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DO MAR PARA A HISTÓRIA:

Patrimônio e MEMÓRIAS
DE VERA CRUZ
CONTRA CAPA...
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................04
DEDICATÓRIA ..............................................................................................................08
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................09
CONTEXTO HISTÓRICO ..............................................................................................10
TUPINANBÁS, BANTOS E IOROBÁS ........................................................................ 12
BAIACU E SUA HISTÓRIA ...........................................................................................14
CONTOS ........................................................................................................................32
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................37
CAÇA PALAVRA ............................................................................................................40
PALAVRA CRUZADAS ..................................................................................................41
JOGOS DOS SETE ERROS ..........................................................................................42
ATIVIDADES PROPOSTAS ...........................................................................................44
BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................................47
 
 PREFÁCIO

As memórias e tradições dos velhos de Baiacu


 
A função social do velho é lembrar e aconselhar - memini, moneo - unir o começo e o fim, ligando o que
foi e o por vir. Mas a sociedade capitalista impede a lembrança, usa o braço servil do velho e recusa
seus conselhos. Sociedade que, diria Espinosa, "não merece o nome de Cidade, mas o de servidão,
solidão e barbârie", a sociedade capitalista desarma o velho mobilizando mecanismos pelos quais
oprime a velhice, destrói os apoios da memória e substitui a lembrança pela história oficial celebrativa.
(BOSI. 1979. p 18)
 
 Ao ser convidado para prefaciar sobre o estudo acerca das memórias e tradições do distrito de Baiacu ou Vila
do Senhor do Bonfim, localizada na região histórica da cidade de Vera Cruz, na Bahia, senti uma mistura de
lisonjeio e desafio. O lisonjeio é pela a alegria de antecipar ao leitor, conforme indica o significado do nome
“préfacio,” do latim praefatio, que significa aquilo que é dito (fatio) antes (prae), alguns elementos de
provocação para o interesse na leitura da obra. Ao tempo que também é um desafio, por entender a
responsabilidade em preparar leitoras e leitores para as descobertas do “tesouro” que as memórias expostas
nesta obra trazem, enquanto portas que abrem para um passado longínquo, mas que não se perde em seu
pretérito, mas dialoga com o presente, como uma dança bem cadenciada. 
Partindo da escuta sensível de depoimentos de moradores locais e seus testemunhos carregados de
afetividade e reflexão filosófica, a pretensa obra do “Mar para a História: Patrimônios e Memória de Vera Cruz”,
manifesta a sabedoria que estrutura a memória dos velhos, enquanto guardiões do passado. Cada depoimento
colhido pela autora, traz um resgate e um embate contra a vigente sociedade do imediatismo e da negação a
escuta sensível dos mais velhos, que foram participantes ou testemunhas de uma memória histórica que muitas
vezes é negada dos registros oficiais ou de estudos que ainda insistem em privilegiar a história vista pela
compreensão monolítica e triunfalista das classes dominantes.

A historiadora Roseli Vila, empreende o seu “ofício de historiadora” de maneira impecável, demonstrando uma
fidelidade a investigação a seu objeto histórico, que em sua trajetória acadêmica, se concretiza com a monografia
de conclusão do curso de especialização em História da Bahia, denominada de “História, Patrimônio e Memória
do povoado de Baiacu na ilha de Vera Cruz” pela Universidade Católica de Salvador, 2019, e a tessitura do seu
“fazer historiográfico” permite a concretização desta obra que se revela como um trabalho comum, entre a
pesquisadora e seus sujeitos. Fica difícil perceber a diferença entre ambos, pois sujeito, objeto e pesquisadora se
funde na construção do cenário de um passado que se constrói e reconstrói na oralidade dos depoimentos, na
memória que amadurece em cada relato, na expressividade das imagens mentais e materiais que ilustram o
estudo, e principalmente na coexistência entre o relato oral do participante ou testemunha e o entrelace com a
história da formação sociocultural de Vera Cruz, e em uma dimensão mais ampla, com a própria origem do
Brasil colonial.

Entretanto, nem tudo são somente relatos históricos, mas também é reconhecimento de patrimônios locais,
uma vez que apresentam aspectos no campo material e imaterial que incidem sobre a construção de práticas
ancestrais e alusões a atores fundamentais para a formação da sociabilidade dos atuais moradores da vila de
Baiacu. As tradições originárias de Baiacu remontam aos povos nativos tupinambás, que outrora à colonização
coexistiam em sua diversidade de aldeias, assim como a riqueza das práticas culturais e sociais dos africanos
da diversidade Banto e Iorubá. Além da imperativa sociedade colonizadora europeia que empreendeu sua
estrutura colonial sobre os povos da região. É também memória que se corporifica, na participação de Dona
Zozó, Dona Lili, Sr. Roque, Dona Cece, entre outros depoentes que também são participantes que “costuram”
o tecido da memória histórica de Baiacu, e apontam para os elementos considerados como Patrimônios
Culturais, tais quais a Igreja de Nosso Senhor de Vera Cruz, as cantigas de
roda, o samba de prato, os batuques, e até mesmo a natureza, enquanto manifestação de uma imanência
sagrada, como a árvore da gameleira, e a lenda de Iroko/Irôco e dos egunguns.

