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Licenciamento Ambiental
Créditos
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac/SC
FECOMÉRCIO
Presidente
Bruno Breithaupt
Diretor Regional
Rudney Raulino
Conteudista
Marco Floriani
Desenvolvimento e Editoração
Equipe de Produção do SEAD
Coordenação Técnica
Setor de Educação a Distância – SEAD
CONSIDERAÇÕES ������������������������������������������������� 59
REFERÊNCIAS ����������������������������������������������������� 60
CONTEXTUALIZANDO
Desde o surgimento do ser humano no planeta, o ambiente vem sofrendo alterações, nem sem�
pre de forma positiva. O atual modelo de desenvolvimento, pouco sustentável, tem acarretado
grandes prejuízos ambientais e sociais. Tais impactos podem desequilibrar os ecossistemas,
comprometendo sua capacidade de suporte.
Importante
Umas das ferramentas de controle ambiental mais eficientes é o Licenciamento Ambiental, o
qual consiste num procedimento técnico-administrativo previsto em lei, pelo qual o órgão ambiental
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras.
Para tanto, é necessário entender a evolução dos mecanismos de controle do Estado, ao longo
do tempo, e seus procedimentos técnicos e legais que tutelam o meio ambiente, os quais serão
abordados neste curso.
Licenciamento Ambiental 5
1 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
“o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Esta é uma definição abrangente para o tema, por isso, para que você compreenda melhor os meca�
nismos e etapas de um processo de licenciamento é preciso aprofundar-se nos conceitos de sustenta�
bilidade e esclarecer como funciona e funcionou a relação do ser humano e o ambiente natural, assim
como, desvendar os potenciais danos provocados pelas ações predatórias e sem manejo adequado
dos recursos naturais.
Por que há tanta burocracia no processo de licenciamento de atividades que utilizam recursos naturais e
por que o Estado regulamenta seu uso, certo?
Afinal há muitas fontes de recursos naturais que estão em propriedades privadas e, tem-se a ideia, de
que o proprietário teria o total e livre direito de usufruir daquele recurso natural que está em sua pro�
priedade, ainda mais, sendo estes recursos naturais a base de toda cadeia produtiva, impulsionando
o desenvolvimento econômico da região.
entretanto, por outro lado, reflete numa degradação ambiental, que em muitos casos não
tem mais recuperação.
Desta maneira, uma visão sistêmica é fundamental para esclarecer a origem do problema na inte�
ração do Ser Humano com o meio ambiente ao longo da história, onde de fato, a exploração dos
recursos naturais começou a causar problemas na esfera ambiental e social e, entender a importância
do licenciamento ambiental como ferramenta de controle e gestão no enfrentamento da exploração
predatória e destrutiva que assola nosso País.
Exemplo
Entenda o que é visão sistêmica clicando nesse link da FGV (Fundação Getúlio Vargas) ou digitando
http://www.ibe.edu.br/o-que-e-visao-sistemica/ no seu navegador.
Licenciamento Ambiental 6
1 - Meio ambiente e sustentabilidade
Videoaula
Para entender melhor esse período, assista a videoaula Impacto da Revolução Industrial, aqui.
Se pensarmos apenas no viés capitalista, quando há exploração de um recurso qualquer, seja ele
faunístico, florístico, mineral e hídrico é realizada de maneira predatória, excluindo-se os princípios da
sustentabilidade, o que se verifica é o exaurimento das fontes naturais, que são finitas, e a consolidação
dos passivos ambientais, ou seja, uma degradação ambiental que, por vezes, não se consegue reverter.
No mesmo sentido, o não tratamento ou o tratamento impróprio dos efluentes industriais e a desti�
nação inadequada de resíduos, provocará a degradação e a poluição dos compartimentos ambientais,
tais como: o ar, o solo e as águas, devido, principalmente, ao despejo e emissão de substâncias extre�
mamente tóxicas que atingem diretamente estes compartimentos.
As águas subterrâneas, especialmente os lençóis freáticos e aquíferos, estão sofrendo enorme pressão
das atividades humanas altamente poluidoras que comprometem diretamente a qualidade dessas águas.
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1 - Meio ambiente e sustentabilidade
Exemplo
Um exemplo disso é a atividade de suinocultura exercida no Oeste de Santa Catarina, onde, alguns
empreendimentos não seguem da técnica recomendada e da legislação pertinente e acabam por
contaminar o solo e as águas superficiais e subterrâneas com dejetos suínos, inviabilizando, em
muitos casos, a utilização deste recurso para abastecimento humano e dessedentação de animais,
ou seja, de suprir a necessidade de água.
Os famosos lixões são, hoje em dia, proibidos pela Lei n°12.305/10 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, são exemplos clássicos do descaso com o recurso edáfico o qual é um dos pilares
para existência de vida, da forma como a conhecemos no planeta.
Relativo ao solo.
A degradação do solo, por muitos anos, teve como principal agravante a agricultura convencional, hoje,
devido aos avanços tecnológicos e de pesquisa, ela está gradativamente sendo substituída por uma
agricultura conservacionista, a qual visa otimizar os recursos naturais em benefício da própria atividade.
Exemplo
Um bom exemplo de agricultura conservacionista é o plantio direto, que consiste em manter
a palhada1 na superfície do solo para evitar a erosão e servir como fonte de nutrientes para a
cultura vindoura, as técnicas em consórcio e rodízio de culturas são outros exemplos de práticas
conservacionistas de solo.
A exploração de minérios e minerais de alto valor econômico, faz com que as pessoas busquem inces�
santemente jazidas exploráveis, para suprir à demanda de um mercado muito exigente e insaciável.
