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O documento discute a transferência no contexto do trabalho de Freud e Lacan. Aborda a dinâmica da transferência descrita por Freud em 1912 e como Lacan retoma o tema no Seminário da Transferência de 1960-1961, utilizando o diálogo O Banquete, de Platão, como ilustração.
O documento discute a transferência no contexto do trabalho de Freud e Lacan. Aborda a dinâmica da transferência descrita por Freud em 1912 e como Lacan retoma o tema no Seminário da Transferência de 1960-1961, utilizando o diálogo O Banquete, de Platão, como ilustração.
O documento discute a transferência no contexto do trabalho de Freud e Lacan. Aborda a dinâmica da transferência descrita por Freud em 1912 e como Lacan retoma o tema no Seminário da Transferência de 1960-1961, utilizando o diálogo O Banquete, de Platão, como ilustração.
INCONSCIENTE E O NARCISISMO EM 1912 FREUD ESCREVE A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA
• NESSA OCASIÃO FREUD QUESTIONA: POR QUE
A TRANSFERÊNCIA É TÃO MAIS INTENSA NO SUJEITO QUE ESTÁ EM ANÁLISE ? POR QUE NA ANÁLISE A TRANSFERÊNCIA SURGE COMO A RESISTÊNCIA MAIS PODEROSA AO TRATAMENTO? • FREUD DISTINGUE A TRANSFERÊNCIA POSITIVA E A TRANSFERÊNCIA NEGATIVA. • A TRANSFERÊNCIA POSITIVA SE COMPÕE DE SENTIMENTOS AMIGÁVEIS E TERNOS, E OUTROS, QUE SÃO ENCONTRADOS NO INCONSCIENTE E REMONTAM DE FONTES ERÓTICAS. • A TRANSFERÊNCIA NEGATIVA SE REFERE À AGRESSIVIDADE, À DESCONFIANÇA EM RELAÇÃO AO ANALISTA. DEFINIÇÃO DE TRANSFERÊNCIA • VÍNCULO QUE SE INSTAURA DE FORMA AUTOMÁTICA E ATUAL, ENTRE O PACIENTE E O ANALISTA, ATUALIZANDO OS SIGNIFICANTES QUE SUSTENTARAM SEUS PEDIDOS DE AMOR NA INFÂNCIA. • FORA DA SITUAÇÃO DE ANÁLISE, O FENÔMENO É CONSTANTE E ONIPRESENTE NAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS, AMOROSAS,ETC. • Lacan inicia o Seminário da Transferência, em 1960-1961, dizendo que vai falar da disparidade subjetiva da transferência. • Não é um termo que tenha sido facilmente escolhido e esse termo sublinha alguma coisa que vai além da simples noção de dissimetria entre os sujeitos. • É mesmo contra a idéia que a intersubjetividade possa só ela fornecer o quadro no qual se inscreve o fenômeno. O BANQUETE • Lacan fala ainda de como demorou para abordar a transferência. • Sócrates foi colocado na mais longa transferência já conhecida pela história. • O segredo de Sócrates está por trás de tudo que será dito no Seminário da Transferência. • Mesmo tendo sido confessado por Sócrates, um segredo não deixa de ser um segredo. • Sócrates pretende nada saber, senão saber reconhecer o que é o amor, onde está o amante e onde está o amado. • Arlete Mourão a propósito dessas duas posições, a do amado e a do amante, diz que foram comparadas às posições do desejado e do desejante, resgatando a dimensão do desejo, que é o que realmente importa na transferência. • Lacan descreve o que é o banquete: • É uma cerimônia com regras, uma espécie de rito, de concurso íntimo entre pessoas da elite, de jogo da sociedade. • A realização de um tal simpósio não é, portanto um simples pretexto para o diálogo de Platão, mas refere-se a hábitos, costumes reais diversamente praticados conforme as localidades da Grécia e, digamos, o nível cultural. • O regulamento que ali se impõe nada tem de excepcional – que cada dê sua quota, sob forma de uma pequena contribuição, que consiste num discurso pautado sobre um tema (Lacan, 23/11/1960,p.29). • No Banquete Platão narra uma orgia festiva na casa de Agatão. • Estavam presentes a esse banquete, entre outras pessoas, Aristodemo, que veio a convite de Sócrates e que era amigo e discípulo do mesmo; • Fedro, o jovem retórico; • Pausânias; o médico Erixímaco; • Aristófanes, que era um excelente diretor de teatro, o comediante que ridicularizava Sócrates • e o político Alcibíades. • Estava também presente Sócrates, que chega muito atrasado devido a uma crise que o fez parar na casa vizinha e ficar de pé numa perna só, ausente. • O amor grego é o amor dos belos rapazes. Em uma parte da Grécia era muito mal visto e em outra parte era muito bem visto. • Pausânias enfatiza no Banquete como esse amor na parte totalitária da Grécia, além de ser muito bem visto, era também uma ordem a se cumprir. • Devido ao exagero cometido na festa do dia anterior, sobretudo o excesso de bebida, resultou em uma grande fatiga nos convidados de Agatão. • Pausânias propôs então que em lugar de beberem, ficassem ali conversando, discutindo ou que cada um fizesse algo "diferente". • Essa proposta de Pausânias foi aceita por todos. Erixímaco sugeriu que se fizessem elogios a Eros. • Cada convidado deveria fazer um discurso para louvar o amor. • Fedro anuncia o tema do Banquete: de que serve ser sábio no amor? • Sócrates, resolve que, antes de falar sobre o bem que o amor causa e seus frutos, todos deveriam definir o que é o amor. • Há uma passagem sobre o significado do amor. • Sócrates diz que na juventude foi iniciado na filosofia do amor por Diotima de Mantinea, que era uma sacerdotisa. • Ele não põe o amor em lugar tão elevado, diz