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Problema da indução

O’Brien, ITC, cap. 10


Respostas a Hume – ITC, 228

• Vários autores criticaram Hume por supor que


todo o raciocínio válido tem de ser dedutivo; um
bom raciocínio tem de nos fornecer razões
conclusivas para mantermos as nossas crenças.
Nos argumentos indutivos acima apresentados —
a respeito do Sol, da neve e das maçãs — a
inclusão do princípio da uniformidade permitiu
que as conclusões desses argumentos fossem
dedutivamente inferidas das respectivas
premissas.
Respostas ao cepticismo indutivo

• Podemos ter duas atitudes perante esta


abordagem dedutivista.
• O primeiro tipo de resposta aceita que a dedução
é a única forma de inferência válida, com o
argumento de que o raciocínio empírico é
dedutivo e não indutivo. Esta é a abordagem
assumida por Karl Popper (1959).
• O segundo tipo de resposta rejeita o dedutivismo
e argumenta que o raciocínio indutivo é
justificado em si mesmo. O’Brien, ITC, 228-9
A resposta de Popper
• Popper nega que haja um problema genuíno
com o modo de inferência e de raciocínio
usado na ciência.
• Afirma que o único tipo de inferência usado
na ciência é a inferência dedutiva: raciocínio
que se caracteriza por isto: se as premissas
forem verdadeiras, então a conclusão deve ser
verdadeira.
Concepção (hipotético)dedutiva

• Popper afirma que a metodologia científica é não-


indutiva; devemos entendê-la, portanto, como um
método que segue um modelo hipotético-dedutivo em
duas fases. Primeiro, formulamos uma hipótese ou
teoria para explicar os dados observáveis. Segundo,
testamos esta teoria tentando encontrar dados que ela
não explica. A observação continuada de regularidades
indutivas nada acrescenta à justificação que temos
para as nossas teorias; a observação trata, isso sim, de
desvendar casos em que as regularidades propostas
cessam.
• de facto, Popper crê que o único princípio lógico
subjacente à argumentação científica é o
princípio dedutivo conhecido como modus
tollens:
• De [se p, então q]
• E, [não-q]
• Inferir: [não-p]
• O Modus tollens surge nas tentativas de
falsificação: uma teoria implica p, mas verifica-se
que p é falso, então a teoria é rejeitada.
Popper e argumentação científica

• A principal diferença entre os dois modelos é esta:


seguindo a abordagem indutiva, mantemo-nos receptivos
às regularidades da natureza, e acreditamos naquelas para
as quais obtemos provas indutivas. Seguindo o modelo
hipotético-dedutivo, abordamos o mundo com
preconcepções, com hipóteses de trabalho relativamente à
natureza das regularidades que nele encontrarmos. Popper
afirma que esta teoria tem duas virtudes. Primeiro, dá-nos
uma descrição mais correta das práticas dos cientistas.
Segundo, a inferência usada na falsificação é
dedutivamente válida.
• O’Brien, ITC, 229
Indução e ciência
• A interpretação de Popper não é muito popular.
É geralmente aceite, pelos filósofos da ciência e
pelos próprios cientistas, que o raciocínio
científico envolve inferências não-dedutivas :
inferências que não tornam “necessárias” as suas
conclusões, mas que, contudo, justificam que as
aceitemos.
• Considere o processo pelo qual se estabelece a lei
de que a água entra em ebulição a 100 graus.
• Uma série de instâncias - - em seguida, a
postulação da lei.
Posição de Popper: apreciação

• Um dos problemas da explicação de Popper é que


não ficamos melhor no que concerne à
justificação e ao conhecimento. Não temos razão
para afirmar que as nossas teorias são
verdadeiras; simplesmente, ainda não se provou
serem falsas. A explicação de Popper acolhe as
consequências cépticas do argumento de Hume.
• O’Brien, ITC, 230
Popper e a ciência

• [N] ão devemos entender a ciência como um «corpo de


conhecimento», mas antes como um sistema de
hipóteses que em princípio não podem ser justificadas,
mas com que trabalhamos, contanto que elas resistam
aos nossos testes, e em relação às quais nunca temos
justificação para dizer que sabemos serem
«verdadeiras» ou «mais ou menos certas» ou sequer
«prováveis».
• (Popper, The Logic of Scientific Discovery, 1959, p. 317)
Probabilidade

