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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA
Campus do Paricarana, Av. Cap. Ene Garcez, nº 1246, Bairro Aeroporto, CEP:69304-000

Território Mobilidade e Desenvolvimento Regional

Prof.ª Dr.ª Ana Lia Farias Vale


Território Mobilidade e Desenvolvimento Regional

SOUZA, Marcelo Lopes de. Algumas notas sobre a importância


do espaço para o desenvolvimento social. Revista Território, ano
11, n. 3, p. 15-35, jul./dez. 1997. Disponível em:
<http://www.revistaterritorio.com.br/pdf/03_3_souza.pdf>. Acesso
em: 22 mar. 2017.
IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO PARA O
DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Objetivos do artigo:

1) esquadrinhar o conceito de desenvolvimento;


2) esquadrinhar o conceito de espaço social;
3) apresentar uma panorâmica sobre o tratamento dispensado
à dimensão espacial ao longo da história da teorização
sobre o desenvolvimento;
4) discutir, a importância do espaço social a partir de uma
conceituação alternativa de desenvolvimento.
1-DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DIFERENTE
DE DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento econômico resume-se a uma
conjugação de crescimento (expresso através do
incremento do PIS, do PNB ou da renda nacional per
capital) com modernização tecnológica (progresso
técnico, crescente integração inter setorial), que são
aspectos quantitativo e qualitativo que é uma crescente
complexidade da estrutura da economia, através de um
aumento da produtividade média do trabalho. Portanto
desenvolvimento econômico mesmo dependente de
fatores como investimentos em "capital humano", não
necessariamente se faz acompanhar por uma diminuição
dos problemas sociais e nem das disparidades
socioeconômicas.
1-DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DIFERENTE
DE DESENVOLVIMENTO
• Tomar o desenvolvimento econômico como
sinônimo de desenvolvimento é impróprio porque,
se aquele se refere ao processo em cujo bojo uma
sociedade consegue produzir bens em maior
quantidade, de melhor qualidade e com mais
eficiência, SÃO OS MEIOS E NÃO OS FINS.

• A renda per capita representa uma ficção estatística e não


revela sobre a distribuição da riqueza socialmente
produzida, então, qual é, a sua utilidade como indicador de
nível de bem-estar, ainda que meramente material?
1-DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DIFERENTE
DE DESENVOLVIMENTO
• O crescimento, ao gerar empregos, possui um inegável apelo
social, mas ainda é vazia pois se o crescimento vier com um
progresso técnico poupador de mão-de-obra e de desemprego
tecnológico, os empregos novos por ele gerados poderão não
compensar, quantitativa e/ou qualitativamente, os empregos
perdidos, e não evitarão a exclusão.
• A modernização tecnológica, além de seus impactos positivos
sobre o mundo do trabalho, tem uma positividade relativizada
em diferentes aspectos, no que se refere a qualidade de vida de
uma população? As novas tecnologias estimulam a criatividade,
colaboram verdadeiramente para uma vida mais saudável,
contribuem para uma participação mais ampla da população nos
processos decisórios, para estimular uma cultura política mais
democrática, para formar cidadãos mais conscientes, para uma
maior liberdade individual e coletiva?
1-DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DIFERENTE
DE DESENVOLVIMENTO
Portanto, o desenvolvimento estritamente econômico só pode
ser, na melhor das hipóteses, um meio, e jamais um fim, então
o conceito de desenvolvimento não se limita ao crescimento e
à modernização tecnológica. Quando está vinculada “ao fim”
(o sentido de meta) ocorre a perpetuação do modelo social
capitalista, com a ética e política sobre “os fins” sendo
sacrificada (ou mesmo desaparecendo), silenciosamente, em
favor de uma discussão instrumental sobre os meios.
Como consequência ao lado disso, a exclusão social,
tradicional e explosiva na periferia capitalista com aumento do
desemprego sacudido pela Terceira Revolução Industrial;
expresso em uma "nova pobreza", no aumento da xenofobia e
da intolerância Inter étnica.
1-DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DIFERENTE
DE DESENVOLVIMENTO

Mito do desenvolvimento
 Na visão de conservadores "os fins já não são claros, pois
vive-se no melhor dos sistema?" onde o fim (meta, desejo)
implícito de alguns converte-se em fim (fé/os, objetivo
supremo, estágio final) explícito: vive-se no melhor dos
mundos possíveis, o horizonte do modelo civilizatório
capitalista é definitivo e intransponível. È a própria
hegemonia ideologia do desenvolvimento etnocêntrica
(mais precisamente: europeicêntrica) e capitalistófil.