que o amor não é coisa divina. • Sócrates não diz quase nada em seu nome, mas é a partir desse quase-nada que gira realmente a cena e que se começa a falar verdadeiramente do assunto. • Sócrates faz falar em seu lugar uma mulher, Diotima. • Lacan pontua a homenagem de Sócrates à mulher e fala das mulheres que de vez em quando ele ia visitar, Laís, Aspásia, Teodata que era amante de Alcibíades e Xantipa, que estava no dia de sua morte e soltava gritos • Lacan pontua a homenagem de Sócrates à mulher e fala das mulheres que de vez em quando ele ia visitar, Laís, Aspásia, Teodata que era amante de Alcibíades e Xantipa, que estava no dia de sua morte e soltava gritos ensurdecedores. • Sócrates pede que a façam sair para que ele possa conversar em paz porque só lhe restam algumas horas. • As mulheres na Grécia tinham um lugar e um peso nas relações de amor. • Lacan ainda nesse Seminário cita O banquete como um texto monumental no que diz respeito à estrutura do amor e sua relação com a transferência. • Ele propõe que tomemos o banquete como uma espécie de relato de sessões psicanalíticas. • O problema do amor nos interessa à medida em que vai permitir compreendermos o que se passa na transferência. • Lacan destaca duas condições referentes ao amor: • A primeira que o amor é cômico, e é graças a isso que se tem a explicação da presença de Aristófanes no banquete, já que ele era o inimigo jurado de Sócrates. • A segunda condição é que o amor é se dar o que não se tem.
• O discurso de Sócrates vai ter uma função
esclarecedora na relação do amor, permite articular o que se passa no amor, a nível do amante e do amado “com todo o rigor de que a experiência analítica é capaz”(p.42). • O amante como sujeito do desejo e o amado como aquele que é o único a ter alguma coisa (érastès e érôménos). • Lacan chama atenção para quando tenta articular a função do desejo na apreensão do outro, tal como se produz no par érastès – érôménos, que o ser do outro no desejo não é de modo algum um sujeito. • O outro enquanto visado no desejo, é visado como objeto amado. • No Banquete, quando chega a hora de Sócrates discursar, ele fala que sendo o Amor, amor de algo, esse algo é por ele certamente desejado. • Mas este objeto do amor só pode ser desejado quando lhe falta e não quando possui, pois ninguém deseja aquilo que não precisa mais. • Na fala de Sócrates Platão coloca seu apontamento crucial sobre o conceito de amor, onde, o que se ama é somente "aquilo" que não se tem. • E se alguém ama a si mesmo, ama o que não é. • O "objeto" do amor sempre está ausente, mas sempre é solicitado. • A verdade é algo que está sempre mais além, sempre que pensamos tê-la atingido, ela nos escapa entre os dedos. • Sendo o Amor, amor daquilo que falta, forçosamente não é belo nem bom, visto que necessariamente o Amor é amor do belo e do bom. • Não temos como desejar aquilo que temos. • E no mesmo diálogo, Platão ainda fala sobre a origem de Eros (através do mito narrado por Diotima de Mantineia a Sócrates) segundo o qual Eros teria a natureza da falta justamente por ser filho de Recurso e Pobreza. • Eros é filósofo e se é filósofo é amante do saber. • O que se passa entre Alcibíades e Sócrates vai além dos limites do que constitui o banquete. • Alcibíades, jovem de grande talento, entra de forma repentina, embriagado. • Ele diz a Sócrates que já disse tudo que tinha a dizer e agora é a vez de Sócrates saber o que deve fazer. • Sócrates lhe responde: Vamos falar de tudo isso, até amanhã, temos ainda muitas coisas a dizer. • Sócrates coloca as coisas no plano da continuação de um diálogo, engaja-o nas suas próprias vias. • Faz-se ausente no ponto onde se observa a cobiça de Alcibíades. • O discurso de Alcibíades é o seu próprio sofrimento, alguma atitude de Sócrates o deixou ferido, mordido por uma estranha mágoa. • A psicanálise exige um alto grau de sublimação libidinal, afinal como diz Lacan, a cela analítica é um leito de amor. • É no consultório analítico, um dos locais mais protegidos que a posição do amor se torna ainda mais paradoxal. • Lacan ainda no Sem. da Transferência, cita o caso de Anna O. e Joseph Breuer, o encontro de um homem e uma mulher. • Anna investiu em Breuer transferida em sua história de amor. • No começo da experiência analítica era o amor. • Nasce o que já é psicanálise e que Anna chamou de talking cure e limpeza de chaminé. • Breuer amou sua paciente, através de uma transferência erotizada. • Observamos isso quando a esposa de Breuer demonstra seu ciúme a ponto de não suportar mais Anna. • Breuer assustado com os ciúmes de sua esposa e com os seus próprios sentimentos antecipa o final do tratamento de Anna e viaja de férias com sua mulher. • A ruptura do tratamento provoca em Anna uma pseudociese. • Breuer é abatido por Eros no auge de sua surpresa obrigando-o a fugir. • A conduta adotada por Freud, ao contrário, faz dele o senhor do pequeno deus. • Sócrates assim como Freud, escolhe servir a Eros para servir-se dele. • Não é à toa que Lacan escolhe O Banquete para ilustrar seu Sem. da Transferência.