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PADRE ANTONIO VIEIRA -

SERMÕES
 Dividido entre Portugal e Brasil, Vieira foi um produtivo
escritor do Barroco brasileiro, que se impôs como teórico e
como modelo. Sua obra constitui-se de 200 sermões, entre
os quais o Sermão da Sexagésima, cerca de 500 cartas –
importantes documentos históricos que abordam a situação
da Colônia, a Inquisição, os cristão-novos, a relação entre
Portugal e Holanda, entre outros fatos – e profecias. À
parte suas opiniões proféticas, que revelam nacionalismo
exacerbado e um servilismo extraordinário dos jesuítas, e
as inúmeras cartas, abordando os mais diversos assuntos, o
melhor de sua obra encontra-se nos sermões que, em
linguagem simples e sem torneios de estilo, revelam
extraordinário domínio da língua, imaginação,
sensibilidade, humanidade e convicções.
 Utilizando-se da retórica jesuítica no trabalho das
ideias e conceitos, Vieira mostrou-se um barroco
conceptista, no desenvolvimento de ideias lógicas,
destinadas a persuadir o público, e clássico na
clareza e simplicidade de expressão. Seus temas
preferidos foram: a valorização da vida humana,
para reaproximá-la de Deus, e a exaltação do
sofrimento, porque nele está o caminho da
salvação.
 Sermões
 Sermão do Bonsucesso das Armas de Portugal contra os
de Holanda (Bahia, 1640); Sermão da
Sexagésima (Lisboa, 1655); Sermão de Santo Antonio
aos Peixes (Maranhão, 1653); Sermão da Primeira
Dominga da Quaresma (Maranhão, 1653); Sermão do
Mandato (Lisboa, 1643); Sermão do Rosário (Bahia,
1633).
 Obras de Profecia
 História do Futuro; História de Portugal; Esperanças de
Portugal;Clavis Prophetarum.
A questão do negro
 Trata-se de um sermão dirigido exclusivamente aos escravos,
chamados por ele de etíopes – termo que designava
genericamente os africanos – ou de pretos, ou, ainda, de
negros da Guiné. O sermão, destaca o autor, se apoia no mote
dos filhos de Maria. A Paixão de Cristo transformara Maria em
mãe de toda a humanidade – assim Vieira deu início ao
sermão. E, anotem, de todos os devotos de Maria no mundo, os
pretos eram os mais gloriosos. Os pretos deviam agradecer a
Deus por terem sido retirados das brenhas do mundo gentio em
que viviam em terras etíopes “para serem instruídos na fé”,
vivendo como cristãos, seguros, por isso, da salvação eterna. A
glória dos pretos residia na condição de escravos. “Somente
assim cumprir-se-ia seu glorioso destino, enquanto devotos de
Nossa Senhora do Rosário, que fez deles seus filhos prediletos
no mundo”
 Sermão que ele dirigiu aos negros da Irmandade
do Rosário:

 A expansão da fé cristão justificava, aos olhos do


orador, a escravidão. Concordava em trazer, mas
discordava do tratamento: “oh trato desumano, em
que a mercancia são homens! Oh mercancia
diabólica, em que os interesses se tiram das almas
alheias, e os riscos são das próprias.”
 “Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os
escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo
à fome; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de
ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e
temendo-os, como deuses; os senhores em pé, apontando para o açoite,
como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as mãos
atadas atrás, como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos da
extrema miséria. Oh! Deus! quantas graças devemos à fé que nos destes,
porque ela só nos cativa o entendimento, para que à vista destas
desigualdades, reconheçamos, contudo, vossa justiça e providência. Estes
homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não
foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem
e morrem, como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os cobre o
mesmo céu? Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que
os domina, tão triste, tão inimiga, tão cruel?”
“Não há escravo no Brasil, e mais quando vejo os mais
miseráveis, que não seja matéria para mim de uma
profunda meditação. Comparo o presente com o futuro, o
tempo com a eternidade, o que vejo com o que creio, e
não posso entender que Deus que criou estes homens tanto
à sua imagem e semelhança, como os demais, os
predestinasse para dois infernos, um nesta vida outro na
outra. Mas, quando hoje os vejo tão devotos e festivais
diante dos altares da Senhora do Rosário, todos irmãos
entre si, como filhos da mesma Senhora, já me persuado
sem dúvida que o cativeiro da primeira transmigração é
ordenado por sua misericórdia para a liberdade da
segunda.”
 Estriba-se na ideia de que “todo o homem é
composto de corpo e alma; mas o que é e se
chama escravo, não é todos o homem, senão só
metade dele”; vale dizer que “o domínio do senhor
sobre o escravo só tem jurisdição sobre a carne,
que é o corpo, e não se estende ao espírito, que é
a alma”. ---- o senhor tem domínio do corpo, não
da alma

