Вы находитесь на странице: 1из 54

RELATÓRIO TÉCNICO

CINEMA MENINOS DE ARAÇUAÍ


JULHO A NOVEMBRO
2008

INTRODUÇÃO

O projeto Cinema dos Meninos de Araçuaí insere-se no contexto de um projeto mais amplo,
denominado “Araçuaí: Cidade Sustentável”, resultado da convergência de tecnologias sociais e da
combinação de esforços integrados de 13 organizações brasileiras, com histórias e experiências
variadas de atuação junto aos diversos setores da sociedade, unidas em torno de um objetivo comum:
contribuir para a transformação social da população de Araçuaí.

O cinema surgiu do desejo e de um amplo movimento dos meninos e jovens que fazem parte do coral
“Meninos de Araçuaí”, que conseguiram arrecadar, com os recursos obtidos com a venda de ingressos
para o espetáculo “Santa Ceia” e as vendas do CD “Roda que Rola”, o valor de R$ 40 mil. Eles
realizaram um orçamento participativo envolvendo mais de 600 crianças e jovens da cidade para
responder à seguinte questão: o que poderia ser feito, em benefício da cidade, com os R$ 40 mil
arrecadados? A partir dessa consulta, surgiram várias propostas, mas a mais votada foi dotar a cidade
de Araçuaí de um cine-teatro. O Cinema Meninos de Araçuaí é a realização desse sonho, pois a
maioria da população jamais havia entrado num cinema ou assistido a um filme em tela grande e em
ambiente adequado.

O cinema é um espaço cultural não apenas para a exibição de filmes, mas também um ponto de
cultura onde os jovens poderão fazer suas produções locais de vídeos, criar atividades formadoras da
identidade e da cidadania, por meio de linguagens artísticas e culturais, contribuindo para a formação

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 1


integral da população jovem, urbana e rural da cidade.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

• Formação dos Agentes Comunitários de Cultura

A formação metodológica dos agentes acontece todos os dias, com as rodas de discussão, as
dinâmicas, as brincadeiras, os textos, os trabalhos coletivos, as pesquisas. Todas essas atividades
propiciam momentos de alegria, reflexão, participação, aproximação e afeto do grupo. Todo o
planejamento tem sido feito a partir das propostas do MDI, que tem sido utilizado para refletirmos
sobre as dificuldades do dia-a-dia e, a partir daí, pensarmos soluções para os problemas.

Há uma preocupação em fazer com que o grupo incorpore a metodologia do trabalho, formando um
verdadeiro time, para que esses jovens contribuam com sua comunidade, promovendo ações que
estimulem o protagonismo infanto-juvenil, construindo uma rede de cultura e aprendizagem. Esses
jovens farão parte de uma “Fabriqueta de Cultura”, dentro da Cooperativa Dedo de Gente, espaço
para o protagonismo juvenil, a partir de ações de geração de renda, de troca de tecnologias
comunitárias e de desenvolvimento sustentado. Lá a cultura é matéria-prima e instrumento de trabalho
pedagógico e institucional.

A formação técnica se dá através do CPCD e dos parceiros do projeto. Para o melhor desenvolvimento
do trabalho, promovendo conhecimento e habilidade na área de formação cinematográfica, o grupo
tem participado de oficinas com técnicas na área de vídeo e rádio, como cinegrafia, operação de
câmera, iluminação, roteiro e produção, captura e edição de imagem, produção e direção de rádio,
reportagem, locução e edição de áudio.

Outras oportunidades de oficinas nessa área têm surgido em Araçuaí, e os jovens do cinema estão
sempre atentos a isso. A participação na oficina de audiovisual, juntamente com a equipe da
Associação de Imagem Comunitária (AIC), foi mais uma contribuição importante de aprendizado na
formação técnica do grupo. O objetivo da oficina da AIC em Araçuaí é nortear e motivar os jovens à
capacitação e ao fortalecimento, para que possam crescer, desenvolver e multiplicar seus próprios
projetos com autonomia.

No momento, o grupo participa de uma oficina técnica de edição coordenada por Jênus Colares,

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 2


editor da TV local (TV Araçuaí), que tem como objetivo o melhor conhecimento e o desenvolvimento na
área de cinegrafia e edição.

• Formação cinematográfica

Nem todos os jovens têm esse costume de assistir a filmes com freqüência. Estimular nos jovens o gosto
em assistir filmes é muito importante para a formação educacional, o espírito crítico, tornando-os um
público exigente, seletivo, crítico e apreciador da sétima arte. Todas as segundas-feiras, o grupo se
reúne para assistir aos filmes da programação.

Os filmes trazem para a roda opiniões que são debatidas, desde a mensagem que é passada, se o
filme é bom ou ruim, até a observação das imagens, transições de vídeo, efeitos, uso do som, da luz,
monitoramento da câmera, atuação dos atores etc. Essas discussões trazem conhecimento,
aprendizagem e aguçam a curiosidade do grupo em aprender, pesquisar, conhecer sobre essa
linguagem do cinema.

• Pesquisas

As pesquisas têm sido importantes para o conhecimento do grupo. Cada semana um novo assunto
sobre a história do cinema é pesquisado e trazido para a roda. São assuntos que contam sobre o início
do cinema, suas histórias durante quase 100 anos, sua evolução, suas primeiras projeções, os grandes
cineastas, curiosidades sobre os filmes a que assistimos, suas histórias e outros temas relacionados.

O filme “A Biografia de Charles Chaplin” trouxe para a roda discussões sobre o governo da época. O
grupo pesquisou sobre o nazismo e o comunismo, levantou situações do governo de Hitler, da
sociedade fechada, como seria hoje. O grupo do comunismo trouxe a liberdade de expressão e
direitos iguais. Tais pesquisas sobre documentários, curiosidades dos filmes e a história do cinema têm
contribuído para a formação e o desenvolvimento do grupo, e com isso se forma uma roda de
conhecimento, participação, troca de aprendizado. Os filmes trazem curiosidades e histórias
verdadeiras sobre pessoas importantes que fazem parte do cinema brasileiro.

• Formação de público

O Cinema dos Meninos de Araçuaí é um projeto que rompe paradigmas. Ao contrário da maioria das
cidades brasileiras, que vêem suas salas de cinema fechadas ou reduzidas, Araçuaí vê seu povo entrar

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 3


pela primeira vez numa sala de cinema e assistir a um filme numa tela grande. Esse é um grande
desafio da equipe do cinema: fazer com que as pessoas passem a gostar de cinema, a ver filmes como
opção de lazer.

O cinema está aberto para a comunidade. Ao longo desses meses de funcionamento, as escolas têm
agendado sessões fechadas para seus alunos, tanto da zona rural como da urbana. Com isso,
estamos conseguindo estabelecer um vínculo que nos ajuda na formação do público. As sessões
acontecem sempre no horário de aula, de terça a sexta-feira, de acordo com os horários disponíveis.
Os filmes assistidos são instrumentos pedagógicos para a discussão e o aprendizado em sala de aula.

Toda quarta pela manhã e quinta na parte da tarde, o cinema é exclusivo para as crianças do projeto
Ser Criança do CPCD. Elas sempre assistem ao filme infantil que foi exibido no final de semana
anterior. Cada filme assistido é levado para a roda e discutido. A partir do que viu, a educadora
procura trabalhar suas dificuldades. As crianças do projeto têm a oportunidade de ter um cinema para
elas e de ver filmes de qualidade.

Os clubes de vídeo com crianças e jovens da nossa comunidade é uma das formas de fazer a
formação de público. Proporcionar esses momentos tem como objetivo estimular o hábito e o gosto
para os filmes, sem contar que vamos formando um novo público, exigente, seletivo, crítico e
apreciador da sétima arte.

• Produção de vídeo e rádio

A equipe vem discutindo e aprendendo a utilizar as técnicas de vídeo e rádio como um meio de
estímulo ao resgate e à valorização da cultura do Vale. O aprendizado é constante e um vai
aprendendo com o outro. A equipe de vídeo tem tido a oportunidade de participar de oficinas que
acontecem na cidade, o que tem gerado mais conhecimento, aprendizado e eficiência na hora de
elaborar e concluir os trabalhos.

Os trabalhos do CPCD desenvolvidos nos projetos têm servido de material para a elaboração de
pautas e roteiros e para a produção de vídeo e rádio. As histórias do nosso povo, seus costumes, seus
causos, suas comunidades também são matérias de curiosidade e conhecimento para o grupo. As
pautas são discutidas e elaboradas de acordo com o nosso objetivo. Depois de discutidas e
elaboradas, são transformadas em documentários, chips, programas e vídeos. Essas produções têm
desenvolvido o aprendizado, o conhecimento da nossa história, o contato com as pessoas da nossa

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 4


cidade. O grupo está trabalhando com uma nova pauta: conhecer e aprender sobre sustentabilidade
ambiental.

O planeta está chegando a um ponto cada vez mais crítico, o que nos mostra que não pode ser
mantida a lógica prevalecente de aumento constante do consumo, pois já se verificam seus impactos
no plano ecológico global. O tema foi proposto por toda equipe: na roda, todos discutiam sobre a alta
temperatura da nossa cidade, o quanto o sol vem esquentando, comentavam também sobre a situação
do Córrego Calhauzinho, que está totalmente poluído. E daí surgiu a necessidade de trabalhar com
esse tema, levando em conta os dois programas do projeto Arassussa: “Meu lugar é aqui” e
“Cuidando dos tataranetos”.

O objetivo desse trabalho é fazer com que o grupo se interesse pelo que está acontecendo à sua volta.
Por mais que esse assunto sobre questões ambientais esteja sendo falado e discutido nas escolas, na
televisão, nos jornais, as pessoas ainda são indiferentes ao que acontece na sua casa, no seu bairro e
não enxergam que pequenas coisas que fazem contribuem para o aumento da poluição ambiental.

O grupo começou a ler a reportagem e a discutir na roda sobre esse assunto. Na verdade, o problema
já existe: o que vamos discutir e trazer à tona são práticas, maneiras, ações que podemos fazer para
amenizar o que já existe e preservar aquilo que ainda nos resta, de forma que no futuro se tenha um
mundo melhor para a nova geração que virá.

A revista “Jovem Onda” tem publicado várias reportagens sobre aquecimento global, meio ambiente,
como o jovem vem interagindo com a natureza, suas ações, seu olhar e sua opinião sobre os
acontecimentos, sua visão de sustentabilidade. A discussão dessas reportagens na roda tem
contribuído para a formação e o conhecimento do grupo. A princípio, a idéia é pesquisar e aprender
sobre o assunto, daí a importância de criar meios de produção a partir das pesquisas. Com essas
pesquisas, o grupo vem discutindo o que poderá ser produzido e levado para a comunidade como
meio de informação e aprendizado. Algumas idéias já surgiram, como exposição de fotografia, vídeo,
teatro, jornal, livros, programas e rádio, novela, e assim vêm amadurecendo essas idéias.

As reflexões feitas a partir das pesquisas permitem que o grupo compreenda que o nosso maior
objetivo é a transformação social e que todas as ações de vídeo e rádio nos unem num só objetivo:
cuidar do nosso lugar pensando sempre nas gerações futuras.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 5


• Gestão

A roda é o momento de buscar estratégia e pensar o cinema como um todo. Elas são freqüentes, pois
sempre têm muito que discutir, perguntar, refletir e avaliar. O grupo vem amadurecendo aos poucos e
as mudanças vão se tornando evidentes. Os jovens mostram mais interesse, disposição, discutem mais
os assuntos na roda, são mais participativos, buscam mais soluções e alternativas para o trabalho.
Como o grupo é diversificado, um vai completando o outro e o trabalho vai se moldando de forma
alegre e participativa.

Toda a equipe tem se empenhado bastante na divulgação do cinema e de suas sessões. A divulgação
é feita toda semana em rádios e TV, nas escolas e através de cartazes e banners instalados em alguns
pontos da cidade. A elaboração do MDI tem ajudado na divulgação e com ele estamos planejando
melhor o trabalho e buscando novas formas para conseguir fazer com que as pessoas tenham acesso
à programação e passem a freqüentar as sessões nos finais de semana.

O grupo foi dividido em dois horários, obedecendo aos horários de aula, sendo um grupo de vídeo e
outro de rádio. O trabalho acontece de segunda a sexta-feira durante o dia, mas há também sessões
de quinta a domingo. As sessões são momentos em que temos contato direto com o público, que já
tem uma relação direta com a equipe, por meio de conversa, bate-papo, sugestões, ou seja, o público
já se sente à vontade no cinema.

Para a melhor organização do trabalho, já elaboramos vários MDI e com isso temos conseguido nos
organizar melhor. Hoje, dois agentes trabalham nos dois horários, o que tem contribuído tanto no
trabalho, quanto no grupo. Eles participam mais e ajudam na parte de funcionamento do cinema.

