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Direito Civil – Parte Geral

DO REGISTRO PÚBLICO
(ART. 9º e 10º CC)

Prof. Glauber Coelho Carvalho


Registro Público
Art. 9o Serão registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do
juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte
presumida.
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do
casamento, o divórcio, a separação judicial e o
restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou
reconhecerem a filiação.
Registro Público
A utilidade do registro é importantíssima, pois o instituto
fixa a condição jurídica do homem, em seu próprio
interesse, de sua família, da sociedade e do Estado.

Em várias oportunidades já nos referimos à Lei no


6.015/73, a Lei dos Registros Públicos.

O art. 1o dessa lei explica a finalidade do Registro


Público, ao dizer: "Os serviços concernentes aos
Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil
para autenticidade, segurança e eficácia dos atos
jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta
lei.
O registro civil produz três efeitos jurídicos:

•Constitutivos: existência do direito

•Comprobatórios: comprovação da existência e a


veracidade do ato

•Publicitários: o ato deve ser conhecido por quem


quer que tenha interesse ou não
§ 1o Os Registros referidos neste artigo são os seguintes:
I - o registro civil de pessoas naturais;
II - o registro civil de pessoas jurídicas;
III - o registro de títulos e documentos;
IV - o registro de imóveis.

§ 2o Os demais registros reger-se-ão por leis próprias."

O CC nos artigos 9º e 10º faz referencia ao registro


público de questões relacionadas às pessoas naturais.

O artigo 9º determina o registro do nascimento, do


casamento e óbito, assim como a emancipação
voluntária, por outorga dos pais e judicial, nos casos de
tutela.
۩. Nascimentos

De acordo com o art. 50 da Lei de Registros Públicos, todo


nascimento deve ser dado a registro, no lugar em que tiver
ocorrido o parto, dentro do prazo de 15 dias, ampliando-se até
três meses para os locais distantes mais de 30 km da sede do
cartório.

Nos termos do art. 1.604 do Código Civil, ninguém pode


vindicar estado contrário ao que resulta do registro de
nascimento, salvo provando-se erro ou sua falsidade. A filiação é
provada pela certidão do termo de nascimento (art. 1.603 do
CC), decorrendo daí a obrigatoriedade do registro do
nascimento e a imposição de multas para o não-cumprimento.
O art. 52 da Lei dos Registros Públicos, por sua vez, determina que
são obrigados a fazer a declaração de nascimento: o pai; em falta ou
impedimento do pai, a mãe, sendo nesse caso o prazo para declaração
prorrogado por 45 dias; no impedimento de ambos, o parente mais
próximo, sendo maior e achando-se presente; em falta ou impedimento
do parente referido, os administradores de hospitais ou os médicos e
parteiras que tiverem assistido o parto; ou pessoa idônea da casa em que
ocorrer, sendo fora da residência da mãe; finalmente, as pessoas
encarregadas da guarda do menor.

O § 1o do citado artigo dispõe que, quando o oficial do registro


tiver motivo de dúvida da declaração, poderá ir à casa do recém-nascido
verificar sua existência, ou exigir atestado médico ou parteira que tiver
assistido o parto, ou o testemunho de duas pessoas que não forem os pais
e tiverem visto o recém-nascido.

Existe, portanto, uma gradação, uma ordem de pessoas obrigadas


a fazer a declaração de nascimento.
Se ocorrer erro no registro de nascimento, atribuindo-se pais
diferentes, ou sexo diverso, por exemplo, é indispensável a retificação, por
via judicial.

O dispositivo do art. 52 não prevê penalidade para a obrigação, mas


o art. 46 da mesma lei dispõe que as declarações de nascimento feitas fora
do prazo só serão registradas mediante despacho do juiz e recolhimento de
multa de um décimo do salário mínimo da região, sem estabelecer
penalidade para a pessoa que deixa de fazer a declaração.

O art. 54 da mencionada lei diz quais os requisitos essenciais do


assento de nascimento, colocando entre eles, no IV, o nome e o prenome,
que forem postos à criança.
۩. Óbitos

A morte deve ser atestada por médico, se houver no local


(art. 77 da Lei dos Registros Públicos). Se não houver, deve ser
atestada por duas pessoas qualificadas que a tiverem
presenciado ou verificado.

O registro do óbito é regulado pelos arts. 77 a 88 da Lei dos


Registros Públicos.

O sepultamento sem assento de óbito prévio é admitido por


exceção, quando não houver possibilidade de se efetuar dentro
de 24 horas do falecimento, pela distância ou outro motivo
relevante. Nesse caso, a lei recomenda urgência no registro, que
deve ser feito dentro de 15 dias, prazo ampliado para três meses
para lugares distantes mais de 30 km da sede do cartório. A lei
prevê as hipóteses comuns no interior do país, com dimensões
continentais.

As pessoas obrigadas a declarar o óbito vêm discriminadas


no art. 79 e o conteúdo do assento é estatuído no art. 80.
Não só no tocante ao nascimento, como também ao óbito
ou com referência a qualquer erro constante dos registros
públicos, sempre deve ser feita a retificação mediante
autorização judicial.

Quanto à justificação de óbito de pessoas desaparecidas


em acidentes ou tragédias (art. 88 da LRP), já nos referimos
anteriormente.
۩. Emancipação, Interdição e Ausência

A emancipação, concedida pelos pais ou por


sentença do juiz, de acordo com o art. 5º do Código,
deverá ser também inscrita no registro público (art. 89
da Lei dos Registros Públicos).
۩. Averbação e Anotações

Todos esses registros são inscritos no Registro Civil. A


inscrição é o registro básico, mas pode vir a sofrer alterações,
como, por exemplo, um reconhecimento de filiação.

Tais alterações são procedidas mediante averbações nos


assentos, a sua margem. As averbações são, portanto,
complemento do registro e vêm reguladas pelos arts. 97 a 105 da
Lei dos Registros Públicos, que explicitam o modo pelo qual tais
averbações devem ser feitas.

A averbação é, pois, um registro feito à margem do assento


ou, não havendo espaço, no livro próprio, corrente, com notas e
remissões que facilitem a busca dos dados. Para qualquer
averbação do Registro Civil é indispensável a audiência do
Ministério Público. Em caso de dúvida, a solução é entregue ao
juiz.
Além das averbações, o oficial do registro deve proceder a
anotações (arts. 106 a 108 da Lei dos Registros Públicos), que são
remissões feitas nos livros de registro para facilitar a busca e favorecer a
interligação dos diversos fatos acontecidos na vida do indivíduo.

Por exemplo, o art. 107 determina que deverá ser anotado, com
remissões recíprocas, o óbito, nos assentos de casamento e nascimento,
e o casamento deve ser anotado no registro de nascimento.
Direito Civil – Parte Geral

Dos Diretos da Personalidade


(ART. 11 a 21 CC)

Prof. Glauber Coelho Carvalho


❑ Constituição Federal:

A dignidade da pessoa humana foi erigido como


fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, III,
CF).
A dignidade não é criação da ordem constitucional,
apenas por ela é tutelada.

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA REMONTA A ORIGENS


FILOSÓFICAS, COM A CONHECIDA COLABORAÇÃO DE
IMMANUEL KANT QUE DEFINIA O HOMEM COMO UM FIM EM
SI MESMO.

