Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Esta origem popular explica a escassez vocabular, com muitos arcaísmos, uma
analise psicológica rápida, recorrendo a repetição, quer pelo paralelismo, quer
pelo refrão.
As cantigas d’ Amigo são dotadas de uma maior dose de originalidade porque são
cantigas próprias do contexto cultural português da Idade Media. São cantigas
dotadas de uma maior depuração sentimental, de uma exibição de sentimentos
que se pretendem mais sinceros e mais originais do que os das cantigas d' Amor.
PALAVRA CHAVE
amigo (“amado”)
TEMA(S)
Destaca a evocação do amigo, que costuma estar ausente, que se pode concretizar em
subtemas como o amor entre a donzela e o amigo, a oposição da mãe e das irmãs, a
ajuda das amigas para que intercedam, a coita ou a tristeza da ausência, a alegria pelo
retorno e o encontro com o amigo, o desejo de avistá-lo, etc.
VOZES
Monologadas Dialogadas
- Digades, filha, mia filha velida,
Ai, eu coitada, como vivo en gran cuidado porque tardastes na fontana fría.
por meu amigo que ei alongado! Os amores ei...
Muito me tarda - Tardei, mia madre, na fontana fría,
o meu amigo na Guarda! cervos do monte á augua volvían.
Os amores ei.
AMBIENTES:
Rural e populares, domésticos ou cortesão
SÍMBOLOS:
São imagens próprias da lírica popular e nelas os elementos da natureza jogam um
papel fundamental como confidentes do amor ou como símbolos deste mesmo
amor: a água como símbolo de fertilidade; o mar como símbolo de separação entre
os amados; o vento e os cervos são símbolos viris; a fonte, a agua e os cabelos
símbolos femininos; etc.
São assim possíveis duas leituras: por um lado são descrições de cenas quotidianas,
por outro, são expressão da sensualidade e erotismo.
Feminismo - Os sentimentos que se exprimem são sempre de mulher, isto é, quem
exterioriza as intimidades é uma donzela.
Simplicidade - Possuem uma estrutura muito simples. Tanto as personagens como os
ambientes surgem impregnados de odor a campo, montanha ou mar.
Ruralismo - Os ambientes de trabalho e de diversão referidos nas cantigas
evidenciam também o seu ruralismo: o campo, a fonte, o baile, a romaria, etc.
Ligação com o canto e a dança - O trovador era frequentemente acompanhado por
um jogral que tocava o que ele recitava. Para além do jogral acompanhava também o
trovador a jogralesa que dançava.
Bailias ou Bailadas
Barcarolas ou marinhas
Cantigas de romaria
Pastorelas
A alva ou alba, terminologia tirada à lírica provençal, é a designação que os
estudiosos, à falta de outra melhor, dão às cantigas de amigo em que aparece o
tema da alvorada.
Todas as cantigas de amigo que se podem adscrever a este género apresentam estribilho e
têm carácter paralelístico: em geral são de temática simples: a mulher lamenta-se, diante
das suas irmãs ou da mãe, da ausência do amado. O carácter arcaizante ou popular deste
tipo de cantigas não deixa lugar a dúvidas.
O simbolismo oculto sob o motivo da água (seja ela fonte, rio, mar ou lago) não é senão o
da fecundidade, ligado portanto de forma inseparável à figura da mulher. A frequente
presença de ermidas, ou as alusões a romarias, neste tipo de cantigas, serve para reforçar
esta mesma ideia, em que o mar se transforma em paixão amorosa e as margens não são
mais do que o lugar do encontro. Do mesmo modo, é frequente que o motivo deslize para
outras variedades, em que se recorre a símbolos não menos claros, como o cervo e a
lavagem das roupas.
Subgénero das cantigas de amigo que se distingue pela referência a romarias ou
santuários. Não se trata, contudo, de composições de temática religiosa, já que,
frequentemente, a peregrinação ou a capela são pretexto ou cenário do
desenvolvimento da temática amorosa e profana.
Normalmente considerada como variedade da cantiga de amigo, embora alguns
autores entendam que é um subgénero das cantigas de amor, na medida em que
geralmente é o cavaleiro que se dirige a uma pastora que encontra no caminho,
manifestando-lhe o seu amor.
Este género, entre nós, adquiriu algumas características das cantigas de amigo –
ambiente rústico, simplicidade da donzela –, pelo que se integram, habitualmente,
neste género de composições trovadorescas.
2ª copla
3 ---------------------------- a’
4 ---------------------------- b’
Refrão
3ª copla
5 ---------------------------- b
6 ---------------------------- c
Refrão
4ª copla
5 ---------------------------- b’
6 ---------------------------- c’
Refrão
(... ...)
Sempre em número par de coplas ou estrofes
Tipologia da cantiga de amigo quanto à estrutura
A fonte e o rio - são bastantes as Cantigas de Amigo que se relacionam com a fonte, com o
lavadouro, com o rio. A fonte era, muitas vezes, pretexto para a donzela se encontrar com o
namorado. Como era de prever, a donzela enamorada demorava-se junto do amigo e,
quando chegava a casa, desculpava-se com os cervos do monte.
A praia e o campo - muitas canções situam a donzela a gemer na praia os seus sofrimentos
de amor. Umas vão aguardar com impaciência e certo receio a volta do amado; outras ali
derramam lágrimas, vendo alongar-se e perder-se na imensidão o barco do namorado.
Também o campo é cenário de amor. A rapariga corajosa não tem receio de se afastar das
casas e ir, pelos campos, à procura do amigo.
A casa: os diálogos líricos da donzela com a mãe, a irmã e as amigas têm sempre lugar em
casa. Desde já nos apercebemos de que, para além dos monólogos líricos, a donzela
entretêm-se a dialogar acerca dos seus sentimentos. Aquelas são, pois, as suas confidentes.
Também a natureza pode surgir como confidente da donzela.
Os símbolos são uma constante na poesia trovadoresca. Os que ocorrem com mais
frequência nas cantigas de amigo são:
a fonte é origem da vida, da maternidade e da graça; as suas águas límpidas
podem indicar também a pureza da donzela;
a alva (alvorecer) é símbolo da inocência, da pureza e da virgindade;
os cervos simbolizam a fecundidade, do ritmo do crescimento ou da virilidade (do
amigo) e do ardor amoroso; no entanto, quando os cervos turvam a água, pretende-
se simbolizar a confusão e o aturdimento de espírito que os encontros amorosos
provocam;
as flores podem remeter-nos para a delicadeza e feminilidade;
as ondas traduzem o tumulto interior;
as aves, com a beleza do seu canto, representam a sedução e o enamoramento
que podem ressurgir em qualquer momento;
o vento também pode relacionar-se com as inquietações ou representar a
fecundidade...
a luz traduz o deslumbramento do amor e, tal como a luz nos pode cegar, também
o amor nos pode impedir de ver as situações com clarividência e com sensatez;
a noite (longa, escura, silenciosa e misteriosa) representa as incertezas do amor...