• Programação audiovisual para a zona rural

Percorrendo as comunidades rurais, o cinema itinerante propicia espaços e momentos de convivência e


interação social, além do acesso à exibição de filmes, documentários, informações e atividades
culturais diversas para essas populações. Com o cinema itinerante, é possível levar a programação do
cinema até pessoas da comunidade rural que não têm condição de vir todo final de semana a uma
sessão. Nessas comunidades, quando a noite cai, logo podemos ver – na praça, na rua, nas escolas,
nos salões comunitários – crianças, jovens e adultos que vão chegando aos poucos, uns vêm de longe,
até a cavalo, mas não perdem a oportunidade de assistir ao filme exibido na tela grande. E esse
momento se torna único, de encontrar os amigos, de rir, de se emocionar.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 6


ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE

O envolvimento da comunidade acontece desde o público que vem ao cinema, que hoje criou uma
relação de diálogo e participação com a equipe, até as pessoas que vêm participando das produções
de vídeo e rádio, a partir das pesquisas e entrevistas, contando suas histórias, dando suas opiniões,
contribuindo de alguma forma com o nosso trabalho.

ENVOLVIMENTO COM OS PROJETOS E AS ESCOLAS

O envolvimento das comunidades nos projetos é um dos objetivos do nosso trabalho, pois fazemos
parte de uma plataforma em que a participação e a contribuição de cada um são importantes na
contribuição de uma cidade melhor, desenvolvendo ações que gerem transformação social, cuidando
do nosso lugar hoje e deixando-o melhor para os que virão. Esse envolvimento tem acontecido nas
sessões com as crianças, com os jovens do Ser Criança, desenvolvendo debates sobre os filmes, nos
momentos de filmagens e produções dos trabalhos desenvolvidos na zona rural com a equipe do
Caminho das Águas, nas rodas de discussão e nas criações com a Fabriqueta de Software e Dedo de
Gente.

As escolas também têm participado das sessões de filmes, tanto para o entretenimento das crianças e
dos jovens, quanto para discussões e trabalhos voltados para o conteúdo escolar. Na semana da
criança, tivemos a participação das escolas urbanas e rurais da nossa cidade. Dava para notar
naqueles que vieram pela primeira vez a felicidade ao entrar numa sala de cinema. A emoção
causada era visível no olhar e na expressão de cada um. O filme, aplaudido no final, deixava claro
que o momento foi único, de magia, sonho e alegria.

DESEMPENHO DA EQUIPE

O trabalho de equipe é muito importante e para isso é preciso que ela esteja em constante processo de
formação. As rodas têm contribuído nessa formação. Se a equipe está a todo tempo aprendendo,
pesquisando, discutindo, realizando algo, o seu desempenho com certeza será melhor. Toda a equipe
do cinema vem desempenhando seu trabalho com satisfação, alegria, vontade. A cada oportunidade,
procuramos refletir sobre nossas práticas a partir do que vamos desenvolvendo, permitindo avaliar e
aprimorar nossas ações, buscando sempre atingir nossos objetivos.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 7


DIFICULDADES ENCONTRADAS

- Pouca exibição de filmes de 35mm, por ser muito caro o aluguel.


- O grupo demora muito tempo na produção e conclusão dos vídeos e programas de rádio.
- Pouca opção de filmes novos (lançamentos), o que interfere na presença do público.

ÍNDICES QUALITATIVOS

- Aprendizado
- Protagonismo
- Autonomia
- Alegria
- Oportunidade
- Conhecimento
- Trabalho em equipe
- Participação
- Visão de mundo
- Interação com o público
- Jovens mais interessados em assuntos ligados ao cinema
- Melhor organização do trabalho
- Apropriação
- Compromisso
- Conhecimento cultural
- Envolvimento com a comunidade
- Jovens operando os equipamentos com mais segurança

ÍNDICES QUANTITATIVOS

- 12 agentes comunitários de cultura atuantes


- 02 programas de rádio
- 01 comercial do cinema
- 01 comercial Fabriqueta Dedo de Gente
- 01 spot de cinema

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 8


- 01 vídeo da Fabriqueta Dedo de Gente com entrevista
- 01 vídeo-documentário sobre o centro velho
- 01 videoclipe sobre habitat
- 01 vídeo-cinema
- 02 programas de radionovelas
- Realização do lançamento do Livro “Caminho da arte - Vale Jequitinhonha”
- 160 sessões realizadas
- 26 sessões com escolas
- 265 DVD catalogados
- 45 VHS catalogadas
- 05 roteiros e pautas para vídeos
- 04 pautas de rádio
- 35 sessões realizadas com o cinema itinerante
- 18 sessões realizadas com os filmes do projeto Cinema BR em Movimento

BREVE SÍNTESE

Tudo que tenho aprendido tem trazido um conhecimento que vai comigo para onde quer que seja. É
gostoso sentir orgulho daquilo que fazemos parte. Nunca imaginei que um dia, nesta cidade, haveria
um espaço que exalasse magia. O cinema é assim: um ar de história, sonho, magia e encantamento.

Estamos, a todo tempo, aprendendo um com o outro. O cinema vem de uma história bonita dos
meninos e essa história tem que continuar sendo contada. É possível, sim, fazer transformação quando
se pensa em construir algo que seja em benefício de todos. A nossa transformação já é um pouco
desse sonho realizado. Agora é fazer a roda crescer mais e mais, para juntos construirmos uma cidade
melhor e um futuro diferente para aqueles que, com certeza, também farão parte dessa história.

Advete Santana – Coordenadora


Cinema Meninos de Araçuaí

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 9


ANEXOS

• Depoimentos

“Este primeiro ano de trabalho no cinema, foi muito gratificante e também de muita aprendizagem.
No começo, foi muito difícil, uma preocupação imensa em saber como funciona, como se comportar
no cinema. Não foi uma tarefa fácil. É como se esperava ser um cinema: diferente, trabalhando com
pessoas e sempre aprendendo com elas. Foi um trabalho que eu não esperava realizar. Aqui me tornei
uma pessoa com bastante conhecimento. Agradeço pela oportunidade, tanto no trabalho como nas
oficinas que recebemos durante o ano. Fico muito feliz de ter tido essas oportunidades. Não sei se
fizemos ainda o melhor, mas com a certeza fizemos o possível para que tudo isso acontecesse.”
Cleber Ribeiro Santos - Agente Comunitário de Cultura

“O meu trabalho aqui no cinema é um trabalho muito legal de se fazer, pois aqui eu faço de tudo um
pouco. Além de estar trabalhando, você aprende muito também. Aqui tenho a oportunidade de fazer
várias oficinas e de desenvolver mais o meu lado profissional. Tem uma coisa que eu gosto muito aqui,
que é o trabalho em grupo: posso expor minhas idéias, dar minhas opiniões, passar para o papel e,
além de tudo, vê-las em forma de vídeo, por exemplo. O cinema fez com que a cidade crescesse mais
culturalmente. Está sendo um local de lazer como poucos que a nossa cidade tem.”
Marcelo Barreto - Agente Comunitário de Cultura

“Para mim, é como uma fase da vida, já o começo de uma carreira, pois tenho oportunidade de fazer
oficinas. É uma forma de ampliar mais os nossos conhecimentos, não só na parte técnica, mas
também no trabalho em grupo. A convivência com o grupo aqui no cinema é muito boa, porque aqui
eu considero o meu grupo como uma família, um sempre ajudando o outro, tanto no rádio como no
vídeo.”
Marcos Paulo Nunes - Agente Comunitário de Cultura

“Estar no cinema é como estar andando em um sonho realizado. Às vezes, volto no passado e começo
a lembrar de quando o projeto estava apenas no papel para a realização desse cinema. E hoje ele
está aqui, concretizado diante de nossos olhos e em nossas vidas. Além de saber que eu fiz parte da
realização desse projeto, eu posso dar opinião e contribuir para que ele fique cada dia melhor e
apropriado para a nossa cidade ideal. Aprendi e estou aprendendo muito com o cinema e com as
artes aplicadas nele. Eu considero aqui como uma fonte, ou uma fábrica de fantasias e de desejos:
basta acreditar e querer fazer o que deseja, com muita vontade, que poderá ser realizado.”
Cláudia Santos - Agente Comunitária de Cultura

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 10


“Participar da equipe que trabalha no cinema é uma oportunidade que todo jovem estudante deveria
ter em sua vida. Além de estar sendo capacitado para contribuir com a transformação da comunidade,
que é uma coisa ‘de bem’, é como se fosse uma escola de aprendizagem, onde aumentamos nossos
conhecimentos, nossa cultura, nossos valores éticos e humanos e nosso lazer. É uma experiência que
aprendi a gostar: ser agente comunitário de cultura.”
Nídio Paulo - Agente Comunitário de Cultura

“Praticamente, o cinema tem sido minha casa, pois é onde passo a maior parte do tempo. Com isso, é
claro, aprendo a gostar cada dia mais desse espaço. As pautas de trabalho que procuramos
desenvolver no grupo vêm servindo de enorme aprendizado cultural, exigindo muita compreensão e
dedicação de todos. O que me impulsiona é saber que esse trabalho tem feito a diferença, ainda que
para uma minoria de pessoas. O bom é saber que estou fazendo parte dessa contribuição.”
Mirlane Coelho-Agente Comunitário de Cultura

“Trabalhar no cinema tem sido muito proveitoso. A cada dia que passa, aprendo mais um pouco,
principalmente com os vídeos que produzimos. Com a oportunidade de fazer as oficinas, estou
aprendendo novas técnicas cinematográficas, como, por exemplo, a edição. A convivência com o
grupo está sendo muito harmoniosa: aqui nós trabalhamos muito, mas nos divertimos muito também.”
Joabe Dourado- Agente Comunitário de Cultura

“Ser agente comunitário de cultura não é apenas uma satisfação, mas, sim, significado de
aprendizagem, de trabalho em grupo, companheirismo, família... Uso essas palavras para concretizar
o meu trabalho, porque realmente merecemos esses méritos. Quando falo de aprendizagem, estou
falando de todos os trabalhos feitos e também de todos os obstáculos que já conseguimos superar.
Aprendemos muito com isso. Já a ‘família’ simboliza o carinho, o cuidado, a preocupação e todo o
afeto que temos com todos.”
Jéssica Borges - Agente Comunitária de Cultura

“Adorei o cinema e fiquei orgulhoso. Agora posso falar que a minha cidade tem um cinema de
verdade, confortável. O filme ‘Meu nome não é Jhonny’ é muito bom. O cinema é ótimo pra se divertir
com os amigos. O anúncio na entrada do cinema com fotos e informações é bem explicado, o preço
é acessível a todos. Enfim, gostei bastante e só tenho coisas boas a dizer.“
Douglas Danton

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 11


“Eu achei o cinema muito importante para cidade. É uma forma de trazer cultura, lazer e diversão. O
espaço é muito bonito, as pessoas que trabalham são muito atenciosas. Araçuaí ganhou um ótimo
presentel.”
Júlia de Souza

“Eu venho quase todo domingo na sessão matinê e trago meus irmãos. Nós adoramos aqui! Acho que
agora deveria mudar o aspecto da praça, deixá-la mais bonita, porque o cinema é lindo!”
Rafael Barreto dos Santos

“Este cinema é melhor do que o do shopping de Belo Horizonte. Eu adoro vir aqui! O filme
‘Encantada’ foi muito bonito. As pessoas têm que vir sempre.”
Ana Clara Matos, 12 anos

“O Cinema Meninos de Araçuaí é um grande projeto que o CPCD trouxe para Araçuaí. As pessoas
nunca tiveram a oportunidade de entrar em um cinema e, muito mais que isso, é a transformação que
cada pessoa pode ter ao assistir a um filme com uma visão diferente e conseguir absorver algo bom
dos filmes.”
Silvana Leite

“Ir ao cinema foi maravilhoso! A nossa cidade ganhou um grande presente do Coral Meninos de
Araçuaí, sem contar com a criatividade e o espaço harmonioso que é o cinema. Ele valorizou um
espaço esquecido pela comunidade que, aos poucos, está trazendo de volta a alegria e o povo para
assistir aos filmes. Sem contar que muitos estão tendo a oportunidade de conhecer e entrar em um
pela primeira vez.”
Mônica Soares

“Fui uma vez no cinema, achei muito bom e muito bonito. O que me chamou a atenção foi o lago, a
tela grande. A minha sensação foi maravilhosa, pelo fato de nunca ter entrado lá. Então, me senti
assim. O filme do pingüim foi lindo! Eu quero voltar mais vezes.”
Luiz Eugênio Gomes, 10 anos
“Estávamos precisando de algo assim na nossa cidade para nos divertir. O espaço é prazeroso,
confortável. Foi uma grande novidade para mim. Aproveitei o filme ‘Happy Feet - O Pingüim’ para
trabalhar na sala de aula. O atendimento dos alunos foi nota dez.”
Maria de Fátima Gomes - Professora
Escola Estadual Isaltina Cajubi

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 12


• Algumas pesquisas no mundo do cinema

9 Glauber Rocha

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Glauber de Andrade Rocha (Vitória da Conquista, BA, 14 de março de 1939 — Rio de Janeiro, RJ, 22
de agosto de 1981) foi um cineasta brasileiro e também ator e escritor.

