UM PERCURSO PELA

COMMEDIA DE DANTE
ALIGHIERI
XVIII COLÓQUIO DE PESQUISA E EXTENSÃO DA FACULDADE DE LETRAS

LETÍCIA CRISTINA ALCÂNTARA RODRIGUES

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• Dante [Durante] Alighieri nasceu em Florença

entre 14 de maio e 13 de junho de 1265. Em
decorrência da imprecisão da data de seu
nascimento, a Itália dedica-lhe o dia 22 de
maio. Por questões políticas, o poeta foi
exilado de Florença em 1302, permaneceu para
sempre impedido de voltar a sua cidade natal e
morreu em Ravena na noite de 13 para 14 de
setembro de 1321.
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• Na Commedia, Dante empreende uma viagem – que começa na noite de

Quinta-Feira Santa, em 7 de abril de 1300 – pelos três reinos situados além
da realidade empírica – Inferno, Purgatório e Paraíso. No início da obra, o
poeta diz estar perdido numa selva escura de onde não pode sair porque três
feras – uma pantera (luxúria, Florença); um leão (soberba, Casa de França) e
uma loba (avareza; Cúria Romana) − o impedem de escalar uma montanha
iluminada pelos raios do sol, que é visualizada no amanhecer do dia 8 de abril.
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• O poeta é socorrido por Virgílio (70-19

a. C.), que será seu guia no percurso
pelos reinos do Inferno e do
Purgatório. Beatriz e, posteriormente,
São Bernardo, serão seus guias no
Paraíso.
O INFERNO
O reino da eterna expiação está dividido em Alto e Baixo Inferno e é constituído de nove círculos em forma
de patamares.
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• O Alto Inferno está situado fora da cidade de Dite, e nele são punidos os
pecados por Incontinência (Círculos I a V).
• Anteinferno – ignavos, tíbios e covardes. Aguilhoados por moscas e vespas. Ali
corre o rio Aqueronte, em cujas águas transita o barqueiro Caronte, que leva
os condenados para o círculo que lhes compete. (Celestino V).
• Limbo (Círculo I) – Almas de crianças mortas sem batismo e grandes figuras do
paganismo. Não há tormento. (Poetas da Antiguidade. Castelo na campina –
filósofos).
• Luxuriosos (Círculo II) – Arrastados pela ventania ( Francesca e Paolo).
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• Gulosos (Círculo III) Fustigados por chuva eterna e dilacerados pelas garras de
Cérbero (Ciacco – funestas previsões sobre Florença).
• Avaros e pródigos (Círculo IV) – Rolam enormes pesos. (Clérigos).
• Iracundos (Círculo V) − Mergulhados no Estige (Flégias. Filipo Argenti).
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• O Baixo Inferno está situado dentro da cidade de Dite, e nele são punidos os
pecados por violência, fraude e traição (Círculos VI a IX).
• Heréticos (Círculo VI) – Jazem em sepulcros inflamados (Farinata e Cavalcanti).
Previsão do exílio de Dante. Dante explica como é feita a distribuição dos
pecados no Inferno.
• Violentos (Círculo VII - três giros ou seções)
• Primeiro giro – Violentos contra o próximo (tiranos, assassinos, salteadores).
Submersos em sangue fervente. (Minotauro. Centauros. Flegetonte.
Alexandre, Dionísio, Átila) .
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• Segundo giro – Violentos contra si mesmos (suicidas transformados em

árvores; dissipadores – perseguidos e estraçalhados por cães ferozes.
(Harpias. Pier della Vigna).
• Terceiro giro – Violentos contra Deus, a natureza e as artes. Fustigados por
chuva de fogo (Capâneo, Bruneto Latino). Dante explica a origem dos rios do
Inferno: lágrimas vertidas pelo Velho de Creta.
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• Circulo VIII e suas dez valas (“bolgias”)

• Primeira vala –Rufiões e sedutores, açoitados por demônios (Jasão).
• Segunda vala – Aduladores, imersos em fezes (Taís).
• Terceira vala –Simoníacos, enterrados de cabeça para baixo, pés envolvidos
pelas chamas (Simão. Nicolau III).
• Quarta vala – Magos e adivinhos, rosto voltado para as costas (Anfiarau.
Tirésias. Aronta. Manto).
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• Quinta vala – Tráfico de cargos e influência, mergulhados num poço de

betume fervente (Ciampolo).
• Sexta vala – Hipócritas, revestidos de pesadas capas de chumbo (Frades
gaudentes.Caifaz).
• Sétima vala – Ladrões, transformados em serpentes (Vanni Fucci).
• Oitava vala – Conselheiros fraudulentos, ocultos em chamas (Ulisses e
Diomedes, Guido de Montefeltro).
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• Nona Vala – Semeadores de discórdia, golpes e mutilações a fio de espada

