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O Ciclo do Ouro e a

Cozinha Mineira

Ricardo Antonio Gomes Barbosa


As Minas Gerais
Há dois modos de conhecer Minas.
• Um enveredando por nossas estradas e
picadas, rumo às torres das igrejas, aos
telhados coloniais e às criações de nossos
artistas.
• O segundo é mais universal. Basta estar ao
redor de uma mesa mineira. Se ali estão o
tutu de feijão e o lombinho assado, o arroz de
panela de pedra e o queijo do Serro, o frango
com quiabo e a goiabada cascão, tudo regado
à pinga pura, então aí Minas acontece. Porque
elas são Gerais.
Maria Stella Libanio Christo
O Ciclo do Ouro
O Ciclo do Ouro
• Quando os primeiros exploradores chegaram ao Brasil,
o maior objeto de desejo era o ouro, metal precioso o
bastante para manter o fausto das cortes européias. As
excursões pioneiras pelo litoral e até pelo interior foram
frustrantes. Nada parecia haver naquela terra além de
natureza pródiga, solo fértil e índios pagãos. Qualidades
estas, aliás, para as quais os exploradores davam pouca
ou nenhuma importância.
• Foi no contato com os índios que os estrangeiros se
deram conta que algo de muito valioso se escondia nos
recônditos do Brasil. Não faltavam histórias sobre uma
terra distante, onde o ouro brotava no leito dos rios. No
alto de suas montanhas podiam ser retiradas pedras de
magníficas cores, verdes e azuis...
O Ciclo do Ouro
• O tão sonhado ouro por fim se acharia nos fins daquele século
XVII. E era muito, muito ouro, opulentas minas. O mais
provável é que o descobridor tenha sido um paulista, Antônio
Rodrigues Arzão, que não pôde concluir seu feito por causa da
animosidade dos índios que caçava. Bartolomeu Bueno de
Siqueira assumiu, com as informações que recebeu, a busca
pelo metal. Descobriu em 1694, nos arredores de Itaverava,
jazidas cujas amostras de ouro foram levadas para o Rio de
Janeiro, para apreciação do Governador, que tinha jurisdição
sobre todas as descobertas.
• Em 23 de junho de 1698, a "bandeira" comandada por
Antônio Dias de Oliveira chegou aos pés de um pico, chamado
Itacolomi. Ali seriam lançados os fundamentos de uma
fabulosa cidade, por cujas ruas percorreriam o ouro e os
ideais de liberdade: nascia a inesquecível Vila Rica (atual Ouro
Preto), que foi capital da província até o final do século XIX.
O Ciclo do Ouro
• As atividades agrícola e manufatureira praticamente não
existem. Apenas uma agricultura de subsistência e
criação de pequenos animais, como o porco. Os demais
produtos chegam às regiões mineradoras no lombo de
burros(tropas).
• A província cresce rapidamente e com ela a carência por
produtos de primeira necessidade.
• Os mercadores ambulantes também se estabelecem nos
povoados. Surge o primeiro grande mercado consumidor
do Brasil.
• Tudo é comercializado, de escravos africanos a artigos
importados da Europa. A abertura do Caminho Novo,
por Garcia Rodrigues Paes, intensificou ainda mais a
troca de mercadorias, ligando o Rio de Janeiro às
regiões mineradoras.
Mudanças provocadas pelo
Ciclo do Ouro
• O ouro provocou a primeira grande corrente imigratória para o
Brasil, esses imigrantes vinham de Portugal e das ilhas do
Atlântico;
• O ouro ajudou a sepultar a economia açucareira. Obs.: A Cana-
de-Açúcar mesmo no apogeu do ouro, dava mais lucro que o
ouro, porém o ouro iludia as pessoas por ser riqueza fácil
(metalismo);
• O ouro fez a capital brasileira mudar de Salvador para o Rio de
Janeiro, onde entravam os escravos e suprimentos e por onde
saía o ouro das minas, isto é, o Rio de Janeiro tornou-se mais
importante;
• A economia mineradora gerou uma certa articulação e
integração entre áreas distantes da Colônia, geralmente feita
pelos tropeiros;
• Gerou uma sociedade menos rígidas, a riqueza é “fácil” e
permitiu a expansão cultural, literária, artística, etc.
Evolução Demográfica da
Colônia
• Estimativa de população:
– 1690: 184.000 a 300 mil
– 1780: 2.523.000
– 1798: 3.250.000(*)
* subdivididos em: brancos
1.010.000( 31%); índios 250.000(7,7%);
libertos 406.000 (12,5%); pardos
(escravos) 221.000(6,8%); negros
(escravos) 1.361.000(42%).
Os caminhos das Minas
• Existiam dois caminhos
para chegar às minas:
– o Caminho Geral do
Sertão, que
acompanhava o vale
do Paraíba através da
Serra da Mantiqueira
– um outro, chamado de
Caminho Novo, por
Pindamonhangaba, de
onde se levava uns 20
dias para chegar às
lavras.
Do Ouro ao Café
• O ciclo do ouro teve seu auge
em meados do século 18 e
começou a perder fôlego a partir
de 1790.
• Nas primeiras décadas do século
19, os caminhos passaram a ser
utilizados para escoar a produção
cafeeira da região.
A Cozinha Mineira
A Cozinha Mineira
• A cozinha mineira surgiu da necessidade e da
carência.
• Para enfrentar a falta de carne bovina, habituaram-
se os mineiros a criar suínos no fundo do quintal. O
consumo de carne de porco tornou-se hábito
alimentar dos habitantes das lavras e, hoje, constitui
o lombo de porco, talvez o mais mineiro dos pratos.
• Já a importância do milho, veio da necessidade de se
alimentar também os animais. Gerando muitas
comidas: pipocas, curau, pamonhas, farinha, cuscuz,
biscoitos. O angu de fubá, cozido em grandes
quantidades, era comido pelos ricos por gosto e
pelos pobre por necessidade.
A Cozinha Mineira
• O prato "feijão tropeiro", por exemplo, era feito pelos
homens encarregados do transporte do ouro desde as
minas até a capital do país e era justamente nas
paradas feitas durante a viagem que eles preparavam
este prato duma maneira bem simples.
• A cozinha mineira é toda baseada nos produtos de
fundo de quintal, o porco, a galinha, o quiabo, a
couve, o fubá. Por isso mesmo, é simples mas de um
sabor inigualável e marcante.
• Está intimamente ligada à cultura do povo que a
iniciou através das cozinheiras das grandes fazendas.
   
