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Preâmbulo ���������������������������������������������������������������������������������������������������������������9
Prefácio do editor�������������������������������������������������������������������������������������������������13
Prefácio��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������15
Agradecimentos����������������������������������������������������������������������������������������������������18
Abreviações������������������������������������������������������������������������������������������������������������19
P&R Publishing
A criação tem seus ciclos, assim como a redenção. Cada ano tem suas
estações, cada dia suas horas. Cada vida tem seu nascimento, seu florescer,
seu declínio, sua morte. Assim também a vida de fé e de arrependimento
de um patriarca, de alguma forma, se repete em cada patriarca subsequen-
te. O povo de Deus peca; o Senhor inflige o julgamento; eles clamam em
arrependimento; um único herói salvador aparece; e o ciclo começa nova-
mente. Seis vezes esse padrão idêntico se repete na era dos juízes de Israel.
Assim, os livros de sabedoria do Antigo Testamento se conformam ao
mencionado padrão repetitivo. Um pai régio instrui o seu filho em como
andar no caminho da sabedoria e espera que ele passe seu iluminado en-
tendimento para a próxima geração (Provérbios). Amigos jovens e idosos
dialogando chegam ao auge quando discutem com a Divindade. Entrando
na discussão, o Todo-Poderoso incentiva a humildade toda vez que uma
pessoa é forçada a meditar sobre os profundos desafios da vida (Jó). Ho-
mem e mulher, noivo e noiva, exploram as maravilhas, as belezas do amor
intenso em detalhes muito vívidos, repassando até mesmo suas perspecti-
vas sobre propriedade em relações sexuais para as donzelas da próxima ge-
ração (Cântico dos Cânticos). Um rei próspero dedica seus vastos recursos
para aprender como lidar com as frustrações da vida e compartilha seus
pensamentos como o único Pastor com outros instrutores (Eclesiastes).
Como chorar da maneira correta em meio às calamidades da vida repre-
senta um aspecto da sabedoria humana eventualmente necessário para to-
dos (Lamentações).
Como a humanidade pode viver a vida em plenitude sem a sabedoria
do sábio inspirada por Deus? Todos – jovem ou idoso, homem ou mulher,
rico ou pobre – mais cedo ou mais tarde irão precisar de cada letra de con-
selho prático encontrada nesses livros “didáticos” da Bíblia. De fato, você
pode seguir tropeçando pelos impulsos do seu próprio cérebro se quiser.
Mas não seria muito melhor “obter sabedoria” para “obter entendimento”?
Com todos os poderes do seu “obter”, “obtenha sabedoria!”
Se você se sentir provocado pelos livros de sabedoria a procurar a sabe-
doria consumada, então mire seus olhos esperançosos em Jesus Cristo, pois
todos os tesouros de sabedoria e conhecimento estão consumados nele. Ele
é a encarnada Palavra de sabedoria que irá prontamente ensinar-lhe seu
caminho.
Resumo do capítulo
Introdução: Jó 28
I. O papel régio da sabedoria
II. A terminologia bíblica básica para sabedoria
A. Chokmah, “Sabedoria”
B. Mashal, “Provérbio”
C. Yirat Yahweh, “Temor de Javé”
III. O contexto mais amplo da sabedoria no Antigo Oriente Próximo
IV. A identificação dos livros de sabedoria
V. A forma poética da literatura de sabedoria
VI. O lugar da sabedoria na teologia do Antigo Testamento
VII. Uma admoestação inicial: Adquira sabedoria!
Bibliografia selecionada para uma introdução à literatura de sabedoria
1
RAD, Gerhard von. Wisdom in Israel. Londres: SCM Press, 1972, p. 146, diz que esse poema sobre a
busca por sabedoria em Jó “quase se regala em palavras”. Ele observa que o poeta enfatiza a dificuldade
de descobrir sabedoria comparando tal busca com “a tarefa mais extrema já enfrentada pela mente
humana: minar o coração de uma montanha”.
