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IGREJA POVO:

TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO CATOLICISMO


EM GURUPÁ-PA.
CATOLICISMO POPULAR

 É o “conjunto de crenças e práticas


socialmente reconhecidas como católicas de
que partilham sobretudo os não
especialistas do sagrado, quer pertençam às
classes subalternas ou às classes
dominantes” (MAUÉS, 1995, p. 17)
RELIGIOSIDADE POPULAR
“A religiosidade popular desempenha uma
função ambivalente de adaptação e de
protesto, que afinal é apenas o reflexo das
relações estreitas que a unem à cultura na
qual ela está imersa” (MESLIN, 1992, p. 243)
METODOLOGIA APLICADA
 História de longa duração (Ferdinand Braudel)
 A colonização ibérica na Amazônia no século XVII
inicia e desenvolve o catolicismo como um fato
histórico que se prolonga através dos séculos
posteriores até os dias de hoje, ainda que as
tipologias de catolicismo sejam diversas e muitas
vezes conflitivas.
HISTÓRIA DE LONGA DURAÇÃO
A TRAJETÓRIA DOS CATOLICISMOS EM GURUPÁ

2012
1616- Holandeses 1755-59 1880- Amazônia 1972
1640- Portugueses Pombal 1932- Gurupá
1655- Jesuítas

?
143 anos
173 anos
40 anos
40 anos
CATOLICISMO IBÉRICO
MILITARIZADO
(1616-1759)
FORTALEZAS MILITARES E
MISSÕES RELIGIOSAS

 As principais modalidades estratégicas


utilizadas pelos colonizadores para a ocupação
da região amazônica (BARRETO, 2003, p. 22)
 “O chefe temporal fazia escravos, o religioso
buscava neophytos (sic); áquelle (sic) convinha
a violência, este somente de brandura podia
usar.” (AZEVEDO, 1999, p. 56) [Vieira e Gaspar Cardoso 1653,
Tocantins]
MISSÕES JESUÍTICAS

 Aldeias da Amazônia [pela Companhia de


Jesus – Jesuítas] iniciada em 1655. (LEITE,
1943, p. 133).
 1655 Cap. Gurupá: igreja da residência de
N. S. do Desterro/ Aldeia do Tapará/ aldeia
de São Pedro junto à Fortaleza
(BORROMEU, 1941, p. 90).
 C. 1655: missão oficial São Pedro (na Aldeia
Tapará) – (KELLY, 1984, p. 42 apud
OLIVEIRA Jr.; PACE, [sd.], p. 31).
CATOLICISMO TRADICIONAL
COLONIAL

 O catolicismo colonial, com seus elementos


medievais, guerreiro, leigo e patriarcal, se
sustentava na existência de irmandades,
que, através de suas organizações, foram
dando forma às diversas folias e expressões
religiosas, como maneiras de homenagear o
santo padroeiro. (HOORNAERTE, 1978)
 Os foliões de São Benedito de Gurupá são
denominados com título de oficiais, se vestem
como tal (opa) e obedecem a uma hierarquia
claramente definida: mantenedor, sargento,
alferes, mestre sala, tamboreiros, etc.
CATOLICISMO LEIGO
TRADICIONAL
Intervenção de Marquês de Pombal
(1754-1932) Começa o tempo das irmandades
A EXPULSÃO DOS RELIGIOSOS
 Lei de 03 de setembro de 1759 de D. José I,
durante o governo do secretário de Estado
Sebastião José Carvalho e Melo (Marquês
de Pombal) que aboliu o Regime de Missões
e expulsou os jesuítas. (MOREIRA NETO,
1992, p. 225)
A PARÓQUIA DE GURUPÁ
 Em 1693 foi canonicamente erigida a
Paróquia de Santo Antônio de Gurupá.
 A partir de 1831, parte da Diocese de Santa
Maria de Belém do Grão Pará.
 Períodos de vacância de clérigos;
 Visitas realizadas na época dos festejos dos
santos padroeiros (Santo Antônio e São
Benedito) e do Natal.
 Desobrigas,
 Importância das irmandades leigas

