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NATURALISMO

Iron and Coal (1861)


William Bell Scott (1811-1890)
NATURALISMO (FIM DO SÉCULO XIX)

• Ascensão do pensamento científico, materialista e/ou antirreligioso;


• Novas concepções a respeito do homem e da vida em sociedade
(surgimento de novos estudos da biologia, medicina, psicologia,
arqueologia, sociologia etc.): determinismo, evolucionismo, positivismo,
mecanicismo, materialismo etc.;
• Nascimento da era industrial;
• Conhecimento advindo da experiência e observação da realidade;
PRINCÍPIOS NATURALISTAS

• A literatura está ou pode estar a serviço da ciência → A realidade é


mostrada sob um ponto de vista científico;
• O mundo pode ser explicado por meio das forças da natureza;
• O ser humano está condicionado às suas características biológicas
(hereditariedade) e ao meio social em que vive;
CARACTERÍSTICAS (TEMÁTICA)

• Olhar racional e objetivo para a realidade;


• Transformação da sociedade e do próprio homem como objeto de observação e
análise científicas;
• Exploração de temas sociais ou patológicos: miséria, adultério, crimes, problemas
sociais, taras sexuais etc.;
• Análise e denúncia de problemas sociais como meio de reforma e transformação da
sociedade;
• Ambientação dos romances em áreas populares ou periféricas → Personagens
também retirados das classes populares;
• Crítica social;
CARACTERÍSTICAS (FORMA)

• Predominância da linearidade narrativa e da narração em 3ª pessoa;


• “Romance experimental”, “romance de tese”, “literatura de tese”:
afirmação e disseminação de “verdades” científicas em voga no século
XIX;
• Zoomorfização dos personagens;
• Linguagem “científica”, “neutra” e objetiva: descrição minuciosa e
“indecorosa” de ambientes, pessoas, situações, acontecimentos etc.;
NATURALISMO NO BRASIL:
→ ALUÍSIO AZEVEDO (1857-1913)

• O Mulato (1881)
• Casa de Pensão, (1884)
• O Cortiço, (1890)
O CORTIÇO (1890)

• JOÃO ROMÃO – taverneiro português, dono da pedreira e do cortiço;

• BERTOLEZA – quitandeira, escrava cafuza que mora com João Romão, para quem ela trabalha como uma
máquina;

• MIRANDA – comerciante português. Principal opositor de João Romão;

• JERÔNIMO – português “cavouqueiro”, trabalhador da pedreira de João Romão, representa a disciplina do


trabalho;

• RITA BAIANA – mulata sensual e provocante que promove os pagodes no cortiço;

• PIEDADE – portuguesa que é casada com Jerônimo;

• CAPOEIRA FIRMO – mulato e companheiro que se envolve com Rita Baiana;

• ARRAIA-MIÚDA – representada por lavadeiras, caixeiros, trabalhadores da pedreira e pelo policial


Alexandre;
CAPÍTULO III: “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos,
mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu
de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina
as derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra
da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia. A roupa lavada, que ficara
de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As
pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil,
mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas. Entretanto,
das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o
marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o
cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela
as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada
cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não
andam. No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes que altercavam,
sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas...
... De alguns quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os
louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia. Daí
a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.
Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns
cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as
molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo
para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a
cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra
as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um
entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias;
as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por
detrás da estalagem ou no recanto das hortas. O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os
dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o
cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e resingas; ouviam-se
gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula
viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer
animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra”
CAPÍTULO VII: “Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e seguido por Piedade, aproximou-
se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. Ai, de queixo grudado às costas das mãos
contra uma cerca de jardim, permaneceu, sem tugir nem mugir, entregue de corpo e alma àquela cantiga
sedutora e voluptuosa que o enleava e tolhia, como à robusta gameleira brava o cipó flexível, carinhoso e
traiçoeiro. E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus,
para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo refulgir os
meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda
de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher. Ela saltou em meio da roda, com
os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a
direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já
correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse
afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo.
Depois, como se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as
pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e cerrado,
freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca, enquanto
a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando....
... Em torno o entusiasmo tocava ao delírio; um grito de aplausos explodia de vez em
quando, rubro e quente como deve ser um grito saído do sangue. E as palmas insistiam,
cadentes, certas, num ritmo nervoso, numa persistência de loucura. E, arrastado por ela,
pulou à arena o Firmo, ágil, de borracha, a fazer coisas fantásticas com as pernas, a
derreter-se todo, a sumir-se no chão, a ressurgir inteiro com um pulo, os pés no espaço,
batendo os calcanhares, os braços a querer fugirem-lhe dos ombros, a cabeça a querer
saltar-lhe. E depois, surgiu também a Florinda, e logo o Albino e até, quem diria! o grave e
circunspecto Alexandre. O chorado arrastava-os a todos, despoticamente, desesperando
aos que não sabiam dançar. Mas, ninguém como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o
mágico segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aqueles requebros que não
podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela voz doce, quebrada,
harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante. E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe
toda a alma pelos olhos enamorados”
ADOLFO CAMINHA (1867-1897)

