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1) O documento discute duas perspectivas historiográficas sobre a proclamação da República no Brasil em 1889: versões tradicionais e revisão historiográfica.
2) As versões tradicionais atribuíam a proclamação da República a crises no Império ou a um golpe militar, enquanto a revisão historiográfica enfatizava transformações econômicas e sociais que minaram a Monarquia.
3) A autora critica as versões tradicionais por serem limitadas
1) O documento discute duas perspectivas historiográficas sobre a proclamação da República no Brasil em 1889: versões tradicionais e revisão historiográfica.
2) As versões tradicionais atribuíam a proclamação da República a crises no Império ou a um golpe militar, enquanto a revisão historiográfica enfatizava transformações econômicas e sociais que minaram a Monarquia.
3) A autora critica as versões tradicionais por serem limitadas
1) O documento discute duas perspectivas historiográficas sobre a proclamação da República no Brasil em 1889: versões tradicionais e revisão historiográfica.
2) As versões tradicionais atribuíam a proclamação da República a crises no Império ou a um golpe militar, enquanto a revisão historiográfica enfatizava transformações econômicas e sociais que minaram a Monarquia.
3) A autora critica as versões tradicionais por serem limitadas
p. 447- A historiografia da Repblica > na leitura de Emlia Viotti da Costa apresenta duas perspectivas que sistematizam as interpretaes sobre esse fato proclamao da repblica - que a autora qualificou de: 1) verses tradicionais e 2) reviso historiogrfica. A PROCLAMAO DA REPBLICA NAS VERSES HISTORIOGRFICAS TRADICIONAIS RESULTOU DAS CRISES QUE ABALARAM O SEGUNDO REINADO CRISE MILITAR QUESTO RELIGIOSA ABOLIO DA ESCRAVIDO Verses tradicionais >maior destaque> interpretao de Oliveira Viana 1. Nessa perspectiva > Deodoro tinha apenas a inteno de derrubar o Ministrio. Porm, uma passeata militar, foi transformada por Floriano Peixoto, apoiado por civis, em um golpe contra o governo. A Repblica, longe de corresponder s aspiraes populares, no passaria de um mero golpe militar. A comprovao disso era a pequena adeso de populares ao partido republicano. A proclamao teria sido facilitada pelas crticas dirigidas Monarquia > pelos prprios Monarquistas. Outras verses> Repblica > razes slidas > aspirao nacional 2. Para outros historiadores > A Monarquia era um corpo estranho nas Amricas. No Brasil, as razes republicanas eram slidas > A Repblica correspondia a uma aspirao nacional como revelaram os movimentos revolucionrios, ocorridos no pas, antes e depois da Independncia. Era natural que as aes do Partido republicano criado em 1870 fossem bem sucedidas. Os excessos cometidos pela Coroa > teriam contribudo para o desprestgio da Monarquia e para o advento da Repblica. Posio de Emlia Viotti da Costa Analisando essas duas teses > Viotti afirma que elas no passam de interpretaes superficiais, limitando-se a reproduzir a opinio dos contemporneos sobre o 15 de Novembro.
Essas interpretaes, apoiadas em documentos testemunhais > resultaram em uma crnica pouco objetiva dos fatos > que os historiadores continuam repetindo at hoje.
As crnicas sobre a proclamao da Repblica > traduzem as duas verses: a monarquista e a republicana Verso Monarquista > a proclamao da Repblica > um acidente infeliz e no passava de um golpe militar. Era fruto da indisciplina dos militares que se aliaram aos fazendeiros ressentidos com a Abolio. Verso Republicana > Corrigia os vcios do regime monrquico > vitaliciedade do Senado, fraudes eleitorais, abusos do Poder pessoal, centralizao excessiva. Ao partido republicano e ao Exrcito cabiam as glrias do movimento (p.449). > Ambas as verses so parciais. Papel do sujeito > decisivo Nessas abordagens > os sujeitos tinham um papel decisivo no processo. Tanto as crnicas dos republicanos quanto as dos monarquistas atribuam grande importncia atuao dos personagens que se movimentaram na cena poltica e cujo desempenho era considerado fundamental para explicar os sucessos que culminaram na queda do regime monrquico. Benjamin Constant, Quintino Bocaiva, Silva Jardim, Deodoro, Floriano, visconde de Ouro Preto, princesa Isabel, o conde Deu, o imperador > so personagens importantes dessa histria... medida que os anos passaram as verses primitivas continuaram a ser divulgadas pelos historiadores. Novas abordagens Na dcada de 1920 > foram divulgadas vrias pesquisas sobre o Imprio e sobre a Repblica > Os historiadores dessa gerao atriburam aos prprios monarquistas responsabilidade do sucedido. As verses tradicionais, porm, foram mantidas ( Oliveira Vianna, Pandi Calgeras etc p. 450, nota 6). A partir de 1930 >surgem novas abordagens >sintonizadas com as mudanas do pas que a crise de 1929 ajudara a redefinir os seus parmetros.