Introdução: Jó 28
1
Na verdade, a prata tem suas minas,
e o ouro, que se refina,
o seu lugar.
2
O ferro tira-se da terra,
e da pedra se funde o cobre.
3
Os homens põem termo
à escuridão
e até aos últimos confins
procuram as pedras
ocultas nas trevas e na densa
escuridade.
4
Abrem entrada para minas
longe da habitação
dos homens,
esquecidos dos transeuntes;
e, assim, longe deles,
dependurados, oscilam
de um lado para outro.
5
Da terra procede o pão,
mas embaixo é revolvida
como por fogo.
6
Nas suas pedras se encontra
safira,
e há pó que contém ouro.
7
Essa vereda, a ave de rapina
a ignora,
e jamais a viram os olhos
do falcão.
8
Nunca a pisaram feras
majestosas,
nem o leãozinho passou por ela.
9
Estende o homem a mão contra
o rochedo
e revolve os montes desde
as suas raízes.
10
Abre canais nas pedras,
e os seus olhos veem tudo
o que há de mais precioso.
11
Tapa os veios de água,
e nem uma gota sai deles,
* A tradução original representa uma modificação do autor da versão niv (1984). Outras citações da
Escritura ao longo desta obra podem ser modificadas pelos recuos, capitalizações e substituições de
Senhor do pacto e Yahweh no lugar de Senhor usados de maneira poética pelo autor.
Sansão, juiz de Israel, surge como uma figura de sabedoria em vista de sua
habilidade de construir um “enigma”, apesar de todas as suas fraquezas.
Ele demonstra sua superioridade com relação aos filisteus ao confundi-los
com seus dizeres enigmáticos (Jz 14.1-18; 15.15-17).2
2
O termo usado para descrever o “enigma” de Sansão, seu chidah )ִידה (ח ׇ, aparece entre as várias desig-
nações de sabedoria nos versículos de abertura de Provérbios (Pv 1.6). Esse termo também descreve a
sábia instrução transmitida pelo salmista (Sl 49.4; 78.2). A lxx traduz a mesma palavra por παραβολή,
“parábola”, que o Novo Testamento descreve como sendo o modo principal de ensino usado por Jesus
(Mt 13.34-35, citando e aplicando Sl 78.2 ao modo de ensino de Jesus).
3
Os termos listados em Provérbios 1 são: (1) “sabedoria” ( ); (2) “provérbio” ( ); (3) “instrução,
disciplina” ( ); (4) “ditados de entendimento” ( ); (5) “instrução do sábio”( );
(6) “retidão” ( ); “justiça” ( ); “sinceridade” ( ); (9) “prudência, perspicácia” ( ); (10)
“conhecimento ” ( ); (11) “discrição” ( ); (12) “saber” ( ); (13) “orientação, aconselhamento”
Chokmah, “Sabedoria”
Esse termo básico para sabedoria ocorre, aproximadamente, 150 vezes
no Antigo Testamento. O termo correlato chakam, “sábio” )(ח ׇכם, ׇocorre
mais 166 vezes. A palavra descreve a habilidade dos artesãos que cons-
truíram o tabernáculo, a competência de Hirão, rei de Tiro, ao trabalhar o
bronze e a proficiência dos marujos ao conduzir um navio (Êx 28.3; 31.3;
35.31; 1Rs 7.14; Sl 107.27).4 O termo também descreve a capacidade dos
soberanos de governar bem (Dt 34.9; 1Rs 3.28; Pv 8.15-16). Um rei que
exerce sabedoria em seu governo cria oficiais felizes e um povo feliz (1Rs
10.8). Mas só Deus pode conceder verdadeira sabedoria. Ela deve vir como
um dom dele (Sl 90.12; Pv 2.6; Ec 2.26; Dn 1.17).