 Sofisma
 “De maneira, irmãos pretos, que o cativeiro que
padeceis, por mais duro e áspero que seja ou vos
pareça, não é cativeiro total, ou de tudo o que sois,
senão meio cativeiro. Sois cativos naquela
ametade exterior e mais vil de vós mesmos, que é o
corpo, porém, na outra ametade interior e
nobilíssima, que é a alma, principalmente no que a
ela pertence, não sois cativos, mas livres. ”
 “quando servis a vossos senhores, não os sirvais como
quem serve a homens, senão como quem serve a Deus
[...] porque então não servis como cativos, senão como
livres, nem obedeceis como escravos, senão como filhos.
Não servis como cativos, senão como livres, porque
Deus vos há de pagar o vosso trabalho.”
 “Se servis por força e de má vontade, sois apóstatas
da vosso religião, mas se servis com boa vontade,
conformando a vossa com a divina, sois verdadeiros
servos de Cristo.”
 Conclusão: Considera justo o cativeiro quando o
escravo não é maltratado, e injusto, quando o é: é
contra não a escravidão em si, mas a forma como
se apresenta.
Questão do índio
 Um missionário votado à conversão de infiéis.
 O negro é apenas uma questão social, política; o
índio assumia perante sua consciência o papel de
primitivo que tinha que catequizar.
 Índio = conversão
 negro = escravidão

 Isso revela uma incoerência ou um mero jogo


político?
 “Nem no Estado do Maranhão, que é parte do mesmo
Brasil, haverá remédio permanente da vida, enquanto
não entrarem na maior força do serviço escravos de
Angola, como no mesmo Estado o experimentam já
aqueles que têm alguns.”

 “[...] em menos de quarenta anos, consumiram os


portugueses mais de dois milhões de índios, e mais de
quatrocentas povoações, tão populosas como grandes
cidades, de que hoje se não vê nem o rastro onde
estiveram.”
 Sermão da primeira dominga da quaresma --- tenta
persuadir os colonos a libertaram os indígenas.

“Quem nos há de ir buscar um pote dágua, ou um feixe de


lenha? Quem nos há de fazer dias covas de mandioca?
Hão de ir nossas mulheres? Hão de ir nossos filhos? [...]
Quando a necessidade e a consciência obrigam a tanto,
digo que sim, e torno a dizer que sim; que vós, vossas
mulheres, que vossos filhos, e que todos nós nos
sustentássemos dos nossos braços; porque o melhor é
sustentar-se do suor próprio, que do sangue alheio [...]”
Invasão holandesa
 Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal
contra as de Holanda (1640)
 Neste sermão, o padre incita os seguidores a
reagir contra as invasões Holandesas, alegando
que a presença dos protestantes na colônia
resultaria em uma série de depredações à colônia.
Leia um trecho do sermão:
“Se acaso for assim — o que vós não permitais — e está determinado em
vosso secreto juízo, que entrem os hereges na Bahia, o que só vos represento
humildemente, e muito deveras, é que, antes da execução da sentença,
repareis bem, Senhor, no que vos pode suceder depois, e que o consulteis com
vosso coração enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora, que
quando o mal passado não tenha remédio. Bem estais na intenção e alusão
com que digo isto, e na razão, fundada em vós mesmo, que tenho para o
dizer. Também antes do dilúvio estáveis vós mui colérico e irado contra os
homens, e por mais que Noé orava em todos aqueles cem anos, nunca houve
remédio para que se aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do
céu, cresceu o mar até os cumes dos montes, alagou-se o mundo todo: já
estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao terceiro dia começaram a
boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer em multidão infinita aquelas
figuras pálidas, e então se representou sobre as ondas a mais triste e funesta
tragédia que nunca viram os anjos, que homens que a vissem, não os havia.”
Sermão da Sexagésima
 Apresenta aos ouvintes uma verdadeira aula de
como se deve desenvolver a pregação.
“O trigo que semeou o pregador evangélico, diz Cristo que é a
palavra de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra
boa em que o trigo caiu, são os diversos corações dos homens.
Os espinhos são os corações embaraçados com cuidados, com
riquezas, com delícias; e nestes afoga-se a palavra de Deus. As
pedras são os corações duros e obstinados; e nestes seca-se a
palavra de Deus, e se nasce, não cria raízes. Os caminhos são os
corações inquietos e perturbados com a passagem e tropel das
coisas do Mundo, umas que vão, outras que vêm, outras que
atravessam, e todas passam; e nestes é pisada a palavra de
Deus, porque a desatendem ou a desprezam. Finalmente, a
terra boa são os corações bons ou os homens de bom coração;
e nestes prende e frutifica a palavra divina, com tanta
fecundidade e abundância, que se colhe cento por um: Et
fructum fecit centuplum.”
Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que "saiu o pregador
evangélico a semear" a palavra divina. Bem parece este texto dos livros de
Deus ão só faz menção do semear, mas também faz caso do sair: Exiit,
porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de
contar os passos. (...) Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem
a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a semear são os
que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são
os que se contentam com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas
tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a
semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a
semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah
pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais
passos: Exiit seminare. (...) Ora, suposto que a conversão das almas por
meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e
do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte,
ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (...)
Sermão do bom ladrão
 “Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas
ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a
roupa: os ladrões que mais própria e dignamente
merecem este título são aqueles a quem os reis
encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das
províncias, ou a administração das cidades, os quais já
com manha, já com força, roubam e despojam os povos.
— Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam
cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco:
estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são
enforcados: estes furtam e enforcam”
Apontamentos gerais
 Vieira pena entre extremos de revolta e calmaria,
mas acaba por aquietar-se num meio-termo em que
o poder dos raciocínios impera sobre os estímulos
do coração.

 Raciocínio de Vieira:
 1 – Nível da Bíblia
 2 – Nível de Portugal

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