vem sendo desenvolvida via modelo reducionista, mecânico, devido ao fato de a atividade ter sido ministrada por militares, ex-militares, ex- nadadores e técnicos da modalidade. Uma nova visão começou a se estabelecer no Brasil em meados dos anos 60, quando o professor David C. Machado publicou um dos primeiros livros sobre natação, “Metodologia da Natação”, incluindo a adaptação ao meio líquido, até então, ignorada, como o fator preponderante para a aprendizagem da natação. INÍCIO DO APRENDIZADO
O autor enfatiza três correntes da pedagogia das
atividades aquáticas: A concepção global (mais antiga de todas, sem preocupação com o método, ou seja, o aprender algo estaria ligado ao próprio instinto de sobrevivência do ser humano). A concepção analítica, tendo como definição que é necessário somente executar movimentos que façam progredir na água. A concepção sintética, que apoia-se na corrente psicológica da Gestalt, partindo do “todo” para as “partes”. Qual é o princípio básico da Gestalt? Em termos mais gerais, é o conjunto de identidades físicas, biológicas, fisiológicas ou simbólicas que juntas formam um conceito, padrão ou configuração unificado que é maior que a soma de suas partes, ou seja, o princípio básico da teoria gestaltista é que o inteiro é interpretado de maneira diferente que a soma de suas partes. INÍCIO DO APRENDIZADO
Vários são os métodos de aprendizagem usados
hoje na natação. Poderíamos citar alguns como, por exemplo, o método desenvolvido por Thorndike do “erro e do acerto”, método por “aproximações sucessivas”, aprendizagem através da “resposta condicionada” desenvolvido por Pavlov, todos desenvolvidos a partir da aprendizagem através da Gestalt, partindo do movimento global. INÍCIO DO APRENDIZADO No ensino das atividades aquáticas deve-se dar atenção na descrição dos movimentos segundo as percepções e sensações dos alunos (Counsilman, 1980). Nesta perspectiva, a aprendizagem das habilidades aquáticas, mais especificamente a fase de familiarização a este meio(aquático), deve promover o auto-conhecimento, auto-domínio e construção da própria imagem do indivíduo praticante com relação ao meio líquido, atingindo uma verdadeira autonomia pessoal, passível de transferência para outros segmentos e dimensões da vida humana. O professor deve valorizar as experiências de seus alunos orientando de forma que estes desenvolvam sua percepção (Sato apud Cenni, 1993). INÍCIO DO APRENDIZADO As percepções são elementos importantes no controle motor. No movimento humano, o feedback proprioceptivo é a informação aferente enviada pelos vários receptores sensoriais para o centro de controle com a finalidade de mantê-lo constantemente atualizado sobre as posições em que o movimento está sendo realizado. Assim, a propriocepção é uma fonte importante de feedback, quando a ação se encontra sob o controle de circuito fechado (Magill, 2000). O que é propriocepção? Cinestesia também denominada como Propriocepção, é o termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas. Resulta da interação das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno. Os proprioceptores localizam-se nos músculos, tendões, articulações e órgãos internos, e sua função é informar o sistema nervoso central sobre a posição dos braços, das pernas e da cabeça em relação ao resto do corpo. INÍCIO DO APRENDIZADO Considerando a abordagem da percepção/ação que considera que há uma inter-relação entre o sistema perceptivo e o sistema motor, o ensino de habilidades motoras deve levar em consideração estes dois aspectos para que o aprendizado seja efetivo. Assim, para que haja o movimento coordenado, o indivíduo precisa perceber as exigências da tarefa e do meio em que está sendo realizado o movimento, relacionando-o com as características de seu próprio corpo (Haywood e Getchell, 2004). INÍCIO DO APRENDIZADO
No meio líquido, as percepções de equilíbrio, de
orientação do corpo, de movimento dos membros em relação ao tronco são diferenciadas. Estas informações perceptivas permitem orientar e tomar consciência da posição do próprio corpo e por conseguinte das atitudes motoras. A propriocepção exerce um papel fundamental no controle motor, especialmente nas atividades de natação, através dela, o indivíduo está permanentemente sendo informado sobre a situação de seus segmentos, a natureza dos deslocamentos, direção e velocidade (Leiria, 1995). INÍCIO DO APRENDIZADO
O primeiro passo para o aprendizado das
habilidades aquáticas se constitui na familiarização ao meio líquido. Este processo, de acordo com Sarmento (1982), Krug (1985), Cateau e Garoff (1988), Palmer (1990) e Velasco (1994) é uma importante fase da aprendizagem aquática. Nesse período que o aprendiz explora o novo meio buscando segurança, autonomia e também uma relação afetiva com o ambiente que se está inserindo, sendo que um bom processo de familiarização irá influenciar no sucesso e continuidade da prática aquática. ELEMENTOS DA FAMILIARIZAÇÃO AO MEIO LIQUIDO.