• A Normalista (1893);
• Bom-Crioulo (1895);
BOM-CRIOULO (1895);

• Amaro (o Bom-Crioulo): protagonista, ex-escravo convocado para a marinha;


• Aleixo: grumete, belo rapaz de olhos azuis, que conhece o Bom-Crioulo em um navio
onde os dois trabalham. É jovem e mexe emocionalmente com Amaro;
• D. Carolina: senhoria, amiga e “rival” de Amaro. É amiga de Amaro por tê-lo salvo em
um assalto e inimiga por, depois, conquistar o namorado do crioulo;
CAPÍTULO I: “O motivo, porém, de sua prisão agora, no alto mar, a borda da corveta,
era outro, muito outro: Bom-Crioulo esmurrara desapiedadamente um segunda classe,
porque este ousara, “sem o seu consentimento”, maltratar o grumete Aleixo, um belo
marinheirito de olhos azuis , muito querido por todos e de quem diziam-se “cousas”.
Metido em ferros no porão, Bom-Crioulo não deu palavra. Admiravelmente manso, quando
se achava em seu estado normal, longe de qualquer influência alcoólica, submeteu-se à
vontade superior, esperando resignado o castigo. — Reconhecia que fizera mal, que devia
ser punido, que era tão bom quanto os outros, mas, que diabo! estava satisfeito: mostrara
ainda uma vez que era homem... Depois estimava o grumete e tinha certeza de o
conquistar inteiramente, como se conquista uma mulher formosa, uma terra virgem, um
país de ouro... Estava satisfeitíssimo. A chibata não lhe fazia mossa; tinha costas de ferro
para resistir como um Hércules ao pulso do guardião Agostinho. Já nem se lembrava do
número das vezes que apanhara de chibata...
— Uma! cantou a mesma voz. — Duas!... três!...
... Bom-Crioulo tinha despido a camisa de algodão, e, nu da cintura para cima,
numa riquíssima exibição de músculos, os seios muito salientes, as espáduas
negras reluzentes, um sulco profundo e liso d’alto a baixo no dorso, nem
sequer gemia, como se estivesse a receber o mais leve dos castigos.
Entretanto, já iam cinqüenta chibatadas! Ninguém lhe ouvira um gemido,
nem percebera uma contorção, um gesto qualquer de dor. Viam-se
unicamente naquele costão negro as marcas do junco, umas sobre as outras,
entrecruzando-se como uma grande teia de aranha, roxas e latejantes,
cortando a pele em todos os sentidos. De repente, porém, Bom-Crioulo teve
um estremecimento e soergueu um braço: a chibata vibrara em cheio sobre
os rins, empolgando o baixo-ventre. Fora um golpe medonho, arremessado
com uma força extraordinária”
CAPÍTULO II: “Diziam uns que a cachaça estava deitando a perder “o negro”,
outros, porém, insinuavam que Bom-Crioulo tornara-se assim, esquecido e indiferente, dês
que “se metera” com o Aleixo, o tal grumete, o belo marinheirito de olhos azuis, que
embarcara no sul. — O ladrão do negro estava mesmo ficando sem vergonha! E não lhe
fossem fazer recriminações, dar conselhos... Era muito homem para esmagar um! O
próprio comandante já sabia daquela amizade escandalosa com o pequeno. Fingia-se
indiferente, como se nada soubesse, mas conhecia-se-lhe no olhar certa prevenção de
quem deseja surpreender em flagrante... Os oficiais comentavam baixinho o fato e muitas
vezes riam maliciosamente na praça d’armas entre copos e limonadas. Tudo isso, porém,
não passava de suspeitas, e Bom-Crioulo, com o seu todo abrutalhado, uma grande pinta
de sangue no olho esquerdo, o rosto largo de um prognatismo evidente, não se
incomodava com o juízo dos outros. — Não lho dissessem na cara, porque então o
negócio era feio... A chibata fizera-se para o marinheiro: apanhava até morrer, como um
animal teimoso, mas havia de mostrar o que é ser homem!...
...Sua amizade ao grumete nascera, de resto, como nascem todas as grandes
afeições, inesperadamente, sem precedentes de espécie alguma, no momento
fatal em que seus olhos se fitaram pela primeira vez. Esse movimento
indefinível que acomete ao mesmo tempo duas naturezas de sexo contrários,
determinando o desejo fisiológico da posse mútua, essa atração animal que
faz o homem escravo da mulher e que em todas a espécies impulsiona o
macho para a fêmea, sentiu-a BomCrioulo irresistivelmente ao cruzar a vista
pela primeira vez com o grumetezinho. Nunca experimentara semelhante
cousa, nunca homem algum ou mulher produzira-lhe tão esquisita impressão,
desde que se conhecia! Entretanto, o certo é que o pequeno, uma criança de
quinze anos, abalara toda a sua alma, dominando-a, escravizando-a logo,
naquele mesmo instante, como a força magnética de um imã”

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