Licenciamento Ambiental 8
1 - Meio ambiente e sustentabilidade
Exploração de Basalto
Exemplo disto, são algumas cidades do complexo carbonífero de Santa Catarina, as quais detêm um
dos solos mais ácidos do Brasil devido principalmente a oxidação da pirita, que é extraída juntamente
com o carvão e depositada em “bota fora” ou “bota espera”.
São amontoados de rejeitos da extração do carvão, sendo muitos deles, repostos no lugar
da extração com alternância da camada original do solo, permitindo o contato direto da
pirita com o oxigênio. Esse processo de oxidação da pirita favorece a liberação de ácido
sulfúrico de maneira contínua, sendo um dos responsáveis pela acidificação daqueles solos,
dificultando sobremaneira a utilização para agricultura.
Indústrias
Licenciamento Ambiental 9
1 - Meio ambiente e sustentabilidade
Queimadas
Importante
Tendo essas informações em mente, fica evidente a necessidade de mecanismos de controle e
fiscalização da utilização dos recursos naturais, bem como, do tratamento dos efluentes oriundos dos
processos industriais e destinação correta de resíduos. Mas é importante frisar: estes mecanismos
não vieram por acaso, foram motivados por inúmeros movimentos ambientalistas.
“The Limits to Growth” (no Brasil: Os Limites do Crescimento), publicado em 1972, que
trouxe uma perspectiva dos danos oriundos do crescimento rápido e sem controle da
população mundial e utilização indiscriminada dos recursos naturais. O livro
apresentou uma modelagem, com utilização de um sistema computacional –
raro para época – e simulou as consequências da interação entre os sistemas
humanos e os recursos finitos do planeta em cinco variáveis: população mundial;
industrialização; poluição; produção de alimentos e esgotamento de recursos, alertando ainda, que se
nada for feito para melhorar estas cinco interações, o planeta chegará no seu limite de crescimento
dentro dos próximos cem anos.
Importante
Ambos best-sellers - The Limits to Growth e Silent Spring - foram obras que levaram também o
público leigo ao debate, ampliando a abrangência das informações, que antes, eram discutidos quase
que exclusivamente em âmbito acadêmico.
Licenciamento Ambiental 10
1 - Meio ambiente e sustentabilidade
O Conceito de Sustentabilidade
Após inúmeras discussões e eventos internacionais, nasce o conceito do “Triple Bottom Line”, elaborado
por Elkington em 1994, esse conceito é conhecido, aqui no Brasil, como os pilares da sustentabilidade
(Pessoas, Planeta e Lucro), ou seja, a sustentabilidade é formada por três pilares básicos: o
Ambiental, o Econômico e o Social.
Licenciamento Ambiental 11
1 - Meio ambiente e sustentabilidade
SOCIAL
TOLERÁVEL JUSTO
SUSTENTÁVEL
AMBIENTAL ECONÔMICO
VIÁVEL
Pilar Ambiental
Principal objetivo é analisar e avaliar a influência mútua dos processos industriais com o
meio ambiente e os possíveis danos ambientais originários dessa interação, bem como, pro�
por medidas mitigatórias para tal situação. Neste pilar, o modelo de produção deve ser ajus�
tado com a capacidade de matéria-prima que sustenta toda economia. Trata-se de produzir
e consumir de maneira a garantir a funcionalidade e resiliência dos ecossistemas.
Tornar mais brando, mais suave, menos Propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma
intenso, aliviar, suavizar, aplacar. original após terem sido submetidos a uma deformação elástica.
Pilar Econômico
Pilar Social
Principal objetivo baseia-se nas pessoas, atentando-se pelo estabelecimento de ações mais jus�
tas para colaboradores, sociedade, parceiros e outros, visando o bem-estar e qualidade de vida
das pessoas envolvidas diretamente ou indiretamente no processo. Este pilar vislumbra que os
cidadãos detenham acesso a bens, serviços e meio ambiente sadio em condições mínimas para
terem uma vida digna. Sinteticamente, isso implica em um processo de erradicar a pobreza e di�
minuição da desigualdade social aceitável, colocando em prática o real conceito de justiça social.
Licenciamento Ambiental 12
1 - Meio ambiente e sustentabilidade
A proposta de desenvolvimento sustentável não era parar o crescimento econômico, como muitos
países alegaram, mas em utilizar de maneira racional os recursos naturais sem comprometer as
fontes para as gerações futuras.
“ para ser sustentável, precisa ser economicamente viável, socialmente justa, cultural-
mente aceita e ecologicamente correta.”
Veja um exemplo de matriz para alinhamento da estratégia sustentável e perceba alguns pontos
importantes que precisam ser apontados e analisados em cada aspecto.
Investimentos em tecnologias
Distribuição de ganhos às alinhadas aos conceitos de
partes interessadas (fornece� produção mais limpa e de
Maximização dos
dores, distribuidores, comuni� inovação.
lucros.
Financeiro dades, e demais interessados).
Maximização das Participação em índices de
Criação de estrutura que sustentabilidade.
receitas.
sustente outras atividades na
região. Participação no programa de
créditos de carbono.
Otimização de pro�
Transparência, ética e trata� cessos produtivos Exigência de práticas ambiental�
mento justo nos relaciona� internos e externos. mente corretas nos processos
Processos intraorganizacionais.
mentos intraorganizacionais Estabelecimento de
Internos
(seleção, avaliação e contato padronização, redu� Implantação de normas
com todos os stakeholders1). zindo erros e desper� ambientais.
dícios.
Investimento no
desenvolvimento Conscientização, desenvol�
Desenvolvimento cultural e
Aprendizado e de competências vimento e multiplicação de
educacional dos stakeholders
Crescimento necessárias e aderen� cultura ambientalmente res�
do processo.
tes aos resultados da ponsável.
organização.
