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UNIVERSIDADE VALE DO RIO

VERDE- UNINCOR
Curso de extensão 2018-2- Mestres da contação: Rubem Alves e Liév Tolstói e
o gênero da fábula no processo de formação do indivíduo.
Profª Luciana Barros
FÁBULA- CONCEITO

 É importante apresentarmos inicialmente o conceito de fábula.


Entendemos fábula como sendo:
 Uma narração que se divide em duas partes: a narração propriamente
dita, que é um texto figurativo, em que os personagens são animais,
homens, etc.; e a moral, que é um texto temático, que reitera o significado
da narração, indicando a leitura que dela se deve fazer. A fábula é
sempre uma história de homens, mesmo quando os personagens são
animais. (PLATÃO & FIORIN, 2000, p.398)
CARACTERÍSTICAS

 Entre as diversas características que compõem a fábula podemos


destacar:
 a sua capacidade de transmissão de ensinamento trazendo quase sempre
no final da história uma moral;
 E a narrativa que se apresenta em forma de dialogo com textos curtos
possibilitando aos outros leitores, como já foi falada anteriormente, uma
fácil assimilação de conhecimento.
O INÍCIO

 Surgidas no Oriente as fábulas foram aos poucos sendo reinventadas para


o Ocidente pelo Grego Esopo, escravo que viveu aproximadamente no
século VI a. C. Foi apontado como o pai da fábula como gênero literário
mesmo utilizando-se apenas da tradição oral para dissemina-las.
 Esopo criava histórias que abordavam assuntos “humanos”, mais utilizava
como exemplo a ação dos animais tomando um papel alegórico, apesar
das ações serem apresentadas desta forma não se excluía a participação
de homens, deuses e mesmo coisas inanimadas todos com poder de voz.
 Os personagens falam, erram, são sábios ou tolos, bons, ruins adotando
características humanas, ou seja além de abordar temas humanos as
fábulas de Esopo, adaptando os animais à postura humana frente as
adversidade do dia-a-dia.
LA FONTAINE

 Apesar de inicialmente a disseminação das fábulas no ocidente ser


atribuída a Esopo foi com o francês Jean de La Fontaine que elas tomaram
força e estabeleceram-se com forte cunho artístico e educacional para a
nossa sociedade. As fábulas perderam no decorrer dos anos a
característica que era inicialmente dos Mitos Gregos, a mutabilidade e
adaptabilidades de acordo com as localidades onde elas são
apresentadas.
 A partir de La Fontaine as fábulas passaram a perder a sua característica
oral apresentando-se fortemente como texto escrito e impresso atitude
que cristaliza em partes a história.
MUDANÇA DE PERSPECTIVA

 Com La Fontaine os animais continuam sendo apresentados com


características humanas, porém agora eles são trabalhados como
símbolo. Irene Machado nos apresenta alguns exemplos desta simbologia:
”a formiga representa o trabalho; o leão simboliza a força; a raposa, a
astucia; o lobo, o poder despótico” (MACHADO. 1994. P.57).
 A fábula tem a finalidade de ensinar e divertir através de acontecimentos
imaginários. A mesma ainda a presenta o conceito fábula como vocábulo
latino, pertence ao mesmo radical de falar que tem dupla finalidade:
instruir e divertir.
LIEV TOLSTÓI (1828-1910)
 A vasta obra de Liev Nikoáievitch Tolstói inclui um intenso trabalho
pedagógico. A partir do final da década de 1850, até o fim de sua vida,
Tolstói dedicou-se a 2 cartilhas e 4 livros de leitura, todos empregados na
alfabetização do povo russo, não apenas na escola de Iásnaia Poliana,
mas igualmente em várias escolas da Rússia.
 O interesse de Tolstói pela pedagogia e o seu desejo de eliminar ao menos
o analfabetismo entre os camponeses russos levaram-no a alguns anos de
dedicação efetiva à atividade de ensinar. Como era seu costume refletir
profundamente sobre todo e qualquer assunto que lhe interessasse,
registrando tudo — pensamentos e conclusões a que chegava.
 Sua dedicação a atividades escolares, ou pedagógicas, costuma ser
dividida em dois períodos: o primeiro, de 1858 a 1862, com a interrupção
de um ano, 1860, quando viajou para fora da Rússia; o segundo período
abrange os anos de 1872 a 1875.
DO SONHO À REALIDADE

