Divergências significativas, embates calorosos, e uma disciplina vista como um “campo de batalha” são coisas do passado. Após 1970 o campo da macro tem sido marcado por progresso e substancial convergência.
Ao longo dos últimos 30 anos tem surgido na macro
uma visão bastante compartilhada entre os pesquisadores (tanto na visão quanto na metodologia).
The state of macro is good.
A Brief Review of the Past
Lucas e Sargent (1978) criticaram fortemente o
keynesianismo e vislumbraram um processo de reconstrução da macroeconomia. Eles ganharam o debate.
Os três grupos que dominaram as manchetes nos 25
anos subsequentes foram os novo-clássicos, os novos- keynesianos e os novos teóricos do crescimento. A Brief Review of the Past
Novos clássicos: focaram nas propriedades estocásticas do
modelo de Ramsey – modelos RBC. Os principais guias de pesquisa são: explícita microfundamentação (maximização do lucro e da utilidade); equilíbrio geral; e exploração de como pode-se ir tão longe sem imperfeições.
Novos Keynesianos: aceitaram a necessidade de
fundamentar melhor as imperfeições (teórica e empiricamente). Novos teóricos do crescimento: examinam as implicações de várias imperfeições (natureza dos bens públicos, conhecimento, natureza do P&D) nas externalidades da acumulação de capital. A Brief Review of the Past
Fresh water x salt water: os primeiros acusam os segundos
de serem maus economistas (se apegam em crenças obsoletas e teorias desacreditadas). Os segundos acusam os primeiros de ignorar os fatos básicos (usam lindos e irrelevantes modelos e são vítimas da “ilusão científica”).
No entanto, as novas ferramentas desenvolvidas pelos
novo-clássicos vieram para dominar e os fatos enfatizados pelos NK trouxeram as imperfeições para o modelo de referência.
Tem surgido uma visão comum.
Convergence in Vision: the role os DA and rigidities
O maior fato da macro é que deslocamentos na DA por bens
afetam o produto mais que nós esperaríamos em uma economia perfeitamente competitiva.
Consumidores mais otimistas compram mais bens, e o
aumento da demanda leva a um aumento no produto e no emprego. Mudanças na taxa básica de juros afetam o preço real dos ativos e a atividade econômica.
Assim, manter a hipótese de mercados perfeitamente
competitivos e preços flexíveis tem se mostrado inconvincentes. Convergence in Vision: the role os DA and rigidities
Com rigidez nominal, movimentos na moeda nominal
provocam movimentos na moeda real, o que leva a movimentos na taxa de juros, na demanda e no produto.
O estudo da fixação de preços e salários nominais é um
dos tópicos de pesquisa mais quentes nos dias de hoje.
Esta abprdagem sugere que a distinção entre economistas
interioranos e litorâneos tornou-se um tanto irrrelevante. Convergence in Vision: Tech shocks versus tech waves
Um dos princípios fundamentais da abordagem novo-
clássica é que os choques tecnológicos são as principais fontes das flutuações macroeconômicas. Mas a frequência destes choques tecnológicos agregados é uma questão controversa.
Isso não implica, entretanto, que o progresso
tecnológico não exerce um papel importante nas flutuações – o progresso tecnológico é suave e certamente não é constante. Convergence in Vision: Towards a general Picture, and 3 relations
A crença conjunta que o progresso tecnológico vem em ondas,
que a percepção do futuro afeta a demanda por bens hoje e que, por causa da rigidez nominal, a demanda por bens pode afetar o produto no curto prazo são proposições que muitos economistas contemporâneos devem concordar.
Em 1955 Samuelson disse que 90% dos economistas pararam
de autodenominar-se keynesianos ou anti-keynesianos, posto que eles estavam trabalhando em direção a uma síntese neoclássica.
Ainda não estamos em um estágio similar ao dos anos 1950,
mas estamos chegando lá. Convergence in Vision: Towards a general Picture, and 3 relations
Estas crenças conjuntas são frequentemente
apresentadas na forma de três relações: (1) uma relação de DA, na qual o produto é determinado pela demanda, e a demanda depende tanto do produto futuro quanto da taxa real de juros. (2) Uma curva de Phillips, na qual a inflação depende tanto do produto quanto da inflação esperada para o futuro. E (3) uma relação de política monetária que pode ser utilizada para afetar a taxa de juros real. Convergence in Vision: A toy model (the NK model)
O chamado modelo NK surge e torna-se o modelo
básico para a análise de política e do bem-estar (Clarida et al, 1999 e Woodford, 2003).
O modelo começa de um RBC sem capital e
adicionam-se apenas duas imperfeições (competição monopolística no mercado de bens e fixação discreta de preços nominais).