Biografia
Filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha, Glauber Rocha nasceu
na pequena cidade de Vitória da Conquista, hoje cidade de médio porte e um centro regional
importante no sudoeste baiano. Foi criado na religião da mãe, que era convertida ao presbiterianismo
por ação de missionários americanos da Missão Brasil Central. Alfabetizado pela mãe, estudou no
Colégio do Padre Palmeira - instituição transplantada pelo padre Luís Soares Palmeira de Caetité
(então o principal núcleo cultural do interior do Estado).

Em 1947, mudou-se com a família para Salvador, onde seguiu os estudos no Colégio 2 de Julho,
dirigido pela Missão Presbiteriana, ainda hoje uma das principais escolas da cidade. Ali, escrevendo e
atuando numa peça, seu talento e vocação foram revelados para as artes performativas. Participou de
programas de rádio, grupos de teatro e cinema amadores e até do movimento estudantil,
curiosamente ligado ao Integralismo. Começou a realizar filmagens (seu filme Pátio, de 1959, é o
primeiro curta-metragem da Bahia), ao mesmo tempo em que ingressou na Faculdade de Direito da
Bahia (hoje da Universidade Federal da Bahia), entre 1959 a 1961, que logo abandonou para iniciar
uma breve carreira jornalística, em que o foco era sempre sua paixão pelo cinema. Da faculdade foi o
seu namoro e casamento com uma colega, Helena Ignez.

Sempre controvertido, escreveu e pensou cinema. Queria uma arte engajada ao pensamento e
pregava uma nova estética, uma revisão crítica da realidade. Era visto pela ditadura militar que se
instalou no país, em 1964, como um elemento subversivo.

No livro 1968 - O ano que não terminou, Zuenir Ventura registra como foi a primeira vez que Glauber
fez uso da maconha, decepcionando a todos - bem como o fato de, segundo Glauber, essa droga ter
seu consumo introduzido na juventude como parte dos trabalhos da CIA (Agência Americana de
Inteligência) no Brasil.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 13


Em 1971, com a radicalização do regime, Glauber partiu para o exílio, de onde nunca retornou
totalmente. Em 1977, viveu seu maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos 34
anos, caiu em um fosso de elevador. Antes, outra irmã dele havia morrido, aos 11 anos, de leucemia.

Glauber faleceu vítima de septicemia ou, como foi declarado no atestado de óbito, de choque
bacteriano provocado por uma broncopneumonia que o atacava há mais de um mês, na Clínica
Bambina, no Rio de Janeiro, depois de ter sido transferido de um hospital de Lisboa, em Portugal,
onde permaneceu 18 dias internado. Residia há meses em Sintra, cidade de veraneio portuguesa, e se
preparava para fazer um filme, quando começou a passar mal.

O cineasta
Antes de estrear na realização de uma longa-metragem (Barravento, 1962), Glauber Rocha realizou
vários curtas-metragens, ao mesmo tempo em que se dedicava ao cineclubismo e fundava uma
produtora cinematográfica. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e O
Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) são três filmes paradigmáticos, nos quais uma
crítica social feroz se alia a uma forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo
importado dos Estados Unidos da América. Essa pretensão era compartilhada pelos outros cineastas
do Cinema Novo, corrente artística liderada inegavelmente por Rocha.

Glauber Rocha foi um cineasta controvertido e incompreendido no seu tempo, além de ter sido
patrulhado tanto pela direita como pela esquerda brasileira. Ele tinha uma visão apocalíptica de um
mundo em constante decadência e toda a sua obra denotava esse seu temor. Para o poeta Ferreira
Gullar, "Glauber se consumiu em seu próprio fogo".

Com Barravento, ele foi premiado no Festival Internacional de Cinema da Checoslováquia, em 1963.
Um ano depois, com Deus e o diabo na terra do sol, ele conquistou o Grande Prêmio no Festival de
Cinema Livre da Itália e o Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Cinema de Acapulco. Mas foi
com Terra em Transe que se tornou reconhecido, conquistando o Prêmio da Crítica do Festival de
Cannes, o Prêmio Luis Buñuel, na Espanha, e o Golfinho de Ouro de melhor filme do ano, no Rio de
Janeiro. Outro filme premiado de Glauber foi O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, prêmio
de melhor direção no Festival de Cannes e, outra vez, Prêmio Luiz Buñuel, na Espanha.

Filmografia
- 1980 - A Idade da Terra
- 1979 - Jorge Amado no cinema

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 14


- 1976 - Di Glauber
- 1975 - Claro
- 1974 - As Armas e o Povo - filme coletivo
- 1974 - História do Brazyl
- 1972 - Câncer
- 1970 - Cabeças Cortadas
- 1970 - O Leão de Sete Cabeças
- 1968 - O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro
- 1967 - Terra em Transe (35 mm, p/b, 105')
- 1966 - Maranhão 66 (35 mm, p/b, 11'). Documentário que registra a posse de José Sarney como
governador do Maranhão. Foi financiado pelo próprio evento, que marcou o início do domínio político
da família Sarney no Estado, interrompido em 1º de janeiro de 2007, com a posse do governador
Jackson Lago, de oposição à família. Em contraponto ao discurso de posse e da multidão em
celebração, o filme mostra a miséria da população a ser governada. Algumas das imagens
documentais da festa foram usadas na montagem de Terra em transe.
- 1963 - Deus e o Diabo na Terra do Sol
- 1960 - Barravento
- 1959 - O Pátio (p/b, 11'). Glauber estréia com um curta-metragem hermético e experimental,
vertentes que logo em seguida ele renegará, em favor de um cinema político, mas que reaparecerão
mais tarde em filmes como Câncer e A idade da terra.

9 Charles Chaplin

Biografia
Sir Charles “Charlie” Spencer Chaplin foi o mais famoso ator dos primeiros momentos do cinema
hollywoodiano e posteriormente um notável diretor. No Brasil, é também conhecido como Carlitos
(equivalente a Charlie), nome de um dos seus personagens mais conhecidos. Chaplin foi uma das
personalidades mais criativas da era do cinema mudo. Ele atuou, dirigiu, escreveu, produziu e
eventualmente financiou seus próprios filmes. Chaplin, cujo quociente de inteligência era de 140, foi
também um talentoso jogador de xadrez e chegou a enfrentar o campeão americano Samuel
Reshevsky. Nasceu em Walworth, Londres, dos pais Sr. Charles e Hannah Harriette Hill, ambos
animadores do Music Hall.

Seu principal personagem foi o vagabundo (The Tramp), um andarilho pobretão com as maneiras
refinadas e a dignidade de um cavalheiro, vestindo um casaco firme e esgarçado, calças e sapatos

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 15


desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e
sua marca pessoal, um pequeno bigode.

Chaplin iniciou sua carreira como mímico, fazendo excursões para apresentar sua arte. Em 1913,
durante uma de suas viagens pelo mundo, esse grande ator conheceu o cineasta Mack Sennett, em
Nova York, que o contratou para estrelar seus filmes.

Em 1918, no auge de seu sucesso, ele abriu sua própria empresa cinematográfica e, a partir daí, fazia
seus próprios roteiros e dirigia seus filmes. Crítico ferrenho da sociedade, ele não se cansava de
denunciar os grandes problemas sociais, como a miséria e o desemprego. Produziu grandes obras,
como O Circo, Rua de Paz e Luzes da Cidade.

Adepto do cinema mudo, o também cineasta era contra o surgimento do cinema sonoro. Mas, como
grande artista que era, logo se adaptou e voltou a produzir verdadeiras obras-primas: O Grande
Ditador, Tempos Modernos e Luzes da Ribalta.

Na década de 1930, seus filmes foram proibidos na Alemanha nazista, pois foram considerados
subversivos e contrários à moral e aos bons costumes. Porém, na verdade, representavam uma crítica
ao sistema capitalista, à repressão, à ditadura e ao sistema autoritário que vigorava na Alemanha no
período.

Em 1965, publicou sua autobiografia, Minha Vida. Em 1977, na noite de Natal, o mundo perdeu um
dos grandes representantes da história do cinema.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 16


Premiações

Chaplin e Jackie Coogan em "O Garoto/O Miúdo" (1921)

Sua primeira nomeação ao Oscar foi em 1929, ano de estréia do prêmio. Chaplin havia sido
nomeado como melhor diretor de comédia e melhor ator em The Circus, mas a Academia de
Hollywood decide desconsiderar e dar-lhe um prêmio especial pela "versatilidade e excelência na
atuação, roteiro, direção e produção". Outro filme a receber um prêmio especial naquele ano foi O
Cantor de Jazz (The Jazz Singer), a primeira película falada e cantada, com Al Jolson no papel título.

Chaplin não levava muito em conta essas nomeações. Seu filho descreve que ele deixava seu prêmio
de 1929 ao lado da porta, para não deixá-la bater. Esse fato provocou a ira da Academia de
Hollywood. Isso talvez explique por que Luzes da Cidade e Tempos Modernos, considerados dois dos
melhores filmes de todos os tempos, nunca estiveram na lista da Academia. Seu filme O Grande
Ditador (1940) recebeu nomeações como melhor filme, melhor ator, melhor roteiro e música original,
mas não foi premiado, assim como Monsieur Verdoux (1948), indicado como melhor roteiro.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 17


Em 1952, Chaplin ganhou o Oscar de melhor música em filme dramático por Luzes da Ribalta
(Limelight), filme do qual participou também Buster Keaton. Em razão das perseguições da época de
sua realização, esse prêmio só pôde ser recebido em 1972, junto com talvez a sua maior premiação.

Em 1972, ainda no exílio, havendo muita expectativa nessa premiação, pois não se sabia se seria
permitida sua reentrada nos Estados Unidos, ele volta àquele país, pela última vez, para receber um
prêmio especial da Academia, por "suas incalculáveis realizações na indústria do cinema", tornando-se
uma das maiores aclamações na história do Oscar. Chaplin foi aplaudido por mais de cinco minutos,
em pé, por todos os presentes. Seu último filme foi A Countess from Hong Kong, de 1967.

Vida pessoal
“Uma pessoa pode ter uma infância triste e mesmo assim chegar a ser muito feliz na maturidade. Da
mesma forma, pode nascer num berço de ouro e sentir-se enjaulada pelo resto da vida.”

Seus sucessos profissionais tiveram reflexos diretos em sua vida pessoal, por várias vezes. Em 23 de
outubro de 1918, Chaplin casou-se, aos 28 anos de idade, com Mildred Harris, que tinha então 16
anos. Tiveram um filho, que morreu ainda bebê. Divorciaram-se em 1920. Aos 35, apaixonou-se por
Lita Grey, também de 16 anos, durante as preparações de The Gold Rush. Casaram-se em 26 de
Novembro de 1924, quando ela ficou grávida. Tiveram dois filhos. Divorciaram-se em 1926, enquanto
a fortuna de Chaplin chegava a US$ 825 000. O estresse do divórcio, somado aos impostos, que não
paravam, terminaram por deixar os cabelos de Charles brancos.

Chaplin casou-se secretamente aos 47 anos com Paulette Goddard, de 25, em junho de 1936. Depois
de alguns anos felizes, esse casamento também terminou em divórcio, em 1942. Durante esse
período, Chaplin namorou Joan Barry, atriz de 22 anos. A relação terminou quando Barry começou a
perturbá-lo. Em maio de 1943, ela informou a Chaplin que estava grávida e exigiu que ele assumisse
a paternidade. Exames comprovaram que Chaplin não era o pai, mas na época tais testes não tinham
muita validade, e ele se viu forçado a pagar US$ 75 por semana, até que a criança fizesse 21 anos.

Depois, Chaplin conheceu Oona O'Neill, filha do dramaturgo Eugene O'Neill. Casaram-se em 16 de
Junho de 1943. Ele tinha 54 anos, enquanto ela tinha 17. Esse casamento foi longo e feliz, com oito
filhos. Charlie ficou com Oona até morrer.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 18


Em 4 de março de 1975, depois de muitos anos de exílio, foi condecorado cavaleiro pela Rainha
Elizabeth II. Tal honra foi proposta pela primeira vez em 1956, mas vetada pelo departamento de
imigração britânico, pois se acreditava que Chaplin fosse comunista.

Charles Chaplin morreu aos 88 anos, no dia de Natal (25 de Dezembro) de 1977, em Vevey, Suíça,
em conseqüência de um derrame cerebral e foi enterrado no Cemitério Corsier-Sur-Vevey, em Corsier-
Sur-Vevey, Vaud, Suíça. Três meses depois, em 3 de março de 1978, ladrões invadiram o cemitério na
calada da noite, violaram a sepultura e roubaram o corpo, numa sórdida tentativa de extorquir
dinheiro de sua família. O plano falhou, os ladrões foram capturados e condenados à morte. O corpo
foi recuperado onze semanas depois, no Lago Léman, e novamente enterrado em Corsier-Sur-Vevey,
dessa vez sob dois metros de concreto, como medida de precaução para evitar futuros problemas. Há
uma famosa estátua de Charles Chaplin em Vevey.