Por fim, o objetivo em atender a comunidade de Baiacu no resgate e preservação de sua memória e
patrimônio, a partir dos relatos dos velhos, resvala na importância dos estudos que respeitem e valorizem a
memória local e a oralidade dos participantes das comunidades, que ao trazerem a riqueza das recordações,
que mediam um constante conviver entre o passado e o presente, no interior de suas lembranças que se unem
a consciência atual, e a expressão que os sujeitos participantes deste trabalho, tem uma profunda percepção
dos acontecimentos que os circundam em diferentes tempos de suas experiências de vida.

Eudes Mata Vidal


Salvador, 01 de novembro de 2019.
DEDICADO A MULHER MAIS
IMPORTANTE DA MINHA
VIDA, ENGRACIA VILA
Para Sempre 

ANDRADE.
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
Mãe não tem limite, - mistério profundo -
é tempo sem hora, de tirá-la um dia?
luz que não apaga Fosse eu Rei do Mundo,
quando sopra o vento baixava uma lei:
e chuva desaba, Mãe não morre nunca,
veludo escondido mãe ficará sempre
na pele enrugada, junto de seu filho
água pura, ar puro, e ele, velho embora,
puro pensamento.  será pequenino
Morrer acontece feito grão de milho.
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio. Carlos Drummond de Andrade
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Grande Arquiteto do Universo por ter permitido que retomasse os meus estudos e
por ter me dado forças e inspiração para fazer livro, ao meus filhos Thaiane e Guilherme por
serem o motivo de eu não desistir apesar do cansaço, ao meu marido por me acompanhar nas
pesquisas e apoiar quando foi necessário. Tenho extrema gratidão a todos os meus depoentes
que abriram as suas portas para receber-me, e compartilharam as suas histórias e memórias
comigo, aos meus alunos Camila Alves e João Vitor Teles por abraçar o meu sonho e ajudar a
transforma-lo em realidade. Sou muito grata também a Universidade Católica do Salvador na
figura do Profº Álvaro Dantas, minha orientadora Luciana Martins, meu Coorientador Eudes
Mata, a Profª Alessandra Cruz e todo corpo docente da pós Graduação de História Pública da
Bahia e Ensino.
CONTEXTO HISTÓRICO
Todos estamos carecas ou cabeludos de saber que os portugueses tomaram posse do Brasil em
1500, com a chegada de uma frota de navios comandadas por Pedro Alvares Cabral, sabemos
também que a primeira forma de divisão, para facilitar a administração foram as capitanias
hereditárias, o território foi dividido em 15 lotes entre doze donatários. A posse da terra era
garantida pela Carta de Doação e os direitos e deveres dos donatários eram registrados no Foral.
As capitanias por serem muito extensas foram subdivididas em sesmarias com o objetivo de
garantir o cultivo e a proteção das terras, a Bahia, o nosso Estado foi uma capitania hereditária
cujo o donatário foi Francisco Pereira Coutinho e a Ilha de Itaparica foi uma sesmaria. Como as
únicas capitanias que deram certo foram as de Pernambuco e a de São Vicente, o rei de Portugal
D. João III em 1548 determina a instituição do Governo geral, com o objetivo de centralizar o poder
e tornar a colônia mais lucrativa do que as capitanias. O primeiro governador e fundador da
primeira cidade do Brasil, a cidade de Salvador, foi Tomé de Sousa, o qual concedeu o território
que conhecemos hoje como Itaparica a um membro da sua família. As histórias contidas neste livro
é um resgate histórico de uma região do Brasil que possui uma riqueza história e patrimonial,
oriunda da colonização, nas páginas seguintes vamos conhecer mais sobre a formação da nossa
identidade, cultura, patrimônio e memória de um povo que não aceita ter sua voz silenciada.
O Brasil é um país miscigenado, temos heranças indígenas e africanas, até o século
XIX a principal mão de obra foi a escrava. Milhares de índios e negros foram usados
por portugueses para manter a colônia produtiva fosse no inicio com a extração do pau
brasil, ou depois, com a cana de açúcar até o fim da escravatura em 13 de maio de
1888 quando foi assinada a Lei Aurea.

Escravatura segundo o dicionário de História da África de Nei Lopes e José Macedo, é


