/01/07 • Continuação da actividade 1 - do “Amigo Oculto”:


-diálogo sobre as percepções e emoções sentidas em relação às mensagens enviadas e
recebidas;
-observação directa dos comportamentos e atitudes dos alunos (registo - Grelha de
observação);
-Preenchimento do questionário Impressões sobre a experiência “O Amigo
Oculto” ;
- Apresentação dos resultados das observações em suporte digital
- recomendações para a próxima sessão.
• Conclusão da actividade 1- do “Amigo Oculto”:
• Recolha das mensagens que os alunos receberam;
04 29/01/96
• Formação dos grupos e discussão sobre o que aconteceu, durante a actividade,
salientando os aspectos positivos e negativos;
• Elaboração de relatório sobre os resultados da discussão;
• Resumo e registo das conclusões, a partir dos dados apurados e opiniões dos
alunos;
• Síntese de toda a actividade e registo da mesma no diário da turma;
• Lançamento da próxima actividade.

65
Isabel Manso

05 05/02/07 • Explicação e distribuição individual do guião da actividade 3-“A brincar, a


brincar vamos conhecermo-nos”: finalidades, objectivos e regras sobre o seu
de desenvolvimento;
• Distribuição do questionário “A brincar, a brincar vamos conhecermo-nos”;
• Distribuição da chave dos resultados;
• Reflexão oral em plenário sobre algumas questões:
 Estes questionários trouxeram-vos alguma novidade sobre vocês mesmos
e os amigos que têm?
 O que aprenderam com esta actividade?
 Que tipo de amigos têm?
• Produção de um texto escrito, individual, sobre os resultados obtidos,
mediante uma chave de resultados.
06 12/02/07 • Distribuição individual do guião da actividade 4 -“ O Caso dos Óculos” :
finalidades, objectivos e regras sobre o seu de desenvolvimento;
• Exposição da situação problemática aos alunos;
• Registo das respostas dadas aos dilemas apresentadas.
• Votação e registo no quadro da melhor solução encontrada para o problema.
07 26/02/07 • Discussão sobre as várias interacções vivenciadas na hora do recreio;
• Síntese e registo dos dados apurados e opiniões dos alunos no “Diário da
Turma” ;
• Indicações para a próxima sessão.
08 05/03/07 • Distribuição individual do guião da actividade 5 - “ Solicitar a mudança de
um comportamento”: finalidades, objectivos e regras sobre o seu de
desenvolvimento;
• Distribuição e resolução da ficha individual de trabalho “Como Solicitar a
mudança de um comportamento”;
• Formação de grupos de trabalho;
• Discussão das respostas e elaboração de um relatório;
• Registo no quadro de formas adequadas de solicitar a alguém, que altere o seu
comportamento numa situação análoga ou noutras situações com apoio no
relatório efectuado;
• Distribuição e preenchimento da ficha síntese;
• Distribuição de uma ficha de reflexão individual para completar em casa.
09 12/03/07
• Actividade 6 -“Almoço convívio”:
- Elaboração de mensagens alusivas ao “Dia Mundial da Árvore”.
-Realização de um painel colectivo para a comemoração do Dia Mundial da
Árvore.

10 19/03/07 • Continuação da Actividade 6: “Almoço convívio”:


-Conclusão dos preparativos para o almoço convívio da turma (Execução de
cestas de Páscoa);
-Balanço das actividades desenvolvidas no 2º período;
-Distribuição aos alunos duma ficha de Auto-avaliação.

66
Investigação Empírica

Sessão 21/03/07
Extra Final da
Manhã • Conclusão da Actividade 6:“Almoço convívio”:
Dia -Almoço entre os alunos e professores da turma no refeitório da escola;
-Visita e distribuição das cestas de Páscoa pelos vários sectores e serviços da
Mundial
escola;
Da -Projecção de um filme “Um Homem Sem Rosto”;
Tarde
-Intervalo do filme (Lanche convívio).
Árvore

3º 16/04/07
• Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e criatividade”
Período • -Esclarecimento sobre metodologias/estratégias/práticas educativas a
11 implementar neste período;
• Distribuição e análise de material didáctico de suporte às aulas de F.C,
(construção de guião; avaliação…etc.)
• Constituição de grupos de trabalho;
• Sorteio das temáticas a debater e a dramatizar pelos vários grupos;
• Esboço do plano de trabalho ou guião das várias etapas desta actividade;
• Calendarização das várias actividades a desenvolver neste período;
• Sugestões ou dúvidas que os alunos queiram apresentar.

12 23/04/07 • Continuação da Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e


criatividade”
• Apresentação da pesquisa sobre as temáticas sugeridas;
• Selecção da informação, com base na formulação de questões que os alunos
considerem mais relevantes e/ou interessantes para debater;
• Orientações sobre o debate
 O que é um debate? Por que fazer um debate? Como se faz um debate?
 Outras técnicas e ideias criativas de sensibilização/assimilação acerca dos
temas/conteúdos;
• Construção de um guião para as peças de teatro e de um guião para assistir à
representação de uma peça de teatro.
13 30/04/07 • Continuação da Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e
criatividade”:
-Disposição do mobiliário da sala de aula conforme a vontade do grupo que vai
apresentar;
-Debate sobre o valor da responsabilidade:
apresentação do tema à turma e as respectivas conclusões;
-Auto e hetero-avaliação.
14 07/05/07  Continuação da Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e
criatividade”:
- Disposição do mobiliário da sala de aula conforme a vontade do grupo que
vai apresentar;
-Mesa redonda sobre o valor da tolerância:
-Apresentação do tema à turma e as respectivas conclusões;
-Auto e hetero-avaliação.

67
Isabel Manso

15 14/05/07 • Continuação da Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e


criatividade”
 Disposição do mobiliário da sala de aula conforme a vontade do grupo que vai
apresentar;
• Contos e dilemas sobre o valor da amizade:
-Apresentação do tema à turma e as respectivas conclusões;
• Auto e hetero-avaliação.
16 21/05/07
• Continuação da Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e
criatividade”:
-Disposição do mobiliário da sala de aula conforme a vontade do grupo que vai
apresentar;
-Fórum a partir de um artigo - Uma história real – assunto: o valor da
solidariedade:
- Apresentação do tema à turma e as respectivas conclusões;
• Auto e hetero-avaliação.
17 28/05/07 • Continuação da Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e
criatividade”:
-Preparação do mobiliário para o trabalhar em grupo;
-Construção do guião das Peças de Teatro;
-Distribuição e análise do guião “Como assistir à representação de uma peça de
teatro”.
18 04/06/07 • Continuação da Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e
criatividade”:
-Disposição do mobiliário da sala de aula conforme a vontade do grupo que vai
apresentar;
-Apresentação das Peças de Teatro: “A menina brilhante e a menina
desorganizada”e “ Telejornal Internacional”.
19 11/06/07
• Continuação da Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e
criatividade”:
-Disposição do mobiliário da sala de aula conforme a vontade do grupo que vai
apresentar;
-Apresentação das Peças de Teatro “O Vírus da Amizade” e “A vida de
Bêbado”.

Sessão 15/06/07
 Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e criatividade”:
Extra
Manhã -Apresentação de todas as Peças de teatro.

20 18/06/07 • Encerramento das sessões de Formação Cívica


• Conclusão da Actividade 7 – “O teatro como meio de formação cívica e
criatividade”:
-Balanço da actividade - elaboração de uma síntese descritiva sobre a
actividade “O teatro como meio de formação cívica e criatividade”, Auto-
avaliação.

68
Quadro IV-PLANIFICAÇÃO DAS ACTIVIDADES – FORMAÇÃO CÍVICA

ANO DE ESCOLARIDADE: 6º TURMA: C ANO LECTIVO – 2006 / 2007


TEMA:Formação Cívica e Criatividade Pilar de aprendizagem: Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros
BLOCOS/ OBJECTIVOS OBJECTIVOS COMPETÊNCIAS COMPETÊNCI ESTRATÉGIAS/ AVALIAÇÃO CALENDARI
CONTEÚDOS GERAIS ESPECÍFICOS ESPECÍFICAS AS RECURSOS/ ZAÇÃO
TRANSVERSA ACTIVIDADES Blocos de
IS 45m
Comunicação Desenvolver a -Desenvolver o - imagina-se na pessoa
Observaçã 1º Período:
oral e escrita: formação reconhecimento do seu colega e faz a “Vamos o: 13 sessões
.estrutura e integral da progressivo do apresentação deste. conhecer o
conteúdo das personalidade outro: - regista as ideias,
director de - apresenta
mensagens : - criar empatia na sentimentos e turma e os
o colega
1ªsessão:
escritas, orais, fixar os sala de aula; expectativas que colegas” 18/09/07
gestuais ou pontos de -ajudar o grupo a considera mais
-regista no
pictórica referência que conhecer-se; importantes; Relacioname “A minha Nova
caderno
.Domínio do permitam a -facilitar a integração nto Turma”
diário
planeamento e cada aluno na turma; - apresenta-se aos interpessoal e
colegas e ao professor;
desenvolvimen escolher e -estimular a reflexão de grupo “Os meus
to construir a sua e compreensão - formula as frases Amigos”
-interage
Pessoal e ou as suas acerca dos outros; incompletas de maneira preenchimento
a que sejam positivas ou nos
Social: múltiplas - induzir a da ficha “ O 2ªsessão:
neutras, evitando as primeiros
Formas de identidades sinceridade pelo negativas; que os meus 25/09/07
contactos
cooperação e - Permitir menos relativamente colegas
tipos de tarefas aceder a a uma pessoa; - dialoga; disseram sobre
-Interage
valores - desenvolver a - reconhece as qualidades mim”
e valores dos colegas
com os
destinados a capacidade de 3ª sessão:
colegas e
induzir em si aceitação da opinião “Os meus 02/10/07
- exprime-se livremente: professor
próprios uma dos outros; se está ou não de acordo
valores”:
conduta social - favorecer a auto- ou surpreendido, -
- Exercita a
responsável estima; apresentando as suas Preenchimento
razões.
espontaneid
tais como: - conhecer os e colagem dos
ade
Responsabilida colegas; autocolantes
69
Isabel Manso

de; - promover a sobre “Quem


Criatividade; inclusão; - preenche um Sou Eu”
Tolerância; - melhorar o auto- formulário ou -eleição do(s) -identifica
Solidariedade; conceito e a auto- documento com os aluno(s) que os
seus dados pessoais melhor amigos/cole
aceitação do outro e dos seus conhece(m) os gas
Respeito; -caracterizar a turma familiares. colegas
Cooperação; ao nível
Justiça; socioeconómico - identifica as Construção
Democracia; qualidades e de um
competências que quadro
-desenvolver a um delegado deve resumo 4ª sessão:
.Desenvolver capacidade de possuir; sobre a 09/10/07
competências actuação - reconhece o colega actividade
inter e intra democrática e que reúne o maior “Quem Sou
pessoais tais solidária; número dessas - Eu” em
como: - promover a qualidades e preenchimento formato
-Auto-estima e responsabilidade competências e que da digital
Auto conceito individual em melhor poderá “Ficha
intervenções de representar a turma; biográfica”e 5ª sessão:
-Promover um carácter colectivo; “caderneta do 16/10/07
potenciar do -estimular o espírito - indaga sobre a aluno”
sentido reflexivo que deve necessidade de criar
crítico e anteceder qualquer regras e contratos; - “Eleição do
criatividade intervenção - estabelece e Comunicação Delegado e
democrática; cumpre as regras Sub delegado
importantes para o da turma”
-Promover a -Consciencializar os bom funcionamento -realização do
ligação alunos para a da turma; escrutínio; Observação
Escola/Família necessidade da -responde ao inquérito e -elaboração da 6ª sessão:
elaboração de reflecte sobre os acta 23/10/07
contratos e regras resultados mediante a
chave apresentada; “Direitos e
comuns;
.Desenvolver a -Melhorar a deveres dos
- interpreta os resultados
autonomia, aprendizagem com obtidos;
alunos”: Observação
assiduidade, base no seu auto- - interpreta e define o seu -acto
70
Investigação Empírica

reconheciment conhecimento; estilo de aprendizagem; - Reelaboração eleitoral; Sessões:


o dos direitos - Diagnosticar o - apercebe-se das Cumprimento do Contrato 7ª
como cidadão; perfil de suas dificuldades e de regras pré Pedagógico do 30/10/07
aprendizagem dos ou capacidades de estabelecidas ano anterior
alunos; memória; no ano “Estilos e
- Apontar estratégias - prepara-se física e anterior Objectivos
e metodologias para mentalmente para o Pessoais de
o melhoramento da estudo e a leitura; - Tratamento Aprendizagem
aprendizagem dos - escolhe métodos de da ”:
alunos; leitura adequados informação Preenchimento -
-Conhecer e aos objectivos do inquérito “ Observação 8ª 6/11/07
compreender as definidos para o Sou criativo à directa e
dificuldades sentidas estudo ou para a minha sistemática;
-Inferir sobre a recolha de maneira…eu
importância da informação; sou”;
.Desenvolver audição na - identifica as suas -Distribuição -Ficha
a comunicação dificuldades e aponta da chave dos síntese,
participação/co - Aprender a estratégias para -Estratégias resultados; Diagnostico
operação nas exprimir opiniões superá-las cognitivas -Registo do de
actividades fundamentadas; tipo (s)de dificuldades
escolares; - Construir - identifica o que - Tratamento inteligência (s) e 9ª13/11/07
consensos na tomada correu bem, o que da individual, potencialida
de decisões; correu mal e aponta informação características des na
- Interagir e negociar estratégias de e métodos de leitura e no
diferentes pontos de solução; estudo, estudo,
vista; - compreende a mediante a detectadas
-Procurar o bem finalidade de um chave de nas
comum respeitando consenso como uma resultados. actividades 10ª20/11/07
a individualidade de necessidade para -Criação de
cada um; defender e resolver uma tabela de - Ampliar a
Discutir, orientar e problemas e dupla entrada e motivação
procurar soluções interesses de bem introdução dos p/ a
consensuais, comuns; - resultados/dad aprendizage
contemplando as Comunicação os obtidos, em m
várias perspectivas e formato 11ª sessão:
71
Isabel Manso

expressas; Relacioname digital; 27/11/07


-Evidenciar a nto - Discussão
necessidade de interpessoal sobre os
envolvimento e Diferentes
participação de cada Estilos
aluno, no processo Pessoais de 12ª sessão:
de - avalia o seu Aprendizagem 4/12/07
planificação/avaliaçã percurso académico e interpretação
o das suas próprias e o dos colegas dos resultados
aprendizagens. do inquérito;
-Realização de
uma ficha de
Trabalho sobre
estratégias,
questões e
objectivos de
aprendizagem

-Diálogo com
os alunos sobre 13ª sessão:
as dificuldades 11/12/07
sentidas até ao
momento
-
Observação
* “Diário Da dos alunos
Turma” que
levantam o
braço para
Preenchimento pedir a
de um registo palavra e
de auto- que
avaliação aguardam a
sua vez para
falar

72
Investigação Empírica

-Registo de
aspectos das
vivências
dos alunos
na turma

-Ser capaz
de exercitar
a
espontaneid
ade
-Ser capaz
de ampliar a
motivação
para a
aprendizage
m
-Ser capaz
de
estabelecer
relações de
empatia
Ser capaz
de integrar-
se na turma

Auto e
hetero
avaliação

73
Isabel Manso

BLOCOS/ OBJECTIVOS OBJECTIVOS COMPETÊNCIAS COMPETÊN ESTRATÉGI AVALIAÇ CALENDAR


CONTEÚDOS GERAIS ESPECÍFICOS ESPECÍFICAS CIAS AS/ ÃO I
TRANSVER RECURSOS/ ZAÇÃO
SAIS ACTIVIDAD Blocos de
ES 45m
AMIZADE -Descobrir o -Ser amável e - descobre aspectos Actividade -observação 2º Período:
valor da prestável com o positivos do amigo Comunicação 1: “O Amigo directa dos 10 sessões
oculto, produz comportament
amizade, as outro; mensagens e envia-as, Oculto” os e atitudes
1º sessão
Comunicação atitudes que a -Descobrir novos dando pistas verdadeiras Relacioname dos alunos 08/01/07
escrita: favorecem, as aspectos positivos dos mas, evitando não “dar nto Actividade (registo -
-estrutura e dificuldades que colegas, especialmente nas vistas”; interpessoal ”Incentivos Grelha de 3ª Sessão:
em particular do -Ser capaz de guardar um ou estímulos observação),
conteúdo da às vezes amigo oculto;
22/01/07
segredo. positivos” comentários
mensagem comporta o ser- -Descobrir as suas -Estratégias dos alunos,
escrita ou se responsável; qualidades e valores; - descobre que está no cognitivas -distribuição Diário da 4ª sessão:
pictórica; -Descobrir o -Oferecer a caminho certo, de lembretes Turma, 29/01/07
valor da oportunidade a cada esforçando-se por dar - Tratamento aos alunos mensagens
participante de receber sempre o seu melhor. -afixação de enviadas pelos
Domínio do amizade nas um feedback
da
balões/rótulo alunos,
planeamento e relações sociais; positivo de um dos informação comentários
desenvolvimen -Descobrir que a seus colegas; s e cartazes, dos alunos que
to pessoal e amizade exige -Aumentar a confiança na sala de receberam as
social: generosidade, no outro; aula, com mensagens.
-Saber guardar um frases e - Revelação de
- formas de que o egoísmo, a segredo.
imagens atitudes/comp
cooperação; mentira e a ortamentos de
-Tipos de intolerância -Descobrir as estimulantes amizade pelos
tarefas: destroem uma dificuldades que às (Acção colegas e
número de verdadeira vezes comporta a permanente professores da 2ª sessão:
mensagens amizade ; amizade; da D.T. no turma e 15/01/07
- exprime as suas início de cada propostas que
-reforçar a auto- -Adquirir hábitos opiniões e fundamenta- manifestem a
estima, a de participação as;
semana). necessidade da
confiança e democrática a nível amizade dos
encorajar o Actividade colegas.
de debate de ideias;
gosto pelas 2: “Vamos
- reflecte e dá a sua ao Museu”
AMIZADE actividades -Responder a opinião em relação à sua
5ª sessão:
escolares. questionários e chave de resultados 05/02/07

74
Investigação Empírica

RESPONSABI reflectir sobre os - exprime as suas -


LIDADE -Trabalhar e resultados opiniões e fundamenta- Comunicação Actividade
as; 3:
descobrir o valor mediante uma -
da amizade e da chave de Relacioname “A brincar, a
responsabilidade resultados; nto brincar
-Desenvolver a interpessoal vamos -Respostas
participação/coo - Descobrir as conhecermo- individuais
peração nas dificuldades que às -Estratégias nos” aos dilemas 6ª sessão:
actividades vezes comporta cognitivas propostos; 12/02/07
escolares; uma atitude - Votação e
responsável; - Tratamento registo no
RESPONSABI -Construir da quadro da
LIDADE consensos na - identifica o que informação Actividade melhor
tomada de correu bem, o que 4:“ O Caso solução
decisões; correu mal e aponta dos Óculos” encontrada
- Interagir e estratégias de para o 7ª sessão:
negociar diferentes solução; Comunicação problema; 26/02/07
pontos de vista; - compreende a -
-Trabalhar e -Procurar o bem finalidade de um Relacioname -“Diário da -Produção
descobrir o valor comum respeitando consenso como uma nto Turma” - de um
da a individualidade necessidade para interpessoal Registo de texto
responsabilidade de cada um; defender e resolver aspectos das escrito,
-Desenvolver a Discutir, orientar e problemas e -Estratégias vivências dos individual,
participação/coo procurar soluções interesses de bem cognitivas alunos na sobre os 8ª sessão:
peração nas consensuais, comuns; turma resultados 05/03/07
actividades contemplando as - compreende - Tratamento obtidos;
escolares; várias perspectivas o outro; da
expressas; - tem um informação Actividade
comportamento 5: “ Solicitar -Respostas
- Aprender a assertivo; a mudança individuais
comunicar de de um aos dilemas
forma adequada comportame propostos;
que um - exprime-se Comunicação nto” - Votação e
comportamento é livremente através registo no
incorrecto; do desenho, pintura quadro da 9ª sessão:
75
Isabel Manso

-Ajudar o outro a e escrita; melhor 12/03/07


mudar esse Actividade solução
comportamento; - realiza um 6: encontrada
- Reflectir sobre as projecto, planifica-o “Almoço para o
consequências de e executa-o; convívio” problema;
uma solicitação -Elaboração
inadequada; de um painel
colectivo -Registo de
-Desenvolver a com aspectos
criatividade mensagens relacionado
- alusivas ao s com as 10ª sessão:
-Desenvolver a Relacioname “Dia vivências 19/03/07
-Trabalhar e criatividade nto Mundial da dos alunos
descobrir os interpessoal Árvore” 21/03/07
AMIZADE valores -Desenvolver a Hora de
RESPONSABI responsabilidade capacidade de -Execução de almoço
LIDADE , tolerância, pensar, ouvir e cestas de
TOLERÂNCI solidariedade e observar Páscoa -Reflexão
A respeito criticamente individual
RESPEITO -Desenvolver a -Almoço para fazer
SOLIDARIED participação/coo -Evidenciar a Convívio em casa
ADE peração nas necessidade de entre os 21/03/07
actividades envolvimento e alunos e Tarde
escolares; participação de professores
cada aluno, no da turma no
-Sensibilizar os processo de refeitório da
alunos para a planificação/avalia escola
defesa do ção das suas
ambiente; próprias -Projecção de
-Reconhecer que aprendizagens um filme
a árvore é uma “Um Homem
AMIZADE também uma Sem Rosto”
RESPONSABI “amiga” a
LIDADE preservar; -Lanche
convívio
-Estimular o
76
Investigação Empírica

prazer de
oferecer sem -Estratégias
esperar nada em cognitivas
ALTRUÍSMO troca; - avalia o seu
percurso académico
- Reforçar os e o dos colegas -Elaboração
laços de - Tratamento de uma
amizade; da síntese sobre
-Estimular o informação as actividades
SOLIDARIED gosto de estar na desenvolvida
ADE escola; s no 2º
período
- Levar o aluno
a compreender
que o professor
é antes de tudo
um amigo em
quem pode Debate
confiar e que o sobre o
professor filme e
também registo
necessita dessa escrito das
confiança para conclusões
continuar a
acreditar que
vale a pena lutar Reflexão
e ter orgulho em oral
ser professor;
Auto e
-Desenvolver a hetero
participação/coo avaliação
peração nas
actividades
escolares.

77
Isabel Manso

OBJECTIVO OBJECTIVOS COMPETÊNCIAS COMPETÊNCI ESTRATÉGIAS AVALI CALENDARI


TEMAS/ S GERAIS ESPECÍFICOS ESPECÍFICAS AS / AÇÃO ZAÇÃO
CONTEÚD TRANSVERSA RECURSOS/ Blocos de 45m
OS IS ACTIVIDADES
Participar em -Age Actividade 7 – - integra- 3º Período: 10
Amizade projectos Desenvolver a independentemente -Comunicação “O teatro como se no sessões
Responsabili comuns: Autonomia, da intervenção dos Expressão meio de grupo
dade -Evidenciar a autogestão, formadores e outros Comunicação formação cívica 1ª sessão:
necessidade Trabalho em agentes educativos, Oral e criatividade” 16/04/07
de Equipa, manifesta acordos e Comunicação -Esclarecimento
envolvimento aprender a desacordos, gerindo Escrita sobre
e participação aprender e a os eventuais Relacionamento metodologias/est
de cada estudar: conflitos daí interpessoal ratégias/
aluno, no -Envolver o decorrentes.... Empatia práticas
processo de aluno no - Organiza, realiza e Socialização educativas a
planificação/ processo de gere -Estratégias implementar
avaliação das planificação; individualmente o cognitivas neste período;
suas próprias - Promover a trabalho, -Constituição de
aprendizagen responsabilizaçã conferindo, ao - Tratamento da grupos de
s. o pelas tarefas mesmo tempo, informação trabalho;
importância ao - Sorteio das
trabalho temáticas a
independente dos debater e a
outros, manifesta dramatizar pelos
autoconfiança nas vários grupos;
relações que - Sugestões ou
estabelece com os dúvidas que os 2ª sessão:
demais...). alunos queiram 23/04/07
-Participa e facilita a apresentar.
participação dos -Distribuição e
outros na análise de
consecução de material
tarefas e objectivos didáctico de
comuns, auto- suporte às aulas
organiza-se para o de F.C.;

78
Investigação Empírica

trabalho de grupo, - Calendarização


assume os diferentes das várias
papéis que lhe são actividades a
distribuídos, define, desenvolver
em conjunto com os neste período;
membros da equipa, -Apresentação
objectivos, prazos, da pesquisa
metodologias, etc., sobre as
para a realização do temáticas
trabalho comum, sugeridas;
promove a -Selecção da
colaboração, informação,
evitando a com base na
competição, adequa formulação de
as tarefas questões que os
individuais que lhe alunos
são confiadas à considerem mais
realização do relevantes e/ou
projecto e interessantes
objectivos definidos para debater;
pelo grupo...). -Orientações 3ª sessão:
- Escolhe os sobre o debate 30/04/07
métodos, modelos,
abordagens,
estratégias de 4ª sessão:
aprendizagem, - 7/05/07
formula objectivos Conclusõ
de es 5ª sessão:
autoconhecimento e Auto e 14/05/07
autoformação, hetero-
envolve-se e Debate sobre o avaliação 6ª sessão:
participa no valor da 21/05/07
processo de responsabilidade
planificação/avaliaç ;
ão das suas próprias
79
Isabel Manso

aprendizagens, Mesa redonda


partilha sobre o valor da
Responsabili conhecimentos, tolerância
dade etc.).
- planifica e Contos e
responsabiliza-se dilemas sobre o
Tolerância pelas tarefas; valor da
- dá opiniões e amizade;
contribui para a
Amizade planificação e Uma história
calendarização das sobre o valor da
actividades; solidariedade 7ª sessão:
Solidariedad -selecciona 28/05/07
e informação sobre o
tema/conteúdo/- -Construção do 8ª sessão:
valor que lhe foi guião das Peças 4/06/07
sorteado; de Teatro;
-responsabiliza-se -Distribuição e
pelas suas tarefas análise de em
no grupo; guião “Como
-prepara, modera e assistir à 9ª sessão:
secretaria um representação de 11/06/07
debate; uma peça de
-Saber ouvir os teatro”
colegas;
-avalia o seu
próprio trabalho e o
dos colegas; Teatro: “A
Promover a -respeita a técnica menina
Iniciativa de apresentação brilhante e a
escolhida; menina
desorganizada”
-Opina, escolhe e
propõe, reflecte e Peça de teatro “
avalia as iniciativas Telejornal
em que participa, Internacional”
80
Investigação Empírica

mobiliza e ou
inventa recursos
para projectos -Peça de Teatro
Potenciar a individuais ou “O Vírus da
Criatividade colectivos, corre Amizade”
riscos, etc.).
-Peça de teatro
-Faz face ao “A vida de
imprevisto, Bêbado”;
socorrendo-se de
capacidades
Responsabili intelectuais,
dade emocionais,
espirituais,
Tolerância corporais,
imaginativas, etc.,
faz cada vez mais e
melhor,
Amizade transcendendo-se, e
procurando os
Solidariedad meios que lhe
e permitem pôr o seu
talento em prática,
está aberto(a) a
ideias novas, é
flexível, questiona e
questiona-se...