 No primeiro período, Tolstói dirige a escola, dá aulas, coloca em prática as


ideias que defende, inspeciona escolas vizinhas; em resumo, acumula acertos
e erros.
 Durante o ano de 1862, dedica-se à edição da “Revista da Escola de Iásnaia
Poliana”, em que podem ser lidos também artigos escritos por professores de
escolas próximas à sua, todos eles revisados pelo escritor. Essa época foi
essencial para Tolstói comprovar que qualquer técnica pode ser útil, desde
que seja produto da experiência pessoal e que seja absorvida de maneira a
motivar o aluno.
 No segundo período, Tolstói expõe os resultados obtidos no período anterior, e
escreve a cartilha, livro que totaliza 758 páginas e que, durante décadas, foi
empregado na alfabetização de crianças de toda a Rússia. Seu sonho — o de
que crianças de toda e qualquer condição social aprendessem a ler e a
escrever com sua cartilha foi realizado.
Iásnaia Poliana
CRÍTICAS DE TOLSTÓI AO ENSINO
 Tolstói jamais poupou várias e duras críticas às escolas, à pedagogia e aos
pedagogos de sua época, fossem russos ou estrangeiros; para ele, o
principal problema estava no fato, incontestável, de que a escola não
respondia às questões que a vida colocava, ou seja, havia uma visível e
inegável distância entre escola e vida, e, consequentemente, entre as
verdadeiras necessidades do povo, ofuscadas pela obrigatória submissão
à pessoa e ao poder do professor, e, se quisermos ir um pouco além,
igualmente ignoradas pelo Estado.
 Em outras palavras, Tolstói defendia atividades pedagógicas saudáveis,
que unissem os envolvidos — professores, alunos e, por conseguinte,
também a sociedade — em torno do saber, da troca de conhecimento
entre todos, sem exceção, o que atenuava, inclusive, toda e qualquer
hierarquia, pois ele acreditava que todos nós temos o que ensinar a
qualquer pessoa, e cada pessoa, seja ela quem for, tem sempre algo a
nos ensinar.
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO PARA TOLSTÓI
 Para Tolstói, era igualmente de importância extrema que o aluno
desenvolvesse sua capacidade criativa: depois de detectada, essa
capacidade deveria ser alimentada constantemente com o que houvesse
de melhor nas artes, na natureza, nos livros, nas trocas de ideias e nas
inúmeras e variadas conversas e atividades que ele e os outros mestres de
Iásnaia Poliana mantinham com os alunos.
 É importante destacar que suas ideias podem ser resumidas em uma
simples equação: necessidade e/ou desejo de aquisição de
conhecimentos de uns + desejo de ensinar de outros = desenvolvimento
pessoal de todos. Para tanto, alunos e professores devem ser movidos por
forte sentimento de fraternidade.
UM POUCO DE TEORIA-
JEAN JAQUES ROUSSEAU
 Rousseau, um dos mais bem conceituados pensadores do Século XVIII, na
sua obra Emílio ou da Educação, propõe um projeto para a formação de
um novo homem e de uma nova sociedade, apresentando-nos os
princípios gerais para uma educação de qualidade. A sua influência, no
campo educacional, deve-se assim a esta obra. Nela, trata da educação
de uma criança acompanhada de um preceptor que a auxiliará a ter
uma educação conforme a natureza, preservando-a da sociedade
corruptora. Pois o autor preconiza uma educação afastada do
artificialismo das convenções sociais.
 PENSEMOS ATRAVÉS DO LIVRO EMÍLIO, OU DA EDUCAÇÃO
A PROPOSTA ROUSSAURIANA PARA A
EDUCAÇÃO
 A proposta de Rousseau, de uma educação de acordo com a natureza,
foi considerada inovadora e revolucionária, pois ele se opõe a educação
do seu tempo e a formação humana em geral proposta pela educação
de sua época.
 Dessa forma, apresenta uma proposta que valoriza a liberdade, bem
como o desenvolvimento das faculdades das crianças. Deste modo,
preconizando a educação conforme a natureza, Rousseau quer que o
homem seja educado para si mesmo. Assim se verá a necessidade de se
repensar a educação, considerando para tanto uma nova forma de
compreender a infância, a adolescência e a fase adulta. A partir disto,
chega-se aos diferentes modos de educar segundo as diferentes etapas
de formação humana, conforme o proposto por Rousseau.
ROUSSEAU E A INFÂNCIA
 A primeira destas etapas é a infância que, para Rousseau, é o período no
qual acontece o desenvolvimento físico do ser humano. Assim sendo, é
neste período em que as faculdades naturas do indivíduo humano se
desenvolverão, constituindo-se, pois, a sua primeira formação.
 A criança precisa de liberdade para viver e aproveitar cada fase da sua
vida em seu devido tempo e não ser considerada um adulto em miniatura.
Rousseau afasta a possibilidade da criança ser confundida com o adulto,
e enfatiza a necessidade dela ser tratada de fato como criança, quando
afirma: “amai a infância, favorecei as brincadeiras, seus prazeres, seu
amável instinto” (ROUSSEAU, 2004, p.72). Isto por ser a infância um período
curto que não volta mais. Faz-se, então, necessário deixar que a criança
goze desse tempo valioso, porque, nesta idade, o sorriso está sempre nos
lábios e não se deve impor a vontade de um adulto sobre ela, já que a
mesma tem maneiras próprias de agir.
CRIANÇAS X ADULTOS