Na verdade, a dignidade da pessoa humana não possui


um conceito pronto, acabado, em razão da sua
plasticidade, abertura e porosidade, uma vez que o que se
mostra necessário para ter uma vida digna na relações
privadas vai se alterando e se construindo cotidianamente.
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Assim, o conceito de dignidade da pessoa humana
se enquadra no mesmo raciocínio que se aplica
amor, felicidade, saudade. NÃO HÁ COMO
RESTRINGIR SEUS CONTEÚDOS, SOB PENA DE
NÃO SE ALCANÇAR TODAS SUAS
POTENCIALIDADES.
• Contudo, a dignidade da pessoa humana possui
um núcleo duro, que seria um conteúdo protetivo
mínimo assegurado que seria:
NÚCLEO DURO D.P.H.
• Reconhecimento da integridade física e psíquica das pessoas,
assegurando o exercício pleno de sua própria humanidade e
protegendo-as com o que se faz necessário para assegurar seus
múltiplos aspectos existenciais. Ex: alimentação adequada (lei
11.346/06). Outro: Caso glúten.
• Admissão da existência de pressupostos materiais (inclusive,
patrimoniais) mínimos para se viver – o chamado patrimônio
mínimo ou mínimo existencial. Por exemplo: Impenhorabilidade
do bem de família (Lei 8.009/90) e proibição de doação de bens
que ensejaria no comprometimento da subsistência do doador
(art. 548 CC).
• Respeito pelas condições fundamentais de liberdade e igualdade
de cada pessoa, assegurada a autodeterminação existencial e
patrimonial, como expressão de sua própria existência, a partir de
suas peculiaridades. Ex: Reconhecimento a possibilidade de
famílias homoafetivas em absoluta isonomia com as famílias
heteroafetivas.
DIREITO À VIDA DIGNA
• Partindo do que foi dito o ordenamento jurídico assegura,
não apenas, o direito à vida, mas, necessariamente,
reconhece e tutela o direito a uma vida digna.
• Em busca de uma vida digna, o sistema jurídico de proteção
da personalidade jurídica, construído e disciplinado pelo
Direito Civil, busca assegurar uma proteção mínima nas
relações privadas.
• Assim, podemos concluir que todas as normas jurídicas do
Direito Civil relativas à personalidade jurídica e aos
direitos de personalidade devem estar voltadas à
dignidade do homem. O Direito Civil assume o papel de
valorização da pessoa humana, na busca de uma
sociedade mais justa e solidária.
Releitura do conceito de Pessoa
Natural
• Partindo de uma releitura fundada no Princípio da Dignidade da
Pessoa Humana:
• Pessoa natural é aquele que pode titularizar (ser sujeito) das
inúmeras relações jurídicas, mas, sempre dispondo de uma
proteção básica e elementar, tendendo a promover a sua
inexorável dignidade.
• Nesse sentido, a personalidade jurídica seria o atributo que é
reconhecido a uma pessoa para atuar no plano jurídico
(titularizando relações variadas), podendo reclamar uma proteção
jurídica mínima, básica, que seria reconhecida/concedida pelos
direitos de personalidade.
• TITULARIZAR A PERSONALIDADE JURÍDICA É TER TUTELA
ESPECIAL, CONSISTENTE EM RECLAMAR DIREITOS
FUNDAMENTAIS, IMPRESCINDÍVEIS AO EXERCÍCIO DE UMA VIDA
DIGNA.
SISTEMATIZANDO A CAPACIDADE
VERSUS PERSONALIDADE
• Já a capacidade atrela-se às relações patrimoniais, já o conceito de
personalidade atrela-se às relações existenciais.
• Assim, quem tem personalidade também tem capacidade, porém nem todo
aquele que tem capacidade possui também personalidade, como ocorre, por
exemplo, com os entes despersonalizados, os quais possuem capacidade
(aptidão para serem sujeitos de direitos), mas não possuem personalidade
jurídica. JÁ, JÁ, FALAREMOS SOBRE OS ENTES DESPERSONALIZADOS -
ESTUDO DA PESSOA JURÍDICA)
• Quem tem capacidade (poder de titularizar relações patrimoniais) não terá
necessariamente personalidade. Exemplo: condomínio edilício, espólio, etc.
• → Os direitos da personalidade correspondem à proteção elementar de toda
e qualquer pessoa. Assim, os direitos da personalidade se apresentam como o
fundamento da proteção de uma pessoa.
• Os direitos da personalidade se apresentam como o elemento estrutural
fundamental do Direito Civil. Todo o Direito Civil é, atualmente, solidificado
com base nos direitos da personalidade.
• → Os direitos da personalidade correspondem a tudo que é necessário para
ter vida digna em uma relação privada.
UMA ÚLTIMA RECORDAÇÃO
• Momento aquisitivo dos Direitos da Personalidade
• Mas afinal, a partir de quando se adquire os direitos da personalidade?
Qual seria o momento aquisitivo dos direitos da personalidade?
• Cuidado: Não se deve confundir o momento aquisitivo dos direitos da
personalidade com o momento em que se adquire a própria
personalidade.
• O momento aquisitivo dos direitos da personalidade é o da concepção.
• Quem já está concebido, titulariza os direitos da personalidade, o que
significa que o natimorto é titular dos direitos da personalidade, isso
porque o natimorto já fora concebido. Exemplo: direito à imagem.
• Os direitos da personalidade são garantidos desde a concepção, porém os
efeitos patrimoniais, como por exemplo, procedências em ação
indenizatória por violação ao direito de imagem, dependem do nascimento
com vida. Em síntese: o nascituro possui direitos da personalidade desde a
concepção. Todavia, no que tange aos direitos de cunho patrimonial, como
por exemplo, indenização por violar a sua imagem, ficará condicionado ao
seu nascimento.
INTEGRIDADE
INTIMIDADE
FÍSICA E
MORAL

HONRA IMAGEM

Dignidade da
Pessoa Humana
Pessoa
LIBERDADE
Humana VIDA

NOME
PRIVACIDADE

“Os direitos da personalidade são direitos subjetivos,


essenciais, inatos, permanentes (vitalícios) e fundamentais
para resguardar a dignidade da pessoa humana”
(CARNACCHIONI, 2010, P. 174).
Maria Helena Diniz:

São direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é


próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos,
próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio ou morto, partes
separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade
intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica,
artística e literária); e a sua integridade moral (honra,
recato, segredo profissional e doméstico, identidade
pessoal, familiar e social).
Características dos Direitos da
Personalidade
Intransmissibilidade
Irrenunciabilidade
Ilimitado Absoluto
Imprescritibilidade
Impenhorabilidade
Generabilidade
Extrapatrimoniabilidade
Irrenunciabilidade
Acarreta a indisponibilidade dos
direitos da personalidade. Não pode
seus titulares deles dispor, transmitido-
os a terceiros, renunciando ao seu uso
ou abandonando-os, pois nascem e se
extinguem com eles, dos quais são
inseparáveis.
Intransmissibilidade
Impede que os direitos da personalidade venham
a ser transferidos com a morte de seu titular.
Há de se observar, inclusive, que alguns direitos
da personalidade, mais notadamente o direito de
imagem, permanecem tutelados mesmo após a
morte de seu titular.
Obs: É POSSÍVEL que os reflexos patrimoniais
sejam transmitidos ao espólio (art. 943 CC) do
falecido. O que se transmite é o direito de
exigir uma reparação pelo dano sofrido,
através do recebimento de uma indenização a
que o morto faria jus se estivesse vivo e
Ilimitado
uma vez que não podem ser reduzidos
a um rol taxativo de direitos.

