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Tabus Linguísticos

O que é tabu?
• Segundo a tradução de Guérios da definição de Freud, a palavra tabu pode
ser traduzida por “sagrado-proibido” ou proibido-sagrado”.
• Vem a ser a abstenção ou proibição de pegar, matar, comer, ver, dizer
qualquer coisa sagrada ou temida. Cometendo-se tais atos, ficam sujeitos a
desgraças a coletividade, a família ou o indivíduo.
• Existem objetos-tabus, lugares-tabus, ações-tabus e palavras-tabus, pessoas-
tabus e situações ou estados-tabus.
Origem da palavra tabu
• O vocábulo tabu proveio de idiomas do ramo malaio-polinésio, de acordo
com a classificação de A. Trombetti.
• Corresponde a tapu (Máoris, Nova Zelândia, Samoa, Taiti, Ilhas Marquesas);
tabu (Tonga); tambu (Ilhas Salomão); kabu (várias regiõe da Polinésia); kapu
(Havaí).
Meios de substituição dos vocábulos tabus
• Denomina-se metalexismo qualquer expressão substituta, porém há um termo,
porém há um termo, segundo Guérios, mais adequado, que é noa, de origem
malaio-polinésio, que é o antônimo de tabu.
• Noa seria palavra neutra, permitida, é a expressão substituta do tabu
linguístico propriamente dito, aquela com a qual não se está ou não se é
atingido pela desgraça.
Processos de substituição
• Gesticulação: Na Austrália, entre os warramungas, as mulheres usam gestos em tempos de
luto, sendo-lhes proibido a linguagem oral.
• Palavra sinônima, simples ou locucional: Nas Ilhas Carolinas, o nome do porco é puik, mas
na região de Paliquer a Ponaque, por causa da morte de um principal chamado Puik, houve
substituição para man-teitei (animal que fuça).
• Expressão genérica: Em certas regiões da Sardenha, a raposa é chamada “o animal”(sa
bestia). Entre tribos da Austrália, não se pronuncia o nome do homem morto, chamam-no “o
outro”.
• Estrangeirismos ou dialetismos: Na Rússia, chamam o cão de sobaka, de procedência
iraniana.
Por hipocorístico ou antífrase: o demônio é chamado ded (avô), didko (avôzinho)
entre os eslavos orientais; “os melhores que nós”, na Armênia; o justo, na Rússia; no
oeste do Paraná, o saci-Pererê é chamado tiozinho.
Disfemismo (expressão agravante): referentes ao demônio: coisa ruim, malvado, maldito,
chifrudo, sete-peles, canhoto, capiroto; referente a doenças: mal bruto (lepra), doença ruim
(tuberculose), maldita (erisipela, aids); para a morte temos: esticar as canelas, comer capim
pela raiz, vestir o paletó de madeira Por hipocorístico