o comércio ou tráfico de escravos. Escravatura Comercial, expressão usada para
distinguir o sistema escravista inaugurado pelos portugueses da “escravatura
doméstica” preexistente na África. Dentro desse sistema, o escravo, depois de ser
utilizado como moeda, foi usado, a partir de meados do século XV, como gênero
mercantil, como mercadoria, para atender às necessidades da Europa e impulsionar o
desenvolvimento industrial das Américas. Nesse quadro, o afã dos mercadores
portugueses em enriquecer o mais rápido possível; a crescente procura de mão de
obra escrava para o Brasil e as Índias Ocidentais; e o envolvimento de chefes
africanos, levaram o caos e a ruína às populações africanas.
TUPINAMBÁS, IORUBÁS E
BANTOS
Tupinambás
Segundo autores como Luís Henrique dias Tavares, os primeiros índios a terem contato com os
portugueses pertenciam a nação Tupi, eram da etnia Tupinambá, eles ocupavam a região do litoral
e provavelmente por estabelecerem contato com os visitantes eles são os que possuem uma maior
quantidade de registros e descrições. Na convivência entre eles era utilizado o sistema comunal,
onde cada membro da comunidade tinha a sua função, caça, pesca, preparo das refeições, o
alimento era partilhado entre todos a começar pelos mais velhos e parentes próximos. Pintavam o
corpo como forma de ornamentação, para proteção contra insetos e proteção contra o frio,
cortavam os cabelos em forma de cuia, furavam lábios e orelhas com pedaços madeira ou pedra e
ornamentavam com penas coloridas, cultuavam e protegiam a natureza, não tinham divindades
instituídas. Com eles assimilamos palavras, a técnica da cerâmica de barro, o consumo de raízes
como inhame, aipim, batata doce, a pesca com uso de anzol e redes, apesar dos portugueses e
jesuítas criarem sistemas como o aldeamento com o objetivo de impor a cultura europeia aos
índios. Principalmente após o governo pombalino os índios que residiam no território brasileiro
foram massacrados, perdendo suas terras e muitas vezes a própria vida para ceder lugar a cobiça
e a ambição dos estrangeiros, e até os dias atuais continuam lutando para manter a sua cultura e a
proteger o que resta de nossas matas e florestas.
Bantos
Grande conjunto de povos agrupados por afinidades etnolinguísticas, localizados nos atuais
territórios da África Central, Centro Ocidental, Austral e parte da África Oriental. Deslocando-
se, a partir da região dos Montes Adamauá, na atual República dos Camarões, em constantes
vagas migratórias, desde, provavelmente, o primeiro milênio antes de Cristo, eles chegam,
alguns, à região dos Grandes Lagos e outros até a região de Catanga. Desses sítios,
deslocam-se até Zambeze, chegando ao Oceano Índico. Suas migrações também alcançaram
a costa Atlântica e o extremo sul do continente. Durante esses deslocamentos, os ancestrais
dos modernos povos bantos criaram técnicas agrícolas e metalúrgicas, instituições sociais e
lideranças, fundando Estados importantes. Detalhando toda essa trajetória.

Iorubás
Língua falada, com variantes locais, pelos diversos povos do sudoeste das atuais república de
Nigéria e Benim, agrupados sob denominação iorubás.
(LOPES, Neri e MACEDO, José Rivair. Dicionário de História da África; Séculos VII a XVI. Editora Grupo Autêntica, Belo Horizonte,
2017.)
BAIACU E SUA
HISTÓRIA
Este livro tem como proposta voltar o olhar
para o povoado de Baiacu, localizado no
município de Vera Cruz, que fica na Contra
Costa da Ilha de Itaparica, com a finalidade de
promover um resgate histórico e identitário da
região. Este local é moradia de uma população
simples e humilde, que vive da pesca, da
extração de mariscos e pequenos comércios,
hoje é considerada uma área de proteção
ambiental, pois abriga uma rica flora composta
pela restinga da Mata Atlântica, por manguezais
e árvores frutíferas, além de manter a cultura
da pesca artesanal. Muito procurado para
turismo por sua estrutura geográfica que
oferece uma paisagem da Mata Atlântica e o
litoral que compõe a região de Vera Cruz. Local
tranquilo e pitoresco habitado por pessoas
receptivas as quais muito contribuíram com os
seus depoimentos para a realização deste
trabalho.

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Dona Antônia - Baiacu foi o primeiro lugarejo da Ilha, onde tudo
começou, aqui foi o lugar onde a população da Ilha começou. E era
uma vila de pescadores, muito pobre, as pessoas eram muito
carentes, eu ainda alcancei casas de taipa e palha. Poucas casas
de telha existiam, na época eu era criança, a vida aqui era
pescaria, as mulheres costuravam redes para os pescadores que
queriam colocar a rede no mar, costuravam as redes de fio de
barbante, teciam o barbante para fazer a rede, e tinham as
mulheres que iam pescar, é claro, por que aqui o sustento dependia
da pesca. Existia pouco recurso aqui, o meio de vida era pouco
diversificado, a maioria das pessoas eram bastante pobres, tinha
alguns armazéns, todos eram humildes mesmo, não tinham
sofisticação nenhuma.
Agora uma tradição que sempre existiu no vilarejo, que não morreu
é o samba, desde que eu me entendo por gente eu ouço esse
samba aqui em Baiacu, o pessoal gosta do samba. Samba de
prato, samba de palmas, a gente sempre ouviu esse batuque de
samba aqui.
- E tudo começou aqui em Baiacu com a construção da Igreja a inauguração dessa igreja
se deu em 1569, e Tomé de Sousa o Governador Geral do Brasil veio inaugurar com
toda burguesia de Salvador. Sobre Tomé de Sousa o primeiro governador geral do
Brasil beneficiou com a doação da Ilha de Itaparica a sua tia D. Violante

- Agora o que sinto falta aqui são as procissões nas datas dos santos católicos, todo ano
tinha a procissão de São Roque, a procissão de Stª Luzia, tinha a procissão de São
Pedro, isso se perdeu. E você sabe que o catolicismo mudou muito de lá pra cá, e a fé
do povo também. As pessoas perderam muito o interesse nas festividades da igreja
católica, além do surgimento de outras religiões. Então não existe apenas católicos
aqui, tem muitas igrejas hoje em Baiacu e as pessoas estão divididas. Aqui eles faziam
terno de reis, tinham umas senhoras que organizavam, mas essas pessoas ficaram
idosas, algumas morreram e daí, não tem aparecido ninguém que se interesse pelo
resgate dessas manifestações culturais que fazem parte da nossa identidade histórica.
Dona Zozó - Eu me lembro, me lembro dos ternos, me lembro de
comédia, Nenêzinha fazia, eu, Maizinha, nós faziamos os pares
e cada um dizia um verso.
“Olhe como é lindo a viagem para Belém,
lindas flores perfumada com o cheiro que o lírio tem,
ô vinde vê, ô vinde vê,
vem apreciá o nosso terno da rosa que saiu pra passear
ô vinde vê, ô vinde vê
vem apreciá o nosso terno da rosa que saiu a passear”
 - Essa canção foi de um dos terno, eu saia como pastora, mas
também já saí como porta estandarte da borboleta, essa
manifestação popular acontece no dia 6 de janeiro, tem como
objetivo lembrar e celebrar o nascimento de Jesus Cristo, é uma
festa católica. Ainda tinha os ranchos, que as músicas eram
sambas acompanhado de instrumentos como pandeiros viola e
na palma da mão, já o terno tinha outros instrumentos e a
organização e produção era mais requintada.
Na minha época teve um rancho que ainda lembro da cantiga, foi o Rancho dos bichos,

