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Modernidade
- A Semana de 22
Profa. Ms.
Priscilla Ramos da Silva
Programa do curso
• 1ª aula (18/4): Tradição e Modernidade. A Semana de 22.
• 2ª aula(25/4): Desdobramentos da Semana. O obra de Tarsila do
Amaral. Mário de Andrade e o debate sobre o modernismo
brasileiro.
• 3ª aula (9/5): A arte no Brasil nas décadas de 1930-40.
• 4ª aula(16/5): A arquitetura e o design modernistas.
• 5ª aula(23/5): Anos 1950: O confronto entre realismo e abstração.
As Bienais de São Paulo. O Concretismo.
• 6ª aula (30/5): Anos 1960: Novas figurações e novos realismos.
• 7ª aula (6/6): Anos 1960/70: Neo-concretismo. Tendências
conceituais.
• 8ª aula (20/6): Anos 1980/2000: o “retorno” da pintura e pós-
modernidade. O corpo na arte contemporânea.
Introdução:
o que é “arte moderna”?
Alexandre Cabanel, La Naissance de Vénus, 1863
Ticiano, Vênus de Urbino, 1538
Giorgione, Vênus Adormecida, 1510.
Sandro Botticelli, O Nascimento de Vênus, c. 1485
Esta é uma das 49 cópias da
escultura original de
Praxíteles. A Vênus do
escultor é a primeira imagem
da deusa completamente nua.
Praxíteles,
Vênus de Cnido, cópia romana
de um original de c. 350 a.C.
Museu Vaticano, Roma.
Alexandre Cabanel, La Naissance de Vénus, 1863.
Édouard Manet, Olympia, 1863.
Édouard Manet, Le déjeuner sur l’herbe, 1863.
Olympia
• O quadro é considerado um dos primeiros
grandes ícones da arte moderna.
• A tela é exposta em 1865 no Salão, exposição
anual organizada pelo Estado. Aparentemente,
cumpria as exigências do Salão: pintura de
mulher nua, com título em estilo clássico.
• Choque por parte de público e crítica.
• Embora a maioria dos críticos da época visse
Olympia como um quadro fracassado, este veio
a ser considerado posteriormente uma obra
canônica.
O moderno na arte
• O novo em oposição ao antigo.
• O presente contraposto ao passado.
• Consciência de uma ruptura com o passado.
• Noção de progresso.
• Questionamento dos pressupostos básicos da arte
acadêmica e da tradição artística oficial: recusa do belo
ideal, da referência greco-romana, das formas
depuradas. Recusa de uma arte literária, de eloqüente e
sentimental.
• Afirmação da autonomia da arte.
• Liberdade de criação artística.
• Originalidade da obra de arte.
• Busca de novas soluções formais.
A modernidade
• Conceito tem sua origem no pensamento estético de
Charles Baudelaire, poeta e crítico de arte.
• Para Baudelaire, a arte moderna está ligada à
experiência da modernidade: uma atitude para com o
presente. (idéia formulada no ensaio “O Pintor da Vida
Moderna”, publicada no jornal Le Figaro, 1863).
• Arte em consonância com a vida moderna: a moda, os
gostos e os costumes contemporâneos.
• Para viver a modernidade é preciso viver, como um
flâneur, a vida que se desenrola nas ruas das cidades: a
pobreza, a boêmia e a multidão.
O espectador moderno
Émile Zola sobre Olympia, 1867:
• Forma – “O senhor precisava de uma mulher nua e escolheu
Olympia, a primeira a chegar. O senhor precisava de
manchas claras e luminosas de cor, e então acrescentou um
buquê de flores; julgou necessário ter algumas manchas
escuras, e então colocou em um canto uma negra e um
gato”.
• Tema - Enquanto alguns artistas “corrigem a natureza”,
Manet pinta a “verdade”, escolhendo como modelo uma moça
contemporânea.
• Transfere o interesse do quadro dos aspectos literários para
os formais.
• Essa ênfase era um contragolpe estratégico ao que era
convencionalmente considerado mais significante na pintura.
• É culpa do espectador se ele não consegue ver o quadro
como uma obra moderna.
As vanguardas
• Vanguarda: termo de origem militar (do francês
avant-garde) apropriado pelos artistas que
viveram no entre-guerras, no século XX, para
denominar os movimentos artísticos modernos.
• Caráter militante, revolucionário e utópico.
