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O Poder Simbólico

Pierre Bourdieu
O AUTOR

Pierre Bourdieu nasceu na vila de Denguin, no distrito de


Béarn no sudoeste da França, no ano de 1930.
Catedrático de sociologia no Colége de France, Pierre
Bourdieu foi considerado um dos intelectuais mais
influentes da sua época. A educação, a cultura, a
literatura e a arte foram os seus primeiros objetos de
estudo. Bourdieu interessou-se pelas obras de Merleau-
Ponty, Husserl – Heidegger’s Being e Nothingness já
havia lido anteriormente - e também pelos escritos de
Marx por razões acadêmicas.

Faleceu no dia 23 de Janeiro de 2002 , num hospital de Paris, em


consequência de um câncer, aos 71 anos de idade. Nos últimos anos, Bourdieu
vinha-se dedicando ao estudo dos meios de comunicação e da política. Autor de
uma sofisticada teoria dos campos de produção simbólica, o sociólogo procurou
mostrar que as relações de força entre os agentes sociais apresenta-se sempre
na forma transfigurada de relações de sentido. A violência simbólica, outro tema
central da sua obra, não era considerada por ele como um puro e simples
instrumento ao serviço da classe dominante, mas como algo que se exerce
também através do jogo entre os agentes sociais.
A OBRA
Os textos foram selecionados pelo próprio Pierre
Bourdieu para uma edição em Portugal de 1989.

O poder simbólico é, com efeito, esse poder invisível o


qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles
que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo o
exercem. ( p. 8 )

Bourdieu explica que Durkheim lança os fundamentos de uma


sociologia das formas simbólicas, oferecendo uma base
empírica para ordenação lógica do mundo. Partindo desta
análise o autor procura mostrar que o poder simbólico
manifesta-se por meio de sistemas simbólicos que, por sua vez,
são estruturas estruturantes como a arte, a religião, a língua.

Numa primeira síntese, Bourdieu afirma que os sistemas simbólicos,


como instrumentos de conhecimento e de comunicação, constituem um
poder estruturante porque são estruturados.
Os símbolos, encadeados pelos sistemas simbólicos, têm como função
preponderante a integração social. Eles conferem sentido ao mundo
social, possibilitando, desse modo, o consenso acerca da ordem
estabelecida. Sob essa perspectiva, numa segunda síntese, assinala que
os sistemas simbólicos cumprem uma função política. O poder simbólico
emerge como um poder capaz de impor significações, e as impõe como
legítimas, contribuindo, dessa forma, com a dominação vigente.

O responsável pela produção dos sistemas simbólicos é o corpo de


especialistas circunscrito ao seu campo específico. Tais especialistas
estão à serviço da classe dominante e são , por excelência, os produtores
da doxa, ou seja, àquilo que é aceito como opinião geral que, por seu
turno, sustenta o poder estabelecido no âmbito de cada campo.
O campo é o espaço onde as relações são objetivamente definidas
através do modo como são distribuídas as diversas formas de capital. Os
agentes, específicos de cada campo, são capacitados para as funções e
os embates próprios deste campo. Intimamente relacionado ao conceito
de campo, está o conceito de habitus que Bourdieu define como um
conjunto de disposições, decorrente de um processo de interiorização da
exterioridade e de exteriorização da interioridade, que leva os agentes a
procederem de acordo com as possibilidades existentes dentro da
estrutura do campo.

O poder simbólico, imperceptível e invisível, é uma forma transfigurada e


legitimada das outras formas de poder. O que torna possível tal poder,
conclui o autor, é a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe
estão sujeitos ou mesmo que o exercem.
CAPÍTULO V

A identidade e a
representação: elementos
para uma reflexão crítica
sobre a ideia de região

Este texto foi publicado na revista Actes de la Recherche em Sciences


Sociales de novembro de 1980 e é resultado de um trabalho empreendido
com o apoio do DGPCT Diretorado Geral de Pesquisas Científicas e
Técnicas, no quadro de um grupo composto por economistas, etnólogos,
historiadores e sociólogos
ESTUDO DE CONCEITOS
FRONTEIRA
A determinação de fronteiras provém de um ato de autoridade para delimitar a
região, ou território, e dessa forma, impor legitimidade e determinar uma nova
verdade, que por ter força de lei, conta com o reconhecimento. É esse
reconhecimento que verdadeiramente transforma o discurso em verdade social.