 Pe. Enéas Soares de Jesus Lima (1908-1914 e


1922-1924).
O CATOLICISMO LEIGO DAS
IRMANDADES
 Irmandades (1948) inteiramente dedicadas ao
culto dos santos.
 Leigos sem relação com os padres
(GALVÃO, 1976, p. 35).
A PAJELANÇA COMO ELEMENTO
CONSTITUTIVO DO CATOLICISMO
 O caboclo de [Gurupá], como da Amazônia em
geral, é católico. Não obstante, sua concepção do
universo está impregnada de ideias e crenças que
derivam do ancestral ameríndio. (GALVÃO,
1976, p. 3).
CATOLICISMO
ROMANIZADO
(1932-1971)
A ROMANIZAÇÃO
 reconquista espiritual da Amazônia, no fim do século XIX e
princípio do século XX (MATA,1992, p. 344) e também Maués
(MAUÉS, 1999, p. 157) reestruturação da Igreja: novas
circunscrições eclesiásticas, novas congregações de religiosos.
AS NOVAS CONGREGAÇÕES
 As congregações colocaram seus santos no lugar
dos santos tradicionais trazidos a partir do século
XVI pelos ibéricos colonizadores.
 Novas associações e irmandades nas paróquias
sob o controle do vigário.
 Beozo (1981, p. 21) em sua pesquisa informa que
entre 1880-1930 entraram na Amazônia 39
congregações masculinas europeias e 109
femininas. Todas organizadas e articuladas a
partir da Europa.
OS MISSIONÁRIOS DO
SANGUE DE CRISTO
 Em 1932 Gurupá foi
entregue para cura das
almas aos padres da
Congregação do
Preciosíssimo Sangue.
(MÜHLBAUER, 1950).
 Os Missionários do
Preciosíssimo Sangue
chegaram à região do
Xingu em 1929 (MATA,
1992, p. 351) e a partir de
1931 seus padres
começaram a fazer
desobrigas em Gurupá
(MÜHLBAUER, 1950).
 Marcos Schawalder, em
1931;
 Clemente Geiger, em 1932
 Paróquia de Gurupá
incorporada à Prelazia do
Xingu, em 1948.
OS VITRAIS DA MATRIZ DE GURUPÁ
 LADO DIREITO:
 Santa Maria Goretti
 Papa Pio X
 São Gaspar Del Búfalo
 São Benedito
 Adoração ao Santíssimo Sacramento
 Brasão de D. Clemente Geiger
OS VITRAIS DA MATRIZ DE GURUPÁ
 LADO ESQUERDO
 Santa Terezinha
 São João Maria Vianey
 São Francisco Xavier
 Santo Antônio
 Brasão do Congresso Eucarístico de Belém (1953)
 Brasão do Papa Pio XII
O CATOLICISMO ROMANIZADO
 “rápida assimilação” e
“enraizamento”(MATA,1992, p. 345)
 “catolicismo privatizado” [...] “um processo de
reapropiação, por parte dos leigos, das devoções
romanizadas [...] estabelecendo relações diretas e
pessoais com os santos”(OLIVEIRA,1976, p. 140-
141).
CATOLICISMO
LIBERTADOR
CONCÍLIO VATICANO II , TEOLOGIA DA
LIBERTAÇÃO e CEBs.
(1960 aos dias atuais)
CONCÍLIO VATICANO II (1962-1965)

 1ª Sessão (11-10-1962 [João XXIII)


 2ª Sessão (29-9-1963 [Paulo VI)
 3ª Sessão (7-12-1965 [Paulo VI)
CELAM MEDELLÍN (1968)
CELAM PUEBLA (1979)
“NOVO JEITO DE SER IGREJA”
A IGREJA É POVO DE DEUS (LG 9-14)
O POBRE
“No fundamento da TdL se encontra uma mística: o
encontro com o Senhor no pobre [...]”.
(BOFF, 1980, p. 11)
“A história da recepção do CV II na América Latina é
inseparável do caminho que as comunidades cristãs de
nosso continente foram percorrendo, primeiro na
direção dos pobres, depois junto aos pobres, e
finalmente a partir dos pobres!
(CAMPANA, 2007, p. 58)
O REINO DE DEUS

 “O Reino é, fundamentalmente, horizonte e


utopia para [os pobres], que,
permanentemente, veem as suas aspirações
restringidas pela indiferença [...] O Reino
de Deus é o projeto político de esperança e
vida abundante que Deus propõe a todos os
seres humanos, mas que começa pelos
pobres.” (SILVA, 2007, p. 276)
ORGANIZAÇÃO DAS CEBS GURUPÁ
 As CEBs, uma ação sistemática da Igreja
Católica (MACEDO, 1986), alcançou um
patamar de solidez na luta pela hegemonia
política local, a tal ponto que os atores
públicos não conseguiam ver-se fora do
campo católico até pouco tempo.
PRÁTICA LIBERTADORA
(DIALÉTICA)
 OS CÍRCULOS BÍBLICOS

