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FAMÍLIA

E
CICLO VITAL
 É impossível pensar em ciclo vital dissociado de
desenvolvimento, movimento, crescimento, ordenação,
etapas e assim por diante. Na acepção de biociclo
(Aurélio, 1986), significa o conjunto de etapas por que
passa um determinado ser vivo, normalmente: o
nascimento, a infância, a adolescência, a idade adulta, a
senilidade e a morte.

 O próprio sentido de ciclo, de fenômenos que se


sucedem em um determinado ritmo, é muito próximo do
processo de vida do ser humano e assim como do ciclo
de vida familiar. Aliás, os dois estão extremamente
interligados, nos dois estão presentes mudanças e nos
dois se exige um equilíbrio entre a estabilidade e a
flexibilidade.
 Não sabemos em que momento a ideia de transpor as
etapas do ciclo ficou associada à ideia de crise, que
fundamentalmente pressupõe alteração, dificuldade,
tensão, complicação, momento decisivo, acidente, entre
outros. No entanto, muito da literatura que temos sobre
ciclo vital, seja ele individual seja familiar está baseado
na ideia de crise.

 Uma palavra que encontramos na literatura, que é sem


dúvida a que mais nos agrada no sentido de transpor
etapas, é 'passagem'. A ideia de passagem, relacionada
ao ato ou efeito de passar, significa percorrer,
atravessar, transmitir, mudar, que é sem dúvida o que
acontece em cada passagem, muitas vezes sem o
significado de crise.
 Nesse sentido, Haley (1986) lembra-nos que a visão que
temos de ciclo de vida da família é quase sempre
baseada na experiência clínica, quando a família fica
disfuncional, e poucas são as informações que estão
disponíveis sobre o ciclo de vida familiar dentro de uma
visão não clínica.

 Esse mesmo autor nos lembra que pensar em ciclo vital


como uma moldura para a família era, na década de 60,
uma ideia nova.

 No entanto, a partir dessa data até nossos dias,


acreditamos que a noção de ciclo vital da família
permeia todos os conceitos sobre os quais trabalhamos,
e tem uma influência muito grande no trabalho clínico
com famílias.
 Atualmente, no limiar do novo século, essas questões voltaram a ser
amplamente discutidas pelo fato de termos inúmeras mudanças, tanto
estruturais como funcionais, na família moderna.

 Os conceitos de ciclo vital individual e de ciclo vital da família


caminharam juntos e devemos muito nesse campo a Erik Erikson e
Milton Erickson.

 O primeiro estudou o ciclo vital focado no indivíduo, relacionado com a


formação da identidade. Um grande mérito de Erikson (1976) é ter feito,
no nível do ciclo vital, uma interação entre o psicológico e o social no
que ele denominou 'relatividade psicossocial'.

 Diz ele:

 A força psicossocial depende de um processo total que regula os ciclos


vitais individuais, a sequencia das gerações e a estrutura da sociedade,
simultaneamente, pois todos os três componentes do processo
evoluíram juntos.
 Assim, mesmo com o enfoque no individual, Erikson insere uma
dimensão intergeracional no ciclo vital que o aproxima do
conceito de ciclo de vida familiar.

 Embora do ponto de vista biológico o ciclo vital siga uma


sequencia universal tanto no tempo quanto no espaço, o autor
sugere que existe uma ótica da estrutura social que faz com que
a visão desse ciclo vital seja diferente dependendo da estrutura
da sociedade.

 A adolescência por exemplo, em se tratando de transformações


físicas, pode ser generalizada numa perspectiva histórica e
espacial. No entanto, as diferentes culturas imprimem diferentes
expectativas de papéis para a adolescência.

 Enquanto entrar na adolescência para alguns povos pode


coincidir com o passaporte para o casamento e maternidade,
para outros ainda significa uma total dependência da família de
 Em relação à ligação de mudança de etapa relacionada à crise,
Erikson considera a crise potencial no sentido de uma mudança
de perspectiva ou ainda num sentido de desenvolvimento ou de
um período de vulnerabilidade maior.