-cria e escreve um
texto dramático de
acordo com o
conteúdo/valor que
lhe foi sorteado;

-Orienta a produção
81
Isabel Manso

escrita em função da
situação
comunicativa, lê,
escreve e faz bom
uso da língua
portuguesa...).

- Orienta o discurso
Desenvolver a oral e a audição de
Comunicação acordo com a
Escrita situação
comunicativa, faz
bom uso da língua
portuguesa falada,
argumenta...).
-elabora um guião
para uma peça de
teatro;
Desenvolver a -faz um bom uso de
Comunicação tempo;
Oral -responsabiliza-se e
cumpre os prazos
acordados entre
todos;
-dramatiza
(interpreta a
personagem criada
)

-Confere paixão às
suas acções e
projectos, dedica-se,
empenha-se e
acredita no que
realiza, quer e faz e
tem convicções
82
Investigação Empírica

fortes...).

-Elucida e elucida-
se sobre as
diferentes
dimensões de si
próprio(a),
compreende o
sistema de valores
que em si se
exprimem e
Motivação elucidam a sua
“História de Vida”,
é íntegro, honesto,
sabe situar-se como
actor social, constrói 10ª sessão
o seu projecto 18/06/07
-Auto-avaliação:
Posicionamento pessoal ético...).
elaboração de
Ético -Reflecte, enuncia e
uma síntese
representa os
descritiva sobre
elementos
as actividades
significativos de Fim
desenvolvidas
situações que
no 3º período
protagoniza, indica
e representa
elementos
Promover a importantes de
Crítica e situações em que os
Autocrítica outros se envolvem
e que tem a
oportunidade de
observar...).

Quadro V- Competências transversais prioritárias/Conteúdos/Estratégias e Contributos de cada A. Curricular


83
Isabel Manso

Ano de Escolaridade: 6ºC Ano Lectivo 2006/07


Conteúdos Competências a desenvolver Contributo da: Formação Cívica
Exprimir-se com liberdade e imaginação utilizando
Comunicação Saber exprimir-se com clareza e correcção linguagens e técnicas diversificadas
Saber comunicar, utilizando linguagens diversificadas Capacidade de diálogo e discussão de ideias sobre os
Saber ouvir e perceber ideias essenciais conteúdos/temas: amizade, responsabilidade, tolerância e
Saber ler e distinguir o essencial do acessório solidariedade
Espírito crítico para os assuntos tratados
Levar os alunos a exprimirem-se de forma crítica e criativa
Envolver o aluno na planificação e calendarização das
Saber pesquisar e seleccionar a informação actividades
Métodos de Estudo e Saber organizar a informação recolhida Levar os alunos a cumprir os prazos de entrega dos diversos
de Trabalho Saber controlar a atenção e concentração trabalhos
Saber cumprir normas e prazos Promover o trabalho de Grupo
Saber utilizar conhecimentos em situações variadas Reforçar o controlo sobre o portfólio ou caderno diário
Desenvolver debates e dramatizações – peças de teatro
Desenvolver assembleias de participação generativa – Diário
da turma
Levar os alunos a exprimirem-se de forma crítica e criativa
Desenvolver várias técnicas de apresentação das temáticas:
Saber reflectir criticamente; - debates, mesa redonda, simpósios, conferências, contos,
Estratégias Saber raciocinar; dilemas, história reais, simulação de papéis, dramatização;
Saber relacionar Envolver o aluno na planificação e orientação das actividades:
Cognitivas construção de guiões;
Aprender a resolver situações de conflito;
Saber avaliar o trabalho individual e colectivo;
Saber responder a questionários mediante a chave apresentada

Saber intervir oportunamente


Saber respeitar o ritmo de aprendizagem dos outros Fazer cumprir as normas estabelecidas
Saber cumprir regras estabelecidas Estabelecer diálogos em caso de não cumprimento das regras
Atitudes e valores Saber estabelecer boas relações pessoais fomentando a Realizar trabalho de grupos
amizade na turma Recorrer várias vezes à auto e hetero-avaliação
Saber cooperar com os colegas
Saber avaliar o trabalho individual e colectivo

84
Investigação Empírica

Após cada aula, o investigador elaborou um diário de campo sobre os acontecimentos da


aula, no qual registou também as impressões que teve. Os diários são instrumentos metodológicos
que propiciaram ao investigador revivenciar as situações, tomando uma posição de auto-crítica e,
ainda, servir de reforço ou contraponto aos outros dados gerados. Estes encontram-se no (anexo
5).

4.4 Avaliação das actividades desenvolvidas

4.4.1 – Técnicas de recolha de dados


A fim de avaliar o impacto das actividades desenvolvidas recorremos às seguintes técnicas
de recolha de dados:

Análise documental
Antes de identificaremos o tipo de documentos que nos propusemos analisar, gostaríamos
de apresentar, primeiramente, o conceito geral de documento e a importância da sua análise para
o nosso estudo. Bell (2004) define um documento, como sendo uma impressão deixada num
objecto físico por um ser racional e que nalguns casos servirá de complemento à informação
obtida por outros métodos, podendo, mesmo constituir o método de pesquisa central ou exclusivo
quando o acesso aos indivíduos da pesquisa for considerado difícil ou impossível.
Porém, esta autora refere que algumas fontes documentais podem ser consideradas
confidenciais e não serem abertas ao público, convindo ao investigador informar-se
antecipadamente da sua disponibilidade para as puder consultar.
Começámos por efectuar alguma pesquisa com base nesta técnica, primeiramente,
centramo-nos nas actas dos Conselhos de Turma e no relatório de avaliação do P.C.T. anterior
(Vol. I - Subsecção 1 e 2 da Secção A) que nos permitiu fazer uma reformulação do Plano
Curricular de Turma (Secção B) começando pela caracterização da turma (subsecção 1 da
Secção B) a fim de delinearmos as linhas orientadoras do Projecto de Intervenção e os tópicos
para as entrevistas semi-estruturadas. Posteriormente, completámos a recolha seleccionando e
analisando alguns documentos, como complemento à informação obtida pelas entrevistas.
Os documentos seleccionados, que complementarmente, analisámos encontram-se no
(Vol. I) e são os seguintes:

85
Isabel Manso

Relatórios de Identificação de problemas e definição de prioridades (Subsecção 2 da


Secção B); Relatórios de Actividades da Área Curricular não Disciplinar de Formação Cívica
(Subsecção 3 da Secção B); Relatório de avaliação do Plano Curricular de Turma com base na
análise do sucesso/insucesso dos alunos (Subsecção 4 da Secção B); Relatório Anual da
Actividade do Director de Turma (Subsecção 5 da Secção B); Relatório dos alunos com N.E.E.
(Subsecção 6 da Secção B); A primeira parte do enunciado da prova de aferição de Língua
Portuguesa do 6º Ano de escolaridade (Subsecção 1 da Secção C); A segunda parte do
enunciado da prova de aferição de Língua Portuguesa (Subsecção 1.1 da Secção C) e os
resultados obtidos pelos alunos, sujeitos alvo desta investigação, nessa mesma prova (Subsecção
1.3 da Secção C); Actividade “O Amigo Oculto” e Actividade “ O teatro como meio de
Formação Cívica e Criatividade”. Estes documentos encontram-se na (Subsecção 2 e 3,
respectivamente, correspondentes à Secção C).

Entrevistas
A entrevista consiste na mais importante técnica de recolha de dados em investigação
qualitativa, porque permite explicar e inserir num contexto mais abrangente aquilo que é
observado e experienciado pelo investigador. Consiste em conversas orais, individuais ou de
grupos com pessoas seleccionadas cuidadosamente, a fim de obter informações. A escolha desta
técnica justifica-se por ser a mais adequada à obtenção de informações acerca do que as pessoas
sabem, crêem, esperam, sentem desejam, fazem, bem como acerca das suas explicações ou
razões. Em geral, esta técnica distingue-se entre entrevistas estruturadas, não estruturadas e semi-
estruturadas, em função das características do dispositivo montado para registar a informação
fornecida pelo entrevistado (Natércio, 2005).
Escolheram-se as entrevistas semi-estruturadas porque combinam perguntas abertas e
fechadas, onde os informantes tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. Em geral,
são conduzidas a partir de um guião que constitui o instrumento de gestão da entrevista.
O guião foi construído a partir das questões de pesquisa e eixos de análise do projecto de
investigação. A sua estrutura típica teve um carácter matricial, em que a substância da entrevista
foi organizada por objectivos, questões e itens ou tópicos. A cada objectivo correspondeu uma ou
mais questões. A cada questão corresponderam vários itens ou tópicos que foram utilizados na
gestão do discurso do entrevistado em relação a cada questão. Assim sendo, o entrevistador teve
que estar atento para dirigir, no momento que achou oportuno, a discussão para o assunto que o

86
Investigação Empírica

interessou fazendo perguntas adicionais para se elucidar sobre questões que não ficaram claras
ou ajudar a recompor o contexto da entrevista, sempre que o informante “fugia” ao tema ou
tivesse tido dificuldades com ele. Optou-se por este tipo de entrevista porque se desejou delimitar
o volume das informações, obtendo assim um direccionamento maior para o tema, intervindo a
fim de que os objectivos fossem alcançados (Natércio, 2005).
A principal vantagem da entrevista semi-estruturada é que esta técnica quase sempre
produz uma melhor amostra da população de interesse. Ao contrário dos questionários enviados
por correio que têm índice de devolução muito baixo, a entrevista tem um índice de respostas
bem mais abrangente, uma vez que é mais comum as pessoas aceitarem falar sobre determinados
assuntos. Outra vantagem diz respeito à dificuldade que muitas pessoas têm de responder por
escrito. Além do mais, este tipo de entrevista possibilita a correcção de enganos dos informantes,
enganos que muitas vezes não poderão ser corrigidos no caso da utilização do questionário
escrito (Selltiz et al, 1987).
Uma outra vantagem deste tipo de entrevistas é a apresentada por Fetterman (1989), em
que se assume que “o indivíduo define o mundo de maneira particular”. Pretendendo-se, assim,
obter informação comum de todos os respondentes sem prejuízo de captar a especificidade da
posição de cada um.
Foram seguidos conselhos para treino das entrevistas, técnicas para controlar o tempo e
colocar o informante à vontade e conceder-lhe liberdade de seguir uma estrutura flexível e evitar
o risco da parcialidade ou da contaminação. Foram garantidos cuidados com: o tempo, local,
permissão para gravar, a criação de um ambiente empático, a clarificação dos objectivos das
entrevistas e a sua inserção no contexto da investigação, revelando honestidade, integridade e
imparcialidade na sua condução (Bell, 2004).
Tendo em consideração tudo o que atrás ficou dito, a marcação das entrevistas foi
efectuada de acordo com a disponibilidade dos entrevistados. Em cada fase preliminar (10 a 15
min), foi explicado com detalhe aos entrevistados o objectivo das entrevistas, a sua inserção no
projecto de investigação e a importância do seu contributo para o enriquecimento da investigação
em educação. Esse clima empático foi determinante para o sucesso das mesmas. A duração média
das entrevistas foi de 15 min (+ 10 min), em função do tempo que cada entrevistado necessitou
para exprimir as suas ideias e opiniões e para proceder a alguns esclarecimentos concretos que
foram solicitados na abordagem dos vários tópicos. Utilizaram-se perguntas amplas para o
lançamento de cada tema e questões mais específicas para reorientar o diálogo e clarificar algum
87
Isabel Manso

pormenor mais importante. Durante a realização das entrevistas, tentou-se conduzir o diálogo
num contexto de abertura e de informalidade.
As entrevistas foram gravadas em computador portátil, à excepção de uma: a da
informante - professora de Língua Portuguesa, que preferiu que assim o não fosse, por se sentir,
mais à vontade e, posteriormente, transcritas, integralmente, em texto que foi revisto e aprovado
pelos entrevistados (Vol. II).
Na condução das entrevistas foram tidas em conta as qualidades a desenvolver pelo bom
entrevistador. Segundo White, 1982, p. 112, citado em Merrian, 1998, p. 75, foram efectuadas
entrevistas a três professores do Conselho de Turma, a seis alunos e a seis encarregados de
educação. Apresentamos, de seguida, os guiões das entrevistas.

88
Investigação Empírica

GUIÕES DAS ENTREVISTAS


ENTREVISTA TIPO 1
Blocos temáticos
BLOCO A
0- Local da entrevista: _____ Data:__/__/___ Hora:___,___ Duração da Entrevista:___;__
Espaço Físico: ________
1- Identificação do informante Professor
Nome:________________________Idade: ________ Estado civil:___________ Nº de filhos:_____
Curso:___________________________________________________________________
Grau: __________________________ Categoria: _________________________________
Anos de serviço:______ Escalão:______ Desde que ano trabalhas nesta escola: ________
Dinamização de Acções de Formação Contínua:_______ Áreas:______________
Tempo dispendido na viagem para a escola: ___,___
Disciplina (s) leccionadas:_________________________________________Cargos actuais:_________________
Cargos anteriores:________________________________________________Pseudónimo:_______________

BLOCO B Tópicos

2- Conhecimento do tema • O que pensas sobre a Criatividade?


• Para ti quais são os principais obstáculos à
Criatividade criatividade?
• Como é que a criatividade tem sido abordada ao
longo da tua formação inicial/contínua?
• Que competências consideras importantes para o
desenvolver da criatividade?

BLOCO C Tópicos
3-Organização do ensino • Na tua opinião, como é que a escola pode
contribuir para a promoção de uma educação mais
e criatividade criativa e reflexiva?
• No teu entender, qual o papel que as áreas
curriculares não disciplinares têm na criatividade?
• Do contacto que tens tido com a turma, que
apreciação fazes das aulas de Formação Cívica?
• Em termos do grupo/turma, o que pensas do efeito
destas aulas? Nível do relacionamento? Disciplina?
Empenho?

89
Isabel Manso

ENTREVISTA TIPO 2
Blocos temáticos
BLOCO A
0- Local da entrevista:_______________ Data: / /2007 Hora: __;____
Duração da Entrevista: 00h,15m Espaço Físico: __________________
1- Identificação do informante aluno
Nome: _________Idade: _____ Ano de escolaridade/turma: 6ºC
Pseudónimo:____________________

BLOCO B Tópicos
• O que pensas sobre a Criatividade?
• De que forma a criatividade é importante no teu dia a
2-Conhecimento/ dia?
sensibilidade ao tema • O que costumas fazer para desenvolver a tua
criatividade?
Criatividade • Para ti quais são os principais obstáculos à
criatividade?
• Que vantagens encontras no hábito de pensar
criativo?
• Em teu entender, que competências achas importante,
desenvolver para estimular a criatividade?

Tópicos
BLOCO C
• Quais foram as metodologias ou estratégias,
3-Apreciação das aulas utilizadas pelo professor de Formação Cívica, que
de Formação Cívica mais gostaste?
• Para ti, quais são os principais obstáculos ao
desenvolvimento da criatividade nas tuas aulas?
• Foram desenvolvidas actividades individuais e em
grupo. Em quais te sentiste melhor e porquê?
• Em termos de relacionamento com a turma, quais
foram os efeitos destas aulas?

90
Investigação Empírica

ENTREVISTA TIPO 3
Blocos temáticos
BLOCO A
0- Local da entrevista:_______________ Data: / /2007
Hora: __;___ Duração da Entrevista: 00;15 m Espaço Físico: ______
1- Identificação do informante pai ou mãe/encarregado de educação
Nome do educando: __________ Idade: _______ Estado civil: ____ Nº de filhos:_____
Profissão: Anos de serviço:______ Habilitações académicas:_________________
Pseudónimo:__________________

BLOCO B Tópicos
• O que pensa sobre a Criatividade?
• Para si quais são os principais obstáculos à criatividade?
2-Conhecimento • Como é que acha que a escola pode desenvolver a
Sensibilidade ao tema criatividade?
• Em seu entender, que competências acha serem
Criatividade importantes, desenvolver nos alunos, para o estímulo da
criatividade?

Tópicos
BLOCO C
• Que apreciação faz das aulas de Formação Cívica?
• No seu entender, qual foi a mais-valia das aulas de
Formação Cívica?
3-Apreciação das aulas • Das actividades desenvolvidas, quais as que mais
lhe agradaram e/ou considere mais importantes?
de Formação Cívica • Que consequências considera que estas aulas
tiveram no seu educando?
• Em termos do relacionamento do seu educando
com a turma, o que pensa do efeito destas aulas?

91
Isabel Manso

TIPO: Semi-estruturadas
FINALIDADE: O foco deste trabalho é avaliar as percepções dos alunos/pais/professores sobre
o efeito da intervenção realizada.

ENTREVISTA TIPO 1
DESTINATÁRIOS: Professores de: Língua Portuguesa, Educação Física e de Apoio Educativo.
OBJECTIVOS
O guião das entrevistas permitiu-nos recolher as seguintes informações:
1- Detectar qual foi o papel da Formação Cívica no potenciar da criatividade dos alunos e se
esta pode ser considerada como sendo uma mais-valia para esse potenciar;
2- Identificar as metodologias/estratégias/práticas educativas que melhor facilitam o
potenciar do pensamento criativo, espírito crítico e criatividade dos alunos;
3- Identificar os factores ou condicionantes que favorecem o potencial criativo e a
criatividade de todos os alunos;
4- Detectar as formas de apoio ao processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento da escola
na promoção de uma educação mais criativa e reflexiva;
5- Conhecer a percepção da equipa pedagógica, em relação a esta intervenção pedagógica no
domínio da criatividade e à sua relevância no ensino;
6- Identificar quais são os principais obstáculos ao desenvolvimento da criatividade em sala
de aula;
7- Ressaltar a diferença/semelhanças dos conceitos de criatividade e de quais as
competências que a facilitam;
8- Conhecer as preocupações da equipa pedagógica em relação ao potenciar da criatividade
no ensino.

ENTREVISTA TIPO 2
DESTINATÁRIOS: Alunos: a Delegada de Turma, os dois alunos de N.E.E; um aluno com
Plano de Acompanhamento, um dos alunos com melhores resultados académicos, porque existem
vários e o aluno com os mais baixos resultados académicos.
OBJECTIVOS
O guião das entrevistas permitiu-nos recolher as seguintes informações:

92
Investigação Empírica

1- Perceber quais as estratégias desenvolvidas, ao nível das práticas de sala de aula, que
facilitaram ou não o processo da aprendizagem criativa e participação de todos os
alunos;
2- Reconhecer quais são as práticas identificadas como criativas que os alunos melhor
ou pior valorizem;
3- Identificar qual foi o contributo/mais-valia da Formação Cívica para o potenciar da
criatividade dos alunos;
4- Identificar os temas/conteúdos que melhor facilitam o potenciar do pensamento
criativo, espírito crítico e criatividade dos alunos;
5- Identificar os factores ou condicionantes que favorecem o potencial criativo e a
criatividade de todos os alunos;
6- Identificar as competências que devem ser trabalhadas nos alunos para estes
poderem desenvolver o seu potencial criativo e criatividade;
7- Identificar as consequências de uma “educação para a criatividade” no processo
ensino/aprendizagem e no processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento das
escolas;
8- Identificar quais são os principais obstáculos ao desenvolvimento da criatividade em
sala de aula;
9- Ressaltar a diferença dos conceitos de criatividade e de quais as competências que a
facilitam vistos pelos alunos;

ENTREVISTA TIPO 3
DESTINATÁRIOS: Encarregados de Educação destes alunos.
OBJECTIVOS
O guião das entrevistas permitiu-nos recolher as seguintes informações:
1- Identificar os factores ou condicionantes que favorecem o potencial criativo e a
criatividade de todos os alunos;
2- Identificar as competências que devem ser trabalhadas nos alunos para estes poderem
desenvolver o seu potencial criativo e criatividade;
3- Identificar as práticas que os alunos identificam e valorizam como sendo criativas;
4- Detectar as formas de apoio ao processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento da escola
na promoção de uma educação mais criativa e reflexiva;

93
Isabel Manso

5- Conhecer a percepção dos Enc. de Ed., em relação a esta intervenção pedagógica no


domínio da criatividade e à sua relevância no ensino;
6- Identificar quais são os principais obstáculos ao desenvolvimento da criatividade em sala
de aula;
7- Ressaltar a diferença dos conceitos de criatividade e de quais as competências que a
facilitam vistos pelos pais/encarregados de educação;
8- Detectar quais são as metodologias e estratégias facilitadoras de competências associadas
à criatividade dos alunos.

4.5 Sujeitos estudados


O quadro síntese que a seguir se apresenta dá uma visão global do processo de recolha de
dados.
Quadro VI - Fontes e instrumentos de recolha de dados
Sujeitos Alunos Encarregados Professores
Técnica de Educação

-Delegado de Turma Língua Portuguesa


-Aluno com os melhores
Entrevista resultados académicos
semi-estruturada Mães dos alunos Educação Física
- Os dois alunos de N.E.E.
seleccionados
-Aluno com Plano Recuperação
Apoio Educativo
-Aluno com Plano de
Acompanhamento

Alguns dos documentos que -Dossier de Direcçao Turma: Actas;


constam do portfólio de -Plano Curricular de Turma:
Análise Documental Formação Cívica, integrados
no P.C.T. -Caracterização da turma;

-Trabalhos realizados; -Relatórios dos alunos de N.E.E.;


-Relatórios individuais e definição de
-fichas de trabalho de reflexão;
prioridades;
-conclusões; - Enunciado da Prova de aferição de
- sínteses descritivas; L.Portuguesa;

-mensagens; - Resultados da prova de aferição de L.P.


-Relatórios de actividades da A.C.N.D. de F.C.
-auto-avaliações e hetero-
(final de período);
avaliações;
- Avaliação do P.C.T. (análise do
- fotografias e vídeos das sucesso/insucesso da turma final de
actuações. período).Relatório de Avaliação do P.C.T.;
-Relatório Final do D.T.

94
Investigação Empírica

As entrevistas semi-estruturadas foram preparadas mediante um encontro introdutório


com os sujeitos a serem entrevistados: os professores de Língua Portuguesa, Educação Física e de
Apoio Educativo; 6 alunos e os respectivos pais/encarregados de educação. Procedeu-se à
explicação formal do projecto de investigação, solicitando a sua autorização e disponibilidade
para as realizações das entrevistas (áudio-gravadas), assegurando da sua cooperação.
As razões que nos levaram a escolher estes professores informantes foram: primeiro
porque pensámos serem capazes de expressar pensamentos, sentimentos, opiniões e a sua
perspectiva acerca do tópico a ser estudado. Segundo porque pensámos serem portadores de
conhecimento nesta matéria, terceiro por estarem mais em contacto com os alunos, isto é, por
terem um maior número de horas semanais com os alunos e por último possuírem uma alargada
experiência profissional.
As razões de escolha dos alunos foram, também, porque pensámos serem capazes de
expressar pensamentos, sentimentos, opiniões e a sua perspectiva acerca do tópico a ser estudado.
A Delegada de Turma por ter sido eleita como sendo a melhor representante da turma, os alunos
de Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.), ambos repetentes, com Planos de
Acompanhamento, para se verificar até que ponto a criatividade está presente nestes alunos, uma
aluna e a única com Plano de Recuperação (por ter os mais baixos resultados académicos) e
finalmente, um outro aluno com Plano de Acompanhamento (repetente) e, embora, existam
vários alunos com elevados resultados académicos, optámos por escolher apenas um,
pretendendo, assim, obter dados que nos permitam identificar, comparar e analisar: as estratégias
a nível das práticas da sala de aula que estes considerem facilitar o processo de aprendizagem
criativa; as práticas identificadas como criativas que estes melhor ou pior valorizem.
Os pais/encarregados de Educação destes alunos, primeiro porque, também, pensámos
serem capazes de expressar pensamentos, sentimentos, opiniões e darem a sua perspectiva acerca
do tópico a ser estudado e segundo, para verificar até que ponto as suas percepções
convergem/divergem das dos seus educandos.

