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John Tvedtnes: Salvação dos Mortos (traduzido e enviado pelo irmão Evandro
Faustino)
Introdução:
A atitude assumida, não obstante, é bem menos crítica. Holding é um dos mais
respeitáveis críticos do Evangelho Restaurado, e acredito que esteja tentando seguir os
padrões estabelecidos pelo famoso desafio lançado por Owen e Mosser em seu chamado
para acordarem os Protestantes Evangélicos a não subestimarem os apologistas SUD
[3]. Desta forma eu concordaria com a maioria dos outros revisores cujos ensaios
acompanham este aqui, de que Holdings realmente toma noções e argumentos
seriamente, ele realmente parece tentar se manter atualizado com a apologia SUD, e a
aborda com seriedade. Ele também sabiamente evita o erro de tentar ser um perito em
todas as coisas.[4]
Uma rápida pesquisa em fontes mais tradicionais mostra que o ritual era
aceitável como alguma coisa única tanto para Corinto em particular ou para a Igreja
primitiva em geral, mas certamente era Cristão:
1. Companheiro Oxford da Bíblia. “Em 1 coríntios 15, Paulo está usando todo
argumento possível para convencer seus leitores de que uma ressurreição dos mortos
aconteceria. Ao fazer isso ele pergunta por que as pessoas se batizariam a favor dos
mortos se não haveria ressurreição (15.29). Esta breve alusão indica que dentro das
antigas igrejas era possível receber batismo a fim de incluir no corpo de Cristo um
amigo ou parente que já estivesse morto. Paulo não especificamente condena a prática
aqui, mas ela não se tornou uma parte aceitável do ritual Cristão” [8]
2. A Bíblia Anchor toma várias citações: “15:29 Doutra maneira”. Sobre este uso de
“epei”, cf. BDF, §§360 (2) e 456(3). Batizado em favor dos mortos. Raeder
(“Vikariastaufe in I Cor 15:29?” ZNW 46 [1955], 258-260) argumenta que estes são
pessoas que estavam entrando na irmandade da igreja pelo batismo a fim de
compartilhar a ressurreição com a família e associados que houveram morrido como
Cristãos. (Cf. também J. K. Howard em EvQ 37 (1965), 137-141, que argumenta pela
mesma linha e aprova Raeder.) É bastante questionável, entretanto, se “hyper”
sustentará esta interpretação. Uma prática que parece ter crescido a partir desta
referência é atribuída aos Marcionitas, Montanistas e Cerintianos no segundo e terceiro
séculos. Crisóstomo comenta que os Marcionitas: ‘Quando qualquer um que foi
instruído partia desta vida, eles escondiam uma pessoa viva embaixo do leito do
falecido e abordavam o cadáver indagando se ele desejava receber o batismo. Então
como esse não respondia, aquele que estava escondido embaixo dizia em favor do
morto que desejava ser batizado. Então o batizam este em lugar daquele que havia
partido (Catenaei 310; citado por Weiss, 363). (para um exemplo moderno, cf. A prática
Mórmon.) Sobre o uso de “hiper” com o sentido de “anti”, cf. Zerwick, Biblical Greek,
§§ 91, 94.”[9]”.
“A medida que ‘alguns são batizados pelos mortos,’ veremos se há uma boa
razão para isso. Agora é certo que eles adotaram esta [prática] com a pressuposição de
que lhe fizeram supor que o batismo vicário seria benéfico para a carne de outrem em
antecipação à ressurreição. Pois a menos que esta seja uma ressurreição corporal, não
haveria nenhuma petição segura por este processo de batismo corporal. Tertuliano (c.
210, W), 3.581,582.”[10]
Isto não era para ser uma pesquisa extensa, apenas uma rápida visão sobre
comentários de conservadores não-SUD sobre esta questão, embora seja interessante ver
até onde os evangélicos irão a fim de refutar o sentido mais óbvio (as citações de Bercot
a partir dos Patriarcas da Igreja estão fora de contexto e são seletivas). Daremos uma
olhada em alguns comentários mais tarde.
Mas para biblicistas, esta referência de passagem sobre batismos vicários como
a única indicação desta prática na Bíblia, com nenhuma explicação adicional (está claro
que Paulo assume que os Santos de Corinto já soubessem sobre o que estivesse
falando), significa que possuem um problema nas mãos. Conforme demonstrado
brevemente pelas pequenas referências na introdução, várias tentativas têm sido feitas
para interpretar este 1 Cor. 15:29. A abordagem de Holding é mais ou menos como se
quisesse dizer, “esqueça o literalismo por um momento, apenas usemos o bom senso”.
Em outras palavras, esta questão não vai ser resolvida dentro do sistema de crença
Biblicista, então ele tenta outros meios para convencer o leitor de que qualquer que seja
o que a escritura queira dizer, com certeza não é o que Santos dos Últimos Dias pensam
que seja. Que isto roga por uma definição sobre o que esta passagem realmente quer
dizer ele simplesmente ignora, confiando de que ninguém perceberá o imperador do
Biblicismo nu, tremendo de frio em sua teologia.
O jeito com que ele argúi sobre isto acaba fazendo voltar o argumento sobre sua
cabeça: ele escreve “Apologistas mórmons usarão como assertiva que batismo pelos
mortos está autorizado por passagens em suas próprias escrituras…” (como se isto
justificasse a “parte” Bíblica) e chama batismo vicário conforme presentemente
praticado, “uma superestrutura interpretativa [SUD] [que entra em colapso].”
Apenas como se o “inimigo de meu inimigo é meu amigo”, desta forma também,
Holding parece argumentar que caso pudesse ele demonstrar que os argumentos feitos
por apologistas SUD estão errados, então deveria estar também nossa doutrina. Mesmo
que fosse ele bem sucedido nisto (e como veremos, eu não acredito que tenha sido), isto
não seria suficiente para provar que nossa doutrina estivesse errada. Em última análise,
há apenas uma única maneira de provar que nosso argumento esteja errado e isto seria
nos persuadir de que a revelação dada através de Joseph Smith estivesse errada. Dado
que Holding não adere a nossas premissas de fé, isto é improvável.
Objetivo No. 1 é Richard Hopkins, embora para ser sincero, ele pareça usar a
explicação de Hopkins sobre batismos vicários como meramente sua introdução a nossa
doutrina, uma vez que ele simplesmente diz que isto explica porque nós somos
“campeões em pesquisas genealógicas.” Há um outro tópico que ele critica de
passagem, que é a necessidade de batismo, mas isto é um tópico para uma outra revisão,
uma vez que isto não parece ser o centro de seu argumento em lugar nenhum de sua
dissertação.
Ele realmente diz, entretanto que há duas questões em destaque: “O que Paulo
quis dizer com ‘batismo pelos mortos’?” e “Era o batismo pelos mortos uma prática
aprovada da igreja, ou uma divergência a partir da prática oficial aprovada?” Estas são
questões relevantes – se de alguma maneira puder ser demonstrado que o que Paulo
estava se referindo não era em sentido algum o mesmo que hoje praticamos, isto
enfraqueceria os alicerces da doutrina aos olhos de pessoas que simplesmente aceitam
isto como fé. E a segunda questão é ainda mais importante, e uma óbvia para um
Biblicista levantar: se a Bíblia é a palavra de Deus em cada sentença, então por que
cargas d’água está essa referência passageira fazendo aí? Talvez Paulo esteja apenas
também tolerando-a, ou talvez seja um idiossincrasia local dos Corintianos, ou talvez
seja mesmo um comportamento idólatra. A Bíblia nada diz, então um Biblicista tem de
pisar fora de suas próprias premissas de fé até mesmo para indagar sobre estas questões.
Ele acrescenta duas petições para cada uma de suas questões; 1. “A diversidade de
opinião entre eruditos Cristãos (não SUD) para [I Cor. 15:29]… é vista por apologistas
SUD como uma justificativa para sua própria interpretação”. Em outras palavras,
existem tantas interpretações lá fora, o que estaria errado se tivéssemos a nossa própria
também? 2. “Apologistas SUD argúem que Paulo apresenta batismo pelos mortos de
uma maneira tal que deve ter sido um ritual que a Igreja estava acostumada a realizar”.
Até onde os Santos-dos-Últimos-Dias estão cientes, ambos são argumentos do
espantalho – especialmente o primeiro ponto – para tentar por no papel a doutrina SUD
de tal forma que ele a possa derrubar. Algumas vezes quando você debate um oponente,
é muito difícil tratar a questão como um oponente a declara, então você “arma um
espantalho” que é muito mais fácil para você atacar, assim como falar. Mais fácil porque
você pode insinuar suas próprias premissas dentro da questão. Isto freqüentemente
funciona quando você está “falando a sua própria platéia” mas está cheio de ciladas
silógicas e falaciosas.
Desta forma vamos dar uma olhada em cada uma destas questões conforme
Holding as traz à tona:
É o batismo vicário condenado?
Holding então indaga sobre uma questão sensível: apenas porque Paulo usou
batismo vicário como um argumento para a ressurreição, significa isto que ele o aprove?
Mas, atrelado como ele está às premissas do Biblicismo, Holding não pode realmente
responder esta questão, a não ser para dizer que uma vez que isto é mencionado de
passagem, isto não pode ser tomado como um texto-prova sobre o qual possa se basear
uma doutrina. E ele está absolutamente certo. Mas desde que não somos Biblicistas, não
estamos limitados pelas mesmas fronteiras que ele está, para nós I Cor. 15:29 não é a
razão pela qual praticamos batismos vicários; nós o praticamos porque fomos ordenados
para tal; I Cor. 15:29 apenas acontece de ser uma referência suporte, não uma base para
isto.
Ele então cita o apologista SUD Barry Bickmore, “Mas por que Paulo usaria
alguma prática herética em seus argumentos a favor da ressurreição? Não poderia ele
encontrar algum alicerce mais firme para esta tão importante doutrina Cristã”.[12]
Holding contra-ataca que isto não era uma prática muito difundida e, portanto não
poderia ter sido um ritual verdadeiro da igreja, e que nós alegamos que revelações têm
confirmado que a perda desta prática foi perdida como parte da apostasia, e
enigmaticamente acrescenta que “O paradigma [SUD] assume que batismo pelos mortos
não era largamente difundido”.
A primeira alegação é verdadeira, nós realmente alegamos que isto foi perdido
com a apostasia. Mas é consistente com nossas premissas de fé (de que não limitamos
Deus às páginas de um livro) de tal forma de que não é um argumento válido para
observadores neutros, apenas para Holding e co-religionários que rejeitam nossas
premissas de fé e princípio. Pior ainda, Holding ignora o argumento de Bickmore: por
que Paulo usaria um ritual não-Cristão como uma evidência para uma crença central do
Cristianismo? Isto simplesmente não faz sentido quando lemos o texto em seu sentido
pleno. Então a questão permanece sem respostas: Por que Paulo usaria um ritual não-
Cristão como justificativa para a ressurreição? Não há nenhum outro exemplo no Novo
Testamento de Paulo usando este tipo de tática. Holding na verdade lista umas poucas
escrituras que ele acha que seguem esta tática:
Nota do tradutor:
I Cor. 15:12: Agora se é pregado de Cristo que ele se levantou dos mortos, como
dizeis alguns de vós de que não há ressurreição dos mortos? (exemplo (a) da nota
acima)
Mas isto não é de maneira alguma o mesmo argumento. Aqui Paulo está dizendo
que existe uma ressurreição, pois Cristo ensinou sobre isso; ele está mostrando uma
clara contradição entre aquilo que tem sido ensinado e aquilo que alguns Corintianos
acreditam. I Cor. 15:29 não segue em absoluto esta linha de argumentação; se segue
qualquer coisa é exatamente na direção oposta – ele está dizendo que uma vez que
batismo pelos mortos é praticado, não haveria muita lógica nisto se não houvesse
ressurreição.