1
Stakeholder: É uma palavra em inglês muito utilizada nas áreas de comunicação, administração e tecnologia da informação e designa as pessoas e
grupos mais importantes para um planejamento estratégico ou plano de negócios, ou seja, as partes interessadas.
Licenciamento Ambiental 13
1 - Meio ambiente e sustentabilidade
Resumo
a importância dos recursos naturais para a base da cadeia produtiva das indústrias ao
longo da história;
Tendo em mente o que foi estudado até aqui, a seguir, você verá a importância e a aplicação da
legislação ambiental nos empreendimentos que necessitam de licença ambiental para funcionar.
Licenciamento Ambiental 14
2 IMPORTÂNCIA DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CASO
Videoaula
Clique aqui e assista à videoaula Convenções Internacionais e Políticas Públicas.
A Política Nacional do Meio Ambiente possui como escopo básico os itens elencados no seu art. 2º
da Lei nº 6.938/81, como você pode ver abaixo:
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições
ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
I - Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente
como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o
uso coletivo;
II - Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V - Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI - Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção
dos recursos ambientais;
VII - Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - Recuperação de áreas degradadas;
IX - Proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive à educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. (grifo não original)
Perceba que a parte grifada acima está diretamente relacionada à concessão das licenças ambientais,
tema que será abordado adiante, e as partes não grifadas estão indiretamente relacionadas, pois
trazem a seguridade do ambiente sadio e equilibrado.
Licenciamento Ambiental 15
2 - Importância do licenciamento ambiental e legislação aplicável ao caso
Saiba mais
Para consultar o texto completo da Lei n° 6.938 de 31 de agosto de 1981, clique aqui.
Para atingir os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente alguns instrumentos foram utilizados pela
Administração Pública, com o intuito de garantir que estes objetivos fossem integralmente alcançados.
Veja, que os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente estão citados no Art. 9º da Lei
nº 6.938/81:
Mesmo a Política Nacional do Meio Ambiente sendo uma norma federal e que, na hierarquia das
leis, ela deve ser cumprida em todo o território nacional, é possível que os Estados e Municípios
atribuam instrumentos, com suas respectivas peculiaridades e adaptações, para a efetivação dela.
Licenciamento Ambiental 16
2 - Importância do licenciamento ambiental e legislação aplicável ao caso
Desta forma, os instrumentos elencados no Art. 9º da Lei nº 6.938/81 podem ser dividido em três
grupos:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações;
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;
II - Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através
de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
sua proteção;
IV - Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V - Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente;
VII - Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco
sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei;
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados;
Licenciamento Ambiental 17
2 - Importância do licenciamento ambiental e legislação aplicável ao caso
Veja, que a própria Constituição Federal, traz no seu contexto diretrizes de controle do Estado
sobre as atividades humanas que são potencialmente causadoras de degradação ambiental.
Em análise à Constituição Federal e a Política Nacional do Meio Ambiente é possível verificar que
ambas remetem a instrumentos de controle de atividades que utilizam de recursos naturais em
seu processo produtivo.
“o dever de exigir e dar publicidade ao estudo prévio de impactos ambientais, para a instalação
de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente”.
Prestando atenção ao texto fica muito claro que o Poder Público busca alternativas legais para asse�
gurar que os cidadãos tenham o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado, fato este corroborado
pela Política Nacional do Meio Ambiente que em seu artigo 10 estabelece:
A definição e função do Sisnama – Sistema Nacional do Meio Ambiente – está previsto na Lei
n° 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente), sendo o mesmo formado pelos órgãos e entidades
da União, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios responsáveis pela proteção, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental no Brasil.
Saiba mais
Para ler o texto completo do Artigo 10 da Política Nacional do Meio Ambiente, clique aqui.
Licenciamento Ambiental 18
2 - Importância do licenciamento ambiental e legislação aplicável ao caso
concede ao empreendedor o seu direito à livre iniciativa, desde que atendidas as normas
exigidas.
Importante
Atualmente, é ponto pacífico, pelo Poder Público, de que a implantação e a ampliação de atividades
consideradas potencialmente poluidoras necessitam adotar medidas capazes de garantir a
sustentabilidade sob o ponto de vista socioambiental.
Qualquer problema ambiental que afronta diretamente a qualidade de vida das populações, compro�
metendo a saúde e a economia de sobrevivência, merece atenção especial do Poder Público.
contaminação do ar;
Uma vez que, é possível vislumbrar nitidamente a relação estreita que existe entre a qualidade
ambiental e a qualidade de vida das pessoas, é imprescindível que você compreenda a importância
do Licenciamento Ambiental.
O meio ambiente é considerado patrimônio público e deve ser protegido para uso da coletividade.
Por isso, o principal motivo de se exigir o licenciamento ambiental para determinados
empreendimentos e atividades é estabelecer mecanismos para o controle ambiental e minimização
de danos que possam vir a comprometer a qualidade ambiental.
Licenciamento Ambiental 19
2 - Importância do licenciamento ambiental e legislação aplicável ao caso
Agora, que você conhece o embasamento jurídico de algumas ferramentas de controle ambiental do
Poder Público e está ciente da importância e necessidade de que as atividades potencialmente cau�
sadoras de degradação ambiental sejam precedidas de estudos específicos e de um rígido controle
do uso de recursos naturais, você irá aprofundar seus estudos e compreender o processo do licencia�
mento ambiental.
Até alcançar a formatação atual, o Licenciamento Ambiental passou por inúmeras mudanças, desde
uma simples autorização governamental para o exercício de atividades que interferem diretamente no
meio ambiente, como por exemplo, as autorizações para desmatamento, previstas no antigo Código
Florestal de 1965.
Ou seja, o órgão ambiental deverá regular qualquer atividade potencialmente poluidora mediante a
emissão da devida licença ambiental.
