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OS PROCESSOS DE

GLOBALIZAÇÃO
João Carlos Paulo nº 2020115271
Manuela Carvalho nº 2020150048
Professor: Nuno Carvalho

novembro de 2020
Os processos de globalização

[...] devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O
primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como
fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como
perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra
globalização. (Santos, 2011, p. 18).
Os processos de globalização

■ Globalização hegemónica e contra-hegemónica

■ Globalização hegemónica e pós-Consenso de WASHINGTON

■ Graus de interesse da Globalização

■ Para onde vamos?


Os processos de globalização

Uma noção bastante ampla e difundida sobre a globalização integra a


ideia de que ela é um fenómeno que conduzirá a um encurtamento do
espaço e a uma aceleração do tempo, isso se tomarmos o espaço-tempo
mundial como o principal foco.
Globalização hegemónica e contra-hegemónica

1 - Existe uma ou várias globalizações?

2 - Faz sentido distinguir entre globalização hegemónica e contra


hegemónica?
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
1 - Existe uma ou várias globalizações?
A grande maioria dos autores defende que existe apenas uma globalização:
A capitalista e neoliberal
Mas:
Os conjuntos diferenciados de relações sociais, originam diferentes fenómenos
de globalização e por isso não existe uma entidade única chamada globalização.
Existem, em vez disso, globalizações.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
2 - Faz sentido distinguir entre globalização hegemónica e contra hegemónica?
A ideia de que existe uma só globalização leva a que a resistência contra ela não possa deixar
de ser a localização autoassumida.
Para Jerry Mander a globalização económica tem uma lógica cruel que é duplamente destrutiva.
Este autor defende que a globalização:
• não pode melhorar o nível de vida da população mundial;
• e que não é sustentável a médio prazo.
É por isso que defende que a resistência contra a globalização tem que ser a localização
autoassumida.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
3- De que forma se combate essa globalização?
A resistência mais eficaz é a promoção de:
 economias locais e comunitárias;
 economias de pequena escala;
 economias diversificadas;
 economias autossustentáveis
Todas elas ligadas a forças exteriores, mas não dependentes delas.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
A resposta contra os malefícios desta visão de uma economia e de uma cultura cada
vez mais “desterritorializadas” tem que ser:
a “reterritorialização”;
o redescobrir o sentido do lugar e da comunidade.
Isto requere a “invenção” de atividades produtivas de proximidade.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Esta posição de resistência face à globalização tem identificado, criado e
promovido várias iniciativas locais em todo o mundo.

Portanto, é muito rico o conjunto de propostas que podemos designar por


localização.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Definição de localização
É o conjunto de iniciativas que visam criar ou manter espaços de sociabilidade de
pequena escala, comunitários, assentes em relações face-a-face, orientados para a
autossustentabilidade e regidos por lógicas cooperativas e participativas.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Propostas de localização
- Para Berry e Inhoff estas propostas incluem iniciativas de pequena
agricultura familiar.
- Para Norberg-Hodge elas inserem-se na lógica do pequeno comércio local.
- Para Meeker-Lowry são sistemas de trocas locais baseados em moedas
locais.
- Para Kunar e Morris estas iniciativas incluem formas participativas de
autogoverno local.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Estas iniciativas têm como base o entendimento que a cultura, a
economia e a comunidade estão incorporadas em lugares geográficos.
Como tal requerem observação e proteção constantes.
Sales (Sales,1996) chama a estas propostas bio-regionalismo.
A tarefa básica do bio-regionalismo é fazer os habitantes entenderem e
valorizarem o lugar onde vivem.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Então, as propostas de localização serão uma forma de fechamento
isolacionista?
Isto leva-nos a refletir sobre o fato de que tais iniciativas necessitariam de
medidas de proteção contra os assaltos predadores da globalização neoliberal. É
no fundo um “novo protecionismo”, onde vigora a maximização do comércio
local no interior de economias locais, diversificadas e autossustentáveis e a
minimização do comércio de longa distância (Hines e Lang, 1996: 490).
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
O novo protecionismo
Este novo protecionismo não eliminou o velho protecionismo, porque a economia
global dispõe de um plano protecionista das empresas multinacionais e dos bancos
internacionais.
Perante tal, as economias locais não têm capacidade de preservarem a sua própria
sustentabilidade.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Assim chegamos ao paradigma da localização, que não implica a recusa e
resistências globais ou translocais.
Acentua a promoção das sociabilidades locais.
Quem defende esta posição é Norberg-hodge. Mas, para este autor é
necessário distinguir entre duas estratégias.
As que permitam travar a globalização, por um lado e por outro lado, as que
contribuam para a promoção de soluções reais para populações reais.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
As primeiras devem ser levadas a cabo por iniciativas translocais, através
de tratados multilaterais.

