Вы находитесь на странице: 1из 53

“Ver aquilo que temos diante do nariz requer

uma luta constante”.

(George Orwell)
 O saber está marcadamente ligado
a interesses sociais, definidos aqui
como contraposições dialéticas.
Até mesmo acumular saber para
cultivar a ignorância é possível e
não raro sintomático.
 Muitos diriam que na televisão se
faz isso com incrível competência:
usam-se técnicas de comunicação
para cultivar o analfabetismo
político.
De um lado, pode-se tentar cotidianizar a
pesquisa, como processo normal de formação
histórica das pessoas e grupos, à medida que
significar também condição de domínio da
realidade que nos circunda.
De outro, a pesquisa poderia reintroduzir a
adequação entre teoria e prática.
 A formação científica toma-se
também formação educativa,
quando se funda no esforço
sistemático e inventivo de
elaboração própria, através da qual
se constrói um projeto de
emancipação social e se dialoga
criticamente com a realidade.
 Pesquisa pode significar condição de
consciência crítica e cabe como
componente necessário de toda
proposta emancipatória.

 Para não ser mero objeto de pressões


alheias, é mister encarar a realidade
com espírito crítico, tomando-a palco
de possível construção social
alternativa.

 Aí, já não se trata de copiar a


realidade, mas de reconstruí-la
conforme os nossos interesses e
esperanças.
O processo de pesquisa está quase sempre cercado de
ritos especiais, cujo acesso é reservado a poucos
iluminados. Fazem parte desses ritos especiais certa
trajetória acadêmica, domínio de sofisticações técnicas,
sobretudo de manejo estatístico e informático, mas
principalmente o destaque privilegiado no espaço
acadêmico: enquanto alguns somente pesquisam, a
maioria dá aulas, atende alunos, administra (DEMO,
1985).
A atividade básica da ciência é a pesquisa. Esta
afirmação pode estranhar, porque temos muitas vezes a
ideia de que a ciência se concentra na atividade de
transmitir conhecimento (docência) e de absorvê-la
(discência). Na verdade, tal atividade é subsequente.
Antes existe o fenômeno fundamental da geração do
conhecimento.

Pesquisa é a atividade científica pela qual descobrimos a


realidade. Partimos do pressuposto de que a realidade
não se desvenda na superfície. Não é o que aparenta à
primeira vista. Ademais, nossos esquemas explicativos
nunca esgotam a realidade, porque esta é mais
exuberante que aqueles. (DEMO, 1985).
“A ciência nasceu da desconfiança dos sentidos. Ela acredita
que a realidade é como uma mulher pudica acredita que
aquilo que a gente vê não é a verdade. Ela fica envergonhada
quando é vista através dos sentidos. Esconde-se deles.
Dissimula, Engana. A realidade, para ser vista em sua
maravilhosa nudez, só pode ser vista - pasmem! - com o
auxílio de palavras. As palavras são os olhos da ciência. [...]

A ciência, assim, pode ser descrita como um "strip-tease" da


realidade por meio de palavras. E o que é que a gente vê, ao
final do "strip-tease"? A gente vê uma linguagem... Quem
percebeu isso em primeiro lugar foram os filósofos gregos
que diziam que, lá no fundo de todas as coisas sensíveis se
encontra algo que pode ser visto apenas com os olhos da
razão. A essa "coisa" eles deram o nome de "Logos", que
quer dizer "palavra". (RUBEM ALVES – O QUE É CIENTÍFICO)
Em meio ás ciências sociais muito teorizantes,
fazem bem exigências específicas de tratamento
empírico da realidade, tomando-se como
aceitável aquilo que tem comprovação factual. É
comum, por exemplo, entre educadores a
ignorância em termos de manuseio de dados e
finanças, imaginando-se que a “dialética”
compensa facilmente tais lacunas. Ledo engano.
Uma coisa não substitui a outra.
 Quando o discente não é
um Professor –
Pesquisador o que
acontece?