 Crescimento e modernização não são garantia de maior


justiça social.
1-DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DIFERENTE
DE DESENVOLVIMENTO
 Muitos modelos foram sugeridos desafiando o
Modelo Civilizatório Capitalista Economicista, mas
sem chegar a fazer objeção ou destroná-lo
completamente: modelos com enfoques da
"satisfação de necessidades básicas", do
"desenvolvimento de baixo para cima", do "eco
desenvolvimento", do "desenvolvimento
endógeno“.
 A diversidade de visões sobre o desenvolvimento é
evidenciada quando se considera a história dos
últimos duzentos anos.
1-DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DIFERENTE
DE DESENVOLVIMENTO
 A inversão economicista entre meios e fins, no que tange ao
conceito de desenvolvimento, é peculiar sobretudo ao período
posterior à Segunda Guerra Mundial, quando o mito
subjacente passa a ter na Ciência Econômica sua principal
legitimadora.
 Debate internacional sobre o desenvolvimento hoje vem
munido de discursos que não desperta o mesmo interesse
teórico por conta de fenômenos como: a gradual
heterogeneização do "Terceiro Mundo", a hegemonia
ideológica do neoliberalismo, a crise do pensamento de
esquerda, chegando a ser constrangedores os discursos
fragmentados em tópicos - caminhos para um crescimento
econômico ecologicamente sustentável, maneiras de melhor
ajustar-se à globalização, redução de jornada de trabalho
como a fórmula mágica contra o desemprego ...
1-DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DIFERENTE
DE DESENVOLVIMENTO
desenvolvimento, para além da ideologia e do mito - KOCH
O conteúdo do desenvolvimento deve ser entendido como
atrelado a cada universo cultural e social particular em um nível
de detalhe que se preste à operacionalização, variável, plural.

A formulação filosófica deste tipo de desenvolvimento deseja


evitar a visão instrumental-economicista, conservadora,
etnocêntrica e historicista da ideologia do desenvolvimento
hegemônica da seguinte maneira: um movimento (sem fim - ou
seja, sem "estágio final" e sem direção concreta predeterminados
ou previsíveis e que não poderá jamais ser declarado como
"acabado" - e podendo ter retrocessos) em cuja esteira uma
sociedade torna-se mais justa e aceitável para seus membros.
DESENVOLVIMENTO COM AUTONOMIA
Surgem questionamentos para o modelo de Koch
 Se mudança social, enquanto um valor, for simplesmente
estranha ao imaginário da sociedade, conforme acontece
com as sociedades tribais?
 Se os membros de uma sociedade não tiverem plena
consciência do que seria, objetivamente, melhor para eles?

Propõe a ideia de autonomia, no que se refere a auto


instituição consciente da sociedade, alicerçada na garantia
política e na possibilidade material efetiva de igualdade de
chances de participação nas tomadas de decisão (o que inclui o
acesso à informação). Seria a ponte por excelência entre a
"abertura" necessária e o alcance prático que o conceito de
desenvolvimento precisa possuir.
DESENVOLVIMENTO COM AUTONOMIA
O processo de conquista da autonomia não é, no entanto, um
"tudo ou nada", mas um compromisso necessário entre um
horizonte estratégico de pensamento/ação e as modestas
vitórias táticas do “aqui e agora”.
A autonomia não é um princípio cuja operacionalização seja
trivial, um grupo para adotar uma concepção específica de
desenvolvimento autônoma ou, um modo de vida particular,
exige a consideração desse grupo ao contexto de sua relação
com outros grupos (em qualquer escala, da local à
internacional), sempre à luz do seguinte desafio: precisa-se
respeitar a alteridade do Outro e a particularidade de universos
culturais distintos ("justiça", "direitos humanos"); além de
rejeitar manifestações que ferem a autonomia de outra
(expandir território às custas dos vizinhos).
DESENVOLVIMENTO COM AUTONOMIA

 a autonomia é um princípio que exige a consideração do plano


interno (a igualdade de chances de participação na tomada de
decisões relevantes para a vida social), mas deve-se também
que se leve em conta o plano externo (os interesses legítimos e
a autonomia do Outro, não importando o quanto ele seja
diferente de nós mesmos), conforme um princípio de não-
intervenção.