De acordo com o Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais - PNCGA (2009), o Licen�
ciamento Ambiental:
Perceba, que o Art. 2° da citada Resolução CONAMA, traz no seu escopo as atividades que obrigato�
riamente necessitam de EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental, devido, principalmente,
a potencialidade em gerar danos ambientais.
Licenciamento Ambiental 20
2 - Importância do licenciamento ambiental e legislação aplicável ao caso
Saiba mais
Para ler o texto da Resolução do CONAMA nº 001/86, clique aqui ou digite o link no seu navegador:
https://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/MMA/RE0001-230186.PDF.
Licenciamento Ambiental 21
2 - Importância do licenciamento ambiental e legislação aplicável ao caso
O procedimento de licenciamento ambiental tem suas diretrizes pautadas em três principais normas
legais, são elas:
Resumo
que o licenciamento ambiental está amparado juridicamente por Leis e Resoluções que o
conceituam e definem suas diretrizes.
Assim, você verá a seguir as etapas que compreendem o licenciamento ambiental, sua importância e
regulamentação.
Licenciamento Ambiental 22
3 ETAPAS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
“A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores
de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental” (BRASIL, 1981).
Esta definição está descrita no Art. 10 da Política Nacional do Meio Ambiente de 1981. Portanto,
se um empreendimento ou atividade potencialmente poluidor quiser funcionar, é obrigatório que ele
esteja resguardado por uma licença ambiental emitida pelo órgão competente.
A Resolução CONAMA n° 237 de 19 de dezembro de 1997, que trata sobre os procedimentos e critérios
utilizados no licenciamento ambiental, definiu o conceito de licenciamento e licença ambiental no
seu Art. 1°, inciso I e II, como sendo:
É importante você saber que para um empreendimento ou atividade potencialmente poluidora fun�
cionar, o mesmo precisa ter a Licença Ambiental de Operação.
Importante
Ressalta-se que a Licença Ambiental de Operação está condicionada à aprovação da Licença
Ambiental de Instalação que por sua vez está condicionada à aprovação da Licença Ambiental Prévia.
Licenciamento Ambiental 23
3 - Etapas do licenciamento ambiental
O artigo 8º da Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, define quando cada licença
será emitida pelo Poder Público, durante o processo de licenciamento.
Veja no artigo:
Licenciamento Ambiental 24
3 - Etapas do licenciamento ambiental
Veja que é a Licença Prévia que aprova a localização e confirma a viabilidade ambiental do
empreendimento e/ou atividade.
Esta licença possui extrema importância na observação ao princípio da precaução, ou seja, trata de
ações antecipatórias para proteger o equilíbrio dos ecossistemas e a saúde das pessoas.
Assim, a Cartilha de Licenciamento Ambiental elaborada pelo TCU (2004 – 1ª edição e 2007 - 2º edição)
aponta os aspectos mais importantes desta licença.
são formuladas medidas que, uma vez implementadas, serão capazes de eliminar ou
atenuar os impactos;
são ouvidos órgãos e entidades setoriais, em cuja área de atuação se situa o empreendimento;
são discutidos com a comunidade (caso haja audiência pública) os impactos ambientais e
respectivas medidas mitigadoras.
Saiba mais
Caso tenha curiosidade, você pode observar o que foi discutido na Cartilha de Licenciamento
Ambiental, para isso, clique aqui.
Na sequência, a Licença de Instalação – LI citada no artigo 8º, inciso II, da Resolução CONAMA
nº 237, de 1997 autoriza a instalação do empreendimento ou atividade.
Conforme a Cartilha de Licenciamento Ambiental elaborada pelo TCU (2007), ao conceder a Licença
de Instalação, o órgão gestor de meio ambiente terá:
Licenciamento Ambiental 25
3 - Etapas do licenciamento ambiental
Importante
Vale lembrar que o prazo de validade da Licença de Instalação será, no mínimo, igual ao
estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser
superior a seis anos, de acordo com o artigo 18, inciso II, da Resolução CONAMA nº 237, de 1997.
A Cartilha de Licenciamento Ambiental elaborada pelo TCU (2007), versa que a licença de operação
possui três características básicas, sendo elas:
1) É concedida após a verificação, pelo órgão ambiental, do efetivo cumprimento das condi�
cionantes estabelecidas nas licenças anteriores (Prévia e de Instalação);
2) contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais) que servirão de limite para
o funcionamento do empreendimento ou atividade;
Licenciamento Ambiental 26
3 - Etapas do licenciamento ambiental
Em Santa Catarina, o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) é o responsável legal pelo
licenciamento ambiental que prevê modalidade trifásica, mediante emissão de Licença Ambiental Pré�
via (LAP), Licença Ambiental de Instalação (LAI) e Licença Ambiental de Operação (LAO) ou modalidade
unificada, mediante emissão de Autorização Ambiental (AuA) ou Licença Ambiental por Compromisso
(LAC), conforme definido na Resolução CONSEMA 98/2017.
Saiba mais
Para mais detalhes e especificidades, consulte o IMA: https://www.ima.sc.gov.br/index.php/
licenciamento/informacoes-e-procedimentos/licenciamento-ambienta
Licenciamento Ambiental 27
3 - Etapas do licenciamento ambiental
NÃO GERENTE
Atividade Recebimento do SinFat de
Empreendimento novo? Solicitação de Licença
licenciável? solicitação de processo de Designação da equipe de
SIM SIM Ambiental de Operação (LAO)
licenciamento ambiental (FCEI) análise do processo.
NÃO Solicitação de Licença corretiva ou Renovação de
Porte menor que o Ambiental Prévia (LAP), ou de LAO (atividades devidamente
Não há obrigação de porte mínimo de licenciamento? Autorização Ambiental (AuA)
NÃO licenciadas), AuA ou ampliação EQUIPE TÉCNICA
licenciamento. SIM no SinFat com apresentação de de LAP/LAI/LAO no SinFat.