Para que servem esses tratados?


Permitem aos estados nacionais proteger as populações e o meio ambiente
dos excessos do comércio livre.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
As segundas são as mais importantes e só podem ser levadas a cabo por meio de
diferentes iniciativas locais e de pequena escala.
Essas iniciativas são tão diversas quanto a cultura, assim como os contextos e o
meio ambiente.
Aqui não se pode pensar em termos de esforços isolados mas antes em
instituições que promovam a pequena escala em larga escala.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Esta é a posição mais aproximada da conceção de uma polarização entre
globalização hegemónica e globalização contra-hegemónica.

Então quais são as diferenças?


A diferença está na enfâse que se dá às várias estratégias de resistência em
presença.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica

Não se deve dar prioridade às estratégias locais, nem às estratégias globais.


Uma vez que uma das armadilhas da globalização neoliberal é acentuar essa
distinção (local e global).
Estas distinções entre o local e o global destinam-se a invalidar os
obstáculos à expansão galopante da globalização neoliberal, juntando-os a
todos sob a designação de local.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica

Como?
Na medida em que dispõem de fortes mecanismos de recomendação
ideológica, conseguem levar a sociedade a vê-los de forma negativa.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
■ O autor defende que os processos transnacionais, o local e o global são os
dois lados da mesma moeda.

■ Assim, a globalização hegemónica é tão importante quanto a localização


contra-hegemónica.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
As iniciativas, organizações e movimentos atrás foram referidos como
integrantes do cosmopolitismo e do património comum da humanidade e
têm uma vocação transnacional.

Mas, apesar disso não deixam de estar estabelecidos em locais concretos e


em lutas locais concretas.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Exemplo disso são:
 a advocacia transnacional dos direitos humanos;
 a advocacia transnacional da ecologia.

Estas formas de lutas estão orientadas para a criação de redes locais que só
serão sustentáveis se partirem de lutas locais.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Por exemplo, nas alianças transnacionais de sindicatos de trabalhadores da
mesma empresa multinacional.

A empresa opera em vários países. Essas alianças visam melhorar as


condições de vida em cada um dos locais de trabalho.

Isso dá mais força e poder às lutas locais de trabalhadores.


Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Chase-Dunn et al (1998) propõem uma globalização politica dos
movimentos populares e assim será possível criar um sistema global
democrático.

Refere que é necessário fazer com que o local contra hegemónico aconteça
globalmente ou dizendo de outra forma, o global acontece localmente.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Santos, 1999 diz que para que isso aconteça deve-se desenvolver uma teoria
da tradução que permita criar inteligibilidade reciproca entre as diferentes
lutas.
Para este autor, o que constituiu a globalização contra-hegemónica são o
cosmopolitismo e o património da humanidade, porque lutam pela
transformação de trocas desiguais em trocas de autoridade partilhada.
Isso deve ocorrer em todas as constelações de práticas, mas adotará perfis
distintos em cada uma delas.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Propõe cinco tipos de práticas na transformação contra-hegemónica:
 Práticas interestatais;
 Práticas ao nível dos estados;
 Práticas ao nível do sistema interestatal;
 Práticas capitalistas globais;
 Práticas sociais e culturais transnacionais.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
■ Práticas interestatais:
As transformações ocorrem simultaneamente ao nível dos estados e do
sistema interestatal.

■ Práticas ao nível dos estados:


Tem que se transformar a democracia de baixa intensidade, pela democracia
de alta intensidade.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
 Práticas ao nível do sistema interestatal:
Aqui deve-se promover a construção de mecanismos de controlo democrático. Como?
Engloba conceitos como o de cidadania pós-nacional e o de esfera pública
transnacional.