Em 1992, foi feito um filme sobre sua vida, com o título Chaplin, dirigido por Sir Richard
Attenborough, estrelando Robert Downey Jr., Dan Aykroyd, Geraldine Chaplin (filha de Chaplin,
interpretando sua própria avó), Anthony Hopkins, Milla Jovovich, Moira Kelly, Kevin Kline, Diane Lane,
Penelope Ann Miller, Paul Rhys, Marisa Tomei, Nancy Travis e James Woods.

Filmografia
Curtas-metragens - 1914
- Between Showers (Dia chuvoso ou Carlitos e os guarda-chuvas)
- A Busy Day (Carlitos ciumento ou Carlitos e as salsichas)
- Caught in a Cabaret (Bobote em apuros)
- Caught in the Rain (Carlitos e a sonâmbula)
- Cruel, Cruel Love (Carlitos marquês)
- Dough and Dynamite (Dinamite e pastel)
- The Face on the Barroom Floor (Pintor apaixonado ou Sobrado mal-assombrado)
- The Fatal Mallet (A maleta fatal ou O malho de Carlitos)
- A Film Johnnie (Dia de estréia)
- Gentlemen of Nerve (Carlitos e Mabel assistem às corridas)
- Getting Acquainted (Carlitos e Mabel de passeio)
- Her Friend the Bandit (Carlitos, ladrão elegante)
- His Favorite Pastime (Carlitos entre o bar e o amor)
- His Musical Career (Carregadores de piano)
- His New Profession (Nova colocação de Carlitos)

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 19


- His Prehistoric Past (Passado pré-histórico)
- His Trysting Place (O engano)
- Kid Auto Races at Venice (Corrida de automóveis para meninos)
- The Knockout (Dois heróis ou Dois heróis encrencados)
- Laughing Gas (Carlitos dentista)
- Mabel at the Wheel (Carlitos banca o tirano)
- Mabel's Busy Day (Carlitos e as salsichas)
- Mabel's Married Life (Carlitos e Mabel se casam)
- Mabel's Strange Predicament (Carlitos no hotel)
- Making a Living (Carlitos repórter)
- The Masquerader (Carlitos coquete)
- The New Janitor (Carlitos porteiro)
- The Property Man (Carlitos na contra-regra)
- Recreation (Divertimento)
- The Rounders (Na farra)
- The Star Boarder (Carlitos e a patroa)
- Tango Tangles (Carlitos dançarino)
- Those Love Pangs (Carlitos rival no amor )
- Twenty Minutes of Love (Vinte minutos de amor)

1915
- The Bank (O banco)
- By the Sea (Carlitos à beira mar)
- The Champion (Campeão de boxe)
- His New Job (Seu novo emprego)
- His Regeneration
- In the Park (Carlitos no parque)
- A Jitney Elopement (Carlitos quer casar)
- Mixed Up
- A Night Out (Carlitos se diverte)
- A Night in the Show (Carlitos no teatro)
- Shanghaied (Carlitos marinheiro)
- The Tramp (O vagabundo)
- A Woman (A senhorita Carlitos)
- Work (Carlitos trabalhador)

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 20


1916
- Behind the Screen (Carlitos no estúdio)
- Burlesque on Carmen (Carmem às avessas)
- The Count (O conde)
- The Fireman (Carlitos bombeiro)
- The Floorwalker (Carlitos no armazém)
- One A.M. (Carlitos boêmio)
- The Pawnshop (Casa de penhores)
- Police! (Carlitos policial)
- The Rink (Carlitos patinador )
- The Vagabond (O vagabundo)

1917
- The Adventurer (Carlitos presidiário)
- Chase Me Charlie
- The Cure (Carlitos nas termas)
- Easy Street (Carlitos guarda-noturno)
- The Immigrant (O imigrante)

1918
- The Bond
- A Dog's Life (Vida de cachorro)
- Shoulder Arms (Carlitos nas trincheiras)
- Triple Trouble (Carlitos em apuros)

1919
- A Day's Pleasure (Um dia de prazer)
- Sunnyside (Idílio campestre)

1921
- The Idle Class (Os ociosos)

1922
- Pay Day (Dia de pagamento)

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 21


1923
- The Pilgrim (Pastor de almas)

Longas-metragens
- O idílio desfeito (1914)
- Os clássicos vadios (1921)
- O garoto (1921)
- Casamento ou luxo? (1923)
- Em busca do ouro (1925)
- O circo (1928)
- Luzes da cidade (1931)
- Tempos modernos (1936)
- O grande ditador (1941)
- Monsieur Verdoux (1947)
- Luzes da ribalta (1952)
- Um rei em Nova York (1957)
- A condessa de Hong Kong (1967)

Referências
1. Maputo.co.mz. (acessado em 30 de janeiro de 2008)
2. Revista Medicina & Cia nº 8 (acessado em 30 de janeiro de 2008)

9 Você sabia?

- Adivinhe qual é a maior indústria cinematográfica do mundo? Aposto que você pensou nos Estados
Unidos, por causa de Hollywood, não é? Pois saiba que você está totalmente enganado. Na verdade,
a maior indústria cinematográfica do mundo pertence à Índia! E os números são impressionantes: o
país produz uma média de 700 filmes todos os anos!

- Hollywood, a Meca do cinema, foi fundada em 1877 e teve seu nome tirado da fazenda da família
Wilcox, que habitava a região. Foi transformada em cidade em 1903 e em 1910, com 4.000
habitantes, era anexada a Los Angeles. A expressão "sétima arte", a partir de então utilizada para
designar o cinema, foi criada em 1912 pelo italiano Ricciotto Canuto.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 22


- Beijos no cinema...
Hoje pode parecer bastante normal, mas em 1895 o público ficou chocado com o primeiro beijo da
história do cinema. O beijo mais longo do cinema também aconteceu nos Estados Unidos. Nome do
filme: "In Army". Tempo de duração do beijo: 3 minutos e 5 segundos!

- A primeira Sessão
1895: não existia telefone. Não existia CD, nem DVD, nem TV. Computador? Internet? Nem em
sonho. A maioria das pessoas andava a cavalo ou a pé. Os carros eram raríssimos. Lógico, havia os
navios, senão o Brasil não teria sido descoberto em 1500! O trem era um dos meios de transporte
mais modernos.

Com esse cenário na cabeça, dá para entender a reação de algumas pessoas quando assistiram à
primeira sessão de cinema. Se nem a fotografia era comum naquela época, era realmente fora do
comum a imagem de um trem em movimento bem na sua frente, vindo para cima de você. Pois é:
muitos pularam da cadeira, com medo de serem atropelados!

A primeira sessão pública foi promovida em 28 de dezembro de 1895, pelos irmãos Louis e Auguste
Lumière. A platéia ficou de queixo caído quando eles mostraram o seu incrível invento: o
cinematógrafo. Como em um passe de mágica, cavalos, carros e pessoas e até o famoso trem
aterrorizante moviam-se na tela!

9 Pesquisas locais

Entrevista com Josefa Alves dos Reis, 83 anos

Nasceu na cidade de Posto Verde, no Estado do Sergipe. O que fez Zefa se mudar com a família para
Minas foi a seca do Nordeste. Teve três anos de seca, morreu gado, cavalo e para não morrer as
pessoas “eu e a minha família decidimos vir para Minas e ninguém mais quis voltar para o Nordeste”.

Zefa mudou-se para Araçuaí em 1962. Antes de ser artesã, ela vendia jóia e malas. Ela mesma
produzia as malas, mas na época o couro encareceu muito e não tinha mais como continuar a
fabricação.

O primeiro trabalho de Zefa como artesã foi com a cerâmica (barro), mas ela teve que interromper

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 23


esse trabalho por motivo de doença. Zefa começou a se interessar por madeira, por causa de uma
exposição que ela viu, acompanhada de Lira Marques e Adão (eles também são artesãos do Vale). Os
primeiros trabalhos feitos de madeira por Zefa começaram no projeto “Rondon”, que foi realizado em
Araçuaí por quatro anos. A partir daí, ela está nesse ramo há mais de 30 anos.

Zefa deu cursos durante seis anos em Porto Magalhães, Vale Jequitinhonha, Belo Horizonte e Araçuaí.
As peças de Zefa são vendidas pelo mundo inteiro, principalmente na Europa. Ela é a primeira artesã
do Vale do Jequitinhonha e já ganhou diversos prêmios em três países da Europa.

Para fazer suas peças, ela se inspira nos personagens bíblicos do Antigo Testamento. ”Pego a madeira
com o pensamento certo do que vou fazer. Eu nunca tive mestre, meu mestre é Deus”, diz Zefa.

Um causo contado por Zefa

Antigamente, um senhor resolveu fazer uma viagem. Ele tinha um filho de 10 anos. Como o cavalo
estava “carregado”, o senhor resolveu montar o menino no cavalo e foi caminhando. Aí veio uns
conhecidos e disseram:

- Uma criança de 10 anos montada e o senhor já idoso a pé? Põe esse menino pra caminhar!

O senhor montou no cavalo e colocou o menino pra ir caminhando. Logo à frente, o senhor conheceu
outros conhecidos, que disseram:

- Que vergonha! Um homem desse tamanho montado no cavalo e uma criança desse tamanho a pé?

O senhor, já meio encabulado, resolveu que ele e o menino iriam caminhando e o cavalo iria
carregado somente com as cargas.

Aí veio mais uns conhecidos e disseram:

- Vocês são muito bestas! Um cavalo bom desses e vocês dois a pé.

Lição: Não ouvir o que o povo fala. Seguir o seu coração e a sua consciência.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 24


9 Entrevista com Lira Marques

Lira cresceu vendo a mãe trabalhando com cerâmica. A mãe de Lira fazia presépios e doava para as
pessoas na véspera do Natal. Vendo aquilo, Lira começou a se interessar pelo artesanato, começou
fazendo as peças com cera de abelha. O pai dela tinha muita cera de abelha, pois era sapateiro.

Na casa de Lira não tinha forno. A mãe dela fazia as peças cruas. Ela aprendeu a queimar as peças
com Joana Pinto (artesã que fazia potes), que também ensinou Lira a fazer um bom forno e tirar o
barro de acordo com a lua. Lira diz que até hoje ainda está aprendendo. Sempre que encontra um
artesão, ela experimenta novas coisas. “A gente nunca sabe tudo”.

“Sinto-me importante na comunidade pela divulgação do meu trabalho. O apoio das pessoas me
deixa muito contente e vejo que meu trabalho está sendo reconhecido pela comunidade.”

Lira já fez exposição de suas peças na Áustria, em Boston, na Bélgica e na Alemanha. O trabalho de
Lira também incentivou a cerâmica na fabriqueta. Foi ela quem ensinou os jovens a fazer as peças de
barro. “Fico muito feliz em saber que há uma continuação do meu trabalho com os meninos da
fabriqueta. É uma continuação da minha vida.”

Para fazer as peças, Lira se inspira na arte africana e indígena. Ela é descendente dessas raças. Ela
também se inspira na seca, na miséria e nos problemas sociais enfrentados pelo Vale do
Jequitinhonha e pelo Nordeste. Lira diz que enfrentou muitos problemas, como, por exemplo, muita
critica contra as máscaras feitas por ela. ”Fiquei muito triste e frustrada, mas não me deixei ser levada,
passei por cima e continuei meu trabalho.”

Lira diz que, se alguém tem o dom de ser artesão ou se a pessoa gosta de fazer aquilo que tem
vontade, não deve desistir. “Temos que valorizar mais o nosso Vale. Ser artesão não é fácil, pela
desvalorização da própria comunidade. Quando as pessoas acreditam no seu trabalho e gostam da
sua maneira de trabalho, a gente ganha mais credibilidade. Eu me sinto muito feliz fazendo aquilo que
eu gosto.”

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 25


9 Entrevista com Maria Conceição Gomes da Cunha, 54 anos
Moradora do bairro Arraial

O bairro é um dos mais antigos. Começou com a chegada de alguns negros escravos que fugiram das
senzalas e chegaram até aqui, acharam abrigo, construíram suas cabanas e começaram a cultivar a
terra.

Seu Juca, morador mais velho, era conhecido por Juca pequeno. Era escravo e era ele quem contava a
história da chegada dos escravos e como era a vida deles no bairro. Ele era curador, benzedor, e
ensinava remédios à base de ervas. Conta-se que ele morou sete anos em uma casa de cupim.

As tradições do bairro Arraial conservam como celebrar as festas juninas, como levantamento de
bandeira. Na ocasião, são preparados os biscoitos de goma, bolo de fubá para distribuir para o povo
após a reza do terço. Conservamos ainda o costume de sentar nas calçadas para relembrar de casos
antigos e contar histórias.

Participo do Grupo de Folia dos Reis do Bairro Arraial de Araçuaí. Tem um coral de crianças e
adolescentes que canta nos cultos dominicais nas igrejas. O coral chama-se Mensageiros de Cristo, do
qual sou a presidente e também sou animadora dos cultos dominicais. Procuram-me sempre para
falar sobre o bairro, dar entrevistas, participar de eventos.