 Milton Erickson, de acordo com J. Haley (1991), baseava sua


estratégia terapêutica no ciclo de vida familiar, desde o namoro
até a velhice e a morte. Erickson na verdade não é conhecido
como terapeuta familiar.

 Sua abordagem dirigia-se ao tratamento individual, mas em


muitos casos em que relata sua técnica, percebe-se a influência
do familiar, o comprometimento com o interacional e com o
processo de desenvolvimento familiar.

 Segundo ele, os sintomas clínicos seriam sinais da dificuldade que


o indivíduo tinha em ultrapassar os estágios do ciclo de vida.
 Para a construção de uma teoria de ciclo vital, Falicov
(1991) diz que podemos ter três critérios:

 1 - O primeiro critério seriam 'as mudanças no tamanho da


família'; aqui incluem-se as saídas e entradas dos membros,
como crianças que nascem, filhos que se casam, avós que
morrem e outros movimentos de entradas e saídas que
determinam com uma certa regularidade as etapas
previsíveis ao longo da história de uma família.
 2 - O segundo critério seriam 'as mudanças na composição
por idades'. Podemos determinar o momento do ciclo de
vida de uma família pela idade do filho maior.

 Assim, um casal em que ambos estão no primeiro


casamento ou união cujo maior esteja com 6 anos estaria
em uma fase.

 Esse mesmo filho aos 16 anos colocaria esse casal já em


outra fase.

 Aos 36 anos esse filho já teria colocado seus pais na


situação de avós, o que significaria uma outra fase, e

 aos 56 os pais desse filho, completando o seu ciclo de vida,


estariam na última fase.
 3 - O terceiro critério seriam 'as mudanças na posição profissional
da pessoa ou pessoas que sustentam a família'. Esse critério
baseia-se nas tarefas evolutivas e pressupõe-se que existem fases
em que a demanda em termos funcionais é maior ou menor.

 Em nossa pesquisa, procuramos atender aos 3 critérios


propostos, e com isso conseguimos uma visualização mais exata
das fases, mas também uma tarefa adicional para incluir as
formas de família reconstituídas e funcionalmente diferentes na
nossa realidade.

 Simon, Stierlin e Wynne (1988) colocam como 1948 a data em


que Reuben, Hill e Duvall começaram a conceitualizar as tarefas
de desenvolvimento familiar. Este trabalho é sem dúvida a
semente para todos os estudos posteriores das etapas do ciclo
vital.
 Em 1957, E. Duvall divide o ciclo familiar em 8 etapas organizadas
em torno dos fatos nodais, entradas e saídas dos membros da
família. A partir de então, o ciclo de vida familiar foi estudado por
diferentes autores, com diferentes divisões. Sem dúvida, a mais
completa literatura que temos sobre ciclo vital da família é a obra
de Carter, McGoldrick e colaboradores: "As Mudanças no Ciclo de
Vida Familiar - uma estrutura para a terapia familiar",
recentemente traduzida pela Artes Médicas.

 Durante muito tempo ela serviu de base para os pesquisadores da


área mesmo com a restrição, colocada pelas autoras, de
considerar o ciclo de vida familiar em relação a três aspectos: os
estágios predizíveis de desenvolvimento familiar 'normal' na
classe média americana tradicional neste final de século, os
padrões que estão sofrendo mudanças e a perspectiva clínica
para ajudar as famílias "a voltarem à sua trilha desenvolvimental.
 Essas restrições, abordadas por Carter e McGoldrick na obra
acima citada, não são características somente da sociedade
americana deste final de século mas provavelmente da maior
parte do mundo.

