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CLARICE LISPECTOR
Bianca Cardoso Batista
Doutoranda em Letras da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Mestre em Letras da
mesma universidade. Graduada em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo,
também da UNISC. Bolsista de Mestrado e Doutorado pela CAPES. Santa Cruz do Sul – RS,
Brasil. E-mail: bianca_cb4@hotmail.com.
• Revisão bibliográfica;
• Conceito de autobiografia e de autoficção, com Serge Doubrovsky (1977),
Simon Harel (1992) e Diana Klinger (2007);
• Discussão sobre os tênues limites entre ficção e realidade, com Doubrovsky
(1977);
• Breve trajetória de Clarice Lispector;
• Interpretação dos textos “Felicidade Clandestina”, “Medo da Eternidade” e
“Dies Irae”, levando em consideração os conceitos abordados anteriormente.
AUTOBIOGRAFIA - PHILIPPE LEJEUNE
(1975)
• Propõe o modelo autobiográfico.
• “para que haja autobiografia é preciso que haja relação de identidade entre o autor, o
narrador e o personagem” (LEJEUNE, 2008, p.14). De acordo com sua perspectiva, ao criar
um nome fictício (ou seja, um nome distinto do autor) para uma personagem, este anula a
possibilidade de autobiografia, mesmo que o leitor tenha todas as razões (semelhanças, fatos
biográficos, informações) para acreditar que se trata da vida do autor da obra. Isso ocorre
tendo em vista de que, para Lejeune, a autobiografia, em primeiro lugar, exige que o escritor
assuma uma identidade na enunciação – o pacto autobiográfico (LEJEUNE, 2008, p.25).
• Embora a teoria elaborada por Lejeune não se identifique, particularmente, com o tipo de
narrativa apresentada neste artigo, visto que os textos de Clarice aqui interpretados, não são
por ela assumidos como autobiográficos (embora possam ter semelhanças com fatos de sua
trajetória), o conceito tem a finalidade de parâmetro comparativo para o conceito de
autoficção.
AUTOFICÇÃO - SERGE DOUBROVSKY (1977)
• Revisão bibliográfica;
• Interpretação dos textos a partir dos conceitos e das semelhanças com fatos
biográficos de Clarice.
FELICIDADE CLANDESTINA
• O título, que significa Dia de Ira, remete ao famoso hino, em latim, do século
XIII que, acredita-se, tenha sido escrito por Tomás de Celano. Seu uso
principal é dentro da liturgia do réquiem, como Sequência, na tradicional
missa católica para os mortos. A letra do hino revela um caos, assim como o
caos do texto de Clarice:
• “Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das
pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o
amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos
alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um
dom que o mundo não merece.” (1987, p.33, grifo meu)
• “Avisei a meus filhos que amanheci em cólera, e que eles não ligassem.
Mas eu quero ligar. Quereria fazer alguma coisa definitiva que rebentasse com o
tendão tenso que sustenta meu coração”. (1987, p.33, grifo meu)
• “Não, não tenho pena dos que morrem de fome. A ira é o que me toma. E
acho certo roubar para comer. – Acabo de ser interrompida pelo telefonema
de uma moça chamada Teresa que ficou muito contente de eu me lembrar dela.
Lembro-me: era uma desconhecida, que um dia apareceu no hospital, durante
os quase três meses onde passei para me salvar do incêndio. Ela se
sentara, ficara um pouco calada, falara um pouco. Depois fora embora. E agora
me telefonou para ser franca: que eu não escreva no jornal nada de
crônicas ou coisa parecida. Que ela e muitos querem que eu seja eu própria,
mesmo que remunerada para isso. Que muitos têm acesso a meus livros e que
me querem como sou no jornal mesmo.” (p.34, grifo meu)
• Primeira pessoa; tom de desabafo/confissão; semelhanças com a vida da autora;
CONSIDERAÇÕES FINAIS
MUITO OBRIGADA!
Não se preocupe em
entender, viver
ultrapassa qualquer
entendimento.