A cultura é importante em todo lugar, principalmente para Araçuaí, que já é conhecida em todo o
Estado de Minas Gerais como a cidade que tem mais grupos culturais, e isso faz a diferença. A cultura
ajuda crianças e adolescentes a crescerem com senso de responsabilidade. Também leva a ter noção
sobre como a cultura é importante para o crescimento pessoal do indivíduo.

Maria Conceição diz que o seu papel dentro da comunidade é trabalhar para que a comunidade
cresça espiritualmente, socialmente e culturalmente.

9 Entrevista com dona Rosa Coelho Santos, 64 anos


Moradora do bairro Pedregulho

O papel dela é participar da vida da comunidade, da vida ativa, tanto do lado espiritual, como nos
trabalhos comunitários, o que tem provocado muitas mudanças no bairro.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 26


“Gosto do trabalho na comunidade, de visitar os doentes. É um trabalho importante, pois a gente
aprende muito, a gente se sente útil em fazer algo em favor dos outros, aprende a encontrar tempo
para tudo, aprende a dividir. As mudanças na comunidade ocorreram quando todos se uniram:
chegou a luz, a água era uma luta muito grande, depois veio a melhoria da rua, construímos a igreja,
houve muitas mudanças. A comunidade se uniu.”

9 Pesquisa - Centro Histórico

O centro histórico de Araçuaí apresenta uma datação urbana com afinidades que vão do final do
século XIX até meados do século XX. Essa tipologia está presente nas fachadas: são elementos ecléticos
com signos e símbolos do art déco, reservando heranças do período colonial. Em algumas partes, elas
se desenvolvem por toda a extensão da face de quadra.

O núcleo está localizado na parte baixa da cidade, desenvolvendo-se próximo ao Córrego


Calhauzinho e o rio Araçuaí. As edificações possuem características generalizadas, implantando-se
sempre no alinhamento, formando um pano de fundo para o restante da vizinhança. Os telhados são,
em sua totalidade, cerâmicos, que se desenvolvem em suas diversas águas. O sistema construtivo é
basicamente monolítico, com alvenaria em tijolos, variando algumas vezes para as estruturas
autônomas remanescentes.

A Praça Waldomiro Silva, principal elemento urbano do centro histórico, mostra uma paisagem
definida por edifício de tipologia eclética. A praça possui um canteiro central longilíneo, sem formato
geométrico definido, com aproximadamente 60 cm de altura e abrigando três árvores de pequeno e
médio porte. A iluminação do canteiro está desativada e os postes de iluminação encontram-se
degradados. Apenas os imóveis da Rua Gentil de Castro, implantados no entorno imediato do centro
histórico, possuem usos, todos comerciais.

Essa praça surgiu com um papel fundamental para a cidade de Araçuaí. Sua origem se confunde com
o aparecimento dos primeiros moradores, daí a carga histórica que ela carrega. Por muitos anos,
desenvolveu o papel fundamental de concentração de todo o comércio da cidade, vindo com o tempo
a cair num processo de abandono, em conseqüência das catástrofes climáticas, as grandes enchentes
que a invadiram.

A arquitetura que a permeia é carregada de simbolismos, concentrando desde o puro colonial até as
primeiras influências ecléticas e mais arrojadas para a sua época. Hoje, a sua ocupação não é mais

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 27


totalizada, deixando um vazio enorme na cidade, com o abandono de seus prédios. Uma das
travessas de quatro ruas possui ligação direta com a praça - Travessa do Calhau e as ruas
Malacacheta, Paracatuba, Costa Sena e Gentil de Castro.

O centro histórico é carente de infra-estrutura, pavimentação e principalmente esgotamento de águas


pluviais e serviços como eletricidade, telefonia, água tratada, esgoto sanitário e hidrante. A rede
elétrica e de telefonia possui fiação aérea, prejudicando a visibilidade das edificações. Nas
intervenções no centro, um dos primeiros cuidados deve ser o de suprir essas deficiências. No que diz
respeito à pavimentação, a que se coaduna melhor com as edificações antigas é a pedra, assentada
conforme o usual, o pé-de-moleque, presente na maior parte da área, mas devem ser preservados os
requisitos do calçamento original em pedra calhau.

Beco - Rua estreita e curta geralmente sem saída, fechada numa das extremidades. Deu origem ao
apelido Beco da Sola, dado à Rua Salina, onde se concentram os artesãos do couro, que produzem
principalmente selas e arreios. As selarias se estendem pela Travessa do Calhau, que une a Rua Salina
à Praça Valdomiro Silva.

Travessa - Rua transversal entre duas outras mais importantes, travessas iguais - hoje sem função de
travessas, pois a quadra fronteira foi demolida e implantou-se um posto de gasolina. A travessa
passou a exercer funções de rua, com as edificações voltadas para o posto de gasolina. A Travessa do
Calhau, que une a Rua Salina à Praça Valdomiro Silva, possui alguns imóveis vazios e lojas de
artesãos.

Travessa Tupi - Implantada entre as ruas Salina e Grão Mogol, é a que se apresenta mais ameaçada.
As edificações de uma de suas faces já desapareceram e criaram o maior vazio urbano do perímetro
de tombamento.

As travessas exercem a função de unir as vias que definem a parte do centro histórico e se implantam
paralelamente. São elas: Rua do Rosário, Grão Mogol e Rua Salina e a Praça Valdomiro Silva. Mas
nem todas as vias transversais são travessas. Duas recebem denominações de rua – a Paraíba e a
Malacacheta, sendo que a Paraíba mostra funções e dimensionamento comum às travessas.

O centro histórico é definido por cinco ruas, desenvolvendo três paralelas: a Praça Valdomiro Silva e
duas como braços vicinais da praça, a Rua Costa Sena e a Gentil de Castro. A primeira paralela é a
Rua Salina, seguida pelas ruas Grão Mogol e Rosário.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 28


9 Produção de vídeo e rádio

Spot do cinema para ser exibido antes dos filmes


Bem vindos ao Cinema Meninos de Araçuaí! Este cinema é fruto do Coral Meninos de Araçuaí. Ajudem
a preservá-lo! Pedimos para não que joguem lixo no chão e não coloquem os pés nas cadeiras. O
filme já vai começar! Silêncio e, por favor, desliguem os celulares. Bom filme para todos!

Comercial
Em uma parceria entre Ministério da Cultura, FEC, CPCD e Coral Meninos de Araçuaí, foi implantado
o Cinema Meninos de Araçuaí, com 105 lugares, projeção de 35 mm, galeria de arte, espaço de
convivência e sala de produção de vídeos. Enfim, um espaço pensado e equipado para acolher as
emoções e projetar os sonhos. Sessões de quinta a domingo, às 20h, sessão matinê aos sábados e
domingos, às 18h. Visite-nos: Praça Valdomiro Silva, 54 - Centro Velho - Telefone: (33) 3731-1231 -
site: www.cpcd.org.com.br - e-mail: cinema@cpcd.org.br

Roteiro do vídeo “Quintal Maravilha”


Imagem de um quintal maravilha com música de fundo (a escolher).
Texto: Quintal Maravilha
Introdução: Fala da Edilucia contando como surgiu a idéia do quintal maravilha.
Imagens de apoio: de acordo com a fala da Edilucia.

Roteiro de filmagem
Local: Comunidade Alfredo Graça
Assunto: atividades de êxito do projeto Caminho das Águas

Filmagem 1: atividades nos quintais maravilhas (mostrar as atividades sendo executadas). Áudio e
imagem falando sobre a idéia do quintal maravilha (Viviane). Depoimentos de pessoas que têm o
quintal maravilha, mostrando e falando sobre a importância desse quintal para sua família.

Filmagem 2: imagens de canais de infiltração (inserir fala de alguém. Pode ser o Seu Bêu explicando e
mostrando como surgiu, o que já foi feito, o que continuará fazendo, qual a importância disso para a
comunidade). Imagens de atividades acontecendo na casa de Seu João, depoimentos sobre o que
houve de transformação na vida de sua família. Pode-se gravar depoimentos com as educadoras que
acompanham o trabalho na casa dele e com o próprio Seu João.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 29


Final: depoimento da Viviane e de outras pessoas falando da transformação na comunidade, o que o
projeto tem provocado de positivo e como é a comunidade depois do projeto.

Pré-roteiro

Documentário Centro Histórico

Cena-1
Imagens das ruas: Gentil de Castro, Costa Sena, Salinas, Grão Mogol e Rosário, mostrando os nomes
desses logradouros e um fundo musical.

Off:
A história urbana de Araçuaí começa exatamente aqui, nesta Praça Valdomiro Silva, e com essas
principais ruas que foram se desenvolvendo em seu entorno (imagens da praça). Localizado na parte
baixa da cidade, próximo aos rios Calhauzinho e Araçuaí, o centro histórico - como é conhecido hoje -
apresenta uma datação urbana com afinidades nos finais do século XIX até meados do século XX
(imagens do Rio Calhauzinho, seguindo-se imagens dos prédios).

As edificações reservam heranças do período colonial, sendo uma ligada à outra. Eram, em sua
maioria, usadas para o comércio das meretrizes e dos artesãos, que hoje ainda permanecem com seus
trabalhos, produzindo selas, chapéus e arreios. As selarias se estendem pela Travessa do Calhau, que
une a Rua Salina à Praça Valdomiro Silva.

O seu Aécio e o seu Antônio ainda mantêm viva essa cultura, mesmo que hoje já não sejam utilizados
os produtos do couro com a mesma proporção de antes (imagens do beco da sola).

(Entrevista com o seu Aécio falando do seu trabalho.)

Off:
Funcionava também o antigo mercado municipal, onde se concentravam todos os comerciantes, que
traziam suas mercadorias das zonas rurais usando cavalos e canoas (imagens dos comércios ao redor
da praça, imagem do mercado atual, com efeito preto e branco).

Entrevista com seu Joaquim e seu Milton Curió.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 30


Off:
Em 1979, ocorreu uma grande enchente, que acabou definitivamente com o movimento do mercado.
Muitos moradores perderam quase tudo e foram obrigados a deixar para trás o que sobrou de suas
casas, sendo abrigados nos pontos mais altos da cidade. Os que insistiram em permanecer tiveram
que procurar outros meios de sobrevivência, já que temiam uma nova enchente (fotos da enchente,
imagem da casa que tem a marca da enchente). Hoje o comércio se concentra na parte mais alta da
cidade, incluindo o mercado municipal, sendo considerada o novo centro (imagens do mercado atual,
lojas, supermercados).

Entrevista com dona Cléa.

Off:
A Praça Waldomiro Silva continua aqui: ela é o principal elemento do centro histórico. Surgiu com um
papel fundamental para a cidade de Araçuaí e sua origem se confunde com o aparecimento dos
primeiros moradores. Apesar das degradações sofridas ao longo de todos esses anos, ainda tem uma
carga histórica muito importante na vida das pessoas. A praça não é uma lembrança do passado, nem
uma história para se guardar na memória e sim um lugar onde podem ser revividos momentos de
alegria, risos e encontros, onde o sonho ainda permanece vivo nas pessoas que conseguem enxergar,
apesar de tudo, a sua beleza oculta. Assim, há esperança de um dia ver nas pessoas o mesmo brilho
no olhar, o mesmo entusiasmo ao falar da praça, que fez e sempre fará parte da história de Araçuaí.

Finalização: imagens da praça com música de fundo (“Meninos da minha rua”, com Dona Cléia).

Imagens:
As casas que caracterizam o centro velho, os comércios que ainda estão funcionando no local, a Praça
Waldomiro Silva, o Beco da Sola, o Rio Araçuaí e o Córrego Calhauzinho, a casa da marca da
enchente. Frisar as datas que ainda existem em algumas casas, o mercado municipal atual, lojas,
supermercados, que se localizam no atual centro.

Entrevistas:
Entrevista de Silvana Leite – moradora da Praça Valdomiro Silva
Entrevista de Seu Aécio – artesão do Beco da Sola
Ângela Freire – diretora de departamento cultural
Dona Cléia – ex-moradora da Rua de Baixo

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 31


9 Rádio Arajovem

Piloto de programa
Técnica – vinheta do programa: Rádio Arajovem, a voz do Vale

Locutor 02 (Abertura): Oi, ouvintes da Rádio Arajovem! No programa de hoje, tem muita coisa boa.
Vamos falar do projeto Arassussa, teremos muita música e informação, assuntos que você,
amigo ouvinte, não pode perder. Fique ligado! Vai ser muito bom ter você na nossa companhia.

Locutor 02: Vamos atender o primeiro pedido musical de hoje.

Técnica – subir som e rodar música do ouvinte (escolher a música).

Locutor 02: Vocês acabaram de ouvir a música “Pintassilgo”, do CD “Pra Inhá Terra”, do Coral
Meninos de Araçuaí.