Gal 2:14 Mas quando vi que caminhavam não retamente segundo a verdade do
evangelho, disse a Pedro diante de todos eles, Se tu, sendo um Judeu, vives segundo a
maneira dos Gentios, e não como fazem os Judeus, por que compeles tu os Gentios a
viverem como vivem os Judeus? (Novamente exemplo (a) da nota acima)
Mais uma vez, este não é em absoluto o mesmo argumento procurado. Paulo
está dizendo que se Pedro vive como um Gentio, então ele tem de permitir este mesmo
privilégio a outros Judeus e aos próprios Gentios. Ser um Judeu ou Gentio era
simplesmente uma diferença de etnias, não de valores espirituais.
Eu francamente estou totalmente perdido em ver como Holding ver isto como
relevante ao argumento em questão, Infelizmente ele não explica todos os seus textos
usados como prova.
Col. 2:20-22 Portanto se vós estais mortos com Cristo dos rudimentos do
mundo, por que, embora vivendo no mundo, sois vós sujeitos às ordenanças (Não
toqueis; não experimenteis nem manuseais; pois tudo está a perigo como o usar)
segundo os mandamentos e doutrinas de homens? (Exemplo (a) da nota acima. A
primeira frase é verdadeira, forma então uma incoerência lógica com a segunda frase
que é supostamente falsa por Paulo)
Novamente, isto não tem absolutamente nada a haver com batismo vicários. Eu
suspeito (mas não posso saber, pois Holding não explica sua escolha das escrituras) de
que ele estivesse tentando dizer que as ordenanças não fossem necessárias. Se assim é,
ele escolheu um estranho capítulo para sustentar sua causa, uma vez que este também é
o capítulo que contém uma referência a circuncisão Cristã como sendo ‘Sepultados com
ele no batismo, de onde também levantai com ele através da fé da operação de Deus,
quem tem se levantado dos mortos.”
Conforme acontece, a alegação de que isto não era uma doutrina Cristã, ou que fosse
idiossincrático a Corinto não pode ser provada. Tudo o que Holding pode dizer em
defesa do uso das escrituras acima é de que Paulo pode usar doutrinas falsas para provar
verdadeiras doutrinas, o que é realmente fraco; logicamente possível, mas totalmente
improvável por Paulo (ver como funcionava a lógica de Paulo na Nota acima), o qual
nunca via uma falsa doutrina contra a qual não a denunciasse e pregasse.
A Bíblia Anchor deixa isto mais claro ao traduzir a frase em questão como
sendo, “… o que estão a fazer aqueles que são batizados… por que então estão sendo
batizados…?” Isto deixa claro que a referência é genérica a respeito de pessoas,
conforme o comentário da Bíblia Anchor indica, “Uma inspeção mais cuidadosa da
linguagem de referência faz com que todas as tentativas de suavizar ou eliminar seu
significado literal tornem-se totalmente infrutíferas.’[13] Holding corretamente cita o
apologista SUD John Tvedtness [14] ao salientar o mesmo ponto: não há nenhum “eles”
aí para o qual Paulo possa apontar em distinção dos Corintianos do resto da Igreja.
Tecnicamente, a forma do verbo é um particípio passado – conforme a Bíblia Anchor
deixa claro. Mas, estranhamente, Holding não tem nenhuma resposta para isto exceto
uma irrelevante observação: “A linguagem de Paulo e o padrão de argumentação
demonstrado que ele associa ao batismo pelos mortos com o ensinamento falso da ‘não
ressurreição’.” Na verdade ele faz exatamente o oposto ao dizer efetivamente, “Se
acreditam ou fazem ~p (falso), então porque acreditam ou fazem q (verdadeiro)?”, onde
p é a ressurreição, ~p é a ‘não ressurreição’ e q é o batismo pelos mortos. A ‘associação’
que Holding faz é uma de oposição, indicando o que Paulo acredita seja uma ação
válida, de outra maneira por que usaria ele isto como argumento para uma doutrina
verdadeira?”.
Em qualquer caso, o destino do significado da frase está selado pelo fato que,
conforme Tvedtness indica, “aqueles sendo batizados pelos mortos” é a correta, palavra-
por-palavra da tradução de “hoi baptizomenoi”, uma vez que “baptozomenoi” é o
particípio passivo [15] e não indica a pessoa. Desta forma está claro que não temos
nenhum “eles” em lugar nenhum do versículo; Paulo simplesmente está se referindo a
uma prática geral sem restringi-la a Corinto ou a qualquer outro lugar mais para essa
questão.
Se os Corintianos batizavam-se pelos mortos, por que não continuaram eles com
isto? Conforme nossa análise gramatical demonstrou, esta é uma questão irrelevante,
pois um particípio passivo é atemporal – isto, não tem tempo verbal passado, presente
ou futuro. A questão que indaga é sem sentido, ou pelo menos, impossível de ser
resolvida a partir apenas de uma análise lingüística. Mas em qualquer caso, existe uma
variedade de exemplos em que Paulo critica as igrejas Cristãs por um comportamento
que ele discorde (Para apenas um dos muitos exemplos, vamos dar uma olhada em
Efésios 5:1-7, Paulo critica os Efésios no imperativo presente: “Sede vós, portanto,
seguidores de Deus, como filhos queridos; e caminhai em amor, como Cristo também
vos amou, e entregou-se a si mesmo por nós como uma oferta e sacrifício a Deus para
um doce e saboroso aroma [incidentalmente, este é exatamente a forma de argumento
que Paulo usa em I Cor. 15:29, mas ninguém jamais alegaria que o fato de Cristo ter se
oferecido como um sacrifício fosse idiossincrático ou um exemplo negativo]. Mas
fornicação, e toda impureza, ou cobiça, não deixei isto ser nomeado entre vós, quando
vos tornais santos; nem imundícies, nem vãs conversas, nem gracejos indecentes, o que
não for conveniente: mas antes dai graças. Pois deveis saber, que nenhum adúltero, nem
impuro, nem alguém com cobiça, que seja um idólatra, tem qualquer herança no reino
de Cristo e de Deus.” linguagem bem dura e demonstra que Paulo não perde nenhuma
oportunidade em condenar um comportamento não Cristão. Compare esta conscienciosa
condenação com a que Holding e outros apologistas não-SUD tentam fazer de I Cor.
15:29 e é facilmente visto que seus argumentos sobre as técnicas de retórica de Paulo
estão totalmente longe do caráter de Paulo. O simples fato tem de ser que Paulo, quem
nunca perde uma chance para expor Cristãos por feitos errados, simplesmente não ache
nenhum problema com o batismo vicário”.
Holding então diz que “Paulo não está usando batismo pelos mortos como uma
prova evidencial para a ressurreição, conforme [o argumento SUD] requer; ele está
usando isto para expor uma inconsistência entre o que os Corintianos estão fazendo
(batismo pelos mortos) e sua alegação de que não há ressurreição (v. 12). Ele está
perguntando aos Corintianos como podem alegar que não acreditam em ressurreição
quando estão eles fazendo alguma coisa que simboliza a ressurreição”. [16]
Holding critica as citações SUD de DeMaris baseando-se no fato de que DeMaris não
concorda com a posição SUD. Isto é verdade, ela não concorda, mas ninguém alegou
que concordasse – apologistas SUD estão usando seus resultados de pesquisa para
salientar um ponto. O que DeMaris realmente declara é, “Enquanto sugeri que Paulo
possa ter ficado descontente com batismos pelos mortos, não temos nenhuma evidência
clara de que rejeitou a prática. Pelo contrário: Se ele a percebeu sem condená-la, sugere
que pelo menos ele tolerasse a prática entre os Cristãos de Corinto.” [17] Em outras
palavras, enquanto DeMaris não encontra provas de que a prática fosse universal, ele
realmente percebe que Paulo não a condena. Conforme estamos sempre enfatizando
aqui, se estivesse ele usando uma doutrina idiossincrática ou incorreta para defender seu
ponto de vista, teria sido extremamente não usual a Paulo, quem era rápido para
condenar toda maneira de práticas e crenças em suas cartas. Mais adiante DeMaris
escreveu, “Vocês estão bastante certos em perceber que minha posição sobre esta
questão não signifique que esteja eu me alinhando para uma fonte batismal SUD –
esteja isto bem claro. O que acho é que minha posição significa que: sabemos tão pouco
sobre esta prática e seu significado que o uso dos SUD de I Cor. 15:29 como uma
garantia Bíblica para o batismo pelos mortos não pode ser precluso nem fortemente
justificado. Eu gosto também do trabalho de John Tvedtnes (Apologista SUD, professor
da Brigham Young University), com quem tenho me correspondido extensivamente, o
qual procura documentar a antiga grande preocupação com os mortos e com o mundo
dos mortos no antigo mundo Mediterrâneo. Isto está bastante em linha com o ponto de
vista que estava tentando defender no meu artigo de 1995 no Journal of Biblical
Literature…”[18]
De qualquer forma, Holding devota um bom espaço para delinear esta “Exordium-
narratio-refutatio-probatio-peroratio” forma de argumento, e eu lhe dou crédito onde o
crédito lhe for devido – Aprendi alguma coisa nova sobre a cultura não-Cristã em que
Paulo vivia (ignoraríamos aqui se, para os Inerrantistas de Chicago e Lausane, Deus,
também usaria um estilo literário Greco-Romano quando ele “ditou” a Bíblia, tendo em
mente uma audiência moderna que nada saberia sobre estes antigos aparatos literários
antigos). Mas tudo isso é irrelevante de qualquer forma, pois o ponto do argumento
onde ele acha que estamos com problemas é o mesmo fulcro de cabeça para baixo sobre
os quais jazem seus outros argumentos: a má compreensão do argumentum ad
absurdum que Paulo emprega. Mais uma vez, se você está tentando provar a validade da
ressurreição demonstrando que isto é inconsistente com o batismo vicário, então
batismo vicário tem de ser verdadeiro para que este contraste funcione. Para um
exemplo grosseiro, se você estivesse tentando provar que o casamento é honorável,
você não usaria o sexo pré-marital como um exemplo negativo de inconsistência; você
usaria isto como um exemplo positivo de inconsistência, ou como um exemplo negativo
de consistência. Ainda melhor, você usaria a castidade pré-marital como um exemplo
contrastante (se vocês guardam a castidade para se resguardarem para o casamento,
então como pode o casamento não ser válido?) (Talvez existam apenas muitas negativas
no argumento de Paulo para que Holding possa persegui-los). Em qualquer caso, a
retórica alegada para Paulo não é completamente aceita por todos os eruditos.[21]
De qualquer forma, Watson parece ser o único erudito que acredita que Paulo
usou este complexo sistema de retórica o qual é único para Paulo e/ou Corinto. A
respeito da sua universalidade no tempo do mundo Greco-Romano, ver Kennedy, [22]
Kinneavy se utiliza de um exemplo específico (a palavra pistis, que significa “fé” em
um contexto religioso, mas “persuasão” num contexto singular;[23] Black discorda
peremptoriamente;[24] Lim diz que isto é uma questão bem complexa não facilmente
solucionada pelo argumento de Watson;[25] Lutfin demonstra que o pano de fundo da
retórica na Corinto do primeiro século é incongruente com os ensinamentos retóricos de
Paulo;[26]
Um ponto final. Watson não diz exatamente o que Holding está pensando. De
uma análise crítica por J. D. H. Amador:
“Um dos mais ‘óbvios’ exemplos de direcionar para a unicidade pode ser
encontrado em tentativas de, através do apelo a arranjos retóricos, para “provar” a
coerência de uma epístola cuja unidade tenha sido posta em questão por antigos meios
metodológicos tais como criticismo de fonte (e forma). O trabalho de Duane Watson é
um bom exemplo do que quero dizer, onde ele combina visões tanto das tradicionais
estruturas epistolográficas como também arranjos de retórica a fim de argüir para uma
unidade literária e coerência argumentativa de Filipenses. A dificuldade com esta
abordagem é a tão sabida inabilidade dos críticos em concordar sobre as características
dos arranjos quando confrontados com alguns tipos de documentos híbridos que temos
nas epístolas Paulinas, as quais não se conformam com nenhuma tradição explícita de
composição no mundo antigo.[27]
III. Ele argumenta pela ressurreição, a partir do caso daqueles que eram batizados pelos
mortos (v. 29): O que se farão aqueles que são batizados pelos mortos, se os mortos
absolutamente não se levantarão? Por que são eles batizados pelos mortos? O que
deverão fazer se os mortos não se levantam? O que têm eles feito? Coisa vã seria
tivessem existido seus batismos! Mas eles sustentam ou renunciam a isto? Por que são
eles batizados pelos mortos se os mortos não se levantam? hyper ton nekron. Mas o que
é este batismo pelos mortos? Isto precisa ser conhecido para que o argumento do
apóstolo possa ser compreendido; quer seja isto apenas um argumentum ad hominen, ou
ad rem; isto é, quer isto conclua para uma coisa em disputa universalmente, ou apenas
contra pessoas particulares que eram batizadas pelos mortos. Mas quem interpretará esta
passagem extremamente obscura, a qual, embora consista de não mais do que três
palavras, além dos artigos, existem mais de três vezes os três sentidos colocados sobre
ela pelos intérpretes?
