Princípios Da Climatologia e Hidrologia

PRINCÍPIOS DA PRINCÍPIOS DA
Princípios da Climatologia e Hidrologia

CLIMATOLOGIA CLIMATOLOGIA
E HIDROLOGIA E HIDROLOGIA
José Stroessner José Stroessner
GRUPO SER EDUCACIONAL

Princípios da
Climatologia e
Hidrologia
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Stroessner, José.
Princípios de Climatologia e Hidrologia
Recife: Grupo Ser Educacional - 2022.
181 p.: pdf
ISBN: 978-65-81507-68-8
1. Clima 2. Meteorologia 3. Poluição.
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Informações PROFESSOR/AUTOR
interessantes e Nota pessoal e particular
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Definição sobre o tema Convite a reflexão sobre
abordado. um determinado texto.
DICA RESUMINDO
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o tema abordado. foi visto no conteúdo.
EXEMPLIFICANDO
SAIBA MAIS
Exemplos e explicações
Informações extras sobre
para melhor absorção do
o conteúdo.
tema.
EXEMPLO SINTETIZANDO
Exemplos sobre o tema Uma síntese sobre o
abordado. conteúdo estudado.
FIQUE DE OLHO VOCÊ SABIA?

Informações que Informações
merecem relevância. complementares.
SUMÁRIO
Unidade 1
Objetivos �� 11
Introdução �� 12
Introdução ao estudo da climatologia �� 13
A Climatologia e a Meteorologia �� 13
A atmosfera terrestre e suas camadas��17
Composição da atmosfera�� 22
A Circulação do ar atmosférico�� 23
Planetários ou constantes�� 25
Continentais ou periódicos�� 26
Ventos locais �� 27
Fatores influenciadores do clima�� 27
Principais elementos do clima �� 29
Introdução ao estudo da hidrologia��36
A distribuição, disponibilidade e uso da água no planeta �� 37
A Hidrologia ��40
Hidrologia científica ou hidrologia clássica��40
Hidrologia aplicada�� 43
Unidade 2
Objetivos ��47
Introdução ��48
Os elementos climáticos e os fatores influenciadores do clima �� 49

Relação entre elementos climáticos e fatores influenciadores do clima��49
A Radiação Solar�� 50
A Temperatura�� 52
A Pressão Atmosférica �� 57
A Umidade do Ar�� 59
Os Ventos �� 67
As massas de ar atuantes no Brasil�� 70
Classificações climáticas ��74
Classificação climática de Flohn �� 75
Classificação climática de Thornthwaite �� 77
Classificação climática de Strahler�� 78
Classificação climática do Brasil �� 85
Classificação climática de Köppen-Geiger�� 88
Classificação Climática de Köppen adaptada para o Brasil��90
Unidade 3
Objetivos ��95
Introdução �� 96
O ciclo hidrológico ��97
Componentes do ciclo hidrológico��99
Precipitação��99
Interceptação �� 104
Infiltração�� 105
Escoamento superficial ��109
Evaporação e Evapotranspiração ��116
Balanço hídrico climatológico (bhc)��119

Classificação dos corpos líquidos �� 125
As bacias hidrográficas�� 130
Os lagos e mares fechados�� 134
Os aquíferos �� 138
Os oceanos ��142
Unidade 4
Objetivos �� 149
Introdução ��150
A poluição atmosférica�� 151
Fontes de poluição atmosférica�� 151
Índice de qualidade do ar �� 156
As mudanças climáticas e os efeitos da poluição atmosférica ��161
Chuva Ácida ��161
Inversão Térmica�� 163
As mudanças climáticas e o efeito estufa�� 164
Referências�� 175
Apresentação
Olá, prezado(a) aluno(a), tudo bem com você? Seja bem-vindo(a) à
disciplina Princípios de Climatologia e Hidrologia.
Acredito que, ao olhar o nome de nossa disciplina, você deve

estar se perguntando: o que é a Climatologia e a Hidrologia? Elas
podem ser estudadas juntas? Para responder essas e outras pergun-
tas, a partir de agora abordaremos os conceitos básicos dessas duas
ciências e, além disso, falaremos sobre como elas são interligadas
em suas áreas de atuação.
Para isso, inicialmente iremos introduzi-lo(a) em vários as-

suntos relacionados ao entendimento do clima, como a diferença
entre climatologia e meteorologia, as camadas da atmosfera e suas
peculiaridades, a circulação do ar atmosférico e os elementos que
influenciam na formação dos climas. Também iremos abordar a
distribuição e a disponibilidade de água no mundo e, assim, enten-
der a evolução da Hidrologia e as suas áreas de atuação, seja na hi-
drologia clássica ou na hidrologia prática.
Dito isso, aproveite a leitura, tenha boas reflexões e óti-

mo estudo!
Autoria
José Stroessner
Olá, sou o professor José Stroessner e sou Bacharel e Licenciado em

Geografia, Especialista em Educação Ambiental e Mestre em Geo-
ciências pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Tra-
balho com educação há mais de dez anos, desde cursos técnicos de
Meio Ambiente e Edificações até cursos superiores de Geografia,
Engenharia Civil, Gestão Ambiental, e Arquitetura e Urbanismo.
Também participo, nos momentos vagos, em trabalhos de consul-
toria em meio ambiente. Espero contribuir com o seu aprendizado.
Sucesso!
Curriculo Lattes
http://lattes.cnpq.br/9211915942371958
1
UNIDADE
Introdução
ao estudo da
climatologia
e hidrologia
Objetivos
◼ Entender a diferença entre a climatologia e a meteorologia.
◼ Conhecer as várias camadas da atmosfera e a circulação de ar

na atmosfera.
◼ Conhecer e compreender os fatores influenciadores do clima e

os seus principais elementos.
◼ Compreender como se dá a distribuição espacial, disponibili-

dade e uso da água na terra.
◼ Descobrir como a hidrologia se desenvolveu e entender a sua

divisão em hidrologia científica e hidrologia aplicada.
Introdução
Olá, estudante!
Neste material o tema principal será a introdução ao estudo

da Climatologia e Hidrologia. Na primeira parte, você aprenderá que
a climatologia e a meteorologia, apesar de serem complementares
e terem o mesmo objeto de estudo (a atmosfera), não são a mesma
coisa. Além disso, você conhecerá as várias camadas da atmosfera e
suas diferenças, e compreenderá como funciona a circulação de ar
atmosférica em seus mais variados níveis.
Após esse primeiro momento, você compreenderá como deve

identificar os fatores influenciadores do clima e os seus principais
elementos, entendendo assim, como o clima funciona.
Antes de finalizar nosso material, na segunda parte, abor-

daremos como se dá a distribuição, disponibilidade e uso da água
no nosso planeta. Você irá descobrir como a ciência hidrológica se
desenvolveu e suas duas vertentes: a Hidrologia científica e a Hi-
drologia aplicada.
Vamos em frente!
12
Introdução ao estudo da climatologia
Caro(a) aluno(a),
Inicialmente, é indispensável que você entenda que, sendo

uma das ciências da natureza, a climatologia tem por objetivo estu-
dar o clima terrestre e, atualmente, sabemos que o estudo do clima
é o tema mais discutido no que concerne às questões ambientais.
Seguindo esse pressuposto, é de alta relevância estudar a cli-

matologia e entender a sua importância para o conhecimento do
planeta porque o clima, em seus mais variados processos atmosfé-
ricos, influencia na biosfera, na hidrosfera e na litosfera.
Só para você ter uma ideia dessa importância, sem a atmos-

fera não teríamos água na superfície do planeta, não teríamos seres
vivos complexos e nem os agentes modeladores do relevo terrestre.
Porém, é importante frisar que a climatologia não estuda somente
a atmosfera por si só, estuda a atmosfera e a sua interrelação com a
biosfera, com a hidrosfera e com a litosfera.
VOCÊ SABIA?
A climatologia significa estudo do clima e, além disso, a palavra

clima tem origem grega e significa inclinação que faz referência à
inclinação e curvatura da Terra. E é exatamente essa inclinação que
faz com que os raios solares atinjam, de forma diferente, o planeta,
possibilitando a existência das estações do ano, assim como tam-
bém diferentes tipos climáticos.
A Climatologia e a Meteorologia
Prezado(a) estudante, é comum as pessoas confundirem essas duas

áreas da ciência e acharem que são a mesma coisa, da mesma forma
como confundem os termos: tempo e clima. Mas, você deve estar se
13
perguntando, afinal, qual a diferença entre a Meteorologia e a Cli-
matologia? E entre Tempo e Clima?
Vamos entender a diferença entre os termos?
A climatologia e meteorologia são dois ramos da ciência atmos-

férica que, apenas a partir do século XII, passou a ganhar mais elemen-
tos possibilitando, assim, a sua ramificação. Sabemos que quanto mais
elementos vão sendo inseridos em um conhecimento mais ele se expan-
de, criando mais ramificações devido a necessidade de aprofundamento.
Pensando nisso, a meteorologia, segundo Ayoade (2004), es-

tuda as condições e interações dos estados físicos, químicos e dinâ-
micos da atmosfera e, também, as interações em conjunto desses
elementos com a superfície terrestre. Dessa maneira, o profissional
que trabalha com a meteorologia é o meteorologista, ele, em seu
trabalho, emprega as leis da física clássica e as técnicas matemáti-
cas nos estudos da dinâmica atmosférica.
DICA
Lembre-se: o meteorologista estuda o tempo.
Ainda segundo Ayoade (2004), a climatologia é o estudo científi-

co do clima através, principalmente, de técnicas estatísticas ao retirar
informações sobre o clima através do tempo. Outra forma de aborda-
gem da climatologia é com o enfoque na paisagem geográfica, onde se
estuda a interação do comportamento padrão da atmosfera com as ati-
vidades humanas que, como sabemos, interfere no clima terrestre.
DICA
É importante que você saiba que o profissional que trabalha com a cli-
matologia é o climatologista que, em sua maioria, é da área das ciên-
cias geográficas (geografia). Assim, o climatologista estuda o clima.
14
Caro(a) aluno, tenho certeza de que neste momento você está
se perguntando: qual é a diferença entre tempo e clima? Vamos en-
tender agora mesmo o que os difere.
◼ Tempo: é o estado momentâneo da atmosfera em um deter-

minado local, ou seja, a interação de um conjunto de elemen-
tos (radiação solar, temperatura, umidade e pressão) em um
determinado instante.
◼ Clima: é uma síntese da análise dos padrões do tempo de um

determinado lugar por um período de aproximadamente 30 a 35
anos. Desta maneira percebemos que o clima é mais abrangente
no que concerne ao entendimento dos padrões meteorológicos
de um determinado espaço no planeta, estabelecendo correla-
ções a longo prazo e considerando os desvios em relação a esses
padrões médios. Logo, a partir do estudo do clima, podemos
dizer as épocas mais frias, quentes, secas e úmidas de um local
e, além disso, até o quanto pode chover em um determinado
período, como a média mensal de precipitação de uma região.
Perceba que o clima influencia ao longo do tempo geológico nas
rochas, no solo e o próprio homem, assim como influencia na
modelagem do relevo terrestre pelo intemperismo. Podemos
dizer, também, quando um ano está sendo atípico e analisar as
razões para tal acontecimento. Assim, é possível dizer qual tipo
climático é de cada região, como por exemplo, no litoral de Per-
nambuco podemos afirmar que, segundo Köppen , o clima é As’
(clima quente com chuvas de outono e inverno antecipadas no
outono, com períodos secos entre outubro e dezembro).
Figura 01 - Diferença entre tempo e clima
Comportamento
padrão da atmosfera
Tempo em períodos longos
A situação do estado
atmosférico em um Clima
dado momento
Fonte: José Stroessner, 2022.
15
Como já foi citado, a climatologia estuda os padrões atmosféri-
cos terrestres no decorrer de períodos entre 30 anos e 35 anos, preocu-
pando-se mais com as inter-relações da atmosfera com as outras es-
feras terrestres (hidrosfera, biosfera e litosfera) e, por essas interações
serem muito complexas, foi necessário fazer subdivisões com base em
cada tópico abordado. Assim, segundo Ayoade (2004, p. 04):
Quadro 01 - As subdivisões tópicas da climatologia
É a descrição dos climas em áreas

Climatologia Regional
selecionadas da Terra.
É o estudo do tempo e do clima em

uma área com relação ao padrão de
circulação atmosférica predominante.
Climatologia Sinótica
A climatologia sinótica é, assim,
essencialmente, uma nova abordagem
para a climatologia regional.
Envolve a investigação do
comportamento dos elementos do tempo
ou processos atmosféricos em termos de
Climatologia Física
princípios físicos. Neste, dá-se ênfase à
energia global e aos regimes de balanço
hídrico da Terra e da atmosfera.
Enfatiza os movimentos atmosféricos

Climatologia Dinâmica em várias escalas, particularmente na
circulação geral da atmosfera.
Enfatiza a aplicação do conhecimento

climatológico e dos princípios
Climatologia Aplicada
climatológicos nas soluções dos problemas
práticos que afetam a humanidade.
É o estudo do desenvolvimento dos

Climatologia Histórica
climas através dos tempos.
Fonte: Adaptado por Stroesser (2022) de AYOADE, 2004, p. 5).
16
A atmosfera terrestre e suas camadas
Caro(a) aluno(a), você já parou para pensar no que é a atmosfera

terrestre e quais são as suas camadas?
A atmosfera é uma massa gasosa que envolve a superfície do globo

terrestre, estendendo-se por cerca de 800 km acima da superfície.
Em comparação com o raio da Terra, de aproximadamente 6.600
Km, é uma camada muito fina. Na verdade, a maioria dos gases está
concentrada em uma capa de, mais ou menos, 6 km acima da super-
fície terrestre, a troposfera.
É preciso que você saiba que o estudo da atmosfera é muito impor-

tante pelos efeitos que ela tem em nossas vidas, sejam afeitos natu-
rais (chuvas extremas) ou os causados pela atividade humana, como
a poluição que provoca mudanças no clima do planeta e transtornos
à nossa saúde, devido à má qualidade do ar.
Figura 02 - as camadas da atmosfera terrestre
EXOSFERA
800 km a 3000 km
1200ºc
Meteoros TERMOSFERA
80-90 a 800 km
-86,5ºc a 1200ºc
Avião de
Passageiros
MESOSFERA
40-50 a 80-90 km
-2,5ºc a -86,5ºc
Radiosonda
Nave
Espacial
ESTRATOSFERA
11 a 50 km
Balão de -56,5ºc a -2,5ºc Satélite
Ar Quente
Aurora
TROPOSFERA
0 a 12-18 km
15 a -56,5ºc Foguete
Metereológico
Fonte: Adaptado de @macrovector / Freepik
17
A atmosfera pode ser dividida de acordo com suas caracte-
rísticas físicas e químicas. Assim, vamos conhecer cada uma des-
sas classificações.
◼ Troposfera:
A troposfera é uma camada da atmosfera na qual a temperatura do

ar diminui com a altura a uma taxa média de 0,65° C / 100m. As-
sim, a diminuição da temperatura é uma propriedade importante
desta camada. É importante destacarmos que a troposfera termina
e começa a camada de transição - a tropopausa. Uma característica
importante da troposfera é a presença da umidade. Portanto, a for-
mação de nuvens é máxima aqui. É claro que o vapor de água está
contido tanto na tropopausa quanto na estratosfera, mas em pe-
quenas quantidades, o que significa que não há formação intensiva
de nuvens nessas áreas.
Em conexão com a intensa troca de calor na troposfera, ob-

servam-se formações de vórtices: ciclones, anticiclones. Devido a
isso você, provavelmente, já ouviu mais de uma vez que a troposfera
é a cozinha do clima. Sobre o tema, fique tranquilo(a), pois a ra-
zão para a ocorrência de vórtices será discutida em outro momento.
Isso porque, agora, é importante entender que a camada inferior
da atmosfera é a mais protegida das influências eletromagnéticas
externas (os raios do Sol). Por fim, vale lembrar que a troposfera
possui 80% da massa total da atmosfera.
◼ Estratosfera:
É a camada da atmosfera localizada entre a troposfera e a mesos-

fera. Seu limite inferior está localizado a uma altitude de cerca de
10 km próximo aos polos. Em direção ao equador, este limite sobe
gradualmente e, a uma latitude de 0°C, situa-se a uma altitude de
cerca de 18 km. O limite superior localiza-se aproximadamente a
uma altitude de 50 km.
Ao contrário da troposfera, a temperatura do ar na estra-

tosfera aumenta com a altura. No limite inferior desta camada,
a temperatura é de -55…-70°С, e no superior é de cerca de 0°С. O
aquecimento do ar aqui ocorre unicamente devido à absorção de ul-
travioleta (UV) pelo ozônio (O3). À medida que você se afasta da su-
18
perfície da Terra, a densidade da atmosfera diminui e o conteúdo de
partículas também diminui. Isso também se aplica ao vapor de água.
Como seu conteúdo é baixo aqui, a nebulosidade praticamente não
é formada. No entanto, nuvens finas da estratosfera (madrepérola)
ainda existem e podem ser vistas ao pôr do sol.
É importante destacarmos que o aumento do teor de ozônio

(О3) na estratosfera é devido ao efeito da radiação ultravioleta sobre
o oxigênio (О2). Lembre-se que a estratosfera contém 90% de todo
o ozônio da atmosfera da Terra e é aqui que se localiza a famosa ca-
mada de ozônio. O ozônio na estratosfera tem um papel extrema-
mente positivo, protegendo os organismos dos efeitos nocivos da
radiação ultravioleta do sol.
◼ Mesosfera:
A mesosfera estende-se, aproximadamente, de 50 a 85 km aci-

ma da Terra. Sua espessura é de 35 quilômetros. A temperatura
da camada intermediária torna-se mais fria com o aumento da
distância do solo, ou seja, com o aumento da altitude. Em alguns
lugares mais quentes, sua temperatura pode chegar a -5 graus
Celsius, mas em outras altitudes a temperatura cairá para -140
graus Celsius. A densidade dos gases na mesosfera é baixa, eles
consistem em oxigênio, dióxido de carbono e nitrogênio, e suas
proporções são quase as mesmas dos gases troposféricos. A prin-
cipal diferença entre as duas camadas é que a densidade do ar na
camada intermediária é menor, o teor de vapor de água é menor e
o teor de ozônio é maior.
A mesosfera é a camada protetora da Terra porque destrói a

maioria dos meteoros e asteroides antes que eles atinjam a super-
fície da Terra.
Além disso, esta é a camada mais fria da atmosfera de todas. É

importante destacarmos que a área onde termina a mesosfera e co-
meça a termosfera é chamada de mesopausa, a região da mesosfera
com as temperaturas mais baixas.
O limite inferior da mesosfera com a estratosfera é chama-

do de estratopausa, a área onde a camada intermediária tem o me-
nor valor de temperatura.
19
CURIOSIDADE
Às vezes, um tipo especial de nuvem se forma na camada intermediá-

ria perto dos pólos norte e sul, chamadas nuvens noctilucentes. Es-
sas nuvens são estranhas porque se formam muito mais altas do que
qualquer outro tipo de nuvem. Um tipo muito estranho de relâmpago
também aparecerá na camada intermediária, chamado “sprites”.
◼ Termosfera:
Esta camada da atmosfera da Terra é muito quente. Afinal, sua

temperatura aumenta rapidamente de -90 ° C para 1200 ° C, e isso
já acontece a uma altitude de cerca de 200 km. Depois disso, a tem-
peratura do ar praticamente não muda, mas ainda oscila um pou-
co, subindo ou descendo. Isso se deve à intensidade da atividade
solar, pois a radiação ultravioleta é absorvida pela termosfera em
altitudes de 150 a 300 km. Esta, aliás, é a causa do aparecimento da
aurora da atmosfera.
Devido à absorção da radiação solar, a temperatura

nesta camada atmosférica pode aumentar drasticamente du-
rante as tempestades magnéticas, mas isso acontece de forma
muito desigual.
CURIOSIDADE
O ar da termosfera é extremamente rarefeito, ou seja, tem uma

densidade muito baixa. É por isso que as aeronaves que se en-
contram na termosfera praticamente não são expostas ao aque-
cimento, apesar da alta temperatura da camada. Isso porque,
simplesmente, não há moléculas de ar suficientes para aquecer
o corpo físico.
20
◼ Exosfera:
A exosfera é chamada de camada externa da atmosfera terrestre,

localizada acima da marca de 700-800 km. Ela está localizada aci-
ma da termosfera e, curiosamente, mantém a tendência da camada
anterior de aumentar a temperatura. Assim, nessa camada a tempe-
ratura aumenta bastante chegando a 2700º C.
CURIOSIDADE
É nessa camada da atmosfera que podemos observar as fotos da