 Práticas capitalistas globais:


Estas práticas consistem na globalização das lutas que tornem possível a distribuição
democrática da riqueza, i.e., uma distribuição assente em direitos de cidadania,
individuais e coletivos, aplicados transnacionalmente.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
■ Práticas sociais e culturais transnacionais:
Consistem na construção do multiculturalismo emancipatório, ou seja,
na construção democrática das regras de reconhecimento reciproco
entre identidades e entre culturas distintas.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Este reconhecimento pode resultar em múltiplas formas de partilha , tais como:
• identidades duais;
• identidades hibridas;
• Inter-identidade;
• Trans-identidade;
mas todas elas devem orientar-se pela seguinte pauta “trans-identitária” e “trans-
cultural”:
TEMOS O DIREITO DE SER IGUAIS QUANDO A DIFERENÇA NOS
INFERIORIZA E DE SER DIFERENTES QUANDO A IGUALDADE NOS
DESCARATERIZA.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Globalização hegemónica- Neoliberal:
■ Baseada num consenso em torno de políticas económico-sociais neoliberais
(Consenso de Washington, 1987);
■ Ideia de que a globalização torna as nações interdependentes, diminuindo os
conflitos internacionais (Tratados Internacionais);
■ Localismo Globalizante- do local para o global;
■ Globalismo Localizado – do global para o local;
■ Países centrais produzem Localismo Globalizado, países periféricos “escolhem”
Globalismos Localizados.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Globalização contra-hegemónica:
■ Quem a faz? São as vítimas da globalização hegemónica, ou seja,
excluídos socialmente, economicamente e politicamente (minorias,
populações indígenas, mulheres, trabalhadores );
■ Visão de grupos sociais como principais atores e não classes sociais;
■ Fórum Social Mundial – movimento dos movimentos;
■ Lutas locais impulsionam a globalização contra-hegemónica.
Globalização hegemónica e contra-
hegemónica
Globalização hegemónica e o pós-consenso de
Washington

Distinção entre globalização hegemónica e globalização contra-


hegemónica
O autor acha que nos encontramos num momento de transição.
A globalização contra-hegemónica é internamente muito fragmentada,
porque assume predominantemente a forma de iniciativas locais de
resistência à globalização hegemónica.
Globalização hegemónica e o pós-consenso de
Washington

Essas iniciativas têm como particularidade estarem fixadas no espirito do local,


nas especificidades dos contextos, dos atores e dos horizontes de vida localmente
constituídos.
Não falam a linguagem da globalização.
O que faz dessas iniciativas globalização contra-hegemónica é, a sua proliferação
um pouco por toda a parte enquanto respostas locais a pressões globais.
Por outro lado, é possível identificar articulações translocais que se estabelecem
entre elas e organizações ou movimentos transnacionais, que partilham alguns
objetivos comuns.
Globalização hegemónica e o pós-consenso de
Washington

