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Comunicação Não-

Violenta:
O que é e como praticar?

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A VIOLÊNCIA SILENCIOSA
Podemos passar uma vida inteira com uma sensação de
vazio, vivendo de forma apática, fria e superficial, mas
completamente crédulos de que está tudo bem.
Muitas pessoas passam uma vida inteira se comunicando de
maneira desconsiderada ou até mesmo violenta, sem que se
deem conta disso. Acabam, por consequência, não
estabelecendo relações significativas e íntimas e acham que
está tudo bem, que é assim mesmo.

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Como resultado, podem surgir camadas internas de
ressentimento, raiva e frustração, pois a pessoa nunca se
sente realmente parte de algo enriquecedor.

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A DEFINIÇÃO DE COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA
(CNV)
"...é baseada nos princípios da não-violência – o estado natural de
compaixão quando a não-violência está presente no coração.
CNV começa por assumir que somos todos compassivo por
natureza e que estratégias violentas - se verbais ou físicas - são
aprendidas ensinadas e apoiadas pela cultura dominante.
CNV também assume que todos compartilham o mesmo,
necessidades humanas básicas, e que cada uma de nossas ações são
uma estratégia para atender a uma ou mais dessas necessidades."
* Marshall Rosenberg “A Comunicação Não-violenta”

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Muitos dos problemas que atravessamos nos
relacionamentos pessoais e profissionais poderiam ser
resolvidos se tivéssemos a habilidade de criar uma
comunicação cheia de empatia e compaixão,
fundamentada na ideia de uma vida mais rica e
harmoniosa com os outros.
*Frederico Mattos, psicólogo.

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Empatia significa a capacidade psicológica para
sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na
mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar
compreender sentimentos e emoções, procurando
experimentar de forma objetiva e racional o que sente
outro indivíduo.

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ORIGEM DA COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA

"A não-violência significa permitirmos que venha à


tona aquilo que existe de positivo em nós e que sejamos
dominados pelo amor, respeito, compreensão, gratidão,
compaixão e preocupação com os outros em vez de
sermos pelas atitudes egocêntricas, egoístas,
gananciosas, odientas, preconceituosas, suspeitosas e
agressivas que costumam dominar nosso pensamento.

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(...) O mundo em que vivemos é aquilo que fazemos
dele" - Arun Gandhi (neto de Gandhi e fundador do
Instituto Gandhi pela Não-violência)

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História de Marshall Rosenberg
Quando o psicólogo americano Marshall Rosenberg
tinha 9 anos precisou ficar trancado por 3 dias em casa
com sua família por conta de um conflito racial que
eclodiu na sua vizinhança, em Detroit, culminando na
morte de quarenta pessoas.

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Já formado, começou a pesquisar os fatores que afetam

a capacidade humana de se manter compassivo. Por


conta disso, caiu imediatamente no papel crucial da
linguagem e do uso das palavras e desenvolveu uma
abordagem específica de comunicação (falar e
ouvir) – que permita uma conexão maior entre as
pessoas para que a compaixão possa emergir, mesmo em
situações críticas.

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Realizou um trabalho de conscientização em mais de 65
países, proferindo palestras em locais de conflito e
guerra como na Cisjordânia, Ruanda, Croácia e Belgrado.

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Incansável, Rosenberg dedicou a vida a disseminar suas
ideias. Para apoiar esse processo, ele escreveu o
livro, Comunicação não-violenta publicado no Brasil
pela Editora Ágora, em 2006. A obra, que traz um
compêndio da sua filosofia, foi traduzida em mais de 30
idiomas e já vendeu mais de 1 milhão de exemplares.

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Conhecendo a CNV
A comunicação não-violenta pode ser aproveitada por
todas as pessoas, não somente aquelas que lidam com
situações de conflito ou que atravessam um impasse com
alguém significativo.

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Ela exige bastante prática, esforço, paciência, dedicação
e envolvimento genuíno.