Não existe um consenso a que o autor queria dizer com batismo, se é para ser tomado
num sentido figurativo ou num sentido literal, se é para ser compreendido como o
batismo Cristão propriamente dito ou a alguma outra ablução. E também pouco
consenso existe em quem sejam os mortos, e em que sentido a preposição [hyper] deve
ser tomada. Alguns compreendem os mortos de nosso próprio Salvador; vide Whiby in
loc. Por que pessoas são batizadas em nome de um Salvador morto, um Salvador que
permanece entre os mortos se os mortos não ressuscitam? Mas isto é, acredito eu, um
exemplo extremamente singular para hoi nekroi, o qual significaria não mais do que
uma pessoa morta; este é um significado em que tais palavras não aparecem em mais
nenhum lugar. E o hoi baptizomenoi (os batizados) parecem plenamente significar
algumas pessoas em particular, não Cristãos em geral, o que ainda deve ser o
significado se [hoi nekroi] (os mortos) seja compreendido como nosso Salvador.
Alguns compreendem as passagens como se referindo aos mártires: Por que sofrem
martírio por suas religiões? Isto é indefinidamente o que os antigos (Mateus 20:22,
Lucas 12:50) algumas vezes chamavam o batismo de sangue, e pelo nosso próprio
Salvador de batismo... .Mas em que sentido pode aqueles que morreram mártires por
sua religião chamados de serem batizados (isto é, morrer mártires) pelos mortos?
Alguns entendem isto como um costume que era observado, conforme alguns dos
antigos nos contam, entre muitos que professavam o nome Cristão nas primeiras eras,
de batizar alguns em nome e lugar de catecúmenos que morreram sem batismo. Mas se
isto fosse parte de tal superstição, se o costume tivesse prevalecido na Igreja logo cedo,
os apóstolos não teriam mencionado isto sem denotar uma má vontade contra. Alguns
entendem de batismo pelos mortos, que era um costume, conforme nos dizem eles, que
se realizava antigamente; e isto para testificar sua esperança na ressurreição. Este
sentido é pertinente ao argumento do apóstolo, mas parece que nenhuma prática
semelhante estivesse em uso na época dos apóstolos. Outros compreendem isto como
aqueles que haviam sido batizados por causa, ou em ocasião dos mártires, isto é, a
constância com a qual morreram por sua religião. Alguns eram sem dúvida convertidos
ao Cristianismo ao observarem isto: e teriam sido uma coisa vã para as pessoas terem se
tornado Cristãs por este motivo, se o mártires, ao perder suas vidas pela religião,
tornaram-se posteriormente extintos e não mais viviam. Mas a Igreja em Corinto não
tinha, com toda probabilidade, sofrido muitas perseguições por esta época, nem parece
ter existido muitos exemplos de martírio entre eles, nem haviam muitos convertidos
sido feitos pela constância e firmeza com que os mártires morriam. Não deixando de
observar que [hoi nekroi] parece ser uma expressão genérica demais para significar
apenas os mortos martirizados. É tão fácil uma explicação da frase quanto a que tenho
encontrado, e tão pertinente ao argumento, supor que [hoi nekroi] signifique alguns
entre os Corintianos, que haviam sido tomados pela mão de deus. Lemos que muitos se
encontravam doentes entre eles, e muitos dormiam (cap. 11:30), por causa de seus maus
comportamentos na ceia do Senhor. Estas execuções podem ser terríveis para alguns na
Cristandade; como o miraculoso terremoto foi para o carcereiro. (Atos 16:29, 30, etc.)
As pessoas batizadas em tal ocasião podem ser propriamente chamadas para serem
batizadas pelos mortos ou em seu favor. E o [hoi baptizomenoi] (os batizados) e o [hoi
nekroi] (os mortos) respondem um ao outro; e sobre esta suposição os Corintianos não
podem confundir o que o apóstolo quis dizer. “Agora,” diz ele, “o que se farão, e por
que foram eles batizados, se os mortos não ressuscitam? Temos uma persuasão genérica
de que este homens haviam feito certo, e agido sabiamente, e como deviam proceder
nesta ocasião; mas então por que, se os mortos não ressuscitam, ao ver que talvez
pudessem estar apressando suas mortes, ao provocarem um Deus ciumento, e não
teriam nenhuma esperança além disto?” Mas quer seja este o significado, ou qualquer
outro que possa ser, sem dúvida o argumento do apóstolo era bom e inteligível ao
Corintianos.[28]
Teria sido isto tão inteligível aos Biblicistas dos dias modernos?
A resposta final é a mais comum da literatura Cristã que endereça tal assunto.
Nota-se que Paulo usa pronomes de tal forma (você, nós e de nós) como para indicar um
terceiro partido no versículo 29 (‘então o que se farão aqueles que são batizados pelos
mortos se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que são eles então batizados
pelos mortos?’) Disto se conclui que Paulo refere-se a um grupo herético ou pagão do
qual ele e a igreja está se distanciando.[30]
De minha experiência pessoal, sei que dificilmente tudo isto pode ser arranjado
consistentemente, desta forma estou assumindo que isto é uma coisa que Holding está
se esquecendo de mudar a fim de fazer seu argumento consistente. Mas estão, ele faz a
surpreendente declaração de que um apologista SUD havia indicado de que não há
nenhum pronome na frase em questão, de que isto é um particípio passivo, o qual não
indica pessoa (ou tempo verbal), e ele concorda que Tvedtness está certo, mas
prontamente diz que isto não importa, que o argumento apresentado pelos “Cristãos
apologistas está essencialmente correto pois veremos que o padrão de argumentação de
Paulo demonstra que ele associa batismo pelos mortos com o ensinamento falso da “não
ressurreição”!
Uma coisa que poucas pessoas percebem, incidentalmente, é que Paulo segue
no versículo 29 de tal maneira que associa a si mesmo com a prática – alguma coisa que
ele nunca faria se a prática estivesse errada ou fosse idiossincrática. Conforme dois
comentaristas protestantes explicam:
A objeção de que o apóstolo não pudesse querer dizer qualquer coisa como
um batismo para o benefício de outros está exegeticamente fora de lugar... .Se Paulo isto
desaprovasse ele provavelmente escreveria mais sobre isso do que esta única referência
contém. Em qualquer caso o apóstolo poderia dificilmente derivar um argumento em
favor da ressurreição do corpo a partir de uma prática sobre a qual ele não aprovasse.
[34]
Confiantemente seguro de que agora ele esteja em chão firme, Holding procede
a especular, utilizando todo aquele aparato extra-bíblico que Biblicistas precisam usar a
fim de taparem os buracos lógicos de seu balão teológico. Aqui estão as suas
especulações do porquê e como aquela escritura pudesse ter feito sua solitária entrada
na Bíblia. Todavia ele cai novamente num argumento extremamente torcido, agora que
está alijado do seu “argumento pronome” (material omitido na sua versão on-line mas
não no livro onde é colocado em um formato direto).
O padrão da questão em I Coríntios 15:29 indica que Paulo espera que aqueles
que tomam a condição ‘se’ como certa, quer seja ela realmente verdadeira ou não
(neste exemplo, “se os mortos não ressuscitam,” uma asserção que é falsa, mas
considerada pelos oponentes de Paulo como verdadeira), a responder a indagação do
“porquê”, com a implicação de que eles não podem responder por causa de que seu
comportamento é inconsistente com sua premissa. O link de que o argumento popular
do “eles” encontra entre o batismo pelos mortos e os falsos ensinamentos está portanto
estabelecido, mesmo embora os Gregos não façam tal distinção nos pronomes, pois a
questão de Paulo é para um partido de quem ele mesmo já havia se desassociado: os
mestres falsos da “não ressurreição”. Note que isto corresponde com nossa premissa
de que se I Coríntios 15:29 estivesse se referindo a uma prática normal da Igreja, a
objeção de Paulo seria estabelecida em termos de uma continuação da prática, junto
com o batismo pelos vivos. Doutra maneira a resposta óbvia para Paulo “por que…”,
seria, “Porque a igreja assim o faz.” (Na verdade, se batismo fosse requerido para
salvação como os SUD dizem, a resposta seria, “Porque nós ainda queremos ser
salvos!”) Mas se batismo pelos mortos não fosse uma prática aprovada pela igreja,
então o “porquê” de Paulo faz sentido como uma maneira de perguntar a seu oponente
a defender sua nova prática, não usual ou desautorizada à luz de sua inconsistente
posição na ressurreição[35].
Ele já se esqueceu de que não há nenhum “eles” neste argumento, mas uma
referência universal a todos aqueles que fazem batismos vicários. Qualquer argumento
baseado na suposição de quem fosse aquelas pessoas é irrelevante. E quando lemos as
epístolas de Paulo, nós nunca encontramos uma situação onde Paulo apenas deixe uma
falsa doutrina ou prática passar desapercebida, muito menos usá-la como parte de um
argumento em favor de uma doutrina verdadeira. Então, simplesmente não há nenhum
precedente para este tipo de argumento a partir do silêncio que Holding tenta fazer, nem
qualquer argumento a partir de uma negativa “isto é ruim, o que prova então que a
doutrina é verdadeira.”
E ainda mais uma vez, (com as omissões simplesmente omitidas desta vez; na
versão on-line ele se refere a pessoas específicas, e respeitarei seu desejo de não as
identificar, por quaisquer que sejam as razões que Holding tenha para deletar seus
nomes; deleções são mostradas por elipses nos colchetes e acrescenta material também
em colchetes).
Tvedtnes está correto em dizer que a palavra "eles" não existe no Grego. Não
obstante, o argumento apresentado por […] [apologistas Cristãos] está essencialmente
correto, pois como nós […] [veremos], o padrão de argumentação de Paulo […]
demonstra que ele associa batismo pelos mortos com o falso ensinamento da "não
ressurreição"[…] [36]
Ainda lutando para encontrar alguma ligação, Holding nos lembra de que o
único convertido mencionado no Novo Testamento que foi convertido mas não batizado
foi o ladrão na cruz. O ladrão é mencionado precisamente para aquela razão: o batismo
vicário não era realizado por catecúmenos que morriam antes de ser batizados, o que faz
o caso do ladrão digno de nota. Ordenanças vicárias foram e são feitas em favor
daqueles que nos precederam, não catecúmenos (“investigadores” que subitamente
morreram antes que pudessem fazer seu caminho para a pia batismal). Isto já era pré-
assumido, e isto é porque Paulo não o mencionaria de uma maneira mais explícita, mas
a história do ladrão foi extraordinária, qual é o porquê dela aparecer no Novo
Testamento. O que nos leva …
Após ter admitido de que não há nenhum pronome associado com o particípio
passivo, Holding escorrega de volta a seus velhos hábitos: “A ligação que o argumento
popular do ‘eles’ encontrado entre o batismo pelos mortos e os falsos ensinamentos é
portanto estabelecida, mesmo embora os Gregos não façam nenhuma distinção nos
pronomes, pois a questão de Paulo é para um grupo de quem ele já havia se
desassociado: os falsos mestres da “não ressurreição”. O problema com isto é que há
um pronome da terceira pessoal plural associado com os falsos mestres da “não
ressurreição”, então ele está fazendo uma comparação.