De acordo com a teoria de Bourdieu, não existe uma definição natural de fronteira
e, esta só é criada para satisfazer a necessidade de regionalização derivada de
interesses determinados. É um ato jurídico que delimita um espaço e, com isso,
impõe uma diferença cultural, e depois por consequência, torna-se uma derivação
dessa diferença. Podemos verificar esse teor na seguinte afirmação:
“Ninguém poderia hoje sustentar que existem critérios capazes de fundamentar
classificações ‘naturais’ em regiões ‘naturais’, separadas por fronteiras ‘naturais’.
A fronteira nunca é mais do que o produto de uma divisão a que se atribuirá maior
ou menor fundamento na realidade segundo os elementos que ela reúne.” (p.114)

Considerando esses aspectos, podemos entender que a definição de fronteiras,


assim como descrito, é um exercício do poder simbólico - poder de impor uma
visão do mundo social - através de uma das faces da violência simbólica – formas
de exercer imposição, sugestão ou disseminação, de instrumentos de
conhecimento e de expressão arbitrários, imposto ao que deveria ser resultado
de um desenvolvimento dialético provindo de uma construção histórica
progressivamente acumulada.
REGIÃO
Podemos entender que a região, ou sua formação e delimitação, é na verdade um
dos principais objetos de disputa, nas variadas áreas sociais, e que suscita
desavenças teóricas quanto a sua definição, que podem exceder sua
representação inicial.

Bourdieu nos chama atenção a esse conceito e nos convida a pensar no aspecto
dual da definição de região, onde podemos identificar facilmente os contextos
geográfico e econômico, que apesar de brigarem conceitualmente, se completam
e permitem um entendimento amplo dos movimentos intra-fronteiriços
(geógrafos) e extra-fronteiriços (economistas).

É com o intuito de se determinar regiões que conseguimos entender o esforço da


imposição das fronteiras. São essas fronteiras que validam e fazem-nos
reconhecer as regiões e as definições do que se pensa ‘regional’ ou ‘regionalista’
a partir da aceitação dessa representação.

A definição da região, na opinião do autor, nos leva ao discurso regionalista. É


esse discurso que possuirá “acto de magia social” (p 116) que transformará algo
inexistente em existente, desde que o discurso, seja realizado por alguém
bastante para tal, com o poder simbólico sendo nele reconhecido, e impondo uma
nova divisão social, determinando novos limites, ainda que por formas ilegítimas
(regere fines, regere sacra).
As lutas simbólicas residem justamente no conhecimento e reconhecimento da
unidade, ou da crença dela, que sacramentaria essas regiões, como esclarece
Bourdieu:
“(...) logo que a questão regional ou nacional é objectivamente posta na realidade
social, embora seja por uma minoria actuante (...), qualquer enunciado sobre
região funciona como argumento que contribui – para favorecer ou desfavorecer
o acesso da região ao reconhecimento e, por este meio, à existência”. (p 120)

REPRESENTAÇÃO
É “algo” que necessita ser conhecido e reconhecido para garantir sua
existência como verdade ou realidade. Isso posto, podemos ainda observar no
texto estudado uma categorização dessas representações:

Representações práticas: São as representações expostas às críticas


científicas, um discurso ou um projeto por exemplo.

Representações Mentais: São percepções e apreensões de conhecimento e


reconhecimento. Como exemplo de seus objetos podemos citar língua, dialeto,
sotaque, mitos.

Representações Objectais: É a representação estendida aos objetos, as


coisas. Podemos citar como exemplos emblemas, bandeiras, insígnias.
ASSIMILAÇÃO

É o processo de aceitação da nova realidade, vencedora após o embate das


forças simbólicas, que pode ser definida como resignada ou revoltada, mas que
não consegue escapar desse processo na vida quotidiana, pelos dominados.

Nesse processo é esperado um desenvolvimento de um trabalho que tem


como objetivo fazer desaparecer a perspectiva de afastamento de seus sinais
naturais (estigma), manter a imagem individual o mais próxima possível de sua
identidade legítima, ainda que por intermédio de mentiras e dissimulações. Ou
seja, um processo de aproximação e unificação dos estados usual e diferente,
habitual e novo, que visam gerar o princípio de dominação de uma identidade
sobre a outra.
LUTAS REGIONALISTAS

O que realmente está em jogo nessas lutas é a conservação ou


modificação das relações de forças simbólicas, e consequentemente, das
vantagens e desvantagens que serão geradas por uma ou outra: “O
regionalismo (ou o nacionalismo) é apenas um caso particular das lutas
propriamente simbólicas em que os agentes estão envolvidos quer
individualmente, (...) quer coletivamente (...)”. (p. 124)

São os estigmas que efetivamente alavancam as revoltas regionalistas na


exata medida em que, emblematicamente produzem a reivindicação de si
próprio (os sinais naturais de identidade buscam e pressionam por mais sinais).
Esse estado de coisas gera a institucionalização desse grupo, que então se vê
imbuído de incontestável direito de brigar por suas representações simbólicas,
econômicas e sociais. São fatores unificadores e instigadores a um só tempo.

As lutas regionalistas ou nacionalistas transcendem a necessidade de


território, e por isso não são dependentes das definições de fronteiras e região.
Um bom exemplo disso é o sionismo.
A diferença cultural é sem dúvida produto de uma dialética
histórica da diferenciação cumulativa. Como mostrou Paul Bois a
respeito dos camponeses do Oeste cujas opções políticas
desafiavam a geografia eleitoral, o que faz a região não é o
espaço, mas sim o tempo, a história (p.115)

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