Técnica: vinheta de informação (Arajovem Notícias)

Locutor: O Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, juntamente com outras 13 instituições, vem
desenvolvendo em Araçuaí projetos que buscam a transformação social, levando em conta dois
programas: “Meu Lugar é Aqui” e “Cuidando dos Tataranetos”. A região onde localiza o município,
apesar de ser conhecida como uma das mais pobres do país, possui um enorme Índice Potencial de
Desenvolvimento Humano (IPDH). Há oito anos, esse IPDH vem sendo enfocado. Seus pontos
luminosos tornaram-se a base dos projetos educacionais e comunitários que formam a plataforma de
atuação do CPCD.

Técnica: rodar música (subir um pouco o som).

Locutor 02: Logo após o comercial, vamos conhecer um pouco de cada um desses projetos que
integram essa plataforma “Araçuaí Sustentável”.

Técnica: sobe o som e roda comercial da Fabriqueta Cooperativa Dedo de Gente.

Comercial: a Cooperativa Dedo de Gente reúne o que há de melhor de nossas mineirices produzidas
pelas fabriquetas: oficinas de arte em ferro, barro, bordado, bambu e muito mais. Venha nos visitar:

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 32


Rua: Minas Gerais, Alto Santuário Telefone: (33) 3731-4582 www.dedogente.com.br

Com a parceria entre Ministério da Cultura, FEC, CPCD e Coral Meninos de Araçuaí, foi implantado o
Cinema Meninos de Araçuaí, com 105 lugares, projeção de 35mm, galeria de arte, espaço de
convivência e sala de produção de vídeos. Enfim, um espaço pensado e equipado para acolher
emoções e projetar sonhos. Sessões de quinta a domingo, às 20h, sessão matinê, aos sábados e
domingos, às 18h. Visite-nos: Praça Valdomiro Silva 54 - Centro Velho - Telefone (33) 3731-1231 -
site: www.cpcd.org.com.br - e-mail: cinema@cpcd.org.br

Locutor 02: Vamos conhecer um pouco deste trabalho que vem sendo realizado aqui na nossa cidade.

Locutor 01: Todos os projetos do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento realizam suas
atividades buscando sempre a transformação social. O CPCD vem desenvolvendo projetos que já se
tornaram referência de qualidade, exemplo de desenvolvimento sustentado e alternativa eficaz na
implementação de políticas públicas e sociais. Em todos os seus projetos, a equipe de educadores
desenvolve o seu trabalho usando métodos já aprovados e testados ao longo dos 24 anos de estrada:
a pedagogia da roda, do brinquedo, do sabão e do abraço. Um dos projetos desenvolvidos é o Ser
Criança, cuja metodologia é a Educação pelo Brinquedo.

Locutor 01: Depois da nossa música, cantada pelo Coral Meninos de Araçuaí, vamos conhecer um
pouquinho desse projeto.

Técnica: rodar a música do coral (“O Vapor da Cachoeira”, do CD “Roda que Rola”).

Locutor 01: Essa música está no primeiro CD do Coral Meninos de Araçuaí, “Roda que Rola”.

Locutor 01: Você sabia que tudo começou lá?

Locutor 02: Lá! Onde?

Locutor 01: No Ser Criança, que se iniciou em 1998. Era um tanto de menino e menina de 7 a 14
anos que se juntavam numa roda pra conversar, brincar, cantar. E aí eles descobriram que nessa roda
poderiam fazer e conhecer muito mais coisas do que imaginavam. Poderiam estudar brincando, criar e
ensinar, pintar e limpar, fazer e reciclar, respeitar e crer, rir e cuidar-se, dançar e sonhar.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 33


Locutor 02: Nossa! Isso tudo mesmo?

Locutor 01: É isso mesmo! Aprenderam tanta coisa boa: como ser gente, cuidar da terra, das pessoas
e da vida. E daí a coisa não parou. Os que cresceram estão aqui hoje contando sua história.

Locutor 01: Escuta só!

Técnica: rodar sonora de Joabe (Começar: “Eu sou Joabe... Comecei no Ser Criança com 7 anos...”)

Locutor 01: É isso aí, pessoal! Vocês conheceram o trabalho do Ser Criança, lembrando que é
importante que cada um contribua com essa causa. Fazer da nossa cidade um lugar melhor pra se
viver é obrigação de todos nós. Cada um pode fazer algo que venha contribuir com essa
transformação. É só sonhar alto e começar a agir pequeno, fazendo a diferença na nossa casa, no
nosso quintal, na nossa comunidade. Daqui a pouco, isso vira moda e todo mundo vai querer seguir. E
aí vai ser bom demais pra gente! Vamos ter uma cidade tão boa, que ninguém vai sequer pensar em
sair daqui.

Locutor 01: Agradecemos a audiência de todos vocês e não percam o próximo programa! Teremos
mais informações sobre esse trabalho.

Locutor 01: Fique agora com a nossa última música.

Técnica: rodar música.

Técnica: rodar Bg

Radionovela apresenta: “As pessoas que fazem a diferença na comunidade”.

Narrador: Ouviremos agora a história de pessoas diferentes, mas que possuem algo em comum: a
vontade de ajudar, o desejo de transformar e a disponibilidade de sempre fazer a diferença na
comunidade em que vivem.
Pedro: Oi, Mariana! Você sumiu, por onde você andava?

Mariana: Estou vindo lá da cidade de Araçuaí, no Vale Jequitinhonha.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 34


Pedro: E aí, como é lá? E como são as pessoas da cidade?

Mariana: Araçuaí é uma cidade bem diversificada, com festas tradicionais, artesanato, teatro e pessoas
que fazem a diferença na comunidade. Conheci Dona Zefa, Dona Lira, Dona Conceição e Dona Rosa.

Pedro: Como assim, “a diferença na comunidade”?

Mariana: A Zefa, por exemplo, nasceu lá no Nordeste, veio fugindo da seca e passou por várias
cidades de Minas – Teófilo Otoni, Nanuque – e parou em Araçuaí. Antes de ser artesã, ela vendia
jóias e malas que ela mesma produzia.

Pedro: Ela é artesã? E qual tipo de artesanato ela produz?

Mariana: O primeiro trabalho dela como artesã foi com cerâmica, mas o que interessou a ela mesmo
foram as peças feitas em madeira, por causa de uma exposição que ela foi com outros artesãos da
cidade. Ela trabalha com madeira há mais de 30 anos e hoje ela é a primeira artesã do Vale
Jequitinhonha.

Pedro: Ela se inspira em alguma coisa para fazer as peças?

Mariana: Dizem por lá que ela já pega a madeira com o pensamento do que vai fazer, que ela nunca
teve mestre. O mestre dela é Deus. Também tem outra, a D. Lira.

Pedro: Ela também faz peças na madeira?

Mariana: Não! Ela faz peças de cerâmica. Cresceu vendo a mãe trabalhando com barro. Vendo
aquilo, ela começou a se interessar pelo artesanato. Para fazer suas peças, ela se inspira na arte
africana, indígena, na miséria e nos problemas sociais enfrentados pelo Vale Jequitinhonha.

Pedro: E o povo de Araçuaí valoriza essas riquezas que existem lá?

Mariana: Pior que não. Como diz a Dona Lira, o povo não valoriza as artes feitas no Vale. Ser artesão
não é fácil, pela desvalorização da própria comunidade. E com ela eu aprendi uma coisa: que a gente
é mais feliz fazendo aquilo que gosta.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 35


Técnica: rodar música do Vale.

Narrador: além de estarem contribuindo para o crescimento delas mesmas, essas pessoas também
contribuem para o crescimento da comunidade e da cidade de Araçuaí. São pessoas importantes, que
carregam em si a simplicidade e a riqueza do Vale.

Técnica: continuar rodando a música do Vale.

Antônio: Bom dia, gente! O que vocês estão conversando?

Mariana: Estou contando aqui para o Pedro a viagem que eu fiz a Araçuaí, as riquezas culturais que lá
se encontram.

Antônio: Eu também já fui lá. Você conheceu a “Folia de Reis” que tem lá no bairro Arraial?

Mariana: É claro que conheci! Durante 12 dias – a partir do Natal até 6 de janeiro – os foliões batem
à sua porta a qualquer momento, de manhãzinha ou à noite, seguidos de seus instrumentos
barulhentos. Despertam quem estiver dormindo, pedem permissão para entrar, tomam café e
recolhem dinheiro e mantimentos para a Folia de Reis. Essa festa comemora o nascimento de Cristo.
Seu enredo lembra a viagem que os três Reis Magos fizeram a Belém para encontrar o Menino Jesus.
Os foliões abrem alas com uma bandeira. Depois de 12 dias de jornada, o dinheiro arrecadado é
gasto em comes e bebes para todos.

Antônio: E a D. Rosa, então?

Mariana: É... Ela faz um trabalho muito lindo e solidário lá no bairro Pedregulho! Ela ajuda os
doentes, toma iniciativa dentro da comunidade. Ela aprendeu a encontrar tempo para tudo.

Pedro: Seria bom se todos fossem assim como essas pessoas, que fazem a diferença na comunidade.

Mariana: Com certeza!


Antônio: É... A conversa tá boa, mas vou ter que ir embora. A patroa tá me esperando.

Mariana: Eu também já estou indo.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 36


Pedro: Ouvindo essas histórias que vocês contaram, me deu uma imensa vontade de conhecer essa
cidade, esse Vale do Jequitinhonha, essas pessoas tão importantes pra comunidade.

Antônio: Sem contar que é um povo muito acolhedor, carismático, e nem dá vontade de vir embora.

Mariana: Vai lá, Pedro! Você não vai se arrepender. Garanto que você voltará carregado de cultura,
vontade de viver e cheio de coisas novas pra contar.

Pedro: Pode deixar, na primeira oportunidade, já estou lá. Essa cultura e esse povo não podem ser
esquecidos.

Despedida de todos: Exemplos: (tchau, té mais, té manhã, inté).

Narrador: Por mais simples que seja o trabalho dessas pessoas, o importante é a diferença que elas
fazem na comunidade em que vivem. Com o seu trabalho, com sua arte, com a sua riqueza, fazendo
o que gostam e ensinando sua arte! Acabamos por aqui a nossa radionovela. Até a próxima!

Referências:
Pesquisa com Lira Marques, Josefa dos Reis, Maria Conceição Gomes e Rosa Coelho.

Redação e Produção:
Claudia Santos, Eliene Profiro, Fernanda Miranda e Shirley Gomes

Esqueleto de um programa de rádio

Técnica – vinheta do programa.

Rádio Arajovem a voz do Vale

Técnica: Roda BG

Locutor (1): Oi, ouvintes da Rádio Arajovem! Estamos iniciando mais um programa da Rádio
Arajovem, a voz do Vale. Hoje teremos muita música, informação, culinária e muita diversão pra você.
Fique na sintonia: vai ser muito bom ter você na nossa companhia. Fique agora com a música (“Ipê
amarelo” - Coral Meninos de Araçuaí).

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 37


Locutor (2): Hoje falaremos de um assunto muito importante para todos nós: o que estamos fazendo
para garantir a “sustentabilidade ambiental”. Mas o que é sustentabilidade ambiental?

É um esquema de desenvolvimento voltado para preencher as necessidades da sociedade atual e


assegurar que a biodiversidade seja mantida para as gerações futuras. Se não houver essa
conscientização, o que a geração presente deixará, como já estamos vendo, é um solo pobre, falta
d’água, desmatamento e queimadas, entre outros problemas.

Locutor (1) apresenta o tema:

Como podemos observar, o tema é bastante polêmico. O planeta está chegando a um ponto cada vez
mais crítico. A grande realidade é que, para garantir a sustentabilidade ambiental nas grandes
cidades, devemos praticamente abandonar o modo de vida que experimentamos até hoje, com
práticas simples, mas que ajudarão de forma decisiva na revitalização do planeta. Hoje temos, em
nossa cidade, órgãos públicos preocupados com a questão ambiental e que desenvolvem trabalhos
voltados para a preservação do nosso meio ambiente. A Emater, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais
etc.

Locutor (2): A nossa repórter Katiane Souza conversou com José Alberto, extensionista rural, que nos
contou um pouco sobre os trabalhos desenvolvidos na Emater - Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural (sonora).

Locutor: É, amigo ouvinte, ainda bem que temos órgãos preocupados com o compromisso ambiental,
que é um dever de todos.

Locutor: Ouviremos agora uma dica muito importante do Celso, um permacultor que contará pra
gente o que é permacultura e como é feito esse trabalho. Fique ligado!

Técnica: sonora sobre alguma dica de algum produtor rural (Celso - Sítio Maravilha).

Locutor (1): É isso aí! E essa dica pode ser usada em qualquer lugar, uma dica simples de cultivo, mas
que contribuirá bastante para a nossa sustentabilidade ambiental.

Técnica: música sobre o assunto

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 38


Locutor: Vocês acabaram de ouvir a música (....) vamos agora para um pequeno comercial. Fique aí,
não saia da sintonia!

