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O problema da liberdade

versus determinismo

O problema do livre arbítrio versus determinismo tem sido colocado


pelos filósofos em diferentes épocas e a sensação com que se fica é
que constitui uma espécie de aporia – problema insolúvel.

Um problema transforma-se numa


aporia por uma ou várias das seguintes
razões:
 Formulação incorreta
 Definição imprecisa e pouco rigorosa
dos termos
 Enquadramento conceptual que
torna inviável a sua resolução
Filosofia 11.º ano
O problema da liberdade
versus determinismo

Passos para a resolução do problema

Perante um problema difícil ou que se apresenta mesmo como uma


aporia, a filosofia convida-nos a:
1. Identificar a natureza do problema.
2. Definir com precisão e rigor os termos/conceitos que o problema
implica.
3. Formular corretamente o problema.
4. Perceber o que está a bloquear a resolução.
5. Procurar, se possível, um novo enquadramento conceptual.

Filosofia 11.º ano


O problema da liberdade
versus determinismo

Natureza do problema

O problema da liberdade e do determinismo é de natureza metafísica:


1. Não é a liberdade deste ou daquele indivíduo em particular que está
em causa.
2. Não se trata de liberdade em sentido político, religioso, económico,
etc.
3. Trata-se da liberdade do ser humano para tomar decisões e fazer
opções, da liberdade de qualquer ser humano, rico ou pobre, culto
ou ignorante, homem ou mulher, branco ou negro.
4. Procura-se abordar o problema indo aos seus aspetos
fundamentais.

Filosofia 11.º ano


O problema da liberdade
versus determinismo

Definição dos termos do problema

Determinismo e livre arbítrio não são entidades que existam na


realidade física, são conceitos que nós, humanos, construímos que não
têm referente na realidade concreta, como tem, por exemplo, o
conceito de mesa, ou até o mais abstrato conceito de beleza.

Determinismo e livre arbítrio são conceitos que utilizamos para


descrever o comportamento da natureza em geral, no caso do
determinismo, e a natureza humana em particular, no caso do livre
arbítrio. Neste sentido, falamos na doutrina/teoria do determinismo e na
doutrina/teoria do livre arbítrio.

Filosofia 11.º ano


O problema da liberdade
versus determinismo

Definição dos termos do problema (cont.)

O livre arbítrio é a doutrina que considera que o indivíduo humano tem


capacidade para se determinar pela própria vontade; para o livre
arbítrio, uma ação será livre quando decorrer da vontade do
agente, quando for aquela que no momento ele pretende realizar.

Uma ação não será livre se o ser humano for coagido a agir, seja
por um constrangimento exterior – por exemplo, um conflito armado –,
seja por um impulso interior a que não consegue resistir – por exemplo,
insanidade mental.

Filosofia 11.º ano


O problema da liberdade
versus determinismo

Definição dos termos do problema (cont.)

O determinismo é a doutrina segundo a qual tudo o que acontece


tem causa, considerando-se que nas mesmas circunstâncias as
mesmas causas produzem os mesmos efeitos.

A crença no determinismo implica a crença na constância da natureza


e permite a formulação de leis enquanto enunciados de relações de
constância entre fenómenos.

Filosofia 11.º ano


O problema da liberdade
versus determinismo

Formulação do problema

No quadro de um universo regido por leis no qual o que acontece


depende sempre de circunstâncias anteriores, temos alguma
capacidade de opção e de decisão?

O mesmo é perguntar se determinismo e liberdade, duas descrições


da natureza física e da natureza humana (que também é física), são
compatíveis?

Isto é, admitindo que uma descrição é verdadeira, tal não acarreta


que a outra seja falsa?

Filosofia 11.º ano


O problema da liberdade
versus determinismo

Formulação do problema (cont.)

Neste problema, pergunta-se se o ser humano tem algum controlo


sobre a sua vida; se as suas ações emanam da sua vontade – uma
vontade livre. Ou se as suas ações são determinadas por forças que
o ultrapassam.

Será que o indivíduo humano (que também é um sistema físico) quando


«toma» decisões e «faz» certas opções está sujeito ao mesmo tipo de
causalidade que parece reger o mundo físico?

Filosofia 11.º ano


O problema da liberdade
versus determinismo

Um enquadramento bloqueador: O paradigma mecanicista

Durante muito tempo entendeu-se que a natureza – mundo físico – funcionava


mecanicamente:
 Certas causas produziam automaticamente certos efeitos.
 A relação entre causa e efeito era de um só sentido.
 A matéria era concebida, à maneira newtoniana, como constituída por partículas inertes
discretas (descontínuas) apenas movida por forças externas.
 O determinismo era radical: o futuro estava rigorosamente determinado mesmo que não
o pudéssemos prever (por ignorância); tudo o que acontece teria necessariamente de
acontecer em resultado das leis da natureza.

Neste enquadramento, não parecia restar muito espaço para a liberdade da vontade.

Filosofia 11.º ano


O problema da liberdade
versus determinismo

Um novo enquadramento: Uma realidade dinâmica

Hoje, ao nível da ciência física, surge um outro entendimento da realidade física, diferente
do proposto pelo paradigma mecanicista; a realidade é vista como algo essencialmente
dinâmico e continuamente conectado em que tudo está em relação com tudo.

Daqui decorre uma importante consequência: as interações dos corpos materiais são
contínuas e existe constante reciprocidade e retroação.

Numa conceção dinâmica da realidade, em que tudo está conectado com tudo, nem é
concebível um livre arbítrio ilimitado nem um determinismo ilimitado. Graças às
interações e retroações constantes, não há apenas um futuro, há vários futuros
possíveis, embora não sejam ilimitados.

Filosofia 11.º ano


O problema da liberdade
versus determinismo

Um novo enquadramento: Uma realidade dinâmica (cont.)

Visto desta maneira, o conceito clássico de determinismo deixa de fazer sentido para nós,
humanos (e é bom não esquecermos que este conceito não existe fora de nós, é uma
construção nossa).

É neste novo contexto, em que se considera que tudo está interconectado, que o futuro
não está rigorosamente determinado – porque há vários futuros possíveis* –, que se deve
colocar o problema do livre arbítrio versus determinismo.

*
A ideia de que não há apenas um futuro possível é ilustrada por um exemplo simples, referido pelo filósofo da
ciência Geoff Haselhurst (A simple solution to the problem of free will and determinism) que nos convida a
imaginar um pêndulo com o seu constante vaivém, da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, e um
botão que pode ser pressionado. Se o agente da experiência pressiona o botão quando o pêndulo está à
esquerda, recebe um choque elétrico; se pressiona o botão quando ele está a direita, obtém uma barra de
chocolate. Portanto, nesta situação, há pelo menos dois futuros possíveis e o ser humano pela sua ação pode
tornar um mais provável do que o outro, exercendo uma liberdade limitada «num universo necessariamente
conectado».
Filosofia 11.º ano
O problema da liberdade
versus determinismo

Um novo enquadramento: Uma realidade dinâmica (cont.)

Assim, não se trata de pretender que as


chamadas leis da natureza não se aplicam à
pessoa humana porque é óbvio que se aplicam e,
em muitos sentidos, impõem limitações à nossa
liberdade: não podemos voar e se nos lançarmos
de um quinto andar há enormes probabilidades de
não sairmos ilesos do feito, e este exemplo pode
aplicar-se a um sem número de situações, mas
trata-se de saber se, em certo sentido, o futuro
pode depender das nossas próprias decisões.

Filosofia 11.º ano

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