 Mas então o que nos impede de praticarmos a


comunicação não violenta?

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FATORES EXTERNOS QUE DIFICULTAM ESTA
PRÁTICA:
- era tecnológica;
-era virtual- comunicação instantânea;
-era da informação: mídia=espetáculo do crime=instalam o
caos;
-era da velocidade;
-era do consumismo;
-era do imediatismo;
-era hedonista, individualista e egoísta.

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Consequências:
-depressão;
-ansiedade;
-aumento da violência;
-suicídios.

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Dados da ONU set/2013: O relatório foi elaborado para
a décima edição do Dia Mundial de Prevenção de
Suicídio, publicado em Genebra.

-Um milhão de pessoas se matam no mundo por ano.


"Uma pessoa se suicida no mundo a cada 40 segundos
aproximadamente, ou seja, mais do que o número
combinado das vítimas de guerras e homicídios“.

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- O número de tentativas de suicídio ainda é muito
grande, com 20 milhões de tentativas por ano.
Segundo a OMS, 5% das pessoas no mundo fazem uma
tentativa de suicídio pelo menos uma vez em sua vida.

-O suicídio é uma das grandes causas de morte no


mundo e durante os últimos anos, sua taxa
aumentou em 60% em alguns países.

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-PREVISÃO É DE QUE ESTE NUMERO DE 1 MILHÃO
DE SUICÍDIOS POR ANO VENHA A DOBRAR
DAQUI A 20 A 30 ANOS.

André Trigueiro - Suicídio entre jovens

https://www.youtube.com/watch?v=84QWWMeyy0c

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“Vivemos num mundo onde a nossa exagerada
ocupação de tarefas e obrigações promove uma
aceleração generalizada no nosso contexto mental. O
excessivo envolvimento de compromissos e incontáveis
tarefas leva-nos a uma vida superficial, gerando angústia
e ansiedade. É como se passássemos por cima das coisas,
ou viajássemos sem olhar a paisagem.”

 * Sérgio Luis da Silva Lopes, psiquiatra.

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Estamos nos referindo a respeito da nossa ausência
nas coisas, ou nossa falsa presença emocional nos
relacionamentos. Não estamos presentes
efetivamente nas variadas circunstâncias do nosso
cotidiano.

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É a mente acelerada, preocupada com o futuro da nossa
vida. De sobra, chegamos a noite com a sensação de que não
cumprimos tudo o que tínhamos para fazer, sempre falta
alguma coisa. O resultado disso é a insatisfação com a vida e
conosco mesmos.

 * Sérgio Luis da Silva Lopes, psiquiatra.

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OBJETIVO DA COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA

"O que almejo em minha vida é compaixão, um fluxo entre

mim e os outros com base numa entrega mútua, do fundo do

coração." –Marshall Rosenberg

 A CNV essencialmente busca a pacificação de uma

guerra cotidiana, já que nos habituamos a

expressar o que queremos de forma impositiva e

desatenta.
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É muito comum as pessoas expressarem certo

tédio, tristeza, raiva ou frieza no dia-a-dia, sem notar

que cultivam uma nociva desconexão e lentamente

passam a não ver sentido em suas conversas,

encontros e eventos sociais.

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Apesar de sentirem um clima de cinismo, falsidade e
hipocrisia generalizada, essas pessoas não conseguem
identificar em si mesmas a alienação emocional que
condenam nos outros.

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A CNV tem o objetivo de resgatar o que há de mais
genuíno nas pessoas:

-suas emoções, valores e a capacidade de se expressarem


com honestidade, ajudando os outros com real empatia
– ou seja, mergulhando nas verdadeiras necessidades do
outro e não em sua vontade de parecer altruísta.

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As motivações ocultas da comunicação

"A arte de fazer a vida significativa e bela, o que envolve


a descoberta de conexões entre o que parece não ter
conexões, unindo pessoas e lugares, desejos e memórias,
através de detalhes cujas implicações passaram
despercebidas." – Theodore Zeldin.