Isto não é o Primeiro Coríntios que estamos tratando aqui, na verdade seria o
Segundo Coríntios – se eu fosse um Biblicista, com certeza eu gostaria de saber onde
estava na epístola esta possibilidade, pois isto não é mencionado em nenhum outro lugar
da Bíblia.[Nota do tradutor: Holding pode estar se referindo a I Coríntios 5:9 "Já por
carta vos escrevi que não vos comunicásseis com os que se prostituem" referindo-se a
uma epístola anterior perdida; Fim da Nota] Novamente isto é a lógica de “pregar à
congregação” – só faz sentido para aqueles que aceitam a premissas de fé de Holding.
Logicamente ela é circular, ela assume que o Biblicismo, que é aqui o ponto central da
questão, como um aparente aspecto exógeno ou como uma exceção óbvia e visível. Ele
fala de casos de batismo de vivos, o que é adequadamente bem colocado e muito bem,
mas não vai ao ponto. Também ignora (de uma maneira um pouco aborrecedora, creio
eu, depois de tudo o que acredito que Holding conheça de nossas doutrinas) que
atrelada a esta doutrina está a doutrina do pós-mundo, dividida em Paraíso e Prisão
Espiritual, onde os espíritos daqueles que não tiveram uma oportunidade para aceitar o
Evangelho têm essa oportunidade; para nós o Dia de Julgamento ocorre no final do
Milênio, não na hora da morte. E também ignora um imenso abismo: o fato de que não
temos nenhuma referência de Paulo a uma epístola anterior, não temos absolutamente
nada antes [Nota: Apesar da nota acima lembrar que Paulo realmente cita uma epístola
anterior relativo a expulsão membros que praticaram impurezas sexuais, Marc Schindler
parece estar se referindo a nada de Paulo que anteriormente falasse sobre ressurreição
ou batismo pelos mortos. Fim da Nota], e se me dissessem apenas, não se preocupem,
todos os livros que conseguiram entrar no cânon o fizeram por uma boa razão, então eu
gostaria de saber por que as segundas e terceiras epístolas de Paulo foram boas o
suficiente, mas a primeira não?
“Rituais de passagem”
Esta é meramente uma idéia moderna altamente especulativa a qual diz que
Paulo estivesse realmente fazendo uma referência metafórica aos apóstolos, alicerçado
no fato de que Paulo e outros apóstolos sabiam que estavam vivendo com tempo
emprestado, devido a perseguição aos Cristãos pelos Romanos. Felizmente Holding
efetivamente destrói este argumento de Joel White ao apontar que a conexão é de
“semântica, não de léxico”, pois a palavra utilizada para “mortos” em 15:29 é “nekron”,
um termo direto e claro que simplesmente significa “mortos” em todos os sentidos do
termo, mas White tenta ligar a exemplos da palavra Grega “apothneskó” que é um
verbo, não um substantivo. Esta significa “morrer”, “fenecer”, etc., e é utilizada em I
Cor. 15:31 quando Paulo diz “Morro diariamente”.
Para dar voltas em torno do fato de que estas não são simplesmente as mesmas
palavras, White aparentemente argúi que alguém tem de usar “apothneskó” por causa do
verbo cognato, o verbo em que está baseado o substantivo “nekron”, poderia apenas
significar “dispor-me para morrer,” “matar a si mesmo.” Estranhamente então que a
palavra seja usada em muitos lugares onde seu significado é claramente metafórico (e.g.
Romanos 6:11 “em verdade mortos para o pecado”, Efésios 2:1 “mortos em trapaças e
pecados”, e numerosos outros lugares). A objeção de White é que você não pode
construir uma forma reflexiva a partir do verbo “nekroó”, que realmente significa “por
para morrer”, “matar” de uma maneira que faça sentido no versículo 31. Ele está em
geral correto mas não parece compreender que o Grego possa facilmente usar um
particípio passivo: “nekromai” significaria “Sou morto” (como em “fui assassinado”). A
explicação de White está longe ser a mais parcimoniosa e é descartada pela Navalha de
Occan. Holding tenta resgatar White ao apontar exemplos onde “apotheneskó” é usada,
mas isto é um “Código Bíblico” ou “apenas um” tipo de explanação. Ninguém pode
usar este tipo de argumento a menos que não haja nenhuma outra alternativa, e há: o
particípio passivo. Finalmente, Holding tenta explicar um outro argumento para a
associação metafórica concernente a palavra Grega “oloxs” [sic, Eu acho que ele quis
dizer “holós”]. Esta palavra é usada três vezes em I Coríntios 5:1; 6:6 e 15:29. Nos
primeiros dois exemplos o significado é difícil de conceber em uma única palavra em
Inglês, mas denota alguma coisa semelhante a “de todas as coisas.” Em 5:1, é como se
Paulo estivesse escrevendo, “Tem sido relatado que, de todas as coisas há fornicação
entre vós, e tais fornicações como estas nem mesma é conhecida entre os Gentios…” (a
atual KJV começa “Relata-se comumente que,…”). Em 6:7 tem um sentido semelhante:
(KJV) “Agora, portanto, há ainda uma falta entre vós, pois vós ides a legislar uns aos
outros”. Podemos compreender que em dialeto moderno como “Há um problema entre
vós: de todas as coisas, vocês estão processando legalmente uns aos outros”.
Dualismo.
Ele cita o Velho Testamento de memória – sabemos disso por causa dele cometer
pequenos errinhos de tempos em tempos; exatamente os mesmos tipos de erros que
alguém cometeria caso tivesse uma grande quantidade de material memorizado, mas
que não é como um computador em termos de puxar da memória. É como a maioria de
nós tende a se lembrar de algumas coisas memorizadas. “In Flanders Field”, o poema do
Dia da Lembrança dos Mortos em Guerras (Memorial Day) que eu, assim como a
maiorias das crianças em idade escolar da Comunidade Britânica memorizam quando
jovens, há uma tendência para recitá-lo como “In Flanders fields the poppies grow…”
mas na verdade ele lê “In Flanders fields the poppies blow…” As palavras rimam, então
este é um sinal típico de erro feito a partir da memorização. Meu ponto aqui é que Paulo
não se sentava e compunha qualquer de suas cartas de uma forma complexa. Ele não
poderia, pois ele as ditava para um secretário, “trecho a trecho” e esperava-se delas que
refletissem este tipo de formato, logo a proposta de White não se encaixa com estes
fatos conhecidos sobre quaisquer das epístolas Paulinas. Holding realmente reconhece
isto de uma maneira discreta quando ele admite que no mundo de Paulo talvez 10% dos
habitantes fossem letrados, de tal forma que habilidades de memorização eram
altamente desenvolvidas. Isto é verdade, mas memorização é uma habilidade de
recitação cíclica”, não uma criação literária complexa e bem-desenvolvida, e enquanto
Paulo cita das escrituras de memória, ele ditava suas epístolas, e os resultados refletem
isto, não a extremamente forçada especulação de White.
Um dos argumentos que Holding faz que realmente faz sentido é a sua conexão
da imagem do batismo e da sepultura. Na tão bem conhecida história de Nicodemos,
Jesus diz, “Jesus respondeu e lhe disse, Na verdade, na verdade e digo; Exceto que um
homem nasça de novo, ele não pode ver o reino de Deus. Nicodemos lhe disse, Como
pode um homem nascer quando está velho? Porventura pode ele entrar uma segunda
vez no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu, na verdade, na verdade te digo,
Exceto que um homem nasça da água e do Espírito, ele não pode entrar no reino de
Deus.” (João 3:2-50) Conforme previamente mencionado, posso entender a relutância
de Holding em discorrer mais profundamente sobre esta passagem, declarando como ela
defende a necessidade de batismo (e ele não precisa ataques adicionais a partir de “fogo
amigo” uma vez que alega que batismo é uma “obra” e portanto não necessário). Mas
Holding diz:
O único problema é que acreditamos que a prática de batismo pelos mortos seja
inconsistente com a negação da ressurreição, mas por acaso também é a prática de
batismo pelos vivos inconsistente com a negação da ressurreição? Também está escrito
pela mão de Paulo: “Não sabeis vós que todos que foram batizados em Jesus Cristo
foram batizados em sua morte? Portanto, somos batizados com ele por batismo para
morte: pois assim como Cristo se levantou dos mortos pela glória do Pai, assim
também andemos nós em novidade de vida. Pois como fomos plantados juntos na
semelhança de sua morte, também seremos na semelhança de sua ressurreição." (Rom
6:3-5). Então qualquer criticismo ao batismo pelos mortos baseado na alegoria da
descida para a tumba (água) é também aplicável ao se batizar alguém pelo mesmo
processo de ser ‘sepultado’ na água”.[Nota do tradutor: Não me parece aqui que
Schindler tratou adequadamente a questão levantada por Holding que é: Por que Paulo
não usou o batismo dos vivos para contrapor a não crença na ressurreição; afinal
batizar-se quer seja vivos ou mortos não era um símbolo da ressurreição? Para mim a
resposta é óbvia, Paulo poderia usar tanto o batismo de vivos ou de mortos para
simbolizar a crença na ressurreição (Rom 6:3-5), todavia deve ter preferido usar o ritual
do batismo pelos mortos nesta afirmação retórica pois este era um ritual que
continuamente estavam praticando, eles mesmos servindo de procuradores batismais,
enquanto aquele outro (o batismo de vivos) já devia fazer algum tempo que o realizaram
(Paulo se dirigia a membros da Igreja já batizados) e provavelmente já haviam
esquecido do seu completo simbolismo. Fim da Nota]
O único significado que o Grego parece aqui admitir é uma referência a prática
de submeter ao batismo em favor de alguma pessoa que tenha morrido sem batismo.
Ainda esta explanação está vinculada a muitas e enormes dificuldades, (1) Quão
estranho que São Paulo poderia se referir a tal superstição sem criticá-la! Talvez,
entretanto, ele poderia tê-la censurado em uma epístola anterior [alas, nós
provavelmente nunca saberemos!] e apenas agora se referencie a isto como um
argumentum ad hominess. Tem sido alegado, na verdade, que a presente menção disto
implica uma censura; mas isto está longe de ser evidente.(2) Se tal prática realmente
existiu na Igreja Apostólica, como podemos dar conta de ter sido descontinuada no
período que se seguiu, quando uma eficácia mágica era mais designada ao ato material
do batismo? Ainda, a prática foi adotada por algumas seitas obscuras dos Gnósticos,
quem parecem ter fundado seus costumes nesta mesma passagem.
As explicações que foram adotadas para evitar a dificuldade, tais como ‘sobre a
sepultura dos mortos’ ou ‘em nome do morto (significando Cristo), etc., são todas
inadmissíveis, como sendo contrárias à analogia da linguagem. Em resumo, portanto, a
passagem deve ser considerada admitir nenhuma explicação satisfatória. Ela alude a
algumas práticas dos Corintianos, que não foram registradas em nenhum outro lugar, e
da qual qualquer outro vestígio desapareceu.[41]
Antigos paralelos
Esta seção é interessante. Mas novamente incorre em uma premissa falsa; de que
somos Biblicistas, e desta forma qualquer referência contemporânea extra-bíblica que
encontrássemos teria um significado de prova para nós. Pode ter um significado
negativo (isto é, evidência contra alguma coisa), conforme Holding indica acima, mas
não nos é permitido de usá-la como evidência para um significado positivo. De qualquer
forma, nós não nos baseamos o batismo vicário em quaisquer destas evidências, seja ela
pró ou contra e quando Holding traz estes argumentos à tona ele está sendo ou ignorante
do racional que usamos ou nova e simplesmente pregando para sua própria
congregação.
Uma coisa que Holding ainda menciona, entretanto, é digno que se repita. Ao
responder a vários apologistas, ele indica que se vamos “provar um texto” a partir de
uma fonte dada, deveríamos considerar outras coisas que também vêm a partir da
mesma fonte. A medida que não estamos a formular doutrinas a partir de interpretações
particulares das escrituras, mas estamos apenas tentando demonstrar plausibilidade, este
criticismo não é realmente fatal para um argumento tão freqüente. Mas, deve servir
como um lembrete ao apologista como para isto atentar, e deixar claro do porquê está
ele citando a partir de uma fonte não-canônica, e para fazer isto dentro do próprio
contexto.