OBS: A DOUTRINA CONTUDO


ESTABELECE O SEGUINTE ROL: A)
INTEGRIDADE FÍSICA (Direito à vida,
ao corpo, à saúde, ao cadáver, etc); B)
INTEGRIDADE INTELECTUAL (direito
à autoria científica ou literária,
Absoluto
são absolutos na medida em que os
mesmos são oponíveis erga omnes,
impondo-se a todos os terceiros o
dever de respeitá-los os direitos da
personalidade sempre prevalecerão e
serão aplicados, mesmo quando em
conflito com direitos de outra natureza.
Imprescritibilidade
O exercício de um direito da personalidade
não está adstrito a prazos de qualquer
espécie. A imprescritibilidade faz perdurar no
decurso do tempo a pretensão relativa à
reparação de dano causado a direito da
personalidade.
OBS: Não existe prazo para o exercício do
direito. Entretanto, a reparação pecuniária
por eventual dano sofrido, está sujeita à
prescrição. Assim, se uma pessoa usa,
indevidamente, a imagem de outra, sem
Impenhorabilidade
Não podem sofrer constrição judicial
para a satisfação de dívidas.
Generalidade
Os direitos da personalidade são
naturalmente concedidos a todos pelo
simples fato de se estar vivo.
Extrapatrimoniabilidade
Os direitos da personalidade não
poderão ser objeto de apreciação
pecuniária, mas essa circunstância não
implica que os mesmos sejam
incapazes de produzir efeitos
econômicos.
Obs: Assim, surge a possibilidade
de reparação do dano moral, como
Vitaliciedade
Por serem instransmissíveis por via
sucessória, embora a proteção de
alguns direitos da personalidade
mantenham-se em uma projeção pos
mortem.
Indisponibilidade
Impossibilidade do titular dos
direitos da personalidade para
dispor desses direitos conforme o
seu livre alvitre, tornando-os
igualmente irrenunciáveis e
impenhoráveis. O direito à imagem é
o exemplo sempre mencionado
nesse sentido. Nessas
circunstâncias, o direito permanece
ENUNCIADO 4, JORNADA DE DIREITO
CIVIL

• O EXERCÍCIO DOS DIREITOS DE


PERSONALIDADE PODE SOFRER LIMITAÇÃO
VOLUNTÁRIA, DESDE QUE NÃO SEJA
PERMANENTE NEM GERAL.

• EX: ARREMESSO DE ANÕES.


LIBERDADES PÚBLICAS E DIREITOS DE
PERSONALIDADE
• Antes de realizarmos a leitura dos artigos do Código
importante, ainda, realizar uma diferenciação:
• Direitos de Personalidade e Liberdades Públicas.
• Os direitos de personalidade são considerados como
sendo a garantia mínima da pessoa humana para as
suas atividades internas e para as suas exteriorizações
na sociedade.
• AS LIBERDADES PÚBLICAS, por sua vez, são condutas
individuais ou coletivas realizadas de forma
autodeterminada, em face da autorização expressa ou
implícita conferida pelo Estado.
EM RESUMO
• Essa distinção é fundamental, visto que os DP são vistos por
um enfoque privado, são relacionados à proteção essencial
das relações existenciais da pessoa e não decorrem de
positivação, porquanto são inatos ao titular.
• Já as liberdades públicas, direitos fundamentais do
indivíduo frente ao Estado, só existem mediante
positivação e se referem eminentemente ao Direito Público
(relação Estado X indivíduo). Exemplo: liberdade de
expressão.
• Direitos da Personalidade são domiciliados no campo
privado e as Liberdades Públicas situadas no direito público.
EXEMPLIFICANDO
Para melhor compreender, cita-se um exemplo:
Numa sociedade, um dos direitos de personalidade é a
liberdade de pensamento e de expressão, que deve ser,
portanto, respeitado. Contudo, como forma de garantir
esse direito de personalidade, pode ser necessário a
garantia da liberdade de reunião, como uma obrigação
imposta ao Estado e aos particulares para efetividade
do direito de livre pensamento e expressão.
STF, POR EXEMPLO, reconheceu essa perspectiva,
quando do caso Marcha da Maconha (impossibilidade
de enquadramento no §3º, art. 33, Lei 11343/06), para
obstaculizar eventos públicos de defesa da legalização
ou descriminalização do uso de entorpecentes (ADIn
4274/DF).
Com exceção dos casos previstos em lei, os
direitos da personalidade são intransmissíveis
e irrenunciáveis, não podendo o seu
exercício sofrer limitação voluntária.

Artigo 11 do Código Civil


Exceção:
Admissão a cessão de seu uso.
Exemplos: a imagem e os direitos autorais,
que podem ser explorada comercialmente
mediante retribuição pecuniária. Uma artista
pode conceder uma entrevista a um veículo
de comunicação revelando particularidades de
sua vida privada. É possível a doação de
órgão humanos duplos ou regeneráveis.

Enunciado 4, Jornada de Direito Civil: “O


PORTANTO
• O titular pode restringir voluntariamente os direitos da personalidade,
DENTRO de determinados parâmetros, sendo estes:
• 1) O ato não pode ser permanente e geral;
• 2) O ato não pode ferir a boa-fé;
• 3) Não pode violar a DIGNIDADE do titular.
• 1) O ato não pode ser permanente (exemplo: dizem que o Ronaldo teria
um contrato vitalício com a Nike de cessão de imagem, sendo assim, ele
poderia denunciar esse contrato, pois ninguém pode ceder sua imagem
ilimitadamente – limite de 05 anos renováveis por igual período).
• 2) O ato não pode ser genérico (sempre específico, é possível dispor
desse ou daquele direito, mas não é possível ceder todos ao mesmo
tempo).
• 3) Não pode violar a DIGNIDADE do titular (ou seja, o titular não pode
dispor, não pode flexibilizar sua personalidade com violação de sua
dignidade. Exemplo: arremesso de anão, França).
Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a
lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto,


terá legitimação para requerer a medida
prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente,
ou qualquer parente em linha reta, ou
colateral até o quarto grau.

Cláusula Geral de Tutela à


Artigo 12Humana
Personalidade do Código Civil
Tutela dos Direitos de Personalidade
para depois da Morte
• Direito de tutela à memória do falecido, por dano
reflexo. O Direito de Personalidade do Falecido
que foi diretamente ofendido. Contudo, esse ato
ilícito atinge por ricochete os parentes, uma vez
que a memória do falecido é um patrimônio dos
parentes dele.
• Os parentes podem propor uma ação inibitória
para que as agressões cessem, bem como
pleiteando uma reparação por danos morais.
CASO GARRINCHA
• CASO GARRINCHA: Sobre o caso. Garrincha teve uma biografia
não autorizada publicada. Segundo consta da biografia, o ex-
atleta teria um órgão genital avantajado. Familiares do ex-
jogador aduziram que referidas informações acabaram por
violar a intimidade do biografado.
• Os filhos de Garrincha ajuizaram uma ação na qualidade de
lesados indiretos.
• Obs.: Não se aplica aos lesados indiretos a ordem de vocação
hereditária, pois cada lesado indiretamente tem legitimidade
própria pela ofensa indireta que sofreu, desde que comprove o
dano próprio sofrido.
• Segundo o professor Cristiano Chaves, os lesados indiretos não
seria os restritos lançados no rol do artigo 12, tratando-se em
verdade de um rol exemplificativo, desde que mostrada uma
relação de vinculação com o falecido.
Deste artigo observa-se que:
✔ Possibilidade de manejar tanto preventivamente a tutela
de direitos da personalidade, quanto repressivamente.

✔ A tutela preventiva será aventada pelo ameaçado ou


pelos seus herdeiros.

✔ Se a lesão já se configurou, deve-se recorrer a tutela


repressiva para salvaguarda dos direitos da
personalidade tanto civilmente quanto penalmente,
caso a lesão traduza em um tipo penal.

