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IESB

HISTÓRIA DO DIREITO
TEMA: O Direito Canônico
• CONCEITO - "O Direito Canônico poderia ser
conceituado como o conjunto de leis
propostas, elaboradas ou canonizadas pela
Igreja, numa determinada época[Cf. Raoul
NAZ et alii. Traité de Droit Canonique. Paris,
Letouzey et Ané, 1954, p. 14].
• Ou, numa definição mais completa: conjunto
de normas jurídicas, de origem divina ou
humana, reconhecidas ou promulgadas pela
autoridade competente da Igreja Católica,
que determinam a organização e atuação da
própria Igreja e de seus fiéis, em relação aos
fins que lhe são próprios [cf. Rafael LLANO
CIFUENTES. Curso de Direito Canônico. São
Paulo, Saraiva, 1971, p. 10.].
• Diferentemente do direito romano, que
disciplinava as relações no Império romano, já
extinto; o direito canônico está diretamente
relacionado ao dia-a-dia de milhões de
católicos no orbe terrestre.
• Por exemplo, quando se deseja discutir a
validade de um casamento (nulidade de
matrimônio) realizado na Igreja, recorre-se à
corte canônica ou tribunal eclesiástico.
• O direito canônico está praticamente todo
condensado no Código de Direito Canônico.
Neste diploma legal, encontram-se regras de
direito material e de direito processual, dentre
outros.
• O atual Direito canônico (Codex Iuris Canonici —
C.I.C.), para a Igreja Latina, foi promulgado pelo
papa João Paulo II em 25 de janeiro de 1983
(entrou em vigor em 27 de novembro de 1983),
por meio da Constituição Apostólica Sacrae
Disciplinae Leges[1] ab-rogando, isto é,
substituindo o anterior código, então promulgado
em 27 de maio de 1917 (entrou em vigor em 19
de maio de 1918) pelo Papa Bento XV, por meio
da Constituição Apostólica Providentissima Mater
Ecclesia.
ELEMENTOS -
• Pode-se, na verdade, distinguir três grupos de elementos
no Direito Canônico.
• Uns vêm de Deus, e são somente propostos pela Igreja:
trata-se de prescrições de direito natural (descobertas na
natureza humana), ou de direito divino positivo
(formuladas verbalmente na Bíblia; por exemplo, os dez
mandamentos).
• Outros são elaborados pelos dirigentes da Igreja, em
virtude do poder legislativo de que dispõem.
• Outros, por fim, são apenas aprovados, são como que
emprestados aos ordenamentos jurídicos estatais, e como
tais canonizados [Cf. C. 22, 110, 1290.] ou sancionados pela
Igreja (exemplo: adoção, contratos)"
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA DOGMÁTICA
JURIDICO-CANÔNICA MEDIEVAL -
• De forma condensada, poder-se-ia dizer que dois foram os
institutos máximos legados pela Igreja Católica para a
constituição do direito ocidental moderno: a dogmática
(completa submissão, a determinados princípios ou à
autoridade que os impõe ou revela) e o inquérito.
• O objetivo deste trabalho é ocupar-se do primeiro deles a
partir da identificação do período medieval, traçando a
trajetória da evolução do direito canônico enquanto
construção dogmática e, conseqüentemente, como
elaboração de um discurso que legitima a imposição da
verdade a partir de um lugar de saber inquestionável,
nascido de uma prática social politicamente determinada.
• Desse modo, a institucionalização canônica da
dogmática será estudada como elemento de
construção, manutenção e manipulação da
verdade, fundamentadora de uma política
autoritária imposta pela Igreja Católica
durante o desenrolar da Idade Média,
legitimando a lógica de um discurso que
irradia sua influência até os dias atuais: o
próprio discurso jurídico-dogmático.
• Tal estudo partirá de uma visão histórica da
formação do direito medieval, ressaltando de
que modo o poder e a verdade foram
normatizados socialmente, através da
estruturação política da Igreja Católica com
origem nos vínculos de autoridade política.
• Num segundo momento, mostrar-se-á como o
direito canônico foi gerado apresentando-se
institucionalmente como “lugar que sabe”, ou
seja, como oráculo do poder, para se perceber,
no final, de que maneira pôde a dogmática ser
usada indiscriminadamente como
instrumento de disciplina, alienação e sujeição
teórica e social, forjando a própria estrutura
do direito moderno através da violência
simbólica.
A IDADE MÉDIA E O VÍNCULO FEUDAL COMO
INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO ATRAVÉS DA
AUTORIDADE –
• Foi a partir da derrocada do Império Romano que
a Idade Média se desenvolveu economicamente e
encontrou fundamentação para justificar
socialmente seu discurso de poder.