O revisionismo na historiografia da O desenvolvimento dos estudos de histria econmica, o aparecimento de monografias > propiciaram a emergncia de novas abordagens sobre o movimento de 1889.Os historiadores tentaram fazer uma anlise mais objetiva dos acontecimentos > recorrendo a novas fontes. Abandonam as vises subjetivas dos testemunhos > e procuraram explicar a queda da Monarquia pela inadequao das instituies vigentes (p. 451). Essa a explicao de Caio Prado Junior que considera a queda da Monarquia uma passeata militar; nessa proposio considera que a proclamao da Republica > resultado de profundas transformaes que vinham se operando no pas. Repblica A Repblica > resultado das vrias transformaes do pas Essas transformaes eram as seguintes: 1. a decadncia das oligarquias tradicionais ligadas terra; 2. a Abolio; 3. a imigrao; 3. o processo de industrializao e urbanizao; 4. o antagonismo entre zonas produtoras; 5. a campanha pela federao; Todos esses fatores minaram o edifcio monrquico e deflagraram a subverso. A Repblica Assim, a Repblica > Resultou da aliana entre grupos ativos da classe mdia e representantes mais dinmicos da classe senhorial. O Exrcito, identificado com os interesses da classe mdia, realizou a mudana do regime que deixara de atender s necessidades de parcelas importantes da sociedade (p. 452) > Essas interpretaes deixam de lado os personagens realados pelos cronistas (Anlise de Nelson Werneck Sodr). Na anlise dos acontecimentos histricos > necessrio ir alm dos fenmenos aparentes que so observados e registrados pelos contemporneos. Reparos s verses tradicionais A autora, a partir deste tpico, passa a avaliar as questes abordadas pelas verses tradicionais em relao Abolio e Repblica, A questo religiosa, O partido republicano e a proclamao da repblica, o papel do Exrcito e o mito do poder pessoal do imperador. Nesses reparos Emlia Viotti da Costa observa que: 1. a Abolio no a causa da Repblica > ambas so repercusses, no nvel institucional, de mudanas ocorridas na estrutura econmica do pas que provocaram a destruio dos esquemas tradicionais. 2. A Questo religiosa > a prpria Igreja estava dividida. Uns eram favorveis aos maons e outros aos bispos. Tambm haviam padres republicanos. Reparos s verses tradicionais 3. Em relao ao partido republicano e a proclamao da Repblica > a autora observa que no para superestimar o papel do partido republicano no evento. Embora difundido em todo o pas > tinha poucos adeptos e estava concentrado nos estados de RS/RJ/SP/Minas. Porm, o fato de constituir uma minoria no significa que os republicanos no exercessem um papel significativo no movimento, pois minorias ativas e organizadas sempre foram fatores primordiais em movimentos revolucionrios. O que preciso > verificar o grau de organizao dessas minorias e as condies existentes para a ao revolucionria (p.458). O partido republicano no tinha muitos inscritos em seus quadros , mas tinha muitos simpatizantes. A propaganda era feita em comcios, conferncias e principalmente pela imprensa > que contribuiu para criar, em certos meios, particularmente nos meios intelectuais, uma opinio pblica favorvel idia republicana. As idias republicanas no eram um fato novo no pas. Reparos s verses tradicionais
No perodo colonial elas representavam a bandeira de emancipao do pas. Feita a independncia > significaram a negao da ordem vigente. 4. O papel do Exrcito > A proclamao da Repblica no um ato fortuito, nem obra do acaso, como chegaram a insinuar os monarquistas; no tampouco fruto inesperado de uma parada militar. Os militares no foram meros instrumentos dos civis e nem foi um ato de indisciplina que os levou a conduzir o movimento de 15 de novembro. Alguns deles tinhas slidas convices republicanas e j vinham conspirando h algum tempo, sob a liderana de Benjamin Constant, Serzedelo Correia, Solon e outros. Estavam imbudos dos ideais positivistas > que eram disseminados nos cursos ministrados por B. Constant na Escola Militar. Reparos s verses tradicionais 5. O mito do poder pessoal do Imperador > Para Viotti da Costa no passa de um mito ou mesmo um equvoco > atribuir a emergncia da Repblica aos excessos do Imperador. Embora no texto legal as possibilidades atribudas ao imperador fossem muitas > quem de fato controlou a poltica do Imprio foram as oligarquias que se faziam representar no Conselho de Estado, nas Assemblias Legislativas Provinciais, nas Cmaras dos Deputados, no Senado, nos ministrios, nos quadros do funcionalismo e das foras armadas. Embora as prerrogativas concedidas pela Carta Constitucional ao imperador fossem amplas > nunca as exerceu como um rei absoluto. O Poder Moderador > em vez de resguardar a Coroa e lhe dar mais fora, colocou-a no centro da luta poltica. Dados para uma