“seu caçador passe por lá deixe o meu tamanduá


se Anan chegasse agora ciganinha o que seria?
Matavam tamanduá e a gente não sabia
Seu caçador não mate não, deixe, deixe o meu leão
seu caçador não mate não, deixe, deixe o meu leão
E eu sou caçador das matas trago pistola e facão mato outros bichos ferozes quanto mais
esse leão.
Seu caçador não mate não, deixe, deixe o meu leão”
- Os ensaios começavam logo depois da festa de 14 de setembro, ôôô saudades.
Dona Lili - Sim, a Ilha de Vera Cruz só era dali da Igreja pra cá pro
Baiacu, não era a Ilha toda não, depois com a pesca do peixe
baiacu na região as autoridades decidiram mudar o nome. Mas
quando eu me alcancei só era Vera a gente quando crianças eram
os nossos pais que contavam as história daqui, da Igreja que hoje
as gameleiras tomaram conta. A festa do padroeira Senhor de Vera
Cruz, era muita bonita, tinha muitas barracas que armaram para
festa, cada um cavalo que vinha aqui e os cavaleiros, tudo vestidos,
é mesmo bonita. Agora a gente não vê mais, as corridas de cavalo,
briga de galo, eita, era briga de galo, no dia 16 era briga de galo, era
gente dessa Ilha toda com galo, tinha rinhas lá do lado do sitio, era
bem animado.
Para a comemoração vinha gente até de Salvador, acho que é o
lugar mais festejado da Ilha aqui, essa festa é comemorada todo
ano 14 de setembro, e é feriado em toda Ilha. No dia da festividade
só se vê aquele bocado de gente, eles vêm aqui em romaria da
Coroa, saem daqui em procissão e quando acaba a missa campal
todos voltam em procissão para a parte profana da festa.
PROCISSÃO DA FESTA DE
VERA CRUZ
Sr. Roque - Sim, é muito bonita mesmo, não só a festa como a
Igreja que é a terceira a ser construída aqui no Brasil, data do
século XVI, o responsável pela sua construção foi o jesuíta Luis
da Gran em 1560, assim como um povoado o qual ele nomeou
de Vera Cruz, e dedicou a Igreja ao Senhor de Vera Cruz que
representa o próprio Jesus Cristo, por isso temos a imagem dele
que é carregada durante a procissão. Eu aprendi que os jesuítas
trouxeram escravos de fora pelo mar, pelo porto, da cidade de
Baiacu e eles vinham nos navios negreiros para construírem e
trabalharem nas fazendas que tinha aqui. A Igreja foi construída
pelos negros e índios escravizados, ouvi dizer que a argamassa
usada na construção tinha óleo de baleia abatidas aqui e lá na
ponta das baleias no atual município de Itaparica. A pesca da
baleia foi muito rentável por séculos, porque o óleo era um
combustível usado nas lamparinas para iluminação e a carne era
vendida para o consumo. Hoje a Igreja só se mantém de pé por
causa de uma gameleira que a sustenta com as suas raízes e
galhos.
IMAGEM DO
SENHOR DE
VERA CRUZ
A gameleira é uma árvore sagrada para o candomblé que teve uma
força muito grande no povoado, conhecida como irôko ou irôco,
quando cultivada no local sagrado não deve ser tocada ou ter seus
galhas e folhas arrancados ou cortados pois passam a abrigar uma
energia que protege e fortalece o ambiente e aqueles que o
frequentam. Algumas destas árvores sagradas são consideradas
como a morada dos que já se foram, os “Eguns”, e neste caso da
Igreja de Vera Cruz, por abrigar um cemitério nos fundos deve
alimentar a crença de que são estes que sustentam a construção
sacra. A Gameleira é venerada por ser reconhecida como um ser
vivo de fundamental importância para o candomblé que valorizam
as matas e florestas.
Provavelmente por esse motivo no interior das ruínas desta Igreja
hoje para os quatro cantos que se olhe, percebe-se a presença de
um sincretismo latente. É uma diversidade enorme de imagens
como a de Iemanjá, Santa Bárbara, São Roque, São Cosme e São
Damião, e, vários alguidares usados para oferendas que foram
depositadas no espaço.
IGREJA
DE
VERA
CRUZ
- Atrás da Igreja ainda tem o Tanque, foi outra construção
realizada pelos jesuíta, é a primeira obra de engenharia
hidráulica do Brasil, ele foi construído para fornecer água
durante a construção da Igreja e abastecimento de água
potável para o povoado fundado aqui em Vera Cruz.
Mesmo no século XX quando eu era garoto as pessoas
aqui de Baiacu usavam a água do Tanque para banho e
lavar roupa, íamos pela manhã bem cedo e só
retornávamos no final da tarde. Muitos falam que o
Tanque é sagrado, por isso que nunca seca, tem rumor
também que os jesuítas para esconder o ouro trazido da
América Espanhola, colocaram em caixões e lançaram
nas águas do Tanque preso a cordas, temendo que os
holandeses levassem durante a invasão que durou
quase um ano, de 1624-1625. Alguns moradores mais
antigos afirmam que ali tinha até jacaré.
Dona Cece - Tinha, tinha jacaré lá, dava muito jacaré, aqui tinha
um senhor que chama-se Dióclecio, e ele comprava naquela
época, que não tinha carne como hoje, o bofe, iscava e cansou
de pegar jacaré lá no Tanque. Eu tratei e eu aprontei uma vez por
que eu cozinhei para o pessoal da Petrobrás que esteve aqui na
década de 60, um dos trabalhadores trouxe um já esfolado,