Terra tiradas do espaço.
O comprimento desta camada atmosférica é de cerca de 10

mil km, mas esse valor é muito condicional, pois, após 2-3 mil km, a
exosfera passa para o vácuo do espaço próximo. Assim, essa camada
é uma mistura, constituindo-se de ar altamente rarefeito e partí-
culas de gás interplanetário. Dessa maneira, mesmo os primeiros
2.000 km são difíceis de chamar de camada atmosférica completa.
O fato é que seu ar é tão rarefeito que, literalmente, flui para

o espaço interplanetário (esse fenômeno é chamado de dissipação
atmosférica). E é esse fenômeno que torna a exosfera uma parte im-
portante da atmosfera. Afinal, o vazamento de gases atmosféricos
não pode deixar de afetar o clima.
A dissipação tem um efeito prejudicial em alguns planetas, mas,

no caso da Terra, é o oposto. A força do efeito estufa no nosso planeta
é significativamente reduzida devido ao vazamento de gases. Afinal,
o aquecimento global ocorre porque o calor, devido a uma atmosfera
poluída, não pode deixar a Terra, mas a dissipação ajuda a fazer isso.
Lembre-se que os átomos de hidrogênio que escapam da at-

mosfera da Terra voam para longe do planeta. E, como isso acon-
tece constantemente, um fluxo contínuo de movimento de átomos
da Terra é formado. Este fluxo é chamado de corona. O fenômeno é
característico de todo planeta com a atmosfera.
21
A coroa da Terra também é chamada de geocorona. Estende-se
por cerca de 100 mil quilômetros. E, como consiste em partículas do nosso
planeta, às vezes é considerada uma continuação da atmosfera da Terra.
Composição da atmosfera
A atmosfera é composta, principalmente, por nitrogênio (78%) e

oxigênio (21%) e, além disso, por pequenas quantidades de hidro-
gênio, metano, ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido de carbono,
óxido de carbono e outros gases nobres (Quadro 02). Muitas dessas
substâncias influenciam a estabilidade do clima e, consequente-
mente, a vida dos habitantes do planeta.
Por exemplo, o dióxido de carbono e o ozônio interferem no

balanço calorífico atmosférico e na radiação que chega à superfí-
cie terrestre. Por outro lado, certos compostos químicos produzidos
pelo homem, como a fumaça das queimadas, das fábricas e dos au-
tomóveis, podem afetar a visibilidade, mas ajudam na condensa-
ção, essencial para a formação das nuvens e da precipitação, agindo
como núcleos higroscópicos.
Quadro 02 - Composição química da atmosfera até 25 Km de altitude
Massa Porcentagem
Componentes
Molecular (u) em Volume
N2 28 78
O2 32 21
Ar 40 0,93
CO2 44 0,03
Ne 20 0,0018
He 4 0,00052
Kr 84 0,0001
22
H2 2 0,00005
H2O 18 0,1 a 2,8
Fonte: https://www.colegioweb.com.br/wp-content/uploads/18234.jpg
Como você deve saber, até aproximadamente 70 Km de alti-

tude a composição do ar se mantém invariável, já a partir dos 70 Km
ao 130 Km ocorre uma reação causada pelos raios ultravioletas do
sol que rompem e separam as moléculas de oxigênio (O2) em oxigê-
nio atômico (O). Isso faz com que ocorra um aumento da proporção
desse gás, indo de 21% para 34% e, por conseguinte, a porcentagem
de nitrogênio cai de 78% para 66%.
Em altitudes maiores, como a partir de 300 Km, começa um

processo conhecido como ionização do nitrogênio, fazendo com que
esse gás chegue a ter uma proporção de 80% e a quantidade de oxi-
gênio caia para 20%.
A Circulação do ar atmosférico
Caro(a) aluno(a), agora que já entendemos como a atmosfera é

dividida e sua composição, vamos estudar os fenômenos de cir-
culação de ar atmosférico que ocorrem na sua primeira camada,
a troposfera.
Muitas vezes nos perguntamos o porquê de o buraco na ca-

mada de ozônio ser maior na Antártida, já que lá não há fábricas, ou
por que uma cidade quase rural sofre com chuva ácida? Tudo isso
acontece porque alguns poluentes são lançados no ar e o ar se movi-
menta com o vento e com correntes.
DICA
Lembre-se que vento é o movimento horizontal do ar e correntes

são movimentos verticais do ar.
23
Mas por que o ar se movimenta? Vamos entender um pouco
como tais fenômenos acontecem?
Os ventos se originam sobre uma área de alta pressão atmosférica
e se dirigem a uma área de baixa pressão. Essa zona de alta pressão pode
ser causada pelo resfriamento do ar, que se torna mais denso e pesado
(alta pressão), e segue em direção (empurrando) a uma área de ar mais
quente menos densa e pesada (baixa pressão), perfazendo um ciclo na
tentativa de equilibrar a energia calorífica dos ambientes em interação,
é por causa disso, também, que o ar se movimenta. Outro fator que in-
fluencia na movimentação do ar em escala global é a rotação da Terra.
CURIOSIDADE
A circulação geral (primária) da atmosfera é o principal determi-

nante dos climas no planeta, possui padrões de ventos e de pressão
de escala global com uma periodicidade ao longo do ano ou que se
repetem em períodos específicos, sazonais (estações no ano).
Figura 03 - Esquema de funcionamento da circulação geral atmosférica.
Fonte: Kaidor / https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Earth_Global_

Circulation_-_en.svg / CC-BY-SA 3.0 (adaptado)
24
Os Ventos podem ser:
Planetários ou constantes
Aqueles que sopram o ano todo, afetando extensas áreas. Denominam-se:
◼ Alísios - sopram dos trópicos para o Equador, onde sofrem

aquecimento e, quando sobem, originam os contra-alísios que
sopram em sentido contrário, isto é, do Equador para os trópicos.
Figura 04 - Os ventos alísios.
Ventos Alísios
Equador
Ventos Alísios
Fonte: Adaptado de @brgfx / Freepik.
◼ polares - sopram dos polos para as latitudes médias.
◼ jet-stream ou corrente de jato - é uma faixa de ar de alguns

milhares de Km de comprimento, centenas de Km de largura e
alguns Km de espessura, com velocidade mínima de 120 Km/h.
Forma-se na linha de contato entre o ar frio e o quente.
Figura 05 - As correntes de jato ou Jet Stream
Fonte: Adaptado de National Weather Service (EUA).
25
Continentais ou periódicos
O poderoso controle que a massa continental asiática exerce so-

bre a temperatura e a pressão atmosférica influencia, também,
os ventos, os quais sopram, temporariamente, do continente
para o oceano e do oceano para o continente. Esses fenômenos
são chamados de:
• monções de verão - período caracterizado por intensas

chuvas (seis meses), no qual os ventos sopram do oceano
para o continente.
• monções de inverno - período assinalado por invernos se-

cos, frios e estáveis, no qual os ventos sopram do continen-
te para o oceano.
ACESSE
Para ampliar ainda mais seus conhecimentos,

sugiro que acesse:
https://www.coladaweb.com/geografia/
continentes/asia-de-moncoes
• brisas – as que durante o dia, sopram do mar para o continen-

te, são as brisas marítimas; e, as que durante a noite, sopram
do continente para o mar, são as brisas terrestres. Além des-
tas, há as brisas de vale e de montanha. Desenvolvem-se em
qualquer parte onde há grandes variações de relevo e são de
origem térmica. Durante o dia, quando a insolação é intensa,
as vertentes montanhosas mais expostas são mais aquecidas
que os fundos dos vales.
26
ACESSE

sugiro que acesse:
https://services.meteored.com/img/arti-
cle/o-que-sao-as-brisas-maritimas-terres-
tres-302991-3_1024.jpg
Ventos locais
Ocorrem em determinados lugares e são gerados diretamente pelas
influências do terreno. Devido ao sistema de pressão em que atuam,
produzem ventos locais.
Figura 06 - Esquema de funcionamento da circulação atmosférica - vento
Fonte: José Stroessner (2022)
Fatores influenciadores do clima
A partir de agora, vamos estudar os fatores influenciadores do cli-

ma. Assim, é importante você saber que esses fatores são responsá-
veis pelas características dos diversos climas existentes no planeta.
27
Os fatores que influenciam o clima variam em sua escala
e, com isso, a sua interação pode ser maior ou menor, tanto em
espaço e tempo, isso quer dizer que se refere à dimensão e ao
tempo que ocorre. Essa metodologia ajuda na melhor compreen-
são dos fenômenos.
As escalas espaciais são o macroclimática, mesoclimática e

microclimática, há ainda uma especial, a topoclimática, porém ela
pode ser incluída na escala mesoclimática. Já em relação às escalas
temporais, temos as escalas geológicas, históricas e contemporâ-
neas. Dito isso, vamos conhecer as escalas espaciais.
• Escala Macroclimática: é a maior unidade climática, possuin-

do uma extensão espacial climática superior a milhões de qui-
lômetros quadrados, onde os fatores de escala global, como a
inclinação da Terra e a curvatura atrelada aos movimentos de
translação e rotação fazem com que haja diferentes níveis de
radiação solar, em escala zonal (latitudes), durante o ano. Tais
interações são responsáveis pela existência das áreas tropi-
cais, subtropicais e polares. Outros fatores que influenciam na
escala zonal são as correntes marinhas, a continentalidade e a
maritimidade, biomas terrestres, os ventos alíseos e o El Niño.
Na escala regional podem ser tanto nas análises macroclimá-
tica quanto mesoclimática, pois a região por si só não possui
delimitações espaciais precisas. Assim, a escala regional (ma-
croclimática) é constituída por características no clima zonal
(altitude, relevo, massas de ar e domínios de algumas vegeta-
ções) que foram motivadores na modificação dos padrões de
circulação geral atmosférica em uma região. Em relação ao
tempo, as variações mais representativas variam de algumas
semanas a vários decênios.
• Escala Mesoclimática: é uma unidade intermediária en-

tre as grandezas macro e micro (entre 2000 km e 10 km) e
que, em relação ao tempo, refere-se às variações de várias
horas a alguns dias. Aqui também há uma escala regional
só que menor. São levados em consideração a topografia,
28
tipo de solo, cobertura vegetal, e fatores antrópicos (ur-
banização, agricultura, poluição) como motivadores nas
alterações da circulação atmosférica do clima regional em
climas locais. Segundo Danni-Oliveira (2007), tem como
exemplos uma região natural, montanha, regiões metro-
politanas, cidades.
• Escala microclimática: é a menor escala, variando entre 10

km a centímetros. Refere-se mais ao clima próximo ao solo,
o clima de um bairro, praça, uma casa, um cômodo, até de um
simples jardim e jarro de plantas. A área sofre influência da
vegetação local, cores das pinturas nas edificações, exposi-
ção de uma casa ou cômodo a insolação, número de janelas de
uma edificação proporcionando um microclima mais ou me-
nos ventilado, por exemplo.
Principais elementos do clima
Quando estudamos o clima, fazemos análises dos elementos climá-

ticos que são responsáveis pela descrição do clima e o seu estado
do tempo. Os elementos climáticos são fenômenos que compõem o
clima de um espaço e podem ser:
• de simples medição - são medidos nas estações meteorológi-

cas convencionais ou automatizadas.
• temperatura - é o calor do ar que pode ser expresso em Cel-

sius (ºC), Fahrenheit (ºF) ou em Kelvin (ºK). O calor nada
mais é que um valor estatístico da velocidade da agitação
das moléculas, assim, quanto mais veloz for a agitação (das
moléculas), maior será o calor e, quanto menos veloz, me-
nor será seu calor. Lembre-se que nós convencionamos o
que seria um calor quente e frio, mas essa convenção depen-
de do que se estuda e analisa. Para a climatologia, uma tem-
peratura quente pode ser considerada acima de 30ºC e uma
temperatura fria abaixo de 10ºC, por exemplo. É importante
29
destacarmos ainda que a temperatura do ar é medida por um
termômetro, em um lugar ventilado em um dado instante e,
tem mais um detalhe, para se medir o calor, é subtraída à
influência da radiação calorífica dos objetos que se encon-
tram próximos ao termômetro.
Figura 07 - Temperatura da atmosfera em dois momentos.
ºF ºC ºF ºC
160 160
140 140
120 120
100 100
80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
-20 -20
Fonte: Adaptado de @brgfx / Freepik.
• Pressão atmosférica - o ar tem peso e a pressão atmosférica,

ou pressão barométrica, nada mais é do que a força exercida
por uma coluna de ar em uma unidade de área em uma su-
perfície. Assim, quanto menor for a altitude de uma região,
maior será a coluna de ar, mais peso e maior pressão e, além
disso, quanto maior for a altitude de uma região, menor será
a coluna de ar, menor peso e menor pressão. Lembre-se que a
pressão é medida por um barômetro.
30
Figura 8 - Relação altitude e pressão atmosférica
Fonte: https://www.significados.com.br/pressao-atmosferica/
• ventos - é o ar em movimento. Tendo um movimento ho-

rizontal em relação à superfície terrestre, esse movimen-
to, a priori, é resultado do aquecimento e/ou arrefecimento
diferencial da atmosfera que gera diferentes pressões en-
tre dois pontos. É importante destacarmos que ventos com
maior pressão possuem uma menor temperatura em relação
a ventos com menor pressão, que possuem uma maior tem-
peratura. Além disso, outros fatores influenciam também no
controle do movimento do ar (gravidade, atrito, força de co-
riolis e força centrífuga). Em intensidade, os ventos podem ir
de grau 0 (calmo) à grau 12 (furacão) de acordo com a escala
de beaufort.
31
CURIOSIDADE
O equipamento que mede a velocidade e direção dos ventos é

o anemômetro.
Figura 09 - O movimento dos ventos
Fonte: Adaptado de MOREIRA, João C.
32
• Precipitação - é quando a água, proveniente das nuvens, caem
em estado líquido (chuva) e sólido (neve ou granizo) na su-
perfície da Terra. Para que ocorra a precipitação é necessário
que as gotas de água nas nuvens se aglutinem e cresçam em
um núcleo higroscópico, e assim se tornem suficientemente
pesadas para que a força da gravidade tenha mais atuação que
as correntes de convecção existentes nas nuvens. A precipita-
ção é medida por um pluviômetro.
ACESSE

sugiro que acesse:
h t t p s : / / 6 4 . m e d i a . t u m b l r .
com/7626348f5e257b13529579a388c08c16/
tumblr_o2p8jsSbO31ur9d0mo1_1280.jpg
• radiação solar - o Sol é a principal fonte de energia do sistema

climático e, também, dos processos físicos, químicos e bioló-
gicos na superfície do nosso planeta. Por causa disso, a radia-
ção solar é essencial para a vida no planeta e influencia, por
exemplo, no ciclo da água e na circulação geral da atmosfera
(já tratada nesta unidade). Ela varia de intensidade dependen-
do da latitude da Terra e das horas do dia.
CURIOSIDADE
O equipamento que mede a radiação solar é o Piranômetro.
33
Figura 10 - Interação da atmosfera e superfície terrestre com a radiação solar
Fonte: Adaptado de Ahrens (2009).
• umidade do ar - é uma medida que quantifica o vapor de água

que contém no ar. Já a umidade relativa é a medição da quan-
tidade de umidade em relação à quantidade máxima de umi-
dade que pode ter no ar. Alguns fatores influenciam na quan-
tidade de vapor de água no ar, como a presença de vegetação
e edificação, corpos de água e a temperatura. Lembre-se que
quanto maior for a temperatura de um lugar, maior será a
quantidade de vapor de água que o ar poderá conter.
CURIOSIDADE
O aparelho que mede a umidade do ar é o higrômetro.
• Os elementos de complexa medição - são aqueles que des-

crevem efeitos climáticos que são causados pela interação de
vários elementos simples causando aspectos particulares ou
34
que são relacionados a eles mesmos como: a aridez do solo e
a continentalidade do clima, o conforto humano, rendimento
das culturas.
Quadro 03 - Escala de Beaufort, intensidade dos ventos
Grau Designação m/s Km/h Efeitos em terra
0 Calmo <0,3 <1 Fumaça sobe na vertical
Fumaça indica direção

1 Aragem 0,3 a 1,5 1a5
do vento
As folhas das árvores mo-

2 Brisa leve 1,6 a 3,3 6 a 11 vem; os moinhos
começam a trabalhar
As folhas agitam-se e
3 Brisa fraca 3,4 a 5,4 12 a 19 as bandeiras
desfraldam ao vento
Poeira e pequenos papéis

Brisa
4 5,5 a 7,9 20 a 28 levantados; movem-se os
moderada
galhos das árvores
Movimentação de
5 Brisa forte 8 a 10,7 29 a 38 grandes galhos e
árvores pequenas
Movem-se os ramos das ár-

Vento 10,8 a vores; dificuldade em manter
6 39 a 49
fresco 13,8 um guarda chuva aberto;
assobio em fios de postes
Movem-se as árvores
Vento 13,9 a
7 50 a 61 grandes; dificuldade em
forte 17,1
andar contra o vento
35
Quebram-se galhos de
árvores; dificuldade em
17,2 a
8 Ventania 62 a 74 andar contra o vento;
20,7
barcos permanecem
nos portos
Danos em árvores e
Ventania 20,8 a pequenas construções;
9 75 a 88
forte 24,4 impossível andar contra
o vento
Árvores arrancadas;
24,5 a
10 Tempestade 89 a 102 danos estruturais em
28,4
construções
Tempestade 28,5 a Estragos generalizados

11 103 a 117
violenta 32,6 em construções
Estragos graves e gene-

12 Furacão >32,7 >118
ralizados em construções
Fonte: https://www3.santoandre.sp.gov.br/defesacivil/escala-de-beaufort/
Introdução ao estudo da hidrologia

O início do século XXI está sendo caracterizado pela crescente importân-
cia do uso das águas na vida da sociedade, isso porque entramos numa
era de crescimento das crises alimentar, energética e ambiental e o papel
da água na resolução de problemas ambientais não pode ser relegado.
É importante lembrarmos que cerca de 47% das terras emer-

sas do globo são formadas por bacias hidrográficas compartilhadas
por mais de um país e isso tem proporcionado vários conflitos inter-
nacionais pela posse e controle do recurso. Isso porque a água é um
dos principais elementos que proporcionam condições ambientais
favoráveis para o desenvolvimento do solo, da flora e da fauna, ao
mesmo tempo que também pode causar danos à natureza e aos se-
res humanos (inundações, tempestades e tsunamis).
36
Atualmente, a deterioração da situação ambiental em
muitas regiões do mundo se deve tanto à falta de água quanto
à irracionalidade em usá-la. Assim, juntamente com o crescen-
te papel do fator água no desenvolvimento socioeconômico e
ambiental, a importância do conhecimento da hidrologia se faz
cada vez mais importante.
A distribuição, disponibilidade e uso da água

no planeta
Desde quando estávamos na escola, aprendemos que a água é um

líquido incolor (sem cor), insípida (sem gosto) e inodora (sem
cheiro) e, como já lemos na introdução, é essencial para todos os
seres vivos. É claro que essas características citadas da água só se
aplicam à água pura, quer dizer, destilada, pois você já deve ter
percebido que a água que bebemos, usualmente, tem um gosto e
um sabor específico. Mas, você já parou pra pensar qual a razão
disso acontecer?
Isso se dá ao fato de que a água consumida contém sais mine-

rais e até mesmo substâncias orgânicas dissolvidas, dando certo sa-
bor, cheiro e cor, como no caso das águas ferruginosas que contêm
ferro dissolvido. Mas, não precisa ser tão evidente a presença de sais
minerais (ferruginosa) para percebermos que a água que bebemos
todos os dias possui, gosto e cheiro diferentes.
CURIOSIDADE
Não podemos esquecer que a água é um solvente universal, o que

quer dizer que ela ajuda a dissolver vários solutos na natureza. En-
tre esses solutos estão os que se encontram em nosso corpo, facili-
tando os processos metabólicos como, por exemplo, na eliminação
de toxinas, e também se encontra nos processos de fotossíntese
das plantas.
37
Se formos quantificar o volume e distribuição, cerca de
70% da superfície da Terra é coberta por água (aproximadamen-
te 1,4 bilhão de quilômetros quadrados), onde 97,5% é de água
salgada e apenas 2,5% é de água doce. Além disso, é preciso lem-
brarmos que, dos cerca de 35 milhões de quilômetros quadrados
de água doce, a maioria, 24,4 milhões de quilômetros quadrados
está presa em geleiras, gelo, permafrost; 10,7 milhões de quilô-
metros quadrados estão escondidos no subsolo e apenas 0,002
milhão de quilômetros quadrados de água doce permanecem na
cota dos rios da Terra.
Além de sabermos que a quantidade de água doce é bem me-

nor que a de água salgada, é de conhecimento de todos que a sua
distribuição no planeta também não é nada equilibrada e, em várias
regiões do mundo, a população sofre com a baixa e até falta da dis-
ponibilidade deste recurso. Os fatores climáticos influenciam nessa
distribuição e disponibilidade e, assim, pode haver flutuações sa-
zonais para mais ou para menos e até entre anos seguidos. A Or-
ganização das Nações Unidas (ONU) tem uma classificação sobre a
disponibilidade hídrica em:
• abundante (> 20 mil m³/habitante ano);
• correta (de 20 mil m³ até 2,5 mil m³/habitante ano);
• pobre (de 2,5 mil m³ até 1,5 mil m³/habitante ano);
• crítica (< 1,5 mil m³/habitante ano).
Assim, quando a água está disponível, ela pode ter dois tipos
de uso, consuntivo e não consuntivo.
• Uso Consuntivo: é quando a água é retirada da fonte e que,

mesmo quando ela retorna, há alguma perda, seja em quan-
tidade ou qualidade, como o uso na agropecuária, industrial,
doméstico e limpeza pública.
• Uso Não Consuntivo: é quando não há retirada da água para a