(Maomé, Pier de Medicina, Bertran de Born).
• Décima vala – Falsários de metais, de moedas, de pessoas e de palavras,
padecem de grave enfermidade. (Alquimistas, Grifolino de Arezzo, Capócchio).
• Poço dos gigantes. Anteu.
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• Círculo IX – quatro giros concêntricos. Traidores imersos no gelo.

• Caina – traidores dos parentes (Mascheroni, Alberto de Pazzi).
• Antenora – traidores da pátria (Ugolino).
• Toloméia – Traidores dos hóspedes. (Frei Alberigo, Branca d’Ória).
• Judeca – traidores dos benfeitores ( Lúcifer. Judas, Bruto e Cássio).
O PURGATÓRIO
A montanha do Purgatório está situada numa ilha, que é guardada por Catão de Útica, que, para não se submeter a Júlio
César, suicidou-se no ano 46 a. C. De símbolo da liberdade civil, Dante o converteu em símbolo das convicções morais e
religiosas.
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• O antepurgatório
• Mortos por excomunhão (Rei Manfredo).
• Indolentes, negligentes e omissos, almas recostadas à rocha (Belacqua).
• Almas que sofreram morte violenta (Jacó de Cassero, Bonconte de
Montefeltro, Pia de Siena).Fatos políticos da Itália. Sordelo de Mântua.
• Vale dos Príncipes negligentes, príncipes e reis absorvidos pelos prazeres e
cuidados mundanos ( Rei Rodolfo, Rei Felipe III...).
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• As sete cornijas
• Primeira cornija – Soberbos e orgulhosos. Curvados ao peso de imensas
pedras (Humberto Aldobrandesco, Oderísio de Gúbio, Provenzano Salvani).
• Segunda cornija – Invejosos. Pálpebras costurados por fios de arame (Sápia
Salvani, Guido del Duca).
• Terceira cornija – Iracundos. Nuvem de fumo. (Marco Lombardo).
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• Quarta cornija − acidiosos. Almas em correria (Abade de São Zeno, Verona).

• Quinta cornija – Avareza. Entendidos de bruços, com os olhos voltados para o
solo e pés e mãos atados (Papa Adriano V). O poeta Estácio explica violento
abalo ocorrido na Montanha.
• Sexta cornija − Gulosos . Padecem fome e sede (Forese Donati).
• Sétima cornija − Luxuriosos. Punidos pelo fogo (Guido Guinizelli, Arnaldo
Daniel). Os poetas atravessam as chamas.
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• Paraíso Terrestre. Encontro com Matelda. Encontro com Beatriz. Imersão no

Lete e no Enoé
O PARAÍSO
O Paraíso é a terceira e última parte da Comédia, Dante é guiado por Beatriz e, por último, por São Bernardo
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• É retratado como um conjunto de esferas concêntricas, que cercam a Terra

(centro), e giram uniformemente em torno dela, de acordo com o sistema de
Ptolomeu.
• Os céus mais próximos da Terra giram mais lentamente, havendo uma
gradação do nosso planeta até o Empíreo.
• Os céus são: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno, Estrelas Fixas,
Primo Mobile e Empíreo.
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• Os nove céus obedecem cada um a um princípio motor diferente. Cada céu é

movido por uma ordem de anjo, segundo a hierarquia teológica, e exerce
influência sobre as criaturas da Terra, segundo a ciência astrológica.
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• Os nove céus
• Céu de LUA− Anjos: protegem a vontade do indivíduo. Almas: votadas ao
bem, que se viram obrigadas a não cumprir integralmente os votos religiosos.
Personagens: Picarda Donati, Imperatriz Constança... Aparência das almas:
Imagens tenuamente luminosas que conservam traços e semelhanças
humanas.
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• CÉU DE MERCÚRIO − Arcanjos: encarregados de assuntos importantes.