tirado o couro, e ai eu aprontei esse jacaré, que eles levaram lá
pra Mataripe na panela. Queriam mostrar lá, como era o jacaré
pronto, eu cortei as fatias, foi um jacaré grande, cortei as fatias,
furei todo, quando acabei o tempero que só não bota alho, esse
tempero foi minha vó que me ensinou.
Eu aprendi a cozinhar cedo, sempre trabalhei desde novinha,
carregava lenha e mariscava, eu comecei a mariscar com meus
oito aos de idade, pegava sururu, ostra, aratu e chumbinho. E
depois quando eu fui ficando maiorzinha, eu ia pescar o peixe
baiacu com meu tio, durante o dia pescava o camarão, e a noite
ia pescar siri de linha. O que eu me lembro do Baiacu na minha
infância e adolescência era que não tinha luz, não tinha água,
fogão não existia, a gente ia pegar água no minador no verão
porque não tinha água encanada.
Sr. Tuninho - Eu também, o que lembro da minha infância foi
que eu comecei pelos meus 10 a 12 anos a trabalhar, meu pai
tem uma fazenda aqui que meu avô deixou aí minha vida era
catar dendê, pra fazer azeite, depois meu pai abriu uma venda
aí comecei a trabalhar com meu irmão vendendo para ajuda-
lo. Lembro que para irmos a Salvador tínhamos que andar QUE
muito, acordávamos as três horas da madrugada para ir a Mar
Grande. Era um sacrifício pegar a lancha, acordávamos cedo
mesmo, para chegar lá cinco horas e pegar a lancha de seis
horas em Mar grande, era uma dificuldade sair daqui para
outros locais, não havia estradas ou transportes que não
fosse barco e cavalo. Dia de domingo tinha que sair para
voltar dez horas por que se não pegasse a lancha de dez
horas de lá pra cá corria o risco de ficar por lá mesmo, o
nosso principal transporte eram os saveiros, eles eram barcos
com vela de inça.
Dona Mariá – sim, nós íamos para o mangue, vivia de peixe,
camarão, fazendo espeto, costurando rede de cordão pra
pescar o peixe, era aquela vida de pobre sabe, a gente
esperava a rede chegar pra gente comer meio dia. A agulha que
costurávamos era de madeira, de jenipapeiro, vendíamos as
braças das redes pra poder sobreviver, escamava peixe nas
casas dos outros que as vezes não íamos pescar, me criei
assim até vinte um anos quando eu me casei. Me recordo que a
água era de poço, nós amanhecíamos o dia pegando água no
poço pra beber, no poço de Edmundo lembram? Era uma vida
dura de muito trabalhos. E médico que não tinha aqui, quem
nos ajudava era Seu Pequeno, um farmacêutico que dava
remédio pra gente, Dona Belazinha também, e Rufina que
curava a gente. Eu mesma fiz uma cirurgia, minha perna já tava
dando tétano, tava toda roxa e ela me salvou. Ela trabalhava
fazendo consultas, e as pessoas se curava com as folhas, e até
remédios que ela receitava.
D. Antônia – A religião que predominava no Baiacu era voltada
para curas espirituais, também não tínhamos médico. Depois que
Rufina velha faleceu caiu um pouco, eu gostava do presente que
ela dava a rainha do mar, era muito bonita a festa que ela fazia,
ela fazia o presente para Iemanjá, tudo muito arrumado, tudo
bonito mesmo, aquele campo de futebol na rua da torre ficava
todo iluminado com luz de querosene, a festa era toda era ali. O
sítio era lindo, ela era uma Ialorixá, uma sacerdotisa da religião de
matriz africana candomblé, vinha muita gente da ilha toda para se
consultar com Rufina. Ela curou muita gente de algumas doenças,
o pessoal vinha doente, e ela ensinava os remédios, os chá, as
folhas, as rezas. Ela era uma pessoa muito querida, era tipo irmã
Dulce, fez muita caridade aqui, nunca disse não pra ninguém,
nunca fechou a porta pra ninguém, sempre manteve as portas
aberta para todos que se aproximavam. E ela visitava as pessoas,
tinha os dias que ela saia visitando as pessoas daqui de Baiacu
que não tinha condições de ir até ela. Os doentes, os amigos, ela
não fazia isso todo dia mas ela tirava um dia assim no mês, ou a
cada quinze dias e fazia isso, era uma pessoa bastante simpática,
bastante agradável, todo mundo tinha o maior carinho, todos a
chamavam de mãe, de tia, de madrinha, de avó, ou de D. Rufina.
Dona Lili - Ela era uma pessoa muito boa, muito prestativa. Minha mãe dizia quando a
gente nasceu que fomos pega por ela. Ela era parteira, e todo mundo a acompanhava,
essa mulher aqui no Baiacu era reverenciada. Aqui ninguém ia pra médico só ia se
consertar com os orixás dela, e o que eles dissessem o povo acreditava, até nós mesmos,
mamãe disse que nós todo fomos apresentada lá, e o que ela dizia todo mundo
acreditava. Passava remédio, tudo era Rufina, nós a chamávamos de tia Rufina, o
presente que ela dava aqui no mês de fevereiro abalava essa Ilha toda. Nós quando
meninas, ela pedia a mamãe para arrumar a gente pra pegar no andor, para levar os
presentes lá para o porto. Era mesmo uma pessoa muito querida, ela era uma pessoa
muito boa, caridosa, ela dizia que ela não fazia o mal, ela só fazia o bem. Ela tinha
aquela calma pra conversar com você, educada, aí todo mundo respeitava essa pessoa,
tia Rufina, a gente chamava ela de tia Rufina.