Voltaremos agora ao Pastor de Hermas, mas há uma outra questão que temos
que tratar, e isto ainda como uma outra pressuposição ainda não comentada: morte
como uma barreira entre a vida e a salvação.
Uma das razões deste versículo em I Coríntios quebrar a cabeça de muitos é que
esses muitos assumem que o julgamento ocorra na época da morte: designando o
indivíduo tanto para o céu ou para o inferno. Este não é o lugar para discutir as visões
SUD sobre céu e inferno, exceto pelo fato que acreditamos que no mundo pós-morte
onde as almas esperarão em dois “sub-reinos”, Paraíso e Prisão Espiritual, até o
Julgamento e a Primeira Ressurreição. Esta não é uma visão comumente compartilhada
hoje. É isto uma novidade SUD ou há indicações de que isto existia no antigo
Cristianismo? Pois se existem, então faz muito mais sentido para que o batismo vicário
tome lugar. Isto não prova a prática, mas a “concede tempo e espaço” para que
ordenanças vicárias aconteçam aqui, e para a beneficência dessas ordenanças serem
aceitas ou rejeitadas segundo a vontade daqueles que faleceram.
2 Macabeus 12:43-45.
A Bíblia Anchor não deixa dúvidas quanto ao inerente elo da dupla natureza
desta ordenança como requisitando tanto uma ordenança de água e espírito; ambas
sendo requeridas: (re: João 3:5) “da água e do Espírito. Os dois substantivos são
“anarthrous”e são governados por uma preposição.”[52] Isto deixa nenhuma dúvida
quaisquer que sejam a necessidade de ambos. Então não importa o que possa ter sido
uma prática do Velho Testamento do período inter-Testamentário, a filosofia de alguém
se arrepender pelos pecados é perfeitamente consistente, e não há nenhuma exceção
anotada. Nem mesmo para os mortos.
Trumbower mais uma vez acha evidência positiva para “Resgate dos mortos
dentro de um contexto de salvação”. Ele se refere a mesma seção de II Macabeus que
está sob discussão, todavia nos faz lembrar que:
Por que a mudança na perspectiva? Está aparente que o autor de II Macabeus 12:
43-45 adere à ideologia da diferenciação dos mortos bastante e claramente expressa
dentro do Judaísmo no Livro de Daniel, capítulo 12 (165 AC). Ele acredita que Deus
providenciará galardões para os justos e punição para os iníquos após a morte segundo o
modelo da ressurreição. Em Daniel, a forma da nova existência para os justos será
astral, ‘Aqueles que são sábios brilharão como o brilho do céu, e esses são os que
guiarão muitos para a justiça, como as estrelas para sempre e sempre’ (II Macabeus
7:11; cf. 14: 46). Tanto em Daniel como em II Macabeus, a esperança da ressurreição é
colocada em um contexto de intensa perseguição dos fiéis Judeus [incidentalmente,
exatamente como o pano de fundo aos Tessalonicenses – M.S.]; se Deus é justo, ele não
pode deixar os justos perecerem desta forma. Ele deve ter um plano para endireitar as
coisas corretamente através da restauração da vida ao justo e postumamente punir o
iníquo.
É este contexto que faz II Macabeus 12: 43-45 tão interessante. Afinal, os
soldados mortos haviam pecado por confiarem em ídolos, então alguém deveria
pressupor que eles devessem estar classificados entre os iníquos. O narrador até mesmo
diz que eles morreram em batalha precisamente por causa de seus pecados; deve-se
perguntar se quaisquer dos sobreviventes estavam usando os ídolos também. Nenhuma
menção é feita para uma busca entre os vivos para testar esta hipótese! É remarcável,
então, que Jasão e/ou o epitomizador desejassem estender simpatia àqueles mortos que
não mais poderiam se arrepender de seus erros… Se os soldados tivessem sobrevivido
eles poderiam ser capazes de arrepender-se dos pecados e oferecer um sacrifício
expiatório em seu favor. O autor de II Macabeus 12: 43-45 não aceitaria a morte como
uma fronteira artificial que impediria a gloriosa ressurreição destes soldados
pecadores.[53] [ênfase acrescentada]
Isto não é, afinal, uma extensão da prática Mosaica, mas um novo, um interlúdio
salvífico concedido aos mortos, e nos dá provavelmente um “terminus ante quem” para
o desenvolvimento dos esforços vicários salvíficos de toda espécie, mas
especificamente à expiação pós-morten. O “terminus post quem” será discorrido abaixo
na seção sobre apostasia. Mas falando sobre isso, onde quer que a prática tenha fenecido
no que os SUD chamam de “A Grande Apostasia,” isto permaneceu como parte da
filosofia do Judaísmo Talmúdico. Ainda no fim do nono século AD encontramos na
Midrash Tanhuma Ha’azinu I.f.339b, que se alguém ora em favor dos mortos no Yom
Kippur, “Deus as [as almas] traz para fora do Sheol e elas são disparadas como flechas a
partir de uma arco. Imediatamente um homem torna-se manso e inocente como uma
criança. Deus o purifica como na hora de seu nascimento, aspergindo água pura sobre
ele a partir de um balde [interessante referência batismal para um Cristão – M.S.]…ele
prova da árvore da vida continuamente e seu corpo reclina-se à mesa de todo santo e ele
vive para a eternidade.”[54]
A questão de quem estivesse salvo à época da descida [de Cristo] não estava em
consenso nos primeiros quatro séculos do Cristianismo, embora Agostinho e Gregório o
Grande fossem altamente influentes na confecção da doutrina normativa no Ocidente, as
ações de uma pessoa nesta vida apenas eram determinantes. Para estes, arrependimento
ou o recebimento da graça de Deus no pós-vida era, é agora, e sempre será
impossível.[57]
[Paulo] declara [que cada pessoa seria julgada pelos seus atos no corpo] muito
claramente em Romanos 3.23-25: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória
de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há
em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para
demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos
outrora cometidos;”. Alguns dos oponentes de Paulo [incluindo extremistas errantistas
do mundo moderno – M.S.] compreendem tudo isso como implicando que a ética
deveria ser irrelevante para Paulo e que em sua visão os Cristãos escapariam do
julgamento de Deus simplesmente pela virtude de seu status como Cristãos [isto é hoje
conhecido como ‘sola gratia – uma vez salvo, sempre salvo’ – M.S.]. Ele relata sobre
seus oponentes como caricaturando sua posição, "Vamos cometer o mal de tal modo que
o bem possa vir" (Romanos 3.8). Paulo está bem ciente de que seu discurso sobre a
graça gratuita de Deus poderia levar à conclusão, "devemos continuar em pecado, afim
de que a graça possa efetivar-se" (Romanos 6.1) Muito de Romanos 1-8 é uma tentativa
de Paulo para responder estes ataques. Ele põe ênfase na fé posterior, na transformação
pós-batismal do crente.[59]
Mais de Trumbower:
Eu concordo com Rissi e Hans Conzelmann (e para essa questão, com o profeta
Mórmon Joseph Smith), que a gramática e lógica da passagem aponta para uma prática
de batismos vicários de uma pessoa viva para o benefício de uma pessoa morta (Rissi:
89-92; Cozelmann, I Coríntios: 275-77; quanto a Joseph Smith, veja a introdução deste
volume [ele se refere a um vizinho SUD chamado Dawn Hill]). [61]
Suponha entretanto que alguns são realmente batizados, veremos se isto faz
sentido. Certamente, nessa suposição, tendo começado tal prática realmente indica quão
longe eles acham que o batismo trará benefícios à carne, mesmo quando é outra pessoa
quem é batizada e batiza vicariamente. Eles têm a esperança da ressurreição em vista, e
que uma ressurreição corporal, ou isto não seria atada com um batismo corporal –
conforme ele diz, que benefício traz isto para aqueles que são batizados mesmo, se os
corpos que são batizados não ressuscitarão novamente – pois a alma é santificada não
pelo lavamento corporal, mas pela resposta espiritual.[62]
Com toda justiça, deveria indicar que Trumbower acredita que apenas
catecúmenos eram batizados desta forma, não não-membros como modernos SUD o
fazem, mas o ponto é que no passado se alegou que nenhuma evidência havia jamais
sido encontrada sobre o que quer que tenha sido esta prática dos Corintianos. Agora
temos essa evidência, e estamos bastante contentes em esperar para que o tempo possa
revelar ainda mais. (Para iniciantes, Trumbower encontra uma grande variedade de
diversidade em como a prática era realmente engajada; alguns acreditavam que era
Cristo quem realizava os “batismos espirituais” correspondentes às ordenanças vicárias
físicas, outros de que era um grupo de 40 apóstolos e élderes).
Santos dos Últimos Dias realmente tomariam “um conforto extra” a partir do
fato de que a pessoa que mais fez para mudar a Igreja, junto com talvez Constantino e o
Grande e Tomás de Aquino (até que os Protestantes vieram e fizeram um estrago ainda
maior) – nomeadamente Agostinho, Bispo de Hipo – também condenou a prática.
Agostinho, é claro, pregava que o destino de criancinhas não batizadas era a eterna
condenação [64], uma questão que retornaremos na Seção sobre Apostasia.
Em uma referência final especialmente à prática SUD, ele alude à nossa crença
no dispensacionalismo:
Santos dos Últimos Dias e Shakers do século dezenove reviveram certos tipos
de salvação póstuma, sem necessariamente estarem cientes da antiga história, a não ser
por uma única passagem Paulina a respeito de batismo pelos mortos, I Cor 15:29. Isto
demonstra que o impulso religioso para resgatar os mortos possa levantar-se sempre que
haja um entusiasmo por nova atividade de Deus no mundo. Se os vivos podem
compartilhar sobre as novas bênçãos concedidas por deus, por que deveriam ser os
mortos exclusos?[65]
I Tessalonicenses 4:13-16.
Esta é uma referência ao fato de que aqueles que “dormiram em Jesus” serão
trazidos na primeira ressurreição. Holding reduz o paralelo de Welch com I Cor 15:29
para uma dispensa “Mas essa passagem não menciona batismo.” Holding se permite
estabelecer uma sofisticada estrutura literária Greco-Romana, e espera que nós
aceitemos padrões baseados em tal estrutura como significantes mas não permite que
Welch aponte para uma simples suposição de que Paulo fosse consistente em seus
ensinamentos, e não estamos fora de linha em procurar por paralelos entre os escritos
Paulíneos. Aqui temos dois padrões! Simplesmente não é verdadeiro que Welch “saca
desta passagem para a prática de batismos vicários”, porque isso não é o que Welch está
tentando fazer.
Pastor de Hermas.
J.A. MacCulloch, escreve que o antigo comentário em Hebreus 11:40 (“eles sem
nós não podem ser aperfeiçoados,” referindo-se a todos os Israelitas que antes haviam
existido) significa que estas eram pessoas do Velho Testamento que estavam no Hades
esperando por Cristãos para ajudá-los, e que Cristo “abriria as portas do mundo inferior
para as almas fiéis que lá estavam.”[68] Uma vez que a porta foi aberta, ela está aberta,
e não há necessidade de Cristo continuar reabrindo-a novamente. Assim como a
expiação é infinita tanto temporalmente para o passado como para o futuro, assim
também neste aspecto, ou subconjunto, como fosse do sacrifício expiatório: a habilidade
de garantir que todos tenham uma oportunidade de terem seus batismos realizados, de
uma maneira ou de outra, mais cedo ou mais tarde – é tudo a mesma coisa para o
Senhor.
O próximo passo é I Pedro 3:18-20; I Pedro 4:6, em que vemos refletida nossa
crença de que entre a crucificação de Cristo e a ressurreição, Ele pregou às almas que
não haviam tido uma chance de ouvir o Evangelho. Isto, combinado com os Santos
ainda viventes realizando ordenanças em seu favor permitiria que eles, se assim
escolhessem a obedecerem ao mandamento deixado por Cristo de que o batismo é
necessário (João 3:5 inter alia como acima).