reviso > transformaes econmicas e sociais Durante o longo reinado de D. Pedro II > profundas mudanas ocorreram na economia e na sociedade brasileiras. - no sistema de transportes > as ferrovias substituem o transporte tradicional (burro, barcaa, carro de boi); os barcos a vapor, substituem o barco a vela; - introduo de processos mais modernos no sistema de fabrico do aucar; nas fazendas de caf > introduo de processos mais aperfeioados de beneficiamento do produto; - capitalismo industrial > aumento das fbricas; sistema de crditos > diversificaram-se. A economia brasileira ficou mais complexa. A populao aumentou. Em 1822 > existiam 3 milhes de habitantes; em 1880 > havia 14 milhes > surgiam novos grupos sociais > Esboava-se a formao do mercado interno. Por volta de 1880 > emergncia de novos grupos sociais urbanos As transformaes econmicas > afetaram profundamente a sociedade. Novos interesses emergiram > exigindo a proteo do governo, como os da indstria emergente. Surgiam outros grupos ligados s atividades mercantis, s profisses liberais, administrao pblica, aos meios de transporte, aos bancos > que poderiam ser chamados de pequena e mdia burguesia > dando origem a chamada populao urbana. Por volta de 1880 > os grupos tradicionais se enfraquecem As transformaes econmicas > afetam tambm os grupos tradicionais. Nas regies mais dinmicas > introduo do trabalho livre > aumento da produtividade; nas mais tradicionais e decadentes > os proprietrios apegavam-se ao trabalho escravo e as formas tradicionais de produo. Profundas divergncias dividiam os dois grupos no campo da poltica provincial. O enfraquecimento do grupo tradicional > base da Monarquia > abalou as bases do Trono. A Abolio > rude golpe para esse grupo e para a Monarquia que tinha nele o seu sustentculo social. As contradies do sistema e as novas aspiraes > o ideal federativo As transformaes econmicas e sociais > ocorridas na 2 metade do sculo XIX > acarretam a emergncias de novas aspiraes > provocam conflitos; Alguns grupos urbanos, no comprometidos com o sistema escravista > empenham-se na Abolio e pleiteavam maior representao na vida poltica do pas, exigindo eleies diretas; os setores empenhados na imigrao viam impedimentos para essa poltica, o fato da religio catlica ser religio de Estado e pleiteavam a separao entre Igreja e Estado.O ideal federativo > ganha mais adeptos a partir de 1885 > que passaram a exigir maior autonomia das Provncias. Contradies entre o poder poltico e o poder econmico: separatismo Para Viotti, as idias republicanas nasciam do profundo desequilbrio entre o poder econmico e o poder poltico que se observava no fim do Imprio. A decadncia da regio cafeeira do Vale do Paraba e a crise da economia aucareira > enfraqueceram os ncleos de poder (oligrquicos) que davam sustentao a Monarquia; Enquanto isso, as fazendas de caf do Oeste Paulista passaram a liderar as exportaes. A partir de 1880 > a regio passou a ser a mais promissora, mas sua representao poltica era relativamente pequena.Em 1889, entre os senadores, apenas trs num total de 59 provinham de So Paulo. Representao poltica de So Paulo no final do Imprio (1889) Senadores (Vitalcios - 59) SO PAULO - 03 Baro Souza Queiroz (1848) Joaquim Floriano de Godoi (1872) Antonio da Silva Prado (1887) Deputados SO PAULO 09 DEPUTADOS OUTROS ESTADOS CE- 08; PE- 13; BA -14; MUNICIPIO DA CORTE DO RJ 12; MG- 20 Poder econmico e representao poltica Essa desigualdade provocava descontentamento das elites paulistas que eram orgulhosas de suas empresas e sentiam- se prejudicados em seus interesses e cerceados em suas iniciativas, pela excessiva centralizao. A idia federativa encontrava a numerosos defensores. No limite, aparecia a proposta separatista > esboada em 1879, por Martim Francisco, na Assemblia Provincial, questo que foi recorrente nos anos seguintes. Separatismo ou Repblica federativa (revoluo ou evoluo) No Congresso do Partido Republicano realizado em Itu, embora vrios polticos - Horcio de Carvalho, Campos Salles, Alberto Salles e Jesuino Cardoso - tenham defendido essa idia (separatista) prevaleceu a tese da defesa da federao - feita por Julio de Mesquita e Glicrio - entendida com completa autonomia administrativa, poltica e econmica. (p.478). O governo Imperial tentou frear esse processo contestatrio assumindo vrias bandeiras dos republicanos (p.487). No foi bem sucedido pela falta de apoio de suas bases polticas no Parlamento. CONSIDERAES FINAIS Viotti conclui suas reflexes dizendo que o ano de 1889 no significou uma ruptura do processo histrico brasileiro. As condies de vida dos trabalhadores rurais continuaram as mesmas; permaneceram o sistema de produo e o carter colonial da economia > a dependncia em relao aos mercados e capitais estrangeiros.