 Assim, é preciso pensar seriamente no significado da infância, para que se proporcione


uma educação cujo processo será determinado pela natureza, dando atenção às
diversas fases do seu desenvolvimento. Pois não devemos impor os saberes dos homens à
criança; é preciso considerar cada um em seu lugar, ou seja, considerar o homem no
homem e a criança na criança, sabendo-se que ambos são diferentes e têm suas próprias
características.
 Seguindo esta linha de entendimento, compreendemos que a educação é um processo
natural e não artificial. Portanto, a educação deve ser efetivada a partir do momento que
se respeite o desenvolvimento natural da criança e não forçá-la a aprender coisas de
adulto com uma educação bárbara voltada para um futuro incerto, deixando assim de
viver o presente. Ao invés disto, se dará mais ênfase a uma educação de acordo com a
natureza e que valorize o presente. Isso nos diz Rousseau, quando nos chama a atenção
para o seguinte: “Que mania a de um ser tão passageiro como o homem sempre olhar
para longe, num futuro que vem tão raramente, e desdenhar o presente de que tem
certeza!” (ROUSSEAU, 2004, p.78).
 Partindo disso, entende-se que o homem deve valorizar o presente e não
viver sempre em busca de um futuro incerto, tornando-se tão longe de si
mesmo, conduzido por desejos supérfluos, isto é, necessidades imaginárias
que farão o homem infeliz, não mantendo ele o equilíbrio entre os seus
desejos e suas capacidades de realizá-los.
 De acordo com o exposto acima, Rousseau nos diz o seguinte: “É na
desproporção entre os nossos desejos e nossas faculdades que consiste a
nossa miséria. Um ser sensível cujas faculdades igualassem os desejos
seria um ser absolutamente feliz” (Rousseau, 2004, p.74). Pois a felicidade
consiste no uso de sua liberdade e será feliz quanto mais puder fazer o que
necessita, não adquirindo excesso de desejos sobre suas faculdades. Ou
seja, quanto mais o homem permanece perto de sua condição natural
mais se distancia dos desejos supérfluos que os torna infeliz, por causar um
desequilíbrio entre a potência e a vontade.
 É indispensável conservar a criança, ao máximo possível, numa educação
de acordo com a natureza e assim deixá-la viver o presente, evitando os
vícios e os erros para que, ao chegar aos doze anos, o seu entendimento
em relação à razão seja sem preconceitos e sem vícios. Assim o seu
caráter se desenvolverá em liberdade, aproveitando cada minuto desse
tempo valiosíssimo. Pois, de acordo com Rousseau (2004, p.97) “A primeira
educação deve ser previamente negativa. Consiste não em ensinar as
virtudes ou a verdade, mas em proteger o coração contra o vício e o
espírito contra o erro”. Por isso deve-se preparar a criança desde os
primeiros anos, para que seus primeiros olhares sejam impressionados com
objetos que lhe convém, e não gerar os erros e vícios. Pois a educação
moral deve ser consequência natural do desenvolvimento da criança.
 É importante ressaltar que as lições devem consistir mais em atos do que
em palavras. Não se deve aplicar às crianças o castigo como castigo, mas
devemos fazer com que sintam as conseqüências naturais de sua má
ação. Diante de tal contexto, Rousseau afirma que “O primeiro de todos
os bens não é a autoridade, mas a liberdade. O homem verdadeiramente
livre só quer o que pode e faz o que lhe agrada” (ROUSSEAU, 2004, P.81).
Portanto, um homem livre é um homem que tem autonomia em suas
decisões, e não necessita de outras pessoas para fazer as coisas no seu
lugar. Pois a felicidade consiste no uso de sua liberdade, será feliz quanto
mais poder fazer o que necessita. E assim aprende pelos seus atos e não
porque alguém o obriga a fazer. Com isso, tornará as crianças mais livres e
menos dependentes dos adultos. Assim, elas se acostumam desde cedo a
pôr sob a dependência seus desejos e suas forças.
TOLSTÓI E RUSSEAU