Várias passagens empregando esse termo para sabedoria ressaltam o
fato de que a única maneira de entender de forma apropriada este mundo é
percebê-lo como uma criação que surge da sabedoria de Deus e é governa-
do pelo entendimento divino (Jó 38.37-38; Sl 104.24; Pv 3.19; Jr 10.12).5 A
inclusão de retidão, justiça e sinceridade como fatores que definem a sabe-
doria claramente indica que sabedoria é uma questão moral, não simples-
mente uma questão de exercer perspicácia ao lidar com a vida (Pv 1.3).6
Mashal, “Provérbio”
Esse termo aparece na epígrafe de Provérbios, mas identifica principal-
mente uma forma particular de ditados de sabedoria. Mashal geralmente
se refere a uma breve, concisa e memorável declaração que contém verda-
de sobre Deus e seu mundo criado. Não pode ser claramente estabelecido
que o termo mashal derive etimologicamente da mesma raiz que significa
“governar” (mashal).7 Ainda assim, formular um “provérbio” é, de fato,
demonstrar controle ao capturar a essência de uma questão em sua relação
com a criação de Deus através de uma declaração sucinta e memorável. O
provérbio de Salomão sobre a formiga descreve precisamente o verdadeiro
modo do estilo de vida da criatura de uma maneira que desafia o leitor hu-
mano a manifestar a mesma sabedoria (Pv 6.6-8). Provérbios que retratam
um preguiçoso agarrado à sua cama e pedindo por “só mais cinco minuti-
nhos” de sono, expõe a insensatez dessa figura tragicômica (26.14; 6.9-11).
Quando Jesus, como Rei messiânico, ensinou sobre o reino de Deus,
“muitas coisas lhes falou por parábolas [παραβολαῖς]” (Mt 13.3). Ao ado-
tar tal forma de ensino, ele estava realizando plenamente as palavras do
poeta do Antigo Testamento:
trará bênção porque através dela uma pessoa se coloca em harmonia com a criação. Crenshaw diz: “As
ambiguidades da vida tornam altamente desejável, se não absolutamente essencial, garantir a presença
de Deus. Ao viver de acordo com as regras do Universo estabelecidas na criação, é possível obter a
presença de Deus” (p. 498). Crenshaw dá pouca ou nenhuma atenção ao pecado, ou transgressão, e da
necessidade de reconciliação com Deus por violar sua lei moral, não meramente as regras da criação.
Ainda assim, a insensatez, em contraste com a sabedoria, está inseparavelmente conectada à perversi-
dade no livro de Provérbios. Jó começa oferecendo sacrifício por cada um de seus filhos, visto que eles
podem ter pecado (Jó 1.5). Deus, no final, exige que os amigos de Jó ofereçam sacrifício, visto que o
acusaram erroneamente (42.7-8). Jó se humilha e se arrepende em pó e cinza (42.6). Eclesiastes repe-
tidamente reconhece a pecaminosidade da humanidade, uma pecaminosidade firmemente enraizada
na natureza básica do ser humano apesar de o mesmo ter sido criado reto (Ec 7.29); e cada capítulo
em Lamentações inclui explícita confissão de pecado. Esse testemunho perene dos livros de sabedoria
a respeito da pecaminosidade humana estabelece o fato de que retidão não é simplesmente viver em
harmonia com as regras da criação. Verdadeira retidão envolve conformidade com a lei moral de Deus
segundo revelada a Israel.
7
“O sentido de mashal é difícil de definir precisamente, embora o conceito de ‘similitude’ e ‘palavra
de governo’ pareça cobrir o amplo espectro de uso. Ambos os significados são possíveis. Aquele se
concentra no sentido de semelhança, enquanto este toma sua base da raiz que significa ‘governar, ter
domínio, reinar’, assim, uma ‘palavra dita por um governante ou uma palavra que carrega um poder
especial’” (CRENSHAW. Urgent Advice, p. 57). LONGMAN, Tremper, III. Proverbs. Grand Rapids:
Baker Academic, 2006, p. 30, observa que é “possível, mas não provável” que mashal carregue ambos
os significados. “Assim sendo, apontaria para o fato de que o provérbio tenha a intenção de apresentar
comparações para que o receptor possa permanecer em controle de uma situação.”