 A ideia de autonomia é, tem uma matriz cultural específica no


que se restringe a sua aplicabilidade ao plano interno a cada
sociedade, mas no plano externo, a noção de autonomia pode
ser representada pelo direito de autodeterminação dos povos e
culturas, aparecendo como uma arma para a defesa da etno
diversidade.
DESENVOLVIMENTO COM AUTONOMIA

 Mas, a propósito da não-intervenção: o que são os "interesses


legítimos" do Outro? Até que ponto aquilo que um observador
externo identifica como opressão e desrespeito sistemático aos
direitos humanos, ainda que afete apenas os indivíduos vivendo
longe das fronteiras do território desse observador, pode ser
tolerado enquanto "manifestação de uma cultura"?

Certamente não haverá uma resposta simples para isso, e as


dificuldades do diálogo intercultural permanecerão. Mas, a crítica
do etnocentrismo é uma condição “sem ela não” para se edificar
uma alternativa conceitual mais justa sobre o desenvolvimento.
Essa concepção Souza (1996) decidiu denominar uma “teoria
aberta” do desenvolvimento sócio espacial
CONCEITO DE ESPAÇO SOCIAL
Dimensão histórico materialista e objetiva (1970/1980)

Produto da transformação da natureza (do espaço natural: solo, rios


etc.) pelo trabalho social. Palco das relações sociais, construído,
modelado (em graus variados de intervenção e alteração) pelo
homem, das mínimas modificações introduzidas por uma sociedade
de caçadores e coletores (impactos ambientais fracos) até um
"ambiente construído" e altamente artificial como uma grande
metrópole contemporânea (fortíssimo impacto sobre o ambiente
natural), passando pelas pastagens e pelos campos de cultivo, pelos
pequenos assentamentos etc.

ESPAÇO SOCIAL não é um espaço abstrato ou puramente


metafórico, mas um espaço concreto, um espaço geográfico criado
nos marcos de uma determinada sociedade.
DEBATE SOBRE O STATUS ESPAÇO SOCIAL

Elemento da totalidade social, notadamente sob o capitalismo


contemporâneo: produto material extremamente importante e
dotado de particularidades e poder condicionador, mas
subordinado à dinâmica do modo de produção (sociólogos
como CASTELLS, [1983]).

Reflexo das relações de produção (cientistas sociais marxistas


e geógrafos como HARVEY [1980])

Um domínio separado das forças produtivas da sociedade e


autônomo (e preeminente!) perante as tradicionais esferas da
produção, da troca e do consumo (como em LEFEBVRE
[1981])
CONCEITO DE ESPAÇO SOCIAL

 Como qualquer realidade social, o espaço não é uma


entidade apenas objetiva; sua objetividade é lida
(inter)subjetivamente, sua materialidade é dotada de
significações específicas para cada indivíduo
(subjetividade) mas que são, também, em certa medida,
compartilhadas por vários indivíduos (intersubjetividade).

 Palco material e objetivo das relações sociais, o espaço, no


contexto da experiência de sujeitos “não ignorantes”
organizados em sociedade, "construído"
intersubjetivamente em diferentes escalas: bairro, região,
"terra natal", "pátria" ...
CONCEITO DE ESPAÇO SOCIAL

 Materialidade impregnada de valores, um referencial para a


orientação quotidiana, um catalisador simbólico e afetivo (a
rua onde nasceu, "meu pedaço", "meu bairro", "minha
região"), ideologicamente manipulado (pelos
regionalismos, nacionalismos ...).