 Também a liberdade é fundamental na pedagogia tolstoiana. Bastante


influenciado sobretudo por Rousseau. Tolstói acreditava que o
desenvolvimento natural e pessoal da criança não deveria ser perturbado, ou
contaminado, pelo professor. Quaisquer punições tampouco eram admitidas
em sua escola, pois, para ele, a inutilidade da violência era evidente, e, seus
malefícios, inúmeros.
 Já em sua escola de Iásnaia Poliana, em Guerra e Paz e em várias outras
obras, Tolstói tenha feito amplo uso dos princípios que se perpetuariam com o
nome de “teoria da não-violência”, da não resistência ao mal. A experiência
desenvolvida, sobretudo, em Iásnaia Poliana encontra-se formulada nas cartas
trocadas entre ele e Gandhi. De acordo com seus relatos registrados nos
diversos artigos que compõem a “Revista da Escola de Iásnaia Poliana”, é
suficiente a não imposição de ordem alguma para que, nos momentos de
desordem por parte dos alunos, uma ordem mais sólida imponha-se
livremente. Ao nos explicar sobre o que era a sua escola, Tolstói conta-nos que
a experiência ensinou-lhe, por exemplo, que quanto mais alto o professor grita,
mais alto ainda gritam os alunos, ou seja, rispidez gera rispidez, e violência gera
violência.
ARTE UNIVERSAL X ARTE PROFISSIONAL

 Tolstói diz que a arte verdadeira, a arte universal, ou a arte popular,


apenas é possível quando o artista é tocado por forte emoção e sente
necessidade de transmiti-la a outras pessoas, ao passo que a arte
profissional, a arte de conteúdo pobre e de forma obscura, apreciada
pelas classes abastadas, surge não de um impulso íntimo do artista, mas
do desejo de divertimento que elas almejam, pagando generosamente
àqueles que exprimam renovados sentimentos que lhes cheguem de
maneira agradável aos sentidos.
MÉTODOS DE SIMULACRO ARTÍSTICO

 Tolstói cita quatro métodos que, segundo ele, são empregados por esse
segundo grupo de artistas, fazedores de uma arte que se transformou em
“simulacro” ou “contrafação”.
 1º método: São os “empréstimos”, a saber, a reutilização de elementos de
obras anteriores, como temas e demais elementos já reconhecidamente
poéticos que, após serem retrabalhados até ganharem certa aparência
de novos e, graças à “fonte” que lhes serviu de “inspiração”, produzem,
em pessoas pouco exigentes, ou de gosto estético pervertido, certo efeito
de arte que, por sua vez, é doadora de nada além de prazer
momentâneo.
2º E 3º MÉTODO

 2º método: consta a “imitação”; de acordo com Tolstói, é ela que faz


parecer arte o que não é arte, servindo-se, para tanto, de descrições
extremamente detalhadas. Certos tipos de arte, como a literária, a
dramática e a pictórica, por exemplo, tentam se aproximar de um
realismo extremo que, para se concretizar, apóia-se na exposição de
inúmeros — e desnecessários — detalhes que, por sua vez, acompanham
o objeto descrito.
 3º método é chamado de “surpresa”, ou “efeito”, e consiste na maneira
como a “obra de arte” age sobre a sensibilidade de quem a experimenta.
Usam-se efeitos de contraste — belo/feio; barulho/silêncio; etc. — e,
especialmente na arte literária, empregam-se também detalhes que
despertam os mais variados sentimentos, como o horror, além de inúmeros
outros “estados de espírito”.
4º MÉTODO

