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Aula 1 Aristóteles

Prof. Maria Dulce Reis

Metafísica:
a divisão dos saberes; a teoria das quatro
causas; a teoria do ser;
a crítica à teoria das formas de Platão.
• VIDA E OBRA. Aristóteles, proveniente da Macedônia (Estagira),
ingressa na Academia de Atenas em 367 a.C. e a frequenta por cerca de
20 anos. Após a morte de Platão, vai para Assos (Ásia Menor), depois
para Mitilene (ilha de Lesbos). Em 343 a.C. Filipe confia a Aristóteles a
missão de educar seu filho, Alexandre. É ainda preceptor de Alexandre
quando, em 338 a.C. os macedônios derrotam os gregos em Queronéia e
chega ao fim a autonomia das cidades-estados que caracterizara a Grécia
do período helênico. Volta a Atenas em 336 a.C. (quando Alexandre sobe
ao trono), fundando o Liceu e produzindo sua extensa obra. Das obras
exotéricas, destinadas à publicação, restaram apenas fragmentos. As
obras acromáticas, compostas para os discípulos, teriam sido organizadas
por Andrônico de Rodes (que dirigiu o Liceu no séc. I a.C.) como o
Corpus aristotelicum, composto de: os Tratados de lógica (Organon); a
Física; o Tratado da alma; a Metafísica; a Ética (a Nicômaco; a Eudemo);
a Política; A Retórica; a Poética.
• A DIVISÃO DOS SABERES. Aristóteles (Metafísica) faz uma classificação
dos vários tipos de conhecimento de acordo com sua finalidade: finalidade
prática (a Ética e a Política), finalidade produtiva (a Poética e a Retórica) ou
finalidade teórica (a Física, a Matemática, a Filosofia Primeira). A
finalidade prática da Ética e da Política é o ‘bem agir’. A finalidade produtiva
da Poética e da Retórica é o ‘fazer humano’, o ‘compor’, o ‘produzir’. A
finalidade teórica da Física, da Matemática e da Filosofia Primeira é o
‘conhecer’, isto é, ‘ter um conhecimento contemplativo, teórico’, ‘saber’. O
que ele chama de Física inclui a Biologia, a Astronomia e a Psicologia; o que
ele chama de Filosofia Primeira inclui a Teologia e faz um estudo dos
‘primeiros princípios’ dos seres, isto é, busca identificar a ‘substância’
(ousía) dos seres em sua plurivocidade. Aristóteles faz uma primeira divisão
entre várias ciências e não considera a Filosofia um conhecimento prático
como a Ética ou a Política, e, sim, contemplativo.
A DIVISÃO DOS SABERES

CONHECIMENTO

TEÓRICO
PRÁTICO PRODUTIVO (fim:o
(fim:o bem (fim:o fazer) conhecer)
agir)

Ética Política Poética Retórica Física Matem. Filosofia


Primeira
• A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS. Aristóteles (Metafísica) analisa
quantas e quais seriam as causas primeiras: aquilo que origina a existência
de algo, sua mudança e movimento, é sua causa eficiente, aquilo de que é
formado é causa material, suas propriedades constitutivas (forma ou
essência) constituem sua causa formal; seu propósito restringe-se à sua
causa final. Matéria e forma não bastam para explicar o devir, seu processo
de geração e corrupção, sendo necessário reconhecer a causalidade
eficiente e a causalidade final: aquilo de que provém a mudança e o
movimento (ex: o pai); a finalidade (o bem) das coisas e ações.
• Além dessas, também possuem o caráter de causa os movimentos do sol e
dos céus e o ‘1º motor’ imóvel, do qual trataremos mais adiante.