4.6 Tratamento dos dados


Segundo White (1951), referido em Bardin (1995), a análise de conteúdo constitui um
conjunto de técnicas de análise das comunicações, marcado por uma grande diversidade de
formas e ajustável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações. Inicia-se em geral,
com uma operação de categorização. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um

95
Isabel Manso

conjunto de elementos (unidades de registo, no caso da análise de conteúdo) sob um título


genérico, agrupamento esse efectuado em razão dos caracteres comuns desses elementos (Bardin,
1995, p.121).
Para tratar a documentação obtida seguimos técnicas de análise de conteúdo (Bell, 2004 e
Natércio, 2005). Quando o corpus, contendo toda a recolha de dados resultantes das duas técnicas
utilizadas, foi concluído, iniciámos o processo de categorização (Natércio 2005).
Numa primeira fase procedemos à leitura integral das cerca de 250 páginas do referido
corpus, contendo toda a informação recolhida, repartida por dois volumes com paginação
separada (Vol. I = D.D.T. e P.C.T. e Vol. II= E).
Não recorremos a uma grelha de categorização preestabelecida, optámos pela construção
de um quadro a partir da nossa reflexão sobre os próprios dados recolhidos, através de um
processo indutivo, isto é saltando da análise dos dados para a inferência (Natércio, 2005).
A primeira fase: Categorização dos documentos analisados do Vol. I. Da análise do
corpus resultou a versão final, com quatro categorias principais.
A apresentação das dimensões e categorias encontram-se nos quadros VII e VIII que se
seguem, cuja análise de conteúdo se encontra, no quadro IX (anexo 6).

Quadro VII-Análise composta por Dimensões e Categorias

Dimensões Categorias

1. Problemas dos alunos da turma


A- Caracterização da
turma 2.Definição de prioridades/ estratégias

3- Progressos dos alunos


B- Contributo da
F.C. 4- Resultados

96
Investigação Empírica

Quadro VIII – Descritivos das Dimensões Categorias e Subcategorias

(A) - 1ª Dimensão: Caracterização da turma


Esta dimensão diz respeito a dados relativos às condições socio-económicas e culturais, ao
percurso escolar, ao nível etário e ao desenvolvimento psicológico dos alunos. Esta
dimensão está dividida em duas categorias:
1.Problemas dos alunos da turma
Baseados em registos escritos que permitem identificar o que não funcionou no PCT
anterior e que identificam as carências e dificuldades reais dos alunos.

2.Definição de prioridades/estratégias
Baseiam-se em documentos que contêm registos efectuados pelo Conselho de Turma
identificando as estratégias consideradas prioritárias com vista à superação dos problemas
diagnosticados.
(B) - 2ª Dimensão: contributo da Formação Cívica
Esta dimensão diz respeito à apreciação crítica elaborada pela equipa pedagógica face
ao contributo das aulas de Formação Cívica no P.C.T. e está dividida em duas categorias:
3- Progressos dos alunos
Baseiam-se em registos escritos elaborados pela equipa pedagógica, D.T. e prof de Apoio
Educativo face à aquisição de competências por parte dos alunos.
4- Resultados
Baseiam-se em documentos que apresentam as produções dos alunos com base nas
competências e conteúdos adquiridos nas aulas de F.C.

A segunda fase: Categorização (Vol. II– Entrevistas). Para efeitos de análise de conteúdo
teve-se como objectivo explorar a informação fornecida pelos entrevistados nas respostas às
questões formuladas durante a entrevista. Assim sendo, a partir das transcrições obtidas
desenvolveu-se a análise do conteúdo.
Procurou-se encontrar respostas convergentes/divergentes entre os vários informantes,
com base em atitudes/posturas e respostas durante as entrevistas. Desenvolveram-se listagens de
temas e questões com base em pequenos trechos significativos das entrevistas, procurando
identificar elementos para uma compreensão interpretativa desta intervenção tendo em conta o
conhecimento, sensibilidade ao tema Criatividade, a organização do ensino e criatividade e a
apreciação das aulas de Formação Cívica vistas por estes informantes.
De seguida descrevem-se as etapas e procedimentos utilizados na análise de conteúdo:

97
Isabel Manso

1- A partir da transcrição integral de cada entrevista em computador, efectuou-se uma


primeira leitura que tornou possível obter uma ideia global do seu conteúdo e conhecer os temas
em torno dos quais estava articulado o discurso dos informantes;
2 – Numa segunda leitura, sistematizou-se a informação, segmentando o corpus dos dados
através de um sistema de codificação, abreviatura de palavras, números e cores;
3 – De seguida, para a segmentação ou divisão do texto em unidades de sentido, utilizou-se
o critério temático considerando os fragmentos do texto relativos à mesma ideia;
4 – Com base nas respostas dadas pelos informantes às questões codificadas, obtiveram-se 7
categorias e 2 subcategorias.
A apresentação das dimensões, categorias e subcategorias encontram-se nos Quadros X, XI
que se seguem e a análise do conteúdo encontra-se no quadro XII (em anexo 7).

Quadro X- Análise composta por Dimensões, Categorias e Subcategorias

Dimensões Categorias Subcategorias

1-Conceito
A- Conhecimento/
Sensibilidade ao
tema Criatividade 2-Competências

3-Mecanismos

4-Processos de desenvolvimento
da Criatividade

5-Metodologias ou estratégias 5.1-Práticas do professor para


B- Organização do desenvolver a criatividade
ensino e na sala de aula
criatividade
5.2- Métodos privilegiados
6-Áreas Curriculares Não pelos alunos nas aulas
Disciplinares e Criatividade

C- Apreciação das 7-Percepção do contributo da


aulas de Formação Cívica para a
Formação Cívica criatividade

98
Investigação Empírica
Empírica

Quadro XI – Descritivos das Dimensões Categorias e Subcategorias

(A) - 1ª Dimensão: Conhecimento/Sensibilidade ao tema Criatividade


Esta dimensão diz respeito ao conhecimento técnico do assunto e/ou informação factual sobre
o tópico em investigação pretendendo apreender conceitos espontâneos e verificar a maneira
como os informantes entendem o fenómeno da criatividade; ao modo como os informantes
sentem e reagem aos estímulos internos e externos associados à criatividade e às práticas e
experiências por eles vividas. Esta dimensão está organizada em três categorias: conceito,
competências e mecanismos.
Categoria nº1- Conceito
A concepção que os respondentes têm da criatividade.

Categoria nº2 – Competências


Aptidões ou capacidades, princípios apontadas pelos respondentes como sendo um estímulo à
criatividade.
Categoria nº 3- Mecanismos
Aspectos apontados pelos informantes para favorecer a criatividade.

(B) - 2ª Dimensão: Organização do ensino e criatividade


Esta dimensão diz respeito ao modo como os informantes percepcionam a organização e o
ensino da criatividade e está organizada em três categorias: Processos de desenvolvimento da
criatividade; Metodologia ou estratégias e Áreas Curriculares Não Disciplinares (A.C.N.D.) e
Criatividade.
Categoria nº4- Processos de desenvolvimento da criatividade

Factores ou condicionantes que os respondentes consideram acompanhando o desabrochar da


criatividade.
Categoria nº5- Metodologias ou estratégias está subdividida em duas subcategorias:

5.1-Práticas do professor para desenvolver a criatividade na sala de aula.


5.2-Métodos privilegiados pelos alunos nas aulas.
Categoria nº6 – Áreas Curriculares Não Disciplinares e a Criatividade
Sensibilidade em relação à criatividade nas Áreas Curriculares Não Disciplinares.
(C) – 3ª Dimensão: Apreciação das aulas de Formação Cívica
Esta dimensão diz respeito à apreciação que os respondentes fazem das aulas de Formação
Cívica, nomeadamente as suas potencialidades para o fomentar da criatividade.
Categoria nº 7 - Percepção do contributo da Formação Cívica para a criatividade
Posicionamento dos respondentes face às aulas de Formação Cívica.

99
Isabel Manso

Da transcrição das entrevistas resultaram o Vol. II do corpus (54 pp.) que contém
integralmente a transcrição das cerca de 3 horas e 30 minutos de entrevistas gravadas. Tal
processo de transcrição tão moroso quanto enriquecedor, prolongou-se por um mês. O processo
incluiu a transcrição, a escrita de uma primeira versão dos protocolos das entrevistas, a
confrontação, pelo investigador, com o teor da versão áudio e, por fim, a inserção de correcções.
Sublinhamos que, apesar de termos optado pelas duas técnicas de recolha de dados atrás
descritas, as entrevistas constituíram o núcleo duro do corpus (Vol. II). Em conclusão, na esteira
de Natércio (2005) , sustentamos que em investigação qualitativa a entrevista consiste na mais
importante técnica de recolha de dados, porque permite explicar e inserir num contexto mais
abrangente aquilo que foi observado e experienciado pelo investigador, tornando-se na estratégia
dominante de recolha de dados, o que na realidade veio a suceder neste estudo.

100
Investigação Empírica
Empírica

Capítulo V. RESULTADOS
5.1 Resultado da análise documental
Os Problemas dos alunos da turma foram baseados em registos escritos retirados da
análise do relatório de Plano Curricular de Turma e de actas de Conselho de Turma do ano
anterior, que permitiram identificar o que não funcionou no PCT anterior, assim como as
carências e dificuldades reais dos alunos. Os documentos analisados convergem em relação aos
seguintes problemas: A falta de empenho nas actividades propostas e falta de
pontualidade/assiduidade de alguns alunos. Pode ler-se na 1ª Acta de reunião de Conselho de
Turma do ano anterior, realizada a 02/11/05, o seguinte: “Em relação ao Ponto um, Informações
- A Directora de Turma comunicou, ainda, por carta registada, com os Encarregados de
Educação dos números: dois, B.L.; (…); onze, H.G.; (…); e treze, J.A. devido a estes terem
faltas injustificadas”; “Relativamente ao Ponto quatro - Projecto Curricular de Turma (….).
Devido à falta de pontualidade/assiduidade, à dificuldade de relacionamento com os colegas e
de cumprimento de regras estabelecidas, a Directora de Turma sugeriu que fosse elaborado um
Contrato Pedagógico nas aulas de Formação Cívica, proposta esta que foi aceite por todos os
elementos presentes nesta reunião”. E na Acta de reunião de Conselho de Turma de Avaliação
realizada a 19/12/05, pode ler-se em relação ao Ponto 1 – Informações, o seguinte: “Houve
ainda um contacto, por carta registada, com Encarregados de Educação dos alunos que
apresentavam faltas injustificadas e participações disciplinares. A Directora de Turma transmitiu
que recebeu as seguintes participações disciplinares: do aluno número dois, a Matemática e a
Língua Portuguesa; ….”. Mais adiante na mesma acta e em relação ao Ponto três -
Comportamento e aproveitamento geral da turma, pode ler-se: “A turma é bastante irrequieta
sendo, por isso, necessário desenvolver e reforçar a concentração e atenção, o relacionamento
pessoal e o respeito pelos outros assim como incentivar os alunos para saber estar e saber ser”.
Pode depreender-se que existiam alunos pouco respeitadores dos direitos uns dos outros,
pouco solidários, responsáveis e intolerantes. Alguns alunos eram pouco unidos, competitivos e
entravam frequentemente em conflitos principalmente nos intervalos, o que veio a ser confirmado
pela representante dos Pais e Encarregados de Educação, novamente eleita, numa conversa
informal. De facto, a generalidade dos alunos demonstrava uma baixa auto-estima nos dois
sentidos que o termo encerra, uns, pela auto-desvalorização: revelando fraca autonomia,

101
Isabel Manso

confiança, persistência e motivação pelas actividades escolares, outros, pela auto-valorização:


depreciando e rejeitando alguns dos colegas, revelando atitudes individualistas e egoístas.
Foram ainda identificados os alunos merecedores de atenção especial (NEE): nº 4 – B. E.
e o nº 18 – T. D., assim como os seus problemas e dificuldades com base nos dados, fornecidos
pela Professora do Ensino Especial para a primeira acta de Conselho de Turma. O primeiro por
apresentar problemas a nível da linguagem, leitura e escrita e o segundo por problemas a nível
comportamental, atenção, interpretação e análise de textos, memorização, métodos e técnicas de
estudo. Em relação ao aluno B. E. com défice a nível da linguagem, leitura e escrita, da atenção e
concentração e dislexia, fraca autonomia e auto estima, é uma criança pouco acompanhada em
casa e revela-se bastante dependente de ajuda extra, necessitando mais tempo para realizar as
suas tarefas.
Apesar de se ter dado continuação e relevância, no início do 1º Período, ao Contrato
Pedagógico elaborado entre a docente de Formação Cívica, alunos e Pais/Encarregados de
Educação, facilmente se depreendeu que este não estava a funcionar, pois os alunos que
anteriormente tinham faltas injustificadas e foram provocadores de indisciplina não estavam de
modo nenhum a modificar a conduta cívica, reincidindo sobre as mesmas infracções e
comportamentos. Perante esta situação a docente de Formação Cívica constatou que os alunos
não conseguem cumprir regras, ou seja o que for, se não forem, primeiramente, trabalhadas as
competências necessárias para que estes as possam cumprir.
Perante esta situação, o Conselho de Turma definiu estratégias, consideradas
prioritárias a implementar nas várias áreas curriculares com especial incidência na área
curricular não disciplinar de Formação Cívica, com vista à superação dos problemas
diagnosticados. Estas foram alicerçadas numa aprendizagem orientada para o aprender a viver
juntos, aprender a viver com os outros. Deste modo, deu-se prioridade a estratégias que
proporcionassem o conhecimento progressivo de si e do outro e, posteriormente, a realização de
projectos comuns. As primeiras, com o objectivo de reforçar a auto-estima, auto-conceito, auto-
imagem ou a também denominada de motivação intrínseca dos alunos. Porque só através destas
competências é que os alunos conseguem desenvolver a autonomia, cooperação e o respeito pelo outro
e, também, porque são imprescindíveis quer à formação de grupos quer ao seu bom funcionamento,
levando à construção de uma identidade própria do grupo e a uma consequente integração de
todos os alunos da turma. Na 1ª Acta de reunião de Conselho de Turma realizada a 8/11/06, no
que diz respeito ao Ponto Quatro - Plano Curricular de Turma, escreveu-se o seguinte: “A nível

102
Investigação Empírica
Empírica

da Formação Cívica os alunos têm vindo a desenvolver actividades relativas ao relacionamento


interpessoal, estilo pessoal de aprendizagem e regras a respeitar na sala de aula, o conhecimento
de si e dos outros, tendo por base a reflexão, discussão e debate, a leitura e a expressão oral e
escrita orientadas através de técnicas de animação e integração de grupo”. As segundas, além de
fomentarem o trabalho de grupo, têm como objectivo o potenciar da criatividade, quer porque esta
se trata de um dos objectivos explícitos desse grau de ensino, quer porque os alunos atravessam,
durante este ciclo de estudos, uma fase fulcral do seu desenvolvimento em que se processa a
identidade pessoal e uma socialização, que tende cada vez mais para uma maior integração social
segundo o processo de maturação cognitiva, física, emocional e social.
Na 1ª Acta de reunião de Conselho de Turma realizada a 8/11/06, no que diz respeito ao
Ponto Quatro - Plano Curricular de Turma, escreveu-se o seguinte: “As docentes da Área de
Projecto referiram que o tema escolhido pelos alunos foi “ A Escola e a Comunidade ”, cujo
conteúdo será apresentado sob a forma de Boletim Informativo, tendo como principal objectivo
um desafio às técnicas de investigação, ao desenvolvimento do potencial crítico e criativo e ao
conhecimento. Encontram-se neste momento na fase de implementação do projecto”.
A identificação dos Progressos dos alunos, foi feita com base na análise dos seguintes
documentos: actas; relatórios da área curricular não disciplinar de Formação Cívica e relatório de
avaliação do Plano Curricular de Turma. Todos os documentos, embora de uma forma implícita,
reflectem de forma gradualmente crescente os seguintes parâmetros: a assiduidade e pontualidade que a
turma foi revelando; a participação activa e interesse, manifestadas por todos os alunos nas várias
actividades propostas. Foram nítidos os progressos realizados a nível da auto-estima e auto-conceito, que
contribuíram para o conhecimento de si e do outro, em que cada um reconheceu as próprias
potencialidades e limitações e as dos outros, favorecendo um bom relacionamento e integração de todos os
elementos da turma, facilitando a formação de grupos de trabalho e o relacionamento inter-pessoal dentro
dos mesmos, conduzindo a progressos em relação ao aproveitamento escolar. Este facto pode constatar-
se na apreciação global do aproveitamento/comportamento geral da turma: na primeira reunião de
Avaliação foram ambos considerados satisfatórios e na segunda foram ambos considerados bons.
Na Acta de reunião de Conselho de Turma de Avaliação, realizada a 19 de Dezembro de 2006,
pode ler-se o seguinte: “No que refere ao Ponto Dez - Planos de Acompanhamento - fez-se o
ponto de situação dos Planos de Acompanhamento dos seguintes alunos: número quatro – B. E.,
que tinha tido cinco níveis inferiores a três, no ano lectivo anterior e neste teve apenas dois níveis
inferiores a três; número cinco – B. C., que tinha tido cinco níveis inferiores a três, no ano lectivo
anterior e neste teve apenas um nível inferior a três; número dezoito – T. D., que tinha tido seis

103
Isabel Manso

níveis inferiores a três, no ano lectivo anterior e neste teve apenas um nível inferior a três e o
número dezanove – V. A., que tinha tido quatro níveis inferiores a três, no ano lectivo anterior,
tendo apenas neste dois níveis inferiores a três, pelo que devem continuar com o mesmo plano,
não necessitando de reformulação”; na Acta de Conselho de Turma, realizada a 9 de Março de
2007, pode ler-se o seguinte: “A Professora do Apoio Educativo referiu que esta aluna [refere-se
à aluna T.D.] apesar dos progressos que fez a nível da auto-estima, mantém as medidas
anteriormente propostas” e na Acta de Conselho de Turma realizada a 26 de Março de 2007, pode
ler-se o seguinte: “No que concerne ao Sexto Ponto, os alunos de Necessidades Educativas
Especiais: número quatro – B. E. e número dezoito – T. D. estão ambos a fazer progressos nas
diferentes Áreas Curriculares conforme se pode verificar na avaliação deste período e deliberou-
se que devem continuar a usufruir das medidas anteriormente propostas ao abrigo do Dec. Lei nº
319/91 de 23 de Agosto”.
No que toca aos Resultados, estes foram aferidos a partir do relatório do Plano Curricular
de Turma efectuado na reunião de Conselho de Turma de Avaliação, a 26 de Junho de 2007, pode
ler-se o seguinte: “De uma forma geral, a turma, revelou bastante interesse e empenho por todas
as actividades propostas. Assim sendo, consideraram-se, uma mais-valia, para o Plano Curricular
da Turma, os seguintes factores:
1º Os incentivos e estímulos positivos dados, por todos os professores, aos alunos, porque
contribuíram para um melhoramento da sua: auto-estima, auto-conceito e auto-confiança, de
forma a melhorarem a sua integração, autonomia, criatividade e espírito crítico;
2º A diversificação dos métodos/estratégias de ensino/aprendizagem porque
proporcionaram, aos alunos, uma maior motivação e gosto pelas suas aprendizagens escolares;
3º O proporcionar, aos alunos, a sua intervenção no processo de planificação e avaliação
das suas próprias aprendizagens porque, esta, tornou-os mais responsáveis, activos e
participativos;
4º O proporcionar, aos alunos, actividades onde puderam exprimir-se com criatividade,
liberdade e imaginação porque, estes, consideram aquilo que criaram e viram mais comovente do
que aquilo que apenas ouviram, avaliando o que aprenderam de uma forma mais significativa;
5º O proporcionar, aos alunos, um maior contacto com as técnicas de informação e
comunicação, além de os motivar, enriqueceu a sua capacidade de expressão oral e escrita e
consequente potenciar da sua criatividade;

104
Investigação Empírica
Empírica

6º O proporcionar de um maior manuseamento de materiais e equipamentos audiovisuais,


proporcionou-lhes maior motivação e criatividade na apresentação dos seus trabalhos escolares;
7º O dar a conhecer, aos alunos, os objectivos e as competências que pretendíamos que
eles alcançassem fez com que eles se empenhassem cada vez mais e dessem o seu melhor;
8º A interdisciplinaridade, porque compreenderam o seu contributo como sendo uma
mais-valia, quer na gestão dos recursos e do tempo, quer na compreensão e interiorização dos
conteúdos programáticos e transferência dos seus próprios saberes entre as várias áreas
curriculares disciplinares e não disciplinares;
9º O proporcionar, aos pais/encarregados de educação, um maior envolvimento nas
actividades escolares dos seus educandos, tornou mais frequente os seus contactos com a D.T. e
vice-versa, reforçando o interesse, assiduidade e pontualidade dos educandos/alunos pelas
actividades escolares;
10º O propiciar e o trabalhar do valor da amizade porque desenvolveu uma série de
valores/características, a ela associados, tais como: a responsabilidade, a tolerância e a
solidariedade levando a turma a emocionar-se, com o apelo à amizade, interiorizando a
importância deste valor como sendo a principal chave para a criação de um clima facilitador do
processo ensino/aprendizagem, onde todos se integraram e ajudaram uns aos outros contribuindo,
assim, para a resolução dos conflitos entre os seus pares levando à tão desejável diminuição da
indisciplina, na escola, e ao consequente desenvolver da formação da personalidade, conducente
ao sucesso escolar de todos os alunos”.
É de salientar que a aluna de NEE, com 15 anos de idade, que usufruía de Plano de
Acompanhamento por ser uma aluna de retenções repetidas, foi retirada do Apoio
Individualizado do Ensino Especial, devido aos progressos alcançados neste ano lectivo. Pode
ler-se na Acta de Conselho de Turma de Avaliação, realizada a 28 de Junho de 2007, o seguinte:
“… a aluna número dezoito será retirada do Apoio Individualizado do Ensino Especial, uma vez
que o mesmo não se justifica com base nos resultados obtidos”.
É de referir que o contributo da Formação Cívica se reflectiu, de alguma forma, nos
resultados obtidos pelos alunos, desta turma, nas provas de aferição do 6º Ano de Língua
Portuguesa, porque quer o tema do texto da I Parte da prova, quer as produções de texto requerida
na II parte, foram afincadamente trabalhados na área curricular não disciplinar de Formação
Cívica quer sob a forma de debate, estudos de caso, diálogos, …, quer sob a forma de produção
de textos para uma posterior dramatização teatral. Todos os alunos, à excepção de um dos alunos
de NEE, tiveram resultados satisfatórios na referida prova.
105
Isabel Manso

5.2 Resultado da análise de conteúdo das entrevistas


Em relação ao conceito - concepção que os respondentes têm da criatividade, o
conteúdo das respostas dadas pelos mesmos oscilou entre a sua definição/relação com e a
caracterização de um indivíduo criativo.
Os alunos consideram a criatividade como sendo um acto de criar coisas novas e
diferentes e um indivíduo criativo como sendo uma pessoa que sabe dar a própria opinião; tem
muitas ideias diferentes das outras pessoas, pelo que a consideram também diferente; muda algo
que não está bem com o objectivo de puder melhorá-lo; pensa por si próprio. A criatividade
reflecte-se no indivíduo pelo facto de este ter de pensar muito antes de agir.
Os professores relacionam a criatividade com as palavras, imaginação, curiosidade,
conhecimentos e diferença. Consideram que esta se pode manifestar no dia-a-dia, em qualquer
sítio e que é indispensável para o desenvolvimento do ser humano a todos os níveis: pessoal e
social; ter ideias inovadoras, originais que têm a ver com a capacidade que o indivíduo tem de
produzir ou inferir para outras situações novas através de conhecimentos pré-adquiridos, na base
do pressuposto que “conhecimento gera mais conhecimento”. Permite consolidar conhecimentos
que já se possuem em novas situações, fazendo transferências do saber. Consideram-na como
sendo uma mais-valia para o ser humano porque permite abrir novos horizontes embora admitam
que é uma área ainda pouco abordada nas escolas, a que se dá pouca importância e que deveria
ser mais trabalhada.
Os Encarregados de Educação definem a criatividade como sendo um dos valores
fundamentais no desenvolvimento de qualquer ser humano, primeiro, porque o torna original e
único e, segundo, por ser uma forma deste tentar inovar o que o rodeia, reflectindo sobre o que
quer fazer, modificando no sentido de o melhorar. Consideram que existem áreas em que de facto
ela é fundamental, no entanto alguns admitem que existem outras áreas na vida em que tem de
haver limites à criatividade.
No que concerne às aptidões ou capacidades, princípios apontados pelos informantes
como sendo um estímulo à criatividade: os alunos e os Encarregados de Educação, de uma
forma geral, convergem em relação ao conteúdo das suas respostas, para as seguintes
competências: responsabilidade, tolerância e solidariedade enquanto que o conteúdo das
respostas dos professores converge para competências tais como: a escrita e leitura embora
considerem factores facilitadores da criatividade, a auto-estima, a autonomia, a auto-confiança e
o respeito mútuo.

106
Investigação Empírica
Empírica

Os alunos referem a responsabilidade, o saber trabalhar em grupo, o saber encontrar uma


solução que respeite o bem comum, a compreensão, a amizade, o respeito pelas ideias e opiniões
do outro, a reflexão antes de agir, a imaginação, a escrita, a leitura, a pintura, os trabalhos
manuais, a pesquisa em livros, bibliotecas e internet.
Os professores salientam a auto-estima, a auto-confiança, a autonomia e o respeito pelo
outro como competências facilitadoras de um ambiente favorável à criatividade. Focam, ainda, as
vivências e experiências, o poder de análise e a transposição para a escrita e para o diálogo de
tudo aquilo que se sente, a apreensão que se faz do meio envolvente e dos próprios
conhecimentos académicos, como factores importantes; referem características como a
curiosidade, capacidade de observação, imaginação e ideias diferentes, persistência, capacidade
de inovar e de fazer algo diferente, embora, insistam nas competências da leitura e da escrita
como sendo as competências básicas para o desenvolver do potencial da criatividade.
Os Encarregados de Educação fazem referência aos princípios morais e cívicos; à
solidariedade, tolerância, responsabilidade, amizade, comunicação, diálogo com os colegas e a
actividades de expressão escrita e manual, enfatizando o respeito pelas ideias do outro e a
responsabilidade como sendo as competências básicas para o potenciar da criatividade.
No referente aos mecanismos – aspectos apontados pelos informantes para favorecer
a criatividade: Os professores, referem a necessidade de um currículo mais flexível ou um
programa mais adaptável, para que possam ser adoptadas estratégias diferentes e desenvolver
conteúdos que por vezes são apenas abordados nas diferentes disciplinas; a sensibilização de toda
a comunidade educativa; a não limitação aos manuais escolares e ao saber livresco; o rentabilizar
dos recursos; o mobilizar os alunos para irem mais longe, as novas tecnologias do ensino, as
áreas curriculares não disciplinares como a Formação Cívica e a Área de Projecto; visitas de
estudo; o trabalho de grupo e o dar mais atenção aos alunos, responsabilizando-os e
estabelecendo-lhes metas e objectivos, proporcionando-lhes actividades do seu interesse.
Os alunos referem a pintura de cenários, o desenho, os trabalhos manuais, a escrita e o
diálogo; inventar palavras e textos; transformar por exemplo, imagens, brincadeiras noutras
coisas; dialogar com amigos na internet e fazer os trabalhos no computador, decorar o quarto de
dormir como formas de desenvolver a criatividade.
Os Encarregados de Educação referem o dar largas à imaginação, a pintura, o fazer
diferente, o fazer coisas que não se puderam fazer antes.