✔ O rol dos legitimados de que tratam o artigo 12,


Parágrafo Único do CC também compreende o
companheiro ( Enunciado 275 do CJF).
TUTELA JURÍDICA DOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE (art. 12)
• O CC/16 previa um sistema de proteção dos direitos da
personalidade fundamentalmente reparatório, formando um
esquema binário: Lesão → Sanção. A toda lesão ou ameaça de
lesão corresponderia uma sanção, sendo esta sanção de perdas e
danos sempre. Era um Código eminentemente patrimonialista,
por isso tudo se resolvia em perdas e danos.
• Com o passar do tempo percebeu-se que essa tutela
REPARATÓRIA (tutela reparatória - tutela do equivalente) não
mais se mostrava suficiente, pois na maioria dos casos o titular do
direito não queria a reparação, mas sim uma providência no
sentido de evitar o dano iminente (tutela preventiva inibitória) ou
desfazer o ilícito já praticado (tutela preventiva de remoção do
ilícito), ambas com o mesmo objetivo: evitar a ocorrência de
dano.
• A nova tutela jurídica dos direitos, portanto, passou a ser aquela
do art. 12 do CC. Ela se bifurca em 02 diferentes ângulos: ela deve
ser PREVENTIVA e também REPARATÓRIA.
TUTELA PREVENTIVA X TUTELA
REPARATÓRIA
• A tutela preventiva busca obstar a ocorrência do
dano. A tutela reparatória busca sancionar e
reparar o dano já ocorrido. E nada obsta a
ocorrência delas simultaneamente.
• Exemplo: O baiano que fabricava uma bicicleta de
maneira artesanal, mas incluía a marca Caloi em
suas bicicletas. A Caloi descobriu isso e moveu
uma ação pedindo que ele parasse de fazer aquilo
(preventiva) e que pagasse a ele uma indenização
pelo uso indevido da marca (reparatória).
• Cesse a ameaça - Tutela preventiva inibitória (preventiva -
específica): Busca-se evitar que o dano ou ilícito ocorra.
• Ou a lesão - Tutela preventiva reintegratória (de remoção do
ilícito – específica): Aqui o ilícito já ocorreu, buscando-se a
cessação da prática danosa, a fim de que não ocorra dano.
• Reclamar perdas e danos - Tutela reparatória (repressiva): O dano
já ocorreu. Busca-se a Indenização pelo dano moral.
• Sem prejuízo de outras sanções: Outros mecanismos de proteção
previstos em lei, tal como o direito penal ou até mesmo as
possibilidades de autotutela.
• Sob o ponto de vista processual dos direitos da personalidade, a
tutela preventiva se concretiza através da tutela específica (art.
497 do CPC/2015 e art. 84 do CDC).
TUTELA ESPECÍFICA X TUTELA
REPARATÓRIA
• A tutela reparatória se materializa, via de regra,
através da indenização por danos morais (tutela
do equivalente - art. 186 e 927 do CC).
• A TUTELA ESPECÍFICA é uma medida especial
concedida para que se resolva um caso concreto.
É um provimento judicial adequado para resolver
um caso concreto. Ou seja, o nome já diz: é a
tutela mais adequada para a solução de um
problema específico.
IMPORTÂNCIA DA TUTELA ESPECÍFICA
• A proteção jurídica dos direitos da personalidade
apresentada pelo CC/2002 vem ao encontro do
movimento de despatrimonialização do Direito Civil.
Abandona-se o viés estritamente reparatório (onde
tudo se resolve em perdas e danos) e adota-se a tutela
específica.
• Ex: Caso da Ciccareli (vídeo transando na praia). Se
fosse no CC/16 ela poderia, no máximo, pedir uma
indenização (tutela do equivalente). No CC/2002 foi
possível que se exigisse a interrupção da lesão ao
direito (tutela específica de remoção do ilícito).
OUTRO EXEMPLO...
• Concluindo a tutela específica: TODAS as possibilidades de
tutela específica e meios executivos da decisão podem ser
concedidas, ampliadas, reduzidas, substituídas ou revogadas
DE OFÍCIO pelo juiz quando ele entender adequado.
• Exemplo: Caso do Pânico na TV. Sandálias da Humildade e
Carolina Dieckman. Se fosse no CC/16 ela poderia apenas
pedir perdas e danos. No CC/2002 ela pode pedir a tutela
específica inibitória. O juiz aplicou multa, que não deu certo.
Mudou a tutela e o juiz aplicou o mandado de
distanciamento. Aí o Pânico chegou perto dela pelo ar
(helicóptero). O juiz mudou de novo a tutela, proibindo de
pronunciar o nome dela, sob pena de retirar o programa do
ar. Aí sim a tutela teve êxito, ou seja, chegou-se à tutela
específica do caso específico.
TUTELA PREVENTIVA DOS DIREITOS
DA PERSONALIDADE
• A tutela preventiva (gênero do qual são espécies a tutela inibitória e a tutela de
remoção do ilícito) dos direitos da personalidade se dá através da tutela específica
das obrigações de dar, fazer e não fazer (art. 497 do CPC/2015).
• Tutela inibitória (preventiva)
• É a tutela que visa impedir a ocorrência de um ILÍCITO ou DANO.
• Mas o que é tutela específica?
• A tutela específica é o contraponto à tutela genérica (tutela do equivalente - perdas
e danos). É a proteção adequada ao caso concreto, por isso específica. Tutela
específica quer dizer: tutela adequada para a solução de cada um dos conflitos.
• Além da inibitória (preventiva), a tutela específica pode ser também:
• Tutela reintegratória ou de remoção do ilícito (também preventiva)
• Quando a parte busca a CESSAÇÃO DA LESÃO.
• TUTELA REPRESSIVA DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE
• Tutela Ressarcitória ou Reparatória (repressiva)
• Quando a parte busca indenização pelos danos morais provocados pela lesão.
TUTELA REPRESSIVA (REPARATÓRIA
ou RESSARCITÓRIA) DOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE - DANOS MORAIS
• Como dito, tal tutela dá-se através da
indenização por danos morais.
• CUIDADO: A indenização por danos morais,
curiosamente, não tem caráter reparatório,
pois não consegue restituir o dano causado.
Na realidade, a indenização por dano moral
tem caráter COMPENSATÓRIO.
• Se a indenização por danos morais é resultado da violação de direitos da
personalidade, percebemos que existe uma correlação entre dano moral e
direito da personalidade. Dano moral, no Brasil, não é um sentimento
negativo (vergonha, dor etc.). Dano moral é a violação a um direito da
personalidade, sem que exista, necessariamente, um sentimento
negativo. O sentimento negativo não caracteriza o dano moral, mas serve
para fins de seu arbitramento. A caracterização do dano moral é a
violação a direito da personalidade.
• A prova do dano moral é “in re ipsa”, ou seja, ínsita na própria coisa. A
prova do dano moral é a prova da violação ao direito da personalidade.
Como o direito da personalidade é baseado na cláusula geral da DPH,
podemos dizer que o dano moral é, em última análise, violação à DPH.
Mero aborrecimento não gera dano moral. O aborrecimento não serve
para caracterizar, mas serve para quantificar.
• Súmula 37 do STJ São cumuláveis as indenizações por dano material e
dano moral oriundos do mesmo fato.
• É possível cumular dano moral com dano estético?
• Sim, pois dizem respeito a diferentes bens jurídicos (um é a honra
e o outro é a integridade física). A cada bem jurídico
personalíssimo (direito de personalidade) corresponderá uma
diferente indenização por dano moral (gênero). Adiante veremos
um rol exemplificativo de direitos personalíssimos. No Resp.
722.524 o STJ reconheceu a cumulação de danos materiais,
morais e estéticos.
• Dano Moral (gênero) é a violação a direito da personalidade. A
cada violação a direito da personalidade corresponde uma
ESPÉCIE de dano moral.
• Violação da honra: Dano moral espécie.
• Violação da imagem: Dano imagem.
• Violação da Integridade física: Dano estético*.
• *OBS: hoje tem sido reconhecida a autonomia de dano estético,
entre outros danos. Ele não é uma espécie de dano moral.
CASO MAITÊ PROENÇA
• Caso Maitê Proença e jornal: Cumulou dano à imagem com dano à honra.
• Como o dano moral tem natureza compensatória, o direito brasileiro não
admite o sistema de “punitive damage” (danos punitivos). Entretanto, o
STJ diz que a fixação do valor indenizatório deve levar em conta o
desestímulo, caráter pedagógico, que acaba configurando reflexamente
um dano punitivo.
• Stolze: A teoria do desestímulo pouco a pouco vem ganhando espaço em
nosso país. O próprio projeto de reforma do Código Civil, em sua redação
original, pretende alterar o art. 944 para estabelecer que a indenização
deverá compensar a vítima e desestimular o lesante. Além disso, o
Enunciado 379 da IV Jornada reforça a teoria. Finalmente, o próprio STJ
vem amparando esta Teoria (Resp. 965.500/ES “A boa doutrina vem
conferindo a esse valor um caráter dúplice, tanto punitivo do agente
quanto compensatório em relação à vítima”).
Salvo por exigência médica, é defeso o ato
de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da
integridade física, ou contrariar os bons
costumes.