Justino Mártir, um antigo Patriarca da antiga Igreja declarava que uma obra
apócrifa que era parte original de Jeremias havia sido removida, mas poderia ser
encontrada em algumas cópias do texto [69]. Parte disto dizia
O Senhor Deus se lembrou de Seu povo falecido de Israel que jaz nas
sepulturas; e Ele desceu para lhes pregar Sua própria salvação.[70]
Incidentalmente, esta (parte removida da escritura para uso geral) não é “outré”
uma alegação isolada como possa isso soar. De acordo com Akenson, o antigo período
Helenístico do Judaísmo, até a destruição do Segundo Templo, foi um período de
intenso esforço criativo, mas tudo aquilo parou em 70 AD (ou engrenou para um campo
neutro, todavia de qualquer maneira a revolta de Bar Kobha uma metade de século mais
tarde estacionou todas as coisas relacionadas com o culto do templo). No Concílio de
Jamia, que aconteceu quase no meio do caminho entre estes dois eventos catastróficos
(90-95 AD), os Judeus Fariseus começaram uma transformação que perdurou séculos,
saindo do “Judaísmo” para o “Judaísmo Rabínico”. Uma das coisas que esta
transformação fez desde muito cedo foi extrair qualquer material apocalíptico, uma vez
que eles, em um certo sentido tiveram que viver em um mundo “pós-apocalíptico”.
Então as “Adições a Daniel, Éster e Jeremias, que hoje fazem parte dos Apócrifos, na
verdade deveriam ser realmente chamadas de Subtrações de Daniel, Éster e Jeremias”; e
Enoque estava provavelmente perdido para sempre, não obstante as três versões que
temos hoje (que foram provavelmente escritas vários séculos depois da versão do
Segundo Templo). Nós finalmente recuperamos os Gênesis Apócrifo, o Livro dos
Jubileus, e outras pérolas desta era.[71] É claro, todos nós sabemos que se tivéssemos
dado chance a Martinho Lutero, teríamos um Novo Testamento com quatro livros a
menos: Tiago, Judas, Hebreus e Apocalipse.
Irineu, um outro antigo Patriarca da Igreja escreveu alguma coisa semelhante
para Justino Mártir:
“O Senhor desceu às partes sob a terra, anunciando também para eles as boas
novas de sua vinda, existindo remissão dos pecados para tais que nele
acreditarem”.[72]
Aqui está uma clara conexão entre Cristo pregando no “Hades” e a prática do
batismo vicário em uma fonte muito antiga (estimativas colocam seus escritos por volta
de 140 AD) e de uma fonte autoritativa (Códex Sinaiticus (*), incluía isto como parte do
Novo Testamento). *, junto com o Códex Alexandrino e Vaticanus formam os “três
grandes” – os mais antigos textos completos do Novo Testamento.
Holding apenas cita parte disto – a parte que havíamos mostrado em itálicos
acima. Ele então diz que isto apenas demonstra no máximo que batismos podem apenas
ter sido realizados por aqueles que viveram antes de Cristo, uma objeção que já
tratamos. Enquanto a porção que ele não cita não afeta esta cronologia, é a parte mais
clara da referência para batismos vicários reais.
Falando da perigosa tática de apenas citar parte de uma fonte, Holding diz o que
eu posso apenas chamar uma inverdade quando ele alega a respeito do fato que a leitura
de Bickmore do Pastor de Hermas não é consistente com a própria má interpretação de
Holding, que a “única documentação de apoio de Bickmore consiste de uma visão por
um líder de estaca que confirma sua interpretação!” O que Holding deixa de fora é que a
explicação de Bickmore que esta visão não tem nada a haver com a autoridade
doutrinária do batismo vicário como tal, mas é simplesmente uma informação ilustrativa
de que freqüentemente confirmação espiritual é concedida àqueles que participam em
ordenanças vicárias de que realmente pelo menos algumas das pessoas, cujo trabalho foi
por elas realizado, o aceitaram no Mundo Espiritual (um conceito que aparentemente
Holding ignora ou então não acredita, se for este último caso, tudo bem também,
todavia isto pode ser traduzido como uma idéia pré-concebida). Bickmore estava
discorrendo de que a ordenança terrena é apenas parte do processo, um processo que
deve acompanhar eventos e decisões no Mundo Espiritual, o “pós-mundo” SUD (mas
antes da ressurreição). E de fato, Bickmore realmente documenta que esta “parceria” era
parte do antigo contexto histórico do qual o primitivo Cristianismo brotou, citando J.R.
Porter referindo-se a “bem-conhecida idéia [Judaica] da correspondência e da
simultaneidade dos rituais terrestres e celestes…”[75] Mesmo se alguém discorde de
Porter, ou para esta discussão com a leitura que Bickmore faz de Porter, simplesmente
não é verdadeiro que a alegação de Bickmore é apoiada meramente por uma visão dada
por um presidente de estaca. De qualquer forma, conforme Bickmore indica, o
conhecimento de alguém aqui no mundo mortal receba revelação de que sua obra
vicária foi aceita não é uma doutrina oficial SUD, sendo por sua própria natureza apenas
ilustrativa.
Testemunhas Miscelâneas
A prática Corintiana de ser batizado em favor dos mortos demonstra quão forte a
consciência de que alguém pudesse agir em favor de um outro estava presente na vida
da comunidade Cristã (I Cor 15.29). Isto pressupõe a idéia de que nem mesmo o
batismo é um evento particular que afeta o assunto claramente delimitado, mas é uma
graça na qual pode-se extrair outras; esta é uma aplicação excepcional da antiga
comunidade em “ter todas as coisas em comum”, de tal forma que seus membros se
consideravam de ‘um só coração e alma’, sem que nenhum deles ‘considerasse o que
lhe pertencia como alguma coisa particular.’ (Atos 4:32).[87]
E além do mais o que está ao ouvido de Marcião e Mani ele grita alto,
afirmando, ‘se os mortos não ressuscitam novamente, o que realizarão aqueles que são
batizados em favor dos mortos?’ (I Cor. 15.29). ‘Vós dizeis que os corpos não se
levantarão novamente porque eles são do Hylé.’ [88] Se os corpos, sendo mortais, não
se levantam, concernente às almas, entidades vivas, por que farão elas um convênio em
favor daqueles corpos mortos? Ou também, por que batizariam eles os corpos mortos
junto com aquelas almas imortais, se, conforme vós dizeis, aqueles corpos mortais não
se levantarão novamente? Neste sentido também deve ser esta palavra compreendida, e
não como aquilo que Marcião fantasia: de que seja necessário colocar um parente vivo
para que seja batizado por uma criança morta de tal forma que ela possa ser contada
para ele - o que de fato os Marcionitas também praticam.[89]
O que está sendo aqui criticado é a idéia de que um cadáver tenha de ser
batizado, ou ter o ritual realizado em sua presença; Eznik de Kolb está indicando que
uma vez que o corpo é hylé, ou material, mas a alma não é, o ritual não requer a
presença física do cadáver para ser realizado.
‘Pois de outra forma o que farão eles…?’ é uma inesperada abertura, com o seu
tempo verbal futuro e o verbo ‘fazer’. Talvez isto signifique, ‘qual é o valor…?’ Este
problema, entretanto, é pálido e insignificante junto e ao lado do significado que
devemos designar para os que estavam sendo batizados pelos mortos. A maneira mais
natural de compreender estas palavras é ver uma referência ao batismo vicário. Alguns
dos crentes Corintianos podem ter sido batizados em favor de amigos que haviam
morrido antes do batismo (podemos dificilmente acreditar que eles teriam feito isso
para pessoas que não tivessem acreditado, ou que Paulo tivesse mencionado a prática
tão calmamente se este fosse o caso. Parry diz, ‘O sentido pleno e necessário das
palavras implica a existência da prática de batismos vicários em Corinto,
presumivelmente em favor de crentes que haviam morrido antes de serem batizados.’
[90] Ele olha então para todas as outras interpretações como ‘evasivas…totalmente
devidas ao não desejo em admitir uma prática de tal tipo, e ainda mais para uma
referência dela por São Paulo sem uma condenação.’
Que Paulo fosse bem capaz de arrazoar a partir de uma prática com a qual ele
desaprovasse é demonstrado pela maneira que ele se refere ao sentar-se à refeição em
um templo idólatra sem dizer qualquer coisa como isto sendo errado (8.10), embora em
uma passagem posterior ele conectasse os banquetes idólatras com demônios (10.21
ff.). Se for talvez significante que, enquanto Paulo não se detivesse para condenar a
prática da qual ele aqui fala, ele se desassocia dela (‘o que se farão aqueles que…?’
[Parece que Morris não está ciente de que não há nenhuma pessoa indicada, uma vez
que o termo é um particípio – M.S.] contraste com ‘por que pomos nós mesmos em
perigo…?, versículo 30). Ele simplesmente menciona a prática como acontecendo, e
pergunta que significado isto poderia ter se os mortos não ressuscitam. Atestam-se
batismos vicários no segundo século entre heréticos (Crisóstomo diz que os
Marcionitas o praticaram). Se alguma coisa como isto era conhecida em Corinto isto
poderia fortemente apoiar o argumento de Paulo pela ressurreição. Mas a prática não
é conhecida desde o primeiro século, nem pelos ortodoxos. Coisas estranhas
aconteceram em Corinto, mas isto é estranho até mesmo para Corinto. Então a
sugestão tem sido colocada de que alguns crentes haviam falecidos, e alguns dos vivos,
ainda que não fossem membros da igreja, estavam se batizando a fim de serem
integrados aos falecidos no devido tempo. Outros pensam no simbolismo do batismo
(Rom 6.1 ff), embora não seja fácil de ver a relevância disto com a ressurreição do
corpo. Outros mais uma vez vêem como uma referência aos mártires (‘batizados no
sangue’), ou para uma prática ‘com uma visão voltada para a (ressurreição) dos
mortos.’ Muitas outras sugestões têm sido feitas. Conforme Conzelmann diz, ‘a
engenhosidade dos exegetas arruinaram a base’.[91] Há pouca consistência ao
considerarmos mesmo as mais plausíveis sugestões. A linguagem aponta para o
batismo vicário. Se isto rejeitarmos somos deixados a conjecturas.[92] [ênfase
acrescentada]
Temerosos de que uma pessoa falecida que nunca houvesse sido batizada
pudesse ser mal ressuscitada ou absolutamente não ressuscitada, uma pessoa viva seria
batizada no nome da falecida. Desta forma ele acrescenta ‘por que se batizam então
por eles:' De acordo com isto ele não aprova o que está sendo feito, mas mostra uma
firme fé na ressurreição [que está implícita]. [94]
DeMaris 1995.
A partir do ponto de vista da comunidade Cristã, batismo pelos mortos era uma
expressão de confiança de que a morte não representava nenhuma ameaça ao Cristão,
vivo ou falecido… . Esta compreensão e aplicação do batismo podem ter perturbado
Paulo, mas não pelas razões tipicamente oferecidas pelos intérpretes da prática. Por
causa de sua menção disto possa implicar tolerância ou aprovação, muitos tentaram
distanciar Paulo do batismo pelos mortos ou remover características concebidas como
ofensivas a isto. Alguns alegam que Paulo estava argüindo ad hominen ou ex concessu
em I Cor 15.29, de tal forma que nem aprovasse ou desaprovasse a prática a que estava
se referindo. Ainda que tivesse sido improvável a Paulo se abster de criticar uma
prática que ele pelo menos não tolerasse, especialmente quando ele prontamente
corrigia más aplicações ou maus entendimentos sobre batismo em outras partes (I Cor
1.10; 10.1-13)… Se batismo pelos mortos perturbava Paulo, teria de ser por outras
razões. Aqui está uma possibilidade: sua implícita tolerância ou aprovação disto pode
ser devido às mulheres das igrejas Corintianas… Rituais funerários na sociedade
Greco-Romana eram abundantemente concentrado nas mãos das mulheres então a
tolerância de Paulo do batismo pelos mortos teria acrescentado ao prestígio e
influência das mulheres Corintianas… Eruditos concordam que Paulo confiasse em e
respondesse a tradição batismal em Romanos 6.1-11, mas discordam sobre a
quantidade e caráter da tradição que incluísse ou modificasse… A maioria dos eruditos
acha que Paulo escreveu Romanos em Corinto… O que aumenta a probabilidade que a
fonte aí para a imagem de sepultamento em Romanos 6, ao invés de batismo vicário,
seja um ritual funerário dos Cristãos de Corinto. Inspirado por eles para conectar
batismo com sepultamento, Paulo parece explorar em Rom 6.1-11 o que ele implicou
em I Cor 15.19 [96] [ênfase acrescentada].