• Russell (1912) aceita que a indução não nos


proporciona crenças certas acerca do não observado;
afirma, no entanto, que há uma grande probabilidade
de as nossas conclusões indutivas estarem corretas. Se
todas as esmeraldas que examinámos até agora são
verdes, então, há uma boa probabilidade de que a
próxima também seja verde. E uma conclusão que tem
uma elevada probabilidade de estar correta é algo que
podemos justificavelmente aceitar.
• O’Brien, ITC, 231
Explicação probabilista
• Contudo, uma tal abordagem enfrenta um problema, pois não sabemos se
examinámos uma amostra representativa do gênero de coisa em questão.
(ITC, 231) …

• Tivemos experiências de apenas uma fração infinitesimalmente pequena


de tudo o que há para experienciar; não podemos portanto saber se a
nossa amostra é representativa. Talvez as esmeraldas verdes sejam muito
pouco usuais, se atendermos à totalidade da sua ocorrência em todo o
espaço e tempo. A partir da nossa experiência limitada, não podemos
estabelecer se a nossa amostra é representativa ou não; não temos por
isso justificação para fazer sequer inferências probabilísticas a respeito do
inobservado.
• As duas respostas ao problema da indução que se seguem são mais
convincentes.
• (ITC, 232)
A resposta fiabilista

• Para os fiabilistas, o conhecimento resulta de


mecanismos cognitivos que geralmente conduzem à
aquisição de crenças verdadeiras. Uma pessoa não tem
de ser capaz de enunciar as razões que justificam as
suas crenças, e não tem de estar ciente dos tipos de
processos cognitivos que o seu pensamento envolve; a
única coisa que é necessária ao conhecimento é a
conexão objetiva com a verdade. Pode dar-se o caso,
portanto, de a inferência indutiva ser um método fiável
para adquirir crenças verdadeiras.
• O’Brien, ITC, 232
A resposta coerentista

• Há quem defenda que o problema da indução


não atinge aqueles que aceitam uma teoria
coerencial da justificação. De acordo com o
coerentista, se o facto de acreditarmos no
princípio da uniformidade nos proporcionar um
sistema de crenças mais coerente, então, essa
crença é justificada. Tem sido argumentado que é
isto que acontece.
• O’Brien, ITC, 233
A resposta coerentista

• Se aceitarmos o coerentismo, podemos rejeitar


[??] o problema da indução. É importante não
perder de vista, no entanto, que no capítulo 7
descobrimos haver várias dificuldades associadas
à teoria coerentista da justificação, as quais
teriam de ser resolvidas para que pudéssemos
aceitar esta posição como resposta satisfatória à
situação humeana.
• O’Brien, ITC, 233
Resumindo…(O’Brien, ITC, 234)
• Examinámos várias respostas ao argumento desconcertante de
Hume. Foi afirmado que:
• 1) Hume tem razão: a inferência indutiva não pode proporcionarmos
crenças justificadas acerca do inobservado. A ciência, no entanto, é
um disciplina dedutiva.
• 2) A indução pode não fornecer justificações conclusivas, mas há uma
elevada probabilidade de que as nossas crenças indutivas estejam
corretas.
• 3) Quer estejamos ou não em condições de providenciar argumentos
razoáveis para justificar a indução, é um facto que um tal método de
inferência nos proporciona crenças verdadeiras acerca das
regularidades da natureza de modo fiável. Para os externistas, isto é
suficiente para que tenhamos conhecimento do inobservado.
• 4) Os coerentistas afirmam que o princípio da uniformidade aumenta
a coerência do nosso sistema de crenças, e a inferência indutiva é,
por essa razão, justificada.
O novo enigma da indução

• Goodman (1953) introduz um argumento distinto a


favor do cepticismo indutivo. Temos de enfrentar este
argumento mesmo que rejeitemos a via humeana.
Podemos ter justificação para acreditar que o mundo é
um sítio regular, mas Goodman afirma que há um
número ilimitado de maneiras de descrever quaisquer
regularidades observadas, e não temos mais
justificação para acreditar numa descrição do que
noutra. Mais uma vez, portanto, não temos justificação
para as nossas crenças indutivas particulares.
• O’Brien, ITC, 233
O novo enigma da indução
• (B1) este pedaço de cobre conduz eletricidade.
• (B2) Este homem na sala é um terceiro filho.
• B1 é um exemplo de confirmação do seguinte
enunciado de regularidade :
• (L1) o cobre é um bom condutor de eletricidade.
• Mas B2 não confirma nada parecido com L2, não
é verdade?
• (L2) Todos os homens nesta sala são terceiros
filhos.
O novo enigma da indução
• Os exemplos anteriores mostram a
importância da distinção entre enunciados
nomológicos e aqueles que contém
generalizações que são verdadeiras de modo
acidental.
• Reconhecendo o interesse da distinção, o que
Goodman nos veio dizer é que é
extremamente difícil justificar esta distinção.
O novo enigma da indução