 OS MUTIRÕES
LUTAS E VITÓRIAS
 1975 – Conselho Paroquial
 1981 – Fundação do PT

 1982 – Eleitos 2 vereadores do PT (Nogueira e


Sisto)
 1986 – Tomada do STR/ Afundamento do B/M
Livramento.
 1988 – Resgate do B/M Livramento

 1992 – Eleito o primeiro prefeito pelo PT (Moacir)

(LOPES, 2002)
O CICLO
DE CONFLITO INTERNO
1992-2012
“LINHAS-DE-PENSAMENTO-DIFERENTE”:
 [...] Após a participação nos cursos de formação
religioso-politico realizados em Santarém e Belém,
fundaram no segundo semestre de 1981, o partido dos
trabalhadores. Citam-se como fundadores em
destaque: Manoel Chico, Chico Alves, Adelino,
Florêncio e Edgar (Curso em Santarém), Pancho
(Chico), Alfredo e Moacir (Curso em Belém). (PETIT,
1996, p. 222).
ADESÃO À ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DA
TRANSAMAZÔNICA (AMUT) – (2002)
 Em vários momentos as lideranças das CEBs em
Gurupá, seguindo as diretrizes políticas da Prelazia
do Xingu, questionaram a equipe do governo
municipal sobre sua participação a favor de Belo
Monte.
PROCESSO PARALELO
DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA (2001-2002)
 A formação de um bloco político entre as instituições
Prefeitura Municipal de Gurupá (PMG -
administração municipal), Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Gurupá (STR-G) e a
Federação de Órgãos em Assistência Social e
Educacional (FASE- Projeto Gurupá) para
encaminhar o processo de regularização fundiária nas
áreas de várzeas, região das ilhas. O conflito se dava
a partir do interesse de regularização fundiário
através das Reservas Extrativistas (RESEX)
PROJETO
DE EDUCAÇÃO PÚBLICA E POPULAR (2003)
 O projeto se transformou numa abertura, não só das
bases ao processo de transformação do sistema
educacional do município, mas, sobretudo ampliou-se,
tornando-se um viés de intervenção política das bases
junto ao poder municipal. Desse modo essas
lideranças poderiam de alguma maneira intervir no
poder público, pois continuavam ligadas à Igreja
através das CEBs.
A CAMINHADA CONTINUA
 Fé e política tornaram-se um binômio correlato e tão profundamente
enraizado (1970 e 1980). Catequistas = liderança política;
 Catolicismo popular & Movimento Social Popular;
 A reflexão sobre a fé se manifestou em práticas sociais politicamente
comprometidas com o bem comum (PT e STR tornaram-se
ferramentas, assim como as CEBs, a serviço do povo)
 O conflito quer seja interno, quer seja externo, sempre será elemento
integrante e importante no cenário político da democracia.
 É preciso salvaguardar os princípios éticos (da caminhada) da
democracia, da solidariedade, da participação coletiva, a partir
dos interesses comuns de suas bases, no intuito de que suas
lideranças não se tornem elites fechadas, cúpulas mesquinhas cujas
ações possibilitem a desmobilização e a perda da identidade do
movimento social e popular histórica e democraticamente construído;
 De fato, a luta pelo poder mudou os interesses coletivos e a própria
trajetória das instituições do movimento social local.
REFERÊNCIAS
 AZEVEDO, João Lúcio d’. Os jesuítas no Grão-Pará: suas missões e a colonização. Belém:
SECULT, 1999.
 BARRETO, Mauro. As sociedades indígenas na Amazônia antes do contato com os europeus. In:
FONTES, Edilza Joana Oliveira. Contando a História do Pará: da conquista à sociedade da
borracha (Séculos XVI-XIX), v. I . Belém: Emotion, 2003.
 BEOZO, José Oscar. Curso de História – Teologia – Pastoral da Igreja. (Curso de
História/Teologia/Pastoral da Igreja - 4-7/8/1981) [datilografado], Manaus: 1981.
 BOFF, Leonardo; BOFF, Clodovis. Da libertação: o sentido teológico das libertações sócio-
