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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA


PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS E SABERES NA
AMAZÔNIA

A CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO SEXUAL INFANTIL EM “O CADERNO


ROSA DE LORI LAMBY”, DE HILDA HILST E “JOGOS INFANTIS”, DE
HAROLDO MARANHÃO

Antonia Naiane Ribeiro da Silva


Orientador: Dr. Luis Junior Costa Saraiva
INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca realizar uma análise comparatista das obras “O caderno
rosa de Lori Lamby”, de Hilda Hilst e “Jogos infantis”, de Haroldo Maranhão”,
objetivando aventar a respeito da sexualidade infantil e de como ocorre a
construção do imaginário sexual infantil nas devidas literaturas, partindo da
hipótese de que o fio condutor das narrativas é a imaginação sexual das
personagens, que criam um mundo à parte a partir do que vivenciam.
OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral


Analisar o diálogo do imaginário sexual infantil nas obras Jogos infantis, de Haroldo
Maranhão e O caderno rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst.
2.2. Objetivos específicos
Compreender como cada autor utiliza a linguagem para a construção de seu
discurso;
Averiguar o impacto que seus discursos literários geraram quando foram expostos;
Levantar discussões em torno da sexualidade infantil na literatura brasileira;
Refletir sobre a importância das obras para a sociedade;
Evidenciar o imaginário sexual das personagens das obras;
METODOLOGIA

O método que será utilizado no presente trabalho será qualitativo e de caráter


comparatista. Este, para Carvalhal (2006), consiste na análise das relações
existentes entre duas ou mais literaturas. Vale-se, aliás, da interdisciplinaridade, da
intertextualidade e de uma pesquisa bibliográfica para elucidar as questões
levantadas. Claudon e Haddad-Wotling (1992) defendem que o estudo comparado,
antes de tudo, exige que o pesquisador realize um percurso triangular, que envolve
encontrar um denominador comum, resituar os textos em relação a um eixo de
referência e verificar a existência de um ponto focal.
ANÁLISE

Tanto Lori Lamby quanto as personagens de “Jogos Infantis” constroem um mundo


à parte com base nos contextos sexuais com os quais têm contato. No entanto,
essas construções sexuais imaginárias pertencem a uma lógica própria da infância
que, inclusive, se difere da de um adulto.

em cada período do desenvolvimento da infância, a imaginação criativa elabora de


um modo particular, de acordo com o estádio de desenvolvimento em que a criança
se encontra. Vimos que a imaginação depende da experiência e que a experiência
da criança se vai estruturando e crescendo lentamente, sendo portadora de
características específicas profundas que a distinguem da experiência do adulto.
(VYGOTSKY, 2012, p. 57)
Quando, por exemplo, Lori constrói suas histórias eróticas, ainda que demonstre
um certo desconhecimento acerca da sexualidade, ela é capaz de sentir prazer
apenas a partir das suposições feitas sobre o que seja aquilo que leu nas revistas de
seu pai, como no caso do sexo oral. A personagem desconhecia tal prática, mas
pelo que leu, aquilo era muito bom, então ela passa a se imaginar realizando tal
prática e acaba sentindo prazer naquilo.

Eu gostei bastante de brincar de medo. Depois ele quis ficar lambendo bastante a
minha coisinha, ele disse que era uma vaca lambendo o filhotinho dela e lambeu
com a língua tão grande que eu comecei a fazer xixi de tão gostoso. Tio Abel lambia
com xixi e tudo e eu disse que estava com tontura de tão bom, e também que agora
estava ardendo e ficando inchada a minha xixoquinha. (HILST, 1990, p. 28)
Na obra de Maranhão não é diferente, seus personagens apesar de demonstrarem
uma certa imaturidade ou desconhecimento acerca da sexualidade conseguem
criar representações do que seja a sexualidade alcançando até mesmo o orgasmo,
é o que se observa no conto “Os três mosqueteiros”. Nessa narrativa, três amigos
idealizam um “concurso” baseado em quem espirrava mais longe o esperma, para
se excitarem, os meninos começam a ter pensamentos libertinos com mulheres
que conheciam.

Nós estivemos pensando, mas a ideia vencedora foi do Sabino, que disse a coisa
mais certa da sua vida: “Olha, pessoal, cada um pense na sua. Já sei qual a minha,
mas não digo. Duvido que haja bundão melhor que o da minha. Só a bunda, se eu
dissesse, ganhava o campeonato. Quem começa? Tu começa, Pedrão?”
(MARANHÃO, 1986, p. 68)
É instrutivo que a criança, sob a influência da sedução, possa torna-se perversa
polimorfa e ser induzida a todas as transgressões possíveis. Isso mostra que traz
em sua disposição a aptidão para elas; por isso sua execução encontra pouca
resistência, já que conforme a idade da criança, os diques anímicos contra os
excessos sexuais – a vergonha, o asco e a moral – ainda não foram erigidos ou
estão em processo de construção. (FREUD, 2002, p. 98)
CONCLUSÃO

Portanto, com base no trabalho em questão, entende-se que a sexualidade está


para além de uma inscrição natural como comumente se defende. O corpo e a
forma com que os desejos são manifestados é resultado de institucionalizações
socias baseadas em interesses previamente estabelecidos. Assim, a infância tem
sido tão pressionada não pela ausência de uma sexualidade, mas por representar
uma fase mais propícia para uma suposta domesticação dos corpos, porquanto, já
desde a tenra idade, é comprovado que as crianças vivenciam situações que lhes
geram prazer, e que estão ligadas à sexualidade, mas que essas experiências
possuem uma intencionalidade ou finalidade diferente da de um adulto.
REFERÊNCIAS
HILST, Hilda. O caderno rosa de Lori Lamby. 2. ed. São Paulo: Massao Ohno Editor,
1990.
CARVALHAL, Tania Franco. Literatura Comparada. 4. ed. rev. e ampliada, São Paulo:
Ática. 2006.
CLAUDON, Francis; HADDAD-WOTLIG, Karen. Elementos de Literatura Comparada:
Teorias e métodos da Abordagem Comparatista. Tradução de Luís Serrão. Portugal:
Editorial Inquérito, 1992.
FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago
Editora, 2002.
MARANHÃO, Haroldo. Jogos Infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986.
VYGOTSKY, Lev. Imaginação e criatividade na infância: ensaio de psicologia.
Tradução de João Pedro Fróis. Portugal: Dinalivro, 2012.

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