Obs: o autor G. Reale (1994, p.324 ss.) destaca que o princípio e causa da existência e
do conhecimento não será, na filosofia de Aristóteles, a forma do Bem (como o foi
em Platão); e sim, será o princípio inteligente, o Motor Imóvel (Metafísica, A7, 1072b
13s.), pensamento que pensa a si mesmo. O Bem não é causa formal, mas causa final
(finalidade) de todas as coisas (Ética a Nic. A1, 1094a3, Metaf A7, 1072b1).
• A TEORIA DO SER / A MULTIVOCIDADE DO SER / OS MÚLTIPLOS
SIGNIFICADOS DO SER. Aristóteles (Metafísica) no decorrer de toda essa
obra discute e teoriza sobre “o ser enquanto ser”. Opõe-se aos eleatas (o ser
unívoco) e aos platonistas (o ser transcendente). Considera que “o ser em si
e por si” equivaleria às próprias substâncias sensíveis e não-sensíveis, bem
como teoriza que o ser pode ser expresso de múltiplas maneiras:

“O ser se diz em múltiplos sentidos, mas todos em referência a um único princípio:


algumas coisas são ditas ser porque são substâncias, outras porque são afecções da
substância, outras porque são vias que levam à substância, ou porque são
corrupções ou privações, ou qualidades ou causas produtoras ou geradoras, seja da
substância, seja do que se refere à substância, ou porque são negações de algumas
dessas, ou negações da substância” (Metafísica, IV, 2, 1003 b 5-10)

• Quanto aos significados do ser, esse se diz tanto no sentido acidental (ex:
Sócrates é filósofo), como no sentido substancial, o que inclui substância e
categorias da substância - a essência, a quantidade, a relação, o agir, o local,
etc. - (ex: Sócrates é homem e está assentado). O ser também se diz como
juízo verdadeiro ou como juízo falso, bem como potência ou ato.
Aula Prof. Maria Dulce Reis