107
Isabel Manso

No que toca aos Processos de desenvolvimento da criatividade - Factores ou


condicionantes que os respondentes consideram acompanhando o desabrochar da
criatividade, os alunos consideram a autonomia, a responsabilidade, a amizade como
potenciadoras do processo criativo porque combatem a timidez; Os Encarregados de Educação
referem a abertura e a orientação clara; Os Professores referem o improviso como um processo
positivo da criatividade, uma vez que ajuda a dar solução às dúvidas, problemas criativos
colocados pelos alunos.
Em relação às Práticas do Professor para desenvolver a criatividade dos alunos na
sala de aula, os alunos e os Encarregados de Educação, de uma forma geral, convergem em
relação ao conteúdo das suas respostas, para as seguintes práticas: o fomentar de actividades,
como o teatro, os debates, os jogos, nomeadamente “o amigo oculto”, estudos de caso, foram
práticas fundamentais para o desenvolvimento da criatividade, uma vez que lhes permitiram
interiorizar os conteúdos de uma maneira mais eficaz, dando-lhes maior prazer e liberdade, tanto
no criar, como na apresentação e representação dos vários papéis.
Os Encarregados de Educação também referiram que os debates proporcionaram aos
seus educandos um poder de opinar, discutir ideias com os colegas e partilhar opiniões diferentes
ou mesmo até iguais … considerando-as, por isso, um estímulo para as crianças. O teatro porque
além de desenvolver muito a criatividade, também, fez com que ficassem mais desinibidos,
aprendendo a questionar sobre o mundo que os rodeia, a falar mais e de forma mais correcta,
tornando-os mais activos e preocupados em fazerem as coisas bem e dentro dos prazos acordados
entre todos.
Em relação aos Métodos privilegiados pelos alunos nas aulas, todos referiram que
preferem metodologias que favoreçam o trabalho de grupo, porque várias cabeças a pensar, sobre
o mesmo assunto, produzem mais ideias. E além de desenvolverem a criatividade, o trabalho fica
mais interessante, porque ao proporcionar uma maior aproximação entre os colegas, este permite
um maior convívio, um maior conhecimento, o partilhar de ideias, conhecer maneiras diferentes
de pensar e o sentirem-se melhor e terem um relacionamento mais coeso, favorecendo-se laços de
amizade. O facto de se tornarem amigos faz com que elaborem um trabalho melhor.
No que confere à Sensibilidade em relação à criatividade nas Áreas Curriculares Não
Disciplinares, Os professores referiram que estas áreas representam um contributo importante
porque proporcionam maior abertura para desenvolver a capacidade criativa dos alunos. Pensam
que foi através dessas áreas que estes conseguiram melhorar muito a nível da auto-estima e

108
Investigação Empírica
Empírica

a nível da própria criatividade porque estão mais confiantes neles próprios e mais motivados para
qualquer tipo de trabalho, empenham-se e têm maior gosto na apresentação dos trabalhos. No
entanto referem que actualmente não têm um papel muito importante, mas que deviam ter,
porque devido a não terem um programa imposto para cumprir e como o programa se pode fazer
de acordo com as necessidades dos alunos, nomeadamente, na Formação Cívica, poder-se-iam
trabalhar valores relacionados com a parte humanista, porque quando as pessoas não estão
satisfeitas é difícil depois investirem no que quer que seja, considerando, por isso, importante
trabalhar, na Formação Cívica, este tipo de valores.
No que diz respeito à Percepção do contributo da Formação Cívica para a
criatividade todos os professores referiram que foi graças a esta área, que houve uma evolução
positiva a nível das atitudes/comportamentos dos alunos, nomeadamente, a nível do
relacionamento interpessoal, do funcionamento do grupo turma em termos de desenvolvimento
de actividades em grupo. Salientam que estes alunos estão cada vez mais empenhados em
desenvolver qualquer actividade que seja proposta pelo professor, verificando-se progressos a
nível pessoal e a nível social. Principalmente a nível da auto-estima, criaram mais confiança neles
próprios e mais respeito pelo outro.
Os três consideram que foi feito um bom trabalho, ao nível da Formação Cívica, primeiro,
porque é uma turma com quem se lida bem, os miúdos conversam com mais facilidade,
transmitem as suas ideias com alguma fluidez e portanto, acham que eles se sentem bem. Por
exemplo, nas aulas, constatam que eles estão à vontade, não estão com receio… e por isso
consideram que houve uma preocupação, por parte da docente de Formação Cívica, em criar um
ambiente favorável a uma aula. São miúdos que cumprem regras sociais e reagem bem a qualquer
solicitação. Se têm de solucionar um problema, eles conseguem arranjar a solução para esse
problema, mesmo em situações novas, isto é, adquiriram a capacidade de fazer transferências de
saberes. Segundo, em termos humanistas, consideram que os alunos revelam, de facto, evolução
na aquisição de valores: são alunos responsáveis porque é das turmas que falta menos às aulas e
traz sempre o material; são alunos tolerantes porque acatam bastante bem todas as ordens, estão
mais predispostos para ouvir tudo aquilo que se tem para lhe transmitir e conseguem um maior
equilíbrio, mesmo em situações mais problemáticas.
De uma forma geral, todos os Encarregados de Educação foram unânimes em
considerar que a área curricular de Formação Cívica contribuiu para que os seus educandos
adquirissem uma perspectiva de vida diferente, considerando que estes aprenderam a dar valor a
coisas a que, à partida, nem davam grande importância…como por exemplo, a solidariedade, a
109
Isabel Manso

responsabilidade, o amor pelo próximo, a importância do valor da amizade na vida, o pensar


antes do agir. Consideram, ainda, que contribuiu para a construção de uma autonomia pessoal,
tornando-os mais desinibidos e comunicativos e menos dependentes. Ficaram mais amigos uns
dos outros e a gostar mais de trabalhar em grupo. Um outro aspecto que consideram importante
foi o facto das aulas terem sido ministradas de uma forma diferente e motivadora, atribuindo a
esse facto, a mudança no comportamento e aproveitamento dos seus educandos. Referem que
estes melhoraram, tornando-se mais imaginativos, mais confiantes, menos competitivos e mais
disciplinados, quer em casa, quer nas actividades escolares. No fundo, todos os encarregados de
educação convergem em relação ao conteúdo das suas respostas, considerando que estas aulas
contribuíram para o bom desempenho cívico e produtivo dos seus educandos.
De uma forma geral, todos os alunos foram unânimes em relação ao conteúdo das suas
respostas. Consideram que as aulas de Formação Cívica contribuíram para o conhecimento
progressivo de todos os seus elementos conduzindo à integração de todos os alunos e a uma
maior confiança mútua; a criação de um clima de amizade e tolerância, conduzindo a uma maior
coesão entre todos os elementos da turma; a ajuda na ultrapassagem das dificuldades do dia-a-dia
e a resolução dos seus próprios conflitos no sentido de serem mais solidários, autónomos e
criativos.

110
Formação Cívica e Criatividade

CAPÍTULO VI – RESPOSTA E DISCUSSÃO DAS QUESTÕES DE

INVESTIGAÇÃO
Passamos então a apresentar a resposta e discussão das questões de investigação:
1-Que tipos de metodologias/estratégias, ao nível das práticas de sala de aula, facilitam o
processo da aprendizagem criativa e participação de todos os alunos?
Os dados recolhidos convergem na consideração das metodologias que favorecem o
trabalho de grupo como as que, ao nível da sala de aula, facilitam o processo da aprendizagem
criativa dos alunos. Efectivamente, ao proporcionarem e convocarem todos os elementos a
reflectir e a trabalhar sobre projectos comuns são as que geram maior criatividade. Além disso, o
trabalho fica mais agradável, proporcionando uma maior aproximação entre os colegas,
permitindo-lhes um maior convívio, conhecimento, partilhar de ideias, exposição a diferentes
maneiras de pensar e favorecendo um relacionamento mais coeso e a criação de laços de
amizade.
O facto de se tornarem amigos faz com que elaborem um trabalho melhor. Uma aluna comentou:
“Em grupo. Porque várias cabeças a pensar, pronto, o trabalho fica mais interessante e
também estamos ao pé dos nossos amigos! E acho que assim estamos a, …como hei-de
explicar…e assim estamos a ficar com uma relação mais forte com os nossos amigos e
estamos …. e se nós já somos todos amigos…fazemos um trabalho melhor.
Individualmente fica mais chocho, entre aspas”;
Uma professora comentou: “Por exemplo o trabalho em grupo, normalmente, foge-se do
trabalho em grupo e o trabalho em grupo pode ser muito enriquecedor… exactamente
para eles terem responsabilidade para se lidar com todo este tipo de questões. Outra coisa
que eu também acho muito importante para estas zonas que ficam mais no interior
…acho que as escolas deveriam ter muitas, muitas visitas de estudo”;
Uma encarregada de educação comentou: “Devem-se compreender uns aos outros e
tentarem estar sempre de acordo...serem todos organizados e serem um grupo que não
falte, responsáveis...serem amigos…unidos…e principalmente, serem responsáveis...e
respeitarem as ideias dos outros”.

2-Quais são os factores ou condicionantes que favorecem o potencial criativo e a


criatividade de todos os alunos?

111
Isabel Manso

As respostas dos entrevistados, corroboraram a importância de uma pedagogia centrada no


aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros, respeitando o estilo particular de cada um,
dando ênfase às suas formas de aprender, às qualidades do seu carácter e às suas predisposições
motivacionais, espírito de abertura e sensibilidade ao meio. A atenção concedida aos outros e a si
próprio favorece, naturalmente, a criatividade, sendo decisiva no fomentar de aprendizagens como
elementos importantes e decisivos para as aprendizagens conducentes ao desenvolvimento da
formação integral da personalidade.
No que toca aos factores ou condicionantes que os respondentes consideram como sendo
favoráveis ao potenciar da criatividade, ressaltam os seguintes: o proporcionar aos alunos um
ambiente onde todos se sintam bem; o deixar o aluno reflectir sobre as várias situações, não
dando as respostas imediatas; o pensar antes de agir; o improviso como um modo a poder dar
solução às dúvidas e problemas colocados pelos alunos; o proporcionar uma maior abertura ao
aluno de modo a que este exponha os objectivos e metas que pretende atingir. Um encarregado de
educação comentou: “… se o professor estiver… se for uma pessoa aberta e proporcionar ao
aluno a que ele exponha e portanto os objectivos ou os princípios que pretende atingir, eu acho
que consegue lá chegar”.
Em suma, todos estes factores ou condicionantes requerem o fortalecimento de
competências de personalidade, que favorecem a expressão criativa. Porque a criatividade exige
civismo e por sua vez, o bom desempenho cívico gera criatividade. A abordagem centrada na
pessoa, defendida por Rogers, veio sem dúvida facilitar o processo de mudança do aluno criando
nele as condições psicológicas, também defendida por Posada (2000) entre outros, através da
relação interpessoal, de autenticidade, aceitação e empatia. Esta orientação foi conseguida através
da compreensão empática (atitude afectiva e compreensiva de comunicação interpessoal com
base na procura da compreensão do aluno e do seu mundo interior, como ele próprio o entende.
Esta compreensão exigiu muitas das vezes que tivéssemos que assumir a posição do outro para
entendermos o seu ponto de vista; da autenticidade (atitude de abertura ao outro, com expressão
dos sentimentos, porque ser-se autêntico é ser-se com transparência. A autenticidade implicou a
necessidade de congruência entre o comportamento, os pensamentos e as emoções e de uma
aceitação calorosa do outro (atitude de consideração positiva incondicional), que se baseou numa
atitude de atenção, de afecto e de procura de compreensão sem crítica nem julgamento. Porque
concordantes com Santos (2007), constatou-se que o aluno precisa de ter confiança em si e de se
sentir aceite pelos outros para poder escolher o melhor para si e tornar-se uma pessoa funcional,
construtiva e confiante.

112
Formação Cívica e Criatividade

3-Quais são as competências básicas que devem ser trabalhadas nos alunos para que estes
possam manifestar a sua criatividade?
No que concerne às competências - aptidões ou capacidades, princípios apontados pelos
informantes como sendo um estímulo à criatividade, tanto os alunos e professores como os
Encarregados de Educação, de uma forma geral, convergem em relação ao conteúdo das suas
respostas, para as seguintes: interiorização de princípios morais e cívicos; o desenvolver da
autonomia; o saber trabalhar em grupo; o saber encontrar uma solução que respeite o bem
comum; a compreensão; a amizade; o respeito pelas ideias e opiniões do outro; a reflexão antes
de agir; a imaginação; a escrita, leitura, pintura, trabalhos manuais e a pesquisa em livros,
bibliotecas e internet. Apesar, do conteúdo das respostas dos professores insistir nas
competências da leitura e da escrita como sendo as básicas para o desenvolver do potencial da
criatividade, admitem que a criatividade é facilitada pela aquisição de determinadas atitudes,
como a auto-estima, a auto-confiança, a autonomia e o respeito mútuo. Embora não o tenham
exposto de uma forma muito clara, pode-se depreender das suas respostas que consideram que o
fomentar da criatividade, reabilita e prepara o aluno para todo o processo de ensino-
aprendizagem. Um aluno que é capaz de criar adquiriu uma motivação intrínseca - auto-estima e
auto-confiança, conceitos que lhe permitem ser persistente, enfrentar e superar os obstáculos e
desenvolver maior autonomia, responsabilidade, tolerância e solidariedade, fazendo que tenha
um bom desempenho cívico, o que, por sua vez, o mobiliza a adquirir outras competências mais
específicas como o gosto pela pesquisa, pela leitura, escrita, desenho, pintura, entre outras,
capacitando-o para fazer transferências do próprio saber e melhorar o seu desempenho
produtivo. Processos estes, que vêm corroborar a teoria defendida por Tedesco (1999) porque
quer o desempenho da cidadania, quer o desempenho produtivo requerem estas mesmas
competências básicas, ou virtudes cívicas, que, por sua vez, contribuem para o enriquecimento
da personalidade.

4-Existirão semelhanças/diferenças entre os conceitos de criatividade vistos pelos:


professores, alunos e pais/encarregados de educação?
Os alunos, consideram a criatividade como sendo um acto de criar coisas novas e
diferentes e um indivíduo criativo como sendo uma pessoa que sabe dar a própria opinião; tem
muitas ideias diferentes das outras pessoas, considerando-a também por isso diferente; muda
algo que não está bem com o objectivo de puder melhorá-lo; seja autónoma e que possua uma
boa capacidade de reflexão, ponderação e prevenção nas várias situações.
113
Isabel Manso

Os professores, relacionam a criatividade com as palavras: imaginação, curiosidade,


conhecimentos e diferença e que esta se pode manifestar no dia-a-dia, em qualquer sítio e que é
indispensável para o desenvolvimento pessoal, profissional e social; ter ideias inovadoras e
originais; a capacidade que o indivíduo tem em fazer transferências do saber adaptando-o a novas
situações, considerando-a, por isso, como uma mais-valia para o indivíduo porque permite-lhe
abrir novos horizontes.
Os Encarregados de Educação definem a criatividade como sendo um valor fundamental
para o desenvolvimento de qualquer ser humano, primeiro, porque o torna original e único e,
segundo, por ser uma forma deste tentar inovar tudo o que o rodeia, reflectindo sobre o que quer
fazer, modificando no sentido de melhorá-lo. Contudo, consideram, que existem áreas em que de
facto ela é fundamental, no entanto admitem que existem outras áreas na vida em que tem de
haver limites na criatividade. Tais limites da criatividade dizem respeito à criatividade sem
qualidade, isto é, aquela que interfere com os direitos da vida humana, ou da natureza em prol de
situações irreflectidas, como por exemplo, o atentado às torres gémeas, ou o abate de árvores na
Amazónia, ou a construção de um aeroporto em zonas altamente produtivas. Uma Enc. de Ed.
comentou: “Olhe, eu acho que a criatividade é um dos valores fundamentais no desenvolvimento
de qualquer ser humano. Em primeiro lugar porque tornamo-nos originais e únicos, em segundo
lugar é uma forma de tentarmos inovar tudo o que está à nossa volta. Portanto deixarmos de … é
óbvio, há certas áreas na vida que temos que ter limites na criatividade mas, há outras áreas em
que de facto ela é fundamental. Até para o desenvolvimento comercial”.
Conclui-se, portanto, que uma pedagogia centrada no aprender a viver juntos, aprender a viver com
os outros, respeitando o estilo particular de cada um, dando ênfase às suas formas de aprender, às
qualidades do seu carácter e às suas predisposições motivacionais, espírito de abertura,
sensibilidade ao meio, aos outros e a si próprio privilegia, naturalmente, a criatividade e a
espontaneidade, como elementos importantes e decisivos para as aprendizagens conducentes ao
desenvolvimento da formação integral da personalidade.

5-Qual é a sensibilidade dos professores em relação ao desenvolvimento da Criatividade nas


Áreas Curriculares Não Disciplinares?
Os professores consideram que estas áreas são um acréscimo, porque dão maior abertura
ao desenvolver de projectos onde os alunos possam evidenciar os seus potenciais criativos e são
uma mais-valia para o trabalhar de competências que promovam a criatividade. Acreditam que é
através do melhorar do nível de auto-estima e auto-conceito, que os alunos desenvolvem a

114
Formação Cívica e Criatividade

autonomia, a auto-confiança e a confiança no outro, assim como a persistência, aspectos


necessários ao desenvolvimento da criatividade. E o facto de os alunos se tornarem criativos,
facilita o trabalho ao nível das outras áreas curriculares, porque os predispõe para a aprendizagem
tornando-os mais confiantes neles próprios e mais motivados, empenhando-se mais e com maior
gosto na apresentação dos trabalhos. Consideram este processo exequível nestas áreas, por estas
não terem um programa imposto para cumprir, podendo o mesmo ser feito de acordo com as
necessidades dos alunos, nomeadamente, na Formação Cívica. No entanto, referem que,
actualmente, a criatividade ainda não tem um papel muito importante na maioria das escolas,
considerando como obstáculos ao seu desenvolvimento, o facto de estarem perante um contexto
pressionado pelos currículos e tempos determinados, que impossibilita desenvolver o potencial
criativo dos alunos. Por isto tudo, a criatividade tem vindo a ser menosprezada e esquecida quer
pelo educador, quer pelo educando (Marujo et al., 2004).

6-Qual o contributo da Área Curricular de Formação Cívica no desenvolvimento da


criatividade?
Os respondentes convergem em relação ao conteúdo das suas respostas, reconhecendo que
as aulas de Formação Cívica são um espaço propício ao cultivo das sementes de criatividade que
existem em todo o ser humano. Estas propiciaram um ambiente rico em estímulos e desafios,
dando oportunidades para o valorizar do trabalho individual e do grupo, reconhecendo as suas
potencialidades, respeitando-os nas diferenças e oferecendo-lhes oportunidades para a produção e
desenvolvimento de ideias. Em suma, através da Formação Cívica foi possível desenvolver nos
alunos, uma personalidade capaz de pensar, relacionar-se positivamente com os outros e cooperar
com eles, tomando decisões fundamentadas baseadas em informação indispensável e a
capacidade de fazer transferências de saberes. Uma personalidade deste tipo, para além de ser
muito mais polivalente, tem mais possibilidades de ter êxito e de se adaptar e contribuir para uma
sociedade dita democrática.

115
Isabel Manso

116
Formação Cívica e Criatividade

CONCLUSÃO
Em jeito de conclusão, salientamos os aspectos positivos da intervenção levada a cabo:
1º O melhoramento da auto-estima, auto-conceito e auto-confiança, dos alunos, de forma
a melhorarem a sua integração e relacionamento com os colegas, desenvolvendo-lhes a
autonomia, criatividade e espírito crítico;
2º A diversificação dos métodos/estratégias de ensino/aprendizagem porque
proporcionaram, aos alunos, uma maior motivação e gosto pelas suas aprendizagens escolares;
3º O proporcionar, aos alunos, a sua intervenção no processo de planificação e avaliação
das suas próprias aprendizagens porque esta tornou-os mais responsáveis, activos e participativos
nas actividades escolares;
4º O proporcionar, aos alunos, actividades onde puderam exprimir-se com criatividade,
liberdade e imaginação porque estes ao considerarem aquilo que criaram aprenderam de uma
forma mais significativa;
5º O proporcionar, aos alunos, um maior contacto com as técnicas de informação e
comunicação, o que, além de os motivar, enriqueceu a sua capacidade de expressão oral e escrita
e consequente potenciar da sua criatividade;
6º O proporcionar de um maior manuseamento de materiais e equipamentos audiovisuais,
proporcionou-lhes maior motivação e criatividade na apresentação dos seus trabalhos escolares;
7º O dar a conhecer, aos alunos, os objectivos e as competências que pretendíamos que
eles alcançassem fez com que eles se empenhassem cada vez mais e dessem o seu melhor;
8º A transdisciplinaridade, porque compreenderam o seu contributo como sendo uma
mais-valia, quer na gestão dos recursos e do tempo, quer na compreensão e interiorização dos
conteúdos programáticos e transferência dos saberes entre as várias áreas curriculares
disciplinares e não disciplinares;
9º O proporcionar, aos pais/encarregados de educação, um maior envolvimento nas
actividades escolares dos seus educandos, tornou mais frequentes os seus contactos com a
Directora de Turma e vice-versa, reforçando o interesse, assiduidade e pontualidade dos
educandos/alunos pelas actividades escolares;
10º O propiciar e o trabalhar do valor da amizade porque desenvolveu uma série de
valores/características, a ela associados, tais como: a responsabilidade, a tolerância e a
solidariedade levando a turma a emocionar-se, com o apelo à AMIZADE, interiorizando a
importância deste valor como sendo necessária para a criação de um clima facilitador do processo

117
Isabel Manso

ensino/aprendizagem, onde todos se integraram e ajudaram uns aos outros, contribuindo, assim,
para a resolução dos conflitos entre os seus pares levando à tão desejável diminuição da
indisciplina e actuais comportamentos de bullying na escola, e ao consequente desenvolver da
formação da personalidade, conducentes ao bom desempenho cívico e produtivo, que se viera a
reflectir no sucesso escolar de todos os alunos da turma.

LIMITAÇÕES E IMPLICAÇÕES
A principal limitação desta intervenção prende-se no nosso entender o facto de se basear
numa intervenção curta, restrita a 20 sessões. Ficam em aberto os resultados que se obteriam com
uma intervenção mais longa. Em termos de implicações, consideramos que seria interessante
replicar este tipo de projecto noutro contexto educativo e por um período maior de tempo.

118
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lex.europa.eu/LexUriServ/site/pt/com/2007/com2007_0392pt01.pdf

124
ANEXOS

125
126
Anexo 1

Conto: “Uma fada do

séc. XXI

127
128
Anexos

Actividade: “Uma fada do século XXI”


Texto de trabalho:
A caminho da escola, Rosa encontrou uma velhinha que
estava cheia de fome e, sem parar para pensar, ofereceu-lhe
o seu almoço. De repente, a velhinha converteu-se numa
jovem fada, cheia de raios luminosos.
_ Pela tua boa acção - disse a fada - podes pedir o dom
que queiras, que eu te o darei.
Rosa, ficou de boca aberta.
_ O que tens? – perguntou-lhe a fada.
_Nada, nada. Estou surpreendida, porque pensava que estas coisas eram histórias.
_Vá – disse-lhe a fada – pede o que queiras e corre para a escola.
_Quero um saco muito grande cheio de …
_Rosa, em momentos assim deve-se ser espiritual!
_Então que tenha uma varinha mágica com o poder da sua.
A fada disse-lhe que a ambição era uma má conselheira. Rosa aproveitou a primeira ideia
que lhe viera à cabeça:
_Pois que tenha a faculdade de levantar com o olhar qualquer objecto ou peso.
A fada fez um gesto de desaprovação com os lábios, tocou a menina com a varinha e
desapareceu. Rosa sentiu como que um calafrio e, ao ver que se encontrava outra vez sozinha,
respirou profundamente.
Lembrou-se da hora da aula e começou a correr.
De repente lembrou-se de experimentar o poder que lhe haviam dado. Havia uma grande
pedra branca ao lado do caminho; olhou-a, elevou o olhar e a pedra levantou-se como se flutuasse
no ar.
_Caramba! - exclamou Rosa. Depois, baixou o olhar e a pedra caiu.
Na escola, a menina divertiu-se mais que nunca. Fazia voar as carteiras e a secretária e
passeou a Sílvia (uma colega pouco amiga sua) pelo tecto da sala. Sílvia, com os olhos bem
abertos, agarrava-se à cadeira que fazia de artifício aéreo.
_ Basta! Quem faz tudo isto? (disse a professora).