• Missão da arte: construir um novo homem, um
novo mundo e uma nova ordem social.
• Palavras de ordem, manifestos, estratégias de
choque, produção de eventos provocativos.
• Artistas articulam-se em grupos.
• Ruptura, inovação, “tradição do novo”
Arte Moderna e o distanciamento
progressivo da mímesis
Oswald de Andrade
ANDRADE, Oswald. Em prol de uma pintura nacional.
In: ______. Estética e Política. São Paulo: Globo, 1991.
[Texto publicado originalmente na revista O Pirralho.
São Paulo, 2 jan. 1915, seção Lanterna Mágica].
Crítica: Mário de Andrade
• "Já nos últimos dias monárquicos, a inteligência plástica
brasileira principia (...) de alguma forma anunciando os
tempos modernos. A influência da técnica européia ainda
predomina, e predominará até os nossos dias, mas os
artistas de maior valor se voltam para a expressão da terra e
do homem. (...) em São Paulo, Almeida Júnior, em luta aberta
com as luzes do nosso dia e a cor da terra que a sua paleta
parisiense não aprendera, analisa com firmeza os costumes e
o tipo do caipira."
Mário de Andrade
ANDRADE, Mário. As artes plásticas no Brasil. Revista da
Academia Paulista de Letras, ano VII, n. 26, 12 jun. 1944, p.
27. Citado na publicação ALMEIDA JÚNIOR: vida e obra. São
Paulo: Art Editora, 1979, p. 30.
Almeida Júnior –
O Derrubador Brasileiro, 1875
Recado difícil - 1895
óleo sobre tela - 138 x (?) cm
Museu Nacional de Belas Artes
Pescando - 1894
óleo sobre tela - 64 x 85 cm
Coleção Particular
Saudade 1899
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O Boto, 1921
Aquarela e Nanquim s/ papel
35,4 x 26 cm
Mani Oca/ O Nascimento de Mani, 1921
Aquarela e nanquim s/ papel
28 x 36,5 cm
Retrato de Joaquim Rego Monteiro, 1920
óleo s/ tela, 42,5 x 32 cm
Aita, Zina
Homens Trabalhando , 1922
óleo sobre tela
22 x 29 cm
Coleção Yan de Almeida Prado
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini
Paisagem
da Espanha
Vista de Toledo com Ponte
Ciprestes em Toledo
Índios
Baianas
Exposição: pinturas
• Ferrignac, pseudônimo do ilustrador e caricaturista
Ignácio da Costa Ferreira, compareceu com
Natureza Dadaísta que, segundo Aracy Amaral,
“nunca poderia ser uma obra que correspondesse
realmente ao título”.
• Yan de Almeida Prado expôs dois trabalhos feitos a
quatro mãos com Paim Vieira. Confidenciou a A.
Amaral que participou “só por troça”: “A minha
participação era mera procura de desfastio em
modorrenta cidade de província (…). Ocorreu-me
tomar parte à guisa de divertimento.”
Colombina
Aquarela de Ferrignac
Artistas da semana:
o que tinham em comum?
• “São moços de tendências múltiplas, às vezes
contrárias, unidos apenas pela liberdade com
que usam das possibilidades técnicas da
música. Reuniram-se apenas porque união é
força (...) Assim somos os moços da Semana de
Arte Moderna” (Mário de Andrade)
• A escolha das obras e os convites aos artistas
não podem ser definidos segundo um critério, a
não ser que consideremos como um princípio o
fato de serem comvidados os artistas jovens
que seguiam ou tentavam outra orientação que
não a da Academia.
Primeira noite - 13/02
• Conferência inaugural “A emoção estética na arte
moderna”, de Graça Aranha.
• Conferência “A pintura e a escultura moderna no
Brasil” de Ronald de Carvalho, que também recita
“Os sapos”, poema de Manuel Bandeira.
• Música de câmara de Villa-Lobos.
• “Os ânimos estavam fermentando; o ambiente
eletrizante, pois não sabiam como nos enfrentar. Era
o prenúncio da tempestade que arrebentaria na
seguna noitada”, relembra Anita Malfatti.
Segunda noite - 15/02
• O clima morno da primeira noitada transforma-se em
vaia no segundo dia, quando os literatos
apresentam-se no palco, pois são eles os
responsáveis pelo debate antipassadista e pela
propaganda do evento.