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Ao conversar sobre qualquer assunto o que mais
idealizamos, sem saber, é criar algum tipo de troca e
escuta saudável. Ninguém quer um relacionamento
truncado, aflitivo e cheio de problemas.

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Muitas vezes não conseguimos e aumentamos o abismo
psicológico entre nós e os outros.

Usamos termos agressivos, palavrões, ataques


desproporcionais, acusações e trocas de argumentos
falaciosos para chegar ao final de uma conversa com a
sensação de soberania.

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A comunicação usual que estabelecemos é cheia de
ruídos, vindos também de uma dificuldade pessoal em se
abrir de forma vulnerável e em atingir a pessoa na
necessidade delicada de ser apreciada.

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Velhos hábitos, grandes danos, raízes
profundas... compaixão

"Para além das ideias de certo e errado, existe um

campo. Eu me encontrarei com você lá." –Rumi.

A maioria das bases educacionais e morais que

conhecemos é violenta. Ao estabelecer noções rígidas de

certo e errado, estabelecemos também as ideias

implícitas de mérito e punição.

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A educação formal, familiar e a cultura ( educação) nos
arrastam para julgamentos moralizadores como culpa,
insulto, depreciação, rotulação, crítica, comparação e
diagnósticos, ou seja, uma linguagem rica em palavras
que classificam e separam as pessoas e seus atos em dois
grupos: os privilegiados e os excluídos.

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VEJAMOS ALGUNS EXEMPLOS
DE COMUNICAÇÃO VIOLENTA:

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48
Essa linguagem de coerção, ameaças e chantagens faz

com que as pessoas expressem cada vez menos boa


vontade, ainda que se submetam aos valores expostos.
Pois ao aceitá-los, internalizaram também culpa, medo,

ressentimento e vergonha.
Ou seja, mesmo que os valores apresentados sejam

coerentes, as pessoas tendem a se afastar deles ou de sua


origem, pois foram impostos.

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Nossa linguagem habitual vem dos mesmos locais,

compartilha dessa raiz que busca dominar e convencer. E


não se conectar e se relacionar.

Mais, nossa linguagem usual também tende a nos

esconder da responsabilidade por nossas ações,


nos desconectando de nossos atos e das pessoas em
volta.

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Alguns exemplos nos quais ameaçamos e
chantageamos:
"Eu fui com você aquele dia numa festa e agora você se
nega a ir comigo. De verdade, só nunca mais peça nada
para mim!"

"Eu sou sua mãe e sei o que é melhor para você. Se fizer
isso causará uma decepção profunda no meu coração"

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Exemplos nos quais não assumimos a
responsabilidade:
“Não tinha como fazer diferente, meu chefe me obrigou.”
(autoridade)

“Fiz isso porque me deu vontade, sou uma pessoa muito


instintiva.” (justificado por impulso)

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“Sou assim por causa da minha
infância/mãe/pneumonia/depressão.”
(condição psicológico ou patológica).

“Bati nele porque me provocou.” (ação do outro)

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Os quatro componentes da comunicação
não-violenta

Para facilitar o processo de comunicação, Marshall

Rosenberg identificou 4 componentes para diminuir a

nossa posição defensiva e criar um espaço receptivo aos

outros.

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1. Como se expressar com honestidade

1.1. Observar: de maneira descritiva e não

julgadora

Aparentemente nos consideramos ótimos observadores

da realidade, mas não percebemos a sutil diferença em

afirmar: "fulano é um babaca" e "quando fulano fala alto

e usa xingamentos me sinto acuado e com medo”.

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No primeiro caso, estamos fazendo uma observação
carregada de adjetivos que transformam um retrato
particular numa história taxativa de como uma pessoa
age se detendo nas aparências, sem oferecer empatia.

Além do mais, o autor da frase negligencia sua profunda


necessidade e reage ao que sente diante daquela ação e
despeja sobre o outro sua fúria.