Caso necessário, Parecer submetico à CCLA ou Análise técnica
documentação conforme As ampliações seguem os
pode-se solicitar Solicitar Certidão de CRLA, à exeção de renovação Vistoria técnica
Instrução Normativa específica mesmos trâmites das
Declaração de Conformidade Ambiental de LAO e licenciamento com Solicitação de complementações
licenças primárias
atividade não RAP ou Autorização ambiental Elaboração do parecer técnico
constante Solicitação de Licença
no SinFat Ambiental de Instalação (LAI) LAP aprovada? Parecer deferido pela Decisão da CCLA/CRLA declarada em
no SinFat com apresentação SIM emissão da licença? ata. O empreendedor poderá proceder
NÃO NÃO
de documentação conforme com recurso (vide “informações”)
SIM
Emissão da LAI e Instrução Normativa específica Emissão da Lao.
Fim do processo
Autorização de Corte Operação do
Emissão da licença
(AuC), quando houver empreendimento autoriza
corte de vegetação Solicitação de prorrogação de prazo. Solicitação de Licença até o prazo de vigência da
LAI pode ter vigência de até 6 anos. Ambiental de Operação (LAO) licnça. A solicitação de
no SinFat com apresentação renovação de LAO deve ser
de documentação conforme realizada em até 120 dias
Obras concluídas NÃO SIM Instrução Normativa específica antes do término da sua
no prazo da LAI? vigência.
01 02 03 04 05 06
01 02 03
Licenciamento Ambiental 28
3 - Etapas do licenciamento ambiental
01 02 03
Saiba mais
Para mais informações sobre os procedimentos de Licenciamento Ambiental Federal, clique aqui.
Para tanto, os referidos prazos são definidos pelo Art. 18 da Resolução CONAMA nº 237, de 1997, o
qual rege que:
Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença,
especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos:
I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma
de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não
podendo ser superior a 5 (cinco) anos.
II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo
cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis)
anos.
III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle
ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.
o prazo de validade da Licença Prévia e Licença de Instalação, podem ser prorrogados pelo
órgão ambiental competente;
Licenciamento Ambiental 29
3 - Etapas do licenciamento ambiental
É importante você saber das principais implicações legais que a ausência de Licenciamento Ambiental
pode ocasionar para aquelas pessoas físicas ou jurídicas que são obrigadas por força de Lei em tê-las.
Para isso, foi realizado um resgate na legislação pertinente e exposta abaixo as principais Leis e suas
sanções.
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do
território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais
e regulamentares pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Licenciamento Ambiental 30
3 - Etapas do licenciamento ambiental
Neste contexto, a pena pode ser agravada, no caso de abuso do direito obtido mediante o Licen�
ciamento Ambiental, conforme previsto no artigo 15, inciso II, alínea “o” e artigo 29, § 4º, inciso IV,
da Lei nº 9.605, de 1998.
Além do crime, o descumprimento Legal da Licença Ambiental, está sujeita a sanções administrativas
previstas no § 7º do artigo 72 da Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 1998:
Com base no Art. 19 da Resolução CONAMA nº 237, de 1997, o órgão ambiental competente poderá
suspender ou cancelar uma Licença Ambiental, nas seguintes hipóteses:
Resumo
Aqui, você viu como funciona o processo de licenciamento de uma atividade ou empreendimento
potencialmente poluidor, detalhando a importância, função e prazos das três etapas que constituem
este processo, sendo elas:
a Licença Ambiental;
A seguir, você verá quais os empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental para funcionarem
legalmente e quais são os órgãos competentes para licenciar as atividades potencialmente poluidoras.
Licenciamento Ambiental 31
4 EMPREENDIMENTOS E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Nem todas as atividades ou empreendimentos necessitam de Licença Ambiental para seu
funcionamento, entretanto, as licenças são exigidas para aquelas que se enquadram em pelo menos
um dos dois requisitos apresentados abaixo:
Importante
A Resolução CONAMA nº 237, de 1997, em seu anexo 1, listou os tipos de atividades e
empreendimentos que necessitam de Licença Ambiental, ou seja, são atividades que utilizam recursos
naturais e/ou são capazes de causar degradação ambiental. Você vai conhecê-las a seguir.
Empresas que exploram o carvão, petróleo, gás natural, minérios, entre outros e realizam
as seguintes atividades:
Aluvião é uma inundação de terras provocada por grande volume de águas; cheia, enxurrada.
lavra garimpeira;
Licenciamento Ambiental 32
4 - Empreendimentos e o licenciamento ambiental
Indústria metalúrgica
Licenciamento Ambiental 33
4 - Empreendimentos e o licenciamento ambiental
Indústria mecânica
Indústria de madeira
Indústrias que fabricam portas, batentes, molduras, entre outros. Esses empreendimentos
trabalham com as seguintes atividades:
preservação de madeira;
Preservação é realizada com produto químico altamente tóxico – Arsênio, cromo, cobre.
Licenciamento Ambiental 34
4 - Empreendimentos e o licenciamento ambiental
Indústrias que produzem papéis, papel-cartão, papel kraft, papéis recicláveis, entre outros.
Esses empreendimentos trabalham com as seguintes atividades:
Indústria de borracha
Indústrias que realizam o tratamento do couro, curtumes, artefatos em couro, entre outros.
Esses empreendimentos trabalham com as seguintes atividades:
Indústria química
Licenciamento Ambiental 35
4 - Empreendimentos e o licenciamento ambiental
Indústrias que fabricam filme de polietileno, bobina de polietileno, sacos de lixos, entre outros.