Por truncamento: no russo branco, ancipar é nome tolerável para demônio, sendo o
cruzamento de An(tikhrist)+(Lu) cipar (=Lúcifer), ambas as palavras tabuizadas.
Substituição de locução ou frase: Por Deus! (Juro por Deus!).
Diminutivo: port. diabinho, demoninho; ital. diavoletto, demonietto.
• Deformação fonética: demônio em português(diacho, demo); palavrões camuflados:
poxa, puxa, orra, pô, pqp.
• Sintaxe preconcebida: Em vez da palavra tabu como sujeito ativo de uma oração,
emprega-se a mesma palavra em adjunto circunstancial de instrumento.
• Exs.: Na Polônia e na Rússia, em vez de dizer “um raio matou-o”, diz-se “matou-o
mediante um raio” ou “foi atingido com o raio”; no lugar de “o granizo devastou a
plantação”, utiliza-se “com granizo devastou-se a plantação”
• Emprega-se o plural: o latim tenebrae (trevas) encobre algo do terror que produz esse
nome no singular.
• Emprego do gênero neutro: usado para seres inanimados ou inertes,
desprovidos de fluido vital ou alma, por isso não tem força para agir, sendo
assim, as entidades sobrenaturais não podem servir-se dos seres neutros para
malefícios. Ex.: daemonium, como no grego, de onde proveio daimónion, bem
como no diminutivo diabolum.
• Prolação em voz baixa: em tribos da Austrália central, todos os indivíduos
possuem um nome secreto, pronunciado em voz baixa, quando necessário.
Tabus em nomes de pessoas
• Algumas tribos africanas até acreditam na possibilidade de injuriar um
inimigo, batendo numa árvore em que se lhe pronunciou o nome.
• Os ilas, do norte da Rodésia, não citam os seus próprios nomes, de modo
que, se alguém quiser como se chama um indivíduo, é necessário perguntá-lo
a um dos vizinhos. É arriscado dirigir-se pessoalmente.
• Os indígenas australianos guardam seus nomes em segredo, porque,
conhecendo-os o inimigo, creem tem em seu poder algo que pode,
magicamente, prejudicá-los.
Tabu em nome de parentes
• A uma hindu (Índia) é proibido pronunciar o nome de seu marido, deve
chamá-lo “pai de seu filho”.
• No Brasil, diz a mulher “meu marido”, soando grosseiro, obsceno o uso de
“meu homem”.
• Contudo, na Carélia, quando uma mulher refere-se ao marido, faz uso da
forma uros, isto é, “meu homem”, equivalendo a “meu marido”.
Nomes religiosos (teônimos, hierônimos etc.)
• Para os judeus o nome de Deus não podia ser pronunciado, senão uma vez ao ano e
pelo sumo sacerdote, quando entrava no Santo dos Santos, para oferecer sacrifícios
por todo o povo. Tinham como Seu nome o tetagrama ‘Yhwh’, impronunciável sem
vogais. Essa forma originou a conhecemos por ‘Jeová’, após a inclusão da vogais e, o
e a, pelos massoretas. As formas que substitutas para Deus eram, normalmente,
Adonai ou Elohim.
• Para fugir à imprecações e juramentos em nome de Deus, diversos povos criaram
deformações voluntárias em frases exclamativas; mesmo não deixam de ser
desrespeitosamente. No francês: corbleu, morbleu, parbleu (=“par Dieu”); no italiano:
perdinci, perdino; na língua sérvia: bora mi, broda mi, globa mi (=“Boga mi!”/”Meu
Deus!”)
Tabus em nomes de espíritos malignos
Palavras como diabo, demônio, satanás são evitadas não somente em português,
mas também em outros idiomas. Talvez seja o nome de entidade espiritual que
mais tenha formas substitutas.
Segundo Guérios, os substituidores dessa categoria de tabu dividem-se em 4
categorias, a saber:
1º. Os deformados, propositalmente, fônica ou morfologicamente;
2º. Os metalexismos, subdivididos em hipocorísticos (eufemísticos),
antifrásticos ou irônicos;
• 3º. Disfêmicos;
• 4º. qualificativos
• São deformações voluntárias, em português: diá, diacho, dialho, diamo, demo,
democho, debo (demônio+diabo).
• Em espanhol: diante, dianche, demonche etc.
• Em alemão: deuker, deixel, deiker, duker (variantes propositadas de Teufel,
“diabo”).
• Em grego moderno, diabolôs desfigurou-se para diábontros, diátonos, diáskatsos.
• São eufêmicos hipocorísticos em português: diabinho, diabrete, diabilho,
demoninho, demonete, maioral, compadre, galhardo, pobre diabo.
• Em italiano: diavoletto, demonietto, diavolaccio, diavolino, demonaccio etc.
• Em francês: petit diable, diablotin, petit démon etc.
• Em espanhol: diablito, diablillo, diablejo, demoñejo, demoñuelo etc.
• Entre os eslavos orientais: avô, avozinho.
• Antifrásticos:
• Na Armênia: os melhores que nós (o demônio, os espíritos maus);
• No avéstico: daeva (deus), aplicado ao demônio;
• Em polonês: boginka (deusinha), atribuída à diaba;
• Em ucraniano: bogunja (deusa)
• Em russo: o justo, o rei da floresta.
• Disfêmicos:
• Em português: bicho, tinhoso, o coisa, coisa ruim, malvado, maligno, bicho feio, pai da
mentira, anjo mau, espírito das trevas, anjo rebelde, tentador, mofino, moleque.
• Nas línguas eslavas: impuro, feio, maldito, imundo, mal, mau, desagradável, febre,
paralisia, astuto.
• Em francês: le vilain, le malin, le mauvais, l’ennemi, aversier (adversário), maufé
(mau fado)
• Em latim eclesiástico: adversarius, inimicus, malevolus, malignus, criminator,
tartaricus, hostis, anguis, draco, antiquus hostis, antiquus serpens.
• Designações de particularidades físicas:
• Em português: coxo, canhoto, canheta, manquinho, sarnoso, sarnento, tisnado, chifrudo,
cornudo, rabudo, pé de cabra, pé torto.
• Em línguas eslavas: o preto, o escuro, o cabeludo, o orelha cortada, o sem calacanhar,
entre outros.
• Substituição por pronomes ou demonstrativos:
• Em português: ele.
• Em línguas eslavas: ele, esse, esse mesmo.
• Em francês: l’autre.
• Em alemão: ein, der, ander, dieser, jener.
• Em romeno: jelele (plural do pronome ‘ela’, literalmente “ela-a”, empregado
para designar demônias ou demônios femininos)
Tabus em nomes de membros do corpo
humano
• Mão esquerda: de sinistru chegou-se ao português sestro e ao espanhol siniestro que
foram postergados, tabuisticamente, por esquerdo e izquierdo, de origem basca. No
Brasil, esquerdo está afetado de sentido mau: “isto é esquerdo”, “é um pouco
esquerdo”, “fica meio esquerdo”.
• Em italiano, além de sinistra (ou mano sinistra), esquerda, diz-se como sinônimo manca
(ou mano manca), isto é, “mão mutilada”.
• Começar algo com o “pé direito” é expressão popular que traduz a ideia de
favorabilidade, sorte; no entanto se acorda com o “pé esquerdo”, significa acordar
mau humorado, ou com azar.
• Na bíblia há referência de desaprovação aos que serão colocados à esquerda,
em Mat. 25:33, em contrapartida, os aprovados à direita.
• Há, também, palavras tabus no que diz respeito aos órgãos sexuais,para os
quais usam-se noas, ou substituições.
• Para o pênis: piu-piu, pinto, bilau, Bráulio como algumas formas
eufemísticas. Há inúmeras formas disfêmicas, como: pau, caralho, cacete,
piroca, piru, entre outras.
• Para vagina: perereca, pepeca, cumadre são eufemísticas. Xavasca, buceta,
racha são algumas formas disfêmicas.
• Para os glúteos: bumbum, quadril, traseiro ( com significado ora eufêmico,
ora disfêmico). Bunda (carga semântica pode variar de acordo com o
contexto), rabo, rabeta, cu (sinédoque).
• Em sua pesquisa sobre palavras tabus em dicionário antigos, João Paulo
Silvestre observou que as palavras interditas eram substituídas pelo
correspondente e latim, neutralizando, em português, o valor ofensivo. Para
pênis usava-se, em alguns verbetes, seus sinônimos latinos, como: grandis
mentulae, insigne ob mentulae magnitudinem. Anus,i (a parte por onde se evacua),
Bulba, ae (vulva, a madre das mulheres)
Tabus em nome de doenças e defeitos físicos