Parágrafo único. O ato previsto neste artigo


será admitido para fins de transplante, na
forma estabelecida em lei especial.

Integridade Física
Artigo 13 do Código Civil
Deste artigo observa-se que:
✔A pessoa natural não pode dispor do seu corpo
como senhor absoluto de sua vida, de modo a se
mutilar ou diminuir sua integridade física.

✔Somente excepcionalmente e por exigência


médica é que se admite intervenção jurídica que
interfira na integridade física.

✔A expressão “exigência médica” contida no art.


13 refere-se tanto ao bem-estar físico quanto ao
bem-estar psíquico do disponente (ENUNCIADO 6,
CFJ).
O ato de disposição do corpo nem
sempre decorre por exigência médica
Exemplos:
A) O lutador de UFC, por exemplo, enfrenta golpes certeiros em
seu corpo, pode sofrer, ou melhor, corriqueiramente sofre,
diminuição permanente da integridade física. Não há
qualquer exigência médica.
B) A pessoa que se submete a uma cirurgia plástica
embelezadora, retirando uma costela, para único fim de
embelezamento, também diminui sua integridade física sem
necessidade terapêutica; Na verdade, uma prática recorrente
que tem acontecido nos Estados Unidos, qual seja: amputação
do dedo mínimo do pé para usar salta alto, sem desconforto.
Não há qualquer exigência médica.
C) Implantação de microchips subcutâneos – assegurando livre
acesso à área VIP de uma boate, servindo, também, como uma
espécie de cartão de consumação (Boate Baja Beach Club –
Barcelona). Não há qualquer exigência médica.
O que seria então, a citada exigência
médica?
Por exigência médica pode-se ter, por exemplo, a
subtração do apêndice, quando inflamado, a amputação
de um membro ou a extração de um órgão, quando sua
permanência provoque risco de vida ao paciente, etc.

Novamente, os bons costumes: Priscilla Davanzo tatuou o


corpo com manchas pretas, imitando o couro de uma vaca
holandesa. Queria Protestar contra a incapacidade
digestiva do ser humano que não digere bem ideias
inovadoras recebidas de filmes, livros, etc. A atitude fere
os bons costumes? Entendeu-se que o conjunto de
tatuagens não constituiu intervenção física grave o
bastante para atrair a proibição jurídica do ato.
A questão do transplante...
As partes do corpo humano, vivo ou morto,
integram a personalidade humana,
caracterizando coisa extra commercium, ou seja,
não estão disponíveis para serem negociadas,
sendo vedados os atos de disposição.

Exceção: São admitidos atos de disposição,


gratuitos, em vida ou após a morte, que são os
transplantes.
Diferenças entre transplante em vida e
após a morte
• Em vida: Somente se admite doação de partes renováveis ou órgãos
duplos. Permite-se ao donatário escolher o beneficiário do
transplante (desde que seja pessoa da própria família).
• Em não sendo do mesmo grupo familiar, somente com autorização
judicial (exceto medula óssea).
• Após a morte (encefálica): Necessidade de declaração médica da
cessação da atividade cerebral. Não pode ser escolhido para quem se
doar (é vedado). Há aqui um caráter altruístico. Não há doação
presumida (Houve modificação da Lei 9394/97 pela 10211/01).
• A realização do transplante depende da autorização dos familiares
do falecido.
• Enunciado 277 da Jornada de Direito Civil, concluiu que, havendo
manifestação da vontade do titular, ainda vivo, no sentido de ser ou
não doador de órgãos, HÁ QUE SER RESPEITADA.
OBS: ORGÃOS DO INDIGENTE NÃO PODEM SER DOADOS PARA TAIS FINS.
É válida, com objetivo científico, ou
altruístico, a disposição gratuita do próprio
corpo, no todo ou em parte, para depois da
morte.

Parágrafo único. O ato de disposição pode


ser livremente revogado a qualquer tempo.

Integridade Física
Artigo 14 do Código Civil
O artigo 14 do Código Civil, ao afirmar a validade
da disposição gratuita do próprio corpo, com o
objetivo científico ou altruístico, para depois da
morte, determinou que a manifestação expressa
do doador de órgãos em vida prevalece sobre a
vontade dos familiares, portanto, a aplicação do
artigo 4o. da lei 9.434/97 ficou restrita à hipótese de
silêncio do potencial doador (ENUNCIADO 227,
CJF).
FINALIDADE CIENTÍFICA

Art. 2º da Lei 8.501/92: O cadáver não reclamado


junto às autoridades públicas, no prazo de tinta
dias, poderá ser destinado às escolas de medicina,
para fins de ensino e de pesquisa de caráter
científico.
Ninguém pode ser constrangido a submeter-
se, com risco de vida, a tratamento médico
ou a intervenção cirúrgica.

Integridade Física
Artigo 15 do Código Civil
Consentimento Informado
• A pessoa humana é sempre SUJEITO; jamais objeto do
tratamento. O médico não pode utilizar a pessoa humana
par fins de experimentos científicos. A internação ou
tratamento dependem da anuência do paciente ou do
responsável legal.
• Todo risco e toda falha previsível e conhecida de algum
tratamento ou procedimento médico dever ser informado
ao paciente pelo médico. Quando não informados os riscos,
as consequências e possíveis falhas há possibilidade de se
buscar uma indenização por falha no dever de informação,
violando, portanto, a boa-fé..
• O consentimento deve ser, preferencialmente, feito por
escrito.
OBSERVAÇÃO
• Se o médico viola esse dever de informação e
realiza alguma intervenção ou tratamento de
risco, caberá responsabilização civil. Exatamente
por isso que os médicos gravam o consentimento
informado do paciente. É ônus de prova do
médico.
• Agora, em se tratando de casos emergenciais,
conforme os arts. 46 e 56 do Código de Ética
Médica, os médicos têm o dever de tomar todas
as medidas possíveis para salvar a vida do
paciente.
Toda pessoa tem direito ao nome, nele
compreendidos o prenome e o sobrenome.

Nome
Artigo 16 do Código Civil
O nome da pessoa não pode ser
empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao
desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória.