 Enquanto lugar, o espaço transcende sua condição


meramente objetiva, de suporte material para o existir
humano (produzir, habitar, circular, amar, guerrear),
reaparecendo em um plano conceitualmente mais elevado:
materialidade dotada de significado, parte da experiência
humana (TUAN, 1983).
CONCEITO DE ESPAÇO SOCIAL
 Em um sentido não-material sutil, um espaço natural, ainda
que ainda não propriamente transformado por um dado
grupo, pode ser já considerado "social" a partir do
momento em que, na mira de um projeto de colonização
ou, pelo contrário, protegido enquanto reserva biológica,
parque natural etc., foi já apropriado por um projeto social,
passando a ser objeto de uma leitura determinada e
recebendo uma finalidade (e sendo mapeado, enquadrado).

 CONCLUSÃO: não apenas o trabalho, que produz


materialmente o espaço social; as representações deste são,
em si, já uma forma de desnaturalização, ao significarem a
sua captura pelo imaginário de uma sociedade e uma forma
ou um projeto de apropriação.
CONCEITO DE ESPAÇO SOCIAL

 Portanto é imprescindível ultrapassar a velha antinomia


objetividade versus subjetividade, sem que o espaço seja
coisificado. objetivismo: o espaço é visto enquanto
materialidade num conjunto de formas espaciais e funções
cuja dinâmica é indiferente às subjetividades) ou
subjetivismo: o espaço é encarado como uma realidade
vivida e percebida pelos indivíduos e grupos particulares,
mas a realidade sócio espacial que existe objetivamente,
independentemente das consciências individuais, não é
examinada profunda e critica.
CONCEITO DE ESPAÇO SOCIAL

Enquanto fonte de recursos (recursos naturais vitais e


matérias-primas, além de benfeitorias realizadas,
equipamentos, plantas industriais ...) ou, ele mesmo, um
recurso (localizações geoeconômica ou geopoliticamente
estratégicas), o ESPAÇO é base de sobrevivência, fonte de
poder e consequentemente alvo de cobiça e desejo de
apropriação e controle. A isso se deve adicionar a importância
instrumental (militar ou econômica) e a sua relevância cultural
para um grupo: espaço sagrado, símbolo de uma identidade
coletiva (em várias escalas), fazendo a pluralidade escalar eco
à multiplicidade simultânea de identidades; enfim, a sua
relevância simbólica e afetiva como lugar.
CONCEITO DE ESPAÇO SOCIAL

Por tudo isso, o espaço tende a ser sempre objeto de disputa e


apropriação de territorialização.

CONCEITO DE ESPAÇO SOCIAL para Souza (1995)


um território é um espaço definido e delimitado por e a partir de
relações de poder ou um "campo de força" concernente a relações
de poder espacialmente delimitadas e operando sobre um substrato
(espaço material) referencial (partindo e reciclando as
contribuições de autores como Raffestin [1993] e Sack [1986]).
ESPAÇO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

Aqueles que queiram realizar um trabalho relevante sobre


desenvolvimento não podem, na prática, desprezar a ligação
entre espaço e desenvolvimento.

Muitos fatores contribuiriam para não valorização do espaço


no âmbito das teorizações sobre o desenvolvimento (descritos
nas págs. 25 e 26) e quando apareciam alguns (Henri
Lefebvre, David Harvey, Edward Soja) que faziam esse link
teórico muitas vezes não estavam preocupados com a "questão
do desenvolvimento" ou em construir um diálogo entre essas
categorias.
ESPAÇO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

Portanto, devido ao viés marcadamente objetivista e


economicista da maior parte dos autores, o espaço não teve
todas as suas facetas contempladas e teorizadas:
 a "construção“ (inter)subjetiva do espaço enquanto
realidade social foi, compreensivelmente, secundarizada ou
mesmo desqualificada;
 a banalização das dimensões política e cultural fez perder
de vista a riqueza por trás de processos de territorialização /
desterritorialização;
 a problemática da degradação ambiental, uma vez encarada
a natureza como um manancial de recursos produtivístas,
não foi suficiente ou adequadamente tematizada.
Faces do espaço no âmbito da "teoria aberta"
do desenvolvimento sócio espacial - SOUZA
A importância do espaço para o desenvolvimento, no âmbito
da abordagem alternativa delineada por Souza é múltipla.
Começa desde o espaço natural e a conservação e uso
responsável deste (com o objetivo de minimizar a taxa de
degradação como base de recursos numa contribuição decisiva
para a qualidade de vida), passando pela dimensão objetiva do
espaço, pela sua materialidade até chegar ao enfoque do
espaço propriamente social.