A Cozinha Mineira
• Comia-se e ainda se come principalmente o feijão, o
angú, a farinha de milho ou de mandioca, o arroz solto,
o lombo de porco, a lingüiça, a carne de boi, seca ou
verde, a galinha e, como erva, a couve.
• Saint Hilaire, viajante francês, observou o gosto dos
mineiros por doces e geléias e o seu pendor para
confeitá-los. Estranhou porém, que comessem o doce
com queijo, heresia culinária para ele.
• Adquiriram fama os doces de leite, os de cidra, limão e
laranja, as marmeladas, goiabadas e bananadas, o pé
de moleque, a pamonha envolvida em folha de
bananeira, a qeuijadinha, a broa de fubá e o biscoito de
polvilho.
• O biscoito de polvilho, ganhou a companhia do queijo,
numa das supostas origens do famoso pão de queijo.
Poema: Feijoada Mineira
Carlos Drummond de Andrade
Uma velha e perfeita cozinheira a quem pedi a fórmula sagrada
Da feijoada à mineira,
Mandou-ma.  Ei-la: "Receita de feijoada -

Tome coisa de um litro de feijão


Preto, novo, sem bicho,
E, depois de catado com capricho,
Jogue no caldeirão.

(Com feijão que não seja preto é à toa


tentar fazer feijoada.
E se teimar, não cuide que sai boa;
Sai não valendo nada.)

Quando estiver o caldeirão fervendo


Ou antes, deite o sal,
As mãos de porco, orelhas e, querendo
Focinhos e rabo; isto (está claro) tendo,
Porque não tendo é o mesmo, não faz mal.
Quando estiver o caldeirão fervendo
Ou antes, deite o sal,
As mãos de porco, orelhas e, querendo
Focinhos e rabo; isto (está claro) tendo,
Porque não tendo é o mesmo, não faz mal.

Se, além desses preparos, deitar nela


Linguiça e mais um osso de presunto,
Só o cheiro da panela
Faz crescer água à boca de um defunto.

Eu já ia me esquecendo (que memória)


Da carne seca e da couve.
Feijoadas sem elas, qual! É a história...
Não há nem nunca houve.

Depois de tudo bem cozido, a ponto,


Machuque bem um pouco do feijão
E pronto.
Mas machuque só a parte que senão,
Em vez de feijoada sai pirão.

Eis, aí está o prato preparado...


Minto: falta ainda o molho
Que embora simples é o segredo o escolho De muito bom guisado.
O molho faz-se com vinagre, ou então,
(Para sair a coisa mais completa)
com suco de limão
e bastante pimenta malagueta.

Sal, ponha quantum satis.


Não vai ao fogo nem ligeiramente,
Exceto se levar também tomates,
Cebola, ou outro que tal ingrediente.

Co/a feijoada, a clássica, a mineira É compulsório o uso da farinha.


Como bebida, um trago de caninha.
Há quem regue o vinho; mas é asneira.

Quanto à caninha fala-se


Ou não se fale, a mim é indiferente. 
Eu tenho a firme opinião que um cálice
Nenhum mal faz à gente."

Eis aí a receita.
Publico-a sem responsabilidade.
Experimentem, se sair bem feita
E eu, no dia, estiver nessa cidade...
Não insinuo nada:
Apenas lembro que ninguém rejeita
Convite para almoço de feijoada.
Fontes
• Sabores e cores das Minas
Gerais. Editora SENAC.
• A cozinha caipira. Vídeo. Coleção
Multisabores. Editora SENAC.

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