Grandes empreendimentos. Almas: praticaram o bem movidas pelo desejo de
alcançar glória e fama. Personagens: Imperador Justiniano. Romeu de
Villanova. Aparência das almas: Espíritos esplêndidos que dançam e se
ofuscam no próprio esplendor.
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• CÉU DE VÊNUS – Principados: governam as potências terrenas. Almas:
sensíveis ao amor físico, mas que lograram obter salvação. Personagens:
Carlos Martel, Cunizza de Romano, Folco de Marcela. Aparência das almas:
Luzes que se movem mais ou menos rápidas de acordo com o grau de sua
visão de Deus.
• CÉU de SOL – Potestades: combatem na luta entre o bem e o mal. Almas: os
teólogos, os sábios. Personagens: Tomás de Aquino, Alberto Magno, Boécio,
Isidoro de Sevilha, Boaventura, Illuminato, Agostinho, Pedro de Espanha,
Natã... Aparência das Almas: Luzes que cantam e dançam e formam coroas
concêntricas.
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• CÉU DE MARTE – Virtudes: governam as grandes mudanças

históricas. Almas: morreram combatendo pela fé. Personagem:
Cacciaguida. Aparência das almas: pontos luminosos que formam
uma cruz em que lampeja Cristo.
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• CÉU de JÚPITER− Dominações: intermedeiam na Terra o poder de Deus no

tempo. Almas: príncipes virtuosos. Personagens: Davi, Imperador Trajano,
Ezequias, Imperador Constantino, Rei Guilherme II, troiano Rifeu. Aparência
das almas: Luzes que, ao cantar, formam as letras da escrita: DILIGITE
IUSTITIAM QUI IUDICATIS TERRAM (“Amai a justiça, ó vós que governais a
Terra”. Livro da Sabedoria). Depois se recolhem na letra M da última palavra
que se transforma, enquanto outras almas se juntam para formar uma águia
heráldica, símbolo do Império.
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• CÉU de SATURNO –Tronos: mediação da justiça de Deus entre o infinito e o
finito. Almas: espíritos contemplativos. Personagens: Monge Pedro Damião,
São Benedito. Aparência das almas: Do céu de Saturno se alça uma escada
para o Empíreo, ao longo da qual se apresentam os luminosos espíritos
contemplativos.
• CÉU DAS ESTRELAS FIXAS – Querubins: mediação da inteligência de Deus
entre o infinito e o finito. Almas: espíritos triunfantes. Alegoria do triunfo de
Cristo: Cristo, Maria, anjo Gabriel, santos do Velho e do Novo Testamento.
Personagens: São Pedro, São Tiago, São João Evangelista, Adão. Aparência das
almas: Luzes que ascendem do sol de Cristo; ao redor da mais luminosa, o
anjo Gabriel forma uma coroa de luz, cantando. Os beatos sobem ao Empíreo.
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• PRIMO MÓBILE – Serafins: mediação da caridade divina entre o finito e o

infinito. Os nove coros angélicos. Aparência das almas: nove círculos de luz
que se movem em variada velocidade ao redor de Deus.
• EMPÍREO − Todos os beatos e todos os anjos. Aparência das almas: Os beatos
aparecem como um círculo de luz entre duas margens luminosas. Forma-se A
Cândida Rosa, em cujo meio voam os anjos.
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• ALIGHIERI, Dante. Inferno. In: ______. A Divina Comédia. Trad. e notas de Ítalo Eugênio Mauro. Prefácio
de Carmelo Distante. 2.ed. São Paulo: Ed. 34, 2010.
• AUBERT, Eduardo Henrik. Vidas de Dante: Escritos biográficos dos séculos XIV e XV. Seleção, tradução,
introdução e notas de Eduardo Henrik Aubert. Cotia (SP): Ateliê Editorial, 2011.
• BONNELL, Robert. Dante, o grande iniciado: Uma mensagem para os tempos futuros. Trad. Fulvio
Lubisco. São Paulo: Madras, 2005.
• LEWIS, R.W.B. Dante. Trad. José Roberto O’ Shea. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. (Col. Breves biografias)
• REYNOLDS, Barbara. Dante: o poeta, o pensador político e o homem. Trad. Fátima Marques. Rio de
Janeiro: Record, 2011.
• STERZI, Eduardo. Por que ler Dante. São Paulo: Globo, 2008.
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