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Marxismo e direitos

humanos

MÈSZÀROS , I, Marxismo e direitos humanos. In:


MÈSZÀROS, I. Filosofia, ideologia e ciência social:
ensaios de negação e afirmação. São Paulo: Ensaio, 1993,
p. 203-217.
Para os liberais, Marx reduz tudo à economia. O
sistema jurídico é determinado direta e
mecanicamente pelas estruturas econômicas da
sociedade.

Para os liberais a esfera jurídica é independente e


autorregulada. Marx discorda dessa posição.
Para Marx, os direitos humanos (liberdade,
fraternidade, igualdade) são problemáticos, não por
si próprios, mas em função do contexto onde se
originam, pois neste contexto são postulados ideais
abstratos e irrealizáveis. Numa sociedade regida pelas
forças desumanas da competição antagônica e do
ganho implacável, junto à concentração de riqueza e
poder, tais direitos são irrealizáveis.
O objeto da crítica de Marx não são os direitos
humanos enquanto tais, mas o uso desses supostos
direitos para manter a desigualdade e a dominação.

Marx chama de “ilusão jurídica” o fato de pensarmos


que a lei se baseia na vontade, divorciada de sua base
real.
Segundo Mészáros, para Marx a “ilusão jurídica” é
uma ilusão não porque afirma o impacto das idéias
legais sobre os processos materiais, mas porque o faz
ignorando as mediações materiais necessárias que
tornam esse impacto totalmente possível. Neste
caso, “as leis não emanam simplesmente da ‘vontade
livre dos indivíduos’, mas do processo total da vida e
das realidades institucionais e do desenvolvimento
social-dinâmico, dos quais as determinações
volitivas dos indivíduos são parte integrante” (p.210).
Para Marx, a análise das condições materiais da vida
torna possível as soluções de problemas que
continuam misteriosas para os ideólogos que tentam
explicar o desenvolvimento das ideias jurídicas,
políticas, filosóficas, etc. como entidades
autodesenvolvidas.
Segundo Mészáros, de acordo com Marx, “(...) a
condição elementar para o bom funcionamento do
metabolismo social, numa sociedade em que a
estrutura econômica não esteja livre de contradições,
é o papel ativo da estrutura legal e política, tornado
possível por sua autonomia relativa da base material
– que, por sua vez, implica necessariamente a
autonomia relativa das ideias e formas da consciência
social em relação à própria superestrutura legal e
política (...).”(p.213)
“É nesse quadro de complexas interações dialéticas
que a idéia de direitos humanos se torna
compreensível e verdadeiramente significativa, pois,
quaisquer que sejam as determinações materiais de
uma sociedade de classe, suas contradições são
toleráveis até o ponto onde começam a ameaçar o
próprio metabolismo social fundamental. Quando
isso acontece, a autolegitimação dessa sociedade é
minada radicalmente e seu caráter de classe é
rapidamente desmascarado, através de seu fracasso
em se manter como sistema correspondente às
necessidades dos direitos humanos elementares.”
(p.213)
Em sociedades de classe, o “interesse de todos”
define-se como o funcionamento tranquilo da
ordem social, não pondo em risco os interesses dos
setores dominantes. Portanto, “ ‘o interesse de
todos’ é um conceito ideológico vazio, cuja função é
a legitimação e a perpetuação do sistema de
dominação dado” (p.214).
Mészáros destaca que, para Marx é necessário que
ocorra a emancipação de todos os indivíduos das forças
e determinações esmagadoras a que estão sujeitos. Por
isso não basta que a classe explorada se liberte da
dominação da classe dominante, mas é necessário que
se desenvolva uma liberdade pessoal, no sentido mais
amplo do termo, o que implica na abolição da divisão
social do trabalho e do Estado. A abolição da divisão
social do trabalho só pode se dar na comunidade, onde
cada indivíduo tem condições de cultivar seus talentos.
Portanto, somente na comunidade é possível o
desenvolvimento da liberdade pessoal.
Segundo Mészáros, Marx distingue 3 fases do
desenvolvimento social em relação aos direitos
humanos:

1) No capitalismo, onde o apelo aos direitos humanos


envolve a rejeição dos interesses particulares
dominantes e a defesa da liberdade pessoal e da
autorrealização individual em oposição à dominação
material crescentemente mais destrutiva;
2) Em uma sociedade de transição que estabelece que o
direito, ao invés de ser igual, deve ser desigual, podendo
compensar as desigualdades herdadas;

3) No comunismo, quando a sociedade obtiver de cada


um segundo a sua possibilidade e der a cada um
segundo a sua necessidade, a necessidade de aplicação
de um padrão de igualdade deixa de existir. Neste caso,
deixa de ser necessário refletir sob “direitos humanos”.

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