129
Isabel Manso

_Sou eu professora - respondeu Rosa, que era muito leal -. _ Dei o almoço a uma
velhinha, que se transformou em fada e concedeu-me este dom.
_ É fantástico! ( disse a professora). _ Já o sabem em tua casa?
_Não!
_ Devemos dizer-lho em seguida.
Em casa, a mãe estava na cozinha e o avô concertava a gaiola do canário. Os dois
escutaram, de má vontade, o fogoso relato da professora.
Naquele momento, chegou o pai do trabalho e, falando cada um de sua vez, explicaram a
aventura da menina e o pai não queria acreditar no que acabava de ouvir.
_Porque não a experimentam? (perguntou a professora, que tinha vontade de maravilhar-
se com os méritos da sua aluna).
E aproveitando o momento de espanto geral, ordenou:
_Rosa, levanta o louceiro!
A menina contemplou o móvel e este elevou-se, vacilante, devido à pouca convicção do
olhar. Partiram-se os copos da licoreira e ouviu-se um enorme ruído.
O pai pensou que aquilo parecia o chamariz da fortuna. Quis-se assegurar das condições
da sua filha e a menina teve que passear o frigorífico por toda a casa mantendo-o a dois palmos
do solo.
Durante a refeição, o pai passou o tempo a tomar notas numa folha de papel, para tirar
partido do facto.
_ Já o tenho! (Gritou o chefe de família). _ Chamar-se-á “Grua Mágica Gombau”.
_ Debaixo, em subtítulo, pôr-lhe-emos “Casa especializada em mudança de pianos e
objectos pesados”. Ficaremos milionários.
O senhor Gombau perguntou à sua filha:
_E tu, que dizes?
A Rosa, ocorreram-lhe muitas coisas agradáveis mas, nada dizia.
_ Vem dai…explica-te…Não fiques assim …Não sejas tonta (disse a professora).
Encurralada, Rosa disse em voz alta a primeira coisa que lhe ocorreu:
_ Eu gostaria de fazer voar as crianças.
_ Oh, que bonito! ( disse a professora aplaudindo).
E o pai chegou-se à frente, meditou brevemente e disse:

130
Anexos

_Sim, é uma mensagem directa, fácil de interpretar. Uma atracção … alugaremos um


espaço num parque de atracções.
Dito e feito: alugou um espaço, construiu uns veículos de madeira e, com a ajuda de um
marceneiro valenciano, deu-lhes forma de animais. Já se sabe: um elefante, um cisne, um veado,
…as crianças subiam e Rosa, sentada num trono de gesso dourado, fazia-os voar com o olhar.
Uma volta, um euro, duas voltas, dois euros.
Rosa tinha que vestir todos os dias um vestido comprido e colocar na cabeça uma coroa
cheia de lantejoulas, de maneira que se poderá dizer que não era feliz.
Porém tinha muito tempo para pensar. E meditando, meditando, enquanto fazia voar as
crianças, ocorreu-lhe uma ideia que podia ser a solução: cada vez que via passar uma velhinha
levantava-a uns palmos acima do solo e deixava-a uns instantes suspensa no ar. As velhinhas
agitavam desesperadamente os braços e nem sequer podiam gritar. Quando via que nada
acontecia colocava-as suavemente no chão e as velhinhas fugiam. Era um plano baseado na
paciência, uma questão de saber esperar.
E os factos concederam a confiança, até que uma quinta-feira à tarde uma das velhinhas,
assim que a levantaram, transformou-se na fada que já havia visto antes. Muito enfadada, apontou
com a varinha e disse:
_Por me fazeres isto retiro-te o poder que te dei. De agora em diante voltas a ser uma
menina como as outras …
_Graças a Deus! (exclamou Rosa, retirando a coroa da cabeça).
Desceu do trono de gesso e saudou amistosamente um menino que estava contrariado
porque o elefante já não voava. Passou pela tenda e viu o pai, sentado em frente à caixa
registadora.
_Papá, lamento dizer-te que torno a ser como antes e que já se acabaram as crianças
voadoras. Contudo estou muito contente, porque já estava farta disto tudo.
É curioso constatar como pais e filhos se compreendem mutuamente sem entrarem em
grandes discussões. O senhor Gombau apercebeu-se de repente da nostalgia que sentia da antiga
normalidade.
_Uf! ( respondeu) _ Eu também já estava farto.
Agarrou a filha pelo braço e foram ambos para casa, pensando no que iriam dizer à mãe.

131
Isabel Manso

132
Anexos

Anexos 2 e 3

“Resolução de

Problemas”

133
Isabel Manso

134
Anexos

Anexo 2 - Actividade: “Resolução de Problemas”

(recortar cada frase e distribuir pelos vários grupos de trabalho).

• Os colegas da turma não me prestam atenção.

• Dizem que sou parvo porque tenho notas baixas, mas eu esforço-me o
que posso.

• Só tenho 2 ou 3 amigos.

• Os outros meninos não querem que eu brinque com eles, dizem que
não sei.

• Não consigo fazer amigos, só me querem ou me aceitam se


necessitam algo de mim.

• Tenho 11 anos e sempre brinquei com os meninos, acham que sou um


pouco estranho: não digo palavrões, não me bato com ninguém, e por isso
os colegas riem-se de mim. Mas eu não sou capaz de me defender. O que
posso eu fazer?

• Deixo-me dominar por um colega da turma...até os meus pais já


notaram. A mim, não me agrada esta situação, não quero que isto
aconteça, mas não sei como resolver esta situação. O que posso eu fazer?

135
Isabel Manso

Anexo 3 - Actividade: “Resolução de Problemas”

Orientação para decidir

Quando se tem uma decisão para tomar e não se sabe o que fazer, podem-se seguir os
seguintes passos:

1. definir o problema;
2. pensar nas opções;
3. pensar nas consequências;
4. considerar os seus próprios valores;
5. considerar os seus próprios sentimentos;
6. pedir ajuda;
7. procurar mais Informação;
8. decidir;
9. avaliar os efeitos da decisão.

Problemas Opções Consequências

Decisões:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Nome dos elementos do grupo:_________________________________________________

Turma:_______Ano:_____ Data:____/____________/__________

136
Anexos

Anexo 4

Modelos de

incentivos e estímulos

positivos

137
138
Anexos

Lembretes/Marcadores
PARA A V.A.
Estas são as coisas boas que te ouvi dizer na semana passada:
_”…devíamos
devíamos também pedir o que acabaram de nos oferecer, para as colegas que estão a faltar!”;

...é uma das formas de demonstrar a nossa amizade para com os colegas da turma...

Agora só é preciso que faças mais vezes disto que já sabes fazer tão bem.

Desejo-te
te uma excelente semana de trabalho!
Professora: Isabel Manso

FRENTE e Verso semana de 22/01/07 a 26/01/07

Estas são as PARA A Estas são as


coisas boas que
PARA A
coisas boas
que te vi fazer te vi fazer na
T. D. semana
na semana
passada:
D. B.
passada:
COM VOTOS Tiveste um
- não te ouvi COM VOTOS
DE UMA comportamento
dizer: “eu não sou DE UMA
EXCELENTE altruísta.
capaz de fazer EXCELENTE
SEMANA DE É uma das
isto”; SEMANA DE
TRABALHO
TRABALHO. formas de
-estás a ser mais TRABALHO.
demonstrares a
persistente, e a
tua amizade
gostar mais do
para com os
teu trabalho;
colegas da
-estás a melhorar
turma...
o teu DA D.T. Agora só é
comportamento. DA D.T.
preciso que
Agora só é I.M. faças mais vezes
preciso que faças I.M.
disto que já
mais vezes disto
sabes fazer tão
que já sabes
bem.
fazer tão bem.

139
Isabel Manso
FRENTE e Verso semana de 29/1/07 a 02/2/07
Estas são as Estas são as
coisas boas coisas boas que
que te vi fazer PARA O te ouvi dizer na
na semana semana
PARA O passada:
passada:
B. C.
“... não foi ele,
B. E. -conseguiste
140

que me distraiu,
fazer sozinho o COM VOTOS
DE UMA fui eu...”
teu projecto.
COM VOTOS EXCELENTE “desculpem...”
Se fores sempre
DE UMA SEMANA DE É uma das formas
persistente
EXCELENTE TRABALHO. de demonstrares
SEMANA DE consegues tudo o
a tua amizade,
TRABALHO. que quiseres.
falando sempre a
Acredita, que é
verdade,
verdade! assumindo os teus
actos.
Agora só é DA D.T. Agora só é
preciso que faças
preciso que faças
DA D.T. mais vezes disto I.M. mais vezes disto
I.M. que já sabes fazer
que já sabes fazer
tão bem.
tão bem.
PARA A Estas são as
Estas são as coisas boas que
te ouvi dizer na
coisas boas
PARA O
que te vi fazer
A.C. semana
passada:
na semana -…“estou a ser
COM VOTOS
B. L. passada:
141

DE UMA mais persistente,


- não te ouvi e a a gostar mais
EXCELENTE
dizer “eu não sou SEMANA DE de H.G.P”;
COM VOTOS capaz de fazer TRABALHO. - …”estou a ser
DE UMA
isto!”; mais amiga dos
EXCELENTE
-estás a ser mais colegas. Esta
SEMANA DE
persistente, e a actividade está a
TRABALHO.
gostar mais do fazer com que a
teu trabalho; turma seja mais
-estás a melhorar DA D.T. unida… ”
o teu I.M. Agora só é
comportamento. preciso que
DA D.T. Agora só é continues a
I.M. preciso que acreditar mais
faças mais vezes em ti, porque
disto que já sabes que és
sabes fazer tão capaz.

Anexos
bem.
Isabel Manso
FRENTE e Verso semana de 05/02/07 a 09/02/07
PARA A Estas são as
coisas boas que Estas são as
te vi fazer na coisas boas que
N. F. semana passada: PARA O te vi fazer na
-estás a revelar
persistência e a
semana
COM VOTOS
passada:
DE UMA
EXCELENTE
dares o teu
melhor! Continua
B. E. - não te ouvi dizer
SEMANA DE a acreditar em ti, :“isto é muito dificil,
142

TRABALHO. pois estou COM VOTOS eu não vou ser


convicta de que DE UMA capaz de fazer
vais conseguir EXCELENTE isto!”;
recuperar SEMANA DE -estás a ser mais
depressa o TRABALHO. persistente e a
tempo que gostar mais do teu
DA D.T. estiveste doente. trabalho;
I.M. Agora só é -estás a melhorar o
preciso que faças teu
mais vezes disto comportamento.
DA D.T. Agora só é preciso
que já sabes
I.M. que faças mais
fazer tão bem.
vezes disto que já
sabes fazer tão
bem.
PARA A PARA A
Estas são as
Estas são as
coisas boas que
coisas boas que
T.D. te vi fazer na
C. Q. te vi fazer na
semana
semana passada:
passada:
COM VOTOS Estou a admirar a
143

-estás a ser cada COM VOTOS


DE UMA tua persistência!
EXCELENTE vez mais DE UMA
Viste? Estás a
persistente e a EXCELENTE
SEMANA DE conseguir!
gostar mais do SEMANA DE
TRABALHO. Se fores sempre
teu trabalho; Isso, TRABALHO.
persistente,
dá sempre o teu
consegues tudo o
melhor em tudo o
que quiseres.
que faças!
Acredita, que é
O teu
verdade. Tu és
DA D.T. comportamento
DA D.T. capaz.
I.M. está a melhorar...
I.M. Agora só é preciso
Agora só é
que faças mais
preciso que faças
vezes disto que já
mais vezes disto
sabes fazer tão
que já sabes
bem.
fazer tão bem.

Anexos
Isabel Manso
Estas são as coisas
boas que te vi fazer
na semana passada: Estas são as
PARA O Mais uma vez PARA O coisas boas que
conseguiste fazer te vi fazer na
sozinho o teu semana passada:
B. E. trabalho. E J. M. TENS UM ÓPTIMO
reconheço que é SENTIDO DE
bastante HUMOR! E sabes
144

COM VOTOS COM VOTOS


trabalhoso! onde e quando
DE UMA DE UMA
Estás a ver!? Se utilizá-lo!
EXCELENTE EXCELENTE
fores sempre Tens favorecido
SEMANA DE SEMANA DE
persistente um bom
TRABALHO. TRABALHO.
consegues tudo o clima/ambiente
que quiseres. de sala de aula
Continua a que sem dúvida
acreditar em ti e potencia a nossa
dar o teu melhor criatividade e o
DA D.T. porque és capaz. nosso bem estar.
DA D.T.
I. M. Agora só é preciso Agora só é
I.M.
que faças mais preciso que faças
vezes disto que já mais vezes disto
sabes fazer tão que já sabes fazer
bem. tão bem.
Anexos

Balões/Rótulos

Nós gostamos de
receber elogios
directos do professor,
porque isso reforça a
nossa auto-estima e
potencia a nossa
criatividade.

Nós gostamos que


todos saibam
quando fazemos
algo de bem feito.

145
Isabel Manso

Certificado de Sucesso
AQUI ESTÁ A TRABALHAR UMA TURMA
EXTRAORDINÁRIA!

Os Professores gostam muito do que fazem.

Os Alunos são muito divertidos e gostam de


aprender.

Os Pais ajudam em casa, no que podem e como


podem, com paciência e carinho

O que a turma aprende, gosta de partilhar com


toda a escola.

Estão a trabalhar o valor da Amizade: todos


se ajudam e se respeitam; ninguém é mais do
que ninguém; todos sabem e reconhecem
os potenciais e fraquezas de cada um.

146
Anexos

Diploma de Bom Comportamento

ESTÃO DE PARABÉNS PORQUE

ESTÃO A TER UM COMPORTAMENTO

EXEMPLAR

Foi assim que conseguiram…

…continuem, estão no bom


caminho!

147
Isabel Manso

REGRAS DE OURO DAS RELAÇÕES HUMANAS

SÊ SOLIDÁRIO,, NÃO CRUZES


OS BRAÇOS, AJUDA SEMPRE OS
OUTROS;

SÊ RESPONSÁVEL, CONTROLA
OS TEUS IMPULSOS, NÃO FAÇAS
E NEM DIGAS SEMPRE TUDO O
QUE TE APETECE… REFLECTE…

SÊ TOLERANTE
TOLERANTE,, ESCUTA, RESPEITA
AS IDEIAS DOS OUTROS. COMPREENDE
AS FALHAS… TODOS ERRAMOS
UMA VEZ…

SÊ ASSERTIVO, CORRIGE SEMPRE


SEM OFENDER;

ELOGIA OS OUTROS, SEMPRE COM


HONESTIDADE;

CULTIVA O BOM HUMOR


148
Anexos

Anexo 5

Diários
das
Sessões

149
Isabel Manso

150
Anexos

Ano Lectivo: 2006/2007

Local: Escola E.B. 2,3/S pertencente ao distrito de C. Branco

Diário do Professor

Nº Sessão: 1 Data: 08 /01/07

Área Curricular Não Disciplinar: Formação Cívica

Espaço Físico: Sala de aula Nº4 Professor: Isabel Manso

Hora de início:12,45h Hora de términos:13,30h

1.Expectativas sobre o que vai acontecer nesta sessão:


Hoje estou particularmente muito entusiasmada e também um pouco ansiosa, pois é a
primeira vez que vou fazer uma proposta com este formato aos alunos. Levei boa parte das
minhas férias de Natal a pensar nas actividades que seriam interessantes desenvolver com os
alunos e seleccionei-as de acordo com as suas necessidades e dificuldades, tendo em
consideração os seus gostos e expectativas. É a primeira vez que vou propor esta actividade que
intitulei de “Amigo Oculto”. Diverti-me imenso a adaptá-la e estou confiante de que todos vão
adorar, porque eu mesma gostaria de participar numa actividade deste género! Se resultar talvez a
proponha aos meus colegas!

2. O que aconteceu nesta sessão:


Todos os alunos ficaram muito contentes em saber que haviam sido escolhidos para serem
intervenientes activos do meu projecto. Eis algumas das falas proferidas por vários alunos: - “Se
a Sr.ª Professora nos escolheu é porque gosta muito de nós”; “ E nós estamos muito contentes por
nos ter escolhido”; “ …vamos dar o nosso melhor para que faça um trabalho bom! “.
Posteriormente fizeram-me algumas questões do tipo: “ E depois, podemos ler o seu trabalho? O
que a senhora vai escrever sobre nós?” Ao que eu respondi que uma das primeiras páginas seria

151
Isabel Manso

para escrever algumas frases endereçadas a eles, à turma em geral, e que a isso se chamava
dedicatória. Mas, a priori, teria que: defendê-la, ser aprovada pelos vários júris, corrigir eventuais
falhas e que só assim poderia ser autorizada a sua publicação. Uma outra questão apresentada por
um dos alunos foi: “Vai filmar-nos?”.
Neste momento notei que nem todos os alunos ficaram felizes com a ideia. Instalou-se um
burburinho na sala, que se atenuou rapidamente quando uma aluna perguntou, em voz alta: –
“Mas porque estão com medo? A Sr.ª Professora não explicou já que, se nós não quisermos que
mostre as filmagens em público, ela respeita esse nosso pedido?”
Esta questão levou-me a pensar que talvez fosse por causa de uma circular que tinha
passado, recentemente pelas várias salas de aula, com o aviso que continha mais ao menos o
seguinte teor: …devem ter muito cuidado com as fotografias e filmagens na escola, pois estas são
proibidas, a não ser que haja um prévio consentimento por parte dos pais/encarregados de
educação. Alertou-se também os alunos em relação às mensagens e imagens na internet: de que
não deviam colocar dados pessoais na internet….
Houve dois ou três alunos que não mostraram muito interesse em serem filmados.
Contudo, não dei grande relevância a este pormenor e logo que pude, apresentei a nova proposta
de actividade, como se de um jogo se tratasse.
Todos os alunos reagiram bem a esta primeira proposta e ficaram muito entusiasmados.
Na primeira tentativa de sorteio houve a tentação de alguns alunos desvendarem o amigo oculto
que lhes havia calhado. Fez-se nova tentativa, mas só à terceira é que todos os alunos
conseguiram manter o sigilo. Apesar de verificar uma euforia por parte da turma, notei que nem
todos os alunos tinham ficado muito entusiasmados com o amigo que lhes havia saído na “rifa”.

3.Atendi às expectativas, fiquei aquém ou fiquei além delas? Por quê?


Não fiz nenhum comentário a esse respeito uma vez que já estávamos quase na hora da
saída. Relembrei apenas que, o jogo começara a partir desse momento e durante as duas semanas
subsequentes deveriam enviar, pelo menos, cinco mensagens ao seu Amigo Oculto. Estas
mensagens deveriam deixar-se, na carteira (mesa), num livro ou noutro local apropriado, de
forma a que não se deixassem quaisquer vestígios de quem as enviou. A regra do jogo consistia
em enviar unicamente aspectos positivos, isto é, aspectos, atitudes ou comportamentos que se
apreciassem na outra pessoa. Dei também alguns exemplos de cada um destes indicadores.
Perguntei se alguém ainda tinha alguma dúvida em relação a esta actividade que a
colocasse. Todos haviam compreendido bem. Informei, então, que na próxima aula iríamos

152
Anexos

continuar com o tema da amizade, mas que desta vez a actividade teria a ver com um estudo de
caso.
4.Análise e redimensionamento para a próxima sessão:
Julgo que apesar dos contratempos: ter que repetir três vezes o sorteio, esta actividade foi
interessante e que até veio bem a propósito. É urgente nesta turma desenvolver actividades
orientadas para o reconhecimento progressivo do outro e fomentar o valor da amizade.
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Ano Lectivo: 2006/2007


Local: Escola E.B. 2,3/S pertencente ao distrito de C. Branco
Diário do Professor

Nº Sessão: 2 Data: 15 /01/07

Área Curricular Não Disciplinar: Formação Cívica


Espaço Físico: Sala de aula Nº4 Professor: Isabel Manso

Hora de início:12,45h Hora de términos:13,30h

1.Expectativas sobre o que vai acontecer nesta sessão:


A actividade, que lhes vou apresentar hoje, apresenta um estudo de caso, intitulada
“Vamos ao Museu” e não tem qualquer ligação a incidentes ocorridos nesta turma, pelo menos,
que eu tenha tido conhecimento. Contudo agradou-me, sobretudo o facto, de pô-los a pensar
sobre esta situação, que nos dias de hoje não é nada invulgar e também analisar de que forma, os
alunos, a irão encarar e dar resposta aos dilemas apresentados.
1. O que aconteceu nesta sessão:
Em primeiro lugar foi distribuído um exemplar, a cada aluno, do guião da sessão
contendo as várias etapas da actividade: texto do estudo de caso, objectivos, metodologia,
materiais e recursos. Depois da leitura atenta e individual, da história de caso apresentada,
realizada de modo sequencial por vários alunos, cada um deu as suas respostas, por escrito, aos
dilemas apresentados na ficha de trabalho, previamente distribuída.

153
Isabel Manso

As respostas foram anotadas no quadro, pelo escrutinador eleito pela turma. Seguiu-se a
votação das respostas. Ganhou a resposta mais votada, não por ser resultado da votação de uma
maioria absoluta, mas, sim, por ter resultado de um consenso, como sendo a mais válida, para
solucionar o problema em questão: “Falar com o Gabriel, procurando saber o que o motivou a
praticar tal acto, levando-o a reflectir sobre a situação, tomando uma atitude por si só, de modo a
não prejudicar os colegas, fazendo com que este admitisse e assumisse os seus próprios actos.
Apresentando-se como culpado seria a atitude mais nobre e digna de consideração”. No entanto,
a resposta divergente dada por duas colegas também mereceu a atenção de todos os presentes, no
sentido de as fazer repensar sobre os seus prós e contras. A resposta em questão foi: “Falar com a
professora à parte”. Os dois alunos compreenderam rapidamente que esta solução não iria de
modo nenhum resolver o problema. Deste modo agravar-se-ia, ainda mais, a questão fomentando-
se um clima de desconfiança, descriminação e de desunião na turma.
3.Atendi às expectativas, fiquei aquém ou fiquei além delas? Por quê?
Todos os alunos gostaram do desfecho para o problema apresentado, fazendo questão em
deixar transparecer a sua compreensão através dos seguintes comentários: “Devemos sempre
procurar saber qual é a razão da atitude tomada pelo nosso amigo; depois fazer com que ele
reflicta sobre essa atitude de modo que seja o próprio a solucionar o erro que cometeu. Assim dá-
se-lhe a oportunidade de reconsiderar e mostrar arrependimento pelo acto cometido, levando-o a
adoptar comportamentos responsáveis, tolerantes e solidaridários para com todos os colegas”.
Acho que de uma forma geral todos gostaram da actividade. No fundo, penso que eles atingiram
a maioria dos objectivos propostos: denotaram compreender o apelo e a necessidade de uma
postura assertiva por parte de quem tolera e que esta fomenta, por sua vez, comportamentos
tolerantes, solidários e responsáveis por parte de quem é tolerado. Assumindo-se a justiça como
um valor fundamental nas relações humanas. Pode-se ser justo, sem deixar de ser amigo, embora
isso implique algum sofrimento.
No final perguntei como estava a correr o jogo do “Amigo Oculto” e que a próxima
sessão seria para iniciarmos o desvendar do amigo oculto.
4.Análise e redimensionamento para a próxima sessão:
Julgo que podia ter feito render mais a aula, porque não houve tempo para os alunos
registarem as conclusões no caderno diário, ficando-se apenas com o seu registo no quadro de
giz. Talvez, porque não estabeleci, à priori, um tempo limite para a concretização da ficha de
trabalho. Esta fase foi muito demorada dando origem à não concretização da actividade em tempo
útil.

154
Anexos

Ano Lectivo: 2006/2007

Local: Escola E.B. 2,3/S pertencente ao distrito de C. Branco

Diário do Professor

Nº Sessão: 3 Data: 22 /01/07

Área Curricular Não Disciplinar: Formação Cívica

Espaço Físico: Sala de aula Nº4 Professor: Isabel Manso

Hora de início:12,45h Hora de términos:13,30h

1.Expectativas sobre o que vai acontecer nesta sessão (notas tomadas durante o
intervalo da manhã):
Hoje estou, particularmente, desejosa por saber como se vai desenrolar esta actividade.
Trouxe uma grelha, que penso projectar em grande ecrã com o auxílio do projector de vídeo,
preparada ontem ao serão e à pressa, para anotar os nomes dos alunos e o respectivo amigo
oculto, à medida que este for descoberto pelos alunos. No entanto, penso que me vai auxiliar para
poder decidir como vou avaliar esta actividade mais tarde. Vou deixar a aula correr sem pressas,
preciso estar ainda mais atenta, observar e em simultâneo tomar notas.

2.O que aconteceu nesta sessão:


Depois de se reunirem em grande grupo, cada um foi decidindo sobre quem acreditava ser
o seu amigo oculto, em voz alta, justificando porque pensara nesse colega. Foi então, que dei a
seguinte directiva: “Quando não for a pessoa que vocês pensam que é, é porque o amigo oculto
ainda não forneceu indicadores suficientes nas suas mensagens!”. Criou-se uma atmosfera de
suspense que nos agradou a todos e cada vez que um aluno acertava, o amigo oculto revelava-se
positivamente manifestando um enorme contentamento. Cada vez que um aluno falhava
sentenciava-se que o amigo oculto tinha que continuar a enviar mais mensagens, durante mais

155
Isabel Manso

uma semana. Posteriormente, comentaram sobre como se sentiram ao receber e ao enviar


mensagens secretas sobre os aspectos positivos a um dos seus colegas, como se sentiram sendo
amigos desconhecidos de outra pessoa. Depois de cada participante tentar descobrir o seu amigo
oculto com base nas suas percepções e conteúdo das mensagens recebidas, fui registando os
dados numa grelha (Anexo 1- subsecção 3 da secção C do Vol. II), que construi para o efeito em
suporte digital que, posteriormente, projectei em grande ecrã. De seguida, cada participante,
preencheu o questionário Impressões sobre a experiência “O Amigo Oculto” (Anexo 2-
subsecção 3, da secção C do Vol. II) e registou as suas impressões sobre a actividade realizada.