• Goodman define um novo predicado, «verdul». Este termo aplica-


se às coisas que são verdes quando examinadas antes de 2020, e
azuis quando examinadas após essa data. Suponhamos que o
Gustavo usa um tal predicado. Para ele, todas as minhas
esmeraldas são verduis, uma vez que o seu predicado «verdul» se
lhes aplica, e não há nada que eu lhe possa mostrar que o faça
mudar de opinião. Até a minha esmeralda preferida — que me
parece ser de um verde deslumbrante — continua, para ele, a ser
verdul. Antes de explicarmos como é que este predicado constitui
um problema para a indução, devemos chamar a atenção para o
carácter generalizante do argumento de Goodman.
• O’Brien, ITC, 234
O novo enigma da indução

• Goodman afirma que não há qualquer razão para privilegiar


uma inferência em relação à outra, e, assim, as inferências
que efectivamente fazemos podem ser vistas como
arbitrárias. Chegamos, portanto e uma vez mais, à
conclusão de Hume: não podemos afirmar justificadamente
que todas as esmeraldas são verdes, ou que é razoável
esperar que a próxima que virmos seja verde; pode
igualmente ser verdul ou verdarela. Hipóteses
incompatíveis são suportadas pelas mesmas provas, logo,
nada há que justifique a nossa crença numa hipótese e não
na outra.
• O’Brien, ITC, 235
O novo enigma da indução

• O «novo enigma» de Goodman é para alguns leitores


um argumento surpreendentemente bizarro e frívolo.
O argumento de Hume parece ser mais credível pelo
facto de nos ser por vezes dado descobrir casos que
nos levam a rejeitar aquilo que antes pensávamos
serem regularidades universais. Até serem descobertos
os cisnes pretos na Austrália, considerava-se que todos
os cisnes eram brancos. Podemos, portanto, considerar
a possibilidade de uma qualquer regularidade deixar
de valer como tal.
• O’Brien, ITC, 236
O novo enigma da indução: respostas

• [1] Simplicidade
• Uma resposta que foi dada ao argumento de
Goodman é que «verde» é um predicado mais
simples do que «verdul»; verdul é mais complexo
porque é definido em termos de qualidades mais
simples como verde e azul. E, sempre que
pudermos optar, é o predicado mais simples que
devemos usar no raciocínio indutivo. É esta
estratégia que guia a ciência.
• O’Brien, ITC, 236
O novo enigma da indução: respostas
• [2] Verdul não é uma cor

• Outra proposta é a de que «verdul» não é um predicado


fidedigno porque faz uma referência implícita ao tempo.
Podemos ver porque é que isto é inaceitável se pensarmos
no Gustavo e em algumas das suas idiossincrasias.
Imaginemos que eu tenho dois quadros do court central de
Wimbledon: um deles retrata John McEnroe conquistando
o título de singulares masculinos de tênis em 1981; o outro
é uma cena futurista em que um extraterrestre de cabeça
oval está a fazer um serviço decisivo no Open dos
Extraterrestres de 2050.
• O’Brien, ITC, 236
O novo enigma da indução: respostas

• Não é claro, no entanto, que consolo podemos retirar de


semelhante resposta. Goodman poderia aceitar que
«verdul» não é um predicado de cor. Contudo, poderia em
seguida dizer que o Gustavo não vê as esmeraldas como
tendo uma cor em comum, mas sim outro tipo de
propriedade, cujo reconhecimento requer que ele saiba a
data. Isto conduzir-nos-ia na mesma a uma conclusão
céptica, uma vez que a minha expectativa de que todas as
esmeraldas sejam de cor verde e a expectativa do Gustavo
de que todas tenham a propriedade verdul se apoiam nas
mesmas provas. O argumento de Goodman parece
bastante resistente e não é claro como possa ser rejeitado.
• O’Brien, ITC, 240

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