INTRODUCÃO DO ROSTO NA ÁGUA
RESPIRAÇÃO EQUILÍBRIO E FLUTUAÇÃO DECÚBITO DORSAL EQUILÍBRIO E FLUTUAÇÃO DECÚBITO VENTRAL PROPULÇÃO ou DESLOCAMENTO INÍCIO DO APRENDIZADO Velasco (1994) coloca que a fase de familiarização ao meio líquido pode ser iniciada pelo contato com o rosto na água e pelo controle do fluxo respiratório. O aluno deve ser preparado para realizar a imersão sem nenhuma dificuldade. Além disso, outro elemento importante nesta fase é o processo de flutuação, esse elemento possibilitará ao aluno experimentar uma nova posição de seu corpo na água, além da oportunidade de sentir a densidade da mesma e perceber que o seu corpo torna-se mais leve quando dentro dela; a sustentação é uma etapa que ocorrerá naturalmente através do domínio em relação aos movimentos e equilíbrio do corpo na água. Após o aluno ter vencido todas estas etapas, apresentará condições necessárias para iniciar a propulsão de pernas e braços, e conseqüentemente os movimentos adequados para cada nado. INÍCIO DO APRENDIZADO - DIFICULDADES Os indivíduos apresentam maiores dificuldades nas atividades que envolvem tanto o equilíbrio estático quanto o dinâmico no meio líquido quando comparados com a questão da introdução no rosto na água. Segundo Cateau e Garoff (1988), durante o processo de familiarização deve-se atentar às questões de equilíbrio que são adquiridos progressivamente de modo a preservar constantemente a possibilidade de retorno à posição vertical. Normalmente, no início o executante adota de forma instintiva a posição ventral, já que voltar a posição inicial é mais simples, além de permitir uma maior mobilização dos membros para a tomada de apoios motores. INÍCIO DO APRENDIZADO No meio aquático, tal como no meio terrestre, a aquisição de habilidades motoras mais complexas e específicas depende da prévia aquisição, apropriação e domínio de habilidades mais simples. Conseqüentemente, Langendorfer e Bruya (1995), sugerem a adaptação do modelo de desenvolvimento das habilidades motoras proposto por Gallahue (1982), para as atividades realizadas no meio aquático. A representação esquemática da adaptação do modelo de Gallahue (1982), proposto por Langendorfer e Bruya (1995). INÍCIO DO APRENDIZADO Assim, a aquisição das habilidades aquáticas básicas terá como objetivo: (1) promover a familiarização do sujeito com o meio aquático (Catteau e Garoff, 1988; Mota, 1990; Carvalho, 1994; Navarro, 1995; Crespo e Sanchez, 1998; Moreno e Sanmartín, 1998); (2) promover a criação de autonomia no meio aquático (Catteau e Garoff, 1988; Mota, 1990; Carvalho, 1994; Crespo e Sanchez, 1998; Moreno e Sanmartín, 1998); (3) criar as bases para posteriormente aprender habilidades motoras aquáticas específicas (Langendorfer e Bruya, 1995; Crespo e Sanchez, 1998; Moreno e Sanmartín, 1998).