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A observação da CNV procura descrever o fato sem
generalizações ou exageros linguísticos como
"sempre", "nunca", "jamais".
Exemplo:
– Porra, cara, você nunca vem nas minhas festas, hein!

Seria, pela CNV:


– Porra, cara, você só veio duas vezes esse ano nas
minhas festas. E sinto saudade da sua presença!
 Turma direito e cidadania

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É quase uma linguagem textual que coloca a
comunicação num nível bem próximo do que aconteceu.
Ao contrário do julgamento que cria uma reação
defensiva e cheia de culpa, a avaliação tem o efeito de
aproximar as pessoas porque não taxa ou fecha alguém
num adjetivo.
Além do mais, evita o discurso carregado de culpa,
merecimento ou punição que tanto utilizamos ao avaliar
uma pessoa.

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1.2. Sentimento: como nos sentimos em relação ao
que estamos observando?

Nosso repertório sentimental é muito escasso,


normalmente expressamos sentimentos como "um troço
no peito" ou "sinto como se você me odiasse". Nos dois
casos não há nenhuma descrição efetiva de sentimento.

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No primeiro, falamos de uma sensação física
inespecífica e no segundo falamos de um pensamento
seguido de um julgamento sobre o outro.

Talvez fosse mais exato falar em "me sinto


angustiado" ou "me sinto triste quando diz que vai
embora de casa".

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Além do pouco que conhecemos sobre sentimentos,
ainda existe o agravante de os considerarmos um sinal de
fraqueza.

A CNV estimula uma forma de expressão


reveladoramente emocional, mesmo que se corra o risco
de ser visto como fraco. Dialogar a partir de um
sentimento desarma uma contra reação hostil.

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Exemplo de uma namorada falando com seu parceiro:

– Ontem você me contou para onde tinha ido com seus


amigos e logo depois eles me enviaram um torpedo dizendo
que estão com saudades de você. [fato descritivo].

 Me sinto muito desestimulada e triste [sentimento] a


seguir no relacionamento dessa forma, na qual as
informações são desencontradas e contraditórias [sem
acusação, só um retrato].
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Portanto, peço que seja mais claro e honesto
[necessidade profunda] ao falar sobre suas intenções
quando sai de casa sem mim [pedido específico de um
comportamento, não genérico].

Nossos sentimentos resultam de como escolhemos


receber as ações e falas dos outros.

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Segundo a CNV, podemos reagir de quatro formas a
uma mensagem negativa – a algo como , se me
chamarem de egoísta:

a) Culpar a nós mesmos. Quando aceitamos o


julgamento da outra pessoa e nos culpamos. Tomamos
algo como pessoal e com isso diminuímos nosso valor,
gerando culpa, vergonha e depressão.

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A reação seria:
"Oh, me perdoe, eu deveria ser mais sensível, que
estúpido que eu fui.“

Aparentemente isso parece sensato, mas o custo disso é


a agressividade dessa postura consigo mesmo, não há o
que ser feito após uma condenação dessas, a pessoa usa
de linguagem violenta ao se punir. Esse hábito
normalmente é estendido para os outros.

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b) Culpar os outros. Aqui tentamos reverter a culpa sobre a
outra pessoa.
"Você está sendo implacável comigo, tenho me dedicado
tanto a esse relacionamento!"
Nesse caso, além de não abrir espaço para ouvir o que a
pessoa diz, ainda estabelecemos barreiras para que se
continue o diálogo. Ao pedir que o outro nos entenda,
estamos pouco próximos da dor que ela sente ao nos chamar
de egoísta, reage-se com uma nova postura de quem só pensa
em si mesmo.
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c) Escutar nossos próprios sentimentos e
necessidades.

Aqui já criamos uma maior consciência de nossos


sentimentos pessoais sobre aquele fato específico.

