“A consequência do Tractatus é que não só certas proposições filosóficas, mas todas as afirmações com conteúdo metafísico ou religioso, enquanto se referem a algo não mundano, são absurdas.” (Zilles, 1991, p.86). “Conforme o Tractatus, há proposições com sentido no campo intramundano: “Os limites de minha linguagem denotam os limites de meu mundo” (5.6).” (Zilles, 1991, p.86). 4.1.1. E o que não se pode falar? “Mas ao mesmo tempo diz que o “o sentido do mundo deve estar fora dele” (6.41) e “existe com certeza o indizível. Isto se mostra, é o que é o místico” (6.522).” (Zilles, 1991, p.86). “Portanto, Wittgenstein não cala acerca de Deus e do místico, sendo inconsequente, de certa forma, com os princípios estabelecidos.” (Zilles, 1991, p.86). 4.1.1. E o que não se pode falar? “Para a vida humana ele (o indizível) é muito importante: “Sentimos que, ainda que a todas as possíveis questões científicas fosse dada resposta, nossos problemas vitais não teriam sido tocados. Sem dúvida, não cabe mais pergunta alguma, e esta é precisamente a resposta” (6.52)” (Zilles, 1991, p.87). 4.1.1. E o que não se pode falar? “e “observa-se a solução dos problemas da vida no desaparecimento desses problemas. (Esta não é a razão por que os homens, para os quais o sentido da vida se tornou claro depois de longo duvidar, não podem mais dizer em que consiste esse sentido?)” (6.521).” (Zilles, 1991, p.87). 4.1.2. O místico “Há algo fora da linguagem e fora do mundo?” (Zilles, 1991, p87). “Wittgenstein responde: sim. É o místico.” (Zilles, 1991, p.87). “Se a linguagem descritica, se aquilo que se pode dizer se identifica com a totalidade das proposições da ciência natural, resta perguntar: o que acontece com as proposições da metafísica, da ética, da estética e da religião?” (Zilles, 1991, p.87). 4.1.2. O místico “Segundo ele (Wittgenstein) carecem de sentido, porque tentam ultrapassar o limite da linguagem e, portanto, do mundo.” (Zilles, 1991, p.87).
“Admite que haja coisas importantes que não se podem
dizer, mas apenas mostrar, como é o místico.” (Zilles, 1991, p.87). 4.1.2. O místico “Conforme a lógica de nossa linguagem, só se pode dizer como é a realidade e nada sobre o que é.” (Zilles, 1991, p.87).
“Sentido e carente de sentido são, em primeiro lugar,
categorias lógicas.” (Zilles, 1991, p.87). 4.1.2. O místico “Wittgenstein não afirma, como o Círculo de Viena, que se deve eliminar a metafísica.” (Zilles, 1991, p.87). “Não nega a existência do indizível. As proposições metafísicas contudo não se situam dentro dos limites da linguagem. Por isso não passam de pseudoproposições.” (Zilles, 1991, p.87). 4.1.2. O místico “Não há discurso possível sobre as essências, nem sobre o mundo considerado como um todo. E o que se situa para além dos limites da linguagem não pode ser asseverado pela própria linguagem.” (Zilles, 1991, p.87). “Só pode ser mostrado ou exibido. Os limites da linguagem, para ele, coincidem com os limites do discurso factual.” (Zilles, 1991, p.87). “Ora, as proposições filosóficas não são factuais.” (Zilles, 1991, p.87). 4.1.2. O místico “Wittgenstein nega a realidade da fé e da religião?” (Zilles, 1991, p.87). “Não. Nega-lhes o sentido factual. Jean Ladrère, em Articulação do sentido, escreve com propriedade:” (Zilles, 1991, p.87). “Portanto, sua posição de modo algum é ateísta; exclui, sem dúvida, a possibilidade de discurso concernente à existência de Deus, mas elabora um procedimento que conduz ao reconhecimento desta existência. 