 4º método é o “interesse” que setenta suscitar no público; assim, o leitor


interessado em determinado assunto confundirá o seu próprio interesse
com uma possível impressão artística que ele venha a ter da obra. Para
que esse quarto método seja praticado, empregam-se, sobretudo,
descrições e informações calcadas em documentos; no entanto, são
igualmente empregados determinados meios de expressão, o que
funciona aos moldes das charadas, visto que tal procedimento leva o
público a desejar adivinhar o “sentido” ou, em termos mais atuais, a
“mensagem” de determinada obra, e, consequentemente, ter a
impressão de haver recebido alguma coisa proporcionada pela obra de
arte.
O aluno nada traz [para a escola] além de
si mesmo: sua natureza impressionável e a
certeza de que a escola será tão
agradável quanto o fora ontem.
L. N. Tolstói
LEITURA DO GÊNERO

 Desse modo, o leitor, ao ler ou ouvir uma Fábula, se vê diante de uma


realidade que é fictícia, mas que, trata mimeticamente da realidade.
 Sua estrutura é facilmente identificada: narrativa pequena que serve para
ilustrar algum vício ou alguma virtude humana, encerrando com uma
lição de moral. A maioria das fábulas, para representar esses traços do
caráter humano, tem como personagens animais ou criaturas imaginárias
que, geralmente, falam. A palavra latina "Fábula" deriva do verbo fabulare
- "conversar, narrar" - e dessa origina-se o substantivo português "fala" e o
verbo "falar".
 Divide-se a fábula em duas partes, a primeira refere-se a história (fato que
aconteceu) e a segunda parte é a moral que acaba dando significado à
história,
ANTONIO CANDIDO

 Antonio Candido, sociólogo e crítico literário, em “ A Personagem de


Ficção” argumenta que uma obra literária, sobretudo um romance, só se
realiza plenamente quando comunica aos leitores “a impressão da mais
lídima verdade existencial”, por meio “de um ser fictício”. Em outras
palavras, Candido quis dizer que uma obra literária só se realiza em toda a
sua plenitude quando prima pelo princípio da verossimilhança, ou seja,
quando procura convencer o leitor, através de suas personagens, de que
tudo o que nela está escrito pode ser verdade; ou é passível de ser
verdadeiro.
A FUNÇÃO DA LEITURA EDIFICANTE
 Segundo Antonio Candido, em “A Literatura e a formação do Homem ”
na segunda parte do texto o autor faz apontamentos sobre a função
humanizadora da literatura, que além de exprimir o homem, influência de
maneira significativa na sua formação. Nessa perspectiva, o autor volta
seus esforços em apresentar duas funções conferidas à literatura: a função
psicológica e a função formadora. A primeira está relacionada com uma
característica própria do ser humano que se refere à necessidade que o
homem tem de ficção e fantasia.
 Segundo Candido, o leitor de uma obra literária , não está isento de sofrer
influencias das diferentes informações que esta traz, provocando diversas
reações que estão fora do controle de quem faz a leitura, daí a razão do
autor expor a segunda função “formadora“ que confere à literatura um
caráter formativo, distinto da pedagogia oficial mas, em todo caso,
educativo, tanto quanto a escola e a família, instituições atuantes na
formação do indivíduo.
 Na terceira e última parte do texto, Candido fala sobre uma outra função
da literatura, a social, que resulta da relação estabelecida pelo leitor entre
ficção e a realidade.
RUBEM ALVES (1933-2014)