A materialidade do espaço especificamente social, isto é,


produzido pelas relações sociais, possui uma importância
múltipla com distintos pontos de vista no âmbito: econômico,
político e cultural.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
MATERIALIDADE DO ESPAÇO SOCIAL
De um ponto de vista econômico: essa materialidade (a
estrutura e as formas espaciais) poderá facilitar e estimular
menos ou mais, por exemplo, a circulação de bens e pessoas.

De um ponto de vista político: os objetos geográficos e a


configuração da materialidade do espaço deverão ser trunfos
visando ao controle e à segurança.

De um ponto de vista cultural: essa materialidade (os símbolos


e signos nela inscritos) manterá estreitos vínculos com a
formação e reprodução de identidades coletivas, a orientação
quotidiana dos indivíduos e a psicologia social.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
MATERIALIDADE DO ESPAÇO SOCIAL Econômico

Cada um desses aspectos (EPC) pode ser conformado em


sentido autônomo (subordinador-heteronomizante ou
emancipatório-autonomizante).
ECONÔMICO: sob o capitalismo, essa dimensão é
dominante, o que conduz muitas vezes (mas não inteiramente!)
à instrumentalização das outras (PC); por exemplo, o ganho de
eficiência embutido em uma "modernização" do espaço
objetivando acelerar a circulação de bens e pessoas tem como
efetivo motor o imperativo de acumulação de capital, e não a
qualidade de vida dos usuários.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
MATERIALIDADE DO ESPAÇO SOCIAL-Político

POLÍTICO: nesse sentido Controle e Segurança pode ser


traduzido por autonomia heterogênea, (heteronomia), no
sentido de que se restringe acessos, disciplina os indivíduos e
corporificando-se em bastiões de uma ordem excludente mas
também podem expressar o legítimo domínio de uma
coletividade autogovernada sobre o seu espaço. Pode-se ser
exemplificado desde as muralhas da cidade de Atenas
radicalmente democrática da Antiguidade aos muros de um
castelo medieval chegando aos dispositivos de segurança dos
"condomínios exclusivos" da Barra da Tijuca, no Rio de
Janeiro, ou de Alphaville, em São Paulo.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
MATERIALIDADE DO ESPAÇO SOCIAL-Cultural

CULTURAL: quanto aos símbolos e signos inscritos na


materialidade do espaço social, além da própria forma e
disposição dos objetos geográficos, tanto podem indicar
proibições (uma placa, um muro) quanto possibilidades; tanto
podem concorrer para submeter ou domesticar um espírito
quanto para libertá-lo; tanto podem servir à massificação,
atomização e alienação quanto ao cultivo do intelecto e à
formação de atitudes cooperativas; tanto podem induzir ao
stress e à neurose quanto incentivar a meditação e a paz
interior.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial
de SOUZA

CONCLUSÃO: A organização espacial precisa estar


em consonância com as relações de produção e
necessidades tecnológicas, com as relações de poder e
com as representações sociais e com o imaginário
instituído - de uma dada sociedade, e precisará ser
modificado para adaptar-se a cada transformação
social.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
ESPAÇO SOCIAL diferente de TERRITÓRIO
O controle do espaço e dos processos desenrolados no interior
de um determinado recorte espacial é, de sua parte, uma
condição para o exercício do poder, quer seja ele heterônomo
ou autônomo. Não há poder sem base territorial (sem
territorialízação), uma vez que esse é o fundamento do acesso
às fontes do poder: dos recursos naturais e da população às
identidades politicamente legitimatórias territorialmente
referenciadas (nacionalismos, regionalismos).

