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RAÇA, ESCRAVIDÃO, TRABALHO FORÇADO E

PLANTATIONS NO CARIBE
Marcelo Moura Mello, UFBA
Segunda Sessão

Trouillot, Michel-Rolph.

A região do Caribe: uma fronteira aberta na teoria


antropológica, 1992.
Quero rejeitar tanto a proposição ingênua de
que somos prisioneiros de nossos passados
quanto a sugestão daninha de que a história é o
que quer que fizermos dela. A história é fruto do
poder, mas o próprio poder nunca é
transparente a ponto de sua análise ser
supérflua. A marca infalível do poder pode bem
ser sua invisibilidade; o desafio inescapável
será expor suas raízes.
Michel-Rolph Trouillot Silenciando o passado, p. 18 (Curitiba: Huya, 2016 [1995]).
(1949-2012)
Nascido em Porto Príncipe, capital do Haiti, no seio de uma família de
intelectuais, Michel-Rolph Trouillot migrou para os Estados Unidos nos
anos 1970, em virtude de perseguições políticas do governo de François
Duvallier.

Nos Estados Unidos, foi taxista, exerceu outras atividades temporárias e


obteve seu doutorado na universidade de John Hopkins em 1985, no
Programa de História e Cultura Atlântica.

Escreveu copiosamente, tornou-se provavelmente o intelectual


caribeanista mais lido no Atlântico Norte, até ter sua carreira
prematuramente interrompida por motivos de saúde.

Publicou em krèyol haitiano, em francês e em inglês. Lecionou na


Universidade de Chicago, cujo programa de pós-graduação em
antropologia é um dos mais importantes (senão o mais, ao menos na
segunda metade do século XX) da América do Norte.
A região do Caribe: uma fronteira aberta na teoria antropológica.

Annual Review of Anthropology, 1992.

Revisão da literatura publicada entre 1970-1980 em língua inglesa.

→ Conexões intracaribenhas e extracaribenhas – atualidade e relevância de


Trouillot, teórica, epistemológica e politicamente.

- Região Uma antropologia do Ocidente?


- Fronteira Aberta
- Teoria Antropológica
- Caribe como visto pelos
antropólogos e a
antropologia vista do Caribe
(região indisciplinada).
“A escravidão acabou no Caribe mais ou menos no mesmo período em que as ciências sociais se
afastavam do direito e da história na Europa e nos Estados Unidos; mas já então o Caribe havia se
tornado uma excentricidade para a academia ocidental. O rápido extermínio das populações
ameríndias, a precoce integração da região ao circuito internacional do capital, as migrações
forçadas de africanos escravizados e de trabalhadores asiáticos contratados, a abolição da
escravidão via emancipação ou revolução; tudo isso significava que o Caribe não se encaixaria nas
divisões emergentes da academia ocidental. Com uma população predominantemente não branca, o
Caribe não era ‘ocidental’ o suficiente para se adequar aos interesses dos sociólogos. Todavia, não
era ‘nativo’ o suficiente para se encaixar totalmente no compartimento selvagem no qual os
antropólogos buscavam seus objetos de estudo favoritos. Quando E. B. Tylor publicou o primeiro
manual de antropologia geral em língua inglesa, em 1881, Barbados já era ‘britânico’ há dois séculos
e meio, Cuba já era ‘espanhola’ há quase quatro séculos, e o Haiti já era um estado independente há
três gerações — após um longo século de domínio francês durante o qual fora responsável por
metade do comércio exterior da metrópole. Esses não eram exatamente lugares para se procurar
primitivos. Sua própria existência questionava a dicotomia Ocidente/não Ocidente e a categoria de
nativo, premissas sobre as quais a antropologia se baseava (Trouillot, 2018, p. 199-200)”.
“Mas o Caribe foi também o primeiro local em que a
Europa realizou a sistemática destruição do Outro,
com o genocídio dos caribes e aruaques das Antilhas.
Quando o Iluminismo retornou ao mito do nobre
selvagem, reciclando, violentamente, os debates sobre
antropologia filosófica que marcaram a Renascença, a
maior parte das Antilhas era povoada por populações
africanas que haviam atravessado o Atlântico
acorrentadas, e por seus descendentes afro-crioulos,
também escravizados. Muitos desses escravos
trabalharam em plantations dirigidas por europeus
orientados para o lucro, em termos bastante
“modernos”

Gravação incluída em “The Narrative of a Five years expedition against


the revolted Negroes of Suriname”, de John Gabriel Stedman (1744- Europe supported by Africa and America.
1797). William Blake (1796).
• Fronteiras notoriamente vagas do Caribe – região “inevitavelmente heterogênea”.

• Heterogeneidade, historicidade e articulação (níveis, fronteiras – a natureza dos limites de


observação das análises).

• Caribe enquanto espaço no qual a Europa realizou a destruição sistemática do Outro


(genocídio).

• Excentricidade do Caribe para o pensamento Ocidental.


• Historicidade (não é atributo Ocidental; sincronia e diacronia).

• Sociedades inerentemente coloniais – situação de contato;

• Falácia do “presente etnográfico”;

• Conceitos guarda-cancelas [gatekeeping];

• O que mantém essas sociedades unidas;

• Discurso nativo: citação direta, indireta ou paráfrase?

“Esse é o local [o Caribe] onde o pentecostalismo é tão ‘autóctone’ (nativeness) quanto o rastafarianismo, onde
alguns quilombolas [maroons] eram cristãos muito antes de texanos tornarem-se ‘americanos’, onde indianos
encontram alívio em rituais ‘africanos’ de Shango” (1992).

“é enquanto um conjunto complexo que o Caribe apresenta um desafio estimulante à ciência social ocidental e,
Nem uma lista de particulares necessários, nem
uma referência dissimulada a uma essência
imanente, sua visão é duplamente aberta. Em
primeiro lugar, liga o Caribe ao resto do mundo,
especialmente às Américas continentais, e à
Europa e à África por meio do Atlântico. Em
segundo lugar, não sobrepõe a homogeneidade
sobre suas unidades internas, e, sim, enxerga os
territórios caribenhos ao longo de um contínuo
multidimensional informado pela história.
Dominação colonial, substratos africanos,
limites ecológicos, formas de extração do
trabalho, ambiente ideológico e cultural, e,
agora, dominação estadunidense misturam-se
nesse esquema, que leio como uma forma
exemplar de “semelhanças de família”, à la
Wittgenstein [p. 228].

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