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Notícias do Brasil.

Uma notícia está chegando lá do Maranhão/Não deu no rádio, no jornal ou na televisão


Veio no vento que soprava lá no litoral/De Fortaleza, de Recife e de Natal
A boa nova foi ouvida em Belém, Manaus,/João Pessoa, Teresina e Aracaju
E lá do norte foi descendo pro Brasil central/Chegou em Minas, já bateu bem lá no sul

Aqui vive um povo que merece mais respeito/Sabe, belo é o povo como é belo todo amor
Aqui vive um povo que é mar e que é rio/E seu destino é um dia se juntar
O canto mais belo será sempre mais sincero/Sabe, tudo quanto é belo será sempre de
espantar/Aqui vive um povo que cultiva a qualidade/Ser mais sábio que quem o quer governar

A novidade é que o Brasil não é só litoral/É muito mais, é muito mais que qualquer zona sul
Tem gente boa espalhada por esse Brasil/Que vai fazer desse lugar um bom país
Uma notícia está chegando lá do interior/Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil/Não vai fazer desse lugar um bom país

[Notícias do Brasil (Os pássaros trazem) – Milton Nascimento e Fernando Brant, 1998].

Como vimos anteriormente, os jesuítas foram os responsáveis iniciais


pela aculturação, assimilação ou encontro entre culturas, das populações
indígenas brasileiras. Suas estratégias de catequização eram a utilização das
línguas nativas, a publicização e teatralização dos sacramentos, a criação de
uma língua geral e a catequese das crianças como forma de se chegar aos
pais. Dentre essas, a mais poderosa foi o teatro do padre espanhol José de
Anchieta, que, além de autor dramático, foi também poeta e pesquisador da
cultura indígena, chegando a escrever, em 1595, a primeira gramática
brasileira, contendo os fundamentos da língua tupi: Arte de gramática da
língua mais usada na costa do Brasil.

Inventor de um estranho imaginário sincrético, nem só católico, nem


puramente tupi-guarani, como nos fala Alfredo Bosi, ao aprender o tupi
Anchieta passou a escrever autos para encenar com as crianças indígenas, os
curumins, que passaram a cantar os anjos e santos católicos e a louvar um
Deus que não fazia sentido para eles, terminando por criar uma nova mitologia.
Foi, digamos, um jogo entre arte, pedagogia, religião, teatro e catecismo que
atendeu, pelo menos por um tempo, às exigências da Contra-Reforma.

Tanto Anchieta quanto outros jesuítas deixaram, do ponto de vista


estético, a melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro, que são as
manifestações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI,
correspondendo ao Classicismo português.

Os portugueses de então possuíam duas preocupações distintas: a


conquista material, resultante da política das Grandes Navegações, e a
conquista espiritual, resultante do movimento de Contra-Reforma, movimento
que, entre outras coisas, está intimamente ligado ao estilo barroco, como nos
mostram os autos sacramentais dos jesuítas. Com essa nova proposta artística
a Igreja converte-se numa espécie de espaço cênico, num teatro sacrum
onde são encenados todos os dramas. Além da literatura atingiu também a
música, a arquitetura, a escultura e a pintura.

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