Dona Zozó - Ela era uma pessoa muito prestativa, só fazia a caridade, ali foi gente boa,
nunca trabalhou com maldade pra ninguém, as pessoas as vezes têm preconceito com
quem é do candomblé, mais ela só trabalhava com bem, fazia caridade, tirava as coisa
ruim que o povo levava pra lá com as orações dela nunca fez o mal, quando se foi deixou
um bocado órfãos aqui, uma vez que ela ajudava espiritualmente e materialmente, dando
comida a quem não tinha o que comer por exemplo.
Dona Cece - Ela era irmã da minha vó, todos a tinham como a médica daqui, a Ilha em peso recorria a
ela por ser uma curandeira, todos a consideravam, todos a respeitavam. O presente no mês de
fevereiro, lembro que o ofertávamos na lua cheia do mês, caísse o dia que tinha que ser na lua cheia
de fevereiro. Com a maré alta, o presente feito pela comunidade e por ela, saia dali do campo da bola
onde ela morava, era uma casa bem grande a dela. O presente da casa era o mais bonito, tinha
estandarte, tinha música para acompanhar até o porto, e lá ficavam os saveiros que iam levar, e as
embarcações com as pessoas para acompanhar, íamos lá para os bolhões, em Itaparica, onde tem um
navio, que afundou ali em frente ao cais, tinha um pedaço de mastro de ferro que a maré podia ser
grande como fosse, mas não cobria, ali era um guia, o presente era colocado lá.
Sr. Tuninho – Todo mundo que procurava ela era bem recebido, chegando no sítio comia, bebia, ela
ajudava a todos.
Dona Antônia - Eu gostava demais do sitio, me sentia bem lá, eu pedia muito a minha mãe pra me
levar por que ela era a avó, era amiga da família, mamãe eu quero ir para o sitio, e mamãe me levava.
Era uma área linda, toda limpa, cheia de flores, arvores, tinha cajueiro, tinha frutas, tinha um jardim
lindo, muito bonito, gostava demais, não ficava uma folha no chão, ninguém deixava o sitio sujo, as
senhoras iam varrer, as mocinhas, os meninos, eu varri muitas vezes. Cada um pegava, o engaço do
coqueiro, e onde tinha folha a gente ia tirando. O lazer aos domingos também era lá, os jovens iam
bater papo, a criançada brincar, todos contavam histórias, riamos, brincávamos, e ela dava merenda a
todos, fazia aquelas cocadas, aquelas coisas gostosas, queijada, ela ficava feliz de ver o sitio com os
jovens e crianças.
CONTO DE IEMANJÁ

Dizem que quando preparava as festas no sítio, Rufina pedia


aos homens para pegar na Carapituba do Norte, ilhota próxima a
Baiacu, latas com areia, pois a que tinha nessa ilhota era alva e
fina, e ela gostava de jogar pelo terreiro antes dos festejos.
Algumas oferendas e rituais também eram lançadas ao mar
deste lugar, hoje só existe a Carapituba do Sul, que é uma ilha
particular de um empresário baiano. Existe um conto que diz que
após a morte da Ialorixá Rufina, Iemanjá tomada de tristeza pela
partida da sua filha querida, levou consigo a Carapituba do
Norte, pois não teria mais os presentes tão belos que lhe eram
ofertados.
Sr. Tuninho – E lá na Rua da Torre que leva esse nome porque a
Petrobrás disse ter encontrado petróleo, disse que deu petróleo,
todo mundo se alegrou, foi uma festa danada e na hora sumiu o
petróleo, diz que foram os santo do sítio que fizeram o petróleo
desaparecer.
Dona Antônia - o Baiacu se transformou não foi? virou uma mini
cidade, veio carro de tudo quanto foi canto, eles abriram estrada
para esses carros poderem passar, só que era uma lamaceira por
que no inverno chovia o mundo, e Baiacu não era asfaltado, mas
eles ficaram felizes eu me lembro, a casa que eu morava era
vizinha da casa que eles estavam.
Dona Zozó - Acharam no sítio de Rufina, mas não deu direito para
eles fazerem estripulia ali não, porque a corrente ali era muito
forte, não deixaram eles cavar (rir), os encantados do sítio
garantiram a preservação de Baiacu, já pensou o dano na
natureza que ia provocar?
Dona Lili - Todo mundo aqui era assombrado, todo mundo tinha
medo, na minha casa o povo dizia que tinha uma luz que ficava
piscando, chamavam de beata Tam. Disse que era comadre que
brigava com a outra, e quando morria não ia para o céu e por isso
vagava perseguindo as pessoas. Eu tinha medo, não dormia
sozinha em casa não, todo mundo tinha medo dos mortos, e hoje a
gente tá com medo dos vivos que fazem maldades por aí.