• A sustentação política intercontinental de Roma
era baseada em três pilares básicos que, ao se
desfazerem, provocaram a sua queda. Tais eram:
a proteção militar da população, o incentivo ao
comércio e a facilidade de comunicação com
todos os lugares.
• Dois fenômenos abalavam essa harmonia:
• a) o modo de produção escravocrata que deixava
sem trabalho os homens livres, apesar de
continuar sobrevivendo da política de conquistas
militares e do equilíbrio de forças entre o exército
romano e os povos germânicos que viviam nas
fronteiras, os quais permitiam a reprodução das
forças de trabalho quando se deixavam
conquistar, sendo, desse modo, o sustentáculo
econômico do Império;
• e b) o cristianismo como religião oficial - cujo
clero já se tomava um corpo opulento e
influente no baixo-império, cerca de 300 d.C. -
, estimulando o aparecimento de seitas
heréticas que traduziam o descontentamento
da plebe com sua política autoritária, o que
forçou as autoridades a reprimir com
selvageria os vários germens de revolta.
• O direito derivado da Igreja servirá, desse modo,
para a sedimentação do poder institucional
através de fundamentações “racionais” na
interpretação da verdade.
• A razão será o instrumento total que permitirá à
prática jurídica subjugar tanto os direitos
paralelos, existentes na diferença - porque
espontâneos e fragmentados -, quanto qualquer
tipo de contestação expressa em interpretações
“incompetentes” porque contra-hegemônicas e
descentralizadoras do poder político-jurídico.
• O Papa representará a materialização do carisma
de Cristo e da Igreja Católica, estando, assim,
vinculado simbolicamente à figura paterna: ente
que protege e anima os fiéis na sua crença,
encaixando-se no tipo ideal de dominação
carismática e firmando terreno para fundar um
modo diferenciado de resolução e controle dos
litígios, baseado no direito romano-germânico e
estruturado a partir de uma matriz dogmática,
racional e autoritária.
A IGREJA CATÓLICA MEDIEVAL E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO
DIREITO CANÔNICO COMO PRÁTICA REPRESSIVA -
• Percebe-se que a religião floresce dos escombros de
Roma como conseqüência do aumento de exigências
morais justamente quando a palavra passa a ter
também um aumento de significação social e
econômica, enfim, “com a crescente importância da
vinculação ética do indivíduo em um cosmos de
deveres‟ que permitem prever sua conduta”.
• Assim, o estabelecimento de relações sociais e
econômicas de caráter feudal, de par com a legalização
do catolicismo pelo imperador Constantino - no Edito
de Tolerância de Milão, de 313 d.C. - vai favorecer o
desenvolvimento da Igreja como autoridade religiosa e
também temporal após o fim do Império Romano.
• Assim, a Igreja veio a participar como grande
senhor feudal, já que despontou como
proprietária de vastas extensões de terra e, por
seu poder espiritual e temporal abranger toda a
Europa durante o período medieval, foi
certamente a única instituição sólida existente.
• As poucas cidades que sobreviveram à
desintegração do Império Romano foram, por
conseguinte, as cidades episcopais e arcebispais.
• A partir do século V a Igreja Católica começa um longo
e colossal trabalho para unificar na fé cristã todos os
recantos da Europa, grandemente dominada pelos
povos do oriente.
• Além dos grandes missionários, figuras geralmente
santificadas que construíam uma aura de respeito e
admiração interna na Igreja - como Santo Antônio, por
exemplo, uma forte arma de pregação seria também a
implantação de mosteiros, braços avançados da
propagação da fé e de controle econômico-social, que
se articulavam de dois modos distintos:
• (...) além de servirem como demonstração prática
de cristianismo, e servir como centro de
educação (...) eram (...) a sede de um bispo-
monge, e assim desempenhavam um papel
institucional e espiritual na evangelização.
• Na alta Idade Média, a partir do momento em
que deixa de existir um poder judiciário
organizado, a liquidação das contendas era feita
entre os indivíduos:
• (...) o poder em geral era exercido através da jurisdição. A jurisdição
era política, a ponto de se poder dizer que os meios pelos quais os
senhores arrancavam os excedentes dos camponeses eram mais
políticos que econômicos.
• No entanto, à medida que crescia a influência da Igreja Católica nas
questões temporais - já que toda concessão de terra trazia
autoridade para o concedente em relação ao concessionário - os
tribunais seculares passaram a ser pressionados para julgar seus
litígios a partir do direito , canônico e para transmitir seu poder de
decisão aos tribunais canônicos: Na medida em que a contestação
judiciária assegurava a circulação dos bens, o direito de ordenar e
controlar essa contestação judiciária, por ser um meio de acumular
riquezas, foi confiscado pelos mais ricos e poderosos.