 Cisão entre teoria e


prática, que pode levar ...
 Cultivo do distanciamento útil e
mesmo recaída na neutralidade
farsante, comodista e elitista;

 Contradição flagrante entre discurso


crítico, por vezes radical, e o
desvinculamento da prática,
replicando conservadorismo gritante;
 Apropriação do saber, que passa
sobretudo a manobra de acesso ao
poder, afastando-se da função de
transmissão socializada;

 Favorecimento da alienação
acadêmica no sentido de atividades
tão especulativas, que nunca se sabe
bem para que servem na prática,
principalmente no cotidiano das
pessoas e da sociedade. (DEMO, 2006.
p. 13)
 Como ator social, o pesquisador é
fenômeno político, que, na pesquisa, o
traduz sobretudo pelos interesses que
mobilizam os confrontos e pelos
interesses aos quais serve.

 Por isso vale dizer: sabemos mais o


que interessa. O que explica, em parte,
por que conhecemos muito mais como
não mudar, já que a produção de
conhecimentos está nas mãos dos
privilegiados.
 O desconforto pode ser gritante,
quando se descobre, por exemplo, que
a pesquisa social sobre pobreza
cresceu muito, mas nada tem a ver
com a sua debelação. É difícil, talvez
impossível, estabelecer uma
correlação positiva entre o
conhecimento da pobreza e o seu
enfrentamento prático, embora não
fosse impróprio constatar o inverso
(Habermas, 1982).
 Entender a pesquisa não só como
busca de conhecimento, mas
igualmente como atitude política. [...]

 Aí cabe a sofisticação técnica, como


cabe o seu cultivo especificamente
acadêmico, desde que não
desvinculado do ensino e da prática.
Mas deve caber ainda a sua
cotidianização, no espaço político de
instrumento de acesso ao poder, a
níveis críticos da consciência social, a
domínio tecnológico diante do dado
social e natural, a cultura própria.
Em termos cotidianos, pesquisa não é
ato isolado, intermitente, especial, mas
atitude processual de investigação
diante do desconhecido e dos limites
que a natureza e a sociedade nos
impõem.

Faz parte de toda prática, para não ser


ativista e fanática. Faz parte do
processo de informação, como
instrumento essencial para a
emancipação. Não só para ter, sobretudo
para ser, é mister saber.
 “Quem ensina carece pesquisar;
quem pesquisa carece ensinar.
Professor que apenas ensina jamais
o foi. Pesquisador que só pesquisa é
elitista explorador, privilegiado e
acomodado.” (DEMO, 2006. p. 14).
 “O novo mestre não é apenas o
magnata da ciência, o gênio
incomparável, o metodólogo
virtuoso, mas todo cidadão que
souber manejar a sua emancipação,
para não permanecer na condição
de objeto das pressões alheias.
Algo cotidiano, pois, como deve ser
cotidiana a emancipação, o projeto
próprio de ser sujeito na história. .”
(DEMO, 2006. p. 17).
 “Nada é mais degradante na
academia do que a cunhagem do
discípulo, domesticado para ouvir,
copiar, fazer provas e sobretudo
“colar”.” (DEMO, 2006. p. 17).

 “[...] aprender a criar. Um dos


instrumentos essenciais da criação
é a pesquisa. Nisto está o seu valor
também educativo, para além da
descoberta científica.” (DEMO,
2006. p. 18).
 “Para muitos pode parecer estranho
rejeitar que seja real apenas o que
se “vê”. Esta colocação tem grande
significado, pois denota, desde
logo, que não seria “realista”
prender a realidade a um único
parâmetro de pesquisa..” (DEMO,
2006. p. 19).
 “O pesquisador não somente é quem
sabe acumular dados mensurados,
mas sobretudo quem nunca desiste de
questionar a realidade, sabendo que
qualquer conhecimento é apenas
recorte.