"Quando diz que sou egoísta me sinto constrangido


comigo, pois sinto necessidade de ser querido e apreciado
por você e ouvir isso me faz refletir."

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d) Escutar os sentimentos e necessidades dos
outros.

Aqui viramos o foco para o que a outra pessoa necessita


e nos pede (sem saber que pede).

"Quando diz que sou egoísta imagino que queira mais


consideração com suas vontades e preferências, é isso?"

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Nesse caso, poderia parecer um ato de condescendência,
mas esta rotularia o outro como fraco, quando nesse caso
estou tentando clarear as expectativas do outro em
relação a mim para abrir a conversa sem contra-ataques.

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O ponto crucial em lidar com conflitos é assumir
100% de responsabilidade por nossos sentimentos,
pois as situações externas e pessoas são apenas gatilhos
para reações internas hostis.

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Sempre temos plena liberdade para reagir de formas
diversas. Afirmar que "bati em você porque me
provocou" é uma forma de isenção de responsabilidade.
Seria mais preciso dizer "bati em você porque cedi a
raiva diante do que falou".

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1.3. Necessidades: quais valores e desejos geram nossos

sentimentos?

Quando nos comunicamos a partir de nossas necessidades,

sentimentos e desejos, temos mais chance de ser atendidos


do que quando usamos julgamentos e avaliações.

Se queremos uma reação compassiva devemos oferecê-la

primeiro.

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Julgar é dar um tiro no próprio pé, cria fechamento e

reatividade.

Ao invés de pensar no que está errado na situação ou na

pessoa, podemos pensar sobre quais necessidades

queremos ver atendidas. São muitas as necessidades

ocultas que carregamos. E as reivindicamos sem notar

que fazemos, mas de uma maneira que não fica claro

para quem fala e quem ouve.


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Autonomia, lazer, celebração (luto, festa), integridade
(honestidade, sinceridade, escolha, autenticidade),
comunhão (aceitação, calor humano, compreensão,
admiração, empatia, encorajamento), necessidades
físicas (sono, fome, frio, movimento físico, toque,
espaço, saúde), conexão (mutualidade, consideração,
integração, confiança, abrigo),

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enlevamento (alegria, inspiração, harmonia),
pertencimento (inclusão, igualdade, contribuição,
respeito, compreensão) aprendizagem, paz, diversidade,
criatividade, iniciativa, facilidade, comunidade,
liberdade, beleza, suporte, presença, cuidado, bem-estar,
proteção, clareza, estabilidade, ordem, independência,
expressão sexual.

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Essa lista de necessidades não é nem exaustiva, nem
definitiva. Destina-se como um ponto de partida para
apoiar quem deseja envolver-se em um processo de
aprofundamento da autodescoberta e facilitar uma
maior compreensão e conexão entre as pessoas.

A lista seria enorme, mas o importante é você


identificar e ter clareza do que precisa para que o outro
tenha chance de reforçar e valorizar isso.

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1.4. Pedidos: claros e específicos

Aparentemente conseguimos forçar as pessoas a


fazerem coisas que sejam de nossa vontade,
principalmente quando um pedido oculta uma exigência
ameaçadora. Mas isso tem um preço.

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Uma exigência implica que a pessoa se submeta ou se
rebele e isso afasta os outros de uma conexão genuína.
Afinal, se ela recusa a exigência corre o risco de ser
punida.

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Quando fazemos pedidos claros e específicos temos mais
chance de ser atendidos. A primeira dica é falar de modo que
deixe claro o que você quer e não aquilo que não quer.

"Não quero que grite" é um não-pedido. Seria melhor pedir


"que fale num tom mais baixo".

Ao invés de dizer "não quero que me deixe sozinha", seria


mais preciso "quando saímos com os seus amigos, me sinto
mais confortável quando permanece ao meu lado".

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Pedir "justiça" é algo vago e tão extenso quanto "me dê
espaço para ser eu mesma".