sua utilização, como o uso na geração de energia, lazer, trans-
porte e psicultura.
38
ACESSE
Distribuição e uso da água no mundo
https://pt-static.z-dn.net/files/
d67/0bd66352351e07bd94b17fd0461064bc.jpg
VOCÊ SABIA?
Em 2050, a população mundial poderá crescer em 2 bilhões de

pessoas, o que poderá aumentar a demanda global de água em
30%. Atualmente, 70% do consumo mundial de água é para a
agricultura e 20% é para a indústria. Os 10% restantes são usados
para necessidades domésticas, dos quais apenas 1% é a parcela de
água potável.
É importante destacarmos que mais de 80% das águas resi-

duais produzidas pela sociedade retornam ao ecossistema sem se-
rem tratadas ou reutilizadas. Assim, o potencial para o uso de águas
residuais como recurso é enorme. Isso porque as águas residuais
tratadas com segurança são uma fonte acessível e sustentável de
água, energia, nutrientes e outros materiais renováveis. Os custos
de descarte e tratamento de águas residuais são compensados mui-
tas vezes pelos benefícios para a saúde humana, desenvolvimento
econômico e sustentabilidade ambiental por meio da criação de no-
vas oportunidades de negócios e empregos verdes adicionais.
39
A Hidrologia
A hidrologia é uma ciência que estuda as águas, sua interação com

a atmosfera e a litosfera, bem como os fenômenos e processos que
ocorrem nas águas (evaporação, congelamento, precipitação, es-
coamento, entre outros).
É importante lembrarmos que a hidrologia nem sempre foi
uma ciência, ela apareceu pela primeira vez em 1694 em um livro
contendo “os primórdios da doutrina das águas”, na Alemanha,
tendo sua emancipação como ciência apenas nas décadas de 1920 e
1930. A partir daí vários profissionais das mais variadas áreas come-
çaram a atuar nas diferentes subáreas da hidrologia que são:
• hidrogeografia: estuda todas as águas superficiais e subter-
râneas e as modificações que elas fazem no relevo terrestre;
• hidrometeorologia: estuda as águas na atmosfera;
• limnologia: estuda os lagos e reservatórios;
• potamologia: estuda os arroios e rios;
• glaciologia: estuda as neves e gelos;
• hidrogeologia: estuda as águas subterrâneas.
Quando nos referimos às linhas de estudos na hidrologia,

costumamos dividi-la em duas áreas: Hidrologia científica e a Hi-
drologia aplicada. Vamos conhecê-las.
Hidrologia científica ou hidrologia clássica
A hidrologia científica, ou hidrologia clássica, refere-se aos estudos

mais científicos da ação das águas no meio, levando em considera-
ção aspectos físicos e químicos da água. Como já lemos anterior-
mente, a hidrologia se estabeleceu como ciência apenas na primeira
metade do século XX, consolidando-se de vez na segunda metade
do século XX.
A razão dessa evolução foi devido ao aprimoramento de técnicas
de estudos com programas de observação e quantificação sistemáti-
ca dos mais variados processos hidrológicos, graças ao surgimento do
40
computador em 1950. Nessas pesquisas começaram a analisar os com-
ponentes químicos e biológicos do ciclo da água, assim como a quanti-
ficação do nível global de armazenamento e fluxo de água e energia, a
interação das variáveis climáticas com a superfície da Terra e os efeitos
das atividades antrópicas nos processos hidrológicos.
A partir de então, subáreas precisaram ser criadas para tor-
nar possíveis os estudos, já que, com a evolução dos conhecimentos,
mais coisas eram descobertas, essas subáreas são:
hidrometeorologia: é a parte da hidrologia que

trata da água na atmosfera.
geomorfologia: trata da análise quantitativa
das características do relevo de bacias hidro-
gráficas e sua associação com o escoamento.
escoamento superficial: trata do escoamento
sobre a superfície da bacia.
interceptação vegetal: avalia a interceptação
pela cobertura vegetal da bacia hidrográfica.
infiltração e escoamento em meio não-sa-
turado: observação e previsão da infiltração e
escoamento da água no solo.
escoamento em rios, canais e reservatórios:
observação da vazão dos canais e cursos de
água e do nível dos reservatórios.
evaporação e evapotranspiração: perda de água
pelas superfícies livres de rios, lagos e reserva-
tórios, e da evapotranspiração das culturas.
produção e transporte de sedimentos: quantificação
da erosão do solo.
qualidade da água e meio ambiente: trata da
quantificação de parâmetros físicos, quími-
cos e biológicos da água e sua interação com
os seus usos na avaliação do meio ambiente
aquático. (CARVALHO et. al, 2007, p.1)
Nessa linha, são muito usados os estudos em laboratórios
que tentam representar as situações físicas reais de uma Bacia
Hidrográfica, por exemplo, numa escala micro e com base nos
registros já coletados das variáveis hidrológicas da realidade, é
possível observar e estudar vários detalhes dos comportamentos
41
hidrológicos, entendendo de maneira mais precisa os fenômenos,
representando-os matematicamente e, assim, podendo até prever
certos acontecimentos, como o cálculo do Tempo de concentração
de uma bacia.
Para tal, é necessário fazer maquetes de bacias hidrográficas

em microescala (10-8 a 10-2 m) porque em mesoescala (102 a 104 m)
ou macroescala (105 a 107 m) gera muitas dificuldades para detecção
de detalhes importantes.
Quadro 04 - Diversas formulações empíricas empregadas para estimar o
tempo de concentração
Fonte: www.aquafluxus.com.br
42
VOCÊ SABIA?
Segundo o “Bureau of Reclamation of U.S.A”, tempo de concentração

(Tc) é o tempo necessário para que toda a área da bacia contribua para
o escoamento superficial na secção de saída. Ou seja, o tempo de con-
centração é o tempo que leva para que a água que choveu no ponto da
bacia hidrográfica mais distante da foz possa chegar lá (SOUSA, 2017).
Hidrologia aplicada
Por outro lado, a hidrologia aplicada estuda as relações mais práticas

para o uso das águas, relacionadas às questões ambientais, de saúde,
geração de energia e produção de comida, utilizando as descobertas
científicas com a intenção de prever, por exemplo, taxas e quantidade
de escoamento, estimar o nível de capacidade necessária de vertedou-
ros e reservatórios. Também faz parte da hidrologia aplicada estudar
as relações do solo-água-planta na agricultura, na estimativa da água
disponível para o abastecimento humano, e no controle de cheias e
inundações no ambiente urbano com as drenagens, por exemplo.
Logo se nota as várias aplicabilidades dos conhecimentos

científicos da hidrologia. Mas, com relação às questões ambientais,
como a humanidade interfere no ciclo hidrológico? Como o cresci-
mento urbano desordenado interfere na vazão das águas ocasio-
nando as enchentes urbanas? Logo a seguir veremos mais atuações
da hidrologia aplicada.
Planejamento e Gerenciamento da Bacia Hi-

drográfica: planejamento e controle do uso
dos recursos naturais.
Abastecimento de Água: limitação nas regiões
áridas e semiáridas do país.
Drenagem Urbana: cerca de 75% da população
vive em área urbana. Enchentes, produção de
sedimentos e problemas de qualidade da água.
43
Aproveitamento Hidrelétrico: a energia hi-
drelétrica constitui 92% de toda energia pro-
duzida no País. Depende da disponibilidade de
água, da sua regularização por obras hidráulicas
e o impacto das mesmas sobre o meio ambiente.
Uso do Solo Rural: produção de sedimentos e
nutrientes, resultando em perda do solo fértil e
assoreamento dos rios.
Controle de Erosão: medidas de combate à
erosão do solo.
Controle da Poluição e Qualidade da Água:
tratamento dos despejos domésticos e indus-
triais e de cargas de pesticidas de uso agrícola.
Irrigação: a produção agrícola em algumas
áreas depende essencialmente da disponibili-
dade de água.
Navegação.
Recreação e Preservação do Meio Ambiente.
Preservação dos Ecossistemas Aquáticos.
(CARVALHO et. al, 2007, p.02)
Figura 11 - Alguns usos da água
Fonte: Adaptada de José Stroessner (2022).
44
SAIBA MAIS
Na Agenda 21 (1992), o capítulo 18 é intitulado de “Proteção da qua-

lidade e do abastecimento dos recursos hídricos: aplicação de cri-
térios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos
hídricos”. Dessa maneira, para ampliar seus conhecimentos, sugiro
que realize uma rápida pesquisa e leia sobre a Agenda 21.
REFLITA
Após anos de estudos, ainda estamos aprendendo a como usar o re-

curso natural: água. Isso porque, apesar dela ser insubstituível em
nossas vidas, percebemos que ainda é muito difícil usá-la de ma-
neira correta, ou seja, de maneira sustentável. Vimos que a agricul-
tura consome a maior parte da água doce. Dito isso, pare e reflita:
você acredita que podemos modificar isso?
45
SINTETIZANDO
Caro(a) aluno(a),
Chegamos ao final dessa etapa de estudos. Como você pôde per-

ceber, o entendimento dos conceitos básicos da climatologia é de
extrema importância para qualquer profissional da área ambiental,
exatamente porque é o assunto ambiental mais discutido na atua-
lidade, pois sabemos que, conhecendo como o clima funciona, sa-
beremos como melhor agir contra as mudanças climáticas que nós,
seres humanos, estamos causando.
Quando uma época do ano que era para ser de muita chuva e acaba não
sendo, não quer dizer também, a priori, que houve uma mudança cli-
mática. Na verdade, como já estudamos, para se definir um clima de um
lugar são feitos monitoramentos entre 30 e 35 anos, logo, durante esse
tempo pode haver algumas alterações causadas por algumas variantes.
Ao longo do nosso material, você também entendeu que o estudo da

hidrologia não poderia ficar de fora quando se pensa em meio am-
biente, estudar as águas, suas atuações e utilidades faz com que nós
entendamos melhor a importância desse recurso natural.
Você aprendeu também que a interação das águas com o ar é ine-

rente à água e serve como um efeito tampão do clima no planeta.
Dessa maneira, há uma interação de via dupla entre a atmosfera e
hidrosfera, mas, mesmo assim, a atmosfera gera mais influência no
clima que os próprios corpos líquidos terrestres, como os oceanos,
sendo imperativo o estudo dessas duas esferas e suas relações com
a biosfera e litosfera.
Desejo bons estudos e até a próxima!
46
2
UNIDADE
A climatologia
e suas bases
Objetivos
◼ Aprofundar os conhecimentos sobre os elementos climáticos.
◼ Compreender a associação entre os fatores influenciadores do

clima com os elementos climáticos.
◼ Entender e conhecer as massas de ar e sua atuação no Brasil.
◼ Conhecer as classificações climáticas do mundo e do Brasil.

Introdução
Olá, prezado(a) aluno(a)! Como vai?
A partir de agora, vamos tratar da climatologia e suas bases.

Pensando nisso, seguiremos com mais informações sobre os ele-
mentos climáticos, fazendo uma associação com os fatores deter-
minantes do clima. Dessa forma, você vai entender melhor como se
dão as interações para que existam os mais variados tipos climáticos
no mundo.
Além disso, estudaremos também sobre as massas de ar,

com ênfase nas que ocorrem no Brasil e como elas agem durante
as estações de verão e inverno. Veremos também as classificações
climáticas mais usadas, como a de Koppen e a de Strahler, com ên-
fase no Brasil, e duas classificações menos usadas, a de Flohn e a de
Thornewater. Não deixaremos de explicar quais delas são da Escola
Genética e Genérica para entendermos sobre a metodologia aplicada
nas análises do clima pelas classificações.
Nossa viagem rumo a novos conhecimentos está só come-

çando. Vamos lá!
48
Os elementos climáticos e os fatores
influenciadores do clima
Caro(a) aluno(a), você já deve conhecer os elementos e os fatores
geográficos influenciadores do clima, que nos dá uma ideia de como
é complexa a formação dos diferentes climas do nosso planeta.
Mas, você já pensou qual a razão de uma cidade, que se loca-

liza em uma região de latitude baixa, nos trópicos, ter temperaturas
abaixo de zero no inverno? Ou mesmo como cidades localizadas no
Nordeste do Brasil, como a cidade de Garanhuns em Pernambuco
possui um clima tropical com estação seca, mas considerado como
se fosse de um clima do Mediterrâneo do continente europeu, com
temperaturas mínima e máxima, registradas pelo INMET, de 9ºC e
35,3ºC respectivamente? Qual o porquê disto?
Assim, para responder essas perguntas, você precisa enten-

der que essa cidade se encontra numa altitude de 841 m em relação
ao nível do mar e a 200 km do litoral e, por conta da altitude, pos-
sui uma menor pressão atmosférica e ainda recebe ventos úmidos
e constantes que favorecem a permanência de resquícios de Mata
Atlântica, sendo considerada um brejo de altitude.
Com o que falamos até agora, você já percebeu vários elementos

e fatores geográficos que acabam por influenciar no clima da cidade de
Garanhuns que, apesar de estar numa região de latitude tropical (8º
53’ Sul) bem próxima a linha do Equador (0º), possibilitou a existência
de um tipo climático diferente dos seus arredores, que é semiárido.
Mas, para que você entenda do que estamos tratando, con-

vido você a entender a Relação entre elementos climáticos e fatores
influenciadores do clima, tão presente em nosso dia a dia. Vamos lá!
Relação entre elementos climáticos e fatores

influenciadores do clima
Os elementos climáticos são aspectos (grandezas meteorológicas)

que compõem o clima. Eles variam de intensidade de acordo com o
49
espaço geográfico em que se encontram e comunicam-se entre si,
gerando as mais diversas condições atmosféricas que, junto com os
fatores influenciadores do clima — também chamados de fatores
determinantes do clima —, compõem o clima de um dado lugar.
Desta forma, iremos neste momento fazer uma associação

entre os elementos climáticos e os fatores influenciadores do clima,
mostrando que há interações. Assim, temos que:
◼ os elementos climáticos são a radiação solar, a temperatura, a

umidade do ar, a pressão atmosférica, o vento e a precipitação;
◼ os fatores determinantes do clima são a rotação e a transla-

ção da Terra, a latitude, a altitude, as massas de ar, a conti-
nentalidade e a maritimidade, além das correntes marítimas
e do relevo.
Assim, vamos conhecer cada um dos itens destacados.
A Radiação Solar
Como você deve saber, o Sol todos os dias produz e irradia ao espaço
uma grande quantidade de energia, mas apenas uma fração desta
chega na Terra, porém, sabemos que essa ínfima energia solar que
chega ao nosso planeta em um único dia já seria o suficiente para
suprir energeticamente o planeta inteiro por um ano.
Quando entendemos isso, percebemos que o que nos falta são

equipamentos capazes de captar e transformar essa energia, lem-
brando que não poderíamos captar ela toda, pois muitos processos
da Terra acontecem através da energia do Sol. Sabemos que a radia-
ção solar é um elemento influenciador climático e responsável pela
fotossíntese dos vegetais além de ajuda na produção de vitamina D
em nós seres humanos.
É preciso considerarmos que nem toda energia solar é absor-

vida, já que uma parte é refletida e volta ao espaço, e essa energia
que chega aqui varia de acordo com a hora do dia, com a latitude,
com a estação do ano ou mesmo se tem muitas ou poucas nuvens no
céu, então, de fato ela é bem variável.
50
DEFINIÇÃO
Lembre-se que se chama de irradiação a quantidade de energia total

calculada que atinge a Terra em um dia ou em um ano, por exemplo.
A constante solar de irradiação para o planeta é de 1353 W/

m², porém, ao passar pela atmosfera, essa irradiação é atenuada
pelos seguintes fatores:
• vapor de água que absorve uma quantidade do infraverme-

lho (calor);
• ozônio que absorve parte do ultravioleta;
• poeiras e aerossóis que espalham a radiação.
Figura 01- Interação da atmosfera e superfície terrestre com a radiação solar
Fonte: Adaptado de NASA.
51
DICA
Caro(a) aluno(a), na imagem acima, observamos que dos 100%

de irradiância solar incidente que chega no planeta, 26% são re-
fletidos pela própria atmosfera e pelas nuvens. Porém, há uma
porção que a atmosfera e as nuvens absorvem: 19%. Então, so-
bram 55% de irradiância solar que chega ao solo, das quais 4%
são refletidos e 51% são absorvidos. Assim, somando o que é ab-
sorvido ao todo pelo planeta temos 70% radiados ao espaço de
forma difusa.
Dessa forma, por causa da esfericidade da Terra, a sua in-

clinação e aos seus movimentos de rotação e de translação, há di-
ferentes incidências de radiação solar nas latitudes do planeta, fa-
zendo com que existam diferentes temperaturas no globo e, assim,
controlando a circulação atmosférica e nesse momento que entra-
mos em outro elemento do clima, a temperatura.
A Temperatura
Para que você possa compreender o termo, inicialmente, é impor-

tante que você saiba que temperatura é um termo que se refere ao
estado térmico da atmosfera e, quanto mais rápida for a movimen-
tação das moléculas maior será a sua temperatura, logo, maior
será o calor produzido.
Como você já deve saber, a temperatura do ar é medida pelo

termômetro e as duas grandezas mais utilizadas são: graus Celsius
ou Fahrenheit. Lembre-se que os termômetros medem o calor pre-
sente no ar em um determinado instante e, com termômetros es-
pecíficos, medem-se as temperaturas máxima e mínima, que são
a maior e a menor temperatura já registradas em um determinado
lugar em um determinado tempo, sendo um dia, uma semana, um
mês, ano e por aí vai.
52
DEFINIÇÃO
A diferença entre a máxima e a mínima temperatura de um lugar se

chama amplitude térmica.
Quando tratamos da distribuição da temperatura sobre a su-

perfície da Terra temos que estudar os fatores que influenciam nes-
sa distribuição que são: a latitude, a altitude, o relevo, os ventos, a
maritimidade/continentalidade e as correntes oceânicas.
Figura 02 – Relação da inclinação e da esfericidade da Terra, latitudes e radiação solar
na temperatura.
Fonte: adaptada por José Stroessner (2022).
Como você deve ter percebido, a esfericidade da Terra in-

fluencia no índice de radiação solar na sua superfície, o que acaba
por influenciar a sua temperatura. Assim, devido à esfericidade, há
uma incidência desigual dos raios solares, onde, quanto mais incli-
nado for o ângulo de incidência dos raios solares, mais baixa será
a temperatura e, quanto mais reto for esse ângulo de incidência,
maior será a temperatura.
53
Dessa maneira, veja mais uma vez a imagem acima e perceba
que os ângulos mais retos dos raios solares atingem o meio (latitude
0º) que se torna mais quente, a chamada zona tropical, e os ângulos
mais inclinados atingem as zonas temperadas (23º 27’) e polares
(66º 33’), por isso as temperaturas dessas latitudes são menores.
Mas como já foi citado, essa incidência desigual da irradiação solar
que acarreta latitudes com diferentes temperaturas acontece devido
a esfericidade do planeta e ao movimento de translação.
Existem outros fatores climáticos que intervêm na tempera-

tura, a continentalidade e a maritimidade. Além disso, os corpos hí-
dricos atuam regulando a temperatura do ar e, com isso, diminuem
a amplitude térmica dos locais em que se encontram.
Você já deve ter percebido que cidades litorâneas não pos-

suem uma grande diferença de temperaturas entre os dias e noites,
assim como nas estações do ano, verão e inverno, por exemplo. Mas,
você sabe por que isso acontece? Exatamente porque as águas do
mar retêm o calor do dia e ainda oferecem umidade ao ar em volta.
Isso pode acontecer, também, em locais que possuem grandes rios.
Além disso, você deve estar se perguntando: e nas cidades que

estão longe do mar e não possuem grandes corpos de água, o que
acontece? Nas áreas situadas no interior de um continente, e onde
tenham também uma baixa umidade do ar, ocorre uma grande am-
plitude térmica, tanto diariamente como também em períodos de
estações mais quentes e frias. É claro que, em regiões mais frias e
geladas do nosso planeta, essa amplitude térmica, influenciada pela
maritimidade, pode ser imperceptível, mas de fato ela acontece.
Durante o dia o continente absorve o calor, oriundo da radia-

ção solar, muito rápido. Mas, ao anoitecer, também perde muito rá-
pido e, por isso, a amplitude térmica é maior entre o dia e a noite.
Lembre-se que, em cidades litorâneas com alta umidade do ar, por
exemplo, as águas do mar demoram mais para absorverem o calor da
irradiação solar durante o dia, mas, em compensação, a noite demora
mais para perder, liberando de pouco a pouco, ao longo da noite, o
calor acumulado durante o dia, equilibrando mais a temperatura da
noite. Além disso, a água do mar demora mais para esquentar e, com
54
isso, fica arrefecendo a temperatura durante o dia. Dessa forma há
uma menor amplitude térmica nas regiões litorâneas.
CURIOSIDADE
Em regiões como o Nordeste e Norte do Brasil, no verão, as águas

do mar permanecem mornas durante uma boa parte da noite. Isso
porque as regiões se encontram numa latitude baixa e, além dis-
so, porque a água possui um calor específico alto e, sendo uma má
condutora de calor, diferente das rochas e do solo, ela demora mais
para se aquecer, mas, também, demora mais para esfriar. Para se
ter uma ideia, a areia possui um calor específico de 0,2 cal/g.ºC para
aumentar 1ºC, já a água possui um calor específico de 1 cal/g.ºC para
aumentar 1ºC. Por isso o solo se esquenta tão rápido e resfria na
mesma intensidade e a água esquenta lentamente e resfria lenta-
mente também.
Continuando nosso raciocínio sobre continentalidade e mari-

timidade e sua relação com a temperatura, áreas continentais muito
extensas também possuem uma amplitude térmica maior do que
áreas continentais menores, logo os verões do hemisfério norte são
mais quentes e os invernos mais frios, diferente do Hemisfério Sul
que possui áreas continentais menores em detrimento a áreas oceâ-
nicas e, assim, a amplitude térmica entre o verão e inverno é menor.
Veja abaixo essa diferença de temperaturas citadas acima:

Quadro 01 - Temperaturas médias dos hemisférios Norte e Sul.
Hemisfério Norte Hemisfério Sul
Verão 22,4ºC 17,1ºC
Inverno 8,1ºC 9,7ºC
Fonte: Ayoade, 2004.
55
ACESSE

sugiro que acesse:
https://pt-static.z-dn.net/files/d69/
cdc64f7a5612a9524f821e07448b9912.jpg
E o que acontece quando relacionamos o elemento climático,

temperatura, com o fator determinante do clima, altitude? Lem-
bra do exemplo utilizado no começo deste material, da cidade de
Garanhuns em Pernambuco? Pois é! Quando duas cidades, mesmo
próximas, encontram-se em altitudes diferentes, apresentam am-
plitudes anuais de temperaturas diferentes. Isso acontece porque o
ar tem peso, logo, em altitudes menores, a camada de ar é maior do
que em altitudes baixas, assim, tem menos ar nas altas altitudes.
Dessa maneira, como o ar possui a propriedade de reter calor, se tem
menos ar, retém-se menos calor.
DICA
Lembre-se que, segundo Varejão (2001), a cada 100m de altitude, a

temperatura diminui em média 0.6ºC.
56
Muita informação, não é verdade? Mas, fique tranquilo(a),
pois essas questões sobre o peso do ar, sua variação pela altitude e sua
relação com a temperatura serão estudadas logo a seguir, vamos lá?
A Pressão Atmosférica
Desde quando estudamos no ensino básico, aprendemos que o ar

tem peso e que ele é formado por vários tipos de moléculas de gases
que possuem as suas massas específicas.
É importante entendermos que o ar tem peso devido à gravi-

dade da Terra e, por causa disso, a pressão atmosférica nada mais
é que a força provocada pelo peso do ar em uma superfície. Devi-
do a estes fatores, o ar tende a se acumular em regiões de altitudes
menores do que em altitudes maiores, quer dizer que, quanto me-
nor for a altitude, mais ar estará disponível e, quanto mais alta for
a altitude, menos ar estará disponível naquela região. Daí entramos
em mais uma associação: elemento do clima (pressão atmosférica)
e altitude (fator determinante do clima).
CURIOSIDADE
Em regiões de alta altitude, como no Nepal localizado na Ásia

(que está a 3265 m de altitude) e até mesmo na América do Sul,
em cidades como Quito no Equador (2800 m) e La Paz na Bolívia
(3800 m), existe uma menor quantidade de ar disponível e, por
isso, quando os jogadores de futebol vão jogar lá, precisam trei-
nar a força do chute pois há menos resistência do ar e, também,
a respiração ao correrem, pois poderão cansar mais rápido. Lem-
bre-se que a diferença de pressão do ar de uma região de maior
altitude para uma região de menor altitude também está ligada às
diferenças de temperaturas.
57
Dito isto, agora trataremos de como um fator determinante
do clima, a altitude, influencia na ação conjunta dos elementos cli-
máticos (radiação solar, temperatura e pressão atmosférica).
Dito isto, agora trataremos de como um fator determinante

do clima, a altitude, influencia na ação conjunta dos elementos cli-
máticos (radiação solar, temperatura e pressão atmosférica).
◼ Lugares mais altos ou mais baixos da Terra recebem o mes-

mo grau de radiação solar, mas, mesmo assim, sabemos que
locais mais altos possuem temperaturas menores porque,
devido a ação da gravidade, o ar fica mais rarefeito (menor
pressão) em regiões de maior altitude. Assim, quando os
raios solares atingem uma superfície, o calor será absorvido
e liberado, mas, se encontrar mais ar numa região esse calor
(infravermelho), vai sofrer mais resistência para voltar ao
espaço porque estará se chocando com mais moléculas de
gases e, assim, elas vibrarão e o calor é sentido no ar! Mas,
se esse mesmo raio solar se chocasse numa superfície de
uma região com menor quantidade de ar, o calor encontra-
ria menos resistência para voltar ao espaço e geraria menos
calor. Então, na primeira situação a radiação atingiu uma
região de baixa altitude e na segunda situação uma região
de alta altitude.
58
Para entender o que estamos falando, observe a figura abaixo.
Figura 03 – Relação: altitude ou pressão do ar x temperatura.
Altitude
(metros) Ar mais rarefeito C - 22ºc
8000
6000
4000 B 4ºc
2000
Ar mais denso
0 A 30ºc
Fonte: Adaptado de @brgfx / Freepik.O ar se movimenta devido a diferença de pressão existente

nas regiões. Isso porque o ar quente é menos denso e mais leve (ciclonal) e o ar frio é mais denso
e mais pesado (anticiclonal), então locais com mais pressão de ar tendem a ocupar o espaço dos
lugares com menor pressão do ar, gerando um ciclo conhecido como correntes de convecção.
As correntes de convecção acontecem nos fluidos: ar, água e

magma terrestre, por exemplo. Esse assunto será melhor abordado
quando tratarmos da circulação do ar no planeta.
A Umidade do Ar
A umidade do ar, ou umidade atmosférica, é a quantidade de água
que se encontra como vapor no ar. Esse é um elemento climático
muito importante da regulação do clima porque influencia nas tem-
peraturas, regimes de chuvas e sensação térmica.
Pela composição gasosa da atmosfera, o vapor está presente em

no máximo 4%, isto é o limite da quantidade de água em vapor que a
atmosfera comporta, ou seja, 100% de umidade relativa. Dessa manei-
ra, se a quantidade de vapor presente na atmosfera for de 2,5% do total
de gases, significará que a umidade relativa do ar será de 62,5%.
Mas, você deve estar se perguntando: o que acontece quando

chega a 100% de umidade relativa do ar e, mesmo assim, continua a
liberação de vapor na atmosfera?
59
Para responder a esta pergunta, é necessário que você enten-
da que, quando chega no ponto de saturação, a atmosfera não con-
segue mais absorver tanto vapor de água e aí, para se equilibrar, co-
meça a acontecer as precipitações, que podem acontecer em forma
de chuva, neve ou granizo. Assim, dependendo da forma de resfria-
mento da umidade do ar e sua seguinte condensação, haverá outras
formas dessa umidade se manifestar na natureza, como: orvalho,
geadas, nevoeiros e as nuvens.
CURIOSIDADE
O orvalho acontece quando, preferencialmente próximo ao amanhe-

cer, há um resfriamento do ar, deixando as superfícies de objetos de
solos e plantas mais frias, ao ponto de fazer com que a umidade do ar se
condense (vapor para líquido) ao entrar em contato com essa área, for-
mando aquelas gotinhas de água. Normalmente acontece em estações
de outono e inverno e pode acontecer também à noite, mas só quando
há um resfriamento mais acentuado, exatamente porque o dia tende a
ser mais quente que uma madrugada inteira sem Sol, por isso o orvalho
ocorre, em sua maioria, próximo ao amanhecer e só acontece ao anoi-
tecer de um dia quando ocorre um resfriamento acentuado.
Já a geada é um processo semelhante ao orvalho, mas acon-

tece quando, em um céu limpo, chegam massas de ar frio, fazendo
com que haja um resfriamento mais intenso do ar, ficando próximo
de 0º C ou até mesmo negativo (abaixo do ponto de orvalho). Des-
ta maneira, a umidade do ar se congela (sublimação) ao entrar em
contato com as superfícies (objetos, plantas, solos e animais).
Lembre-se que as geadas são muito ruins para a agricultura porque

o gelo mata as plantas, pois as células das plantas, que possuem água em
seu interior, expandem-se e estouram ao se congelarem, matando-as.
Não podemos esquecer que o Nevoeiro, neblina ou cerração, é

uma nuvem stratus em que sua base se encontra no solo ou próximo
a ele e acontece quando há um resfriamento e a saturação da umida-
60
de do ar. É importante destacarmos que as pessoas costumam dife-
renciar neblina de nevoeiro porque na primeira há uma visibilidade
além de 1Km e na segunda a visibilidade fica abaixo disso.
Além do que já foi dito, precisamos lembrar que as nuvens são

o resultado da condensação do vapor d’água, que ascendeu e que se
encontram em suspensão na atmosfera, sendo formadas por gotícu-
las muito pequenas de água ou cristais gelo, ou as duas ao mesmo
tempo. Dependendo da temperatura do ar, as nuvens podem conter
mais água ou gelo que são chamados de elementos de nuvens, sendo:
• Acima de -10 ºC: gotículas de água em suspensão.
• -15 ºC a -10 ºC: gotas de água e cristais de gelo.
• < -15 ºC: cristais de gelo.
Para as nuvens se formarem, além dos elementos, é necessá-

rio que haja:
• Movimento de convecção (movimento vertical do ar úmido).
• Movimento de ascensão - quando o ar úmido é obrigado a as-

cender para altitudes maiores por causa de algum relevo.
Não se esqueça que as precipitações acontecem quando os ele-

mentos das nuvens começam a aumentar de tamanho, pois as gotículas
minúsculas de água começam a se juntar uma a uma em núcleos higros-
cópicos ou de condensação. Os núcleos higroscópicos são particulados em
suspensão formados por poeira, pólen, cinza vulcânica e até poluição.
As precipitações podem ser:
◼ Chuva:
É a precipitação em água líquida. Acontece, normalmente, quando a

atmosfera se encontra com temperaturas acima do ponto de conge-
lamento. É importante destacarmos que, algumas vezes, a precipi-
tação, ao cair das nuvens, pode sair congelada devido a existência de
uma camada de ar frio, mas acaba por encontrar ao longo da descida
uma camada de ar quente que a descongela e cai novamente como
chuva. O chuvisco, diferente das chuvas que as gotas possuem um
diâmetro médio de 0,5 mm, é formado por gotas de água muito pe-
quenas que são menores que 0,5 mm de diâmetro, a conhecida garoa.
61
◼ Granizo:
Acontece quando a precipitação líquida se congela, em pedras de

gelo, ao passar por uma camada muito fria. Os granizos ocorrem
também diretamente nas nuvens onde, em processos de convec-
ção muito frias, congelam-se em etapas e, quanto mais etapas,
maiores se tornam, tendo normalmente tamanhos entre 1 cm ae
1,5 cm, mas pode ocorrer de possuírem o tamanho de uma bola de
tênis. Infelizmente o granizo, dependendo da intensidade, causa
muitos prejuízos: quebram telhas, janelas e, ainda, prejudica a
agricultura e a pecuária. O granizo, por ser formado devido a res-
friamentos repentinos oriundos de frentes frias, pode ocorrer em
regiões tropicais.
◼ Neve:
Diferente do granizo, a neve não acontece quando há resfriamen-

tos repentinos em um dia, por exemplo, ela acontece quando há
um resfriamento gradativo da atmosfera nas estações mais frias,
em regiões subtropicais, temperadas e polares. Lembre-se que, na
neve, toda a extensão das nuvens ao solo precisa estar abaixo de
zero. Isso porque, diferente do granizo, a neve é formada por cris-
tais de gelo muito finos e qualquer camada em temperatura acima
de 0ºC a derreteria.
ACESSE
Tipos de precipitação.
https://64.media.tumblr.
com/7626348f5e257b13529579a388c08c16/
tumblr_o2p8jsSbO31ur9d0mo1_1280.jpg
62
CURIOSIDADE
Caro(a) aluno(a), você já parou para pensar por que, embora as nu-
vens possuam água e gelo, algumas produzem precipitação e outras
não? Para que você entenda como isso acontece, é necessário en-
tender que:
• inicialmente, como as gotículas de nuvem são minúsculas,

com diâmetro médio menor que 20 mm, evaporariam antes
de atingir a superfície;
• além disso, as nuvens são formadas por muitas destas gotí-

culas, disputando toda a água disponível. Por esse motivo, seu
crescimento via condensação é pequeno;
• é importante lembrarmos que uma gotícula que possui 20 mm

de diâmetro deve ter uma velocidade terminal de 1,2cm/s e,
assim, demora aproximadamente 50 horas para cair de uma
altura de 2200m.
Dessa maneira, é indispensável que essas gotículas de nuvem cres-

çam o necessário para desbravar e vencer, no formato de gotas ou
flocos de neve, as correntes ascendentes nas nuvens e, assim, pos-
sam resistir a uma descida até a superfície sem evaporar.
De acordo com a sua gênese, as chuvas podem ter três origens.
◼ Convectivas:
Conhecida como chuva de verão, ocorre em regiões de clima tro-

pical. É uma chuva de abrangência local e ocorre quando o ar frio
(denso) desce e o ar quente (leve) sobe. Ao elevar-se, o ar quente
carrega toda a umidade e se inicia o processo de condensação e,
em seguida, ocorre a precipitação. Essas chuvas são relaciona-
das aos grandes aguaceiros no Brasil que causam as enchentes
nas cidades.
63
◼ Frontais:
Conhecida como chuva ciclônica, são as chuvas resultantes do

encontro direto entre duas massas de ar, uma seca e fria e ou-
tra úmida e quente. A massa de ar fria (densa) faz a massa de ar
quente (leve) subir, daí se inicia o processo de condensação e, en-
tão, a precipitação.
◼ Orográficas:
Conhecida como chuva de relevo, são as chuvas resultantes do “cho-

que” de uma massa de ar úmido por uma forma de relevo íngreme,
como uma montanha. A massa de ar úmido, oriunda do oceano, ao
encontrar a montanha, é forçada a subir grandes altitudes. Ao ele-
var-se, a nuvem se resfria ocorrendo o processo de condensação
seguido de precipitação. No Brasil a sua ocorrência é mais comum
na Serra do Mar, em uma extensão de cerca de 1500 Km, entre os
estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina.
ACESSE
Tipos de chuva.
https://www.sogeografia.com.br/Conteudos/
GeografiaFisica/Clima/chuva1.jpg
Agora serão explicitadas algumas classificações das nuvens,

de acordo com:
1. Estrutura e aparência.
2. Altitude relativa segundo a posição latitudinal.
64
Quadro 02 - Tipos básicos de nuvens e suas características.
Tipos Básicos de Nuvens
Família de nuvens
Tipo de nuvem Tipo de nuvem
e altura
Nuvens finas, delicadas,

Cirrus (Ci) fibrosas, formadas de
cristais de gelo.
Nuvens finas, brancas,

de cristais de gelo, na
Cirrocumulus forma de ondas ou mas-
(Cc) sas globulares em li-
Nuvens altas nhas. É a menos comum
(acima de 6000 m) das nuvens altas.
Camada fina de nuvens

brancas de cristais de gelo
Cirrostratus que podem dar ao céu um
(Cs) aspecto leitoso. As vezes
produz halos em torno do
sol ou da Lua.
Nuvens brancas a cinzas

Altocumulus
constituídas de glóbulos
(Ac)
separados ou ondas.
Nuvens médias
(2000 - 6000 m)
Camada uniforme bran-
Altostratus ca ou cinza, que pode
(As) produzir precipitação
muito leve.
65
Nuvens cinzas em rolos
Stratocumulus ou formas globula-
(Sc) res, que formam uma
camada.
Camada baixa, uni-

forme, cinza, parecida
Nuvens baixas
Stratus (St) com nevoeiro, mas não
(abaixo de 2000 m)
baseada sobre o solo.
Pode produzir chuvisco.
Camada amorfa de nu-

Nimbostratus vens cinza escuro. Uma
(Ns) das mais associadas à
precipitação.
Nuvens densas, com

contornos salientes,
ondulados e bases
frequentemente planas,
Cumulus (Cu) com extensão vertical
pequena ou moderada.
Podem ocorrer isolada-
Nuvens com mente ou dispostas pró-
desenvolvimento ximas umas das outras.
vertical
Nuvens altas, algumas
vezes espalhadas no
topo, de modo a for-
Cumulonimbus
mar uma “bigorna”.
(Cb)
Associadas com chuvas
fortes, raios, granizo e
tornados.
Fonte: https://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap6/cap6-2-2.html
66
Figura 04 - Tipos básicos de nuvens e suas características.
Fonte: https://kids.britannica.com/students/article/atmosphere/126202/media
Os Ventos
O vento é o ar em movimento e se movimenta a partir das diferen-

ças entre os gradientes de pressão de um lugar para o outro, em que
zonas de alta pressão (ar mais pesado, denso) se movimentam em
direção a zonas de baixa pressão (ar mais leve) e, quanto maior for
a diferença entre esses dois gradientes, mais rápida será essa movi-
mentação de um lugar para o outro.
Dessa maneira, o ar é convergente nas áreas de baixa pressão e

são divergentes nas áreas de alta pressão, quer dizer, as áreas de baixa
pressão são receptoras dos ventos e as áreas de alta pressão são dis-
persoras, sendo respectivamente áreas ciclonais e áreas anticiclonais.
Mas, você deve estar se perguntando: qual a importância

dos ventos?
67
Para Kavungo (2020), quando os ventos acontecem, há
uma regulação da temperatura em escala local, ou até global,
devido às trocas caloríficas de ambientes com temperaturas
diversas, possibilitando que haja vida no planeta. Além disso,
permite a dispersão de sementes, leva a umidade para am-
bientes menos úmidos, renova o ar que respiramos e dispersa
os poluentes.
Para entendermos um pouco mais sobre a circulação glo-

bal dos ventos da atmosfera, temos que conhecer o que são as
células de Hadley, o efeito Coriolis e a ZCIT (Zona de Conver-
gência Intertropical).
Para que você entenda as Células de Hadley, inicialmente,

é preciso lembrar que nós temos em algumas partes do globo
altas e baixas pressões. As de alta pressão se encontram nos po-
los e nas zonas a 30º (próximo aos trópicos) nas latitudes sul e
norte e, além disso, na zona equatorial encontramos as áreas de
baixa pressão.
Nesse cenário, os ventos alísios sopram das zonas dos tró-

picos (mais densas, frias e secas) para a zona equatorial (menos
densa, quente e úmida). Essa diferença de pressão e calor é devido
ao formato da Terra e como isso influencia na desigual distribuição
calorífica da radiação solar.
Continuando nossa explanação acerca das Células de Hadley,

precisamos destacar que os ventos contra-alísios são os ventos alí-
sios que chegaram nos trópicos e esquentaram (ficaram mais leves)
e ascenderam e, por convecção, voltam para as áreas dos trópicos
e lá esfriam, ficam mais pesados e, logo em seguida, voltam para o
equador mais uma vez e, assim, o ciclo continua. Esse ciclo dos alí-
sios e contra-alísios formam grandes correntes de convecção cha-
madas Células de Hadley.
Já o Efeito Coriolis é o efeito que o movimento de rotação

da Terra, que vai de Oeste para Leste, faz nos ventos alísios, onde
esses ventos, ao irem dos trópicos ao equador, sofrem um desvio
em sentido anti-horário no hemisfério sul e sentido horário no
hemisfério norte.
68
Figura 05 - Esquema de funcionamento da circulação geral atmosférica.
Fonte: Kaidor / https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Earth_Global_

Circulation_-_en.svg / CC-BY-SA 3.0 (adaptado)
Por outro lado, a Zona de Convergência Intertropical nada

mais é do que a convergência no Equador (0º) dos ventos alí-
sios oriundos do Sul e do Norte que, ao chegarem nessa região,
tornam-se quentes e úmidos e ascendem. Assim, ao ascende-
rem, tendem a esfriarem e condensam favorecendo a formação
de chuvas.
É importante destacarmos que a ZCIT se desloca mais para o

norte do Equador quando é verão no hemisfério Norte e se desloca
mais para o Sul quando é verão no hemisfério sul.
Nas zonas onde acontece a ZCIT, Zona de Convergência

Intertropical, há as maiores florestas úmidas do mundo, na
América do Sul, África e Ásia, exatamente por serem áreas bem
úmidas. Já nas zonas próximas aos trópicos de Capricórnio e
Câncer (secas e frias) estão distribuídos os grandes desertos
do mundo.
69
Figura 06 - Posição na superfície da ZCIT em julho e janeiro.
Fonte: Mats Halldin / https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ITCZ_january-july.

png / GFDL, CC-BY, PD
Caro(a) aluno(a), continuando nossa explanação sobre os

ventos, vamos agora estudar sobre as massas de ar: o que são, suas
características e quais são as principais que atuam no Brasil e as
consequências dessa atuação no clima.
As massas de ar atuantes no Brasil