• A jurisdição eclesiástica passou a ser competente, por
exemplo, para julgar todos os casos relativos ao casamento
e à maioria dos litígios envolvendo o direito de família.
• Os cânones são regras jurídico-sagradas que determinam
de que modo devem ser interpretados e resolvidos os
vários litígios. Mais que regras, são leis, isto é, são verdades
reveladas por um ser superior, onipotente, e a
desobediência, muito mais que uma infração, é um pecado.
Os cânones são os desígnios de Deus, transformados em
regras a serem seguidas sem questionamento pelos
homens.
• O “cerco” dogmático começava a se formar. A partir daqui,
inicia-se a história da sacralização do direito na Idade
Média.
• Estabelecida sua legitimidade divina no decorrer da
baixa Idade Média, resta saber como essas leis foram
organizadas, Um momento fundamental para
compreender o fenômeno do direito canônico, por ser
este um direito escrito, é o de sua compilação.
• Após intensa atividade jurisdicional, a Igreja passou a
considerar o antigo direito romano como legislação
viva - embora esparsa -, que deveria ser interpretada
por doutores abalizados pelo clero nas universidades,
como a de Bolonha, responsáveis pelo sentido oficial
dos textos romanos:
• (...) bibliotecas e mosteiros da Igreja
[passaram a ser] centros de cultura e estudos
dos textos jurídicos romanos. Na verdade,
todas as dioceses reivindicavam o direito - e
aplicavam-no - de licenciar todos os mestres
em artes liberais.
• A Igreja passou a monopolizar a produção intelectual
jurídica na idade feudal.
• Define-se a função dogmática dos doutores universitários,
doutores não pelo conhecimento, mas pela autorização
divina de revelar, ou melhor, de dizer a verdade da lei,
legitimando o discurso oficial do papa e da Igreja, de forma
extremamente regrada.
• Tal legitimação deve, assim, ser percebida como
fundamentação retórica para um eficaz e real exercício de
dominação e submissão levado a cabo pela Igreja na Idade
Média: mais que revelar a verdade, o que o jurista canônico
externa é a vontade política do poder eclesiástico em fazer
valer os seus comandos.
• Nesse sentido, a pluralidade das relações humanas e a
possibilidade de expressão diferenciada frustram-se
pelo raciocínio excludente instaurado na prática
jurídico-política que dogmatiza o acontecer social.
• A Igreja, por fim, marginaliza e exclui os que não fazem
parte da crença maior, e o direito canônico surge como
instrumento que assegura e legitima essa divisão,
punindo os diferentes e os insatisfeitos.
• O desenvolvimento futuro do direito, a partir desse
momento, esteve absolutamente comprometido com
essa economia da verdade (economia antes de tudo
racional) que é a construção dogmática do saber.
• CÂNONES – tendo em vista o amplo crescimento do
catolicismo romano, a Igreja necessitava de efetuar um
controle sobre o clero e seus membros, portanto foi
necessária a criação de regras, a que deu o nome de
cânones.
• Desta forma, os padres e bispos responsáveis pela pregação
nas missas, passaram a ensinar tais regras aos leigos, afim
de que pudessem também alcançar a salvação.
• Com o fortalecimento da Igreja e o crescimento de suas
normas, os cânones ficaram complexos e extensos, o que
fez com que a Igreja produzisse um direito canônico, único
capaz de interpretar in totum os desejos de Deus.
• A sociedade e o direito canônico – segundo este direito a sociedade
deveria ser organizada e fiel. Deus determinava a cada pessoa,
antes mesmo de nascer, qual o seu papel na sociedade, sem que
houvesse possibilidades de mudanças sociais. Ao homem, bastava
obedecer aos preceitos divinos, ser ordeiro e regrado em seu
comportamento.
• As classes sociais deveriam, conforme o Direito canônico, ser três:
• O clero, que rezava; os senhores feudais e seus exércitos. Que
lutavam; e o povo, que trabalhava.
• O direito comum aplicado nessa época foi perdendo força e
cedendo lugar ao direito canônico.
• Desta forma, tudo o que era de interesse da Igreja Católica, acabava
sendo julgado por ela.
• O Tribunal da Santa Inquisição – oficialmente
aberto em 1231 para julgar os chamados
“hereges”, inicialmente as “bruxas”, os judeus e
os mulçumanos.
• Porém, aos poucos, com a ampliação de seus
poderes e de sua jurisdição, todos poderiam ser
julgados pela Igreja. Assim passou a julgar não
somente casos de “interpretação da palavra”,
mas prática de bruxaria, adultério, incesto,
bigamia, sacrilégio, usura etc.