históricas. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1980.
 BORROMEU, Padre Carlos. Gurupá, sua fortaleza, Matriz e Vila em quatro séculos: estudos
históricos do rio mar. Belém: [se.], 1941.
 CAMPANA, Oscar. Jesus, os pobres e a teologia. In: VIGIL, José Maria (Org.). Descer da cruz os
pobres: cristologia da libertação. São Paulo: Paulinas, 2007. p. 58-69.
 GALVÃO, Eduardo. Santos e Visagens: Um estudo da vida religiosa de Ita – Baixo- Amazonas.
São Paulo: Nacional, 1976.
 HOORNAERT, Eduardo. Formação do Catolicismo Brasileiro, de 1550-1800. Petrópolis:
Vozes, 1978
 LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Tomo IV. Obras e Assuntos
Gerais, século XVII-XVIII, Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro; Lisboa: Livraria Portugália,
1943.
 LOPES, Robson Wander C. (org.). Proposição para um projeto de educação popular: parceria
entre Secretaria Municipal de Educação e Conselho de Pastoral Paroquial. Gurupá: [digitado e
impresso], 2002.
 ______. Folias, irmandades e festejos: transformações e resistências do catolicismo popular em
Gurupá. Trabalho de conclusão de Curso (TCC). Graduação em Ciências da Religião. Universidade
Vale do Acaraú, mimeo, Belém, 2004.
 ______. Relatório de Observação Pastoral das comunidades rurais de Gurupá. Belém:
Instituto de Pastoral Regional [datilografado], 1994.
REFERÊNCIAS
 LOPES. Robson. Comunidades Eclesiais de Base no interior da Amazônia: articulações e
conflitos no movimento social em Gurupá, Pará. Trabalho apresentado à disciplina Religião e
Política do PPGCR/UEPA, 2011.
 MACEDO, Carmen Cinira de Andrade. Tempo de gênesis: o povo das Comunidades Eclesiais de
Base. Brasiliense, São Paulo, 1986.
 MATA, Possidônio. A Igreja Católica na Amazônia da Atualidade. In: HOORNAERT, Eduardo.
História da Igreja na Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1992 p. 341-365.
 MAUÉS, Raymundo Heraldo. Padres, pajés, santos e festas: catolicismo popular e controle
eclesiástico. Um estudo antropológico em uma área do interior da Amazônia. Belém, Cejup, 1995.
 ______. Uma outra “invenção” da Amazônia. Belém: Cejup, 1999.
 MESLIN, Michel. A experiência humana do divino: fundamentos de uma antropologia
religiosa. Tradução Orlando dos Reis. Petrópolis: Vozes, 1992.
 MOREIRA NETO, Carlos de Araújo. Reformulações da missão católica na Amazônia entre 1750-
1832, In: HOORNAERT, Eduardo (org). História da igreja na Amazônia. Petrópolis: Vozes,
1992. p. 225-226.
 MÜHLBAUER, Cristóvão. Livro de Tomo da Paróquia de Santo Antônio de Gurupá. Arquivo da
Paróquia de Santo Antônio de Gurupá [manuscrito], 1950.
 OLIVEIRA Jr., Raimundo; PACE, Richard. A pequena pré-história e história de Gurupá. [sl.]:
[digitado e impresso], [sd.].
 OLIVEIRA, Pedro A. Ribeiro de. Catolicismo Popular e Romanização do Catolicismo no Brasil, In:
Revista Eclesiástica Brasileira (REB), Vol.: XXXVI. Petrópolis: Vozes, 1976.
 PETIT, Pere. A Esperança Equilibrista: a trajetória do PT no Pará. Jinkings Editores
Associados. São Paulo, 1996.
 SILVA, Ezequiel. A centralidade do Reino de Deus na cristologia da libertação. In: VIGIL, José
Maria (Org.). Descer da cruz os pobres: cristologia da libertação. São Paulo: Paulinas, 2007. p.
269-283.
ROBSON WANDER C. LOPES
Professor de Filosofia e Cientista da Religião
Mestrado em Ciências das Religião (PPGCR/UEPA)
Do quadro permanente do IFPA-Campus Belém. Sócio do Instituto
Histórico e Geográfico do Pará – Cadeira Nº 51, Eduardo Galvão.
Contatos: celular (91) 99358-5615. E-mail: robsonlopescr@gmail.com

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