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TRABALHO DE SOCIOLINGUÍSTICA

CAPÍTULO 4: POR UMA PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO


LINGUÍSTICA.

FARACO, C.A. Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós.


São Paulo, Parábola Editorial, 2008. 165 – 184.
Linguística e Ensino
- Faraco inicia este capítulo de seu livro trazendo uma introdução
histórica de como se deu o envolvimento e posterior contribuição dos
linguistas no campo pedagógico do ensino da Língua Portuguesa no
Brasil.
- Na década de 1970 ocorreram as primeiras intervenções mais
substanciais de linguistas em debates a respeito do ensino de
português no Brasil.
- Em 1971, o linguista Eurico Back lança seu livro Prática de ensino de
língua portuguesa, no qual apresentava como proposta para o ensino
de português um roteiro metodológico que incluía o desenvolvimento
de atividades orais, de leitura, de escrita, e de domínio de uma
variedade mais formal da língua.
- Entretanto, ainda em 1964, Aryon Rodrigues, um dos expoentes da
construção universitária da Linguística no Brasil, já havia apontado
em seu texto “Tarefas da linguística no Brasil” que o ensino do
português deveria ser um dos principais temas com o qual a
linguística deveria de ocupar.
- Neste texto, e no conceito de Rodrigues como um todo, a função do
linguista neste processo de ensino do português em escolas era
apenas a de contribuir com subsídios de sua área para uma pedagogia
da língua materna.
- No entanto, o que ocorreu com o passar do tempo é que os linguistas
passaram a assumir uma postura monopolizadora no papel de
formadores de políticas para o ensino da Língua Portuguesa.
- Esse deslocamento histórico gerou avanços relevantes na construção
da pedagogia do português, mas também causou a cristalização de
certos equívocos que até hoje não foram dissolvidos.
- Esses equívocos tratam, em geral, de questões ligadas a compreensão
dos fenômenos de variação linguística, pois, pelo fato de estas
envolverem complexos aspectos identitários e valores socioculturais,
os falantes expressam, muitas vezes, atitudes e juízos de valor com
agressividade.
- Em seu texto, Rodrigues cita diversas deficiências do ensino do
português que já eram discutidas por educadores e filólogos a algum
tempo. A grande inovação desse autor foi incluir no debate uma série
de conceitos e pressupostos originados da singularização da
linguística frente à tradição gramatical e a filologia.
- Os principais pontos dessa intervenção de Aryon Rodrigues foram o
contraste fundacional entre língua falada e escrita e o reconhecimento
da existência de diferentes modalidades da escrita.
O linguístico e o sociolinguístico
- Aryon Rodrigues traz um conjunto de aspectos oriundos da reflexão
sociolinguística, posicionando-os como importantes para a discussão
do ensino.
- O ensino deve mostrar ao aluno a heterogeneidade da língua
portuguesa, não concentrar-se apenas em seu estudo gramatical.
- Os falantes não são monoestilísticos; alteram a forma da sua expressão
adaptando sua fala às circunstâncias.
- Não há em língua um padrão absoluto de correção, mas apenas
padrões relativos às diferentes circunstâncias.
- Um problema vinculado aos linguístas é que as pessoas lêem ‘relativo’
onde devem ler ‘relativo a’. Os linguistas são acusados de relativistas
porque – segundo os acusadores – defendem que tudo vale na língua,
quando, de fato, não afirmam isso.
- O que suas descrições mostram é que os falantes variam de maneira
sistemática (e não aleatória) sua expressão e tomam como base
critérios de adequação às circunstâncias. Nesse sentido, os fenômenos
linguísticos não são relativos, mas sim relativos às circunstâncias.
- A análise da variação estilística que está articulada com o
reconhecimento da realidade linguística como heterogênea se
confronta com uma representação social da língua que a entende
como homogênea.
- Para a análise empírica a variação é um dado a ser descrito e
compreendido enquanto para a ideologia da língua homogênea trata-
se de um mal a ser combatido.
- A régua para esse combate é a norma curta (norma padrão). Nesse
caso, o termo curta é uma ironia feita por Faraco, pois esta é uma
norma que se impõe.
- É comum ouvir dizer que os brasileiros não sabem falar a sua língua.
Em uma cultura normativista como a nossa, o senso de adequação se
vê constantemente perturbado. Inverte-se então a equação empírica: a
correção secundariza a adequação, quando não a condena.
Variedades Cultas e ensino
- Não está explícito no texto (mas implicado na discussão) que o
Aryon Rodrigues atribui ao ensino de português, dentre outras, a
tarefa de dar aos alunos acesso a essas variedades
(cultas/comuns/standard).
- Como se supõe para os linguistas “tudo vale na língua”, supõe-se
também que eles são contrários ao ensino das variedades ditas
cultas. Entretanto, não há em seus textos, nenhuma afirmação
nesse sentido.
- Na realidade os linguistas não só têm defendido que o ensino dê
aos alunos acesso às variedades ditas cultas, como têm também
desenvolvido uma compreensão mais refinada do próprio
fenômeno dessas variedades.
- Na década de 1980, os linguistas consideravam as variedades cultas
como um dialeto social e propunham que o ensino fornecesse aos
falantes de outras variedades a possibilidade de incorporar esse novo
dialeto, tornando-se “bidialetais”.
- Hoje os linguistas desenvolveram um quadro de referências bem mais
refinado dos fenômenos da variação linguística, substituindo uma
visão estanque das variedades por uma visão em continuum que
permite melhor apreender a distribuição social das variedades (e,
acima de tudo, a dinâmica que rege a intensa inter-relação entre elas)
e os pontos em que há estigmatização de formas.
- Com isso, está claro que hoje não podemos limitar a discussão às
variedades cultas em si (como apenas um conjunto de certas
características léxico-gramaticais). É preciso sempre fazê-lo em
conexão com as práticas socioculturais que as justificam e sustentam:
as da cultura escrita.
- O letramento do sujeito (sua inserção no mundo da escrita) é segundo
Britto (2004, p. 134) “muito mais que dispor de um conhecimento
sobre uma variedade linguística”.
- Ainda segundo o autor, quanto maior o letramento, maior será a
facilidade de o sujeito manipular textos escritos, realizar leituras
autônomas e interagir com discursos menos contextualizados.
- Desse modo, o acesso às variedades cultas da língua não se dá por uma
pedagogia concentrada no domínio de formas linguísticas, mas como
subproduto de uma pedagogia articulada para garantir aos alunos a
ampliação de seu letramento.
Variedades Cultas e Norma - padrão
- Os linguistas não são contrários ao ensino das variedades cultas.
- Então, por que eles são acusados de serem contrários ao ensino das
variedades cultas?
- O equívoco está na indistinção entre variedades cultas e a norma-
padrão por parte dos acusadores.
- Norma culta real: aquilo que é recorrente, comum na expressão
lingüística de alguns segmentos sociais (segmentos sociais urbanos,
posicionados do meio para cima na hierarquia econômica) em
situações mais monitoradas.
- Expressão culta escrita X Expressão culta falada.
- Como se pode ler em Scherre (2002) e Bagno (2003;2009): Se as
variedades cultas, em suas modalidades orais e escritas, são
manifestações do uso vivo (normal) da língua, a norma padrão é um
construto idealizado.
- A fixação de certo padrão responde a um projeto político que visa
impor certa uniformidade onde a heterogeneidade é sentida como
negativa. No entanto, essa norma nunca se tornou de fato funcional,
apenas tem servido de instrumento de violência simbólica e
discriminação sociocultural.
- Os lingüistas brasileiros não são os primeiros a criticar a norma padrão
(hoje reduzida à norma curta) apontando a distância que existe entre
os preceitos normativos e os usos cultos reais.
- Por outro lado, os linguistas postulam a fixação de uma norma-padrão
que seja o efetivo reflexo da norma culta brasileira.
- Por outro lado, cabe questionar: há conveniência ou necessidade de se
fixar uma norma-padrão brasileira? A natural diversidade linguística
nacional está pondo em risco a relativa unidade das variedades cultas
faladas?
- Talvez possamos abrir mão de projetos padronizadores direcionando
nossos trabalhos para de um lado, a descrição e a difusão das
variedades cultas faladas e escritas e, de outro o combate sistemático
aos preceitos da norma curta que quer a desqualificação dos seus
falantes
Escola e Variação Linguística
- A intervenção dos linguistas nos debates sobre o ensino de português
trouxe contribuições pedagógicas interessantes, como os que se
segue:
Avanços razoáveis na pedagogia da leitura.
Avanços razoáveis na pedagogia da produção de textos. Estamos
convencidos de que precisamos combater e até mesmo eliminar o
famigerado gênero redação escolar. A produção de textos deve ter
funcionalidade e realizar efetivos eventos comunicativos.
- Não houve evolução na construção de uma pedagogia da variação
linguística.