Esses empreendimentos trabalham com as seguintes atividades:
Licenciamento Ambiental 36
4 - Empreendimentos e o licenciamento ambiental
fabricação de conservas;
Indústria de fumo
Indústrias diversas
São as seguintes:
usinas de asfalto;
serviços de galvanoplastia.
Licenciamento Ambiental 37
4 - Empreendimentos e o licenciamento ambiental
Obras civis
Envolvem:
barragens e diques;
Serviços de utilidade
Envolvem:
Envolvem:
Licenciamento Ambiental 38
4 - Empreendimentos e o licenciamento ambiental
Turismo
Envolve:
Atividades diversas
parcelamento do solo;
Atividades agropecuárias
projetos agrícolas;
criação de animais;
silvicultura;
Perceba que todas as atividades citadas anteriormente utilizam recursos naturais capazes de causar
degradação ambiental.
Licenciamento Ambiental 39
4 - Empreendimentos e o licenciamento ambiental
Importante salientar, que a listagem das atividades (Resolução CONAMA nº 237/97, anexo 1)
descreve todas as atividades potencialmente poluidoras no território nacional. Entretanto, os Estados
podem confeccionar uma lista de atividades potencialmente poluidoras de interesse do próprio Estado,
considerando a peculiaridade de cada região.
Exemplo
Por exemplo, em Santa Catarina existe uma listagem de atividades potencialmente poluidoras de
interesse do próprio Estado. Desta maneira, a Resolução CONSEMA nº 13, de 14 de dezembro de 2012,
aprovou a Listagem das Atividades Consideradas Potencialmente Causadoras de Degradação Ambiental
passíveis de licenciamento ambiental no Estado de Santa Catarina e a indicação do competente estudo
ambiental para fins de licenciamento.
Resumo
Aqui, você viu que as atividades ou empreendimentos que necessitam de Licença Ambiental, se
dividem em duas categorias:
Viu também que a Resolução CONAMA nº 237, de 1997, em seu anexo 1, lista os tipos de atividades
e empreendimentos que necessitam de Licença Ambiental.
A seguir, você conhecerá de forma detalhada os órgãos que emitem o Licenciamento Ambiental.
Licenciamento Ambiental 40
5 ÓRGÃOS QUE EMITEM O LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Para tanto, a Constituição Federal/88 dividiu as competências, quando se refere ao meio ambiente,
entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios em razão da autonomia de cada ente
federado.
Administrativa
Na esfera administrativa é competência comum à União, aos estados e aos municípios, conforme
estabelece o Art. 23 da Constituição Federal/88 que rege:
Art. 23 – É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora.
(...)
Parágrafo único.
único Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e
do bem-estar em âmbito nacional.
Fica claro que a União, estados, Distrito Federal e municípios têm o dever e a obrigação de proteger o
meio ambiente.
Legislativa
Licenciamento Ambiental 41
5 - Órgãos que emitem o licenciamento ambiental
Art. 24 – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
(...)
A Resolução CONAMA 237/97 define que o licenciamento ambiental se dará em um único nível
de competência, ou seja, uma vez definida a competência de um ente federado para licenciar uma
determinada atividade, os demais entes deverão abster-se de fazê-lo.
Essa compreensão em relação ao entes tem base na Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981, Política
Nacional de Meio Ambiente, a qual, entre outras funções, institui o SISNAMA que possui a finalidade
primordial de articular órgãos, entidades, regras e práticas responsáveis pela proteção e melhoria do
meio ambiente.
Sistema Nacional do Meio Ambiente.
O SISNAMA é estruturado por meio dos seguintes níveis político-administrativos, conforme descrito
no Art. 6° da Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981:
Licenciamento Ambiental 42
5 - Órgãos que emitem o licenciamento ambiental
Órgão central: ao Ministério do Meio Ambiente cabe a função de formular, planejar, coor�
denar, supervisionar e controlar a política nacional e as diretrizes governamentais para o
meio ambiente.
Repartição Responsável: Ministério do Meio Ambiente
Órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová�
veis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico
Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governa�
mentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências.
Repartição Responsável: IBAMA
De maneira simplificada, a tabela abaixo apresenta a competência de cada órgão para licenciar uma
atividade, conforme a abrangência do dano direto causado.
A seguir, você pode se aprofundar lendo o texto completo que define essa atuação.
Licenciamento Ambiental 43
5 - Órgãos que emitem o licenciamento ambiental
Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
- IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10
da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo
impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:
I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial;
na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades
de conservação do domínio da União.
II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou
mais Estados;
IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor
material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas
formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;
V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação específica.
§ 1º - O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico
procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar a atividade ou
empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de
licenciamento.
§ 2º - O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos Estados o licenciamento
de atividade com significativo impacto ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando
possível, as exigências.
Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental
dos empreendimentos e atividades:
I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de conservação de
domínio estadual ou do Distrito Federal;
II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de
preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,
1965
e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais
Municípios;
IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou
convênio.
Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o licenciamento de
que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos
Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber,
o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.
Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos
Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos
e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por
instrumento legal ou convênio.
Licenciamento Ambiental 44
5 - Órgãos que emitem o licenciamento ambiental
Resumo
o Órgão Estadual de Meio Ambiente tem o poder de licenciar atividades em dois ou mais
municípios;
A seguir, você verá como ocorrem, tanto o diagnóstico socieconômico e ambiental das áreas afetadas,
como as medidas compensatórias cabíveis em cada caso.
Licenciamento Ambiental 45
6 DIAGNÓSTICOS E MEDIDAS COMPENSATÓRIAS
É importante que você compreenda o conceito e os procedimentos a serem realizados num estudo de
impacto ambiental, por isso, leia com atenção a definição de impacto ambiental, citada na Resolução
CONAMA 01/86, no seu artigo 1°:
Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - As atividades sociais e econômicas;
III - A biota;
IV - As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - A qualidade dos recursos ambientais.