3.Atendi às expectativas, fiquei aquém ou fiquei além delas? Por quê?


Apesar de todos terem adorado a actividade, constatei que alguns foi-lhes difícil adivinhar
quem era o seu amigo oculto. Porém, quando isto acontecia, o motivo era sempre por falta de
envio de mensagens suficientes, isto é, só haviam enviado uma mensagem. No entanto, estes
alunos, apesar de não terem dado mensagens suficientes, respeitaram pelo menos o objectivo de
saber guardar um segredo. O facto de as duas tentativas de guardar o segredo terem falhado
inicialmente, agora tivemos a prova de que a terceira e última tivera algum sucesso. E como a
aula estava prestes a findar dei-lhes indicações de que iríamos continuar e, provavelmente,
terminar esta actividade na próxima semana.

4.Análise e redimensionamento para a próxima sessão:


Penso que sim, que atingi os objectivos propostos para esta sessão. Apesar de se ter
dialogado muito mais do que aquilo que se registou, acho que foi uma aula interessante, criaram-
se constantemente momentos de “suspense” fazendo com que os alunos se sentissem interessados
desde o princípio até ao fim. Observou-se o seguinte desabafo: “O quê a aula já acabou!? O
tempo na F.C. passa a correr!”
Considero que estes comentários são reveladores do seu efectivo interesse e gosto pela
actividade. Apesar de ser uma hora crítica para os alunos, pois é a última aula do período da
manhã! Já estão cheios de fome e ainda têm comentários destes!

156
Anexos

Ano Lectivo: 2006/2007


Local: Escola E.B. 2,3/S pertencente ao distrito de C. Branco

Diário do Professor
Nº Sessão: 4 Data: 29/01/07

Área Curricular Não Disciplinar: Formação Cívica

Espaço Físico: Sala de aula Nº4 Professor: Isabel Manso

Hora de início:12,45h Hora de términos:13,30h

1.Expectativas sobre o que vai acontecer nesta sessão:


Como já passaram algumas semanas vou tentar pedir aos alunos que me forneçam as
mensagens recebidas, para verificar se estas foram ou não guardadas, e se o foram, isto poderá ser
mais um indício positivo acerca desta actividade.

2.O que aconteceu nesta sessão:


Hoje comecei por pedir aos alunos que me fornecessem as mensagens que haviam
recebido. Fiquei particularmente surpresa porque todos as haviam bem guardado, alguns deram-
mas de imediato e outros disseram-me que as trariam no dia seguinte. Disse-lhes que depois lhes
devolveria as mensagens.
Formaram-se 3 grupos de 4 elementos e um de cinco (devido a serem 17 alunos). A
formação dos grupos fez-se juntando os participantes que tinham um cartão com um número
igual. Os grupos, já formados, receberam a seguinte directiva: “Discutam o que aconteceu,
durante a actividade, salientando os aspectos positivos e para os negativos, tentem apontar
soluções”.
Não forneci quaisquer explicações adicionais, nem disse nada sobre a apresentação do
resultado ou sobre o limite de tempo. Mais tarde, acrescentei a seguinte directiva: “Não se
esqueçam que cada grupo terá que apresentar um relatório sobre os resultados da
discussão daqui a 10 minutos”.

157
Isabel Manso

Discutiu-se, então, sobre as várias interacções verificadas e, a partir das anotações feitas,
apresentei as ocorrências que beneficiaram e que prejudicaram a actividade.
Fez-se o resumo e tiram-se as conclusões, a partir dos dados apurados e das opiniões dos
alunos.

3.Atendi às expectativas, fiquei aquém ou fiquei além delas? Por quê?


Sim, fiquei muito contente com as reacções dos alunos a esta actividade: começaram a ser todos
mais responsáveis, mais amigos uns dos outros e sobretudo a proporem e planificarem
actividades que lhes agradam revelando alguma criatividade.

4.Análise e redimensionamento para a próxima sessão:


Fez-se a síntese de toda a actividade em plenário. Sintetizei os dados recolhidos e pedi à
delegada e sub delegada, que fizessem o seu registo no diário da turma, que se encontra, ao fundo
no placard da sala de aula. Lancei a próxima actividade desta vez, a pedido insistente pela
maioria dos alunos. Mostraram interesse pela continuação da actividade do “amigo oculto” que
desta vez estava limitada à observação de comportamentos/atitudes que demonstrassem
responsabilidade por parte do amigo oculto. Fez-se o sorteio e relembrei apenas que, o jogo
começara a partir desse momento e durante as duas próximas semanas, deveriam registar todos os
comportamentos que revelassem responsabilidade por parte do amigo oculto - pelo menos cinco
mensagens a enviar ao Amigo Oculto. Estas mensagens deveriam deixar-se, na carteira (mesa),
num livro ou noutro local apropriado, de modo que não se deixasse vestígios de quem as enviou.
A regra do jogo consistia em registar unicamente aspectos positivos, isto é, aspectos ou
comportamentos que se apreciassem como manifestações responsáveis por parte do amigo que
lhes fora sorteado. E finalmente distribui, a alguns alunos, um marcador com frases de incentivo
e reconhecimento do esforço, atitudes de bom comportamento manifestados durante a semana
anterior.

158
Anexos

Ano Lectivo: 2006/2007

Local: Escola E.B. 2,3/S pertencente ao distrito de C. Branco

Diário do Professor

Nº Sessão: 5 Data: 05/02/07

Área Curricular Não Disciplinar: Formação Cívica

Espaço Físico: Sala de aula Nº4 Professor: Isabel Manso

Hora de início:12,45h Hora de términos:13,30h

1.Expectativas sobre o que vai acontecer nesta sessão:


Enquanto a actividade do “amigo oculto” continua, em relação a atitudes que revelem
responsabilidade, considero que será de toda a conveniência continuar com actividades que lhes
permitam continuar a conhecer-se. Por isso, vou propor-lhes a seguinte actividade: “ A brincar ,
a brincar vamos conhecer-nos…”.
2.O que aconteceu nesta sessão:
Comecei por distribuir, como habitualmente, o guião da actividade. Depois de todos
compreenderem os objectivos e funcionamento da mesma distribui um questionário de
autoconhecimento, prevenindo-os de que iria fornecer mais tarde a chave dos resultados.
Primeiramente, solicitei aos alunos a sua leitura atenta e que depois respondessem
individualmente às perguntas, colocando uma cruz no quadrado correspondente à opção
pretendida.
Os alunos verificaram a sua situação, colocando uma bolinha à volta das respostas
adequadas a si. Com naturalidade os alunos partilharam as suas respostas. Deixei-os expressar os
seus sentimentos.
De seguida, perguntei-lhes se queriam preencher mais um questionário, mas desta vez
seria com o objectivo de conhecerem o tipo de amigos que têm. Como a resposta foi positiva,
distribuí o questionário. Os alunos leram-no com atenção e responderam às perguntas sugeridas.

159
Isabel Manso

Seguidamente, entreguei-lhes a chave dos resultados. Os alunos verificaram a sua


situação, colocando uma bolinha à volta das respostas que deram. Mais uma vez, com
naturalidade, os alunos partilharam as suas respostas. Deixei-os, novamente, expressar os seus
sentimentos. Em plenário dirigi-lhes algumas perguntas, tais como:

1-Estes questionários trouxeram-vos alguma novidade sobre vocês mesmos e os amigos que
têm?
2-O que aprenderam com esta actividade?
3-Que tipo de amigos têm?
Sem esperar por qualquer resposta instantânea pedi-lhes que registassem as questões no
caderno diário e que me redigissem, em casa, um relatório com o resumo da actividade tendo em
consideração estas questões.

3.Atendi às expectativas, fiquei aquém ou fiquei além delas? Por quê?


Penso que os marcadores que estou a distribuir estão de facto, a criar expectativas
posivas nos alunos pois, estão ansiosos por saber quem serão os próximos escolhidos. Contudo
penso que esta melhoria, a nível comportamental, deve-se em grande parte à actividade do
“amigo oculto”. Em relação aos marcadores que costumo distribuir, houve um aluno que disse o
seguinte: “Além de ficarmos contentes com as mensagens que nos escreve, têm a vantagem de as
podermos mostrar aos nossos pais, porque se fosse uma coisa fixa na sala não dava para fazermos
isso”. Consequentemente, outra aluna exclamou: “E quantos mais marcadores um aluno
conseguir melhor será para ele.” Depreendi que poderia levar os alunos a adoptar determinados
comportamentos só pelo facto de coleccionarem mais marcadores, em vez de o fazerem de forma
espontânea. Contudo, não vi nenhuma desvantagem se o continuasse a fazer, até porque estava a
produzir efeitos positivos a nível do reforço da autoestima e do autoconceito por parte de um
número significativo de alunos.

4.Análise e redimensionamento para a próxima sessão:


Finalmente distribuí, a mais alguns alunos, um marcador com frases de incentivo e
reconhecimento do esforço, atitudes de bom comportamento manifestados durante a semana
anterior e, depois destes terem saído, coloquei na porta da sala de aula um Certificado de
Sucesso, relembrando as especificidades positivas do grupo professor-turma.

160
Anexos

Ano Lectivo: 2006/2007

Local: Escola E.B. 2,3/S pertencente ao distrito de C. Branco

Diário do Professor

Nº Sessão: 6 Data: 12/02/07

Área Curricular Não Disciplinar: Formação Cívica

Espaço Físico: Sala de aula Nº4 Professor: Isabel Manso

Hora de início:12,45h Hora de términos:13,30h

1.Expectativas sobre o que vai acontecer nesta sessão:


Esta actividade, intitulada “O Caso dos Óculos”, surgiu a partir de uma queixa que me foi
apresentada por parte de uma aluna da turma, com o objectivo de levar os alunos a descobrir as
dificuldades que às vezes comporta uma atitude responsável. Com esta actividade pretendo
trabalhar, a responsabilidade perante esta situação problemática através da leitura do texto que
construí de acordo com a situação problemática. Pretendo, primeiramente, que os alunos
respondam por escrito e individualmente aos dilemas sugeridos e que depois anotem as várias
respostas no quadro de giz. De seguida vou sugerir que façam a votação da resposta que conduz à
solução mais correcta e se, eventualmente, se verificar que esta votação não conduz à solução
mais correcta, terei que fazer repensar os alunos.

2.O que aconteceu nesta sessão:


Dei a cada aluno um exemplar do guião sobre o funcionamento e objectivos para esta
actividade. Depois de todos compreenderem os seus objectivos, pedi-lhes que lessem com
atenção o texto, cujo conteúdo lhes era familiar.
Depois de todos acabarem a leitura silenciosa houve um aluno que disse em voz alta: “A
senhora professora tem mesmo jeito para ser escritora!” Ao que retorqui de imediato: “Muito

161
Isabel Manso

obrigado pelo elogio! Mas quero, desde já, salientar que adoro escrever sobre acontecimentos que
nos tocam de perto, em que estejamos envolvidos!” Faz-nos tornar mais críticos! E quando somos
fazemos parte do elenco dá-nos um maior prazer na escrita!
Comentámos a situação problemática em plenário, tomando cada um a palavra na sua vez.
A seguir distribuí-lhes uma folha onde, individualmente, registaram as respostas dadas
oralmente, aos dilemas apresentados.
Depois de cada um responder e registar as respostas, pedi a um voluntário para as anotar no
quadro. Depois das respostas serem anotadas seguiu-se a votação das respostas. Neste caso,
sucedeu que a resposta mais votada foi a que, conjuntamente, consideramos ser a mais válida
para solucionar o problema em questão.

3.Atendi às expectativas, fiquei aquém ou fiquei além delas? Por quê?


Julgo que atendi às minhas expectativas, porque parti de uma situação real com a qual os
alunos se conseguiram identificar conduzindo-os à solução mais correcta, não tendo sido
necessário fazer repensar os alunos.
A turma gostou imenso do que havia escrito no Certificado de Sucesso na porta da sala de
aula, contudo, julgo que deixou uma aluna de outra turma, que também é minha, um pouco triste
porque me perguntou o seguinte: “Foi a senhora que colocou aquele cartaz na porta do 6ºC?”
[Olhou-me nos olhos e vi nela alguma tristeza]. Talvez, por pena de o cartaz não estar na porta da
sala dela, ou melhor, por eu não ter colocado um também na porta da sala dela?! Respondi-lhe :
“Sim, fui eu que o coloquei. Sabes!? Sou a D.T. deles! E como eles estão a trabalhar todos tão
bem….”. Mas tu não fiques triste, porque também te considero uma aluna muito trabalhadora!
Como eles! Ficou esclarecida e penso que compreendeu. Mantive-me atenta. Até falei com a mãe
que é funcionária da acção educativa lá na escola, acerca do diálogo que tivera com a filha! Mas,
esta assegurou-me de que nada se passava. Conclusão: esta aluna, empenhara-se ainda mais nas
aulas de EVT daí em diante e alargou o seu leque de amizades, fazendo amizade com as meninas
da minha direcção de turma. Acto positivo em si mesmo! Assim o pensei eu!

4.Análise e redimensionamento para o próximo encontro:


Finalmente distribui, a mais alguns alunos, um marcador com frases de incentivo e
reconhecimento das atitudes de bom comportamento manifestados durante a semana anterior.

162
Anexos

Ano Lectivo: 2006/2007


Local: Escola E.B. 2,3/S pertencente ao distrito de C. Branco
Diário do Professor
Nº Sessão: 7 Data: 19/02/07
Área Curricular Não Disciplinar: Formação Cívica
Espaço Físico: Sala de aula Nº4 Professor: Isabel Manso
Hora de início:12,45h Hora de términos:13,30h

1.Expectativas sobre o que vai acontecer nesta sessão:


Para este encontro tenho uma actividade intitulada “O Amigo”, uma vez que os alunos
estão a reagir bem quer à temática quer à metodologia, vamos continuar a trabalhar o valor da
amizade.
2.O que aconteceu nesta sessão:
Nesta sessão os alunos trouxeram para a aula um problema levantado na hora de recreio.
Discutiu-se, então, sobre as várias interacções vivenciadas e, a partir destas propus aos alunos que
apresentassem as ocorrências que beneficiaram e que prejudicaram essas interacções vivenciadas
na hora do recreio, de modo a que cada um falasse na sua vez, sem interromper quem estava com
a palavra.
3.Atendi às expectativas, fiquei aquém ou fiquei além delas? Por quê?
Hoje, as minhas expectativas ficaram muito aquém daquilo que tinha previsto. Foi uma
aula planificada que não pude apresentar. Os alunos estavam tão exaltados que o melhor que me
ocorreu, para tentar que acalmassem foi ouvi-los, um de cada vez, para saber o que se passava
enquanto me davam algum tempo para pensar nalguma estratégia para os fazer reflectir em
relação ao conflito em questão.
4.Análise e redimensionamento para o próximo encontro:
Fez-se o resumo a partir dos dados apurados e das opiniões dos alunos.
Fez-se a síntese de toda a actividade em plenário. Sintetizei os dados recolhidos e pedi à
delegada e sub delegada, que fizessem o registo no diário da turma, que se encontra no placard ao
fundo da sala de aula. Como estava na hora da saída, disse-lhes que no próximo encontro iríamos
continuar a tratar do assunto que havia ficado pendente.

163
Isabel Manso

Ano Lectivo: 2006/2007

Local: Escola E.B. 2,3/S pertencente ao distrito de C. Branco


Diário do Professor

Nº Sessão: 8 Data: 26/02/07

Área Curricular Não Disciplinar: Formação Cívica

Espaço Físico: Sala de aula Nº4 Professor: Isabel Manso

Hora de início:12,45h Hora de términos:13,30h

1.Expectativas sobre o que vai acontecer nesta sessão:


Hoje, estou mais segura e muito mais serena, pois penso que a actividade que lhes vou
propor irá ajudar, em algo, para que situações análogas não se tornem a repetir.

2.O que onteceu nesta sessão:


Dei início à sessão reportando-me à sessão anterior e à dificuldade que existe, por vezes,
em resolver determinados problemas. Referindo-lhes que os problemas ou conflitos existem, isto
é, que fazem parte da nossa vida em sociedade e quer queiramos, quer não, eles acabam por
acontecer, porque as pessoas têm ideias diferentes. O que importa, portanto, é saber como lidar
com os conflitos para podermos enfrentá-los e posteriormente resolvê-los.
a)propus aos alunos que resolvessem uma ficha individual de trabalho e que dispunham
de 10 minutos.
b)Seguidamente solicitei a formação de 3 grupos de 4 elementos e um de cinco, (devido a
estes serem 17 alunos). A formação dos grupos, fez-se juntando-se os alunos que tinham um
cartão com uma gravura de cor igual. Os grupos, já formados, receberam a seguinte directiva:

“Agora comparem e discutam as vossas respostas e não se esqueçam que cada grupo terá

que apresentar um relatório sobre os resultados da discussão daqui a 10 minutos”.

164
Anexos

3.Atendi às expectativas, fiquei aquém ou fiquei além delas? Por quê?


Julgo que atendi às minhas expectativas, pois os alunos estavam mais calmos e mais
confiantes em si próprios. Mais uma vez uma actividade baseada numa situação real, com a qual
os alunos se conseguiram identificar, permitiu que eles reflectissem e encontrassem uma maneira
assertiva de actuarem, prevenindo-os com estratégias de resolução de conflitos em situações
futuras.

4.Análise e redimensionamento para o próximo encontro:


Por fim, pedi à turma que reflectisse sobre o tema da sessão registando-se no quadro
(através do porta-voz de cada grupo) formas adequadas de se solicitar a alguém, que altere o seu
comportamento numa situação análoga ou noutras situações. De seguida distribuiu-se a cada
aluno uma ficha onde foram registadas as sínteses feitas de acordo com o plenário seguindo-se
uma reflexão individual para casa a título de avaliação da sessão.

165
Isabel Manso

166
Anexos

Anexo 6

Análise documental

167
Isabel Manso

168
(A) – 1ª Dimensão: Caracterização da turma

Categorias Unidades de sentido


1.Problemas dos alunos “… os aspectos negativos do Projecto Curricular de Turma: A falta de empenho; A falta
da turma de assiduidade de alguns alunos que impossibilitaram a total execução das mesmas”;
(Relatório de avaliação do PCT anterior, Subsecção 2-Secção A - Vol. I).;
“Em relação ao Ponto um, Informações - A Directora de Turma comunicou, ainda, por carta
registada, com os Encarregados de Educação dos números: dois, B.L.;…; onze, H.G.; …;
treze, J. A.; devido a estes terem faltas injustificadas”;
“Relativamente ao Ponto quatro - Projecto Curricular - Devido à falta de

QUADRO IX. ANÁLISE DOCUMENTAL


pontualidade/assiduidade, à dificuldade de relacionamento com os colegas e de cumprimento
de regras estabelecidadas, a Directora de Turma sugeriu que fosse elaborado um Contrato
Pedagógico nas aulas de Formação Cívica, proposta esta que foi aceite por todos os elementos
presentes nesta reunião” [1ª Acta de Conselho de Turma anterior realizada a 02/11/05];
“Em relação ao Ponto 1 – Informações- Houve ainda um contacto, por carta registada, com
Encarregados de Educação dos alunos que apresentavam faltas injustificadas e participações
disciplinares. A Directora de Turma transmitiu que recebeu as seguintes participações
disciplinares: do aluno número dois, a Matemática e a Língua Portuguesa; do número .…..”;
169

“Em relação ao Ponto três - Comportamento e aproveitamento geral da turma - A turma é


bastante irrequieta sendo, por isso, necessário desenvolver e reforçar a concentração e
atenção, o relacionamento pessoal e o respeito pelos outros assim como incentivar os alunos
para saber estar e saber ser” [Acta de reunião de Conselho de Turma de Avaliação realizada a
19/12/05].
“Em relação ao último ponto – outros assuntos - Devido à falta de assiduidade, foram
excluídos das aulas de Apoio Pedagógico Acrescido a Língua Portuguesa os alunos número,
F. A.; doze, J.O. e quinze, L.G.” [Acta de reunião de Conselho de Turma realizada a
21/02/06];
“Em relação ao terceiro ponto, análise do aproveitamento e comportamento da turma, …. . A turma
continua a mostrar-se bastante irrequieta sendo, por isso, necessário insistir no desenvolvimento e reforço
da concentração e atenção, melhorar o relacionamento pessoal e o respeito pelos outros assim como
incentivar os alunos para o saber estar/saber ser” [Acta de reunião de Conselho de Turma de Avaliação ,
realizada a 04/04/06];

Anexos
“Em relação ao Ponto um – Informações - A Directora de Turma informou que recebeu as seguintes
participações disciplinares dos alunos: número dois, B.L.; do número dez, F.A. e do aluno num
ero doze, J.O. a Educação Musical, no dia dezoito de de Maio. Houve ainda uma participação feita pelo
Vice Presidente da Comissão Provisória, do aluno número(….). No dia treze de Junho” [Acta
de reunião de Conselho de Turma de Avaliação, realizada a 29/06/06].
Categorias Unidades de sentido
2.Definição de “Os alunos referenciados e merecedores de Necessidades Educativas Especiais são: o Nº 4
prioridades/estratégias – B. E. e o Nº 18 – T. D., o primeiro por apresentar problemas a nível da linguagem, leitura e

Isabel Manso
escrita e o segundo por problemas a nível comportamental, atenção, interpretação e análise
de textos, memorização, métodos e técnicas de estudo. Em relação ao aluno B. E. com défice
a nível da linguagem, leitura e escrita, da atenção e concentração e dislexia, fraca autonomia
e auto estima, é uma criança pouco acompanhada em casa e revela-se bastante dependente de
ajuda extra, necessitando mais tempo para realizar as suas tarefas”(…) “Este aluno irá
beneficiar ainda de Apoio Educativo Individualizado com intervenção educativa da
professora de educação especial a nível de desenvolvimento da linguagem, reeducação da
leitura e da escrita com necessidades de intervenção a nível da terapia da fala. (…) A aluna
[referência à aluna nº18-T.D.] irá beneficiar ainda de intervenção educativa da professora de
educação especial/apoio educativo individualizado a nível de moderação de
comportamentos; atenção, memorização; métodos e técnicas de estudo. [1ª Acta de
Conselho de Turma realizada a 18 de Novembro de 2006].
“Foi ainda elaborada uma grelha, contendo uma análise detalhada da situação de cada um dos alunos da
turma, para os quais se estabeleceram estratégias de superação das dificuldades diagnosticadas. A referida
170

grelha, depois de policopiada, será distribuída, posteriormente pela Directora de Turma, a todos os
professores do Conselho de Turma” [ Acta da 1ª reunião de C.T. realizada a 8/11/06].
“ Aluna nº 1- A.C.: Prestar mais atenção valorizando e elogiando o que faz; Aluno nº 3 –
B.L.: valorizar o aluno, mostrando que as suas ideias t~em valor, reforçar a auto-estima e o
auto-conceito e encorajá-lo sistematicamente; Aluno nº 4- B.L.: APAs a LP, Ing. e Mat. e
REE; valorizar o aluno, mostrando que as suas ideias têm valor; reforçar a auto-estima e o
autoconceito e encorajá-lo sistematicamente; Aluno nº 5, B.C.: APAs a L.P. e Mat;
valorizar o aluno, mostrando que as suas ideias têm valor; reforçar a auto-estima e o
auto-conceito. Encorajá-lo sistematicamente; Aluna nº7 – C.L. : reforçar a auto-estima e o
auto conceito; Aluna nº 7 – C.C.: Reforçar a auto-estima e o auto-conceito. Encorajá-la
sistematicamente; Aluna nº10 – D. B. : Reforçar o auto-controle e melhorar as atitudes
cívicas; Aluno nº 11 – H.G. : Prestar mais atenção ao aluno para evitar que se distraia e
melhorar as atitudes cívicas; Aluno nº12 –J.A.: Prestar mais atenção ao aluno para evitar que
se distraia e melhorar as atitudes cívicas; Aluno nº 13 – J.M.: Reforçar o auto-controle e
melhorar as atitudes cívicas; Aluno nº14- L.G. : reforçar a auto-estima e o auto-conceito;
Aluna nº 15 – M. D. : Melhorar as atitudes cívicas; Aluna nº 16 – N.F.: reforçar a auto-
estima e o auto-conceito;
Categorias Unidades de sentido
Aluno nº 17 – S.G.: Prestar mais atenção ao aluno para evitar que se distraia; valorizar o
aluno, mostrando que as suas ideias têm valor; reforçar a auto- estima e o auto-conceito;
encorajá-lo sistematicamente e melhorar as atitudes cívicas; Aluna nº 18 – T.D.:
Educação Especial: Reeducação da leitura e da escrtita; APAs a L.P.; Ing e Mat;
Valorizar aluna, mostrando que as suas ideias têm valor; reforçar a auto-estima e o
auto-conceito. Encorajá-la sistematicamente e melhorar as suas atitudes cívicas; Aluna nº 19 –
V. A.: APAs a L.P. e Mat ; valorizar a aluna, mostrando que as suas ideias têm valor; reforçar
a auto-estima e o auto-conceito; encorajá-la sistematicamente; Aluna nº 20-C.Q.: APAs a
L.P.; Ing. E Mat.; reforçar a auto-estima e o auto-conceito; encorajá-la sistematicamente; deve
ficar à frente devido a problemas de audição e visão” [Identificação de Problemas e Definição
de Prioridades, documento elaborado na 1ª reunião de C.T. realizada a 8/11/06].

