O que “tomar” para envelhecer com saúde?
- a resposta está em você mesmo -
Esse tipo de pergunta ecoa
diariamente não só em nossos pensamentos,
mas também em todos os meios de
comunicação (muitas vezes inverídicos e até
sensacionalistas), na busca incessante de
pílulas mágicas ou qualquer outro artefato
milagroso que possa interromper o famoso e
temido “envelhecimento”, tornando você
eternamente jovem.
Dessa busca, surge o oportunismo de
muitos que prometem milagres a sua saúde
caso você tome “isso” ou faça “aquilo”,
indicando ou até mesmo vendendo produtos e
serviços, medicamentos ou fórmulas
(fantásticas e geralmente muito caras) para tal
objetivo.
Os fatos que a verdadeira ciência séria
comprova com relação ao envelhecimento
são: “todos nós envelhecemos, e ainda não há
nada que pare isso”... “a população mundial
está envelhecendo, cada vez mais teremos
pessoas de muita idade entre nós”... “pessoas
idosas têm em média 3,5 doenças que
precisam de diagnóstico e tratamento”.
Essa ciência séria, mostra em um recente
estudo de alto grau de evidência científica,
publicado em uma das revistas de maior
credibilidade na área médica que é
inconclusivo se há ou não benefícios, bem
como se desconhece os efeitos colaterais do
uso de suplementos multivitamínicos e
minerais por adultos, para prevenção de
câncer e doenças crônicas (doenças
cardiovasculares, hipertensão, catarata e
degeneração da visão decorrente do
envelhecimento).
Além disso, esse estudo revelou que
ainda não há dados científicos sérios a
respeito do uso destes suplementos para
prevenção de doenças como: diabetes do tipo
II, doença de Parkinson, perda de audição,
osteopenia e osteoporose, artrite reumatóide e
osteoartrite, hepatites não alcoólicas, cálculos
nos rins e insuficiência renal, tuberculose,
hepatite C, infecção por HIV e doença
pulmonar obstrutiva crônica.
Se o uso desses suplementos em idade
adulta já não tem base científica que
comprove a prevenção de doenças, o uso em
idosos visando efeitos benéficos é ainda mais
duvidoso.
Outro importante estudo avaliou a eficácia
do uso de suplementos alimentares em
aproximadamente 10 mil idosos, e concluiu
que apenas são recomendados para idosos
hospitalizados e com subnutrição. O uso
dessa prática em idosos que não sejam
nessas condições anteriores é desencorajado,
pois além de não se ter o conhecimento dos
reais benefícios, se trata de uma população
com maior probabilidade de apresentar efeitos
colaterais do uso dessas substâncias.
Em muitos trabalhos analisados pelo
estudo acima, os idosos apresentaram
problemas gastrointestinais como náuseas,
vômitos e diarréia.
Sendo assim, feliz ou infelizmente não há
nada de novo no mercado como resposta para
nossa busca incessante, além dos já antigos e
comprovados efeitos benéficos associado à
ausência de efeitos colaterais (quando bem
utilizados), de uma dieta balanceada e
atividade física regular.
A atividade física reduz em 30% todas as
causas de morte e influenciam positivamente
mais de 15 diferentes parâmetros de saúde.
 A “velhice” não deve ser um sinônimo de atividade física regular. Pela primeira vez num
algo decrépito, assim como “peitos e bunda meio de comunicação de massa alguma
caídos”, a ser evitado a todo e qualquer custo informação verdadeira (sem sensacionalismo
e com comprovação científica real) nos foi
Com a boa aplicação dos conhecimentos divulgada no programa globo repórter de
atuais a “velhice” pode ser algo formidável. 15/09/2006 quase fazendo os profissionais
Sabemos que uma pessoa que pode ter em sérios e amantes da medicina preventiva se
idades avançadas muitas doenças, mas pode derreter em lágrimas de felicidade: “exercícios
gozar também dos prazeres da boa vida, físicos são muitas vezes melhores que
tendo suas doenças devidamente remédios”.
diagnosticadas e controladas, ingerindo uma
dieta saudável e balanceada e, praticando Para finalizar o assunto, quando a
atividades físicas regulares, mantendo assim a pergunta for: “O que tomar para
autonomia e independência até o fim da vida. envelhecer com saúde?” a resposta é:
“TOMAR INICIATIVA”, ou seja
Em meio a tanta confusão de informações
mover-se em direção a uma atitude positiva de
que para nós é colocado, sobre “o que
buscar uma boa dieta a ser consumida e
funciona” e “o que não funciona”, fiquemos
praticar atividades físicas regularmente.
com o que a ciência já com muitos anos
comprova com gosto: dieta adequada e

Dr. Lucas Caseri Câmara

• Médico especializado em Fisiologia do Exercício e Treinamento Resistido na Saúde, na
Doença e no Envelhecimento – CECAFI - FMUSP.
• Pós-graduando em Clínica Médica FCMS-UNILUS e Fisiologia do Exercício – UNIFESP.
• Médico da Academia MAHATMA - Santos

Referências:
Filho WJ, Flo C, Santarém JM. Atividade Física e Envelhecimento Saudável. São Paulo. Ed. Atheneu, 2006.
Economos CD. Less Exercise Now, MoreDisease Later? The Critical Role of Childhood Interventions in Reducing Chronic Disease Burden. Nutr Clin Care. 4: 306-
13, 2001

Warburton DE, Nicol CW, Bredin SS. Health benefits of physical activity: the evidence. CMAJ 174(6): 801-9, 2006.

Huang HY, Caballero B Chang S, et al. The efficacy and safety of multivitamin and mineral supplement use to prevent cancer and chronic disease in adults: a
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Milne AC, Avenel A, Potter J. Meta-analysis: protein and energy supplementation in older people. Ann Intern Med. 2006 Jan 3;144(1):37-48. Erratum in: Ann Intern
Med. 2006 Apr 4;144(7):538.

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