8
As referências são as seguintes: Provérbios 1.7,29; 2.5; 3.7; 8.13; 9.10; 10.27; 14.2,26-27; 15.16,33; 16.6;
19.23; 22.4; 23.17; 24.21; 31.30.
9
SCOTT, R. B. Y. Proverbs, Ecclesiastes: Introduction, Translation, and Notes, AB 18. Garden City, NY:
Doubleday, 1965, xli, e outros identificam “todos os do Oriente” não com o povo da Mesopotâmia,
mas com povos nos limites desérticos de Israel, tribos a leste ou nordeste de Canaã. Para referências
bíblicas que possam suportar essa perspectiva, cf. Gênesis 29.1; Juízes 6.3,33; 7.12; 8.10; Jó 1.3; Isaías
11.14; Jeremias 49.28; Ezequiel 25.4,10. Mas o “Oriente” pode, da mesma forma, se referir às civili-
zações do Vale do Tigre-Eufrates. Cf. Salmos 107.3; Isaías 41.2; 43.5; 46.11; Zacarias 8.7; Mateus 2.1.
disso, parece claro que Israel teve significativa interação com essas outras
tradições de sabedoria.
Além do testemunho da própria Bíblia sobre a presença de tradições de
sabedoria entre outras nações, grande parte da evidência fora da própria
Escritura confirma a existência de um conjunto de materiais que poderia
ser adequadamente classificado como literatura de sabedoria. Ditados pro-
verbiais têm uma história muito antiga. Os ensinos de Imhotep do Egito
datam do período entre 2700 e 2400 a.C.10 Alguns manuscritos desse ma-
terial datam de até 2000 a.C., mil anos antes da época de Salomão. Pro-
vérbios sumérios da Mesopotâmia existem em cópias que datam de 1800
a.C. Príncipes canaanitas do século 14 a.C. citam provérbios antigos das
cartas de Amarna endereçadas aos faraós do Egito. Materiais ugaríticos
do século 14 a.C. contêm provérbios comparáveis à literatura em Israel.
Assim, pode-se dizer que a cultura israelita do século 10º a.C. estava, lite-
ralmente, cercada pela sabedoria dos antigos. Além dos materiais que se
comparam intimamente com a forma e o conteúdo do provérbio bíblico,
foram encontrados diversos paralelos à narrativa de Jó e outros materiais
de sabedoria bíblica.11 Na Mesopotâmia, um documento datando de mil
anos antes de Salomão discute a perplexidade que surge sobre um sofredor
justo. Documentos babilônios datando de entre 1300 e 1000 a.C. foram
chamados de o “Jó babilônico” e o “Eclesiastes babilônico”12. De Nipur,
próximo à Babilônia, foram encontradas duas grandes coleções de aforis-
mos datando do segundo milênio a.C. Uma amostra diz o seguinte:
Ver KITCHEN, Kenneth A. “Proverbs”. In: HENRY, Carl F. H., org. The Biblical Expositor. Filadélfia:
10
Joias egípcias, como no Êxodo, foram colocadas a seu favor por artífices
israelitas e postas a melhor uso.16
Revelação transfigura o que toca.17
Limpar formas de pensamento idólatras e enchê-las de verdade é o que a
Escritura faz regularmente na esfera de palavras e expressões humanas.
Em tal esfera, assim como em outras, antigos inimigos podem se tornar
bons apóstolos.18
14
SCOTT. Proverbs, p. 20–21.
KITCHEN. “Proverbs”, p. 73. FOX, Michael V. Proverbs 1–9: A New Translation with Introduction
15
and Commentary, AB 18A. Nova York: Doubleday, 2000, p. 18, observa que “mesmo no caso de Ame-
nemope, o contato era, provavelmente, mediado”.
16
KIDNER. Proverbs, p. 24.
17
KIDNER, Derek. “Wisdom Literature of the Old Testament”. In: PAYNE, J. Barton, org. New Perspec-
tives on the Old Testament. Londres: Word Books, 1970, p. 122.
18
Ibid., p. 121.