• Diversos são os tabus com relação aos nomes de determinadas doenças e


deficiências físicas. Na Ucrânia a varíola é chamada de a diaba, a pagã, a
amaldiçoada. Para os ucranianos, a epilepsia é causada pelo espírito da
tempestade.
• Entre os russos, as convulsões infantis são denominadas sossego ou benignidade,
mas têm o mesmo nome do demônio.
• Em português usa-se fraqueza dos peitos, moléstia magra e magra para a
tuberculose, doença feia para o câncer.
• Em latim empregou-se a locução sacer ignis (fogo sagrado) para a erisipela.
• No interior do Ceará, aquela doença é uma expressão popular para certas
enfermidades incuráveis ou de aspecto físico impressionante, como câncer,
lepra ou tuberculose.
• Ainda no Brasil, algumas doenças recebem nomes de santos, sendo seus
nomes uma invocação contra tais males. Ex.: mal-de-são-lázaro (lepra), mal-de-
são-semento (sífilis), mal-de-ave-maria (paralisia).
• Os eslovenos chamam os bons ao sarampo, e os sérvios o bem, já búlgaros à
peste chamam o vivo e sadio. Chamam os sérvios o que não se diz ao abcesso, a
doenças infantis.
• Um camponês indiano evitaria dizer “estou tuberculoso”, porém “estou com
a grande tosse”.
• Em Portugal, o câncer é apelidado bicho, seguida de um prudente “salvo
seja”.
• Vários povos tem noas para a palavra cego, que evitam pronunciar. O latim
orbus, primitivo “privado de” e ab oculis (sem olhos), são expressões
eufemizantes da România que substituíram caecus. O francês antigo orb e cieu
desapareceram por influxo de aveugle (de ab oculis). Os russos evitam falar
slepoj (cego), preferindo temnyj (escuro). O lavrador lituano evita aklas (cego),
empregando em seu lugar neregis (que não vê).
• O inglês flu é abreviamento eufêmico de influenza, mais do que natural
tendência da língua em encurtar palavras longas.
• Cambaio, cambeta, cambo são formas usadas para quem tem “pernas tortas”
• Caolho, zarolho, zanolho e bisolho são expressões populares para pessoas vesgas.
• Ao indivíduo cego ou aleijado ou doido chamam-se, eufemisticamente,
respectivamente, ceguinho, aleijadinho e doidinho.

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