OSTEOCONDROSES As osteocondroses formam um grupo de alterações, nas epífises ósseas, de característica autolimitada, nos quais os centros primários ou secundários de ossificação sofrem necrose asséptica, por privação da circulação sangüínea, com reabsorção gradual do osso morto, e restituição por tecido ósseo reparador.
A osteocondrose, ou necrose avascular pode
ocorrer em qualquer epífise e, para cada epífise acometida, existe uma denominação diferente: 1. Cabeça do fêmur....................... LEGG-PERTHES- CALVÉ 2. Corpo vertebral......................... SCHEURMANN 3. Tuberosidade ant. tíbia..............OSGOOD-SCHLATER 4. Calcâneo.................................... HAGLUND-SEVER 5. Côndilos femorais....................... KOENIG 6. Escafóide(navicular) do tarso......KÖHLER 7. Cabeça do 2º metatarso...............FREIBERG-KOHLER 8. Semilunar do carpo.................... ..KIENBOCK 9. Capitelo do úmero..................... .. PANNER DOENÇA LEGG-CALVÉ- PERTHES Necrose avascular da epífise femoral do esqueleto em crescimento de característica autolimitada e idiopática. Observam-se estágios sequencias de necrose, reabsorção, reparação e remodelação óssea até a maturidade esquelética. Os estágios acima relatados alteram a resistência mecânica do núcleo epifisário, tornando-o suscetível à deformidade. EPIDEMIOLOGIA
Prevalência dos 4 aos 12 anos de idade,
porém pode ser observada dos 2 anos até a maturidade esquelética. Cinco vezes mais comum em meninos que em meninas e bilateralmente ocorre em 10 a 12% dos casos. Não existe evidência científica comprovada, porém pode haver hereditariedade em 1,6 a 20 % dos pacientes. ETIOPATOGENIA
Waldenstron 1909 - TBC
Arthur Legg, Jacques Calvé, George Perthes 1910 - reconheceram como entidade clínica única, de causa isquêmica e etiologia desconhecida.
Sua causa permanece incerta.
Fatores postulados à sua gênese:
- Isquemia na epífise femoral (redução do fluxo sanguíneo na epífise femoral por múltiplos infartos) - Drenagem venosa anormal na epífise femoral - Crescimento e desenvolvimento anormais (disfunção do hormônio do crescimento, atraso da idade óssea em relação à cronológica) - Trauma - Hiperatividade da criança - Influência hereditária - Fatores nutricionais - Anormalidade de coagulação envolvendo proteínas C e S. Teoria unificada: Criança dita "suscetível" sofre um trauma leve no quadril e isso levaria à formação de pequenos trombos na área metafisária do colo. Na vigência de algum distúrbio de coagulação, haveria incapacidade de fibrinólise nesses trombos. Assim, ocorreria elevação da pressão venosa no colo femoral, estendendo essa trombose até a epífise, propiciando o aparecimento de necrose nesse segmento. PATOGÊNESE As osteocondroses apresentam as seguintes fases: 1. FASE DE NECROSE 2. FASE DE REABSORÇÃO 3. FASE DE RECONSTRUÇÃO 4. FASE DE REMODELAGEM 1. FASE DE NECROSE ( é o estágio inicial) Começa 6 meses após a obstrução vascular e caracteriza-se por: Assintomática Incapacidade de crescimento do núcleo ossificado Núcleo cartilaginoso é redondo e não deformado. Aumento no espaço articular medial secundário à sinovite Diminuição do núcleo ossificado Hipertrofia da cartilagem. 2. FASE DE REABSORÇÃO (estágio da fragmentação) Caracteriza-se:
Início dos sintomas
Invasão da cabeça por tecido de granulação, reabsorvendo as trabéculas ósseas. Nessa fase a reação osteoclástica é intensa. Pela fraqueza do tecido ósseo surge uma pequena fratura patológica no osso subcondral, no local de maior estresse de peso (porção antero-superior da cabeça). Essa fratura causa dor e sinovite. Aparece no exame radiológico como de "crescente", acompanhando a circunferência da cartilagem articular. Se não for tratado durante essa fase, poderá ter deformidade. 3. FASE DE RENCONSTRUÇÃO (estágio da reossificação ) 12-18 meses após a fase anterior e dura 1-3 anos. Nessa fase as células germinativas pluripotenciais começam a proliferar. O osso destruído é progressivamente substituído por tecido de granulação não ossificado, que vai gradativamente ossificando-se. Nesta fase ainda pode ocorrer deformidades. 4. FASE DE REMODELAGEM Estágio definitivo: da cura ou da seqüela.