Nome
Artigo 17 do Código Civil
Sem autorização, não se pode usar o nome
alheio em propaganda comercial.

Nome
Artigo 18 do Código Civil
O pseudônimo adotado para atividades
lícitas goza da proteção que se dá ao
nome.

Nome
Artigo 19 do Código Civil
NOME
CONCEITO: É o direito à individualização da pessoa. É direito à
personalidade.
• Aspectos do nome
• A partir do art. 16 do CC, o direito ao nome se apresenta em dois
aspectos: prenome e sobrenome (patronímico).
• a) Prenome: Identifica a pessoa. Pode ser simples ou composto.
Simples: José. Composto: José Celso.
• b) Sobrenome (patronímico): Identifica a origem ancestral (familiar).
É de livre escolha, ou seja, não há exigência de constar primeiro o
nome do pai ou da mãe. Pode inclusive buscar nome de ancestral
distante (avô, bisavô).
• c) Agnome: Partícula diferenciadora que distingue pessoas que
pertencem à mesma família e possuem o mesmo nome (exemplo:
júnior, neto, filho, terceiro etc.).
OBSERVAÇÕES
• Ou seja, no direito brasileiro não são componentes do
nome:
• Títulos de nobreza (conde, comendador);
• Títulos pessoais (doutor, mestre)
• Pseudônimo (heterônimo): É o nome utilizado em
atividades profissionais lícitas. É o nome que
identifica alguém tão somente em sua esfera
profissional. Não consta do nome por causa disso
(como deixa claro o art. 19), ou seja, é um nome
restrito ao campo profissional. Exemplo: Sílvio
Santos; José Sarney (José Ribamar Ferreira de
Araújo); Zezé di (Mirosmar) Camargo.
PSEUDÔNIMO E HIPOCORÍSTICO
• *NÃO CONFUNDIR: Pseudônimo X Hipocorístico:
• Hipocorístico é uma alcunha (apelido) que serve para
identificar alguém pessoal e profissionalmente. Exemplo:
Lula, Xuxa, Pelé, Popó.
• Já o pseudônimo é a designação escolhida pelo titular para
ser usada somente profissionalmente.
• Conforme o art. 19, apesar de não integrar o nome, o
pseudônimo goza da mesma proteção que se dá ao nome.
• O hipocorístico (alcunha), por identificar alguém
pessoalmente, pode ser acrescentado ou até mesmo
substituído no nome. Nesse caso o hipocorístico irá fazer
parte do nome e gozar da proteção que lhe é garantida.
INALTERABILIDADE/ALTERABILIDADE
DO NOME
• Em regra, o nome é imutável. É o chamado princípio da imutabilidade
relativa do nome civil.
• A regra da inalterabilidade relativa do nome civil preconiza que o nome
(prenome e sobrenome), estabelecido por ocasião do nascimento,
reveste-se de definitividade, admitindo-se sua modificação,
excepcionalmente, nas hipóteses expressamente previstas em lei ou
reconhecidas como excepcionais por decisão judicial (art. 57, Lei
6.015/75), exigindo-se, para tanto, justo motivo e ausência de prejuízo a
terceiros (REsp 1138103/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta
Turma, julgado em 06/09/2011).
• Na atual conjectura, tem-se admitido a mudança do nome em casos
justificados, previstos em lei (STJ, REsp.538.187/RJ). Para fins de
acréscimo de sobrenome de padrasto (Lei nº 11.924/09 – Lei Clodovil) e
mudança em virtude de danos psicológicos (STJ, REsp.66.643). A mudança
do nome do cônjuge no registro de nascimento dos filhos decorrente de
divórcio (STJ, REsp 1.072.402/ MG).
Hipóteses de modificação do nome
civil:
1. Casos previstos em lei:
• a) Adoção – art. 47, ECA.
• Obs.: Em se tratando de menores com mais de 12 anos de idade, só é
possível a alteração do nome sob o seu consentimento.
• b) Acréscimo de sobrenome de padrasto ou madrasta – lei nº
11.924/2009;
• c) Casamento / Divórcio – arts. 1.567 e 1.578, CC/02. Obs.: Segundo o STJ,
é direito de quem mudou escolher se permanece ou não com o nome de
casado (STJ, REsp 358.598/PR).
• d) expuser o titular ao ridículo ou situação vexatória, bem como se
tratando de nome exótico (art. 55 LRP) Ex. Décio Pinto, Graciosa Rodela
Rosa, Luíza Mei Ku, Heavenly Sera Filadelfe, Pedrinha Bonitinha da Silva,
Neide Navinda Navolta Pereira, Benvindo o Dia do Meu Nascimento
Cardoso; Oceano Atlântico Linhares.
• e) retificação de erro gráfico;
• f) homonímia depreciativa. Joseph Stalin, Adolf Hitler.
• 2. Casos não previstos em lei:
• a) Viuvez;
• b) Homonímia depreciativa;
• c) Abandono afetivo – REsp 66.643, STJ
• d) questão do transexual.
ÚLTIMA HIPÓTESE
• O brasileiro que adquiriu dupla cidadania pode ter
seu nome retificado no registro civil do Brasil,
desde que isso não cause prejuízo a terceiros,
{em qual situação?} quando vier a sofrer
transtornos no exercício da cidadania por força
da apresentação de documentos estrangeiros
com sobrenome imposto por lei estrangeira e
diferente do que consta em seus documentos
brasileiros. STJ. 3ª Turma. REsp 1310088-MG, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, Rel. para acórdão
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
17/5/2016 (Info 588).
Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da
justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação
de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a
exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa
poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo
da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a
boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.

Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente,


são partes legítimas para requerer essa proteção o
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

Direito à Honra
Artigo 20 do Código Civil
ATENÇÃO AO PARÁGRAFO ÚNICO!!!
• ATENÇÃO! – Quando se tratar do direito de imagem (direito da
personalidade), os colaterais não estão inseridos no rol dos
lesados indiretos, conforme dispõe o artigo 20, parágrafo único do
CC: “em se tratando de morto ou de ausente, são partes
legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes
ou os descendentes”. (A DOUTRINA MAIS MODERNA CRITÍCA O
DISPOSITIVO).
• Os colaterais até o quarto grau estão excluídos do rol de lesados
indiretos quando a proteção aos direitos da personalidade for
referente à imagem.
• Lembre-se! É plenamente possível a tutela inibitória para proteger
direitos da personalidade, ainda que de pessoa morta, conforme
aconteceu no caso do Garrincha. Nessa hipótese a legitimidade é
dos denominados lesados indiretos, que são os familiares do
falecido que foram de forma reflexa/indiretamente atingidos pela
lesão (art. 12, parágrafo único, do Código Civil).
DIREITO DE IMAGEM
• Imagem é o direito à identificação de alguém. Essa identificação pode se dar
de diferentes formas, e não somente pela “imagem propriamente dita da
pessoa”. O direito a imagem é tridimensional:
• - Imagem RETRATO: Características fisionômicas da pessoa. Diz respeito ao
pôster da pessoa.
• - Imagem ATRIBUTO: Diz respeito às características emocionais da pessoa.
Exteriorização da personalidade do indivíduo. Exemplo: pessoa alegre,
pessoa mal-humorada. XUXA RAINHA DOS BAIXINHOS.
• - Imagem VOZ: Timbre sonoro identificador. Exemplo: Lombardi.
• É possível violar a personalidade de uma pessoa sem fazer menção ao seu
nome, basta, para tanto, fazer menção às suas características emocionais.
Seria um exemplo de imagem atributo.
• IMPORTANTE: O direito à imagem, embora tridimensional, é uno. Por isso não
cabe cumulação de indenizações por diferentes danos à imagem.
• O direito à imagem é autônomo (CF, art. 5º, V e X), ou seja, é possível violar a
imagem sem violar a honra. Se violar imagem junto com honra ter-se-á duas
indenizações.
DIREITO DE IMAGEM
• CRFB Art. 5º V - é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;
• X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
• Enunciado 278 da Jornada.
• JDC 278 – Art. 18: A publicidade que divulgar, sem
autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa,
ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de
identificá-la, constitui violação a direito da personalidade.
• “qualidade inerentes → imagem atributo”
DIREITO DE IMAGEM
• SUMULA 403 STJ: Independe de prova do
prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada da imagem de pessoa com fins
econômicos ou comerciais.