 “O que se vê”, de modo geral, não é,


nem de longe, a parte principal e, na
consequência, o que está nos dados
muitas vezes é manifestação
secundária, ocasional, superficial.”
(DEMO, 2006. p. 20).
“Só acredite no que os seus olhos
vêem e seus ouvidos escutam. Não
acredite nem no que os seus olhos
vêem e seus ouvidos escutam. E
saiba que não acreditar ainda é
acreditar”.

 (Bertolt Brecht).
 “Metodologia científica é uma das
matérias mais estratégicas na
formação acadêmica, sobretudo na
direção da motivação à pesquisa.

 Todo projeto sério de pesquisa


contém em algum momento
discussão do método, pelo menos no
sentido barato de fases a serem
seguidas, possíveis resultados
colimados, autores que se pretende
ler, interpretar, rebater, superar.”
(DEMO, 2006. p. 24).
“Alguns tópicos da pesquisa
metodológica poderiam ser:

 Discussão crítica das metodologias


em uso: dialéticas, positivismos,
estruturalismos, empirismos,
sistemismo;
 Formação crítica e emancipatória de
espaço científico próprio;” (DEMO,
2006. p. 25 e 26).

Entre outras...
Descobrir e criar, seriam a mesma
coisa?

 Descobrir é dar sentido ao que já


existe. Ex: a gravidade, linguagem
de outro país e etc.,

 Criar é quando já se descobre algo


e se revoluciona de certa forma. Ex:
outras vertentes da gravidade,
equilíbrio da dialética.
 “Pesquisar é condição essencial do
descobrir e do criar.” (DEMO, 2006.
p. 32)
 “A pesquisa deve ser vista como processo
social que perpassa toda vida acadêmica e
penetra na medula do professor e do aluno.
Sem ela, não há como falar de
universidade, se a compreendermos como
descoberta e criação.
 Somente para ensinar, não se faz
necessária essa instituição e jamais se
deveria atribuir esse nome a entidades que
apenas oferecem aulas ...
 ... Ainda que esse tipo de oferta possa
existir em seu devido lugar, não pode ser
misturada com aquela instituição que
busca a sua principal razão de ser na
pesquisa.
 Na ciência, o primeiro princípio é
pesquisa.” (DEMO, 2006. p. 36).

A QUEM SERVE O DESMONTE DA CIÊNCIA E


EDUCAÇÃO NACIONAL?
 A visão alternativa de pesquisa seria
fermento apto a recolocar a universidade
no caminho das esperanças sociais nela
depositadas, o que exige criatividade,
intenso diálogo com a realidade,
disciplina e compromisso histórico
produtivo. (Idem, p. 46)
 A questão curricular: flagrante da função de
professor
- mero ensinar X mero aprender;

 A noção de professor precisa ser revista:


assim, vale perguntar: o que é ser
professor?

É pesquisador, socializador de
conhecimentos, o professor é sobretudo
motivador, alguém a serviço da emancipação
do aluno.
o Podemos colocar para o professor
exigências?

Nesse contexto podemos afirmar que somente


tem algo a ensinar quem pesquisa (DEMO,
2006, p. 49).
 É compreender que sem pesquisa não
há ensino. A ausência de pesquisa
degrada o ensino a patamares típicos
da reprodução imitativa.
 Se a pesquisa é a razão do ensino, vale
o reverso: o ensino é a razão da
pesquisa;
 O aluno leva para a vida não o que
decora, mas o que cria por si mesmo.
 Não se estuda só pra saber; estuda-se
também para atuar;
 A pesquisa, por ser não só
conhecimento mas sobretudo a sua
produção, precisa dialogar direto com
a realidade.

 Nem a teoria é maior, nem a prática.


 A didática típica é o rito arcaico da
aula discursiva, forjada na relação
depredada e enferrujada entre
alguém formalmente investido da
função de ensinar e um auditório
cativo, que deve apenas ouvir e
copiar.
 O aluno é a nova geração do professor, o
futuro mestre, não o lacaio que precisa
de cabresto.

 É preciso criar condições de criatividade,


via pesquisa, para construir soluções,
principalmente diante de problemas
novos.