É fundamental ter clareza do que necessita ao invés


esperar que alguém adivinhe seu desejo só por suspirar
de um certo modo. Ações objetivas são mais
compreensíveis e menos confusas. Caso não fique claro
para o outro, cheque com ele se entendeu o pedido ou
refaça de outro modo, com tranquilidade.

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Quero que me deixe ser quem sou" é inespecífico e
abstrato, seria mais preciso e observável "gostaria de
estudar na faculdade que escolhi, cantar sem ser
repreendido, poder escolher e responder pelos meus
horários e atitudes".

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Tente se comunicar quase visualmente, de modo que
qualquer pessoa possa entender.

"Quero te conhecer melhor" é inespecífico, ao passo


que "gostaria de sair para almoçar com você e conhecer
mais seus gostos e sonhos".

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2. Como ajudar os outros e ouvir com verdadeira
empatia

"Uma mensagem difícil é uma oportunidade de


enriquecer a vida de alguém." –Marshall Rosenberg

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A empatia é a compreensão respeitosa do que os outros
estão vivenciando.

Em vez de oferecermos empatia, muitas vezes, sentimos


uma forte urgência de dar conselhos.

Entretanto, a empatia requer que esvaziemos nossa


mente e escutemos os outros com a totalidade de nosso
ser.

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Na CNV não importa quais palavras os outros usam para
se expressar, simplesmente prestamos atenção em suas
observações, sentimentos, necessidades e pedidos.

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Aqui seguem alguns exemplos de tentativas de

ajuda que surgem de forma inadequada:

Aconselhar: "você deveria" (imposição de perfeição)

Competir pelo sofrimento: "comigo foi até pior, nem

imagina..." (quer subestimar a dor do outro e reverter a


posição de vítima)

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Educar: "que aprendizado pode tirar dessa situação?"

(quer catequizar)
Consolar: "você fez o melhor que pôde" (tenta

racionalizar uma dor)


Contar uma história: "isso lembra uma história que

ouvi" (desviar o foco para uma lição de moral)


Encerrar o assunto: "fica bem tá?" (desvia da dor pela

própria dificuldade em lidar com ela)

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Solidarizar-se: "oh, meu deus, coitado" (postura
infantilizante)
Interrogar: "já pensou que essa pessoa não quis dizer
aquilo?" (tenta investigar motivações intelectuais ocultas
para afastar da dor emocional)
Explicar-se: "eu no seu lugar teria já feito..." (colocar-
se em forma superior)
Corrigir: "você não entendeu nada do que aconteceu,
está errada também" (criar culpa)

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3. Compaixão consigo mesmo

A aplicação mais crucial da CVN pode ser em como


tratamos a nós mesmos. Quando cometemos erros,
podemos utilizar os processos

Ao dizer "eu errei" imediatamente entramos numa


postura de autoacusação sem nos dar a chance de
mergulhar na dor decorrente de uma expectativa ou
necessidade frustrada.

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Curiosamente, no cotidiano temos pouca compaixão
com nossas atitudes quando se trata de agir de um jeito
que contrariou nossas expectativas. Chamamos isso de
erro, e entramos num mar de autoacusação e
depreciação.

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A mesma comunicação não-violenta que utilizamos ao
tentar ouvir as necessidades dos outros pode ser aplicada
ao fazer uma autoanálise. Diante de um "erro", ao invés
de cair no ciclo de acusações, podemos nos perguntar:

 QUE TIPO DE NECESSIDADE NÃO FOI ATENDIDA?

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Um homem chega tarde do trabalho e a esposa o acusa
de colocar tudo a perder no casamento dizendo que está
cansado desses atrasos.
O diálogo interno que se segue costuma ser implacável.
-Eu deveria ter me imposto para o meu chefe, mas sou
um covarde, faz 10 anos que trabalho ali e ajo sempre do
mesmo jeito. Que desastre ambulante.