Enquanto "campo de força" o território "adere" a um substrato


espacial, mas é um equívoco confundir ambos (espaço e
território); modificar as formas e estruturas espaciais para
adaptá-las a novas relações sociais é uma coisa, alterar
territórios é outra diferente.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
MATERIALIDADE DO ESPAÇO SOCIAL
Materialmente, pode-se reestruturar um espaço, para que ele
não condicione ou induza à separação, à alienação; enquanto
"campo de força", um território poderá ser fragmentado ou
suprimido (desterritorialização), expressando a reciclagem ou
eliminação de um poder que, antes, interditava o acesso e
segregava - sem que, com isso, se modifique necessariamente
a materialidade, podendo esta ser meramente refuncionalizada.
Na prática, transformações das relações sociais costumam
demandar tanto reestrututurações quanto refuncionalizações; e,
quanto maior vier a ser a ruptura com as relações sociais
instituídas, maior deverá ser a mudança, por meio de
reestruturações e refuncionalizações, do espaço herdado,
pressupondo desterritorializações e reterritorializações.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
MATERIALIDADE DO ESPAÇO SOCIAL-Subjetiva
A dimensão (inter)subjetiva não é acessória, mas crucial e
fundante, uma vez que o espaço social, e a própria sociedade
concreta como um todo (relações sociais + materialidade), não
se deixa reduzir a algo "objetivo". Um lugar não se distingue
de outros apenas por suas particularidades objetivas, que
podem até não ser significativas, mas por ser vivenciado (e,
eventualmente, apropriado, territorializado) por um grupo
específico, que em interação com ele desenvolve uma
identidade (bairrismo, regionalismo, nacionalismo). De modo
mais geral, um lugar sequer precisa ser vivenciado "de dentro"
por parte de um grupo, também pode vivenciá-lo "de fora" -
situação que precisamente, está na base da dialética do
preconceito, onde ignorância e exclusão se reforçam
mutuamente (bairro e favela-julgamento).
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
TAREFAS DA AUTONOMIA – 1) a busca da desmontagem
de preconceitos que se escondem por trás das imagens de
certos lugares; 2) investigar em que medida uma consciência e
uma identidade espacial (apego ao lugar) são construídas de
baixo para cima ou, pelo contrário, estimuladas por interesses
e iniciativas de elites territorialmente referenciadas (locais,
regionais, nacionais).

Uma identidade espacial pode referenciar um discurso e uma


prática emancipatórios, totalmente congruentes, nos planos
interno e externo, com a ideia de autonomia; mas pode,
também, ter no espaço um catalisador das emoções e
frustrações de uma massa manipulada como sustentáculo para
a dominação interna ou para fins de expansão externa por
parte de uma elite.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
Aspectos da Importância Espacial para o Desenvolvimento
 Na autonomia deve-se distinguir, por trás de cada impulso
territorialmente referenciado que é manipulação de elites e
intolerância xenófoba ou não para se atuar campo do
desenvolvimento sócio espacial.

 Deve-se reconhecer o espaço não apenas como produto das


relações sociais, mas também como condicionador dessas
relações, englobando os condicionamentos: a) da
objetividade material do espaço herdado; b) das imagens e
representações espaciais, da sua dimensão intersubjetiva; c)
da brutal destruição da base de recursos vitais (degradação
ambiental), restringindo, assim, a margem de manobra das
futuras gerações.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
Aspectos da Importância Espacial para o Desenvolvimento
 LOCALIZAÇÃO – Qual a relação da posição geográfica
de um lugar com o desenvolvimento, sendo uma
facilitadora da difusão de inovações e também do acesso
(sem cada vez mais relativizado pela compressão espaço-
temporal propiciada pela tecnologia de comunicações e
transportes). Fazendo contraponto com o aparato
tecnológico de comunicação tem-se os problemas de
territorializações fechadas de localizações (ou seja,
situações de monopólio locacional) e de barreiras sociais
(culturais, econômicas) restritivas da difusão e da
acessibilidade.
JUSTIFICATIVA
Territorializações fechadas de localizações - Uma questão de
suma importância que deve ser colocada:

Diante das especificidades do espaço, como sua fixidez e (de


um ponto de vista absoluto) irreprodutibilidade, em que
condições são essas territorializações defensáveis, e em que
circunstâncias são injustas? Onde termina a territorialização
perfeitamente legítima, sob o ângulo da autonomia,
garantidora da preservação da base de recursos e da identidade
de um grupo, e começam o "corporativismo territorial“ ou a
segregação sócio espacial, que ferem o princípio da igualdade
efetiva de oportunidades? Até que ponto se fere a autonomia
do outro ao interferir na forma de se organizar como lhe
convém?
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
Aspectos da Importância Espacial para o Desenvolvimento

 GLOBALIZAÇÃO - É preciso não exagerar nem os efeitos


da "aniquilação do espaço pelo tempo" (compressão
espaço-temporal) nem a capacidade homogeneizadora da
mundialização da cultura de massas. A queda de barreiras
espaciais não DIMINUE a significância do espaço para o
capitalismo contemporâneo, pois certas diferenças na
qualidade dos lugares (da infraestrutura ao "clima social")
passam a ser mais valorizadas entre os potenciais
investidores, ocasionando uma forte competição entre
aqueles que disputam investimentos e buscam atraí-los para
os seus respectivos espaços.
JUSTIFICATIVA
GLOBALIZAÇÃO econômico-financeira e mesmo cultural
não homogeneíza o mundo ou esvazia a diversidade espacial
(a diferenciação de áreas). Como prova tem-se a fragmentação
do tecido sócio-político espacial de uma metrópole sob a
influência da expansão do trafico de drogas e do sentimento de
insegurança, além dos movimentos regionalistas e
nacionalistas da atualidade.
"teoria aberta“ do desenvolvimento sócio espacial SOUZA
Aspectos da Importância Espacial para o Desenvolvimento
 Deve-se acrescentar que a própria autonomia é, em boa
medida, uma questão de escala (exemplo, a perda de
autonomia dos moradores de favelas da territorialização
destas por quadrilhas de traficantes), que diminui de
importância na proporção em que se passa da escala da
favela para a da cidade como um todo, e desta aos níveis
nacional e mundial - revelando-se, cada vez mais
nitidamente, à luz dos fatores de injustiça social emergentes
nas diversas escalas, o quanto a autonomia do favelado é e
sempre foi medíocre, fato esse apenas agravado pela
presença inibidora dos traficantes.
CONCLUSÃO dos Aspectos da Importância Espacial para
o Desenvolvimento

A autonomia efetiva é função de várias coisas substantivas, as


quais definem a resposta à pergunta autonomia para quê?;
mas, por tabela, é também uma função da escala. Se o
horizonte utópico castoriadiano depreende, especialmente em
um mundo globalizado, a valorização da escala geográfica
global, uma visão operacional do problema, a qual reconheça
que a plena autonomia e a heteronomia mais brutal são
somente os dois extremos de uma gradação de situações
possíveis, tem, de sua parte, forçosamente, de prestigiar muitas
escalas e a combinação de escalas.
CONCLUSÃO

 É importante ultrapassar a ideia de desenvolvimento


etnocêntrica, conservadora, economicista e historicista e
isso é possível, com a ideia de autonomia, saindo do
desenvolvimento enquanto algo exógeno, imposto de fora,
culturalmente estranho e de consequências ruins, ainda que
fascinante ... como a modernização capitalista.
 Na medida em que o desenvolvimento não for
teleologicamente concebido, e a contingência e o
inesperado tiverem o seu papel assegurado, não se estará
diante de um desenvolvimento endogenamente
predeterminado, mas de um processo cujo desfecho será
sempre incerto.
CONCLUSÃO

 Se se quiser que o conceito assim renovado de


desenvolvimento possua concretude e operacionalidade, é
imprescindível não subestimar o espaço social como
dimensão de análise, uma vez que a própria sociedade só é
concreta com o espaço, sobre o espaço, no espaço. Espaço,
agora, multifacetado, porque só pensado enquanto
multifacetado (multidimensional) pode ser autêntico o
desenvolvimento.
 Pode sim transformar as relações sociais sem modificar o
espaço social. Para isso não padecer de hemiplegia
(paralesia) mental é requisito indispensável para se lograr
uma abordagem não-reducionista da mudança social.

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