“As docentes da Área de Projecto referiram que o tema escolhido pelos alunos foi “ A Escola e
171

a Comunidade ”, cujo conteúdo será apresentado sob a forma de Boletim Informativo, tendo
como principal objectivo um desafio às técnicas de investigação, ao desenvolvimento do
potencial crítico e criativo e ao conhecimento. Encontram-se neste momento na fase de
implementação do projecto. --------------------------------------------------------------------------------
----------A nível da Formação Cívica os alunos têm vindo a desenvolver actividades
relativas ao relacionamento interpessoal, estilo pessoal de aprendizagem e regras a respeitar na sala de
aula, o conhecimento de si e dos outros, tendo sendo por base a reflexão, discussão e debate, a leitura e a
expressão oral e escrita orientadas através de técnicas de animação e integração de grupo.------“
[1ª Acta de reunião de Conselho de Turma realizada a 8/11/06]

Anexos
(B) – 2ª Dimensão: Contributo da Formação Cívica

Categorias Unidades de sentido

Isabel Manso
3- Progressos dos alunos “No que toca ao Terceiro Ponto – Comportamento e aproveitamento geral da Turma - o
Conselho de Turma após uma análise considerou-os ambos satisfatórios” [Acta de reunião de
Conselho de Avaliação realizada a 19/12/06];

“No que refere ao Ponto Dez - Planos de Acompanhamento - fez-se o ponto de situação dos
Planos de Acompanhamento dos seguintes alunos: número quatro – B. E., que tinha tido cinco
níveis inferiores a três, no ano lectivo anterior e neste teve apenas dois níveis inferiores a três;
número cinco – B. C., que tinha tido cinco níveis inferiores a três, no ano lectivo anterior e neste
teve apenas um nível inferior a três; número dezoito – T. D., que tinha tido seis níveis inferiores a
três, no ano lectivo anterior e neste teve apenas um nível inferior a três e o número dezanove – V.
A., que tinha tido quatro níveis inferiores a três, no ano lectivo anterior, tendo apenas neste dois
níveis inferiores a três, pelo que devem continuar com o mesmo plano, não necessitando de
reformulação” [Acta de Conselho de Turma realizada a 19 de Dezembro de 2006];
172

“No Ponto Três - Outros Assuntos, o Conselho de Turma analisou o comportamento e o


aproveitamento geral da turma, tendo concluído que ambos continuam satisfatórios” [Acta de
Conselho de Turma realizada a 9 de Março de 2007);

“A Professora do Apoio Educativo referiu que esta aluna [referindo-se à aluna nº18-T.D.] apesar
dos progressos que fez a nível da auto-estima mantém as medidas anteriormente propostas”
[3ª Acta de Conselho de Turma realizada a 9 de Março de 2007];

“No que concerne ao Sexto Ponto, os alunos de Necessidades Educativas Especiais: número
quatro – B. E. e número dezoito – T. D. estão ambos a fazer progressos nas diferentes Área
Curriculares conforme se pode verificar na avaliação deste período e deliberou-se que devem
continuar a usufruir das medidas anteriormente propostas ao abrigo do Dec. Lei nº 319/91 de 23 de
Agosto.” [Acta de Conselho de Turma de Avaliação, realizada a 26 de Março de 2007];
Categorias Unidades de sentido

4- Resultados “----------No que toca ao Terceiro Ponto da Ordem de Trabalhos, análise do aproveitamento da
Turma, o Conselho de Turma considerou-os ambos bons. --------------------------------------------“
[Acta de Conselho de Turma de Avaliação, realizada a 26 de Junho de 2007];

----------Quanto ao Ponto Onze e no que concerne aos alunos de Necessidades Educativas


Especiais: número quatro, Bruno Elvas e número dezoito, Telma Dias foi feita a avaliação das
medidas educativas aplicadas ao abrigo do Dec. Lei nº 319/91 de 23 de Agosto e deliberou-se que
as medidas implementadas neste ano lectivo foram bastante eficazes, pelo que deverão ser mantidas
no próximo ano lectivo, uma vez que ambos os alunos foram aprovados. No entanto, a aluna
número dezoito [T.D.] será retirada do Apoio Individualizado do Ensino Especial, uma vez que o
173

mesmo não se justifica com base nos resultados obtidos e por falta de documentação que justifique
tal apoio. Foram também entregues os registos individuais de avaliação destes alunos que se
anexam à acta e que se encontram arquivados nos respectivos processos individuais. [Acta de
Conselho de Turma de Avaliação, realizada a 26 de Junho de 2007];

“----------Em relação ao Ponto Doze – foi feita a avaliação do Plano Curricular de Turma e conclui-
se que foi concretizado de acordo com os objectivos inicialmente propostos. ------------ “[Acta de
reunião de Conselho de Avaliação realizada a 26 de Junho de 2007];

“Apreciação Global: O Aproveitamento e Comportamento foram ambos considerados bons”


[Relatório de avaliação do PCT];

Anexos
Categorias Unidades de sentido

Isabel Manso
“De uma forma geral, a turma, revelou bastante interesse e empenho por todas as actividades propostas.
Assim sendo, consideraram-se, uma mais-valia, para o Plano Curricular da Turma, os seguintes factores:
1º Os incentivos e estímulos positivos dados, por todos os professores, aos alunos, porque contribuíram para
um melhoramento da sua: auto-estima, auto-conceito e auto-confiança, de forma a melhorarem a sua
integração, autonomia, criatividade e espírito crítico;
2º A diversificação dos métodos/estratégias de ensino/aprendizagem porque proporcionaram, aos alunos,
uma maior motivação e gosto pelas suas aprendizagens escolares;
3º O proporcionar, aos alunos, a sua intervenção no processo de planificação e avaliação das suas próprias
aprendizagens porque, esta, tornou-os mais responsáveis, activos e participativos;
4º O proporcionar, aos alunos, actividades onde puderam exprimir-se com criatividade, liberdade e
imaginação porque, estes, consideram aquilo que criaram e viram mais comovente do que aquilo que apenas
ouviram, avaliando o que aprenderam de uma forma mais significativa;
5º O proporcionar, aos alunos, um maior contacto com as técnicas de informação e comunicação, além de os
motivar, enriqueceu a sua capacidade de expressão oral e escrita e consequente potenciar da sua
criatividade;
6º O proporcionar de um maior manuseamento de materiais e equipamentos audiovisuais, proporcionou-lhes
174

maior motivação e criatividade na apresentação dos seus trabalhos escolares;


7º O dar a conhecer, aos alunos, os objectivos e as competências que pretendíamos que eles alcançassem fez
com que eles se empenhassem cada vez mais e dessem o seu melhor;
8º A interdisciplinaridade, porque compreenderam o seu contributo como sendo uma mais-valia, quer na
gestão dos recursos e do tempo, quer na compreensão e interiorização dos conteúdos programáticos e
transferência dos seus próprios saberes entre as várias áreas curriculares disciplinares e não disciplinares;
9º O proporcionar, aos pais/encarregados de educação, um maior envolvimento nas actividades escolares
dos seus educandos, tornou mais frequente os seus contactos com a D.T. e vice-versa, reforçando o
interesse, assiduidade e pontualidade dos educandos/alunos pelas actividades escolares;
10º O propiciar e o trabalhar do valor da amizade porque desenvolveu uma série de valores/características, a
ela associados, tais como: a responsabilidade, a tolerância e a solidariedade levando a turma a emocionar-se,
com o apelo à AMIZADE, interiorizando a importância deste valor como sendo a principal chave para a
criação de um clima facilitador do processo ensino/aprendizagem, onde todos se integraram e ajudaram uns
aos outros contribuindo, assim, para a resolução dos conflitos entre os seus pares levando à tão desejável
diminuição da indisciplina, na escola, e ao consequente desenvolver da formação da personalidade,
conducente ao sucesso escolar de todos os alunos” [Relatório do Plano Curricular de Turma, elaborado pela
Directora de Turma na reunião de Conselho de Turma de Avaliação , realizada a 26/06/07].
Anexos

QUADRO III Análise do sucesso/Insucesso da Turma


Áreas Curriculares Disciplinares
3º Período
Departamentos

Línguas e Estudos Sociais Insucesso Sucesso Observações

Língua Portuguesa 0% 100% Todos os alunos tiveram


resultados positivos na
Prova de Aferição à
exepção de um dos
alunos de NEE.
Inglês 0% 100%
H.G.P. 5,9% 94,1%
E.M.R.C. 0% 100%
Ciências Exactas Insucesso Sucesso Observações
Unidades de sentido

Matemática 29,4% 70,5% 5 alunos não


conseguiram resultados
satisfatórios na prova de
aferição.
Ciência da Natureza 5,9% 94%
Artes e Expressões Insucesso Sucesso Observações

E.V.T. 0% 100%
Educação Musical 0% 100%
Educação Física 0% 100%
Áreas Curriculares Ñ Disciplinares Insucesso Sucesso Observações
Formação Cívica 0% 100%

Est. Acompanhado 0% 100%

Área de Projecto 0% 100%

[Relatório de avaliação do PCT realizado a 26 de Junho de 2007, na reunião de


Conselho de Turma de Avaliação].
Categoria
s

175
Isabel Manso

176
Anexos

Anexo 7

Análise de conteúdo

das entrevistas

177
Isabel Manso

178
Dimensão A – Conhecimento Sensibilidade ao tema Criatividade

Categorias Subcategorias Unidades de sentido

1- Conceito Aluna A - “A criatividade, para mim, é um acto que as pessoas exercem ao

QUADRO XII. ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS


desenvolver uma coisa nova. Sermos nós a inventar uma coisa… Se não existisse
A concepção que a criatividade, todo o mundo era igual”;
os respondentes
têm da Aluna B - “Criar coisas novas, dar a nossa opinião….”;
criatividade
Aluna C - “Criar é ter muitas ideias. Mudar algo que não está bem, para puder
melhorá-lo, por exemplo”;

Aluna D - “Criatividade é dizer…ser criativo, ter ideias diferentes das outras


pessoas, mais….mais criativas… serem diferentes.”
Aluno E - “Pensarmos por nós próprios e fazermos coisas diferentes”;
179

Aluno F - “… para sermos criativos temos que pensar muito antes de fazer as
coisas”;

Prof. A - “A palavra relaciono-a com as palavras: imaginação, curiosidade,


conhecimentos, diferença. Eu acho que podemo-la encontrar no nosso dia-a-dia, em
qualquer sítio, na escola, em casa, no jardim, na rua …. Acho que é indispensável
para o desenvolvimento do ser humano, a todos os níveis: pessoal, social...”;
Prof. B - “Penso que é uma mais-valia para o ser humano, uma vez que permite
abrir novos horizontes…embora seja uma área que, neste momento, ainda é pouco
abordada nas escolas, uma área a que ainda se dá pouca importância e que deveria
ser mais trabalhada”;
Prof. C - “A criatividade está relacionada com ter ideias inovadoras, com o ser
original, com originalidade. Agora a criatividade …há vários tipos de criatividade,
criatividade em relação à construção de textos, criatividade em relação à criação de
aspectos mais manuais e actividades de expressão plástica. Tem a ver também com

Anexos
a capacidade que o aluno tem de produzir ou de inferir para outras coisas através de
conhecimentos adquiridos, através de conhecimentos que já tem e conseguir
transpor para outro tipo de conhecimentos e consolidar aqueles que já tem noutro
tipo de situações”;
Categorias Subcatego Unidades de sentido
rias
Enc. de Ed. A - “Olhe, eu acho que a criatividade é um dos valores fundamentais no

Isabel Manso
desenvolvimento de qualquer ser humano. Em primeiro lugar porque tornamo-nos originais
e únicos, em segundo lugar é uma forma de tentarmos inovar tudo o que está à nossa volta.
Portanto deixarmos de … é óbvio, há certas áreas na vida que temos que ter limites na
criatividade mas, há outras áreas em que de facto ela é fundamental. Até para o
desenvolvimento comercial”;
Enc.de Ed. B - “Criatividade é criar, criar coisas novas, ter ideias diferentes, modificar
algumas que já existem mas com a nossa maneira de ver as coisas, se acha que está mal
criar de outra forma, melhorar…Criatividade penso que será isso”;
Enc. de Ed. C - “Eu acho que isso quer dizer: pensar no que a gente quer fazer. Pronto
numa situação que a gente quer modificar uma coisa para a pôr diferente daquela que
estava antes, penso eu, que seja assim!”;
Enc. de Ed. D - “Não faço ideia…não faço ideia…”;
Enc. de Ed. E - “Hoje o mundo está mais desenvolvido do que antigamente, há mais ideias
novas…está tudo mudado…mais diferente, mais avançado, mais desenvolvido… “;
180

Enc. de Ed. F - “Criarmos algo, qualquer coisa de diferente…”.

2-Competências Aluna B - “A autonomia, a responsabilidade, a tolerância e a solidariedade e também ler,


escrever e pintar…”;
Aptidões ou Aluna C - “Trabalhos manuais, ler, escrever, pesquisar em livros, na internet e em
capacidades, bibliotecas.”;
princípios apontadas Aluna D - “Trabalhos de grupo em que nos entendemos de modo a não haver discussões.
pelos informantes Porque quando estamos todos de acordo e formos amigos, assim há mais criatividade! O
como sendo um sermos responsáveis, tolerantes e solidários, também é importante para desenvolvermos a
estímulo à nossa criatividade”;
criatividade Aluno F - “Termos imaginação, sermos mais responsáveis; calcularmos as coisas antes de
as fazer; termos que respeitar as ideias e as opiniões dos outros; saber ouvi-los”;
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
Enc. de Ed. A - “Para uma pessoa ser criativa tem que ter… princípios morais …
princípios cívicos…acabamos por estar sempre à volta da mesma situação.
Generalizando, portanto não há regra sem excepção, mas eu penso que um aluno
mais solidário, um aluno mais tolerante, um aluno mais comunicativo, é um aluno
que à partida e em diálogo com os colegas acaba por muitas vezes por beber fontes
várias que lhe permitem desenvolver até a própria criatividade dele”;
Enc. de Ed. B - “Sei lá, trabalhos manuais, por exemplo. A ler, a escrever acho que
isso também contribui para desenvolver a criatividade “;
Enc. de Ed. C - “No escrever, no desenhar, no desporto. E trabalhos manuais e
quem diz estas coisas, diz outras, que ocupem o tempo para eles andarem mais
ocupados”;
Enc. de Ed. D - “Devem-se compreender uns aos outros e tentarem estar sempre de
acordo...serem todos organizados e serem um grupo que não falte,
responsáveis...serem amigos…unidos…e principalmente, serem responsáveis...e
respeitarem as ideias dos outros”;
181

Enc. de Ed. E - “Que sejam todos unidos e que tenham que estudar …ser mais
responsáveis e ajudarem-se uns aos outros, acho isso muito importante e que se
respeitem também …”;
Enc. de Ed. F - “O facto de gostarmos de ler e escrever tornamo-nos mais
evoluídos, mesmo que sejam ideias sobre o que os outros pensaram…estudar
mais, ler mais…”;

Prof. A - “Uma pessoa tem que ser curiosa, tem que ter a capacidade de saber
observar, tem que ter imaginação e ideias diferentes e, não se contentar com aquilo
que já viu e que já existe… ser capaz de inovar e de fazer algo diferente” [Antes de
responder à questão foi esclarecida sobre o significado de competências, pois pediu
esclarecimentos adicionais por não ter entendido bem o que se pretendia com a
questão].;
Prof. B - “Uma boa auto-estima, um poder de análise e de transpor para o escrito,

Anexos
para o diálogo tudo aquilo que nos vai na alma, toda a apreensão que fazemos do
meio envolvente, toda a apreensão que fazemos dos próprios conhecimentos
académicos, basicamente isso”;
Categorias Subcatego Unidades de sentido
Prof. C - “Talvez, a responsabilidade por exemplo, um aluno responsável poderá,
eventualmente, ser mais criativo…e não só…outra competência… em termos de
leitura e de escrita se ele um aluno não atingir essas competências da leitura e da

Isabel Manso
escrita dificilmente poderá ser criativo! Agora, também podemos ter um miúdo
criativo, mesmo tendo algumas dificuldades no ler ou escrever… também,
eventualmente, pode ser criativo, não é? Se ele apresenta algumas dificuldades
nessa área, não significa que o miúdo não tenha criatividade ou não seja criativo!
Eu penso que depende muito das vivências do miúdo, a criatividade dele…e das
experiências pelas quais ele passa…um miúdo que em casa seja estimulado, acho
que pode, eventualmente, dar mais asas à criatividade, está mais disposto para isso!
Um aluno que tenha uma boa auto-estima, uma auto-confiança estará mais
predisposto para criar, que esteja mais seguro de si mais autónomo e faz isso com
muito mais segurança….um aluno que tenha uma fraca auto-estima dificilmente
consegue, porque ele parte do princípio de que está a errar e portanto se eu parto
dum princípio de que estou a errar, dificilmente eu consigo ter criatividade, no
sentido de ter confiança naquilo que estou a fazer e a criar uma coisa nova, não é?
De facto, um aluno com muita confiança, nele próprio, consegue criar! Um aluno
182

que saiba cumprir regras de respeito pelo outro facilmente cria um ambiente
favorável à criatividade”.
3-Mecanismos Prof. A - “Tendo um currículo mais flexível ou um programa mais adaptável, no
qual o professor tenha uma maior possibilidade de introduzir, estratégias diferentes
Aspectos e desenvolver conteúdos, que por vezes são apenas abordados nas diferentes
apontados pelos disciplinas. Estamos sempre muito condicionados pelos conteúdos programáticos
informantes para que temos que cumprir e pela carga horária da disciplina”;
favorecer a Prof.C - “ Eu acho que a escola parte muito do saber livresco”; “…temos é que
criatividade. lhes dar meios e instrumentos para isso…”; “Conversar muito com os miúdos, dar-
lhe mais atenção…favorecer a auto estima e auto confiança, tudo isso…
responsabilizá-los mais….Eu acho que a responsabilidade e o respeito pelo outro
que são duas coisas muito maturas…; Por exemplo o trabalho em grupo,
normalmente, foge-se do trabalho em grupo e o trabalho em grupo pode ser muito
enriquecedor…”; “.. acho que as escolas deveriam ter muitas, muitas visitas de
estudo”;
Prof. B - “…eu partiria pela sensibilização de toda a comunidade educativa,
porque penso que é importante, não nos limitarmos única e simplesmente àquilo
que vem nos manuais e aos recursos que temos e à necessidade de nós próprios
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
rentabilizarmos recursos e mobilizar os alunos para irem mais alem. Depois, as
próprias tecnologias de ensino, neste momento, penso que dão uma margem muito
boa para o desenvolvimento da criatividade e penso que há disciplinas como a
Formação Cívica, a Área de Projecto, que podem ser motivadoras do
desenvolvimento de alunos mais criativos mais extrovertidos e provavelmente com
mais sucesso em termos académicos com base nessa própria criatividade”;
Enc. de Ed. A - “Olhe, no meu caso particular sou uma pessoa que me considero
extremamente criativa, eu, por exemplo, a minha casa, acho que é o reflexo da
minha criatividade, por exemplo. E portanto aí também ninguém pode opinar, nem
ninguém pode pôr… desde que os elementos que partilham a casa comigo, se sintam
bem e estejam à vontade dentro do contexto… então, aí é que eu dou largas à
imaginação. E também a nível pessoal, pronto quem quer acaba por…e acho que
todos nós temos um bocadinho isso, quando temos um bocadinho de tempo…e então
vimos mesmo cá dentro de nós, cá mesmo ao nosso Id, ao nosso inconsciente, eu
acho que nós acabamos por ser criativos e damos largas à nossa imaginação, e aí é
183

que ela não tem limites”;


Enc. de Ed. B - “Pintura, por exemplo, é criar, como eu gosto de pintar, acho que é
uma maneira de desenvolver a criatividade”;
Enc. de Ed. E - “Pronto tudo isso que a gente não teve e que agora que esteja tudo
mais desenvolvido…”;

Aluna A - “Usamos a nossa criatividade a pintarmos cenários, utilizamos a nossa


criatividade a vestirmos a roupa, usamos a nossa criatividade a escrevermos,
usamos a nossa criatividade a pensarmos, …a falarmos, também, usamos a nossa
criatividade”;
Aluna B - “Ler, escrever, desenhar…”;
Aluna C - “Escrever, ler…trabalhos manuais…”;
Aluna D - “…Temos que ser nós a inventar por nós próprios!
…Penso…imagino... transformo, por exemplo, imagens, brincadeiras noutras
coisas.. Também invento palavras e crio textos!”;

Anexos
Aluna A – “… Sermos amigos, também tem a ver, se nós pensarmos com
criatividade, arranjamos outras estratégias para termos mais amigos chamarmos mais
atenção dos nossos amigos”;
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
Aluno E - “Nas brincadeiras, na escola, mas mais na escola. Na escola gosto de ler

Isabel Manso
e trabalhar com o … com o computador… Falo com os colegas, com os
professores. Através da internet, comunico com outros colegas e faço os
trabalhos”;
Aluno F - “É importante porque posso fazer as coisas por mim… Costumo pensar
e inventar coisas”;
Enc. de Ed. A - “Olhe, no meu caso particular sou uma pessoa que me considero
extremamente criativa, eu, por exemplo, a minha casa, acho que é o reflexo da
minha criatividade, por exemplo. E portanto aí também ninguém pode opinar, nem
ninguém pode pôr… desde que os elementos que partilham a casa comigo, se sintam
bem e estejam à vontade dentro do contexto… então, aí é que eu dou largas à
imaginação”; “E também a nível pessoal, pronto quem quer acaba por…e acho que
todos nós temos um bocadinho isso, quando temos um bocadinho de tempo…e então
vimos mesmo cá dentro de nós, cá mesmo ao nosso Id, ao nosso inconsciente, eu
acho que nós acabamos por ser criativos e damos largas à nossa imaginação, e aí é
184

que ela não tem limites”;


Enc. de Ed. B - “Pintura, por exemplo, é criar, como eu gosto de pintar, acho que é
uma maneira de desenvolver a criatividade”;
Enc. de Ed. D - “Na maneira como trabalho, às vezes as pessoas fazem de uma
maneira, e eu faço de outra, embora vá tudo a dar ao mesmo”;
Aluna B - “Para escrevermos textos é preciso criatividade, em EVT, também. Em
casa, às vezes, faço postais… decoro o meu quarto…”;

Prof. C - “Por exemplo, dentro da patinagem, em vez de se fazer a patinagem


tradicional, não! Elaborar formas de modo a que os miúdos consigam fazer
patinagem de uma forma mais agradável Os miúdos tem maior prazer e mais gosto
e de modo a que eles estejam mais tempo, se calhar, também em actividade. Fazer
um ciclo de actividades, em que têm que desempenhar várias tarefas, onde são
determinados o que fazem em cada uma, outros noutra ….etc”;
Prof. C - (…) “Aliás, uma forma muito simples de nós conseguirmos saber se os
miúdos estão a dar o máximo é se eu fizer uma actividade, por exemplo, de corrida
se no final de um determinado tempo, eu lhes disser: têm de correr mais ou menos
com este ritmo! Se no final do tempo ele não transpirar, por exemplo, isso significa
que não fez nada. Portanto, eles empenham-se”;
(B) - 2ª Dimensão: Organização do ensino e criatividade

Categorias Subcategorias Unidades de sentido

4- Processos de Enc. de Ed. A - “… se o professor estiver… se for uma pessoa aberta e


desenvolvimen proporcionar ao aluno a que ele exponha e portanto os objectivos ou os princípios
que pretende atingir, eu acho que consegue lá chegar. Se o professor e neste
to da
aspecto, sabemos que é sempre aquela imagem que o aluno à partida… teme, teme
criatividade: no bom sentido. E o que eu digo no bom sentido, porque de facto é sempre a pessoa
que na ausência dos encarregados de educação ou dos pais impõe respeito e um
Factores ou comportamento dentro de determinados limites…pronto…”;
condicionantes
que os Prof.C - “Eu relativamente aquilo que lembro mais é da formação contínua. Tive
respondentes uma acção de formação que se chamava “Texto Criativo”. Em que faziam o apelo
consideram às novas tecnologias e a partir daí tínhamos que fazer um texto criativo a partir de
acompanhando o imagens, …foi a abordagem que eu tive mais de perto em relação à criatividade,
185

desabrochar da relativamente à minha área específica, a criatividade está um bocadinho relacionada


criatividade. com actividades físicas, que de vez em quando por aí aparecem e aquelas que não
fazem parte do currículo e que nós temos que abordar na escola”;

Prof. A – (…) ”Nós temos que ser mais ou menos criativos, até porque nós muitas
vezes temos que improvisar e ser criativos para dar solução ou resposta a
problemas, questões, dúvidas postas pelos alunos”;

Anexos
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Isabel Manso
Prof. B – “Assim: eu penso que no meu curso, que é o curso de educadores de
infância, o curso base, a criatividade foi sempre um elemento a abordar, uma vez
que trabalhamos com crianças, que já por si são muito criativas que as apanhávamos
num ciclo em que estavam a desenvolver todas as suas aptidões e competências em
que a própria criatividade era inata, ou é inata, não é? E que no nosso curso fomos
estimuladas a desenvolvê-la e a perpetuar ao longo dos anos o espírito criativo, no
entanto, acho que o pré-escolar é um ciclo por excelência para o desenvolvimento da
criatividade, depois, a própria estrutura do ensino, as áreas curriculares que são, que
é necessário cumprir muitas vezes limitam-se ao saber académico mais teórico, o
incutir ideias, o incutir saberes do que propriamente o desenvolvimento da
criatividade, muito embora, as áreas das expressões, para mim, são por excelência
áreas onde se pode pôr em prática a criatividade”;

Enc. de Ed. A – “Olhe … disponibilizando meios materiais e meios humanos.