A legislação ambiental tem como objetivo assegurar a qualidade ambiental e de vida das pessoas, por
isso, os estudos ambientais que precedem as licenças devem ser realizados com cautela, seriedade,
transparência e honestidade, contendo informações sobre possíveis impactos ambientais indesejáveis.
No contexto visto, o artigo 6° da Resolução CONAMA n° 001/86, traz que o estudo de impacto
ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas:
Licenciamento Ambiental 46
6 - Diagnósticos e medidas compensatórias
Analise os itens grifados acima e perceba que não é tão simples um estudo de impacto ambiental,
considerando a complexidade e abrangência dos itens exigidos.
Para uma melhor compreensão do Artigo 6°, visto anteriormente, a tabela abaixo traz um modelo
resumido do que pode ser aplicado num estudo de impactos ambientais e os aspectos considerados.
- Tendências do setor
- Identificação do Empreendedor
- Objetivos e Justificativas
- Meio Físico
- Meio Socioeconômico
- Caráter Administrativo
- Para Projeto
Diretrizes ambientais
- Para Construção
Licenciamento Ambiental 47
6 - Diagnósticos e medidas compensatórias
Conclusão - Prognóstico
- Viabilidade atestada
Lembrando que os estudos ambientais sofrem variações de acordo com o empreendimento, por isso,
fique atento ao Termo de Referência solicitado pelo órgão ambiental, nele você encontrará as informações
necessárias sobre quais estudos devem ser realizados para aquela atividade potencialmente poluidora.
Resumo
Aqui, você viu que os estudos ambientais, exigidos no processo de licenciamento, são todos aqueles
inerentes aos aspectos ambientais referente à localização, instalação, operação e/ou ampliação de
um empreendimento ou atividade, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida.
Nos trâmites do processo de licenciamento, algumas ferramentas de controle e gestão ambiental são
fundamentais para uma análise mais sistêmica do empreendimento e de possíveis danos decorrentes
da sua instalação e funcionamento.
Dessa forma, os estudos ambientais são imprescindíveis tanto na esfera técnica como na esfera legal,
uma vez que, fornecerão subsídios confiáveis para a tomada de decisão dos órgãos ambientais com�
petentes.
Licenciamento Ambiental 48
6 - Diagnósticos e medidas compensatórias
Na sequência, você terá o esclarecimento das principais ferramentas ambientais utilizadas no processo
de licenciamento, como:
Licenciamento Ambiental 49
7 FERRAMENTAS DE AUXÍLIO AO PROCESSO
DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL
A avaliação de impacto ambiental – AIA: é uma ferramenta preventiva utilizada pelo poder público na
gestão dos recursos naturais, com intuito maior de conservação do meio ambiente.
Seus Norteadores
Sua Importância
Certamente, sem a função do AIA como instrumento de política ambiental, provavelmente, os licencia�
mentos ambientais de atividades degradadoras do meio ambiente fossem restringidos a uma simples
nota de intervenção ambiental.
Detalhamento da AIA
Licenciamento Ambiental 50
7 - Ferramentas de auxílio ao processo de licenciamento ambiental
Vale lembrar que a AIA envolve diversos segmentos da sociedade, como por exemplo:
as autoridades ambientais;
o empreendedor;
Portanto, essa avaliação tem a função primordial de nortear todo o processo de licenciamento e verificar
a viabilidade ambiental de implantação do empreendimento.
Na figura 1, você pode visualizar com mais clareza as três fases básicas encontradas no processo de
Avaliação de Impacto Ambiental:
etapa inicial;
análise detalhada;
etapa pós-avaliação.
Veja a seguir, o que pode acontecer em cada fase do processo de Avaliação de Impacto Ambiental:
PROPOSTA
ETAPAS INICIAIS
APROVAÇÃO
ETAPA PÓS-APROVAÇÃO
Acompanhamento e
monitoramento
Licenciamento Ambiental 51
7 - Ferramentas de auxílio ao processo de licenciamento ambiental
1) Etapa Inicial: perceba, que na etapa inicial (Screening), é realizada a triagem, ou seja, é
nesta etapa que será determinado se a atividade ou empreendimento necessitará de
Avaliação de Impacto Ambiental completa ou não.
2) Análise Detalhada: caso seja identificado que a atividade possa causar dano ambiental,
na sequência, a proposta seguirá para etapa detalhada (Scoping), na qual será exigido a
realização de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) completo ou simplificado, conforme
a natureza da atividade.
Ainda nesta etapa, é definido pelo órgão ambiental competente, os Termos de Referência
(TR), que são documentos que têm como objetivo especificar e detalhar os parâmetros
e estudos específicos a serem considerados na realização do EIA.
Estes estudos ambientais podem se configurar como base à análise de licença requerida, cada qual
com objetivo e análise específicas para atender o empreendimento e seu possível impacto ambiental.
O estudo de impacto ambiental - EIA é, sem dúvida, o documento mais importante que constitui o
processo de avaliação de impacto ambiental - AIA.
É sustentado nos resultados apontados do EIA que as tomadas de decisões serão efetuadas pelos
órgãos ambientais, no que se refere à viabilidade ambiental de proposta, ou não.
Fornecer subsídio para definição de programas de gestão ambiental, que visem em medidas
compensatórias de danos ambientais, monitoramento e controle dos demais componentes
do sistema de gestão ambiental.
Fornecer base de dados para posterior comparação e análise da efetividade dos programas
implantados.