 Quando era criança, Rubem olhava para a chuva e tinha medo que ela
caísse toda em cima dele de uma vez, e não em gotas. Permitia-se
maravilhar pela chuva acontecer de um jeito e não de outro. É preciso se
deixar provocar pelas perguntas, para que elas impulsionem
transformações significativas. Era nisso que acreditava.
 Assim como acreditava que precisamos de tempo para aproveitar as
coisas boas da vida. “O prazer demanda tempo”, devaneava. Vida é
para isso: gastar tempo. Sendo assim, ganhar tempo é, de certa forma,
estragar tempo.
VIDA
 Teve uma vida marcada por desilusões. Diz ter se desiludido com a religião
e também com amor. A partir daí, sentiu liberdade para ultrapassar, para ir
sempre adiante, construindo seus próprios momentos de liberdade, tijolo a
tijolo.
 O seu hoje tão reconhecido humanismo foi elaborado quando,
denunciado à ditadura por alguém muito próximo, foi para o exílio, em
1964. Depois de uma primeira fase marcadamente teológica, Rubem
passou a tentar compreender a experiência religiosa a partir do próprio
humano. Essa foi sua preocupação durante o árduo forçado afastamento
do país.
 Tempos depois, já no final da década de 1970, passou a ter uma visão
mais aberta e mais crítica da ciência e é convidado pela Unicamp a
integrar a faculdade de educação. Ali começam a surgir os lampejos da
sua visão educacional que também o tornariam enormemente
conhecido, publicando obras como Estórias de Quem Gosta de Ensinar e
Conversas com Quem Gosta de Ensinar.
HUMANISMO
 Depois do nascimento da filha Raquel, Rubem deu espaço para uma
poética maior em seus textos e quebra um pouco a linguagem
acadêmica e dura de seus livros anteriores. É justamente esse autor que
costuma ser largamente citado e reproduzido, principalmente nas redes
sociais. Suas crônicas e fábulas cativam pela leveza e pelo profundo
mergulho na condição humana que proporciona ao leitor.
 “O mundo acadêmico é um lugar perigoso. Dá medo. É muito difícil viver
na universidade e continuar a cultivar os próprios pensamentos. É muito
mais seguro ficar moendo o pensamento dos outros”, declarou no
documentário Rubem Alves, O Professor de Espantos, dirigido por Dulce
Queiroz.
 Um homem à frente do seu tempo, foi um dos fundadores da Teologia da
Libertação. Crítico do tecnicismo, defensor da valorização do sentimento
e da sensibilidade humana, ele foi, junto de Paulo Freire, um dos maiores
críticos do ensino tradicional.
A CONDIÇÃO HUMANA E A CRIANÇA,
POR WALTER BENJAMIN
 “Demorou muito tempo até que se desse conta que as crianças não são
homens ou mulheres em dimensões reduzidas” –
 Walter Benjamim, em A criança, o brinquedo e a educação, ultrapassa os
limites técnicos do brinquedo, dando-lhe um significado, atingindo uma
concepção filosófica e psicológica profunda. Para ele jamais se chegaria
à realidade ou ao conceito do brinquedo se tentasse explicá-lo
unicamente pelo espírito da criança ou simplesmente pela concepção do
adulto.
AINDA SOBRE A CONDIÇÃO HUMANA:
A LEITURA, POR PAULO FREIRE
 Segundo Paulo Freire, a leitura do mundo precede sempre a leitura da
palavra. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial.
Primeiro, a leitura do mundo do pequeno mundo em que se movia;
depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo da sua
escolarização, foi a leitura da palavra mundo. Na verdade, aquele mundo
especial se dava a ele como o mundo de sua atividade perspectiva, por
isso, mesmo como o mundo de suas primeiras leituras.
 “Esse movimento dinâmico é um dos aspectos centrais do processo de
[LEITURA] que deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares,
expressando sua real linguagem carregadas da significação de sua
experiência existencial e não da experiência do educador”.
 “Quem apenas fala e jamais ouve; quem imobiliza o conhecimento e o
transfere a estudantes, quem ouve o eco, apenas de suas próprias
palavras, quem considera petulância a classe trabalhadora reivindicar
seus direitos, não tem realmente nada que ver com a libertação nem
democracia”.
Bibliografia
 ALVES, Rubem. A libélula e a tartaruga. São Paulo: FTD, 2016.
 _____________. A montanha encantada dos gansos selvagens. São Paulo:
FTD, 2016.
 _____________. O decreto da alegria. São Paulo: FTD, 2016.
 BACHELARD. A chama de uma vela. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S/A,
1989.
 BENJAMIN. W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São
Paulo: Editora 34, 2002.
 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se
completam. 4 Ed. São Paulo, Cortês, 1992.
 PLATÃO E FIORIN. Lições de texto. Leitura e redação. São Paulo: Ática,
2000.
 ROUSSEAU, J.J. Emílio ou da educação. São Paulo: Alínea, 2004.
 TOLSTOI, Liév. Contos da nova cartilha. Trad. Maria Aparecida Soares. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2005.

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