• CONFIGURA DANO IN RE IPSA, ou seja, aquele


em que não é necessária a apresentação de
provas que demonstrem a ofensa moral da
pessoa.
Direito de Arena
• Direito de Arena é muito comum, sendo aquele
que engloba as transmissões esportivas.
• Nas competições esportivas a imagem do atleta
pode ser utilizada mesmo sem a sua anuência
expressa, pois é inerente ao exercício dessa
profissão. Assim, a imagem de atletas termina
sendo explorada, direta ou indiretamente, pelos
seus clubes por conta da transmissão de
espetáculos dos quais participam diretamente.
Relativização do Direito à imagem
•O direito a imagem admite cessão – gratuita ou onerosa.
•O consentimento para utilização pode ser expresso (declaração de
vontade ou celebração de um contrato), ou, tácito.
•O consentimento tácito pode ser notado nas transmissões
carnavalescas ou jogos de futebol, por exemplo, quando as mais
diversas pessoas sorriem para as câmeras de televisão. É,
PORTANTO, UMA ATITUDE COMPORTAMENTAL.

•OBS: Implica em cessão tácita a permanência em locais públicos,


mas somente num contexto genérico, como um estádio de futebol
(Resp. 85.905), praias, logradouros públicos, passeatas,
manifestações. Se der um close em uma pessoa deixa de ser
contexto genérico. Ver também Resp. 595.600 (CASO TOPLESS).
OUTRAS QUESTÕES
• A QUESTÃO DOS NUDES E A LEI 13.772/18 - Há
relação de confiança entre o casal (Boa-fé),
havendo a exteriorização da imagem, por
qualquer instrumento, haverá dever de reparação
do dano à imagem, sem prejuízo de reparação de
eventual dano à honra ou a privacidade.
• CONSENTIMENTO TÁCITO SHOW – informa que o
evento está gravado e que as imagens do público
presente poderão ser utilizadas, a critério do
promotor do evento. Cláusula ilícita e nula de
pleno direito.
A vida privada da pessoa natural é
inviolável, e o juiz, a requerimento do
interessado, adotará as providências
necessárias para impedir ou fazer cessar ato
contrário a esta norma.

Direito à Vida Privada


Artigo 21 do Código Civil
Conceituação
• Privacidade vem da expressão latina “privatus”
que traz consigo a ideia de “o que pertence à
pessoa estando fora do alcance do interesse da
coletividade”. Ou seja, diz respeito aquilo que
interessa somente ao titular. Tratam-se das
informações contidas no aspecto mais pessoal,
mais reservado de seu titular.
• A privacidade traz consigo não apenas o direito de
estar só, mas também o conjunto de informações
que pertence ao seu titular e a mais ninguém.
• São informações que dizem respeito à vida familiar,
sexual, religiosa, profissional etc. Percebe-se que é um
direito de amplo alcance, muito mais abrangente que
o simples direito de estar só.
• O direito à privacidade não admite a exceção da
verdade, até porque admiti-la seria violar a
privacidade NOVAMENTE.
• O direito à privacidade é autônomo e independente
do direito à honra. Ou seja, é possível que seja violada
a privacidade sem que haja violação à honra. OLHA O
GARRINHA DE NOVO. Lá naquele exemplo houve
violação da memória, mas, também da intimidade.
TEORIA DOS CÍRCULOS CONCÊNTRICOS
• Quanto mais próximo do indivíduo estiver o círculo, maior a proteção a
ser dada.
• Nesse sentido, o círculo mais próximo seria o da intimidade, que são os
segredos, confidências etc. Exemplo: Diário.
• A esfera seguinte seria a da vida privada, como por exemplo, uma festa
na casa de amigo, a ida a um clube, ambiente de trabalho, sigilo bancário
etc.
• Assim, nem toda informação privada é íntima, mas toda informação
íntima é privada. Neste sentido, temos que o direito à privacidade é
autônomo ao direito a honra.
• A outra esfera seria a da publicidade. Esta já não estaria protegida pela
Constituição. Exemplo: Artista em show está abrindo mão do direito à
privacidade. Outro exemplo: informações em processo judicial que não
tramita em segredo de justiça, informações que caíram em domínio
público etc. Nada disso está protegido, pois tudo está na esfera da
publicidade e não da privacidade.
Imagem de Multidão, de pessoa
famosa ou ocupante de cargo público.
• Para o STJ, tratando-se de imagem de
multidão, de pessoa famosa ou ocupante de
cargo público, deve ser ponderado se, dadas
as circunstâncias do caso concreto, a
exposição da imagem é ofensiva à privacidade
ou intimidade do retratado, ou que poderia
ensejar algum dano patrimonial ou
extrapatrimonial. Há, nessas hipóteses, em
regra, presunção de consentimento do uso da
imagem, desde que preservada a vida privada
Quando a vida privada pode ser
compartilhada?
A vida privada pode ser eventualmente
compartilhada com terceiros, em nome do
interesse público (exemplo: sigilo bancário,
telefônico e fiscal); a intimidade JAMAIS pode
ser compartilhada coercitivamente com
terceiros. Cabe somente ao titular a iniciativa de
compartilhá-las. As informações contidas na
intimidade são exclusivas do titular, não
interessando a mais ninguém (exemplo: opções
sexuais ou religiosas).
DIREITOS DA PERSONALIDADE E AS
PESSOAS PÚBLICAS (CELEBRIDADES)
• Pessoas que, por ofício, profissão ou opção pessoas têm uma vida
pública. Pessoas cuja personalidade é notória.
• Teriam essas pessoas proteção dos direitos da personalidade ou
o fato de sua personalidade ser pública lhe retiraria a proteção
desses direitos?
• Certamente têm essa proteção. Ninguém pode perder essa
proteção, pois é essencial ao pleno exercício da personalidade. O
que ocorre é que essas pessoas têm a proteção de sua
personalidade flexibilizada, mitigada. Os exemplos mais claros de
mitigação referem-se à imagem e privacidade.
• Tanto têm proteção que caso a imagem de uma pessoa pública for
usada com desvio de finalidade (fins comerciais), haverá uma
ofensa ao direito de personalidade imagem, ensejando o dever de
reparar o dano.
IMAGINE A SEGUINTE SITUAÇÃO
• Juliana Paes, durante o evento de divulgação
de uma linhas de cosméticos, deu um rodopio
“inofensivo”, que acabou mostrando mais do
que devia, visto que a atriz estava sem
calcinha.
• Aqui, certamente, a exposição não ensejará
qualquer tipo de tutela, uma vez que a
exposição da imagem decorreu de sua própria
opção midiática.
Lucro da Intervenção
• Além do dever de reparação dos danos morais
e materiais causados pela utilização não
autorizada da imagem de pessoa com fins
econômicos ou comerciais, nos termos da
Súmula 403-STJ, o titular do bem jurídico
violado tem também o direito de exigir do
violador a restituição do lucro que este obteve
às custas daquele. STJ. 3ª Turma. REsp
1.698.701-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 02/10/2018 (Info 634).
FUNÇÃO SOCIAL DA IMAGEM
• IMPORTANTE: Vem se entendendo no direito
comparado (França) e na doutrina brasileira, no
que tange que a proteção dos direitos da
personalidade, que as pessoas públicas têm
responsabilidade civil pela propaganda enganosa
que cometem. Explica-se: A pessoa pública será
responsável quando vincular seu nome ao
produto ou quando atestar a qualidade do
produto ou serviço. Nesses casos, como o artista
está empenhando a sua personalidade, ele
responde solidariamente com o fornecedor.
Microvilar – Pílula de Farinha
• AS pessoas famosas associam ao imaginário popular
algumas qualidades e características que compõe a
sua imagem-atributo, realçando sua credibilidade.
Ora, se a celebridade utiliza-se de sua imagem para
transmitir confiança e segurança em determinado
produto ou serviço, induzindo o consumidor, é natural
que responda por eventuais danos ocasionados pelo
produto quando endossar, ratificar, as suas vantagem.
• Exemplo: Associação da imagem da atriz Maitê
Proença ao anticocepcional Microvilar, que, por
acidente de consumo, em sua linha de produção, veio
a ser comercializado com farinha em seu conteúdo,
em lugar do medicamento.
O DIREITO A VIDA E A MORTE DIGNA
• O Direito a vida digna compreende, inclusive, o
direito à morte digna.
• Ao direito de viver com dignidade haverá de
corresponder como espelho invertido o direito de
morre dignamente.
• A matéria exige uma cuidadosa reflexão, liberta
das influências pessoais (de ordem religiosa e
ética, por exemplo), para se reconhecer que a
dignidade da pessoa humana também se projeta
na morte.
DIRETIVAS ANTECIPADAS
• O testamento vital (living will) é um documento, surgido na
década de 1960 nos Estados Unidos da América, no qual os
pacientes em fim de vida expressam seus desejos, explicitando
quais tratamentos, cuidados e procedimentos médicos desejam
ou não ser submetidos quando estiverem fora de possibilidades
terapêuticas.
• Historicamente, o testamento vital tem sido atrelado ao fim de
vida, e seus limites são estabelecidos pelo ordenamento jurídico
do país que o legaliza. Assim, o testamento vital na Holanda pode
conter desejos de eutanásia, ou seja, pode um paciente, na
Holanda – país em que a eutanásia é legalizada – dizer em seu
testamento vital que deseja que um profissional de saúde abrevie
sua vida nas situações previstas na legislação vigente (no caso,
quando o paciente tiver uma doença física ou mental que cause
uma vontade perene de não permanecer vivo).
Diretivas antecipadas