A crítica à teoria das formas inteligíveis de Platão

Aristóteles (384-322 a.C.) enumera uma série de críticas à Platão


e aos Platônicos, sobretudo no capítulo 9 do livro ‘alfa’ da
Metafísica. Rejeita o caráter transcendente das formas inteligíveis
platônicas (ideias separadas da natureza sensível) que produziria
uma espécie de duplicação do sensível; rejeita a gradação
qualitativa (graus de ser) do sensível ao inteligível, em que o grau
máximo de ser residiria nas Formas inteligíveis. Considera que tal
teoria das Formas não explica a realidade sensível (sua existência,
sua causalidade, seu movimento e mudança, etc.), que “o ser
enquanto é” inclui “tudo o que é na medida em que é”, ou seja,
substâncias (sensíveis e não sensíveis), e que o universal resulta
da operação mental de abstração, gerando um saber provável.
OS ARGUMENTOS CONTRA PLATÃO E OS PLATÔNICOS.
Conforme G. Reale, no 3º volume de seus comentários à Metafísica
de Aristóteles, no livro alfa da Metafísica, capítulo nove, pode-se
distinguir 26 argumentos de crítica a Platão e aos Platônicos, em
especial acerca da Teoria das Formas inteligíveis (ideias). Vale
destacarmos os 9 primeiros argumentos, nas palavras de Reale
(op.cit., p.66-81):
• Primeiro argumento: as Ideias não explicam, mas duplicam as coisas
que pretendem explicar.
• Segundo argumento: as provas a favor das Ideias provam muito
pouco ou demais.
• Terceiro argumento: crítica das provas ‘mais rigorosas’ aduzidas
pelos Platônicos em favor das Ideias. [Argumento do “3º homem”]
• Quarto argumento: incompatibilidade da teoria das Ideias com a
teoria dos princípios primeiros.
OS ARGUMENTOS CONTRA PLATÃO E OS PLATÔNICOS.
• Quinto argumento: a teoria das Ideias implicaria a existência não só
de Ideias das substâncias como, ao contrário, se sustenta.
• Sexto argumento: as Ideias dos Platônicos não servem para a
explicação nem do ser das coisas nem do conhecimento delas.
• Sétimo argumento: os Platônicos apresentam nexos aporéticos entre
as Ideias e as coisas.
• Oitavo argumento: a inutilidade das Ideias dos Platônicos e a
questão das Ideias dos ‘artefacta’.
• Nono argumento: os Números ideais e as Ideias-números não podem
ser causas das coisas.
Para uma compreensão de cada um desses argumentos, deve-se retomar
o próprio capítulo 9 da Metafísica, bem como os estudos a respeito.
Sugestão de estudo: a ampla explicação de cada um dos 26
argumentos feita pelo autor de Reale (op.cit., p.66-81), bem como o
capítulo de Zingano (2008. V.3, p.12-53).
SÍNTESE DOS COMENTÁRIOS DE ZINGANO (2008):
Como esclarece Zingano (2008, p.16), Aristóteles rejeita que haja graus de
realidade (reduzidos às Formas inteligíveis que comportariam grau máximo
de ser), pois “para Aristóteles o ser é multívoco, ele se dá originalmente em
diferentes tipos, irredutíveis uns aos outros ou a algo fora deles. Esta
multivocidade do ser é sua refração irrevogável; não há como reduzir tudo o
que é a um tipo só” (p.16). Contudo, “Aristóteles nunca diz que o ser é ou
existe de muitos modos... ele escreve sempre que o ser se diz de muitos
modos. A refração do ser se opera mediante sua enunciação... [em
categorias]” (p.17).
Aristóteles lista quais seriam essas categorias de modo diferente em suas
obras (Categorias, Tópicos, Segundos Analíticos, Metafísica), mas esse
número é limitado. Toda qualidade está em uma substância, mas cada
categoria é irredutível às outras, inclusive irredutível à categoria da
substância.
Aristóteles trata de substâncias sensíveis e não sensíveis. O “primeiro motor de
tudo” é substância não sensível. Ato puro, substância imóvel, não sofre nenhuma
mudança, é separada de qualquer matéria. Para Zingano (idem, p.27), Aristóteles
não possui uma doutrina comum a esta substância não sensível e às substâncias
sensíveis (exceto a presença do domínio da forma em ambas).
Para Zingano, a solução para a refração do ser foi aplicar a “relação focal” ao ser,
domesticando a dispersão originária das categorias. “Nenhuma categoria,
incluindo a substância, é o ser inteiro, mas todas elas fazem referência a uma
dentre elas, a substância, que passa então a funcionar como ponto focal de
referência” (Zingano, 2008, p.32).
No entanto, quanto ao “1º motor”, “o ser primeiro” (Metafísica XII), este faz
convergir a metafísica aristotélica (de uma ontologia) a uma teologia, e sua relação
com as substâncias sensíveis é pouco explicada, exceto que ele é causa última de
todo o universo, o que é interpretado pelos estudiosos do texto de Aristóteles de
diversas maneiras.
SÍNTESE DA EXPOSIÇÃO DE Pe. IBRAIM VITOR:
• A chamada ‘crítica do 3º homem’: Se todo elemento comum a várias coisas é
elevado ao nível de substância separada, o que é comum ao homem sensível e
ao homem em si produziria um ‘terceiro homem’. Por sua vez, o que é comum
ao ‘terceiro homem’ e ao homem em si e ao homem sensível, produziria um
‘quarto homem’, e assim ao infinito. (Metafísica, I, 9; 7)
• O universal e o sensível: Para Aristóteles, Platão teria postulado formas
universais, mas, afirma Aristóteles, a substância não deve ser um universal, ela
está nas coisas individuais (do contrário, estaríamos multiplicando as formas
inteligíveis). O universal em si não explica as diferenças sensíveis.
• O movimento, o corromper, o mudar, etc.: Como postular uma forma inteligível
daquilo que resulta de um movimento? Platão não teria respondido
satisfatoriamente a essa questão. Para Aristóteles, o ‘em si’ está na realidade
mutável. Também os platônicos não admitem a forma inteligível de ‘relação’.
• Não há um único modo de dizer o ser. O gênero é universal, mas não é ‘em si e
por si’, ele resulta da abstração, a mente humana universaliza o que é comum,
depois que conhece coisas que têm algo de comum.
A CRÍTICA À FORMA INTELIGÍVEL DO BEM NA ÉTICA A
NICÔMACO. Na Ética a Nicômaco (L.I, cap.6,1096 a15- b5), Aristóteles
justifica que a Forma inteligível do bem (Platão) não pode ser um universal
e que a generalidade das manifestações do bem não pode corresponder a
uma forma única:
“o termo ‘bem’ é usado igualmente nas categorias de substância, de
qualidade e de relação, e o que existe por si, ou seja, a substância, é anterior
por natureza ao relativo; não poderia então haver uma forma comum a
ambos estes bens. Ademais, já que o termo ‘bem’ tem tantas acepções
quanto ‘ser’ (...), ele não pode ser algo universal, presente em todos os casos
e único, pois então ele não poderia ter sido predicado de todas as categorias,
mas somente de uma. (...) Ou nada além da forma do bem é bom em si?
Neste caso, a forma seria inútil. Mas se as coisas mencionadas são também
coisas boas em si, a noção do bem apareceria como algo idêntico em todas
elas, da mesma forma que a noção da brancura é idêntica na neve e numa
tinta branca. Mas em relação a honrarias, inteligência, e prazer, em sua
qualidade de coisas boas, as noções são distintas e diferentes. O bem,
portanto, não é uma generalidade correspondente a uma forma única”.
• Explicação da passagem: Ética a Nicômaco (L.I, cap.6,1096 a15-
b5):