- A ausência dessa pedagogia pode ser notada nos livros didáticos e nos
exames de escolaridade como o ENEM e o SAEB.
- Nos livros didáticos os fenômenos de variação são ainda marginais e
maltratados. Quando se fala em variedades da língua, citam apenas as
variações geográficas, falam timidamente do português rural e
raramente tratam da variação social.
- O ENEM trouxe uma significativa inovação ao se pautar por uma
avaliação, não de meros conteúdos, mas da capacidade de operar com
os conteúdos.
- O SAEB tem fornecido dados importantes sobre o nível de leitura dos
alunos do 4º e 8º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino
médio.
- O grande desafio, construir uma pedagogia:
Da variação linguística que não escamoteie a realidade linguística do
país;
Que não dê tratamento anedótico ou estereotipado aos fenômenos da
variação;
Que localize adequadamente os fatos da norma culta/comum/standard
no quadro amplo da variação e no contexto das praticas sociais;
Que abandone criticamente o cultivo da norma padrão;
Que estimule a percepção do potencial estilístico e retórico dos
fenômenos da variação;
Que sensibilize as crianças e os jovens para a variação de tal modo
que possamos combater os estigmas linguísticos, a violência
simbólica, as exclusões sociais e culturais fundadas na diferença
linguística.
FIM

Davi, Ilto, Isadora, Lethicia, Luana

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