MONOPÓLIO ECLESIÁSTICO –
• O crescimento da Igreja Católica Romana redundou em
uma organização complexa e hierarquizada, e com isso,
aos poucos, foram criando regras de conduta para todo
o clero.
• Neste momento histórico (idade média) a Igreja
católica é a única detentora do conhecimento, da razão
e da salvação, “único lugar do saber inquestionável”,
motivo que leva as pessoas a procurá-la para obterem
conhecimento e a salvação eterna.
• Com efeito, a Igreja passa a dominar toda população,
inclusive os senhores feudais que em quase toda sua
totalidade se convertem ao catolicismo romano.
• Processo – O processo era inquisitorial, ou
seja, não havia o contraditório e a ampla
defesa, iniciava-se por delações, incentivadas
pela Igreja, por ser um ato de “boa ação”, e
além de ganhar o reino dos céus, e ficar com
parte do patrimônio do acusado, que era
dividido com a Igreja.
• Após a composição do Tribunal, o Inquisidor proferia
um sermão exortando todos à conversão e à
colaboração. Seguia-se o Edito de Graça: os que se
apresentassem num prazo de 15 a 30 dias recebiam a
penitência com a absolvição.
• Expirado o prazo, era publicado o Edito de Fé: todos
eram intimados à denúncia e os denunciados eram
caçados e presos e sujeitos ao processo. A habilidade
do Inquisidor fazia o réu entrar em contradição, pedir
perdão, reconhecer o erro. Não se descobrindo culpas,
o réu era absolvido. Havendo indícios de culpa passava
pelo cárcere ou pela tortura.
• A lei eclesiástica admitia a tortura, mas não por mais
de meia hora e que não se quebrasse nenhum osso. Os
meios de tortura eram os mesmos dos tribunais civis
da época, todos horrorosos.
• O réu arrependido, chegando-se à conclusão do
processo, recebia penitência e era sujeito a
humilhações. Se caísse novamente na heresia, a pena
de morte estava garantida. Se o réu confessasse o erro,
mas sem arrependimento, era colocado por meses em
cárcere severo. Se mesmo assim persistisse no erro,
morte pela fogueira.
• Após a instauração do processo, ouvia-se o acusado,
caso nega-se ou não fosse provado de imediato a
heresia ou qualquer ato contrário ao direito canônico,
o acusado era preso e torturado para confessar seus
“crimes”.
• Após a confissão a pena mais comum era a pena de
morte. Normalmente os nobres eram decapitados e os
demais eram mortos de forma lenta a causar
sofrimento, pois, o sofrimento purificava a alma. A
prova era obtida por meio de testemunhas e por meio
divinos. Normalmente o próprio acusado promovia sua
defesa.
• As sentenças eram publicadas de forma solene:
uma grande procissão, acompanhada pela
multidão, levava os acusados à igreja onde eram
lidas as sentenças.
• No pátio, erguia-se a fogueira onde eram
queimados os hereges impenitentes.
Normalmente a multidão gostava de assistir a
esse espetáculo macabro, quer por ver o falso
triunfo da verdade, que porque a cultura era
mesmo cruel.
• A Igreja, teoricamente, não aboliu a
Inquisição, mas, no século XVIII, quando os
Estados europeus a aboliram, a Igreja não teve
mais meios de executar suas sentenças.
• A última execução de herege que se conhece
foi na Espanha, em 1826.
• Podemos entender o mundo em que surgiu e
progrediu a Inquisição, mas nunca justificá-la. Ela é um
atentado ao Senhor misericordioso e paciente, um
atentado à dignidade humana, um atentado às
convicções religiosas das pessoas, como se os hereges
estivessem na heresia por divertimento. Não se pode
anunciar o Salvador que morre pelos inimigos
torturando, prendendo, matando.
• A Inquisição foi possível porque deu-se mais
importância ao Direito Canônico, à unidade da Igreja e
do Estado do que à Escritura e aos Santos Pais
Predomínio do Direito Canônico sobre o Direito
Feudal – razões:

• A Igreja é representante de Deus na Terra, portanto seu


Direito é justo e perfeito, pois Deus, não cometeria
injustiça com o homem;
• A Igreja detinha o monopólio da escrita, assim seus
processos eram registrados, diferente do Direito
aplicado pelos Feudos, que era consuetudinário;
• O medo do inferno causava grande pânico sobre todos;
• Os senhores feudais eram rudes e iletrados, portanto
facilmente convencidos pela Igreja;
• Desde Teodósio e Ambrósio, os Imperadores
eram ungidos e consagrados pelo Papa, desta
forma, a legitimação do poder era dado pela
Igreja, subordinando todos ao seu poder.

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