DeMaris 1999. DeMaris levanta um ponto de apoio que os Santos dos Últimos Dias
podem usar para explicar a evidente paucidade dos detalhes da liturgia e do ritual no
Livro de Mórmon (não somente no Novo Testamento).
Ninguém sabe de fato o que está acontecendo. O melhor que se pode fazer em
termos particulares é apontar o que parecem ser as mais viáveis opções, todavia no
final admitir sua própria ignorância.[98]
O significado prima facie destas palavras aponta para a prática de batismo por
procuração. [103]
Cheesman: Você acredita que batismo pelos mortos foi praticado na época de Paulo?
Goodspeed: Não.
Cheesman: Você acha que ela deveria ser praticada hoje?
Goodspeed: Sim.[104]
Conforme foi mostrado, Santos dos Últimos Dias não consideram I Cor 15:29
isoladamente, mas o conectam com a pregação aos mortos referenciada em I Pedro
3:19-21 e I Pedro 4:6. Na primeira escritura o tipo de batismo universal é estabelecido
(por referência ao dilúvio universal por água), e em I Pedro 4:6 o fato é também
estabelecido que isto é também conectado à salvação universal. Muitos eruditos
Bíblicos têm tantas dificuldades com estes versículos como têm com I Cor 15;29 pois
eles se encontram tão fora de lugar (em suas teologias), mas de fato eles se adequam
perfeitamente bem dentro dos escritos apocalípticos sobre a era do Segundo Templo (I
Enoque tem uma referência similar, por exemplo no capítulo 22 [105], onde o Sheol é
descrito como sendo dividido em 3 partes, onde os espíritos dos mortos esperam a
ressurreição final e julgamento). De fato, a própria existência de tais escritos no cânon
demonstra que não se pode ser considerar um cânon completo baseado em consistências
internas precisamente por causa de tais “hapaxes doutrinários”.[106]
4:6: "Pois é por isto que foi pregado o evangelho até aos mortos, para que, na
verdade, fossem julgados segundo os homens na carne [literalmente, 'de acordo com os
homens'], mas vivessem segundo Deus em espírito. ['de acordo com Deus']”.
(1) Para propósitos salvíficos. Esta é a mais antiga interpretação, datando pelo menos
do começo do Segundo século. No Evangelho de Pedro 10:41, quando Cristo é trazido
de sua tumba por dois imensos anjos seguidos pela cruz, uma voz dos céus pergunta,
“Proclamastes àqueles que estão falecidos?” A cruz faz obediência em responder,
“Sim”. O contexto sugere que a pregação seria benéfica, tal como claramente afirmado
por Justino, Diálogo 72, escrito cerca 160. Clemente de Alexandria (cerca 200) oferece
a primeira e atestada interpretação de I Pedro 3:19 nessa linha, uma visão atrativa a
Orígenes que sustentava que o inferno não fosse eterno. Uma modificação de
abordagem a fim de evitar essa implicativa sobre o Hades sustenta que Cristo foi para
o limbo a fim de anunciar aos santos falecidos que os céus não estavam abertos para
eles e/ou oferecer aos pecadores uma segunda chance se aceitassem a proclamação.
[Uma posterior modificação, proposta hesitantemente por Agostinho, toma lugar da
interpretação de Orígines no Ocidente: A proclamação salvífica de Cristo aos
desobedientes contemporâneos de Noé não aconteceu após suas mortes mas durante
suas vidas no período do Velho Testamento. Isto reflete uma idéia, declarada em outros
lugares no Novo Testamento, que Cristo esteve ativo durante o período do Velho
Testamento, como um tipo de pré-existência mortal (BINTC 133-34)][108]
“E adentrei o reino das trevas e lá permaneci até que entrei no meio da prisão. E os
alicerces do caos estremeceram. E escondi-me deles por causa de suas iniqüidades, e
eles não me reconheceram... Ainda por uma terceira vez eu... para que pudesse entrar
no meio das trevas e nos interiores do Hades. E enchi minha face com a luz das
complexões de seu aeon. E entrei no meio de sua prisão, que é a prisão do corpo. E
disse, ‘Aquele que me ouve, que possa se levantar do seu sono profundo.’ E ele ouviu e
derramou lágrimas. Lágrimas amargas ele enxugou dos seu olhos e disse, ‘Quem é que
chama pelo meu nome, e de onde vem esta esperança para mim enquanto estou nas
cadeias da prisão?’ E eu disse, ‘Eu sou a Pronóia da pura luz; sou o pensamento do
Espírito Virginal, quem o levantou até o lugar honrado. Levanta e lembra que és tu
quem ouviu, e segue tua raiz que sou eu, o misericordioso, e guarda-te contra os anjos
da pobreza e dos demônios do caos e de todos aqueles que te enganaram, e cuidado
com o sono profundo e a clausura dos interiores do Hades. “E o levantei e o selei na
luz da água com cinco selos, a fim de que a morte não tivesse poder sobre ele daquele
dia em diante”. (ênfase acrescentada) [112]
“e ele pôs um selo sobre eles. E todos aqueles que entraram na torre tinham as
mesmas vestimentas, brancas como a neve. E aqueles que haviam desistido de suas
barras [rods] verdes quando (os)as receberam, ele os enviou além, dando-lhes uma
túnica [branca] e selos. Eu então lhe disse; ‘Senhor, informa a mim o que significa esta
árvore. Pois estou perplexo e nada parece ter sido dela cortado; por isto estou
perplexo.’ ‘Ouve,’ disse ele; esta grande árvore cuja sombra cobre planícies e
montanhas e toda a terra é a lei de Deus que foi dada a todo o mundo; e esta lei é o
Filho de Deus pregado até os confins da terra. Todavia o povo que está debaixo da
sombra são aqueles que ouviram a pregação,’ e acreditaram Nele; mas o grande e
glorioso anjo é Miguel, que tem o poder sobre este povo e é seu capitão. Por isto é ele
quem coloca a lei dentro do coração dos crentes; portanto ele próprio inspeciona
aqueles a quem ele concedeu, a fim de ver se eles a observaram. Mas tu vês as barras
de todas as pessoas, pois as barras são a lei”. [113]
Richard Anderson notou também esta conexão, particularmente com o
batismo, comentando:
"Vem tu também! Oh, homem avançado em idade, deixai Tebas, e lançai de ti tanto
a adivinhação e o frenesi Bacanal, permita-te ser guiado à verdade. Dou-te o cajado
[da cruz] sobre o qual inclinarás. Haste, Tirésias; crede, e verás. Cristo, por quem os
olhos dos cegos recuperam a visão, derramará sobre ti uma luz mais brilhante que o
sol; a noite de ti fugirá, o fogo temerá a ti e a morte irá embora; tu, velho homem, que
não viste Tebas, verás os céus. Oh verdadeiros e sagrados mistérios! Oh luz imaculada!
Meu caminho é alumiado por tochas, e pesquisei os céus e Deus; tornei-me santo
enquanto fui iniciado. O Senhor é o hierofante, e sela enquanto ilumina aquele que é
iniciado, e apresenta ao Pai aquele que crê, a fim de ser resguardado para todo o
sempre. Tais são os devaneios dos meus mistérios. Se for teu desejo, sê tu também
iniciado; e tu juntar-te-á ao coral de anjos ao redor do incriado e indestrutível e
verdadeiramente único Deus, oh Verbo de Deus, cantai o hino conosco Este Jesus,
quem é eterno, aquele que é o Sumo Sacerdote do Deus Único, e de Seu Pai, que ora
pelos homens e exorta a todos eles.(ênfase acrescentada)" [115]
O Sphragis… ‘As cerimônias de Batismo incluíam um ritual que até agora não
discutimos, por causa de sua particular importância merece um estudo especial: este é
o ritual do sphragis, isto quer dizer, a imposição do sinal da cruz na testa do candidato
a batismo.’ [117] Este ritual é uma tradição muito antiga; São Basílio a cita com a
oração ad orietem, como estando entre as tradições não escritas que vieram desde a
época dos Apóstolos: ‘que nos ensinou a marcar com o sinal da Cruz aqueles que
puseram sua esperança no nome do Senhor.’ [118] A posição deste ritual tem variado:
Algumas vezes o encontramos unidos com o processo no começo do catecumenato,
como é o caso na obra de pseudo-Dionísio (i.e. Dionísio, o Areopagita (396 A – 400 D).
Teodoro de Mopsuéstia o coloca entre a renúncia de Satanás e o Batismo (XII. 17-8).
Mais comumente, parece que foi concedido após o Batismo, e isto é o que encontramos
em Cirilo de Jerusalém e Ambrósio. Para eles, isto está associado com a unção do
crisma, e está em conexão com este ritual que é mencionado. Além do mais, pode ter
sido repetido ao longo do curso de processo da iniciação, como é no presente Ritual
para o Batismo de Adultos. A importância do ritual aparece do fato que ela
freqüentemente serve para denotar Batismo como um todo, isto freqüentemente
chamado como o sphragis. [119] Encontramos isto em várias listas de nomes para
Batismos dadas pelos Patriarcas: por exemplo, Cirilo de Jerusalém diz, ‘quão grande é
o Batismo; ele é a redenção dos prisioneiros, a remissão dos pecados, a morte do
culpado, o renascimento da alma, o garment de luz, o selo santo e inerradicável
(sphragis), o veículo para nos carregar até os céus, os prazeres do Paraíso, a petição
pelo Reino, a graça da adoção’.[120]
Dídimos o Cego usa a mesma linguagem: ‘Em muitas coisas, mas acima de tudo
no que concerne o Santo Batismo, a escritura parece mencionar, por causa de Sua
identidade da essência da ação com o Pai e o Filho, apenas o Santo Espírito e Sua
marca salvífica com a qual fomos selados, sendo restaurados ao nosso primeiro
semblante. Pois a ovelha que não é marcada (asphragiston) é uma presa fácil para os
lobos, não tendo o auxílio do sphragis e não sendo reconhecida como as outras demais
pelo Bom Pastor, uma vez que não conhece o Pastor Universal.’[131] O sphragis
imprime na alma a imagem, a semelhança de Deus, conforme o que o homem foi criado
desde o começo.[132]
Mas a fim de interpretar este aspecto do sphragis, não precisamos procurar por
analogias no mundo Grego. Pois a imposição de uma marca por Deus tornando o
indivíduo inviolável é encontrada na Bíblia. O primeiro exemplo é aquele de Caim, a
quem Deus o marcou com um sinal de tal forma que ninguém pudesse matá-lo (Gen
4.15). Este sinal é um de proteção; é a declaração de proteção divina do homem
pecador. Em Ezequiel, lemos que os membros da futura Israel carregam o sinal de Deus
em suas testas (9.4). Aqui, então, temos a tipologia primária do sphragis. E é digno de
nota que este sinal é um “T” para o Novo Testamento também, no Apocalipse, mostra os
santos marcados com o sinal do Cordeiro (Apoc. 7.4) e este sinal é provavelmente
aquele da Cruz, isto é, um “T” [está se referindo especificamente à letra grega
maiúscula ‘Tau’, freqüentemente chamada de “Cruz Grega” – M.S.]. Seja isto como for,
vemos o significado que foi dado ao sphragis batismal ao longo destas linhas: isto
marcava o caráter da inviolabilidade do Cristão. E isto está diretamente conectado ao
próprio sinal da Cruz. Pois foi pela Sua Cruz que Cristo espoliou as principalidades e os
poderes. Daí por diante eles foram conquistados. E pelo Batismo o cristão compartilha
esta vitória de Cristo. Desta maneira as forças do mal não têm poder sobre ele.