Técnica Comercial

Comercial sobre o cinema


A partir de uma parceria do Ministério da Cultura, FEC, CPCD e Coral Meninos de Araçuaí, foi
implantado o Cinema Meninos de Araçuaí, com 105 lugares, projeção de 35mm, galeria de arte,
espaço de convivência e sala de produção de vídeos. Enfim, um espaço pensado e equipado para
acolher emoções e projetar sonhos. Sessões de quinta a domingo, às 20h, sessão matinê, aos sábados
e domingos, às 18h. Visite-nos: Praça Valdomiro Silva, 54 - Centro Velho - Telefone (33) 3731-1231 -
site: www.cpcd.org.com.br - e-mail: cinema@cpcd.org.br

Comercial:
(Alguma música rodando por baixo)
- Ô manhêêê!! Me dá dinheiro pra comprar bala!
- Toma, meu filho, mas cuidado ao atravessar a rua!
Barulho (dim, dim!)
- Tá mãe!... lá, lá, lá, lá, lá, lá!
- Menino, por que você jogou o papel no chão? Pegue agora e jogue no lixo! Você quer viver em um
mundo poluído?
- Mãe, mas por causa de um papel?
- É! Já imaginou se todos fizerem isso?
- Mamãe, eu não quero que isso aconteça! Vou lá pegar (assustado).

Locutor (2): Viver em um mundo melhor, mais limpo. Isso pode começar na porta da nossa casa! Por
isso, cuide melhor do mundo!

Técnica: BG
Locutor (1): Voltamos à nossa rádio Arajovem. Para você que não estava na sintonia, estamos falando
sobre “sustentabilidade ambiental”, um assunto muito importante e que não deve ser esquecido pela
comunidade. Não saia daí! Fique informado!

Locutor: Estivemos com um grupo de alunos da Escola Industrial e eles também estão preocupados
com a questão ambiental e nos contaram um pouco do trabalho que está sendo desenvolvido em sua

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 39


escola.

Técnica (sonora): alunos da Industrial.

Locutor (2): É, galera, tá todo mundo de olho na sobrevivência do nosso planeta. E, como sempre, os
jovens e as escolas não podem ficar de fora dessa “luta contra o tempo”. Afinal, eles são um dos
principais interessados nesta luta.

Técnica: música

Locutor: Vocês acabaram de ouvir a música (...).

Técnica - vinheta: Hora da culinária (deve ser dinâmico. Exemplo: diálogo entre duas pessoas).

Vamos aprender hoje a fazer uma receita que tem bastante a ver com o nosso assunto: um delicioso
doce feito com casca de banana.
Vamos aos ingredientes:
Cinco xícaras (chá) de cascas de banana nanica, bem lavadas e picadas.
Duas xícaras e meia (chá) de açúcar.

Como preparar:
Cozinhe as cascas em pouca água, até amolecerem. Retire do fogo e escorra. Bata as cascas com um
pouco de água no liquidificador e passe por uma peneira grossa. Junte o açúcar e leve ao fogo,
mexendo sempre, até desprender do fundo da panela. Deixe esfriar, enrole e passe em açúcar cristal.

Rendimento: 12 porções.

Valor calórico de cada porção: 135,4 calorias.

Locutor(1): Essa é uma boa dica de reaproveitamento. Pode-se aproveitar muita coisa que é jogada
fora. Quanto menos lixo você produzir, estará contribuindo para um planeta melhor. Assim como as
cascas de banana, também podemos reaproveitar várias outras cascas de alimentos que geralmente
colocamos no lixo. Portanto, fique mais informado do que se pode fazer com esses restos. E são tantas
coisas que você nem imagina!

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 40


Os negócios gerados a partir da reciclagem estão fazendo aparecer produtos similares aos que são
feitos com matéria-prima virgem e merecem nossa atenção. Valorize e considere com carinho a
aquisição de produtos reciclados. Hoje temos uma imensa população habitando o planeta, ainda que
de forma heterogênea. Uma população que consome muito e que, portanto, usa e produz materiais
que são descartados.

Locutor (2): Temos, o quanto antes, que destinar corretamente esses resíduos, redirecionando o volume
do lixo produzido para a manufatura de novos produtos. Mais do que uma moda ou uma
preocupação com o meio ambiente, a reciclagem está se transformando em uma nova concepção de
negócios. E não se trata só da criação de empregos ou de fabricação de produtos. Há também que se
considerar o ganho de imagem de empresas com gestão ambiental, de seus funcionários, que se
tornam mais motivados e responsáveis. Está chegando o momento em que as preocupações
ambientais serão uma obrigação na sociedade. Aproveite enquanto ainda é um diferencial para se
destacar. Experimente!

Locutor: Vamos atender agora mais um pedido musical (...).

Técnica: música

Locutor (1): Uma boa dica para quem está interessado em antecipar as compras de Natal é a
fabriqueta “Dedo de Gente”.

Locutor (2):

Técnica – comercial da fabriqueta (melhorar)


A fabriqueta Dedo de Gente está antecipando a produção de produtos natalinos. A iniciativa é dos
integrantes da própria fabriqueta, que está voltada para a fabricação de diversos produtos. Você pode
comprar o seu presente de Natal no endereço: Rua Minas Gerais, Alto Santuário - Tel.: (33) 3731-
4582. A exposição está aberta ao público no horário de 7h30 da manhã às 5 da tarde.

Locutor: Agora é a hora de você, amigo ouvinte, viajar no mundo da imaginação. Ouviremos agora a
nossa radionovela, preparada especialmente pra você.

Técnica: Hora da história - “A Terra daqui a 50 anos”

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 41


Locutor: È, pessoal, estamos chegando ao final dessa transmissão. Hoje aprendemos uma coisa muito
importante: a preservação ambiental (...).

9 Oficinas

Oficina de audiovisual com a Associação Imagem Comunitária (AIC)

Introdução

AIC: é uma ONG de Belo Horizonte que atua na promoção do acesso público aos meios de
comunicação. Desde 1993, a AIC realiza oficinas de comunicação para a cidadania e promove a
criação de meios de comunicação comunitária. Sua atuação se dá junto aos mais diversos públicos:
população de rua, usuários de serviço mental, crianças de projetos sociais, culturais e ONGs.

A oficina da AIC em Araçuaí tem como objetivo nortear e motivar os jovens à capacitação e ao
fortalecimento, para que eles possam crescer, desenvolver e multiplicar seus próprios projetos com
autonomia. Por intermédio do Centro Cultural Luz da Lua, quatro agentes comunitários de cultura
foram convidados a participar da oficina, com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre
audiovisual.

Objetivo da AIC no Vale do Jequitinhonha

Implantar um núcleo de produção audiovisual comunitária, envolvendo jovens dos municípios de


Itaobim, Araçuaí, Medina, Padre Paraíso e Ponto dos Volantes, no Médio Vale do Jequitinhonha. É em
torno dessa proposta que a AIC se uniu à Casa da Juventude de Itaobim, ao Programa Pólos de
Cidadania da UFMG, à Secretaria de Estado da Cultura de MG e à Rede Minas de Televisão.

O projeto aposta no diálogo, via mídias comunitárias, entre a juventude e as demais gerações,
especialmente entre os jovens e as ricas tradições culturais do Vale do Jequitinhonha. Acreditam que
tal diálogo pode ter um forte impacto nos processos de mobilização popular para a revalorização da
região, processos esses que são imprescindíveis à geração de perspectivas para o desenvolvimento
local. No ano de 2008, o núcleo vai sediar um programa de formação e produção em mídia
comunitária, que envolverá dezenas de jovens de toda a região em atividades de criação e em
exibições em espaços públicos. Prevê-se a realização e a veiculação de um documentário na Rede
Minas. Site e DVD difundirão as metodologias e as produções dos jovens.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 42


Atividades desenvolvidas

Roda de apresentação a respeito do objetivo de cada um nessa oficina e a expectativa em relação ao


trabalho a ser desenvolvido. A equipe da AIC explicou com clareza o que é audiovisual: é todo meio
de comunicação expresso com a utilização conjunta de componentes visuais (signos, imagens,
desenhos, gráficos etc.) e sonoros (voz, música, ruído, efeitos onomatopéicos etc.), ou seja, tudo que
pode ser visto e ouvido ao mesmo tempo.

Dinâmica realizada: ”Teia de aranha”

Foi pedido a todo o grupo para levar um objeto que tivesse muita importância em sua vida e, através
desse objeto, todos puderam contar sobre suas vidas. Eram histórias diferentes e que foram ligadas
umas às outras, exemplificando o que é audiovisual.

Manuseio de equipamentos

Dar o “branco” à câmera. Exemplo: focar a câmera em algum tecido ou papel de cor branca, para
dar melhor qualidade de imagem.
Nunca deixar o equipamento ligado sem precisão.
Algumas técnicas para não deixar a câmera tremer.
Captura de imagens e áudio.
Filmagem e edição.

Pesquisas e ações

O grupo saiu pelas ruas da cidade fotografando e capturando sons e imagens dos pontos históricos e
importantes da cidade, com o objetivo de produzir pequenos clipes para mostrar ao povo a riqueza da
nossa cidade. Também aproveitou um evento que estava acontecendo: o desfile das escolas
comemorando o aniversário da cidade. Capturou e editou dois pequenos vídeos sobre esse desfile.
Isso foi muito importante para os jovens que estão participando dessa oficina, pois, a partir daí, eles
aprenderam, com mais precisão, a editar e capturar imagens nos pequenos detalhes.

Produção de dois documentários: um sobre a história da cidade, desde quando tudo começou até
hoje, e outro sobre “As histórias que o povo conta”. Para essa pesquisa, os jovens procuraram as
pessoas mais antigas e importantes da nossa comunidade que tinham causos para contar, a exemplo

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 43


de Dona Josefa Alves (Zefa), Dona Generina, Gera dos Índios e muitas outras pessoas importantes da
nossa comunidade.

Foram também atrás de outras histórias na região, como a de Dona Maria, do município de Itira, e
imagens na Maravilha. Esses dois documentários serão exibidos na Rede Minas e no K-iau em Cena,
que acontecerá em Araçuaí no final do ano.

Conclusão

“Ao longo de sua história, a Associação Imagem Comunitária vem desenvolvendo metodologias de
capacitação de diversos grupos para a utilização e apropriação dos meios de comunicação.
Entendemos que, na atualidade, tal apropriação é fundamental para promover o crescimento da
participação popular e a ocupação de espaços públicos de expressão e isso é muito importante para
os jovens, que estão prontos para digerir e passar adiante o que é aplicado e, claro, atingir a
autonomia e seguir cavando o futuro com as próprias mãos”.

Depoimentos

“Uma experiência nova, porque eu não tinha noção de edição, mas para mim foi muito bom adquirir
novos conhecimentos.”
Lucrécio Borges - Agente Comunitário de Cultura

“Essa oficina chegou na hora certa para mim, pois eu não tinha nenhum contato com câmera, com
edição, com captura de imagens etc. E essa oficina me ajudou e está me ajudando muito, pois hoje eu
já sei editar e capturar imagens e isso será um acréscimo a mais de conhecimento para o cinema, que
é meu alvo de objetivo.”
Claudia Santos - Agente Comunitária de Cultura

“Essa oficina está sendo muito construtiva para mim, pois amplia mais o meu conhecimento sobre
audiovisual”
Marcelo Barreto - Agente Comunitário de Cultura

Agente Comunitário de Cultura - participantes da oficina

Claudia Santos / Marcelo Barreto / Lucrécio Borges / Marcos Paulo

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 44


Relatório

Projeto Cidades Invisíveis

Motivados pela obra homônima de Ítalo Calvino (Cidades Invisíveis), a Rede Minas de Televisão, o
Centro de Referência de Juventude, a Fábrica do Futuro e o Ministério da Cultura agregaram forças
em torno de um objetivo: descentralizar a produção e ampliar a visibilidade da cultura regional nos
meios de comunicação na era digital.

Visando transformações concretas, o projeto pelos debates que circunscrevem a TV pública, a


convergência digital e a diversidade cultural mineira, a partir de produções de micro-narrativas o
chamado interprograma, propõe uma aproximação entre tevês afiliadas à Rede Minas de televisão e
pontos de cultura do interior de Minas Gerais, contemplando um total de nove localidades: Ouro
Preto, Divinópolis, Januária, Juiz de Fora, Pirapora, Uberlândia, Viçosa, Pouso Alegre e Araçuaí.

Com a intenção de levar ao telespectador relatos, descrições e criações com características regionais,
resultantes do encontro de pessoas e culturas, serão produzidos 18 vídeos, dois por localidade,
fortalecendo o espaço cultural popular na TV publica da era digital.

Da literatura, serão extraídos dispositivos de criação capazes de gerar novas possibilidades de


interpretação da vida cotidiana (viajar pelo universo da ficção). Nessa fonte inspiração, os agentes e
pontos de cultura e afiliadas à Rede Minas de Televisão irão produzir argumentos ou pequenos roteiros
para a produção de peças de vídeo em alta definição.

Atividades desenvolvidas

Fórum em Belo Horizonte, de 25 a 28 de agosto de 2008


Cerimônia de abertura
Contextualização da política cultural do Ministério da Cultura e da Secretaria de Cultura.
Participantes: Achilis (Rede Minas), César Piva (Fábrica do Futuro), Helder Quiroga (Contato), Célio
Turino (Ministério da Cultura), Paulo Brant (Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais Ferrari e
Cláudia (Minc).