Para começar, você precisa entender que as massas de ar são gran-
des bolsões homogêneos de ar que se deslocam de áreas de maior
pressão para áreas de menor pressão, levando consigo as caracte-
rísticas de umidade e temperatura do local de origem. Elas se en-
contram restritas à primeira camada da atmosfera, a troposfera, e a
extensão das massas é enorme, com milhares de quilômetros qua-
drados de extensão a milhares de metros de altura.
Para que as massas de ar passem a ter as características do

local que se originam, é necessário que essas regiões possuam uma
uniformidade nas condições de tempo, isso porque são muito ex-
tensas e o ar possui baixa condutividade térmica.
Ao atravessarem grandes distâncias, as massas de ar, quanto mais

longe estiverem do local de origem, vão perdendo as características ini-
ciais e vão adquirindo as características dos locais onde elas atravessam.
70
As massas de ar possuem umidade e temperaturas específicas,
essas condições variam de acordo com o local de origem. Para você en-
tender, em regra, massas de ar que se originam em regiões entre os Tró-
picos e o Equador são quentes e as que se originam em regiões tempera-
das a polares são frias. Outra questão é quanto a umidade e, a priori, as
geradas em continentes são secas ou pouco úmidas e as originadas em
oceanos são úmidas. Porém as continentais que se originam em áreas de
grandes florestas úmidas são úmidas mesmo sendo continentais.
Classificação das massas de ar de acordo com a região de origem:
Características térmicas:
• Quente (E - Equatorial e T - Tropical);
• Fria (P - Polar e A - Ártica ou Antártica).
Características de umidade:
• Úmidas (m - marítima);
• Secas (c - continental).
Figura 07 - As massas de ar atuantes no Brasil
Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-V_Jhl6z9dk0/VuGrMWCe9sI/AAAAAAAADII/
hg3tMRqj-a0/s1600/massas%2Bde%2Bar.png
71
No Brasil temos as seguintes massas de ar atuantes:
Massa Tropical Continental (mTc)
• Quente e seca.
• Associada a baixa depressão do Chaco (Argentina e Uruguai).
• Resultante do grande aquecimento no verão.
• Instável com atividade convectiva intensa até 3000 m.
• Precipitação fraca, céu pouco nublado o que favorece ainda

mais o aquecimento diurno e resfriamento noturno.
Essa massa pode provocar, sobretudo, no Centro-Oeste, com

a alternância das estações, períodos chuvosos e, também, secos, as-
sim, determinando o ritmo da vida no bioma do Pantanal. Durante a
época das chuvas (novembro até abril), as águas cobrem dois terços
da região. Já a época da vazante começa em maio. Essas cheias estão
diretamente vinculadas também, ao mesmo tempo, ao avanço da
mEc (Massa equatorial continental).
Massa Tropical Atlântica (mTa):
• Forma-se sobre o oceano Atlântico.
• Associada aos anticiclones do Atlântico Sul.
• Ar subsidente quente e seco que se superpõe ao ar úmido e

menos aquecido (camada de inversão entre 500 e 1500 m).
• Duas camadas: Inferior – fria e úmida. Superior – quente e seca.
• De forma geral, essa massa é caracterizada como quente e úmida.
• Nuvens cúmulos de pouca extensão.
• Pouca chuva associada à orografia e no litoral.
• Possui seu centro de formação próximo ao Trópico de Capricórnio.
• Atua em extensas faixas do litoral brasileiro.
• A região Sudeste contribui para a formação de chuvas orográ-

ficas (ou chuvas de relevo) durante o verão.
72
No inverno, com o deslocamento do anticiclone do Atlântico
Sul para o continente, esta massa passa a ser uma massa subsidente
continental (CS), incapaz de provocar sequer formação de nuvens –
céu claro, sem nuvens, sem chuvas – estação seca.
Massa Equatorial Continental (mEc)
• Quente e Úmida.
• Forma-se na região amazônica – região de baixa pressão.
• Movimento convectivo devido à convergência dos alísios.
• No Verão estende-se para o sul e no Inverno retrai-se.
• Provoca chuvas na Amazônia e em boa parte do país durante

vários meses do ano.
• O principal fator para a grande umidade é a presença da flo-

resta Amazônica.
• O recuo da mEc no inverno e, ao mesmo tempo o avanço da

mPa (Massa Polar Atlântica), proporciona o fenômeno deno-
minado de friagem.
• No verão, ao se expandir provoca as chuvas de verão do Su-

deste, Centro-Oeste e Sertão do Nordeste.
Massa Equatorial Atlântica (mEa)
• Quente e Úmida.
• Ocorre sobre os oceanos Atlântico e Pacífico na convergência

dos alísios (ZCIT).
• Desloca-se latitudinalmente durante o ano.
• No Verão sua localização estende-se até 8° S. (próximo a linha

do equador).
• Inverno do hemisfério sul – retorna ao hemisfério norte.
• Atuação em parte do Norte e Nordeste brasileiro.
• Ao encontro com a mPa, provoca chuvas de frentes ou fron-

tais, com alta intensidade.
73
Massa Polar Atlântica (mPa)
• Fria e Úmida (sua umidade refere-se ao percurso, zona polar

ao continente americano, sobre o oceano atlântico).
• Associada aos anticiclones migratórios.
• Inicialmente é estável.
• Ao se deslocar, desaparece a inversão e se torna instável.
• Mais intensas no inverno, destacando-se sobre os continen-

tes nesta estação, atingindo as baixas latitudes.
• Sua origem ao entrar no Brasil está relacionada nas

porções do Oceano Atlântico, próximo a Patagônia (sul
da Argentina).
• Ao penetrar no Brasil sob a forma de frente fria, provoca chu-

vas e declínio da temperatura.
• O encontro com a mEc e mTa, proporciona chuvas com

alta intensidade.
• Seu avanço ao litoral brasileiro, destaque para o Nordeste,

provoca chuvas de frentes ou frontal (Ex.: mPa em encontro
com a mTa).
Classificações climáticas
Existem diversas metodologias para classificar os climas no pla-

neta Terra e cada uma delas observa como os elementos e fatores
climáticos podem gerar pistas para se determinar como é o clima
de um local.
Para Mariano (2014), é um trabalho difícil fazer a convenção

de uma enorme quantidade de dados, tanto meteorológicos quanto
climáticos, em medidas estáticas para se analisar o clima de uma
região. Além disso, é complexo definir que a combinação de diversos
74
elementos e fatores climáticos gerem especificidades que se possam
encontrar em várias outras partes do mundo também, para poder-
mos dizer, por exemplo, que, no Brasil e na Índia, segundo Koppen,
existe o clima tropical chuvoso.
Mariano (2014) cita ainda outras dificuldades encontradas

nas classificações climáticas:
• a subjetividade;
• o problema em classificar um clima nas regiões de transição

entre dois tipos climáticos;
• a enfatização do estado médio onde não há variações;
• e a apresentação de um caráter estático.
Pensando em minimizar essas dificuldades, existem dois

principais esquemas de classificação climática.
1. Genética: a classificação está baseada na origem dos fenôme-

nos, nos controles climáticos, como os padrões de circulação
do ar, a radiação líquida e os fluxos de umidade. Exemplo: As
classificações de Flohn (1950) e de Strahler (1951).
2. Genérica ou Empírica: também conhecida como descritiva,

está baseada nos próprios elementos climáticos, ou em seus
efeitos sobre outros fenômenos, de um modo geral os ho-
mens e a vegetação. Ex: Koppen-Geiger (1961), Miller (1965) e
Thornthwaite e Matter (1955).
Classificação climática de Flohn
Classificação Climática de Flohn: é um modelo de classificação ge-

nética sugerido por Flohn em 1950. Ele reconheceu sete tipos cli-
máticos, baseados nas zonas de ventos globais e nas características
da precipitação. Nessa classificação a temperatura não aparece de
forma explícita.
75
Figura 08 - Classificação climática de Flohn (1950).*
Zona equatorial Zona extratropical

Zona subtropical Zona subpolar
Zona subtropical seca Subtipo continental boreal
Zona subtropical de chuva Zona polar alta
de inverno
Fonte: Adaptado de Miyuki Meinaka / https://commons.wikimedia.org/wiki/

File:Flohn_climate_classification_1.png / CC BY-SA 3.0
Caro(a) aluno(a), para que você entenda todos os detalhes

da Classificação Climática de Flohn, convido você a visualizar um
quadro comparativo que aborda Tipo Climático X Característica de
Precipitação. Veja!
* Caro(a) aluno(a), para uma melhor visualização da figura, sugerimos que

acesse o material disponível no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
76
Quadro 03 - Características do clima segundo Flohn
Tipo Climático Característica de Precipitação
I - Zona equatorial
Constantemente úmida
(ventos de oeste)
II - Zona tropical Precipitação pluvial de verão
III - Zonas subtropicais

Condições secas predominam
secas (ventos alísios ou
durante o ano inteiro
alta pressão subtropical)
IV - Zona subtropical
de chuva de inverno Precipitação de inverno
(tipo mediterrâneo)
V - Zona extratropical
Precipitação geral o ano todo
(ventos de oeste)
Precipitação limitada durante

VIa - Zona subpolar
o ano todo
VIb - Subtipo Precipitação pluvial de verão limitada,

Continental Boreal precipitação de neve de inverno
Precipitação escassa; precipitação

VII - Zona Polar Alta pluvial de verão, precipitação de
neve no início do inverno
Fonte: adaptado pelo Editorial do Grupo Ser Educacional (2022).
Classificação climática de Thornthwaite
Criada em 1948 por Charles Warren Thornthwaite, nesta

classificação o fator mais importante é a evapotranspiração poten-
77
cial, porém há na composição a união de quatro símbolos que cor-
respondem aos resultados obtidos por meio do cálculo do: Índice de
Umidade, Índice de Eficiência Térmica, Índice de Suprimento de
Água ou Índice de Aridez e Índice de Concentração da Eficiência
Térmica no verão (JÚNIOR, et. al, 2017). Veja!
Quadro 04 - Descrição da classificação climática segundo Thornthwaite
Em função da humidade Em função da eficácia térmica
ETP em
Índice de
Tipo de clima Tipo de clima centímetro
humidade
(cm)
A Perhúmero > 100 A' Megatérmico > 114
B4 Húmido 80 ↔ 100 B'4 Mesotérmico 99,7 ↔ 114
B3 Húmido 60 ↔ 80 B'3 Mesotérmico 88,5 ↔ 99,7
B2 Húmido 40 ↔ 60 B'2 Mesotérmico 71,2 ↔ 88,5
B1 Húmido 20 ↔ 40 B'1 Mesotérmico 57 ↔ 71,2
Subhúmedo
C2 0 ↔ 20 C'2 Microtérmico 42,7 ↔ 57
húmido
Subhúmedo
C1 -33 ↔ 0 C'1 Microtérmico 28,5 ↔ 42,7
seco
D Semiárido -67 ↔ -33 D Tundra 14,2 ↔ 28,5
E Árido -100 ↔ -67 E Gelo < 14,2
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-cSTKq3OBHEQ/T8CRNUntehI/
AAAAAAAAF78/8ugeQ-jmL8w/w1200-h630-p-k-no-nu/4.jpg
Classificação climática de Strahler
Pertencente à escola Dinâmica, essa classificação tem por base a cir-

culação geral da atmosfera, a sua dinâmica, tendo como ator princi-
pal as massas de ar. Assim, nessa classificação os climas brasileiros
são baseados nas áreas dominadas ou controladas pelas massas de ar.
78
Além disso, nesta classificação, o clima do planeta é dividido
em 3 divisões principais: baixas latitudes, médias latitudes e altas la-
titudes. Destas 3 subdivisões surgem 14 regiões climáticas, incluindo
o clima das terras altas onde a altitude aparece como fator dominante.
DICA
Fique atento(a), pois essa classificação é baseada no índice radiativo

de aridez. Assim, os critérios utilizados neste esquema são:
1. as características das massas e sua superfície dominada por

massas de ar;
2. as características da precipitação.
Dito isto, vamos entender cada uma das subdivisões da Clas-

sificação climática de Strahler.
I. Climas das latitudes baixas - controlados pelas massas de ar

equatoriais e tropicais, chamados também de climas quentes.
Equatorial
• Possui médias mensais elevadas superiores (entre 20ºC e

25ºC) durante todo ano.
• Por ser um clima equatorial, a amplitude térmica anual entre a

máxima temperatura e a mínima temperatura é reduzida.
• As chuvas são abundantes durante todo ano, ou seja, em todos

os meses há chuvas.
• Não existe variação entre inverno e verão, porque todos os

meses têm chuva e são quentes.
Tropical
O clima tropical, pode ser subdividido em dois sub-climas: o tro-

pical úmido e o tropical seco. Os gráficos termopluviométricos dos
climas tropicais mostram claramente que:
79
• Durante os meses do ano a temperatura média é superior a 24ºC.
• Possui, na maior parte dos meses do ano, temperaturas mé-

dias superiores ao Equatorial, com um a dois meses com tem-
peraturas frescas.
• Amplitudes térmicas anuais não muito superiores ao do clima

Equatorial, em torno de 10C a 12 C.
• Há uma distribuição irregular das chuvas durante o ano, com

uma concentração quase que absoluta numa única estação.
• Há duas estações bem distintas: uma seca e uma úmida.
• Se possuir durante todo ano precipitação, mesmo que em al-

guns meses seja fraca, diz-se que é Clima Tropical Úmido e, se
for o contrário, Clima Tropical seco. No clima tropical úmido, há
cerca de seis meses secos (mais ou menos de Novembro a Abril),
enquanto no clima tropical seco, os meses secos são em maior
quantidade, mais ou menos dez meses (de Setembro a Junho).
Clima Desértico (quente)
• Nas grandes faixas de altas pressões subtropicais, predomina um

clima quente e muito seco, é o clima desértico quente. A enorme
aridez, é a característica principal deste gênero de climas.
• Fracas precipitações. Há fracas precipitações com chuvas um

pouco acima de 10mm nos meses de Março, Agosto e Setembro.
Nos outros meses chega a ter 0mm de chuvas. Sem contar que
pode passar anos sem nenhuma chuva, ou chover torrencial-
mente de forma repentina em poucas horas.
II. Climas das latitudes médias - controlados pelas massas de ar

tropicais e polares, também chamados de climas temperados.
As zonas temperadas se encontram entre as zonas tropicais e

polares, ocasionando uma influência dessas duas zonas, uma quen-
te e outra fria, por isso o nome “temperada”. Desta maneira, os cli-
mas destas regiões costumam ter as quatro estações bem definidas,
e claro que fatores como altitude, continentalidade e maritimida-
de podem afetar na intensidade de cada uma das quatro estações. A
80
zona temperada quanto mais próxima estiver das zonas tropical e
polar, possuirá mais características destas regiões.
Temperado Mediterrâneo
• Verões são quentes, secos e duradouros, com invernos brandos.
• Temperatura média anual próximo dos 15º C, com amplitudes

térmicas anuais moderadas.
• Meses mais quentes com temperaturas acima dos 20ºC e nos

mais frios nunca fica abaixo de 0ºC.
• Chuvas frontais, porém irregulares e escassas e que se con-

centram mais no outono e inverno.
• Quatro estações bem definidas.
• É um clima com pouca nebulosidade, onde, mesmo na estação mais

fria (inverno), passa a maior parte do tempo com o céu limpo e com
o Sol radiante. Tal fenômeno acontece pela presença de anticlones.
Para o distinguir o clima Temperado Mediterrâneo com algu-

ma facilidade dos restantes climas temperados, é o único dos climas
temperados que apresenta período seco.
Dessa maneira, a secura do clima mediterrâneo, particular-

mente no Verão, explica-se pelo fato de que as regiões onde ocorre
este tipo de clima (entre os paralelos de 30º e de 40º, de ambos os
hemisférios) serem invadidas, durante grande parte do ano, pelos
anticiclones subtropicais, que dificultam a formação de nuvens e,
consequentemente, de precipitações.
No Outono e no Inverno, os mesmos anticiclones deslocam-

-se para latitudes inferiores (acompanhando o movimento anual
aparente do Sol), deixando então, o caminho livre às perturbações
frontais vindas de oeste, as quais originam chuvas mais ou menos
abundantes e, muitas vezes, acompanhadas de trovoadas.
Temperado Marítimo
Este gênero de clima está essencialmente localizado nas fachadas

ocidentais dos continentes, entre os paralelos 40ºC e 60ºC de cada
81
hemisfério (norte e sul). O clima temperado marítimo (ou oceânico)
caracteriza-se, essencialmente, por:
• verão brando e inverno moderado. Mês mais quente com mé-

dias raramente acima de 20ºC, e poucas vezes no mês mais
frio atinge valores abaixo de 0ºC. Com moderadas amplitudes
térmicas anuais;
• as chuvas são relativamente abundantes e regulares no ano

todo, porém, nos meses de outono e inverno, acentuam-se e
diminuem no verão;
• o céu tende a ser nebuloso durante dias a semanas;
• as quatro estações são bem definidas.
É, dos climas temperados, o único em que chove durante todo

o ano e não têm temperaturas negativas.
Presente no litoral da Europa Ocidental, podendo se estender

à costa da Noruega e ao Círculo Polar Ártico devido a influência da
deriva da corrente do golfo, este está localizado também em peque-
nas áreas, sendo elas:
• Noroeste dos EUA;
• Sudeste do Canadá;
• Litoral sul do Chile;
• Sudeste da Austrália;
• Nova Zelândia.
Temperado Continental
Localizado na mesma latitude com clima Temperado marítimo, po-

rém é mais continental, mais ao interior dos continentes. É carac-
terizado por:
• invernos abaixo de zero, longos e secos;
• verão quente, curto e relativamente chuvoso;
82
• no inverno as precipitações são, em sua maioria, em forma de
neve e escassas, com quase toda precipitação no verão, mas
em forma de chuva;
• com precipitações de origem convectiva em sua maioria;
• as amplitudes térmicas, quer anuais quer diurnas, são mui-

to elevadas, sendo a anual frequentemente igual ou supe-
rior a 20ºC.
Trata-se, portanto, de um clima rigoroso e agreste (seco)

que, quanto maior for a continentalidade, maior será o rigor dos In-
vernos. Em termos práticos, só tem duas estações, Verão e Inverno,
pois as estações intermediárias (Primavera e Outono) são de curta
duração e passam despercebidas.
Dentro dos climas temperados, o continental é o único com

temperaturas negativas em que a precipitação é mais abundante
no Verão.
III. Climas de altas latitudes - controlados pelas massas de ar

polares e ártica, também chamados de climas frios
Nestes gêneros de climas, temos que ter uma atenção es-

pecial a duas situações distintas, ambas relacionadas com fatores
climáticos, mas, a cada uma delas, corresponde um fator climático
diferente e mais determinante.
No primeiro caso de climas frios, para além da continen-

talidade, temos que ter igualmente atenção ao efeito da latitu-
de, em que a obliquidade dos raios solares é, naquelas latitudes
(a partir dos paralelos de 60º), sempre muito grande, então, a
quantidade de energia solar recebida é muito pequena. Como
consequência, o aquecimento é muito pequeno e as temperatu-
ras são, obviamente, baixas.
No segundo caso, temos os climas de altitude, que podem

ocorrer em qualquer zona climática, ou seja, em qualquer valor
de latitude, e independentemente de estarem a maior ou menor
continentalidade, pois neste caso, o fator determinante é a altitude
do relevo, que, de acordo com o gradiente térmico da atmosfera
(inferior), diminui em média (e em determinadas circunstâncias
83
atmosféricas), cerca de 6ºC por cada 1000 metros de altitude. Des-
te modo, podem-se dividir os climas frios em: clima subpolar (ou
continental frio); clima polar (ou desértico frio); e climas de alti-
tude (ou de montanha).
Subpolar
É conhecido também como clima frio continental e possui as se-

guintes características:
• temperatura média anual de -5ºC;
• invernos muito frios e longos, com temperaturas abaixo de