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Uma outra forma de seria assim:
- Quis mais uma vez agradar meu chefe e parecer eficiente,
gosto de ser visto como alguém insubstituível, ao mesmo
tempo estou com medo de perder o emprego e decepcionar
minha esposa. De outro lado ela tem razão, quem aguentaria
tantas noites sem uma companhia, ela está pedindo meu amor
e presença. Como posso conciliar meu desejo de ser
capacitado profissionalmente ao mesmo tempo que quero
passar mais tempo com minha família?

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É possível perceber que ao invés de entrar numa
"solução" simples de autoacusação ele identificou quais
eram as forças em jogo e se colocou numa posição de
alinhamento com seus valores contraditórios e os da
esposa.

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4. Raiva
"As pessoas que parecem monstros são apenas seres
humanos cuja linguagem e comportamento às vezes nos
impedem de perceber sua natureza humana." –Marshall
Rosenberg
Diante de uma pessoa que age de forma raivosa ou
descontrolada, não notamos que ela está se sentindo
completamente incapaz de fazer pedidos claros e se
conectar com sua própria dor.

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Uma pessoa que projeta uma imagem "durona"
costuma estar paralisada pelo medo de ser vista como
vulnerável e perder autoridade ou controle.
A raiva costuma ser resultado de uma necessidade não
atendida associada a uma interpretação distorcida de um
fato. Ao se irritar com um amigo pelo atraso, lembre-se
que não é o atraso apenas que causou a raiva, mas o
desapontamento de não se sentir respeitado em sua
presença.

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Longe de ser irracional, a raiva é determinada pelas
imagens e interpretações feitas por nós das ações dos
outros – tendo como referência nossa idealização do que
seria justo.

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Se uma criança da família pisa no seu pé, será avaliada
com mais condescendência se comparada a um adulto
estranho, já que vai pressupor que ele deveria estar
olhando, atento, preocupado, cuidadoso e educado. Não
é o pisão no pé que estritamente criou a raiva, mas a
necessidade de que adultos sejam corretos com você.

99
Quando expressamos raiva, gastamos uma energia enorme
em punir alguém e não focamos em atender as nossas
necessidades. Ao mesmo tempo usamos julgamentos,
análises e ideias conspiratórias de que os outros são maus,
mentirosos, irresponsáveis, corruptos e gananciosos.

Certamente alguém que nos ouça nesse estado emocional


não irá se interessar pelas nossas necessidades, mas apenas
reagir com indiferença e hostilidade.

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Quando se sentir prestes a explodir, experimente:
1. Parar e respirar profundamente;
2. Identificar os próprios pensamentos, em especial
aqueles julgadores;
3. Conectar-se às próprias necessidades, escondidas por
trás da raiva;
4. Expressar seus sentimentos e necessidades não
atendidas;

101
Seria difícil um conflito ganhar força diante de tal

postura.
Mas o que fazer quando somos nós o alvo da raiva?

Uma possibilidade de lidar com a raiva de alguém seria

identificando qual o pedido implícito no


esbravejamento, fazendo perguntas empáticas:

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"Queria entender melhor, como você se sente a respeito

disso?"
"Gostaria de ouvir seus reais sentimentos em relação a

tal coisa..."
Reforçando assim a conexão com suas necessidades

profundas e deixando cada vez mais claro o que a pessoa


quer, ao invés de entrar num embate intelectual.

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Considerações finais
Agora temos muito a que pensar sobre a maneira como

nos relacionamos e falamos com as pessoas de modo

geral, seja na hora de expressar um incômodo ou ouvir

um problema, e até de que como administramos nossos

próprios sonhos, medos, desejos e necessidades.

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A CNV não é uma maneira de obrigar você a parecer

passivo, simpático ou com ausência de força, mas em

como chegar em resoluções que possam alinhar você, o

outro e o mundo em que vivemos.

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Esse método propõe muita ação, persistência e
tranquilidade, para entender que existe um espaço
humano seguro para discordar e até não se entender – e
mesmo assim seguir conectado, dialogando.

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