 Os avanços tecnológicos, principalmente na área comunicacional,


que tornaram nosso mundo relativamente menor, nos colocam
em contato com as mudanças de padrões e suas nuances quase
que imediatamente, principalmente na classe média, que é aquela
a que nos propusemos investigar.

 Se pensarmos nessas mudanças em termos mais circunscritos, na


nossa realidade, veremos que nos últimos cinquenta anos
vivemos mudanças em todos os níveis: político, econômico,
social, cultural, entre outros, que nos levaram a uma situação de
previsibilidade relativa e de muita insegurança.
 Falicov (1991) nos chama a atenção Rara a discrepância que existe entre os
estudos do desenvolvimento individual no ciclo vital e os poucos que se têm do
ciclo de vida familiar. Se olhamos a família de uma perspectiva sistêmica, e
consideramos o seu ciclo vital englobando os aspectos individuais,
sociais,relacionais, culturais, podemos deduzir a dificuldade de caracterizá-la
nas fases ao longo do ciclo e entendemos os poucos estudos e pesquisas
relativos ao tema.

 É comum, nos nossos dias, a referência à família no final do século ou 'família


entre-séculos' como a denomina Rojas (1994). O que esperamos para essa
família? Por que nos referimos tanto a esse final de século? As famílias
realmente tiveram uma mudança radical nesses últimos anos? Podemos pensar
a mesma família no 1.°,2.°,3.° ou 4.° mundos?

 De acordo com Rojas (1994),

 na família atual, marcada pela transição do interséculo, se mantêm ainda,


valores e ideais correspondentes a distintos tempos, o que acentua o conl1ito
da eleição e apropriação das propostas, sempre delineadas para cada ser
humano.
 Concordamos com a autora acima porque nunca se conviveu com
o moderno e o tradicional como nos dias atuais.

 A liberdade sexual, por exemplo, que foi a tônica da década de


setenta, teve que ser repensada em função da terrível ameaça da
AIDS e assim também com muitas outras conquistas.

 Na nossa realidade, principalmente a da classe média, que foi o


objeto de nossa pesquisa, a liberdade e a diferenciação dos
adolescentes, por exemplo, confrontam-se com a insegurança de
nossas cidades e a falta de proteção do Estado.

 A abertura educacional, que colocou a Universidade ao alcance


da maioria da classe média, esbarrou com a escassez de ofertas
no mercado de trabalho.
 Essas contradições sem dúvida afetam a família e refletem
essas divergências quando tentamos buscar os valores, as
crenças, padrões e mitos presentes no nosso grupo familiar.

 Consequentemente, olhar o ciclo vital separado dessas


contingências é visualizá-lo sob uma ótica mera e falsamente
teórica, desvinculada da realidade.

 No nosso trabalho, optamos por colocar uma categoria entre


cada uma das 4 fases do ciclo vital, que denominamos de
transição, para podermos incluir a variedade de famílias que
fugiam à regra e não sabemos quando é que essa categoria
vai ser tão significativa em termos estatísticos como a regra
geral.
 Não podemos esquecer também que a nossa amostra
consistiu de famílias que residem na cidade de São Paulo e
em cidades do interior e o cruzamento dos nossos dados
poderá mostrar se as famílias na transição são na sua
maioria de grandes centros urbanos ou não.

 De qualquer maneira, insistimos que olhar para a família de


classe média, em termos de ciclo vital, significa ver ao
mesmo tempo o tradicional e o moderno, e se esse olhar se
focar na família paulista, terá que visualizar ainda: o
coerente e o incoerente, o desejo e a insatisfação, o
enfrentamento e o recuo, o desejável e o possível e todos
os outros opostos.
 Crise para os chineses apresenta-se como um aspecto
de transformação, com caracteres “perigo” e
“oportunidade”.
 Talvez essa seja a síntese da família neste século: o
perigo e a oportunidade.
 Família e ciclo vital: nossa realidade em
pesquisa. Ceneide Maria Oliveira Cerveny. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.p. 23-29.

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