As 3 equações ganham uma forma específica: i) curva
DA derivada das condições de 1 ordem do consumidor, x=f(r,ce); ii) curva de Phillips a la Calvo, p=f(pe,x); e iii) regra de Taylor, i=f(p,x) Convergence in Vision: A toy model (the NK model)
Este modelo é simples, analiticamente convicente, e tem
susbstituido o modelo IS-LM nos cursos de pós-graduação.
Como no IS-LM, este modelo reduz a realidade complexa
em algumas simples equações.
Diferentemente do IS-LM, ele é formalmente derivado do
processo de otimização, e isso tem benefícios e custos. Os benefícios são a possibilidade de se estudar não apenas a atividade, mas também o bem-estar, para então derivar a política ótima. Os custos são que as primeiras equações do modelo são notoriamente falsas. Convergence in Vision: Building on the toy model
As implicações políticas de um modelo NK, em particular para
a política monetária, tem se mostrado extremamente ricas.
O papel das antecipações no modelo tem levado os
macroeconomistas a estudarem as implicações da consistência temporal dos planos ótimos, examinar o uso de regras versus discrição, discutir o papel da ancora expectacional e pensar acerca do papel da comunicação.
O livro do Woodford mostra o enorme progresso que tem
sido feito, e este trabalho tem literalmente mudado a maneira pela qual os Bancos Centrais pensam sobre a política monetária. Extensions and Explorations
A pesquisa atual concentra-se na exploração de várias
imperfeições. No texto são feitos comentários (breve survey) acerca do mercado de trabalho (o papel do desemprego); o papel do crédito e dos mercados financeiros; o mercado de bens e os mark-ups; e a problemática dos choques e das antecipações. Convergence in Methodology
Se a existência de uma convergência na visão pode ser
algo controverso, a existência de uma convergência metodológica não: um artigo em macroeconomia, sejam eles sobre teoria ou fatos, se parece muito um com outro em termos de estrutura, mas parece pouco com os artigos de trinta anos atrás. From small to larger models
Muitos trabalhos em macro nos anos 1960 e 1970 ignoravam
a incerteza, reduziam os problemas a um sistema de equações diferencias 2x2, e então traçavam elegantes diagramas de fase. A macro tinha muito de arte, e apenas poucos artistas fizeram isso bem.
Hoje, com o desenvolvimento de métodos de programação
dinâmica estocástica, e o advento de softwares como o Dynare (que permite a resolução e estimação de modelos não-lineares sob expectativas racionais) pode-se especificar grandes modelos dinâmicos e resolve-los facilmente com o toque de um botão. O progresso tecnológico reduziu o componente artístico do pesquisador. From equation-by-equation to system estimation
O trabalho da macro empírica nos anos 1960 e início dos
1970 era muito diferente da de hoje: eram estimadas equações por equações, que podiam ser uma função consumo, demanda por moeda, curva de Phillips.
Desenvolveu-se também grandes modelos
macroeconométricos, construídos para colocar todas as equações comportamentais juntas. Muito se aprendeu com estes esforços, mas os problemas destas estratégias se mostraram claros em meados dos 1970. From equation-by-equation to system estimation
Estes problemas foram identificados por Sims (1980):
“There was little reason why the aggregate dynamics of models put together in that way would replicate actual aggregate dynamics. Putting zeros in an equation might be a good approximation for the equation as such, but not necessarily for the system as a whole”.
Os macroeconometristas de hoje estão preocupados com
a estimação de um sistema. Novamente, isto é possível devido a disponibilidade de nova tecnologia (poderosos computadores). Sistemas caracterizados por um conjunto de parâmetros estruturais são estimados como um todo. Convergence in Methodology: DSGEs
É o resultado mais visível da nova abordagem em
macro.
São modelos derivados de microfundamentos
(maximização da utilidade e do lucro), expectativas racionais e especificação completa das imperfeições. São tipicamente estimados com métodos Bayesianos. Convergence in Methodology: DSGEs
O n. de parâmetros estimados crescem com o poder
dos computadores: Smets e Wouters (2007), por exemplo, estimaram um modelo com 26 parâmetros.
Existe dezenas de pesquisadores envolvidos na
construção de modelos DSGEs. Quase todo Banco Central tem um (ou quer ter um).
Eles são usados para avaliar regras de política e fazer
previsões. In Guise of a Conclusion
A macro está passando por um período de progresso e
ocorreu, ao longo das últimas duas décadas, uma convergência na visão e na metodologia. In Guise of a Conclusion
Como é um artigo de macro hoje? ele começa com uma
estrutura de EG, na qual os indivíduos maximizam a utilidade, as firmas maximizar o lucro, e os mercados se equilibram. Em seguida, introduz-se uma imperfeição ou o fechamento de um conjunto particular de mercados, e verificam-se as implicações do EG. Realizam-se simulações numéricas para mostrar que o modelo funciona bem e avalia-se o bem-estar.
Por fim, como os modelos convencionais têm falhas,
Blanchard deseja uma macro com uma arquitetura mais aberta.