• A vaia não só era esperada, como até mesmo
desejada.
• Palestra “A escrava que não era Isaura”, lida por
Mário de Andrade da escadaria do saguão. Conta
Anita: “Mário não tinha voz para empolgar as
massas. Sua voz desaparecia no barulho das vaias e
gritaria.”
• Solo de piano de Guiomar Novaes.
Segunda noite - 15/02
• Conferência de Menotti del Picchia, na qual ele
exalta a velocidade do mundo moderno (transcrita no
Jornal do Commercio e no Correio Paulistano):
“Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações
obreiras, idealismos, motores, chaminés de fábricas, sangue,
velocidade, sonho, na nossa Arte! E que o rufo de um
automóvel, nos trilhos de dois versos, espante da poesia o
último deus homérico, que ficou, anacronicamente, a dormir e a
sonhar, na era do jazz-band e do cinema, com a flauta dos
pastores da Arcádia e os seios divinos de Helena! (…) Nada de
postiço, meloso, artificial, arrevezado, precioso: queremos
escrever com sangue - que é humanidade, com eletricidade,
que é movimento, expressão dinâmica do século; violência, que
é energia bandeirante.”
Sentido destruidor
• “Embora lançando inúmeros processos e ideias
novas, o movimento modernista foi
essencialmente destruidor”.
• “Há exageros em nossa arte? É natural. Não se
constrói um arranha-céu sobre um castelo.
Derruba-se primeiro a mole pesadíssima dos
preconceitos, que já foram verdades, para
elevar depois outras verdades”
(Mário de Andrade)
Críticas à Semana
• Coube a Mário de Andrade explicar as obras,
agregadas sob a égide de futuristas, mas que pouco
ou nada tinham em comum entre si.
• Artigos favoráveis de Sérgio Buarque de Hollanda,
Sérgio Milliet, que escrevia para jornais franceses,
Oswald e Mário de Andrade, com suas colunas no
Jornal do Comércio e A Gazeta, e Menotti del
Picchia, do Correio Paulistano.
Críticas negativas à Semana
• Para Oscar Guanabarino, crítico carioca, a
“embaixada de arte moderna” enviada do Rio para
São Paulo não tinha o “menor vislumbre de
autoridade artística”. “tudo isso não passa de uma
patacoada, procurando imitar um grupo de
desequilibrados que, em Paris, criaram a escola do
absurdo com a pretensão de desbancar a arte que
vem sendo aperfeiçoada através dos séculos”.
• Para Sud Mennucci (Revista do Brasil, julho de 22),
“há uma mocidade ruidosa e cabotina, a qual, se não
tem cultura, nem juízo crítico, nem probidade
estética, tem, em comparação, muita, mas muita
vontade de ser citada nos jornais”.
• Carta de Mário de Andrade a Menotti del Picchia,
publicada pelo Correio Paulistano em 23 de
fevereiro:
“Conseguimos enfim o que desejávamos: celebridade. Soube
que o senhor XX estava um pouco atemorizado com os insultos
que temos recebido. Consola-o tu. Realmente, amigo, outro
meio não havia de conseguirmos a celebridade. Era só assim:
aproveitando a cólera dos araras. Somos todos
pseudofuturistas(…). Somos burríssimos. Idiotas.
Ignorantíssimos. Compreendes que com todas estas
qualidades só havia um meio de alcançar celebridade: lançar
uma arte verdadeiramente incompreensível, fabricar o Carnaval
da Semana de Arte Moderna e… deixar que os araras
falassem. (…) Estamos célebres! Enfim! Nossos livros serão
comprados! Ganharemos dinheiro! Seremos lidíssimos!
Insultadíssimos. Celebérrimos. Teremos os nossos nomes
eternizados nos jornais e na História da Arte Brasileira”.
Algumas conclusões
• A realização da Semana não alterou
substancialmente a fisionomia das exposições de
São Paulo.
• A grande heterogeneidade das obras apresentadas
revela que o importante parecia ser “fazer algo
diferente daquilo que a Academia ensinava, ou
desejar fazê-lo, mesmo que a informação fosse
parca e a dificuldade grande”.
• Segundo Annateresa Fabris (“Estratégias
Modernistas”), o termo moderno era uma espécie de
talismã para o grupo de organizadores da Semana,
sem estar, no entanto, claramente determinado. O
significado e o alcance da arte moderna não eram
claros para eles.