4.1.2. O místico Este procedimento não pode ser explicado sob a forma de raciocínio, de argumentação constrangedora do ponto de vista lógico; contudo, não se pode dizer que seja irracional, posto que se apoia na linguagem (p.70).” (Ladrière Apud Zilles, 1991, p.87,88). “Lendo atentamente a última parte do Tractatus e o prefácio, temos a impressão de 4.1.2. O místico que Wittgenstein situa os problemas mais profundos fora da linguagem. Deixa, todavia, certa ambiguidade. De uma parte, o indizível tem conotação positiva e, de outra, parece compartilhar a atitude positivista de menosprezo. Inegavelmente a distinção entre o dizer e o mostrar caracterizam a filosofia de Wittgenstein. Parece que, no Tractatus, o mais importante é aquilo que não foi dito.” (Zilles, 1991, p.88). 4.1.2. O místico “O mundo com seu contigentismo, não pode fundar o valor. Este deve ter sua origem fora do próprio mundo, em algo necessário, que, evidentemente, também, não pode ser a lógica.” (Zilles, 1991, p.88). “...Wittgenstein afirma a necessidade de Deus como ser necessário e fonte de valor.” (Zilles, 1991, p.88). 4.1.2. O místico “...Deus não pode ser, segundo o Tractatus, uma conclusão lógica da ciência.” (Zilles, 1991, p.88). “Que tipo de afirmação então faz?” (Zilles, 1991, p.88). “Na realidade (Wittgenstein) tira uma conclusão metafísica, embora negue a possibilidade da metafísica no plano do discurso lógico.” (Zilles, 1991, p.88). 4.1.2. O místico “Com isso o místico é apenas outro nome para a metafísica.” (Zilles, 1991, p.88). “E Wittgenstein disse muito para além da ciência e da lógica. Na prática ultrapassou os limites de sua teoria.” (Zilles, 1991, p.88). “Wittgenstein nega a possibilidade de constatar o metafísico, no sentido tradicional. Isso, segundo ele, significa que a experiência do místico é indizível na linguagem lógica postulada. (Zilles, 1991, p.88). 4.1.2. O místico “Tal posição tem consequências sérias para a filosofia. De certa maneira condena-a ao silêncio. Reduz toda a filosofia a ser crítica da linguagem e “esclarecimento lógico do pensamento”. Os problemas da vida são indizíveis.” (Zilles, 1991, p.88). “Wittgenstein, está convencido de que na ciência há problemas, mas, em princípio, são solúveis. Na vida é diferente. Aí os problemas aparecem, quando já desaparecem.” (Zilles, 1991, p.88). 4.1.2. O místico “Mostrando claramente o exprimível ou expressável, quer mostrar o inexprimível ou místico como o mais importante na vida.” (Zilles, 1991, p.89). “O místico, sendo o imediato, é o limite do interrogar. Para ele, os temas místicos (o mundo como globalidade, a vida e a morte, a felicidade) não são objeto de investigação filosófica. Comparada com a ciência, a filosofia pe sem sentido. Carece de objeto próprio.” (Zilles, 1991, p.89). 4.1.2. O místico “Em resumo, pode-se concluir que soluções filosóficas a priori carecem de sentido. Para Wittgenstein, de um lado, existe ciência e, de outro, existe vida. Não existe metafísica. Contudo não é indiferente em relação à vida e à filosofia.” (Zilles, 1991, p.89). “Entretando vida e ciência constituem esferas independentes.” (Ziles, 1991, p.89). 4.1.2. O místico “Esta visão hoje pode ser contestada radicalmente, visto carecer do sentido mais recente dado à investigação, pois a ciência não se apoia apenas em proposições figurativas, ou seja, em fatos.” (Zilles, 1991, p.89). “A solução dos problemas da vida, para Wittgenstein, deve ser procurada fora da filosofia porque esta deve guardar silêncio em face ao campo dos valores e da metafísica.” (Zilles, 1991, p.89). 4.1.2. O místico “Talvez esta tenha sido a principal razão por que, depois de escrito o Tractatus, Wittgenstein tenha se retirado do convívio dos filósofos, pois, resolvidos todos os problemas filosóficos, foi conseguido muito pouco.” (Zilles, 1991, p.89). FIM