Tivemos uma aula inaugural com Alfredo Manevy (Secretário de Políticas Culturais do Ministério da
Cultura), que falou das perspectivas nos campos da cultura, visando essa parceria dos pontos de

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 45


cultura e filiadas (Rede Minas) e evolução da TV digital.

Debate: “Produção de conteúdo para TV”, Adriano de Angelis e Leandro Saraiva (TV Brasil) e Luciano
Alkimin (Rede Minas).

Debate: “TV digital e TV pública”, Luís Meireles (Rede Minas) e Israel do Vale (TV Brasil) mostrando o
modo de trabalho, perspectivas, evolução entre tevês. Eduardo de Jesus (Rede Minas e Puc Minas) e
Ronaldo Noronha (UFMG) passando aos participantes Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, com
interpretação da obra.

Debate: “Novas mídias e tecnologias”, Cláudio Prado (cultura digital) falando sobre o uso de
aparelhos digitais na produção de micro-narrativas e interprogramas.

Debate.”Juventude, cultura e tecnologias de informação”, César Piva (Fábrica do Futuro) e Daniel


Perini (Contato). Grupo de trabalho e dispositivos de criação e construção compartilhada de hipóteses,
com Gustavo Jardim (Contato) e Daniel Perini (Contato).
Visita guiada dos realizadores à Rede Minas de Televisão.
Auditório: apresentação do desenho de produção, visita aos estúdios da Rede Minas, conhecimento e
troca de idéias sobre TV, vídeos e produção de dispositivos de criação.

Indicadores de êxito

Índices quantitativos:
- 15 participantes
- 04 palestras
- 04 debates
- 08 vídeos
- 01 livro: Cidades Invisíveis
- 01 passeio à Rede Minas
- Material de apoio

Índices qualitativos
- -Liberdade de expressão (cultura de cada região).
- - Valorização e conhecimento de culturas diferentes.
- - Levar para outros lugares a cultura da minha cidade, defender idéias.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 46


- Desenvolvimento pessoal.

Reflexão

É com grande satisfação que participo do projeto “Cidades Invisíveis”. Estar representando minha
cidade em algo tão importante é de grande valor, tanto para mim quanto para o grupo, pois pretendo
passar para eles tudo que aprendi e ser realmente um multiplicador. Os idealizadores foram muito
felizes em escolher “Cidades Invisíveis” como inspiração para o projeto: mostrar a invisibilidade da
nossa cidade. Como entender o livro com produção, revelar o invisível da cidade, mostrar o que
acontece hoje em dia, ver o olhar das pessoas em relação a nossa cidade (modos, culturas etc.),
buscando novos olhares a partir de experiências, mantendo uma relação ética, revendo as relações e
enfrentando a realidade. Dando oportunidade para as pessoas nessa nova era digital, mas sem fugir
dos costumes culturais. Tendo essa relação entre TV e ponto de cultura acontecendo, essa troca de
valores e também pensando em profissionalização.

Para a próxima etapa, em Cataguases, foi pedido para ser enviado, até o dia 26/09, sexta-feira, um
relatório sobre as pesquisas que estamos realizando. Dessa forma, podemos aproveitar melhor o
nosso tempo em Cataguases.

Informaram que, em breve, será criado um blog onde essas pesquisas iniciais também deverão ser
compartilhadas, por meio de fotos, links para vídeos, textos. O objetivo é promover a troca de
informações, de experiências e discussões sobre temas ou abordagens sobre os temas. Para
Cataguases, pediram para separar materiais sobre atividades dos pontos de cultura (almanaques,
folders, cartilhas, CDs, DVDs), que serão entregues lá. Devemos enviar, a principio, arquivos sobre os
nossos projetos ou atividades ainda em andamento no ponto de cultura. Isso irá contribuir para o
aprofundamento das pesquisas que o Contato vem realizando, que dão subsídio conceitual para o
debate e desenvolvimento de projetos e ações futuras.

Dispositivos de criação para filmagem em Araçuaí

Tema 1:
Sá Luiza - Benzedeira

Argumento (use este espaço para transmitir um pouco de suas idéias e o caminho que pretende seguir
para contar sua história, de forma que outras pessoas possam entender seu tema e a importância dele

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 47


para a sua cidade e região):

Araçuaí é uma cidade que mantém vivas algumas crenças religiosas. As benzedeiras e suas rezas vêm
de histórias antigas que nossos avós acreditavam e acreditam: através das suas rezas, as pessoas
ficam livres dos maus olhados e se sentem mais protegidas, se dizem “benzidas de corpo fechado”.

Um nome que pertence de direito à história de Araçuaí e que não pode deixar de ser citado é Sá
Luiza, de generoso coração, respeitável e estimada benzedeira, que muito contribuiu para acalmar os
ânimos aflitos dos quebrantados.

Sá Luiza foi uma das benzedeiras mais conhecidas e procuradas pela população. Sua casa vivia cheia
de jovens, crianças e adultos, que vinham da cidade, da zona rural e até de outras cidades vizinhas.
Hoje, depois de sua morte, essa crença ainda continua viva na memória daqueles que um dia
passaram por lá.

A história de Sá Luiza é, de certa forma, conhecida por todos da cidade, visto que ela era uma
benzedeira bem popular, carismática e respeitada por todos. A fé que todos tinham em suas bênçãos
fez dela um “símbolo religioso” e hoje o que queremos mostrar são os sentimentos, as lembranças que
ficaram nas pessoas que foram benzidas por ela.

Detalhamento de atividades e demandas para gravação (use este espaço para aprofundar e analisar
as necessidades específicas para a execução de seu vídeo, como, por exemplo, todas as cenas que
você precisa gravar para construir seu filme ou todas as imagens de arquivo que precisa para ilustrar
seu tema):

A) Imagens a serem gravadas (aquilo que será gravado pela equipe de filmagens em sua passagem
pela sua cidade):

1 – Imagem do pôr do sol.


Pessoa rezando uma das suas orações
Fotos

2 – Depoimentos: na casa (Advete, Katiane, Valdeci).

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 48


B) Demais materiais a serem utilizados na edição do vídeo (aquilo que já existe e deve ser
disponibilizado pelos realizadores para a equipe de produção e edição. Esses materiais podem ser
postados no Blog, mas, de toda forma, devem estar à disposição da equipe de produção e edição no
momento da visita a cada uma das cidades):

Tema 2:

“O dinheiro de São Paulo


É um dinheiro excomungado
Foi o dinheiro de São Paulo
Que levou meu namorado.”

Argumento (use este espaço para transmitir um pouco de suas idéias e o caminho que pretende seguir
para contar sua história, de forma que outras pessoas possam entender seu tema e a importância dele
para a sua cidade e região):

Todos os anos, no Vale Jequitinhonha, milhares de produtores rurais deixam suas famílias por um
período de oito a nove meses para ir para as usinas de corte de cana em São Paulo, Rio de Janeiro e
Mato Grosso do Sul. Araçuaí faz parte dessa realidade. Alguns pais, quando vão para o corte de cana,
deixam as mulheres grávidas ou filhos ainda pequenos. Quando os pais voltam, algumas crianças não
os reconhecem e chegam até a estranhá-los. Isso é muito triste para eles.

No final de novembro e início de dezembro, os pais retornam às suas casas. Alguns ficam por pouco
tempo. Como Araçuaí não oferece muitas oportunidades de trabalho, eles vão para a safra de café no
mês de janeiro. E a cada dia diminui o tempo de permanência junto de suas famílias.

Detalhamento de atividades e demandas para gravação (use este espaço para aprofundar e analisar
as necessidades específicas para a execução de seu vídeo, como, por exemplo, todas as cenas que
você precisa gravar para construir seu filme ou todas as imagens de arquivo que precisa para ilustrar
seu tema):

A) Imagens a serem gravadas (aquilo que será gravado pela equipe de filmagens em sua passagem
pela sua cidade):

1 – cenas de pessoas embarcando para algum lugar: Essas cenas serão realizadas com pessoas que

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 49


não fazem parte da história.

2 – Depoimentos: pessoas falando (mãe, filhos, namoradas, esposas) sobre o sentimento de passar
tanto tempo longe de seus entes queridos. A sensação da volta para a casa.

Cleber Ribeiro Santos


(Ponto de Cultura de Araçuaí)
(Cinema Meninos de Araçuaí

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 50


• Plano de Trabalho e Avaliação - 2008
Projeto Cinema Meninos de Araçuaí

Objetivo: contribuir com a transformação social por meio das atividades do Cinema Meninos de Araçuaí
Atividades, técnicas e Tempo e
Objeto Dimensões Perguntas importantes Indicadores e evidências Público-alvo
instrumentos responsável
Transformação Compromisso Como utilizar as técnicas de Produção de pequenos Informação Comunidade Durante o
social ambiental rádio e vídeo para vídeos sobre o tema água. Conhecimento da realidade ano /
promovida conscientizar as pessoas a Produção de documentário. Divulgação e conscientização equipe do
terem compromisso com o Jornal radiofônico. do cuidado com a água cinema
meio ambiente? Programas de rádio Conhecimento
educativos sobre o cuidado Participação
com a água.
Jornal noticiário de
informação.
Entrevistas com técnicos no
assunto.
Empoderamento Como promover Roda de planejamento e Participação Agentes
empoderamento comunitário avaliação. Envolvimento Comunitários
Comunitário
(autonomia) através do Formação cinematográfica. Valorização de Cultura
(autonomia) trabalho no cinema? Pesquisa sobre assunto
relacionado ao cinema.
Oficinas para a formação
específica.
Roda de bate-papo com
pessoas ligadas à cultura.
Atividades integradas com
a Fabriqueta de Software.
Intercâmbio com outros
pontos culturais

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 51


Valores Como resgatar a cultura Pesquisa Conhecimento
Humanos e local utilizando as técnicas Produção de documentários Participação
Culturais de vídeo e rádio? e curtas locais Protagonismo
Exibição de pequenos Valorização
filmes produzidos nas Integração
comunidades

Satisfação Como gerar renda através Produção de propagandas Nº. de propagandas


Econômica do trabalho no cinema? comerciais produzidas
Divulgação de eventos Envolvimento com o
locais comércio
Exibição de filmes
Nº de filmes exibidos

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 52


• MDI - Gestão
Ações
Ação Tempo Responsável Resultado

Número de filmes assistidos.


Formação cinematográfica (toda a equipe
Segundas-feiras, Discussões mais voltadas para a linguagem
assiste aos filmes a serem exibidos nas
às 13h30 do cinema.
sessões).
Dezembro 2008 Conhecimento e gosto pelos filmes.

- Apropriação
Preparação e organização de todo o
- Compromisso
material de divulgação.
- Autonomia
Enviar a programação para a mala direta. Cláudia e
Toda terça-feira - Agilidade
equipe de
pela manhã - Público no cinema
De quantas maneiras divulgação
- Conhecimento do trabalho do cinema
diferentes e inovadoras Divulgação nas escolas, TV, rádio, comércio.
- Aproximação do público
podemos organizar
melhor as atividades no
cinema?
- Pauta sobre os quintais maravilhas.
Trabalho com pautas e roteiros de vídeo. Terça-feira à - Pautas sobre documentário Centro Velho.
Equipe de vídeo
tarde - Pauta sobre a Festa do Rosário

- Conhecimento
Pesquisas sobre os filmes assistidos
- Rodas mais participativas
(curiosidades, premiações, história, diretor). Quarta-feira Equipe de vídeo

Filmagem e edição e roda de planejamento Quinta e sexta Equipe de vídeo


e avaliação

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 53


• MDI - Clube do Vídeo

Ação Tempo Responsável Resultado/Esperado

Mandar filipetas - Maior público nos encontros.


Uma semana antes do cine
individuais para as Equipe de divulgação - Acesso direto às pessoas.
clube.
pessoas.

- Maior divulgação.
Fazer convite nas escolas. Uma semana antes. Equipe de divulgação
- Parceria com as escolas

Convidar grupos,
Interact, corais, jovens
- Parcerias com outras instituições e grupos.
dos projetos, associações Uma semana antes Equipe de divulgação
De quantas maneiras
etc. (fazer reuniões
diferentes e
convidando).
inovadoras podemos
incentivar as pessoas a - Envolvimento de outras pessoas nos encontros.
participarem do Clube Uma vez ao mês Coordenação - Encontros mais divertidos.
do Vídeo? Fazer sessão comentada.
- Maior diálogo entre as pessoas.

- Acesso direto às pessoas.


Enviar mala direta Uma semana antes Equipe de divulgação - Maior divulgação, pelo fato de os e-mails
convidando. serem repassados para outras pessoas.

- Organização do cine-clube.
Fazer as carteirinhas dos Nos encontros Coordenação - Compromisso.
associados. - Oportunidade

Cadastrar os associados
Nos encontros Equipe do cinema - Maior número de associados.
nas escolas e grupos.

Cinema Meninos de Araçuaí - Araçuaí/MG 54

Вам также может понравиться