Dona Cece - Eu já vi, eu era menina fui pescar siri com minha vó e
quando eu cheguei na Massaranduba, perto do espigão,
estávamos pescando siri, quando vimos acedeu uma luz na ponta
da Coroa, lá no marapé, vovó que avisou, acendeu uma luz verde e
não tem camaroeiro nenhum pescando, Dininha que nos
acompanhava disse, que nada Maria, foi aí que acendeu uma outra
luz, com isso a gente arrancou, vovó pegou a vara da canoa,
dizendo Vumbora Dininha, Vumbora simbora, quando a gente
botou a vara da canoa pra terra, acendeu no marapé, já foi maior,
quando chegamos no Porto a luz bateu no lugar que estávamos
pescando siri, corremos para o paeiro, em poucos instantes ela foi
pela beira do Mangue.
O CONTO DO SENHOR DE VERA CRUZ

Os mais antigos contavam que todos os anos no mês de


setembro, no dia 14 a meia noite ninguém poderia ficar na rua,
porque um homem alto, montado em um cavalo branco circulava
a cidade empunhando uma espada e avançava sobre as
pessoas que estavam na rua aquele horário. Muitos diziam ter
visto, outros diziam que era apenas uma visagem, ainda tinham
os que de dentro de casa escutavam o trotar e o arrastar da
espada no chão. Esse cavalheiro tão altivo era o próprio Senhor
de Vera Cruz circundando o povoado de Baiacu para protege-lo
contra qualquer um que o ameaçasse.
Dona Lili – Vocês lembram, quando morria uma pessoa aqui no
Baiacu todo mundo sabia porque da igreja tocavam o sino, quando
a gente ouvia a balada já sabia, morreu gente, mas hoje nem toca
mais. Eram tantas tradições e costumes bons que tinha aqui, hoje
não se sabe como, nem porque acabou.

Dona Zozó – Eu sinto saudades mesmo é dos ternos, das


cantigas, e da prosa a noitinha nas rodas com os mais velhos que
contavam cada história, hoje os jovens vivem no celular conectado
com o mundo mas desligado dos amigos e familiares.

Dona Cece – Calma pessoal, Baiacu ainda tem muitas tradições,


no carnaval os homens e crianças saem as ruas vestidos
mascaras para assustar as pessoas, são os famosos caretas, que
deixam os pequeninos apavorados. Ainda temos a festa de 14 de
setembro, com a missa campal e a procissão, temos o batuque, o
samba de Baiacu, e o racho que sai quando pode. Apesar de toda
vida dura eu me orgulho de ter nascido neste lugar, pra mim esse
é um pedaço de paraíso que não vou deixar nunca.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espero com o desenvolvimento deste trabalho conseguir ampliar o conhecimento sobre esse
pequeno povoado que se mantém a duras penas para ter os seus legados históricos que remontam
a colonização do Brasil. Evidenciando a sua importância histórica no povoamento da Ilha, local que
abrigava engenhos, casas de farinhas e onde foi iniciada a criação de gado para a subsistência na
época. A qual enfrentou as invasões holandesas e inglesas, abriga em suas imediações a terceira
igreja do país, patrimônio ambiental repleto de uma admirável multiplicidade de fauna e flora. Um
povo trabalhador, receptivo e prestativos, os homens com a memória da lida, da pesca, das batalhas
travadas a cada dia para garantir o sustento da família através do mar que nem sempre era
receptivo.
As mulheres seriam as suas ajudadoras, mas eu diria que elas foram e são o sustentáculo da
comunidade, também provedoras, trabalhando desde tenra idade para ajudar aos pais, depois aos
maridos. Davam conta da criação dos filhos, o peixe trazido pelo marido era tratado, salgado, posto
para secar, e depois eram vendidos nas cabeças dessas guerreiras e de suas crianças. Além dos
peixes faziam cocadas, mingaus, carvão, lenha, bordados, redes e toda sorte de coisas para somar a
renda familiar, e se tornaram as guardiães da sua história ao tentar preservar as tradições e
costumes os quais as novas gerações não demostra interesse de preservar. Foram elas que
garantiram uma riqueza maior dos detalhes que constituem esse trabalho de pesquisa, a cada
palavra proferida por Lili sobre a Festa do Senhor de Vera Cruz, os preparativos, as corridas de
cavalo, o parque que era armado no povoado. Zozó com as suas lembranças vividas dos Ternos de
Reis, elevou a minha alma ao declamar versos, e cantigas seguidas de coreografias como se
voltasse no tempo e revivesse os momentos saudosos. Cece com detalhes de eventos e contos que
vivenciou na infância e adolescência, Antônia com o seu conhecimento da história local, Mariá com a
sua fé inabalável no sobrenatural e porque não Rufina?
Essa Ialorixá que habita mesmo depois de tanto tempo a memória coletiva da comunidade, que
até hoje reivindica o respeito conquistado durante a sua vida, uma vida que conforme indicado
pelos entrevistados foi de abnegação e serviço ao local que nascera. Uma sacerdotisa que mesmo
despois de anos de partida faz com que adeptos de outras religiões que não crê no povo de santo
afirme que ela tinha poderes de cura, que ela só fazia o bem, que ela ajudou e amparou muitas
pessoas.
CAÇA PALAVRAS
PALAV
RAS
CRUZ
ADAS
RESPOSTAS DA PALAVRAS
CRUZADAS
Horizontal Vertical