O núcleo cefálico ossifica-se
progressivamente e sofre uma adaptação recíproca entre a cabeça e o acetábulo.
Podem ser observadas deformidades da
cabeça como coxa magna, vara, plana. FATORES PROGNÓSTICOS Deformidade da cabeça femoral Incongruência articular idade de aparecimento da doença (abaixo dos 6 anos o prognóstico é melhor) - mais tempo para adpatação do acetábulo Extensão do envolvimento. Distúrbio do crescimento secundário ao fechamento precoce da fise. Potencial de remodelação Estágio presente no início do tratamento. Obesidade. Sessenta por cento dos pacientes com osteocondroses apresentam artrose do quadril por volta da 5ª década de vida. QUADRO CLÍNICO Primeiro sintoma é a claudicação, notada pelos pais, podendo exacerbar-se com aumento da atividade física.
Dor localizada em região inguinal ou anterior do quadril.
Pode ser referida na região ântero-medial do joelho.
Criança pode ser pequena em estatura para a idade
cronológica.
Raramente há história familiar da doença, porém uma
história fortemente presente (sobretudo nos casos bilaterais) fala a favor da possibilidade de displasia epifisária. EXAME FÍSICO
Marcha – Claudicação
Quadril - Limitação da abdução e
rotação interna. EXAMES COMPLEMENTARES
Radiografia nas posições ântero-posterior e
Lauenstein (posição de rã). Diminuição da altura do núcleo epifisário, aumento indireto do espaço articular e fratura subcondral (crescente). Aumento da densidade do núcleo epifisário (necrose), fragmentos da epífise (reabsorção óssea entremeada com áreas de necrose) e cistos metafisários. Ressonância nuclear magnética. Importante para diagnóstico precoce. Demonstra necrose antes do aparecimento na radiografia e na cintilografia. Em situações especiais, pode ser indicada para melhor avaliação da congruência articular e da reossificação do pilar lateral. Cintilografia. Identifica precocemente a necrose e a reossificação do pilar da epífise. Hipocaptação do contraste. Método invasivo. Artrografia. Para melhor estudo da congruência articular em diversas posições do quadril. CLASSIFICAÇÃO classificação de Catterall
Herring 1192: Classificação baseada na
porcentagem de envolvimento da altura pilar lateral, sendo importante para escolha do tratamento e também no prognóstico. Grupo A: Não há perda de altura do pilar lateral - prognóstico bom. Grupo B: Colapso parcial, menos de 50 % de perda da altura do pilar - prognóstico moderado. Grupo C: Mais de 50% de perda da altura do pilar lateral - prognóstico ruim. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Hemoglobinopatias Leucemia Hipotireoidismo Displasia epifisária múltipla Púrpura Trombocitopênica Artrite séptica Anemia falciforme Tuberculose Doença de Gaucher Sinovite transitória Tumores, como o linfoma e o granuloma eosinóïfilo do quadril. TRATAMENTO Baseia-se em dois princípios: Manter a epífise femoral centrada no acetábulo Preservar a mobilidade do quadril Tratamento conservador Método de escolha para maioria dos casos. Repouso no leito com tração cutânea para melhora da dor, diminuição da sinovite e ganho de abdução. Após melhora do quadro álgico e da abdução, inicia-se o período de imobilização com gesso inguinomaleolar bilateral com flexão do joelho a 15º imobilizado em dupla adução de 30 a 45º e rotação interna de 10º (gesso de Petrie/Broomstick) sem carga por 45 dias. Após retirada do gesso, deve-se permanecer duas semanas sem carga e realizar nova radiografia. O mesmo procedimento deve ser seguido até reossificação do segmento ântero-lateral da epífise. Órteses Evitar as de apoio isquiático, pois causam subluxação do quadril. A mais usada é a Atlanta (Scottish Rite Hospital), que permite a marcha, mantém a abdução do quadril e o membro em rotação externa. Ela pode ser usada em comprometimentos leves, porém a aceitação pelas crianças pode ser difícil. Cirúrgico Oteotomia Varizante
Recuperação da frequência cardíaca após diferentes protocolos de treino em circuito: relação com a variabilidade da frequência cardíaca de repouso em mulheres pós-menopausadas fisicamente ativas