• “o termo ‘bem’ é usado igualmente nas categorias de substância,


de qualidade e de relação, e o que existe por si, ou seja, a
substância, é anterior por natureza ao relativo; não poderia então
haver uma forma comum a ambos estes bens.

• Explicação: Não há uma forma comum a todos esses bens: aquele


que se refere à substância, àquele que se refere à qualidade, àquele
que se refere à relação.
• Explicação da passagem Ética a Nicômaco (L.I, cap.6,1096 a15-
b5):

• “Ademais, já que o termo ‘bem’ tem tantas acepções quanto ‘ser’


(...), ele não pode ser algo universal, presente em todos os casos e
único, pois então ele não poderia ter sido predicado de todas as
categorias, mas somente de uma. (...) Ou nada além da forma do
bem é bom em si? Neste caso, a forma seria inútil.

• Explicação: O bem não pode ser algo universal e único, pq aí ele


seria predicado somente de uma categoria. E o que ocorre é que o
bem pode ser predicado de várias categorias.
• Explicação da passagem Ética a Nicôm (L.I, cap.6,1096 a15- b5):

• Mas se as coisas mencionadas são também coisas boas em si, a


noção do bem apareceria como algo idêntico em todas elas, da
mesma forma que a noção da brancura é idêntica na neve e numa
tinta branca. Mas em relação a honrarias, inteligência, e prazer,
em sua qualidade de coisas boas, as noções são distintas e
diferentes. O bem, portanto, não é uma generalidade
correspondente a uma forma única”.

• Explicação: Como predicado de várias categorias, contudo, o bem


não é o mesmo em todas elas (já a brancura é a mesma na neve e
na tinta branca). O bem não é uma generalidade correspondente a
uma forma única. O bem predicado das honrarias é distinto do bem
predicado da inteligência, e esses são distintos do bem predicado
do prazer.
Referências Bibliográficas:

• ARISTÓTELES. Metafísica. Ensaio introdutório, texto grego com


tradução e comentário de Giovanni Reale. Tradução de Marcelo Perine.
Vol.1: Ensaio Introdutório. Vol.3: Sumário e Comentários. S.P.: Edições
Loyola. 2001.
• BERTI, Enrico. As Razões de Aristóteles. S.P.: Edições Loyola, 1998.
• REALE, G. História da Filosofia Antiga. S.P.: Edições Loyola, 1994.
V.2.
• ZINGANO, Marco. A Metafísica de Aristóteles. In: FIGUEIREDO,
Vinícius de. (Org.) Filósofos na sala-de-aula (Vol.3). S.P.:
Berlendis&Vertecchia, 2008. V.3, p.12-53.
A presente aula foi elaborada pela prof. Maria Dulce Reis como material didático para os alunos
de História da Filosofia Antiga do Curso de Filosofia da PucMinas manhã.
Seu uso restringe-se à sala de aula, sendo proibida a reprodução
ou a cópia de parte do texto deste arquivo ou de sua totalidade.

Ao fazer uma pesquisa sobre o tema da aula, consulte a bibliografia básica


e a bibliografia complementar da disciplina, constantes no plano de ensino e em arquivos do SGA.

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