Isto é porque ele precisa apenas marcar-se com o sinal da Cruz a fim de lembrar
estas forças de sua derrota e colocá-las para fugir. Isto é verdadeiro sobre tudo do rito
batismal em si, conforme Cirilo de Jerusalém explica: ‘a invocação da graça, marcando
sua alma com este selo (sphragis) permite que vós não sejais engolidos pelo demônio.’
[146] Cirilo de Jerusalém escreve: ‘o sacerdote te marcou na testa com o sphragis para
que tu possas receber a impressão dos selos, para que tu possas ser consagrado a Deus.
[147] E mais adiante [Cirilo ainda escreve]: ‘o Senhor não dá coisas santas aos cães,
todavia quando Ele vê uma consciência justa, Ele imprime nela Seu santo e maravilhoso
sphragis para que os demônios temam.’ [148] Mas falando do sphragis, Cirilo não quer
dizer somente a imposição do sinal da Cruz no Batismo, mas também do costume
Cristão de marcarem-se com a Cruz em suas testas em todas as circunstâncias da vida:
‘não nos envergonhemos da Cruz de Cristo, mas mesmo se alguém mais concilie isto,
carregai a marca publicamente em vossas testas [sphragizou] de tal forma que os
demônios, ao verem o sinal real, tremerão e por-se-ão a fugir para bem longe. Fazei este
sinal [semeion] quando comeres e quando beberes, quando vos sentares, quando fores
para o leito, quando levantares, quando falares – em uma palavra, em todas as
ocasiões.[149] Mais adiante, {Cirilo} retoma a idéia: ‘Não nos envergonhemos de
confessar o Crucificado. Façamos o sinal da Cruz [sphragis tou stauro] com segurança
em nossas testas com nossos dedos, e desta maneira em todas as circunstâncias: quando
comermos e quando bebermos...entrarmos...sairmos, antes de dormir.... Aqui está uma
grande proteção que é de graça para o pobre e fácil para o fraco; uma vez que a graça
vem de Deus. É um sinal para os fiéis e um terror para os demônios. Na cruz, Ele
triunfou sobre eles; e desta forma, quando eles o vêem, eles se lembram do Crucificado;
eles temem Aquele Quem esmagou as cabeças dos demônios’[150].
Antônio dá a eles mais atenção do que ele deu aos demônios, vem para porta e
faz-lhe a promessa para irem embora: ‘marcai-vos’ [sphragizate heautousi], disse ele, ‘e
ide em segurança.’ E então iam embora, fortificados com o sinal [semeion] da
Cruz.[151]
Os vários significados do sphragis que estamos estudando até agora têm sido
majoritariamente conectados com o uso da palavra no mundo Grego. Mas um último
teste de São Cirilo nos coloca em um uma outra linha de descoberta, apontando para um
novo simbolismo e inquestionavelmente nos colocando no caminho do verdadeiro
significado deste ritual. ‘Após a fé nós, como Abraão, recebemos os sphragis
espirituais, sendo circuncidados no Batismo pelo Espírito Santo.’ [152]
São Paulo freqüentemente alude aos sphragis. Por exemplo, na Epístola aos
Efésios 1.13, Romanos 4.11... O uso da palavra sphragis para descrever circuncisão é
freqüentemente encontrado em outras situações. Nós não a encontramos na Septuaginta;
São Paulo é o primeiro a empregá-la [Romanos 4.11]. Mas após seu exemplo, os
Patriarcas a usam freqüentemente. Para citar apenas um exemplo, Eusébio de Cesárea
escreve ‘Abraão, quando era um homem avançado em idade, foi o primeiro a submeter-
se a circuncisão de seu corpo, como um tipo de selo [sphragis], passando este sinal
àqueles que deveriam dele ter nascido como uma marca de sua filiação a sua raça’ [153]
Mas a circuncisão era apenas uma figura; o verdadeiro sphragis é aquele do Novo
Convênio. Isto é sugerido por São Paulo em [Gálatas 6.14-17]... .Talvez há nestes
estigmatas uma alusão às marcas dos sacerdotes pagãos. Mas o texto inteiro nos leva a
uma diferente conclusão: quando São Paulo considera ser o sinal de sua dignidade, o
que o torna uma pessoa consagrada, não mais é a circuncisão, é a Cruz de Cristo. E ele
carrega em seu corpo as marcas de sua Cruz. Ele recebeu estas marcas pela primeira vez
quando se tornou uma nova criatura, quer dizer, no Batismo.
"Este mesmo contexto batismal parece estar por trás de um texto do Pseudo-
Barnabé: ‘vós podereis dizer, talvez que (o povo Judeu) foi circuncidado a fim de
estabelecer um selo [sphragis] no Convênio. Mas os sacerdotes dos ídolos são também
circuncidados. Pertencem eles ao Convênio? Aprendei que Abraão, quem foi o primeiro
a ser circunciso, isto o fez em espírito, tendo seus olhos em Jesus"[154]
Podemos ver que toda a teologia do caráter sacramental está atada aqui em
embrião, como Santo Agostinho fê-la mais precisa contra os Donatistas ao condenar a
repetição do Batismo... . Este argumento foi proposto por São Paulo, mesmo antes de
Santo Agostinho: 'Embora o Espírito Santo não se misture com aqueles que são
indignos, não obstante, de uma certa forma, ele parece permanecer presente com
aqueles que uma vez foram marcados com o selo [sphragis], esperando suas salvações
pela conversão. É apenas à morte que Ele será totalmente tomado da alma que
profanou a graça' [162]. Agora podemos perceber a riqueza da doutrina do sphragis,
como de imediato um rito especial, e um aspecto do Batismo. Está bastante claro que é
o batismo em si que é o selo do convênio. Conforme São Cirilo diz em uma breve
fórmula: ‘Se o homem não recebe o sphragis pelo Batismo, ele não entrará no reino dos
céus’ (cf. D&C 132 para uma referência moderna do “novo e eterno convênio” –
MS).[163] Mas a diversidade de rituais significa trazer de uma maneira visível as
riquezas realmente efetuadas pelo próprio Batismo: os garments brancos, a restauração
da incorruptibilidade, a imersão, a destruição do homem de pecado; a sphragis, o novo
convênio [164] (ver também D&C 132 mais uma vez).
Esta é uma seção que Holding não leva em conta, mas o purgatório, embora um
desenvolvimento relativamente posterior como um reino de penitência pré-julgamento
no pós-morten dentro da igreja Católica, é um que tem alguns fortes paralelos com o
conceito SUD de um mundo espiritual dividido em duas seções: Paraíso e o Mundo
Espiritual. Ela sustenta a doutrina das ordenanças vicárias pois um mundo espiritual ao
estilo SUD dá aos vivos tempo para trabalharem em favor dos mortos porque os mortos
não são condenados (ou enviados ao céu) imediatamente após a morte, mas após o
Julgamento Final – contrário a maioria dos sistemas de crença dos Protestantes.
Portanto é uma doutrina companheira importante, como era, àquela das ordenanças
vicárias. A natureza bi-partida disto, e o fato que isto jaz entre a morte e a ressurreição e
o Julgamento Final é o que nos interessa, não necessariamente os detalhes penitenciais
[gaudy] que pode se ler num Purgatório, como na parte da Divina Comédia de Dante.
Podemos ver os primórdios desta doutrina (tanto a correta SUD como a herética
Católica – N.T. segundo a perspectiva SUD, é claro, católicos provavelmente
inverteriam os adjetivos), nos escritos dos Patriarcas da Igreja ante-Niceianos. Segundo
LeGoff, “Orígenes em última análise ver apokatastassis como um processo de
purificação gradual através da penitência.”[166]
Mais uma vez, a imparciabilidade força-me a apontar que LeGoff não concorda
com isto, assumindo que os Patriarcas da Igreja retro-lançaram sua crença até os tempos
Bíblicos, desta forma tem cuidado ao usar um argumento deste tipo. Mas isto é quase
nada para nossos críticos também, pelo menos para aqueles que são Biblicistas, uma vez
que o criticismo histórico de LeGoff demoliria também a historicidade da Bíblia na
forma atual. De qualquer maneira, LeGoff também cita de Patriarcas da Igreja da época
do Concílio de Nicéia em diante e de outras fontes tais como Lactâncio (a mais antiga
testemunha, além de Orígenes), e então movendo para a época pós-Niceiana e ao
começo da Idade Média Hilary de Poitiers, Ambrósio, Jerônimo, Ambrosiaster (um
pseudônimo para uma pessoa cuja identidade é desconhecida mas que viveu na segunda
metade do 4o século).[170] Hilário acreditava que “os justos esperam o Último
Julgamento no seio de Abraão, enquanto pecadores são atormentados pelo fogo.”
Ambrósio cria, “que as almas dos mortos esperavam pelo julgamento em diferentes
‘habitações’, como está no Quarto Livro de Esdras,” embora ambas as crenças destes
homens fossem de alguma forma mal concebidas; Ambrósio achava que todos que
fossem salvos pelo Sacrifício Expiatório, as orações dos vivos poderiam ajudar a aliviar
o sofrimento dos mortos, que os sufrágios poderiam ser úteis em mitigar as penalidades
a serem cumpridas no outro mundo. [171] A crença de Jerônimo, aquele grande tradutor
Latino, cria em “Assim como acreditamos que os tormentos do Demônio, de todos
aqueles que negaram a Deus, dos profanos que disseram em seus corações, ‘não existe
Deus,’ serão eternos, assim também cremos realmente que o julgamento dos pecadores
Cristãos, cujas obras serão testadas e purgadas no fogo será moderado e misturado com
clemência”. Embora sua alocação temporal não seja clara, a bi-partição da natureza do
mundo pós-morten o é. [172].
LeGoff põe a culpa para a evolução destas antiga idéias de um reino bipartido
onde esperamos o Julgamento e Ressurreição aos pés de – sem surpresas para os Santos
dos Últimos Dias – Agostinho. Ironicamente, Agostinho não estava particularmente
interessado na doutrina do Purgatório, mas escreveu algumas coisas sobre isso, e
“solidificou” a crença em um reino bipartido no Purgatório mais ou menos como
presentemente compreendida. Na opinião deste autor, colocada em outro lugar desta
revisão, Agostinho é mais responsável pela apostasia do antigo Cristianismo pela adição
e subtração de doutrinas sob a influência do Médio Platonismo, do que qualquer pessoa
mais entre Constantino e Tomás de Aquino. Então é com Agostinho que Santos dos
Últimos Dias tomam nossa partida da doutrina primitiva à medida que ele a desenvolvia
(distorcendo-a). Pela época da Divina Comédia de Dante até mesmo a “geografia” do
Purgatório estava estabelecida (conforme colocada em excruciante detalhe no
Purgatório, o segundo volume destas séries.[173] Mas o fato de que o Purgatório tinha
uma “geografia”, embora não uma geografia física, nem terrena, é enfatizado em obras
como a do Venerável Beda “Visão de Drythelm,” a qual indicava um “Purgatório
penitencial no nordeste” e um “Purgatório de espera no sudeste.” [174] Segundo uma
antiga visão do 7o século pelo espanhol Abbot Valera que relata “A Visão de Bonellus,”
em que Bonellus percebe que o sistema do purgatório é dualístico: “um lugar, não
nomeado, é muito agradável, o outro é um abismo (abyssus) chamado inferno”. [175]
Não deve ser surpresa para qualquer historiador que o grande silêncio que se
estabeleceu sobre o mundo Mediterrâneo no segundo século, dado os grandes levantes
que ocorreram durante o que foi um período crítico da história Cristã, é uma das razões
que este tipo de argumento a partir do silêncio tomado por Holdings é tão perigoso.
Apenas para os iniciantes, Paulo refere-se em “Primeiro” Coríntios a uma epístola
anterior. Então o que hoje chamamos I Coríntios deveria ser II Coríntios e o que
chamamos II Coríntios deveria ser realmente III Coríntios. Não temos pista alguma do
que realmente o I Coríntios continha.