2 – Mata Atlântica 1- Samba


4 – Navio Negreiro 3 – Tupinambá
6 - tombamento 5 – Tomé de Sousa
8 – Dona Violante 7 – Terno de Reis
10 – História 9 – Iemanjá
12 – Pesca 11 - Azeite
13 - Tanque
14 – Iorubá
15 - Baiacu
JOGO DOS SETE ERROS
ATIVIDADES PROPOSTAS
FUNDAMENTAL II
1 - Faça uma pesquisa em casa com a sua avó, avô, pai, mãe ou até um vizinho
sobre qual das tradições que o livro se refere ele(a) lembra quando tinha.
2 – No livro pessoas contam as suas memórias, pegue uma folha de papel de
oficio e crie um história em quadrinhos com um acontecimento que você vivenciou,
pode ser engraçado, triste ou cotidiano.
3 – O livro é repleto de ilustrações, peça a alguém da família para te contar um
conto e o reproduza por com seus próprios desenhos.
Ensino Médio
1 – Pesquise sobre os monumentos mais antigos da região de Itaparica que você já
visitou e sua história.
2 – Faça uma resenha critica sobre o livro.
3 – O livro traz alguns temas interessantes como respeito a diversidade religiosa,
heranças culturais, tradições, manifestações populares, preservação do patrimônio
cultural, material e ambiental, além da distância criada pelo uso excessivo de celular.
Escolha um tema que você acha mais importante e com argumentos o defenda em um
debate na sala de aula.
4 – Crie uma história em quadrinhos com as memórias da sua infância
Interdisciplinar
1 – Decalque um mapa do município de Vera Cruz com os Distritos e Subdistritos.
2 – Crie um glossário das palavras que tem no livro e que você desconhecia o
significado.
3 – Elabore um conto e o ilustre com desenhos ou gravuras.
4 – Aliste cinco espécies de animais, plantas e atividade pesqueira do local que você
reside.
5 – Entreviste 10 pessoas sobre a profissão delas e crie um gráfico ilustrando o
resultado dos dados coletados.
6 – Usando a linguagem poética componha uma música para um Terno de Reis e um
samba com mais dois colegas seu.
BIBLIOGRAFIA
REFERÊNCIAS

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TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia, 10ª edição, São Paul: Editora
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Entrevistas:

ANJOS, Mariá dos. Entrevista realizada com moradora do Baiacu em setembro de 2018.

CONCEIÇÂO, Mercedes Santa Luzia. Entrevista realizada com moradora do Baiacu em junho
de 2018.

FERNANDES, Antônio. Entrevista realizada com moradora do Baiacu em janeiro de 2018.

FERNANDES, Rosenira. Entrevista realizada com moradora do Baiacu em dezembro de


2017.

MOREIRA, Zorilda Fernandes. Entrevista realizada com moradora de Baiacu em junho de


2018.

 PITANGA, Roque. Entrevista realizada com moradora do Baiacu em dezembro de 2017.

SANTOS, Antônia Benícia dos. Entrevista realizada com moradora do Baiacu em janeiro de
2018.
Artigos: VELAME, Fábio Macêdo. ORIXÁS: UM PROCESSO DE DESSACRALIZAÇÃO-
ESTETIZAÇÃO-ESPETACULARIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO AFRO-BRASILEIRO. V ENECULT -
Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura 27 a 29 de maio de 2009 Faculdade de
Comunicação/UFBA, Salvador-Bahia-Brasil.

Dissertação: MOREIRA, Cristiane Fernandes. AS DENOMINAÇÕES PARA PESCADORES E OS


APETRECHOS DE PESCA NA COMUNIDADE DE BAIACU/VERA CRUZ/BAHIA. Universidade
Federal da Bahia, Instituto de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística,
Mestrado em Letras, 2010.

 Tese: MARTINS, Luciana Conceição de Almeida. HISTÓRIA PÚBLICA DO QUILOMBO DO


CABULA: REPRESENTAÇÕES DE RESISTÊNCIA EM MUSEU 3D APLICADA À MOBILIDADE DO
TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA.

UFBA\LNCC\UNEB\UEFS\IFBA\SENAI-CIMATEC\FACED\HAC, março de 2017.


Sites:
https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/ba/vera-cruz.html
 
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/28199/1/Moreira%2c%20Cristiane%
 
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/26548/1/Tese%20de%20Doutorado
 
https://coloniabaiacu.blogspot.com/
http://visaocidade.com.br/2012/12/baiacu-em-vera-cruz-na-ilha-de-
itaparica.html

https://www.veracruz.sp.gov.br/
 
https://paroquiadoscjvc.blogspot.com.br/p/blog-page_33.htm
 
https://blogdailha2015.blogspot.com/2017/01/prefeitura-de-vera-cruz-ba-
recolhe.html

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