AFROCENTRISMO,

RACISMO E PODER
DENISE A. SILVA
 AFROCENTRISMO
“Começamos com a visão de que
afrocentrismo é um tipo de
pensamento, pratica e perspectiva
que percebe os africanos como
sujeitos e agentes de fenômenos
atuando sobre sua própria imagem
cultural e de acordo com seus
próprios interesses humanos.”
(ASANTE, 2009, p. 93, ênfase do autor)
É a conscientização sobre a agência
dos povos africanos. (ibid., p. 94)
Agência: capacidade de dispor dos
recursos psicológicos e culturais
necessários para o avanço da
liberdade humana.
dispor dos recursos psicológicos e
culturais necessários para
o avanço da liberdade humana.
Dos privilégios do saber-poder
Pensar:
-as relações que persistem na
disseminação/naturalização do saber
-o processo de atribuições de valores aos distintos
tipos de conhecimento
Poder, saber e atribuição de valores
FOUCAULT: Poder é uma relação: sempre presente, exercida por múltiplas
relações de força. Igualmente- múltiplos pontos de resistência em toda a
estrutura social.
Todo o ponto de exercício do poder é, ao mesmo tempo, um lugar de
formação de saber.
[Trata-se de saber] que efeitos de poder circulam entre os
enunciados científicos [...] como e por que em certos momentos ele
se modifica (MP, 1979, p. 4)]
[...] como se produzem efeitos de verdade no interior de discursos
que não são em si nem verdadeiros nem falsos. (MP, 1979, p. 7)
Cada sociedade tem seu regime de verdade ,
sua “política geral” de verdade:
isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz
funcionar como verdadeiros; os
mecanismos e as instâncias que permitem
distinguir os enunciados verdadeiros
dos falsos, a maneira como se sancionam uns e
outros [...] (MP, 1979, p. 12)
Regime de verdade social
Poder Direito

[...] Por um lado, as regras do

direito que delimitam formalmente
o poder e, por outro, os efeitos de
Verdade verdade que este produz, transmite
e que por sua vez reproduzem-no.
(MP, 1979, p. 179)
Poder e corpo

EFETIVAMENTE, AQUILO QUE FAZ

COM QUE UM CORPO, GESTOS,
DISCURSOS E DESEJOS SEJAM
IDENTIFICADOS E CONSTITUÍDOS
ENQUANTO INDIVÍDUOS É UM DOS
PRIMEIROS EFEITOS DO PODER. (MP,
1979, P. 183)
As disciplinas veicularão um discurso
que será o da regra, não o da regra
jurídica derivada da soberania, mas o da
regra “natural”, quer dizer da norma [...]
(MP, 1979, p. 189)

O DISCURSO DO PODER DISCIPLINADOR

“[...]a alienação do negro tem se
realizado pela interiorização do seu
corpo antes de atingir a mente, o
espírito, a história e a cultura. “
(MUNANGA, 2012,p. 19)
ALIENAÇÃO
De rótulos e estereótipos
“O escravo africano é marcado pela cor, esta é
como um rótulo” (SODRÉ, 1970, p. 248)
- Identificação raça/cor com africano no Brasil

- Relação racismo/escravidão: conceito de

inferioridade negra
-Preguiça/ retardado, perverso, ladrão/
sexualidade desviada e desviante
A “ciência” colonial: do racismo doutrinal à práxis racista
Cor negra- doença, desvio da norma: teoria dos climas – perfeita adequação
meio/espécie: climas temperados
Maldição camítica
Simbologia de cores: branco/negro
Iluminismo- etapas de desenvolvimento: homem no estado de “pura natureza”;
Buffon-desprezo pelos povos de rosto e costumes selvagens, animalidade
Sociedade Etnológica, Paris, 1939
Franz Gall: tamanho da cabeça e volume do cérebro: menores entre negros
africanos do que nos brancos
Vivência do preconceito: incorporado nos gestos, palavras, conduta
PARADIGMA
Thomas Kuhn – filósofo da ciência
Propósito: Mostrar de que maneira um modo particular de
pensamento e prática científicos se torna aceito /e ou
dominante, sendo assim rotulado “ciência normal” e
podendo ser, subsequentemente, deslocado por um novo
modo em competição por status normativo ou
reconhecimento disciplinar (KUHN, 1962, 1970)
Afrocentrismo- uma proposta
epistemológica do lugar
Porque

 experiência de lugar: em lugar central ou marginal em relação a

sua cultura?
 africanos: deslocados em termos culturais, psicológicos,
econômicos e históricos
 deslocamento: apreender a realidade pelo centro de outro
grupo (ibid., p. 122)
 afrocentricidade não é o mesmo que africanidade
Cont.
à margem da experiência eurocêntrica
 conceito de desagência – sujeito descartado como ator
e protagonista em seu próprio mundo
Objetivo da afrocentricidade- encontrar o lugar do
africano como sujeito em evento, texto, ideia, fenômeno.
Ex.: casa/choupana (p. 98)/ trabalho/lazer/ padrões
fenotípicos
 internalização do discurso do supremacismo branco