 A função da aula é sobretudo a


motivação da pesquisa, motivar o aluno a
pesquisar.
 Educação, pesquisa e emancipação

“Emancipação quer dizer recuperar o


espaço próprio que os outros usurparam,
já que poder não é bem abundante
disponível, mas apropriado no contexto
do conflito social.”

(Demo, 2006, p. 80)


A libertação ocorre quando existe
uma tomada de consciência critica,
desvendando assim que a condição
histórica de um pobre não é sina,
mau jeito, azar, mas injustiça.
“É patente a relevância da educação
e da pesquisa para o processo
emancipatório.”

(Demo, 2006, p.81)


 Quando em um país a educação é
relegada a ser um dos piores
serviços públicos, acontece então
uma indignidade profissional.
 Ao criticar a importância da
educação é necessário saber que
ela tem limites. E para transforma-
la é necessário recriar o professor,
para que ele deixe de ser mero
reprodutor e torna-se um mestre.
“[...] é essencial impregnar a
convivência dos alunos com
estratégia de pesquisa, através das
quais são motivados a toda hora a
pelo menos digerir através de
exercícios pessoais.”

(Demo, 2006. p.87)


[...] “Mas não é menos essencial reclamar o outro
lado da prática, como prática da
cidadania, em cujo plano deve aparecer a
instrumentação científica na função de
embasamento da profissão como forma
de atuação social também. Indispensável é ser
técnico competente, como é indispensável ser
cidadão atuante e organizado, trazendo para o
bojo dessa cidadania a instrumentação
científica adequada”.
(DEMO, 2006, p. 100)
 A relação mútua é de necessária
complementaridade, porque a cidadania
que interessa é a competente, não
só em termos de organização política,
mas igualmente em
termos técnicos. Uma das expectativas
mais significativas
que a sociedade deposita na
universidade é a formação de
elite intelectual duplamente capaz: como
profissional científico
e como cidadão de vanguarda.
 Precisamos reconhecer, no realismo do dia-a-
dia que marca e limita pessoas e sociedades,
que criar já é o processo de digestão própria,
pelo menos a impressão de colorido pessoal
em algo retirado de outrem.
 Como dizia Belchior na música “Alucinação”...

 “Eu não estou interessado/ Em nenhuma


teoria/ Nem nessas coisas do oriente/
Romances astrais/ A minha alucinação/
É suportar o dia-a-dia/ E meu delírio/É a
experiência/ Com coisas reais.”
 Desafiar para criar;
 Ousar para construir novos
conhecimentos;
 Se emancipar;
 Se emancipar como processo
histórico de conquistas e formação
do sujeito capaz de se definir e de
ocupar espaço próprio , recusando
ser reduzido a objeto.
 QUE TAL PRÁTICAR UMA PESQUISA
COM CARÁTER DE PRÁTICA
CIDADÃ??

 Experimentar uma pesquisa que


reúna a dialética entre o Saber &
Mudar;

 VAMOS TENTAR?
 Pense em uma problemática de sua
cidade, bairro, região ou outro espaço
que conheça, frequente ou trabalhe;

 Elabore uma questão sobre a mesma;

 Reflita como você poderia realizar uma


pesquisa sobre tal problema, e em
seguida aponte os locais, instituições,
documentos ou pessoas (agentes) que
poderiam ser sondados ou pesquisados
para sua pesquisa;
 Agora reflita como você se aproximaria
de seu objeto de pesquisa, e dos
agentes que atuam sobre ele;

 Você consegue visualizar nesse objeto


e problema, e na compreensão mais
aprofundada dessa realidade uma
forma de mudança da mesma, ou de
resolução do problemas localizados?
 De acordo com o que você viu
nesse tópico responda essas
questões elaborando um esboço de
projeto de pesquisa.
 DEMO, P. Pesquisa: princípio cientifico e
educativo. 2. ed. São Paulo: Cortez,
2006.

Вам также может понравиться