0ºC, podendo chegar a temperaturas abaixo -20ºC.
• verões curtos e mornos e que, raramente, atingem 18ºC;
• amplitude térmica anual bastante elevada;
• as precipitações são poucas e ainda se concentram no verão.
Polar
Ocorre em regiões de altas latitudes, além dos 70º (Sul ou Norte), se

caracteriza por:
• Invernos extremamente frios e bastante longos, com tempe-

raturas negativas e que chegam a atingir os -60ºC, ou mes-
mo, em alguns casos raros, a ultrapassar os -80ºC (o recorde
da temperatura mais baixa registada - na Antártida - é de
quase -90ºC);
• Inexistência de Verão, embora durante um curto período (cer-

ca de 2 meses) a temperatura possa atingir valores positivos,
mas estes nunca vão além dos 10ºC (é quase as temperaturas
do “nosso” Inverno);
• Amplitudes térmicas anuais elevadíssimas;
• Só existe, na prática, uma estação: a fria
• Precipitações muito reduzidas e concentradas, em grande

parte, no período menos frio.
84
Clima de altitude
O clima de altitude está presente nas regiões de altas montanhas

e de planaltos elevados e, normalmente, vão de uma situação de
temperaturas amenas até a muito fria. Nestas regiões, as condições
atmosféricas podem mudar com grande rapidez e, devido à altitu-
de que afeta bastante as precipitações, este tipo de clima pode ser
encarado como um reservatório de água, uma vez que se encontra
praticamente distribuído por todo o planeta.
De um modo geral, este clima, caracteriza-se por:
• as precipitações acontecem de forma abundante em todos os

meses do ano e em forma de neve;
• invernos muito frios, abaixo de zero;
• o verão é curto e com temperaturas amenas, onde raramente

ultrapassam os 12ºC;
• amplitude térmica variável entre fraca a moderada.
ACESSE
Para entender tudo que conversamos até agora,

observe a figura acessando o link:
https://prof.brunocarvalho.pt/wp-content/
uploads/2020/07/mapa-tipos-de-clima.jpg
Classificação climática do Brasil
O Brasil, por ser um país de escala continental, possui caracterís-

ticas geográficas diversas. Apesar de se localizar, e quase toda sua
extensão, entre o trópico de Capricórnio e a Linha do Equador,
possui algumas regiões com climas característicos de áreas frias
85
e mediterrâneas. Isso acontece como foi dito pela sua extensão
e diferentes relevos e biomas, continentalidade e maritimida-
des que favorecem uma riqueza de classificações climáticas. Dito
isso, veremos agora as classificações climáticas segundo Strahler
para o nosso país.
ACESSE
Climas do Brasil.
https://geografia.hi7.co/climas-do-brasil---
strahler-56c3a153b3527.html
Quadro 05 - Características dos climas do Brasil segundo Strahler.
Clima Características
Abrange a Amazônia, e se caracteriza por um

clima equatorial continental, quase todo o ano.
Em algumas porções litorâneas da Amazô-
nia, há alguma influência da massa equatorial
atlântica, que algumas vezes (no inverno) con-
duz a frente fria, atingindo o sul e o sudeste da
região. Embora as massas de ar sejam em geral
secas, a mEc é úmida por sua localização es-
Equatorial tar sobre uma área com rios caudalosos e com
cobertura da Floresta Amazônica, que possui
grande umidade pela transpiração dos vegetais.
Portanto, é um clima úmido e quente.
As médias anuais térmicas mensais vão de 24ºC
a 27ºC, ocorrendo baixa amplitude térmica
anual, com pequeno resfriamento no inverno.
As médias pluviométricas são altas e a estação
86
seca é curta. Por ser uma região de calmaria,
devido ao encontro dos alísios do Hemisfério
Norte com os do Sul, a maior parte das precipi-
tações que aí ocorrem são chuvas de convecção.
Abrange os estados de Minas Gerais e Goiás, parte

de São Paulo, Mato Grosso do Sul, parte da Bahia,
Tropical
do Maranhão, do Piauí e do Ceará. É um clima tro-
Típico
pical típico, quente e semiúmido, com uma esta-
ção chuvosa (verão) e outra seca (inverno).
Abrange o Sertão do Nordeste, sendo um clima

tropical próximo ao árido com médias anuais de
pluviosidade inferior a 1000 mm. As chuvas con-
Semiárido centram-se num período de 3 meses. No Sertão
Nordestino, é uma espécie de encontro de quatro
sistemas atmosféricos oriundos das massas de ar
mEc, mTa, mEa, mPa.
Abrange parte do território brasileiro próximo ao

litoral. A massa de ar que exerce maior influência
nesse clima é a tropical atlântica (mTa). Pode ser
Tropical
notado em duas principais estações: verão (chu-
Úmido
voso) e inverno (menos chuvoso), com médias
térmicas e índices pluviométricos elevados; é um
clima quente e úmido.
Abrange o Brasil Meridional, porção localizada

ao sul do Trópico de Capricórnio, com predomi-
nância da massa tropical atlântica, que provoca
chuvas fortes. No inverno, tem frequência de pe-
netração de frente polar, dando origem às chuvas
Subtropical frontais com precipitações devido ao encontro da
massa quente com a fria, onde ocorre a conden-
sação do vapor d’água atmosférico. O índice mé-
dio anual de pluviosidade é elevado e as chuvas
são bem distribuídas durante todo o ano, fazendo
com que não exista a estação da seca.
Fonte: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/natural/clima/clima_-_
classificacao_dos_climas_do_brasil.html
87
Classificação climática de Köppen-Geiger
É baseada no estudo dos elementos do clima de forma sepa-

rada, em que as temperaturas e precipitações são os dois ele-
mentos mais abordados, principalmente nas suas variações
durante as estações do ano. Além disso, esse é um modelo que
adota a abordagem empírica, simples e popular.
Os cinco principais grupos climáticos são reconhecidos

com base nas características das temperaturas e divididos com
base na distribuição sazonal da precipitação e nas caracterís-
ticas de temperatura, fornecendo ao todo 24 tipos climáticos.
Essas regiões climáticas possuem sua vegetação climatica-

mente definidas, portanto, a distribuição dos tipos de clima e a dis-
tribuição dos biomas apresenta elevada correlação. Posteriormente,
esta classificação foi aperfeiçoada com novos colaboradores.
EXEMPLO
A Classificação Köppen-Geiger afirma que cada grande tipo cli-

mático é determinado por um código, constituído por letras
maiúsculas e minúsculas, cuja combinação resulta nos tipos e
subtipos considerados.
88
Figura 09 - Significado dos símbolos da classificação de Köppen
Fonte: Adaptado de Ayoade (2004).
ACESSE
Distribuição climática pela classificação de Köppen.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/c/cb/World_K%C3%B6ppen_Map.png
89
Classificação Climática de Köppen adaptada para o Brasil
Na imagem das características climáticas no Brasil, segundo
Köppen, veremos que ela possui mais detalhes que a de Stralher,
dando-nos mais ideias de como cada clima se comporta.
ACESSE
Características dos climas do Brasil segundo Köppen
http://2.bp.blogspot.com/_jJH3XEYu1is/
TEedpbOz5RI/AAAAAAAAAfE/f9VckPoktP0/s320/
mapa1.gif
Mas, você deve estar se perguntando o que significam esses

símbolos climáticos e, por isso, abaixo você tem a explanação de
cada um deles. Veja!
Quadro 06 - Características dos climas do Brasil segundo Köppen.
Classificação de Köppen adaptada para o Brasil
Regime de
Símbolos Área de
Características Temperatura e
Climáticos Ocorrência
Chuvas
Quente com Temperaturas

Am uma estação elevadas: mé- Maior parte da
(equatorial) seca dias entre 25ºC Amazônia
(primavera) e 27ºC.
Pluviosidade
Porção oriental
Af Quente sem elevada: médias
e noroeste da
(equatorial) estação seca de 1.500 a 2.500
região Norte
mm/ano.
90
Temperatura
média entre
Quente, com
Aw 19ºC e 28ºC, Brasil Central
chuvas de
(tropical) pluviosidade e Roraima
verão
média inferior a
2000 mm/ano.
Quente, com Duas estações

Aw’ chuvas de bem definidas: o
Litoral norte
(tropical) verão e verão (chuvoso) e
outono o inverno (seco).
Quente, Médias anuais Litoral

As com chuvas térmicas oriental do
(tropical) de inverno e superiores a Nordeste
outono 25ºC. (Zona da Mata)
Quente e seco,
com chuvas de
inverno.
Letra S: apli-
Pluviosidade
cada erronea-
média anual
mente no clima
Bsh inferior a 1000 Sertão do
semiárido,
(semiárido) mm/ano com Nordeste
tendo em vista
chuvas irregu-
que no Sertão
lares.
Nordestino a
concentração de
chuvas é maior
no verão.
Interior do Su-
Cwa Chuvas de Médias
deste e pequena
(tropical de verão e verões térmicas entre
porção do Mato
altitude) rigorosos 19ºC e 27ºC.
Grosso do Sul
91
Pluviosidade
Cwb Chuvas de
média de 1500 Terras altas
(tropical de verão e verões
mm/ano; do Sudeste
altitude) brandos
chuvas de verão.
Chuvas de Chapada da
Csa Médias térmicas
outono-inverno Borborema,
(tropical de entre 17ºC
e verões região
altitude) e 19ºC.
quentes Nordeste.
Chuvas bem Pluviosidade Áreas mais

Cfa distribuídas média de 1500 baixas da região
(subtropical) e verões mm/ano; chuvas Sul (litoral e sul
rigorosos bem distribuídas. da região)
Chuvas bem Áreas mais altas

Cfb
distribuídas e do planalto Me-
(subtropical)
verões brandos ridional e serras
Fonte: Ayoade, 2004
92
SINTETIZANDO
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final dessa sua etapa de ensino. O es-

tudo do clima no planeta é de extrema importância quando se busca
melhor entender como a vida se sustenta.
Nesse cenário, não podemos esquecer que os seres vivos vivem em

ambientes climáticos que são propícios a sua existência, como ani-
mais de regiões alpinas e tropicais que, dificilmente, viveriam se as
suas regiões climáticas fossem trocadas.
Como você deve ter percebido, é também relevante compreender

como os fatores climáticos influenciam nos elementos do clima pro-
porcionando tipos de climas diversos espalhados pelo planeta.
Assim, você, através de observações contínuas e com a aplicação de

modelos científicos, conseguiu identificar e nomear os climas em
todo o mundo e, assim, compreendeu melhor como o planeta fun-
ciona para podermos depois identificarmos alguma anomalia, como
o das mudanças climáticas.
Espero ter contribuído com o seu aprendizado e até mais!
93
3
UNIDADE
A hidrologia
e suas bases
Objetivos
◼ Aprofundar os conhecimentos sobre o ciclo hidrológico.
◼ Compreender como ocorre o balanço hídrico climatológico.
◼ Analisar as classificações dos corpos líquidos pela qualidade

e salinidade.
◼ Estudar sobre as Bacias Hidrográficas e os corpos líquidos que

a compõem.
◼ Conhecer mais sobre os oceanos que circundam o nosso pla-

neta e a sua interferência no clima global.
Introdução
Prezado(a) aluno(a).
A partir de agora abordaremos a hidrologia e suas bases. As-

sim, nesse material seguiremos com mais informações sobre a água
no seu ciclo hidrológico, como a precipitação, a interceptação, a in-
filtração, o escoamento superficial e a evapotranspiração, comple-
tando assim as fases do ciclo.
Além disso, veremos como ocorre o balanço hídrico climato-

lógico, seja ele normal ou sequencial. Também entenderemos como
o estudo dos índices de aridez, índice de umidade e CAD são impor-
tantes para a agricultura e, também, para a nossa vida.
Estudaremos sobre as classificações dos corpos líquidos, quanto a

salinidade e qualidade, entendendo os parâmetros corretos que as águas
doces, salobras e salgadas têm de possuir e suas respectivas utilizações.
Dessa maneira, antes de finalizarmos nosso material,

adentraremos nas bacias hidrográficas, estudando os rios, lagos,
mares fechados e aquíferos que fazem parte de uma bacia. Além
disso, entenderemos a relação que todos os corpos líquidos con-
tinentais possuem uns com os outros.
Fecharemos nossos estudos abordando os oceanos, onde as

águas dos rios tendem a correr, em sua maioria, e de onde vêm qua-
se todas as águas oriundas do ciclo hidrológico, terminando assim
nossa jornada das águas neste material.
Dito isto, vamos em frente!
96
O ciclo hidrológico
Para começarmos nossa explanação, você precisa entender que a
água é um elemento essencial à vida no nosso planeta e que a es-
fera que compreende todos os corpos líquidos se chama hidrosfe-
ra. Como sabemos, a água não se encontra distribuída de maneira
uniforme em nosso planeta, tendo regiões com menos e outras
com mais, mas essa situação só não é mais desigual devido ao
ciclo da água.
O ciclo da água corresponde aos vários caminhos que a água

percorre pelo planeta, indo de um canto para o outro em um mo-
vimento contínuo. As águas que se encontram numza geleira se
derretem, seguem para os rios, evaporam, condensam no alto da
troposfera, transformam-se em nuvens, precipitam e voltam às ge-
leiras como neve. Isso apenas para citar um ciclo, mas você já parou
para pensar se essa mesma água das geleiras poderia ir para lugares
mais longínquos?
Tudo depende das massas de ar atuantes, ventos alísios, cor-

rentes marinhas, extensão dos cursos de água, da umidade relativa
do ar, da temperatura do ar ou mesmo da irradiação solar, que irão
atuar com maior ou menor intensidade de acordo com a latitude que
o ciclo se encontre.
Assim, quando a água se precipita, ela pode tanto seguir aos

rios principais como infiltrar nos solos e ser interceptada pelas
plantas e animais. Ao infiltrar, a água pode ajudar no recarrega-
mento dos lençóis freáticos, ressurgir como nascentes, alimentar
rios e lagos e levar nutrientes aos mares. Dessa maneira, as plantas
e animais também fazem parte do ciclo hidrológico pelo processo
de transpiração.
O ciclo hidrológico não possui um começo ou um fim, ele é

contínuo, e a evaporação está presente em muitas etapas desse ci-
clo. Das águas evaporadas pelos oceanos, 75% precipitam no pró-
prio oceano e os outros 25% precipitam nos continentes e, de acordo
com (Wundt, 1953, apud Esteves, 1988), 383 mil Km³ de água é eva-
porada dos oceanos todos os anos.
97
SAIBA MAIS
Se chama evaporação o fenômeno que os corpos líquidos, como, la-

gos, rios, mares e qualquer água que esteja em um ambiente abióti-
co (como numa laje de uma casa), passa do estado líquido ao gasoso.
Já a transpiração ocorre quando a água sai do estado líquido para
gasoso a partir dos seres vivos. A união da transpiração e da evapo-
ração se chama, evapotranspiração.
Figura 01 - O ciclo da água.
Fonte: John M. Evans/USGS-USA Gov
O Ciclo hidrológico é representado pela Equação do Balanço Hídrico:
P - EVT - Q = ∆R
Onde:
• P: equivale ao total precipitado sobre uma área, e é expresso em mm;
• EVT: equivale a evapotranspiração, também expressa em mm;
• Q: equivale ao escoamento superficial que sai da bacia hidro-

gráfica, ou área em estudo, em m³/s;
98
• ∆R: resultado da equação que equivale a todos os armazena-
mentos, superficiais e subterrâneos, em m³.
Componentes do ciclo hidrológico
O ciclo hidrológico é um processo natural que mantém a água no

planeta em eterno movimento, favorecendo, assim, a sua constante
renovação. Claro que, em alguns reservatórios, como no permafrost
(camada congelada de água), essa renovação poderá durar milênios,
mas, mesmo assim, um dia será renovada.
Dessa maneira, o ciclo da água possui alguns componentes

que iremos estudar a partir de agora: a precipitação, a intercepta-
ção, o escoamento superficial, a evapotranspiração e a infiltração ou
escoamento subterrâneo.
Precipitação
A precipitação da água, como você já deve saber, corresponde ao

processo em que as nuvens, provenientes do vapor de água da at-
mosfera, entram em estado de condensação e, quando as gotas fi-
cam pesadas demais superando a correntes de convecção de ar, fi-
nalmente caem para a superfície terrestre. Essa precipitação pode
ser na forma de chuva, granizo, neblina, neve. Também é conside-
rada o elo entre os vários componentes do ciclo hidrológico e o es-
coamento superficial.
VOCÊ SABIA?
Existem três tipos de chuvas invernais e essas chuvas acontecem,

preferencialmente, em regiões de latitudes das regiões temperadas
à polares e, de acordo com o cptec.inpe, são elas:
• Chuva congelada: a neve descongela na camada mais quente e

volta a congelar ao passar sobre a camada fria.
99
• Chuva congelante: a neve descongela e volta a congelar em
contato com a superfície fria.
• Chuva: a neve derrete e a precipitação ocorre na forma de go-

tículas de chuva.
Figura 02 - Tipos de chuvas invernais.
Fonte: adaptada por Climatempo de NOAA/ NWS (2018). Disponível em: https://www.
climatempo.com.br/noticia/2018/08/22/pode-nevar-no-ultimo-fim-de-semana-
de-agosto-4798.
O pH da água da chuva é ácido, normalmente no valor de 5,7,

mas, dependendo da região em que ela acontece, esse pH pode bai-
xar e ficar mais ácido ainda, como as chuvas ácidas. Porém, a com-
posição química das águas das chuvas varia a partir das condições
meteorológicas, da presença de vegetação, da localização e dos po-
luentes que se encontrem na atmosfera.
Além disso, as chuvas ácidas acontecem normalmente quan-
do há um aumento da concentração de óxidos de enxofre e de nitro-
gênio na atmosfera, podendo atingir o valor abaixo de 5,5.
Como você pode perceber, as chuvas possuem algumas ca-
100
racterísticas que são muito importante entendermos, como: altura
pluviométrica (P), duração (t), intensidade (i) e tempo de recorrên-
cia (Tr). Vamos entender cada uma dessas características.
• Altura pluviométrica: supondo que a água precipitada não
seja escoada, nem infiltrada ou evaporada, e que essa água fi-
casse se acumulando no solo até formar uma lâmina de água,
o suficiente para medir o quanto que choveu naquela área,
essa quantidade é expressa em mm. Por exemplo: se choveu
100 mm significa que, em uma área de 1m², a lâmina de água
formada teve 100 mm de altura, ou 0,1 metro.
• Duração: é o período em que se transcorreu a precipitação e,

normalmente, utilizam-se horas (h) ou minutos (min).
• Intensidade: equivale a relação entre a altura da lâmina de

água e a duração Exemplo: se em 1h choveu 50 mm e em outro
momento em 1h choveu 100 mm quer dizer que no momento
2, a intensidade da chuva foi maior, pois se precipitou mais
água no mesmo intervalo de tempo.
• Tempo de recorrência: também chamado de “tempo de re-

torno”, é a média do tempo que se espera que uma determi-
nada intensidade de chuva possa se repetir ou ser superada.
Para se medir o quanto chove em uma determinada região, usa-

-se um pluviômetro ou um pluviógrafo, tendo o pluviômetro a necessi-
dade de leituras manuais em intervalos determinados, já o pluviógra-
fo registra automaticamente os dados. Mas, é necessário que haja uma
presença humana nas análises de ambos porque há momentos de falhas
e as falhas podem ser de ordem humana ou do próprio equipamento.
Além do que já falamos, é importante você saber que os dados

são verificados em várias estações meteorológicas, que são coloca-
das em pontos estratégicos porque, se houver falha em uma estação
em um dia de chuva, não ficaremos com total desconhecimento da
média precipitada de uma cidade ou bacia hidrográfica, por exem-
plo. Lembre-se que os postos pluviométricos e estações registram a
precipitação pontual daquele local em que foi instalado. Os métodos
utilizados para se medir a precipitação média são:
• método aritmético;
101
• método de Thiessen;
• método das isoietas.
As falhas podem ser tanto grosseiras como sutis e elas são
percebidas quando há dados que são incompatíveis e incoerentes
com as médias históricas, por isso a necessidade da análise ser feita
por pessoas capacitadas.
É preciso entender também que as falhas de ordem humana
mais comum são anotações erradas dos “mm” precipitados ou se o
operador não pôde comparecer em um dia específico para anotar o
precipitado. Isso porque, quando o operador não pode comparecer
em um dia específico, ele repete o dado do dia anterior ou coloca zero.
As falhas mecânicas acontecem quando o sensor não mede de ma-
neira adequada, por questões de depreciação, ou algo que tenha feito dano
no equipamento, podendo ser de origem meteorológica, humana e ani-
mal. Mas, para realizar os preenchimentos das falhas em séries de dados
de precipitação, e para torná-las contínuas, são usados alguns métodos.
• Ponderação Regional: utilizado, normalmente, para se saber
séries mensais ou anuais.
• Regressão linear: é considerado um método simplificado

onde se utilizam regressões simples ou múltiplas para gerar a
informação no período com falha.
• Método da ponderação regional com base em regressões

lineares: a combinação dos métodos da ponderação regional
com a regressão linear.
É importante destacarmos que não se medem apenas as pre-

cipitações médias, mas também as máximas. Lembre-se que as
precipitações máximas são aquelas chuvas extremas que ocorrem
em uma bacia hidrográfica, por exemplo. Além disso, não se esqueça
que uma cidade pode estar inserida em uma bacia hidrográfica, ok?
Lembro a você também que as chuvas extremas são impor-
tantes para a medição porque, a partir dela, pode-se mensurar o
quanto de drenagem urbana será necessária para escoar esse preci-
pitado sem causar alagamentos e enchentes.
Vale ressaltar que as precipitações máximas são caracteriza-
das pela: intensidade, duração e frequência com que ocorrem (tem-
po de retorno). Portanto, quando se diz que choveu 150 mm em uma
102
cidade, sem dizer em que duração, não quer dizer nada. Isso porque
pode ter sido 150 mm espaçado em um mês, uma semana ou em al-
gumas horas de um dia. Dessa maneira, se for em algumas horas do
dia, então se caracteriza como uma chuva extrema.
Para a caracterização de uma chuva extrema em uma deter-
minada região, são utilizadas as curvas i-d-f: intensidade-dura-
ção-frequência. Quando se tem a intensidade e a duração de uma
chuva, podemos medir a frequência que essa determinada precipi-
tação ocorre, seja de 1 ano, 5 anos, 10 anos, 50 anos ou até 100 anos.
Lembre-se que cada cidade ou região possui as suas variações
de coeficientes na equação geral. Assim, quanto maior foi a chuva
extrema, maior será o tempo de retorno dela, mas infelizmente as
mudanças climáticas estão favorecendo que esses eventos extremos
se repitam com mais frequência.
Assim, para calcular essa quantidade, temos a seguinte equação geral:
K x TRa
I=
(t+b)c
onde:
• I ou i: intensidade da chuva (mm/h)
• TR: período de retorno (anos)
• t: duração da chuva (minutos)
• a, b, c, K: são parâmetros adimensionais relativos à localidade. Logo,