Licenciamento Ambiental 52
7 - Ferramentas de auxílio ao processo de licenciamento ambiental
Veja, que as funções citadas, são norteadas pelo artigo 5º da Resolução CONAMA nº 001, de 1986, a
qual rege que o EIA deve obedecer às seguintes diretrizes:
Objetivos do EIA
O EIA se configura num estudo mais técnico/científico com definições mais aprofundadas, fornecendo
um diagnóstico das potencialidades naturais e socioeconômicas, os impactos do empreendimento e
as medidas de mitigação, compensação e controle dos impactos.
Objetivos do RIMA
O RIMA é elaborado em linguagem mais acessível ao público leigo, ou seja, traduzirá em linguagem
mais simples os componentes técnicos encontrados no EIA, expondo à população informações essen�
ciais sobre as vantagens e desvantagens do projeto e as possíveis consequências ambientais de sua
implantação.
Licenciamento Ambiental 53
7 - Ferramentas de auxílio ao processo de licenciamento ambiental
Assim, conforme o Art. 9° Resolução CONAMA nº 001, de 1986, o RIMA deve conter, no mínimo o
seguinte:
Fica nítido que o RIMA deverá ser exposto de forma clara e objetiva, adequando-se à compreensão
do público-alvo, sendo suas informações repassadas em linguagem simples e de fácil comunicação
visual, preferencialmente, com:
ilustrações de mapas;
cartas;
quadros etc.
Licenciamento Ambiental 54
7 - Ferramentas de auxílio ao processo de licenciamento ambiental
Caracterização do
Empreendimento
Área de
Informações Influência
Gerais
EIA
Diagnóstico
Ambiental
Programa de
Monitoramento
RIMA
O que é?
É um estudo ambiental exigido pela Resolução CONAMA n°009/90 e condicionado na liberação
da Licença de Instalação de atividades predominantemente voltadas à extração mineral.
Licenciamento Ambiental 55
7 - Ferramentas de auxílio ao processo de licenciamento ambiental
O que é?
É um procedimento mais simples, ou seja, é um dos documentos que são protocolados no
órgão ambiental, juntamente com o requerimento de licença quando a atividade proposta
não exige a elaboração do EIA/RIMA.
O que é?
É um estudo ambiental técnico elaborado por equipe multidisciplinar (biólogos, engenheiros
florestais, agrônomos, engenheiros ambientais, psicólogos, assistentes sociais, economis�
tas, entre outros) que dispõe de informações concretas e análise fidedigna da viabilidade
ambiental, ou não, de atividades e empreendimentos considerados potencialmente causa�
dores de degradação ambiental.
Licenciamento Ambiental 56
7 - Ferramentas de auxílio ao processo de licenciamento ambiental
O que é?
É um detalhamento das medidas de controle ambiental, do plano de mitigação de impactos
ambientais e das ações compensatórias dos programas ambientais propostos no EIA/RIMA,
sendo o PBA inserido no processo de concessão da Licença de Instalação.
O que é?
É um estudo exigido pelo órgão ambiental competente no processo de licenciamento de
empreendimentos que promovem a exploração de recursos naturais.
Importante que o PRAD contenha algumas informações imprescindíveis para sua elaboração e exe�
cução. Ele deve:
Verificar o cumprimento integral das normas de proteção ao meio ambiente, com inspeção
in loco, ou seja, visita no local a ser reabilitado;
Documentar todo processo com levantamento fotográfico dos passivos ambientais identi�
ficados e sua recuperação;
Licenciamento Ambiental 57
7 - Ferramentas de auxílio ao processo de licenciamento ambiental
Resumo
como funciona uma AIA - Avaliação de Impacto Ambiental, sua importância no licenciamento
de atividades potencialmente poluidoras, suas etapas e embasamentos jurídicos;
Licenciamento Ambiental 58
CONSIDERAÇÕES
Ao final deste curso, pode-se perceber a importância da Licença Ambiental como ferramenta de
gestão e controle do Estado na utilização dos recursos naturais e combate à poluição ambiental.
A relação do ser humano com o meio ambiente precisa ser repensada, fato este, comprovado pelo
histórico de degradação ambiental causado pelo desenvolvimento econômico a qualquer custo.
Desta forma, os estudos ambientais exigidos pelo órgão ambiental, durante o processo
de licenciamento de atividades potencialmente poluidoras, é uma forma de minimizar os
impactos negativos advindos das diversas atividades que utilizam e degradam o meio ambiente,
por isso, a importância de compreender e respeitar as diretrizes exigidas em cada etapa do pro�
cesso de licenciamento.
Atenção
Você finalizou seus estudos neste curso. Agora, realize a atividade Avaliativa, que está disponível
no menu lateral esquerdo da Sala Virtual deste curso no Ambiente Virtual. Lembre-se que para ser
aprovado e receber o certificado, você deverá atingir um aproveitamento superior ou igual a 70%.
Licenciamento Ambiental 59
REFERÊNCIAS
Licenciamento Ambiental 60
______. Resolução CONAMA n° 010 de 06 de dezembro de 1990. Dis-
põe da necessidade de serem editadas normas específicas para
o licenciamento Ambiental de extração mineral. Disponível em:
<http://www.dnpm-pe.gov.br/Legisla/Con_10_90.htm>. Acesso em:
30 mar. 2016.
Licenciamento Ambiental 61
SANTA CATARINA. Resolução CONSEMA nº 13, de 14 de dezem�
bro de 2012. Aprova a Listagem das Atividades Consideradas
Potencialmente Causadoras de Degradação Ambiental passí-
veis de licenciamento ambiental no Estado de Santa Catarina
e a indicação do competente estudo ambiental para fins de
licenciamento. Disponível em: <http://www.sds.sc.gov.br/index.
php/biblioteca/ consema/legislacao/resolucoes/447-resolucao-con�
sema-no-132012-1/file>. Acesso em: 30 mar. 2016.
Licenciamento Ambiental 62