186

Portanto, se houver professores que estimulem a criatividade, pronto, a escola está


a permitir que o aluno tenha acesso, precisamente à criatividade em si porque é
muitas vezes o meio humano e neste caso o professor que acaba por ser a peça
fundamental a despertar no aluno, às vezes, a determinados temas, ou neste caso a
criatividade que à partida pode estar adormecida… ou, que dado o contexto da
idade acabam por se acomodar e muitas vezes… é mais no deixa andar, por outro
lado, se a escola também e como eu disse inicialmente, disponibilizar meios
materiais, aqui estamos a englobar os tecnológicos e etc., portanto a criatividade
pode de facto ser uma mais-valia e é com certeza uma mais-valia”;

Enc. de Ed. D – “Criando uma convivência entre alunos e professores e saberem


expressar-se uns com os outros”;
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
Enc. de Ed. B – “Criando projectos para eles criarem coisas novas, para
desenvolverem a criatividade porque acho que a criatividade tem que ser
desenvolvida. Quanto mais nós pensarmos em criar mais ideias temos, se a gente
pára e não quer criar nada nunca está a ter ideias. Quanto mais a gente faz projectos
mais ideias vêm à cabeça, acho que mais criatividade a gente tem! Se a escola tiver
mais projectos, mais criatividade está a desenvolver nos alunos!”;
Enc. de Ed. C – “Puxá-los, mais, na leitura, na escrita e nas aulas. E eles estarem
atentos às aulas … também eles estarem mais interessados nas aulas das disciplinas
que estão a ter …” [parecia não ter muito a certeza do que estava a dizer].
Enc. de Ed. E – “Que tenham ideias novas, que sejam todos unidos e que haja um
melhor ensino … melhor! Pronto tudo isso que a gente não teve e que agora que
esteja tudo mais desenvolvido…mais actividades”;
Enc. de Ed. F - “Penso que muitas vezes até o contacto dos professores com os
alunos, o não haver aquele autoritarismo e haver mais diálogo entre o aluno e o
187

professor, o aluno sentir-se à vontade, o não se sentir oprimido, o não ter medo de
fazer as perguntas, o facto de o aluno se poder exprimir sem estar com aquele
receio, o facto de os colegas não ser rirem uns dos outros…O ano passado, teve
umas notas péssimas, e este ano teve bons resultados e o aluno é o mesmo?!”
[revelou um ar de admiração e interrogação como se a resposta estivesse à vista e
ao terminar sorriu].
Prof. A – “Tendo um currículo mais flexível ou um programa mais adaptável, no
qual o professor tenha uma maior possibilidade de introduzir, estratégias diferentes
e desenvolver conteúdos, que por vezes são apenas abordados nas diferentes
disciplinas. Estamos sempre muito condicionados pelos conteúdos programáticos
que temos que cumprir e pela carga horária da disciplina”;
Prof. B – “É como digo, eu partiria pela sensibilização de toda a comunidade
educativa, porque penso que é importante, não nos limitarmos única e simplesmente
àquilo que vem nos manuais e aos recursos que temos e à necessidade de nós
próprios rentabilizarmos recursos e mobilizar os alunos para irem mais alem.

Anexos
Depois, as próprias tecnologias de ensino, neste momento, penso que dão uma
margem muito boa para o desenvolvimento da criatividade e penso que há
disciplinas como a Formação Cívica, a Área de Projecto, que podem ser motivadoras

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Isabel Manso
(cont.) do desenvolvimento de alunos mais criativos mais extrovertidos e
provavelmente com mais sucesso em termos académicos com base nessa própria
criatividade.
Prof. C – “Eu acho que a escola parte muito do saber livresco, por vezes. E acho
que às vezes, podia utilizar coisas mais simples e a partir das coisas simples fazer
de facto, o apelo à criatividade. A partir das coisas simples, criar coisas até mais
complexas e permitir que o aluno consiga criar essas coisas mais complexas…
temos é que lhes dar meios e instrumentos para isso… e acho que aí, por vezes há
falta, que a escola por vezes não dá!”;
Prof. C – “Em termos de meios humanos: formas diferentes de estar na vida e em
termos de meios materiais: talvez, haja falta de meios materiais, também para
algumas coisas… Conversar muito com os miúdos, dar-lhe mais
atenção…favorecer a auto estima e auto confiança, tudo isso… responsabilizá-los
mais…. Eu acho que a responsabilidade e o respeito pelo outro que são duas coisas
188

muito maturas. Eu só tenho liberdade quando, de facto, eu consigo respeitar a outra


pessoa! Senão dificilmente eu tenho liberdade, porque estou sempre a entrar no
campo do outro. Acho que isso aí é um ponto de partida para… e a escola não
permite isso e penso que isso aí tem a ver com as qualidades humanas. E às vezes
não se faz isso porque estamos mais preocupados com o cumprimento dos
programas! Por exemplo o trabalho em grupo, normalmente, foge-se do trabalho
em grupo e o trabalho em grupo pode ser muito enriquecedor… exactamente para
eles terem, responsabilidade para se lidar com todo este tipo de questões. Outra
coisa que eu também acho muito importante para estas zonas que ficam mais no
interior …acho que as escolas deveriam ter muitas, muitas visitas de estudo”;
Prof. C – “ … para ter criatividade tem que estar bem com ele próprio”;
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
5- 5.1-Práticas do Aluna A – “Foi as aulas práticas, nós fazermos os debates e o teatro”;
Metodologias professor para Aluna A – “… nós estamos a escrever uma peça e os outros também estão a fazer
desenvolver a isso, apesar de termos um apoio, claro!….Isso é essencial!”
ou estratégias
criatividade na Aluna A – ”…acho que nós devemos é inventar as nossas coisas…”;
sala de aula
Aluna B – “Eu gostei de todas. O jogo do “amigo oculto”, aquele parecido com o
amigo oculto só que em relação à responsabilidade… Agora a do teatro”;
Aluna C – “Foram os debates, porque fomos criativos;”
Aluna D – “Dos debates! Da apresentação porque, por exemplo, no meu grupo
ficámos mais esclarecidos sobre o que é a amizade e ficámos mais unidos e também
gostei do jogo do amigo oculto que achei muito interessante e diferente dos outros
onde aprendemos coisas que demos nas aulas, sem ser assim por exemplo a “stora” a
explicar e sim nós a percebermos por nós próprios e assim uns aos outros a ajudar-
nos!”;
Aluno E – “O jogo do amigo oculto, o jogo da responsabilidade, os debates e o
189

teatro”;
Aluno F – “Fazer jogos e aprender ao mesmo tempo, como por exemplo o jogo do
“Amigo Oculto”; aquela actividade em que abordamos os óculos da Ana o “O Caso
dos Óculos”; os debates e os teatros”;
Enc. de Ed. A – “Olhe, eu acho que para a D. no caso dela em particular, talvez
porque ela já tem um bocadinho de apetência, para este tipo de situações, eu acho
que nos debates… ela chegava a casa fascinada com os debates…ela dizia eu achei
interessante porque pude dizer isto e depois dizer…pronto eu acho que o ela poder
opinar, discutir ideias com os colegas e partilhar opiniões diferentes ou que sejam
até iguais …eu acho que isso é um estímulo para as crianças! E, depois outra
actividade foi a parte teatral. Eu acho que é uma coisa que, infelizmente, é muito
invulgar no nosso país, a nível de escola… e eu penso que é uma das artes, a que
deveríamos dar uma importância diferente…porque é muitas vezes através da
representação que conseguimos, por exemplo, que os alunos aprendam determinado
tipo de conhecimento e valores que muitas vezes a falar, a falar… não chegamos lá!

Anexos
Enc. de Ed. B – “Acho que foram todas importantes mas, acho que o trabalhar da
responsabilidade no teatro foi uma das coisas muito importantes e porque
desenvolve muito a criatividade deles”;
Categorias Subcategorias Unidades de sentido

Isabel Manso
Enc. de Ed. C –“ Os debates e o teatro foi o que ela mais falou cá em casa”;
Enc. de Ed. D – “Um teatro que fizeram. Pronto...gostou dessas coisas…os
cenários…e como já lhe disse, ela em Formação Cívica gosta de tudo!”;

Enc. de Ed. E – “Os debates, porque os ajuda a desinibir mais e, no caso dele, fez-
lhe muito bem, já fala mais e faz perguntas mais correctas…”;

Enc. de Ed. F – “Os debates, a parte do teatro e da pintura dos cenários acho que isso
torna-os mais activos e preocupados em fazerem as coisas bem e nos prazos”.

5.2- Métodos Aluna A – “Em grupo. Porque várias cabeças a e pensar, pronto, o trabalho fica mais
privilegiados pelos interessante e também estamos ao pé dos nossos amigos! E acho que assim estamos
alunos nas aulas a, …como hei-de explicar…e assim estamos a ficar com uma relação mais forte com
os nossos amigos e estamos …. e se nós já somos todos amigos…fazemos um
trabalho melhor. Individualmente fica mais “chocho”, entre aspas”;
190

Aluna B - “ Em grupo”; “Porque estou mais a conviver com os meus colegas, fico a
conhecê-los melhor… porque partilho as minhas ideias com os meus colegas…”;

Aluna C - “Em grupo”; “Porque em grupo, penso em maneiras diferentes e sinto-me


melhor”;

Aluna D - “Em grupo porque assim temos mais ajuda e não fazemos sozinhos e é
melhor, porque se calharmos com um grupo que também tenha interesse na questão
eu acho que ajuda, porque gosto de ter amigos à minha volta, dando as minhas ideias
mas que os outros também dêem as suas”;
Aluno E - “Em grupo porque os colegas ajudam-se uns aos outros nos trabalhos e
dão mais ideias”;
Aluno F – “Em grupo, porque éramos mais a pensar e tínhamos mais ideias
diferentes do que ser só um sozinho a pensar. Pensar no que se vai fazer sozinho não
é tão bom porque quanto mais pessoas estiverem a pensar sobre o mesmo assunto,
mais ideias há! E assim mais desenvolvemos a nossa criatividade”.
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
6- Áreas Prof. A - “Eu acho que estas áreas são um acréscimo para desenvolver a
Curriculares capacidade criativa dos alunos”;
Não
Disciplinares e Prof. B – “Como já referi, anteriormente, penso que são extremamente importantes e
Criatividade que são aquelas que dão maior abertura para o desenvolvimento da criatividade,
mesmo! São muito relevantes para o desenvolver da criatividade, estas áreas”;
Sensibilidade em Prof. B - “É assim: eu noto que estes alunos, tanto um, como o outro, ao longo do
relação à ano lectivo foram apresentando comportamentos e atitudes diversificados. Fazendo
criatividade nas uma análise, assim, muito sintética, penso que foi através dessas áreas que
A.C N.D. conseguiram melhorar muito a nível da auto-estima e a nível da própria
criatividade”;

Prof. C – “Eu acho que não têm um papel muito importante, mas que deviam ter e
191

poderiam ter! Porque dão azo a muita coisa… Eu acho que nestas áreas, devido a
não terem um programa imposto para cumprir e como o programa se pode fazer de
acordo com as necessidades dos alunos. Por exemplo na Formação Cívica, trabalhar
na área da parte humana, porque quando as pessoas não estão satisfeitas é difícil
depois investirem naquilo que quer que seja, acho que é importante trabalhar-se na
F.C. este tipo de valores”.

Anexos
(C) – 3ª Dimensão: Apreciação das aulas de Formação Cívica

Isabel Manso
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
7-Percepção do Prof. A – “Foram muito positivas porque se verificou ao longo do ano lectivo, uma
contributo da evolução positiva a nível das atitudes/comportamentos dos alunos como por
Formação Cívica exemplo a nível do relacionamento interpessoal, do funcionamento do grupo turma
para a em termos de desenvolvimento de actividades em grupo. Considero que estes alunos
criatividade estão cada vez mais empenhados em desenvolver qualquer actividade que seja
proposta pelo professor aos alunos”
Atitude ou Prof. B- “Da Formação Cívica, principalmente a nível da auto-estima, criaram mais
posicionamento confiança neles próprios, mais respeito pelo outro e penso que a nível da formação
dos respondentes pessoal, mesmo, que se verificaram diferenças a nível pessoal e a nível social
face às aulas de também”
Formação Cívica. Prof. C – “Eu acho que fizeste um brilhante trabalho! Primeiro, porque das turmas
que tenho, é a turma com quem se lida melhor, os miúdos conversam com muita
facilidade, transmitem as suas ideias com alguma fluidez e portanto, acho que eles se
sentem bem, por exemplo nas aulas, acho que eles se sentem bem, não estão com
192

receio… e portanto acho que te preocupaste em criar um ambiente favorável a uma


aula! Por exemplo são miúdos que cumprem, de facto, regras sociais, são miúdos
que se a gente lhes pedir para fazerem qualquer coisa ou para solucionar um
problema eles conseguem arranjar a solução para esse problema, mesmo em
situações novas. Em que conseguem aplicar aquilo que adquiriram anteriormente em
novas situações. Isso aí também é extremamente importante. Agora, em termos
humanos, acho que estão muito bem e têm revelado, de facto, evolução na aquisição
de valores.
Enc. de Ed. A - “Olhe. Tornou-se uma pessoa com uma perspectiva de vida um
bocadinho diferente…E diferente como? ...Acho que aprendeu a dar valor às coisas
que à partida ela nem dava grande importância…como por exemplo, a solidariedade,
como por exemplo...o amor pelo próximo, como por exemplo, a amizade, [acentuou
a voz na palavra amizade] por que é importante a amizade na vida… logo aí notei
uma grande diferença porque ela hoje, antes de agir, acho que pensa! A disciplina de
Formação Cívica ensinou muito à Diana, o pensar antes de agir! E que não se
manifestava muito no início, talvez pelo factor idade … Portanto, daí é uma grande
diferença que eu noto nela…agora, já pára um bocadinho para pensar antes de agir.
(Cont.)
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
E depois eu acho que são valores …. É pena esta conversa não poder ocorrer
daqui por dez anos… para ela poder dizer se de facto… Eu acho que ela fica
sempre com a recordação deste ano, a nível da Formação Cívica, acho que vai
sempre recordar…foi ali que me despertaram para a amizade…foi ali que me
despertaram para a solidariedade, foi ali que me despertaram para o respeito…foi
ali que me despertaram para a responsabilidade, porque embora, quer dizer …fora
de um contexto familiar…não sei se me estou a fazer entender… porque …
porque quase sempre, regra geral, o ambiente da escola... portanto, o meio… que
ela frequenta a nível escolar... a maior parte professores estão mais preocupados
em ministrar a disciplina, em concretizar os objectivos que lhe foram, à partida
impostos e depois há certos pormenores que são tão fundamentais que passam um
bocadinho ao lado…e a Formação Cívica vem precisamente…e penso que é o
apanhado das diversas falhas que possam ocorrer …não, não….aqui tiveste talvez
193

um bocadinho de falha nisto…mas nós cá estamos para…tal…naquela disciplina


houve se calhar ausência daquilo, mas nós cá estivemos para te alertar…acho que
é um bocado por aí. Acho que é muito fundamental…E que continue sempre a
existir esta disciplina, acho que é muito enriquecedora para qualquer aluno...
nestas idades então… é fundamental…”

Enc. de Ed. B – “Na C., acho que desenvolveu muito porque ela era muito tímida e
agora já não é tanto! Acho que nessa parte, nela, foi muito importante, cresceu
muito, por dentro, ela própria já consegue ser mais auto-suficiente, já consegue fazer
mais coisas sozinha”
Enc. de Ed. C – “Eu acho que ela está a melhorar bastante, ao longo do ano tem
melhorado, muito, em tudo! Em comportamento, aproveitamento, nas aulas, em
tudo! Porque ela era muito activa, era muito desinquieta o ano passado e agora está
mais responsável e muito mais sossegada…”
Enc. de Ed. D – “Acho que ela se empenha e que gosta do grupo. E deu, para ela

Anexos
puxar um bocadinho pela cabeça…o ter de ajudar os outros a fazer, para depois
fazerem todos juntos. Tornou-se mais responsável, acho que foi uma coisa boa que
fez porque este ano tem estado mais atenta, pela escola.”
Categorias Subcategorias Unidades de sentido

Isabel Manso
Enc. de Ed B - “Acho que sim, que fazem bem para o crescimento da criança, para
a sua integridade para eles saberem viver no dia-a-dia, para se respeitarem uns aos
outros e para saberem respeitar e para aprenderem a formar-se como pessoas (…)
Acho que o respeito uns pelos outros tem sido uma mais-valia” ; “Ela sempre se
deu bem com todos, mas foi uma maneira de ela melhorar ainda mais o
relacionamento dela com o resto dos alunos, tornando-se mais comunicativa com
todos os colegas”;

Enc. de Ed. C - “Acho que são importantes e que fazem parte das aulas e acho que
são positivas para que eles se formem como cidadãos”; “No meu entender, acho que
contribuiram para tornar a Telma mais responsável, tornou-se mais interessada e
preocupada em levar as coisas atempadamente e todas direitinhas para a escola”;

Enc. de Ed. D “Ela em Formação Cívica gosta de tudo...ela gosta de dar ideias para
fazer...as coisas…”; “Tornou-se mais responsável e amiga dos colegas”;
194

Enc. de Ed. D - “Sim, tiveram efeitos positivos…eles estão mais próximos uns dos
outros...eu acho que lhe fizeram bem! Eu acho que se tem comportado bem e que
gosta de ajudar o grupo…está sempre interessada pela escola e gosta das coisas que
faz! E em casa acho-a muito mais responsável e muito mais imaginativa”;

Enc. de Ed F - “Eu acho que este ano e baseando-me naquilo que já estivemos a
dizer, tornou-os mais responsáveis e interessados, sem se sentirem uns mais que os
outros. Talvez onde podem aprender a ver, a pensar sobre o melhor caminho para
resolver os problemas da vida”; “A mais valia foi torná-los mais responsáveis e
interessados, a pensarem primeiro antes de tomar atitudes precipitadas e a serem
mais amigos uns dos outros mas sem serem interesseiros!”;

Enc. de Ed. F – “Tornou-o mais criativo e mais responsável, isto é estipulou-se um


calendário e ele estava preocupado em cumpri-lo; o dizer-me que tem de ficar na
escola quando há trabalho para fazer e que não pode faltar porque os colegas já estão
à espera dele”;
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
Aluna A - “A turma ficou mais unida. Por exemplo, há dias, estavam a chamar
nomes… uns aos outros…e depois nós, a nossa turma, dissemos assim: - ”Oh,
Bruno, deixa lá isso! Anda, vamos embora!”… E acalmaram! …e ele como já se
sentia bem, assim, já dentro da turma…estarmos todos unidos…ficámos todos a
conversar! Estamos cada vez mais unidos e mais amigos!”;
Aluna B - “Por exemplo, os colegas que são repetentes, nós não os conhecíamos e
ficámos a conhecê-los melhor. Ficaram nossos amigos e nós deles”;
Aluna C - “Ficámos a conhecermo-nos melhor, ficámos mais amigos, a ter mais
confiança uns nos outros”;
Aluna D - “Acho que não houve contrapartidas, foram todos meus amigos embora
houvesse alguns desentendimentos nos grupos todos conseguiram resolver esses
desentendimentos porque aprendemos a ser mais tolerantes. Sim, acho que a turma
conseguiu superar os obstáculos. Ainda na aula passada tivemos um
desentendimento, em que uns tinham uma ideia e outros outra! Mas, resolvemos
195

tudo, demos o braço a torcer: como não deu para aceitar as duas tivemos que optar
por aquela que nos pareceu ser a melhor!”;
Aluno E - “Acho que estas aulas ajudaram-nos a ser mais amigos uns dos outros e a
gostarmos mais de ajudar os colegas”;
Aluno F - “Foram muito bons porque deu para nos conhecermos melhor a nós
próprios e aos outros e ajudou-nos a puxar pela cabeça, a pensarmos melhor sobre as
coisas e a respeitar os outros”;
Enc. de Ed. E – “Em relação aos anos anteriores ele muito melhor. Mais unido em
relação aos colegas, mais responsável pelas suas coisas e está mais desenvolvido”;

Enc. de Ed. F - “Tornou-os mais amigos e mais comunicativos uns com os outros.
Não sei se é o método de a senhora ensinar, nem senão, mas o facto é que o meu
filho diz lá em casa e muitas vezes: “se fossem todos os professores como a
professora Isabel a escola era muito mais agradável.” Porque fá-lo sentir bem, a

Anexos
aprender mais de uma forma diferente e impõe o respeito na mesma, sem ser
agressiva para eles. Julgo que é assim que se cativam mais os alunos. Isto é o que eu
acho”;
Isabel Manso
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
Enc. de Ed. A – “O que é certo é que não somos todos iguais… e depois se eu até
educar o meu filho ou a minha filha nesse sentido, se não houver a disciplina que
eduque os outros que partilhem o meu espaço com ela, portanto, acaba por a
situação se tornar muito complicada, assim, há mais probabilidades de ela,
portanto, já tendo valores incutidos depois ser-lhe ministrada a disciplina, de
conseguir obter outros resultados mais viáveis e mais pertinentes e mais cómodos e
mais sociáveis, a todos os níveis, porque de facto, tanto ela como os colegas,
acabam por adquirir valores à partida todos eles idênticos” (…) “Acho que foram
orientadas num sentido muito engraçado e modéstia à parte, muito inteligente.
Primeiro porque, olhe, vi pela reacção dela, quando chegava a casa e
sistematicamente me falava “ …hoje em Formação Cívica assim …hoje em
Formação Cívica assado…” portanto, é sinal que foram temas, que à partida a
cativaram e que lhe desencadearam um gosto pela disciplina, depois acho que
foram orientadas de maneira inteligente porque além da teoria apostaram muito na
196

parte prática. E eu penso que é exactamente a prática que muitas vezes acaba por
dar lições às crianças de uma forma muito mais viável” (…) “Imenso. A D.
cresceu, a D. aprendeu a ser sociável, a D. aprendeu a partilhar com os outros, a
Diana aprendeu uma responsabilidade e uma maturidade muito diferente. Olhe, eu
acho que foi um enriquecimento pessoal a todos os níveis… em grande parte
devido às aulas de Formação Cívica, muito, muito mesmo. Foi um grande
crescimento que notei nela, que vieram muito desta disciplina.” (…) “acho que
estas aulas permitiram, ao meu educando, que tivesse uma integração mais
facilitada, ou seja, embora eu não considere que a D. se tivesse, em momento
algum …se sentiu desintegrada, o que é certo é que com as aulas de Formação
Cívica ela foi conseguindo ter um tipo de relacionamento com os colegas que à
partida podia ter sido mais difícil, caso estas aulas não existissem, ou seja, embora
e a doutora sabe perfeitamente que nunca teve problema algum, o que e certo é que,
a D., obteve resultados óptimos para com ela porque, tenho conhecimento, que é
respeitada pelos colegas, que ouvem as suas opiniões, isto tudo, que ao principio, se
calhar, não teria sido assim, se não existissem a Formação Cívica”;
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
“Ela talvez estivesse mais direccionada para dentro dela e quando se direccionou
mais para os outros e até acabou por ter outro tipo de resultados porque acabou por
ser respeitada e ela também aprendeu a respeitar os outros e igualmente”;

Enc. de Ed. E - “Fizeram coisas diferentes… este ano, o B., fez coisas que o ano
passado não fazia e isso está a ser muito bom para ele”;
Enc. de Ed. E - “Ele gostou muito do debate e achei que ele esteva muito satisfeito
porque andava muito empenhado com aquilo que tinham que falar e apresentar,
ajudou-o a ser mais responsável e mais empenhado pela escola e também tornou-se
mais responsável em casa…em casa, quando fica sozinho com o irmão assume a
responsabilidade e fica com o pequenino com três aninhos e toma conta dele como
se fosse um adulto, coisa que ele não fazia antes…Acho que foi uma mais-valia para
o B., está mais diferente em todos os aspectos: no seu interior, mais responsável por
ele próprio, gosta mais de ajudar e por exemplo, quando estamos sentados à mesa,
197

nunca conversava connosco, e agora já tem conversas mais direitas, mais correctas,
pergunta-nos coisas em relação aos trabalhos que faz, que muitas vezes eu nem sei
bem como responder, mas fico contente em ele nos fazer aquelas perguntas nos pedir
a nossa opinião”;
Enc. de Ed. E - “Está mais amigo dos colegas, gosta mais da escola e não faz queixa
dos colegas como fazia o ano passado. Sabe…chamavam-lhe o B., o “preto” porque
ser muito moreno. E este ano no início ainda se queixava, mas depois isso nunca
mais o preocupou…”;

Prof. C – “No início havia, havia e eu até te podia apontar alguns exemplos, mas de
momento é das turmas em que me faltam menos elementos e de material, aliás eles
trazem sempre material” [Resposta à pergunta que lhe fora feita em relação à
responsabilidade dos alunos, na sua disciplina].

Anexos
Isabel Manso
Categorias Subcategorias Unidades de sentido
Prof. B - “…que acatam bastante bem todas as ordens, dá-me a sensação que
também contribuiu, também contribuiu, [fez questão em repetir] porque estão mais
predispostos para ouvir tudo aquilo que a gente tem para lhe transmitir, conseguem
um maior equilíbrio, mesmo quando estão em situações um bocado mais
problemáticas”

Prof. C - “Eu penso que houve no grupo todo, em termos de amizade, em termos de
partilha, em termos de aceitação do outro, mesmo no grupo acho que ….sei que há lá
um ou dois miúdos em que às vezes os outros colegas se riam por ele ter feito mal e
agora não, eles aceitam… até justificam e até compreendem! Isso significa que em
termos humanos e de cidadania que houve ali trabalho”

Prof. B - “…Depois, também, saliento que houve uma progressão muito grande em
termos da capacidade de produção, em que de um “não sei fazer” e “não posso …”,
198

passámos para “olhe, o que eu fiz?” que para mim é extremamente relevante, nesta
altura do ano! O que me leva a concluir que os alunos, realmente, estão mais
confiantes neles próprios e mais motivados para qualquer tipo de trabalho.
Manifestam-se mais… estão mais abertos… isto tudo pelo facto de se lhes ter
aumentado, a auto-estima, de se lhe ter dado um certo valor, o se lhe ter permitido
que mostrassem as suas habilidades, tudo isso contribuiu, mas a base de tudo isso
penso que está no desenvolvimento da própria auto-estima deles, refiro-me
principalmente a um aluno, em que, de um aluno bastante reservado e com
capacidades, veio desenvolver, de tal forma, a sua auto-estima, que neste momento
já ele próprio me surpreende pela positiva, pela forma como gosta de apresentar os
trabalhos e pela forma como se empenha nos trabalhos e pelo próprio resultado
final.”

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