cada cidade, mesmo ao utilizar a mesma equação, possuirá diferen-
ças nos coeficientes que ficarão nos lugares destas letras (incógnitas).
EXEMPLO
Equação de Fortaleza-CE:
506,99*TR0,181
i=
(t+8)0,61
103
Equação de Brasília-DF:
1447,87*TR0,10
i=
(t+20)0,84
Note que:
• incógnita a: Fortaleza (506,99), Brasília (1447,87)
• incógnita b: Fortaleza (0,181), Brasília (0,30)
• incógnita c: Fortaleza (8), Brasília (20)
• incógnita d: Fortaleza (0,61), Brasília (0,84)
Interceptação
É conhecida como a parte retida (acima do solo) das águas das chu-
vas, pela vegetação. Contudo, a maior parte da água interceptada
nunca chega ao solo, ela já é evaporada no dossel das árvores e plan-
tas de menor porte.
VOCÊ SABIA?
Em florestas muito densas, como as tropicais, esta etapa do ciclo

hidrológico é bem significativa, mas em outras regiões com vege-
tação mais espaçadas a água interceptada pode ser considerada
desprezível ou introduzida na evapotranspiração, por exemplo.
Lembre-se que o formato das folhas também influencia no quanto
uma planta pode “reter” a água da chuva e, assim, folhas latifolia-
das (grande e largas) retêm muito mais água que as folhas aciculi-
foliadas (as dos pinheiros).
104
A maior parte desta etapa do ciclo da água acontece no come-
ço das precipitações, e vai diminuindo até zero e isso acontece por-
que, depois de um tempo de chuva, as folhas já retiveram o máximo
de água que elas podiam e o que vier depois cai em direção ao solo.
Dessa maneira, a intensidade da chuva também determina o

quanto de água será retida pelas plantas, porque chuviscos e chuvas
que parecem uma garoa permitem que mais água seja interceptada
pelas plantas do que em chuvas fortes.
Um outro fator é a condição climática do local e, quanto me-

nor for a umidade, mais água será evaporada das folhas antes de
chegar ao solo. Além disso, os ventos também ajudam ou atrapa-
lham, dessa maneira ventos fortes balançam as folhas, que fazem a
água cair, e ventos mais calmos e constantes ajudam na evaporação.
E, por último, a época do ano também influencia nisso, pois há pe-
ríodos em que as plantas trocam mais as folhas e, também, perdem
suas folhas. Existe uma equação que mede a interceptação:
Pi = P - T - C
Onde:
• Pi (precipitação interceptada): resultado de todas as variantes.
• P (precipitação total): é a precipitação sem a interferência

da vegetação.
• T (precipitação que atravessa a cobertura das plantas): é a

água da chuva que passa pela vegetação e chega ao solo. Os ins-
trumentos de medição devem se encontrar abaixo da vegetação.
• C (precipitação que escoa pelos galhos e troncos das plan-

tas): chegando de 1% a 15% do total precipitado, é de difícil
medição sendo necessário o desenvolvimento de equipamen-
tos específicos de captação para esse trabalho.
Infiltração
Acontece quando a precipitação finalmente chega ao solo e começa

a se infiltrar, ou seja, ela vai da superfície ao interior do solo. A infil-
tração no solo possui fases.
105
Figura 03 - Esquema da infiltração da água no solo.
T Precipitação T
E E
E E
E E
Fases:
Zona não saturada

Inter
câm
bio
Zona de
aeração
De descida
Gravidade > adesão, capilaridade
Nível do lençol freático
Franja capilar
Zona saturada
circulação
saturação
Zona de
De
Intercâmbio: superficial do solo, pode retornar a atmosfera por aspiração

capilar, pelas raízes ou evaporação.
Descida: deslocamento vertical da água, peso da água supera a adesão

e capilaridade.
Circulação: acúmulo de água, solo saturado = lençóis subterrâneos.
Fonte: adaptada por José Stroessner (2022). Disponível em: https://docs.ufpr.

br/~rtkishi.dhs/TH024/TH024_07_Infiltracao.pdf
O processo de infiltração depende de alguns fatores como:
• precipitação: a infiltração depende da água disponível para

ocorrer, assim como da intensidade, duração e volume total
da água da chuva, porque há momentos em que o volume da
água em pouco tempo é tanto que não dá tempo para que haja
uma infiltração efetiva. Um exemplo é que, se você pegar um
balde de água e jogar todo de uma vez no solo e um outro que
você vai despejando aos poucos, no primeiro caso a maioria da
água vai escoar para outras áreas, já no segundo caso a área
que a água cair irá ser absorvida.
• textura de solo: o índice de vazios do solo (porosidade), assim

como o tamanho dos grãos e como estão arranjados, também
influencia. Solos do tipo arenoso possuem grãos com tama-
nhos e arranjos diversos e, assim, a água se infiltrará mais
fácil. Além disso, solos argilosos possuem grãos bem meno-
res, com tamanhos mais uniformes e formato (placoso), logo,
106
agregam-se mais facilmente e o arranjo parecerá com tijolos
de uma parede, por isso é mais difícil o processo de infiltração
da água. Sem contar que a argila tem uma propriedade de se
expandir ao adsorver a água e, assim, os poros do solo se tor-
nam menores ainda e então a velocidade de infiltração vai di-
minuindo gradativamente até se manter constante. Este valor
constante é chamado de velocidade de infiltração básica (VIB).
E, com relação a essa velocidade, você deve considerar:
• VIB muito alta: > 30 mm/h - solo arenoso
• VIB alta: 15 - 30 mm/h - solo franco arenoso
• VIB média: 5 - 15 mm/h - solo franco argiloso
• VIB baixa: < 5 mm/h - solo argiloso
• estado da superfície do solo: solos compactados como solos

urbanos, que passam muitos animais, com problemas de de-
sertificação e solos lateríticos. São exemplos de solos em que a
água se infiltrará muito pouco em comparação com solos com
superfície não adensada e compactada.
• umidade do solo: se o solo estiver muito úmido menor será a

capacidade de infiltração dele, em detrimento de um solo seco.
• cobertura vegetal: solos que possuem muita vegetação favo-

recem a infiltração por causa das raízes das plantas que au-
mentam a porosidade do solo. As folhas mortas seguram o
escoamento superficial e, quando a chuva cessa, as raízes das
plantas absorvem a água.
• temperatura: águas mais frias possuem mais viscosidade que

águas mais quentes, logo, em períodos de estação quentes, as
águas se infiltram com mais facilidade do que em períodos frios.
• profundidade do solo: solos mais profundos tendem a ter

mais espaço para absorver a água do que solos rasos.
• topografia: solos de ambientes planos possuem uma maior

taxa de infiltração do que solos de ambientes inclinados, como
solos de uma vertente.
107
• carga Hidráulica: quanto maior for a coluna de água acima do
solo, maior será a carga hidráulica e, assim, maior será a taxa
de infiltração.
• presença de ar: o ar que está presente nos grãos do solo retar-

da o processo de infiltração.
Caro(a) aluno(a), até o momento vimos que existem muitas

variantes que determinarão a taxa de infiltração (fp) do solo, porém é
importante lembrar que, à medida que uma precipitação for ocorren-
do, a taxa inicial de infiltração (fo) do solo vai diminuindo gradativa-
mente até se manter constante ao se saturar (fc) e começar a acumu-
lar água na sua superfície e escoá-la. Pensando nisso, o instrumento
utilizado para medir a taxa de infiltração do solo é o infiltrômetro.
Figura 04 - Capacidade de infiltração do solo e sua variação no decorrer do tempo,
sendo: a) solo seco e b) solo úmido.
fp
fo
a
fo
fc b
Fonte: Raudikivi, 1979.
DICA
A infiltração e o escoamento superficial podem ocorrer de forma conco-

mitante, porém, da seguinte maneira: quanto maior for a taxa de infil-
tração, menor será a taxa de escoamento e, na medida que a taxa de infil-
tração for diminuindo, vai aumentando a taxa de escoamento superficial.
108
Escoamento superficial
Continuando com o processo do ciclo hidrológico, as chuvas, ao atin-

girem o solo, vão sendo de pouco a pouco armazenadas nos declives
e se infiltrando até chegar no momento de saturação e, a partir daí, o
escoamento superficial vai aumentando e ficando cada vez mais in-
tenso, esse processo é chamado de escoamento superficial livre.
Esse escoamento superficial livre forma a microrrede de dre-

nagem, os caminhos de águas que vemos nos solos livres e até mesmo
nas avenidas de nossas ruas das áreas urbanas. Esta microrrede se-
gue por caminhos preferenciais do solo, formando sulcos, seguindo a
topografia pela força da gravidade e, quando vários desses filetes se
unem, formam pequenos cursos de água que vão se confluindo tam-
bém até chegarem nos rios. É importante frisar que as águas dos rios
não são oriundas apenas do escoamento superficial, mas também são
advindas do escoamento subsuperficial e subterrâneo.
Assim, para se estudar o escoamento superficial, é necessário

registrar, a partir de observações, os registros das variações da va-
zão pelo tempo e, para isso, utiliza-se de uma representação gráfica
chamada hidrograma.
Figura 05 - Médias diárias do rio Tietê.
Fonte: Villela, 1975.
109
Você já deve ter visto ao estudar sobre o ciclo hidrológico, que
antes da água da chuva atingir o solo, ela pode ser interceptada, infil-
trada pelo solo, armazenada e até mesmo evaporada, então a água da
precipitação que sobra para gerar escoamento superficial é chamada
de precipitação efetiva. Para a determinação da precipitação efetiva
se utiliza o método Soil Conservation Service (SCS) e o Índices.
Vamos entender agora como se fazem os cálculos do escoa-

mento superficial de um solo utilizando o método SCS. Para isso,
vamos entender as equações e o que significam as incógnitas. Veja.
Primeira etapa Terceira etapa
25400 (Pac-0,2.S)2
S= -254 0.2*S Peac =
CN Pac +0,8.S
Antes precisamos entender que:
• Pe – escoamento superficial direto em mm.
• Peac – escoamento superficial direto acumulado
• P – precipitação em mm
• Pac – precipitação acumulado
• S – retenção potencial do solo em mm

S depende do tipo de solo
• 0.2*S – é uma estimativa das perdas iniciais pela intercepta-

ção e retenção.
• CN - Curver Number, não possui um significado físico e seu va-

lor é ligado diretamente ao tipo de umidade do solo que possui
três condições crescentes de umidade de solo (I, II e III). Veja.
Quadro 01 - Condições de umidade prévia do solo pelo SCS para escolha do CN.
Condição Descrição da umidade
Solos secos: as chuvas, nos últimos cinco dias, não

I
ultrapassam 15 mm.
110
Situação média na época das cheias: as chuvas, nos
II
últimos cinco dias, totalizaram de 15 a 40 mm
Solo úmido (próximo da saturação): as chuvas, nos

últimos cinco dias, foram superiores a 40 mm e as
III
condições meteorológicas foram desfavoráveis a
altas taxas de evaporação
Fonte: Porto, 1995
Quadro 02 - Conversão das curvas CN para diferentes condições de umidade do solo.
Condições de umidade
I II III
100 100 100
87 95 99
78 90 98
70 85 97
63 80 94
57 75 91
51 70 87
45 65 83
40 60 79
35 55 75
31 50 70
27 45 65
23 40 60
19 35 55
15 30 50
Fonte: https://silo.tips/download/capitulo-5-infiltraao
111
Para que você entenda o que estamos falando, vamos fazer
um exercício como exemplo?
EXEMPLO
Imagine que choveu em uma cidade 150 mm em um intervalo de 5h

e você precisa calcular a precipitação excedente utilizando o método
de Soil Conservation Service (SCS). Para isso, deverá adotar o valor
70 como número de curva (CN). Observe que a parte em negrito da
tabela já vem preenchida.
Quadro 03- Preenchimento da precipitação excedente a partir de uma precipitação de 5 horas.
(5)
(2) (4)
(3) Precipitação
Precipitação Precipitação
(1) Precipitação EXCEDENTE
em cada excedente
Intervalo de acumulada em cada
intervalo de acumulada
tempo (h) (Pac) intervalo
tempo (P) (Peac)
de tempo
0-1 5 mm 5 mm 0 mm 0 mm
1-2 15 mm 20 mm 0 mm 0 mm
2-3 20 mm 40 mm 2,6 mm 2,6 mm
3-4 25 mm 65 mm 12,3 mm 9,7 mm
4-5 15 mm 80 mm 20,3 mm 8,0 mm
Fonte: José Stroessner (2022).
Mas, você deve estar se perguntando: como preencher o

restante do quadro?
Para responder a sua pergunta, veja.
112
• COLUNA 3 - Precipitação acumulada (Pac):
• Primeiro: se repete na coluna 3 a mesma quantidade de chu-

va (5mm), da coluna 2 do primeiro intervalo (0-1), porque não
tem acúmulo de água ainda;
• Segundo: No intervalo 1-2 choveu os 15mm, então, ago-

ra você deve somar com a água que já choveu no intervalo
0-1 da coluna 3 (5mm). Logo: 15mm + 5mm = 20mm. Assim,
você deve colocar esses 20mm no intervalo 1-2 da coluna 3.
Dessa maneira, você perceberá que acumulou agora 20mm
de chuva.
E assim, deve seguir com a mesma lógica para o restante:

20mm + 20mm = 40 mm. 25mm + 40mm = 65 mm. 15mm +
65mm = 80mm.
• COLUNA 4 - Precipitação excedente acumulada ou escoa-

mento superficial direto (Peac):
• Primeiro: você deverá descobrir o S (retenção potencial do

solo em mm). Use o CN (curver number) dado na questão. Ao
descobrir o S, você deverá descobrir o POTENCIAL de quanti-
dade (mm) de água da chuva que o solo consegue reter antes
de escoar, que dá S = 108,9 mm.
• Segundo: a partir do resultado do S, você irá multiplicá-lo

por 0,2 para descobrir uma estimativa das perdas iniciais por
interceptação e retenção, que dará 21,8 mm.
Veja os cálculos abaixo:
25400 25400 25400

S= -254 S= -254 = -254 = 108,9mm
CN CN 70
0.2*S 0,2.S = 0,2 x 108,9 = 21,8mm
Então você descobrirá que 21,8 mm é a quantidade de

água de chuva que o solo CN 70 pode interceptar e reter
em uma precipitação.
113
Dessa forma, você deverá descobrir isso em cada intervalo de
tempo, pois é claro que, dependendo do tipo e condição do
solo e da quantidade precipitada, o solo poderá absorver (pelo
menos) a primeira hora de chuva, por exemplo.
• Terceiro: se o solo consegue absorver 21,8mm de chu-

va, então, pela lógica, nas duas primeiras horas de chuva
que o acumulado foi de 20mm, o excedente de água será
ZERO (0mm).
Intervalo 0-1: Pac = 5,0 < 21,8 .·. Peac = 0
Intervalo 1-2: Pac = 20,0 < 21,8 .·. Peac = 0
• Quarto: descobrir a Precipitação excedente acumulada (Peac ),

quer dizer , que você deverá realizar o seguinte cálculo :
Veja o escoamento superficial direto (a precipitação efetiva)

nos intervalos;
(40 - 0,2 x 108,9)2

Intervalo 2-3: Pac = 40,0 > 21,8 .·. Peac = = 2,6mm
40 + 0,8 x 108,9
(65,0 - 0,2 x 108,9)2

65,0 + 0,8 x 108,9
(80,0 - 0,2 x 108,9)2

80,0 + 0,8 x 108,9
(Pac - 0,2 . S)2

Peac =
Pac + 0,8 . S
Então, no intervalo de 2h - 3h de chuva, a Precipitação efetiva

acumulada Peac , que dizer, a água que começou a escoar pelo
solo em (mm) foi 2,6mm. De 3h - 4h foi 12,3mm. De 4h - 5h
foi 20,3mm.
114
• COLUNA 5 - Precipitação EXCEDENTE em cada intervalo de
tempo: você deverá seguir a mesma lógica feita da coluna 2
para a coluna 3, mas agora é da coluna 4 para a coluna 5 e, em
vez de somar para completar a coluna 5, você vai subtrair, isso
porque agora queremos saber o excedente de CADA intervalo
de tempo. Observe que:
• na coluna 4, no intervalo de 0h - 1h e de 1h - 2h a Precipi-

tação excedente acumulada deu ZERO (0 mm), logo vai ser (0
mm) na coluna 5 também.
• na coluna 4, no intervalo de 2h - 3h a Precipitação exceden-

te acumulada deu 2,6mm, logo a precipitação excedente em
cada intervalo de tempo (coluna 5), vai ser ainda 2,6mm.
• na coluna 4, no intervalo 3h - 4h deu 12,3mm, mas a chuva

excedente neste intervalo de tempo em específico é 12,3mm -
2,6mm = 9,7mm.
• na coluna 4, no intervalo 4h - 5h deu 20,3mm, mas a chuva

excedente neste intervalo de tempo em específico é 20,3mm
- 9,7mm = 8,0mm.
Logo, vimos que, numa chuva de 150 mm em um intervalo de

5 h, em um solo CN 70, nas duas primeiras horas houve uma
absorção da água da chuva que, até então, tinha acumulado
20mm porque o solo podia absorver até 21,8 mm.
Já a partir da terceira hora de chuva começou a haver um acú-

mulo de precipitação de 40 mm e, dessa maneira, o solo não
conseguia mais absorver toda a água e começou a haver um
excedente de 2,6 mm de água como escoamento superficial.
Por fim, na quarta hora a chuva aumentou de intensidade

chovendo 25mm e, com isso, a chuva acumulada subiu para
65mm e aí mais água que o solo não conseguia mais absor-
ver, 12,3mm. Já na quinta hora a chuva começou a diminuir,
15mm, mas ainda estava juntando com a acumulada ficando
80mm, e o excedente no solo 20,3 mm.
115
Evaporação e Evapotranspiração
Como já lemos, no ciclo hidrológico a evaporação e a evapotranspi-

ração podem estar presentes em qualquer etapa, isso porque a todo
instante a água estará sendo evaporada e transpirada.
A diferença é que a evaporação é um processo físico no qual

os corpos líquidos, através da radiação solar, transformam-se em
vapor e, assim, transferem a água para a atmosfera. É claro que es-
tamos falando aqui da evaporação em estado natural, mas qualquer
outra fonte de calor pode fazer o mesmo processo, como quando nós
cozinhamos algo.
Já a transpiração é quando os seres vivos perdem água para a

atmosfera, no caso os animais e plantas fazem isso, lembrando que
nós somos animais e, também, contribuímos.
DEFINIÇÃO
A junção de evaporação com transpiração é a evapotranspiração.
O processo de evapotranspiração possui um limite, quer di-

zer, ele não acontece indefinidamente, existe um equilíbrio, e o
equilíbrio é relacionado com a capacidade máxima que a atmosfe-
ra daquela área pode absorver de vapor e isso depende da pressão e
temperatura dela.
DICA
Lembre-se que na evapotranspiração a interação de trocas de calor,

energia e água do solo, plantas e atmosfera é constante.
116
No geral, 4% é a composição máxima de vapor de água que a
atmosfera pode comportar.
CURIOSIDADE
O equipamento para se medir a evapotranspiração é o evaporímetro.
Alguns fatores podem determinar como ocorrerá o processo

da evaporação. Vamos conhecê-los.
• Radiação Solar: o Sol é a principal fonte de energia para o

clima e o ciclo da água ocorrer. Segundo Tucci (2000) numa
temperatura de 25º C, o processo de evaporação consome 585
cal/g. Além disso, como você já deve saber, a radiação solar na
Terra não é uniforme, logo, nas latitudes baixas haverá mais
taxas de evaporação do que nas latitudes altas, podendo che-
gar a zero nos invernos dos polos.
• Vento: o vento constantemente está levando consigo a umi-

dade que encontra nos locais, quem nunca percebeu que nos
dias ventosos as roupas se enxugam mais rápido? Isso porque
ele está constantemente trocando o ar úmido pelo ar seco e
vice-versa.
• Pressão de Vapor e Temperatura do Ar: a temperatura determi-

na o quanto de vapor a atmosfera poderá receber, pois, quanto
maior for a temperatura, o ar terá capacidade de conter mais va-
por de água, aumentando a pressão de saturação do ar que au-
mentará o gradiente de vapor e, assim, aumentará a evaporação.
• Umidade do Ar: quanto maior for a umidade do ar, menor a

capacidade do ar de conter mais água como vapor advindo de
alguma fonte líquida, porque a pressão exercida pelo vapor
existente no ar será mais próxima da pressão de saturação, o
gradiente (a diferença das duas pressões será menor) e, dessa
forma, a evaporação diminui.
117
DEFINIÇÃO
A Evapotranspiração Potencial (ETP) é um valor de referência que

uma área extensa, completamente coberta por vegetação e bem su-
prida de água, pode transferir de vapor para a atmosfera numa uni-
dade de tempo. Já a Evapotranspiração Real (ETR) é a transferência
real de vapor para a atmosfera, nas reais condições atmosféricas e
umidade daquele momento.
Desta maneira, percebe-se que a ETR é menor ou igual a ETP.