• As diretivas antecipadas de vontade constituem o documento


apto a concretizar validamente a autodeterminação do
indivíduo, já que seu objetivo maior é preservar os interesses
daqueles que por motivos clínicos não conseguem expressar os
seus desejos acerca dos cuidados médicos que se dispõe ou não a
receber.
• De acordo com o artigo 1° da Resolução do Conselho Federal de
Medicina (CFM) n.1995/2012, tem-se por diretivas antecipadas de
vontade “Art. 1º (...) conjunto de desejos, prévia e expressamente
manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que
quer, ou não, receber no momento em que estiver incapacitado
de expressar, livre e autonomamente, sua vontade. (CONSELHO
FEDERAL DE MEDICINA, 2012)”.
Apontamentos importantes
• As diretivas antecipadas de vontade procuram minimizar a dor e
sofrimento decorrente de tratamentos e procedimentos médicos
que prolongam a vida dos doentes terminais sem chances de cura,
em clara sintonia com o direito à vida e à morte digna.
• O ATO DO CONSELHO DE MEDICINA determina aos médicos o
respeito às diretivas antecipadas manifestadas pelo paciente,
afastando, inclusive, eventual discordância dos familiares.
• Através das diretivas o paciente pode definir, enquanto estiver no
gozo de suas faculdades mentais, os limites terapêuticos a serem
adotados em seu tratamento de saúde, em eventual hipótes de
estado terminal.
• A manifestação deve ser expressa, contudo não há necessidade de
ser feita por meio de instrumento público, bem como não se exige
que seja feito registro em cartório para que produza seus efeitos.
NÃO HÁ EXIGÊNCIA LEGAL NESSE SENTIDO.
DIFERENCIAÇÕES
• Importante destacar que as diretivas
antecipadas não se confundem e não se
tratam de sinônimo de eutanásia ou
ortotanásia.
• TRATA-SE, TÃO SOMENTE, do direito do
paciente de morrer sem sofrimentos
desnecessários, na medida em que a medicina
não conseguiu estabelecer cura para aquela
enfermidade.
Eutanásia é sinônimo de morte piedosa, sem sofrimento, por relevante
valor moral. Eutanásia passou a significar apenas a morte causada por
conduta do médico sobre a situação de paciente incurável e em terrível
sofrimento.
A eutanásia, propriamente dita, é a promoção do óbito. É a conduta
(ação ou omissão) do médico que emprega (ou omite) meio eficiente
para produzir a morte em paciente incurável e em estado de grave
sofrimento, diferente do curso natural, abreviando-lhe a vida.
Distinguem-se, "(...) em função do tipo de atitude tomada, duas
modalidades de eutanásia: a ativa, que seria provocar a morte rápida,
através de uma ação deliberada, como, por exemplo, uma injeção
intravenosa de potássio; e a passiva, que seria deixar morrer através de
suspensão de uma medida vital, e que levaria o paciente ao óbito em um
espaço de tempo variável. Ambas as medidas, filosoficamente, têm o
mesmo significado.
No Direito brasileiro, a eutanásia caracteriza homicídio, pois é conduta
típica, ilícita e culpável. É indiferente para a qualificação jurídica desta
conduta e para a correspondente responsabilidade civil e penal que o
paciente tenha dado seu consentimento, ou mesmo implorado pela
medida. O consentimento é irrelevante, juridicamente, para
descaracterizar a conduta como crime.
OUTRAS FIGURAS PRÓXIMAS DA
EUTANÁSIA
Ortotanásia é a eutanásia por omissão, ou seja, aquela cometida pelo médico que deixa de
prolongar o inevitável processo de morte do paciente, por meios artificiais, que poderiam protrair
aquela situação fática.
A ortotanásia (do grego orthós: normal, correta + thánatos: morte) é a omissão voluntária de
meios extraordinários que, "embora eficazes, atingem o objetivo buscado apenas
transitoriamente, de tal forma que a situação do paciente logo retorna à condição anterior ou a
outras condições que anulam o benefício atingido. O tratamento é fútil quando a sua adoção
apenas prolongará a morte, não sendo efetivo para melhorar ou corrigir as condições que
ameaçam a vida do paciente." (12). A conduta médica será lícita se não significar encurtamento do
período natural de vida do paciente portador de doença incurável e já em terrível sofrimento, ou
se resultar do emprego de recurso médico tendente a aliviar-lhe o sofrimento, em atenção ao
princípio da não-maleficência. Caso contrário, caracteriza homicídio, pois significará auxílio médico
à morte
Distanásia é o prolongamento artificial do processo natural de morte, ainda que à custa do
sofrimento do paciente. É a continuação da agonia, sofrimento, por intervenção da medicina,
mesmo sabendo-se que, naquele momento, não há chance de cura.
Mistanásia é sinônimo de eutanásia social e muito comum em hospitais brasileiros, diante de um
acidente, por exemplo, devendo o médico optar qual dos pacientes atender primeiro, não
sabendo se haverá tempo suficiente para o próximo.

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