Em relação à globalização hegemónica parece, ter uma maior homogeneidade, é o


caso da globalização económica.
Aqui é possível identificar as características que estão presentes globalmente:
1 – A prevalência do princípio do mercado sobre o princípio do estado;
2 – A “financeirização” da economia mundial.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
3 – A total subordinação dos interesses do trabalho aos interesses do capital;
4 – O protagonismo incondicional das empresas multinacionais;
5 - A recomposição territorial das economias, isto leva à perda de peso dos
espaços nacionais e das instituições que antes os configuravam,
particularmente os estados nacionais.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
A ter em conta que estas características gerais não vigoram de modo
homogéneo em todo o planeta.
Cada ordem constitucional tem a sua própria historicidade e é ela que
determina o carater único da resposta local ou nacional às mesmas pressões
globais.
Nota:
Esta especificidade faz com que, em termos de relações sociais e
institucionais, não haja um só capitalismo mas vários.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
O capitalismo, enquanto modo de produção, tem evoluído historicamente.
Boyer indica quatro trajetórias, que constituem as quatro configurações principais do
capitalismo contemporâneo:
1 – O capitalismo mercantil;
2– O capitalismo mesocorporativo;
3 – O capitalismo social democrático;
4 – O capitalismo estatal.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
Esta tipologia não se aplica nos capitalismos da Ásia, da América Latina, da
Europa Central, do Sul e do Leste da África.
Por isso, pode questionar-se a existência de uma globalização económica
hegemónica.
Cada tipo de capitalismo constitui um regime de acumulação e um modo de
regulação com estabilidade em que a complementaridade e compatibilidade
entre instituições é muito grande.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
A globalização económica tem passado por períodos de turbulência.
A turbulência permite que se identifiquem linhas de força, que
compõem o carácter hegemónico da globalização económica.
Isto permite verificar que existe uma evolução que consiste na
globalização do capitalismo mercantil e na consequente localização
das outras formas de capitalismo.
A localização dos diferentes capitalismos implica desestruturação e
adaptação.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
A globalização hegemónica tem um perfil que é caraterizado pelas seguintes
linhas de força:
 Compromisso entre capital e trabalho, fragilizados pela existência do
mercado livre e procura global de investimento direto.
 A segurança da relação social é convertida em rigidez da relação salarial.
 A prioridade dada aos mercados financeiros inibe a distribuição de
rendimentos e implica uma redução de despesas públicas em material
social ( Saúde, educação,....).
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
 O mesmo posto de trabalho pode ser pago com um valor nos EUA e com
outro valor diferente na América Latina.
 O aumento da mobilidade do capital faz com que a fiscalidade incida
sobretudo sobre rendimentos do trabalho.
 Aumento das desigualdades sociais em função do decréscimo de
redistribuição das politicas sociais.
 A pressão “privatizante” da proteção social aumenta, sobretudo ao nível
das pensões de reforma, dado o interesse por parte dos fundos
financeiros.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
Esta descrição da globalização hegemónica, está intimamente ligada às
escalas de análise.
Assim:
 Ao nível da grande escala a globalização hegemónica não é percetível,
porque evidenciam-se sobretudo particularidades nacionais e locais,
respostas especificas, resistência e adaptações a pressões externas.
 Ao nível da pequena escala só são visíveis as grandes tendência
globalizantes. Não faz sentido falar da hegemonia e contra-
hegenomia.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
 À escala média já é possível verificar fenómenos globais hegemónicos
que se articulam de múltiplas formas, ao nível local, nacional e regional e
que são confrontados com resistências locais, nacionais e regionais.

Estes movimentos poderão caraterizar-se como sendo contra-


hegemónicos
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
A escolha da escala é crucial, porque permite esclarecer conflitos entre os
grandes motores do capitalismo global.
Por exemplo:
Diferentes capitalismos que travam batalhas com o capitalismo norte
americano, nomeadamente na Organização Mundial do Comércio.

Assim, esta escolha permite verificar fraturas na escala da hegemonia.


Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
Como se verifica este perfil de globalização hegemónica acentua as
desigualdades sociais.
Mas é possível identificar fraturas ao nível da hegemonia da globalização e
são estas fraturas que permitem lutas sociais locais-globais de orientação
anticapitalista e contra hegemónica.
As fraturas ao nível da globalização económica e social hegemónica
verificam-se nos diferentes tipos de segurança social, nomeadamente ao
nível das políticas designadas por Estado-Providência, surgidos depois da 2ª
guerra mundial.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
Estado-Providência liberal que promove um sistema dual de proteção pública e privada,
com subsídios que apoiam a subscrição de esquemas privados de proteção social, com a
limitação a mínimos de formas de proteção pública;
Estado-Providência corporativo, onde são garantidos os direitos sociais a um nível elevado
circunscritos aos trabalhadores e ao seu desempenho no mercado e em paralelo um sistema
de assistência social generosa pelos que não estão abrangidos pelos regimes contributivos,
tendo como contrapartida o acionamento de verdadeiros processos de controlo social;
Estado-Providência social democrata, que se carateriza pelo acesso quase universal aos
benefícios, onde o acesso aos direitos não tem outra contrapartida que não a condição de ser
residente ou cidadão.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
Alguns autores, nomeadamente Maurizio Ferrera, tem vindo a propor um quarto
tipo de Estado-Providência, vigente no sul da Europa, onde existe um sistema
corporativo de proteção social altamente fragmentado, que gera muitas injustiças
e disparidades.
Isto permite fazer as seguintes distinções:
Ao capitalismo mercantil corresponde um Estado-Providência fraco, o Estado-
Providência liberal. Enquanto aos capitalismos europeus tanto ao social
democrático, como ao estatal correspondem Estados-Providência fortes ainda que
diferenciados.
Têm sido várias as propostas que pretendem reformas dos diferentes sistemas de
segurança social, nomeadamente as que defendem uma remercadorização da
proteção social e da privatização dos sistemas de pensões de reforma.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
Estas propostas conhecidas por modelo neoliberal da segurança social,
foram altamente promovidas e por vezes impostas, nomeadamente aos
países intervencionados pelas políticas de ajustamento estrutural.
Neste domínio o Banco Mundial e a Comissão Europeia, tem interpretações
diversas. Ao contrário do que se passa com o modelo do Banco Mundial, a
Comissão Europeia parte do pressuposto de que é possível compatibilizar o
aumento da competitividade e o crescimento económico com altos níveis de
proteção social.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
As fraturas na globalização económica e social hegemónica têm vindo a
agravar-se nos últimos anos.
Algumas crises nacionais, nomeadamente na Rússia e em alguns países
asiáticos têm vindo a mostrar a grande fragilidade de um modelo de
desenvolvimento assente no sistema financeiro.
As tensões entre o Banco Mundial e o FMI, são ilustrativas da extensão das
fraturas.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
A hegemonização da globalização é tão pouco viável, que até estas tensões
recentes entre o Banco Mundial e o FMI, são elucidativas das fragilidades da
globalização económica neoliberal.
Stiglitz encarrega-se de demonstrar que o modelo do Banco Mundial de
segurança social, é desumano, contribui para as desigualdades sociais a nível
local e global.
É ainda um modelo cientificamente errado por assentar num conjunto de
mitos.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
Os 10 mitos são de natureza macroeconómica e microeconómica e estão
relacionados com a economia politica:
a) os planos privados de contribuições definidas aumentam a poupança
nacional.
b) as contas individuais permitem a constituição de pensões mais elevadas
do que os sistemas de repartição.
c) o declínio das taxas de retorno nos sistemas de repartição refletem
problemas fundamentais nesses sistemas.
d) o investimento dos fundos públicos em ações e obrigações privadas em
vez de títulos do tesouro não tem qualquer efeito macroeconómico ou
implicações no bem-estar.
Globalização hegemónica e o pós-consenso
de Washington
As afirmações dos mitos macroeconómicos são:
a) os incentivos do mercado de trabalho são maiores com planos privados
de contribuições definidos.
b) os planos públicos de benefícios definidos incentivam a reforma
antecipada.
c) A concorrência permite baixos custos administrativos nos planos privados
de contribuições definidas.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
Por fim, os mitos da economia politica são:
a) os governos são ineficientes pelo que os planos privados de
contribuições definidas são preferíveis;
b) os governos são mais sujeitos a pressões para maior proteção social
sob um sistema público de benefícios definidos do que num sistema
privado de contribuições definidas.
c) o investimento de fundos por parte de entidades públicas é sempre
dissipador e mal gerido.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
O que aqui é de salientar, é a defesa da intervenção do Estado e a admissão
de que, em determinados aspetos e perante determinadas situações, essa
intervenção é mais eficiente do que a “mão invisível do mercado”.
Efetivamente existem ineficiências no funcionamento do mercado.
Estes autores pedem aos decisores políticos que tenham em atenção a
aplicação dos modelos.
Globalização hegemónica e o pós-
consenso de Washington
Isto porque, da observação retiraram, que em alguns países, principalmente
nos países em desenvolvimento, os mercados financeiros e instituições
financeiras podem apresentar riscos, inclusive riscos com a corrupção.
Afirmam que o fim último dos sistemas de pensões é o bem-estar social.
Graus de intensidade da globalização
A última precisão ao conceito de globalização defendido diz respeito aos
graus de intensidade da globalização.

Definimos globalização como sendo um conjuntos de relações sociais que se


traduzem na intensificação das interações transnacionais, sejam elas
práticas interestatais, práticas capitalistas globais ou práticas sociais e
culturais transnacionais.
Graus de intensidade da globalização
Globalização de alta intensidade Globalização de baixa intensidade

Processos rápidos Processos lentos

Intensos Difusos

Relativamente “monocausais” Mais ambíguos na sua causalidade


Graus de intensidade da globalização
Neste duplo processo, os fenómenos dominantes (globalizados) e os
dominados (localizados) sofrem transformações internas.

As transformações de fenómenos dominantes são expansivas, porque


visam ampliar âmbitos, espaços e ritmos.

As transformações de espaços dominados são retrativas,


desintegradoras e desestruturantes.
E os seus âmbitos e ritmos passam a “autorepresentar-se” como locais.
Graus de intensidade da globalização

Estas duas transformações são as duas faces da mesma moeda, a


globalização.

A intensidade e a velocidade da transformação destes processos nem sempre


ocorrem de forma rápida.
Há autores que defendem por vezes que estes fenómenos são mais lentos,
mais difusos, mais ambíguos e as suas causas indefinidas.
Graus de intensidade da globalização

As consequências da confrontação entre o princípio do estado e o princípio


do mercado na gestão da vida social deram origem às privatizações, à
desregulamentação da economia, à desmoralização dos serviços públicos,
dando origem a um novo protagonismo do direito privado.
Graus de intensidade da globalização

Isto levou a que existisse uma grande promiscuidade entre o poder politico
e o poder económico, traduzindo-se em ilegalidades, corrupção e
criminalidade de colarinho branco.

Foi a conversão da globalização capitalista hegemónica em algo irreversível


e incontornável que levou à atenuação das grandes clivagens politicas.
Graus de intensidade da globalização

Os grandes conflitos políticos transformaram-se em conflitos judiciais


( processo politico de despolitização e judicialização da politica).

Deixámos de ter o poder político politizado e passámos a ter política na


justiça.
Para onde Vamos?
Apareceu um novo período e um novo modelo de desenvolvimento
social?

O autor defende que o período atual é um período de transição (período do


sistema mundial em transição).
Para onde Vamos?

É um sistema complexo porque encerra três tipos de práticas:

 As interestatais;
 As capitalistas globais;
 As sociais e culturais transnacionais.
Para onde Vamos?

A sua natureza é problemática e a ordem possível é a ordem da


desordem.

O autor considera que o atual período é caracterizado por uma ordem


caótica e que o novo sistema que se seguirá, não deverá ainda ser um
sistema ordenado.
Para onde vamos?

São duas as leituras alternativas acerca das mudanças atuais do sistema mundial
em transição:
1 – A leitura paradigmática
2 – A leitura subparadigmática
Para onde vamos?

A primeira pressupõe um período de crise final (final dos anos 60 início dos anos
70) do qual emergirá um novo paradigma social.

A segunda vê o período atual como um processo de ajustamento estrutural, no


qual o período atual de transição põe a descoberto os limites das teorias de
regulação e dos seus conceitos.
Para onde vamos?

A confrontação entre as duas leituras tem dois registos principais, o


analítico e o ideológico-político.
Sendo que, a primeira é muito mais ampla que a segunda, tanto nas suas
afirmações substantivas, como na amplitude do seu tempo espaço.
Os que perfilham as leituras subparadigmáticas consideram-na um
fenómeno velho.
Para onde vamos?

Segundo um registo analítico os autores que perfilham as leituras


paradigmáticas, são os que consideram a globalização um fenómeno novo.

Segundo o registo político-ideológico as duas leituras são dois argumentos


fundamentais a respeito da ação política nas condições turbulentas dos nossos
dias.
Para onde vamos?

Os argumentos paradigmáticos fazem o apelo a atores coletivos que


privilegiam a ação transformadora.

Enquanto que os argumentos subparadigmáticos apelam a atores coletivos


que privilegiam a ação adaptativa.
Para onde vamos?
Os autores que privilegiam a leitura paradigmática, tendem a ser mais
apocalípticos na avaliação que fazem e mais ambiciosos ao nível das
possibilidades e escolhas.

Os autores que privilegiam a leitura subparadigmática referem que as atuais


transformações globais ao nível da política, da economia e da cultura, não estão
a criar, nem um novo mundo utópico, nem uma catástrofe eminente.
Para onde vamos?

O autor, tendo em conta a sua sensibilidade e conhecimento, considera que


as leituras paradigmáticas interpretam melhor a nossa condição no início
do novo milénio, que as leituras subparadigmáticas.

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