Assim, a equação utilizada, de acordo com Thornthwaiter para o ETP, é:
a
10 . t
ETP = f . 1,6
I
Onde:
• ETP - Evapotranspiração potencial;
• f - fator de ajuste em função da latitude e mês do ano;
• t - temperatura média mensal em Celsius;
• I - Índice de calor anual.
CURIOSIDADE
A floresta amazônica é um exemplo da importância da evapotrans-

piração para o clima, pois ela libera todos os dias vapor através
da sua vegetação e dos rios, influenciando diretamente na Massa
Equatorial Continental (mEc). A (mEc) é úmida mesmo sendo uma
massa de ar continental que, no verão, devido a maior irradiação
solar favorece um aumento da temperatura, o que condiciona a um
aumento do gradiente de concentração de vapor, levando chuvas
para todo Brasil.
118
ACESSE
'Rios voadores da Amazônia podem deixar o ES',

alerta meteorologista do Incaper.
https://www.seculodiario.com.br/images/s/
Meio%20Ambiente/b2ap3_large_
latitude_20_desertos_brasil_afortunado_
arvore_ser_tecnologico.jpg
Balanço hídrico climatológico (bhc)

Como você já deve saber, os processos atmosféricos e seu estudo são
altamente importantes para se entender a sua influência na bios-
fera, hidrosfera e litosfera. Dessa maneira, agora que já estudamos
o ciclo da água e suas fases, aprenderemos sobre o Balanço Hídrico
Climatológico (BHC).
Figura 06 - Esquema do balanço hídrico.
P I ET
Ee Es
DL e DL s
∆ ARM
AC DP
Fonte: Adaptado de Pereira et al., 2002
119
Assim, dando continuidade ao nosso material, primeiro va-
mos entender o que cada sigla da figura acima significa:
• ARM = Umidade do solo
• P = Precipitação (entrada)
• ET = Evapotranspiração (saída)
• I = Irrigação (entrada)
• Es = Escoamento Superficial (saída)
• Ee = Escoamento Superficial (entrada)
• DLe = Drenagem Lateral (entrada)
• DLs = Drenagem Lateral (saída)
• DP = Drenagem profunda (entrada)
• AC = Ascensão Capilar (saída)
DICA
Caro(a) aluno(a), para calcular a Umidade do solo, você deverá uti-

lizar a seguinte equação:
ARM = P + O + Ri + DLi + AC - ET - Ro - DLo - DP
Além do que já abordamos, é necessário destacarmos que o ba-

lanço hídrico, segundo Thornthwaiter; Mather (1955), é um método
utilizado para se saber o saldo de água disponível no solo. Há dois tipos
de BHC e, abaixo, falaremos um pouco a respeito de cada uma delas.
• BHC normal: feito a partir das médias de evapotranspiração e

precipitação em um período médio de um ano, seguindo uma
ciclicidade hídrica de acordo com as normas climatológicas de
um local, é muito utilizado para o planejamento agrícola.
120
Figura 07 - Balanço hídrico normal.
Posse, GO (1961-1990) - CAD = 10mm

200
150
100
mm
50
-50
-100
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
DEF(-1) EXC
Fonte: https://agrotalk.climatempo.com.br/wp-content/uploads/2018/03/AgroTalk_
BalancoHidrico_part2.pdf
• BHC sequencial: é para um período de meses, semanas e dias,

também usado para se fazer sequências de anos. Usa os mes-
mos dados, porém nos oferece dados para sabermos como o
BHC muda sazonalmente (deficiências e excedentes). É muito
utilizado para tomadas de decisão.
Figura 08 - Balanço hídrico sequencial.
Piracicaba, SP - CAD = 100 mm

250
1985 1986 1987
200
EXC
150
100
50
0
-50
DEF
DEF
-100
EXC
-150
J M M J S N J M M J S N J M M J S N
Fonte: https://agrotalk.climatempo.com.br/wp-content/uploads/2018/03/AgroTalk_
BalancoHidrico_part2.pdf.
121
Esse método de estimativa surgiu da necessidade de se con-
tabilizar a precipitação e evapotranspiração que ocorrem em um es-
paço geográfico e, dessa maneira, é possível saber a disponibilidade
de água no solo para as plantas, objetivando a associação da cultu-
ra cultivada e as condições climáticas do espaço e, assim, evitando
problemas devido a um mal planejamento.
Para se ter uma ideia, quando o método de Thornthwaiter e

Mather é utilizado de maneira sequencial, é possível saber o quanto
de irrigação se precisa para uma cultura, seja em um período com
mais umidade ou com déficit hídrico.
Você já deve ter percebido como são importantes os estudos

hídricos com relação às culturas agrícolas e ao clima porque, dessa
maneira, evitará ou diminuirá os problemas relacionados a um pla-
nejamento deficiente.
Sabendo disso, para se obter o balanço hídrico climatológico,

as principais variáveis são: precipitação, evapotranspiração poten-
cial, evapotranspiração real, índice de aridez, índice efetivo de umi-
dade e a Capacidade de Água Disponível (CAD).
Assim, para que você amplie ainda mais seus conhecimentos,

vamos agora saber quais são os itens que ainda não estudamos.
• Índice de aridez (IA): é o cálculo da diferença entre a quanti-

dade de chuva recebida e perdida em um sistema. Esse índice
é empregado também para indicar a tendência e o nível de de-
sertificação de uma região.
Quadro 04 - Classificação dos níveis de suscetibilidade à desertificação.
Nível de suscetibilidade
Índice de Aridez
à desertificação
Muito Alta 0,05 até 0,20
Alta 0,21 até 0,50
Moderada 0,51 até 0,65
Fonte: Matallo Júnior (2003).
122
Assim, para calcular a IA, você deverá utilizar a seguinte equação:
onde:
IA = Pr/ETP
• IA - Índice de aridez;
• Pr - Precipitação anual em (mm);
• ETP - Evapotranspiração potencial anual (mm).
Quadro 05 - Classificação climática pelo Índice de Aridez (IA)
Classes climáticas Índice de aridez
Hiperárido < 0,05
Árido 0,05 < 0,20
Semiárido 0,21 < 0,50
Subúmido Seco 0,51 < 0,65
Subúmido e Úmido > 0,65
Fonte: Matallo Júnior (2003)
123
• Índice de umidade (Iu)
Para saber o índice efetivo de umidade (Im), inicialmente,

precisamos saber o que é o índice de umidade (Iu), que é a re-
lação entre o excesso de água e a evapotranspiração potencial
em porcentagem. Isso significa dizer que: você divide o ex-
cesso de água (EXC) pela evaporação potencial (EP ou ET0) e
depois multiplica por 100. Assim:
EXC
Iu = x 100
ET0
Já o índice efetivo de umidade (Im), ou índice hídrico, faz a re-

lação dos dois índices que já sabemos, o índice de umidade (Iu)
e o índice de aridez (Ia). Sendo encontrado da seguinte maneira:
Im = Iu - 0,6xIa
• Capacidade de Água Disponível (CAD)
O CAD (Capacidade de Água Disponível) significa o máximo de

água disponível que um determinado tipo de solo pode arma-
zenar. Essa capacidade de armazenar água muda de acordo com
as características físicas e hídricas de cada solo, sendo elas:
• a umidade da capacidade de campo (θcc);
• a umidade do ponto de murcha permanente (θpmp);
• a massa específica do solo (dg);
• a profundidade efetiva do sistema radicular (Zr).
Sentelhas; Angelocci (2012), exemplificam as seguintes formas

de determinação da CAD:
CAD = [(CC% - PMP%)/100]* dg *Zr

Sendo:
• solo argiloso: CC = 32%, PMP = 20%, dg = 1,3 e Zr = 50 cm
CAD = (32 -20) / 100 * 1,3 * 500 = 78 mm
• solo arenoso: CC = 25%, PMP = 17%, dg = 1,2 e Zr = 50 cm
CAD = (25 – 17)/100 * 1,2 * 500 = 48 mm
124
• Critério prático: por esse método se determina que a CADmédia =
1,3 mm/cm e que a Zr será igual ao Zr das culturas analisadas.
Quadro 06 - Relação cultura e Zr.
Cultura Zr (cm)
Hortaliças 10 a 20
Arroz, batata, feijão 20 a 30
Trigo 30 a 40
Milho e soja 40 a 50
Amendoim 50 a 60
Cana, citros, cafeeiro 70 a 100
Espécies florestais 150 a 250
Fonte: Adaptado de Alfonsi et al. (1990).
DICA
Para que você encontre a Capacidade de Água Disponível, utilize:
CAD = CADmédia * Zr
Exemplo: CAD = 1,3 * 50 = 65 mm
Classificação dos corpos líquidos

Antes de estudarmos as bacias hidrográficas e os oceanos, é impor-
tante conhecermos alguns aspectos qualitativos da água, como o
índice de qualidade das águas (IQA). Este índice foi criado na déca-
da de 1970 pela National Santation Foundation, nos EUA, sendo esse
índice de qualidade o principal utilizado no Brasil, pela Resolução
CONAMA nº 357 de 2005.
125
É importante destacarmos ainda que o IQA tem por objeti-
vo analisar a qualidade da água bruta para o posterior tratamento e
abastecimento. Infelizmente o IQA não é completo em sua avaliação
de qualidade porque ele não analisa as poluições causadas por:
• metais pesados;
• pesticidas;
• compostos orgânicos;
• protozoários causadores de doenças;
• substâncias que alteram as propriedades organolépticas

da água.
Mas o que o IQA analisa?
O Índice de Qualidade da Água analisa nove parâmetros que pode-

mos analisar na figura abaixo.
ACESSE
Caro(a) aluno(a), para ver a imagem completa

acesse:
https://arvoreagua.org/saneamento/iqa-
qualidade-da-agua
126
Dessa maneira, é preciso estar atento(a) à classificação pro-
posta pelo IQA:
Figura 09 - IQA Qualidade da Água.
Categoria MUITO RUIM RUIM MÉDIO BOM EXCELENTE

de Resultados (vermelho) (laranja) (amarelo) (verde) (azul)
IQA NSF IQA ≤ 25 25 < IQA ≤ 50 50 < IQA ≤ 70 70 < IQA ≤ 90 90 < IQA ≤ 100
Águas impróprias para tratamento
Águas apropriadas para tratamento
convencional visando o abasteci-
Signiﬁcado convencional visando o
mento público, sendo necessários
abastecimento público
tratamentos mais avançados
Fonte: Adaptado de Viola, 2019.
VOCÊ SABIA?
A água de reuso é a água que tem fins não potáveis, quer dizer, não
pode ser consumida por nós seres humanos. Elas servem para fins de
uso urbano, como a lavagem de ruas, a agricultura, para a manuten-
ção de jardins e de áreas públicas. Isso porque, para podermos utilizar
uma água, ela deve passar por técnicas de tratamentos adequados e
que sigam os parâmetros do Índice de qualidade da água (IQA).
Outro padrão da qualidade da água é em relação à salinidade,

como você pode ver no quadro abaixo:
Quadro 07: Classificação das águas de acordo com a salinidade.
Tipo de água Faixa de salinidade (%)
Águas Doces <0,5
Águas Oligohalinas 0,5 a 3
Águas Mesoalinas 3 a 16,5
Águas Polialinas 16,5 a 30
Águas Marinhas 30 a 40
Águas Hipersalinas >40

Fonte: Kubitza, 2003.
127
CURIOSIDADE
As águas (Oligohalinas, Mesoalinas, Polialinas) são consideradas

águas salobras, já as águas (Marinhas e Hipersalinas) são conside-
radas águas salgadas.
Em função dos usos previstos, foram criadas classes para

águas superficiais brasileiras, sendo:
• Águas doces Classe especial e classes 1, 2, 3, 4;
• Águas salinas Classe especial e classes 1, 2, 3;
• Águas salobras Classe especial e classes 1, 2, 3.
Fique atento(a), pois, a cada uma dessas classes, corresponde

a uma determinada qualidade a ser mantida no corpo d´água, são os
Padrões de Qualidade.
Figura 10 - Padrões de qualidade da água por classes.
QUALIDADE DA USOS MAIS

ÁGUA EXCELENTE Classe especial EXIGENTES
Classe 1
Classe 2
Classe 3
Classe 4
QUALIDADE DA USOS MENOS
ÁGUA RUIM EXIGENTES
Fonte: Adaptado de Agência Nacional de Águas
Para que você entenda cada uma das classes citadas, abaixo
temos uma exemplificação das classificações.
128
ACESSE
Usos das águas doces.
http://portalpnqa.ana.gov.br/images/Fig.%20
2%20Enquadramento%20%C3%A1guas%20
doces.jpg
ACESSE
Usos das águas salobras.
http://portalpnqa.ana.gov.br/images/Fig.%20
3%20enquadramento%20%C3%A1guas%20
salobras.jpg
129
ACESSE
Usos das águas salgadas.
http://portalpnqa.ana.gov.br/images/
Fig.%204%20Enquadramento%20
%C3%A1guas%20salinas.jpg
As bacias hidrográficas
As bacias hidrográficas, ou bacias de drenagem, são regiões com-
postas por um rio principal e seus afluentes que escoam na direção
deste rio principal, abastecendo-o. Além disso, esse rio principal se
encontra no ponto mais baixo dessa região e, assim, os afluentes
convergem para ele por gravidade, seguindo a inclinação da topo-
grafia. Cada bacia hidrográfica possui divisores que separam uma
bacia da outra, sendo eles:
• divisor de água: linha que separa as bacias umas das outras

pelo relevo;
• divisor freático: linha limite que separa um aquífero de outro.
Você já deve ter visto como as fontes de água surgem no solo,

ou também quem sabe, ter visto as águas surgindo de alguma ele-
vação, pois bem, os rios que surgem de nascentes se encontram nos
pontos mais distantes de uma bacia, bem próximos de seus diviso-
res de água, os chamados rios de ordem 1.
Além disso, é importante destacarmos que os rios de uma ba-

cia possuem níveis, também chamados de ordem dos cursos, que
mostram o grau de ramificação do rio, veja o exemplo abaixo.
130
Dois canais de ordem “n” dão origem a um de ordem “n+1”.
• Rio de ordem 1: representa um rio aproximado de um passo de

largura por um palmo de profundidade.
• Rio de ordem 2: representa um rio aproximado de dois passos

de largura com água na altura da canela.
• Rio de ordem 3: representa um rio aproximado de cinco pas-

sos de largura com água na altura do joelho.
ACESSE
Esquema da ordem dos rios.
https://www.kunene.riverawarenesskit.
com/KUNENERAK_COM/_SYSTEM/
SHOWTHUMBAF8A.GIF?file=UserFiles/Image/
RiverBasin/Strahler-stream-order.gif&w=500
CURIOSIDADE
Quanto mais inclinado estiver um rio maior será a força da gravidade

atuando nele, favorecendo o transporte de mais cargas de sedimentos.
131
Continuando sobre as características dos rios de uma bacia de dre-
nagem, vamos agora estudar outros parâmetros
Quanto à duração
• Rios perenes: contêm água o ano todo porque a sua fon-

te de água possui água o suficiente para abastecê-lo mesmo
nos períodos mais secos. A fonte pode ser a neve derretida de
montanhas de gelos eternos, aquíferos ou outros rios.
• Rios intermitentes: escoam durante os períodos chuvosos

em que suas fontes são reabastecidas. Quando para de chover,
com o tempo, as fontes baixam o nível impossibilitando ali-
mentar o rio e ele seca.
• Rios efêmeros: escoam apenas durante ou imediatamen-

te após as precipitações ou degelo. Não possuem lençol
subterrâneo os alimentando, por isso só possuem escoa-
mento superficial.
Quanto aos canais fluviais
• Retilíneos: percorrem o leito do canal quase que em linha reta.

Possuem uma carga de fundo baixa e carga suspensa alta, o
que quer dizer que transporta poucos sedimentos ao fundo,
mas em suspensão carrega bastante e, por sua energia cons-
tante, consegue selecionar bem os sedimentos, o substrato
homogêneo.
• Meandrantes: os canais possuem alta sinuosidade e a carga

transportada é mista (fundo e alta). Há o predomínio de barras
em pontal (formando praias fluviais), os bancos de sedimen-
tos formados são relativamente estáveis.
• Entrelaçados: a rede de rios é interconectada e, devido ao alto

suprimento sedimentar, essa rede de canais é separada por
barras cascalhosas ou arenosas. Possui carga de fundo.
• Anastomosados: também possui redes de rios interconecta-

dos, mas são separados por grandes regiões de planícies de
inundação vegetadas formadas por sedimentos finos coesos.
Alta carga em suspensão.
132
Figura 11 - Morfologia dos canais fluviais.
Fonte: Decifrando a Terra, (2007).
Quanto às características da drenagem
• Drenagem endorréica: o rio escoa para dentro do continente,

para um rio interior, lago ou mar.
• Drenagem exorréica: o rio escoa para o oceano.
• Drenagem criptorréica: é caracterizada por rios subterrâ-

neos, os rios de caverna.
• Drenagem arréica: o rio desaparece por evaporação.
Quanto ao leito
• Leito fluvial: é o próprio canal de escoamento do rio.
• Leito de vazante: é onde sempre passa a água mesmo nos pe-

ríodos mais secos.
• Leito menor: é o leito do rio que vemos sempre. O limite dele é

quando o rio está cheio e é retido por diques de terra formados
naturalmente, nas margens nos períodos de cheias.
• Leito maior: é quando o rio transborda o leito menor, também

chamado de planície de inundação.
133
• Terraço: depósitos sedimentares modelados pela erosão flu-
vial no período de inundação.
ACESSE
Perfil geomorfológico de uma região fluvial.
http://www1.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/
imagens/interacao/leito.gif
Os lagos e mares fechados
Dando continuidade ao nosso material, sendo o estudo direto da

limnologia, o lago é uma depressão fechada no terreno no qual há
um acúmulo de água. Essa água pode ser doce ou salgada. Assim, se
for salgada será um mar, mas, para ser um lago salgado, não pode
ter contato com o oceano.
Nos lagos, diferentes dos rios que são renovados quimica-
mente com mais frequência, a composição química permanece
constante por muito tempo e isso acontece devido à demora de re-
novação de suas substâncias oriundas de outras fontes. Outra ques-
tão também é que, em lagos onde não há contatos com rios, essas
renovações químicas são ainda mais lentas e, devido a evaporação,
os teores de sais aumentam, acarretando com isso mudanças drás-
ticas em seus teores de sais em períodos secos e úmidos.
Nesse cenário, uma das funções dos lagos é a regulação do
fluxo de água dos rios, retendo as águas em suas bacias e, depois,
liberando-as nos períodos seguintes. Outra função é a regulação da
temperatura e, dependendo de sua extensão, acaba por influenciar
no clima, reduzindo a amplitude térmica da região que o circunda.
Normalmente, quando um lago começa a assorear, devido ao acú-
134
mulo de matéria sedimentar e orgânica, ele vira um pântano.
Os lagos possuem delimitações denominados de regiões ou
zonas que possuem características e organismos diferentes, con-
forme trataremos abaixo.
• Região litorânea: são regiões à margem do lago que está em
conexão direta com o exterior, o ambiente terrestre. A luz do
Sol atinge com muita intensidade e, por conta disso, há va-
riedades de plantas aquáticas e muitos animais, como peixes,
artrópodes, moluscos, répteis e anfíbios.
• Região limnética: começa onde a litorânea acaba e vai até a

profundidade que a luz alcança. Diferente da litorânea que a fo-
tossíntese é feita pelas plantas aquáticas, aqui é feita pelas al-
gas. Existem aqui muitas bactérias, algas, zooplâncton e peixes.
• Região profunda: aqui não há mais luz e toda a comida vem das
regiões superiores. Além disso, não há fotossíntese e os seres que
vivem aqui são, os bentos, bactérias e fungos decompositores.
ACESSE
Regiões de um lago.
http://3.bp.blogspot.com/-rhqO75PZvI0/
UVhUYawvf4I/AAAAAAAAAk0/IIRV-9aeVRg/
s1600/zonaslago.jpg
Para que você entenda o que estamos abordando, vamos ler

agora algumas classificações dos lagos.
1. Quanto à origem, os lagos podem ter:
• origem tectônica: formado a partir de descontinuidades, fa-

lhas e fraturas na crosta terrestre por movimentações tectô-
nicas. Como exemplo temos o Lago Baikal na Rússia.
135
• origem glacial: são os mais numerosos e a maioria datam da
última glaciação há aproximadamente 10.500 anos. São en-
contrados com mais frequência em regiões de altas latitudes,
as mais frias. Como exemplo temos o Lago de Rila na Bulgária.
• origem vulcânica: Originados pelo acúmulo da água em co-

nes, caldeiras de vulcões. Como exemplos, podemos citar:
• lagos de caldeira: podem ser formados na caldeira do vulcão

devido a uma explosão intensa que todo cone é ejetado, como
o Lago Taal, Filipinas.
• lagos de cratera: estão presentes no interior de cones extin-

tos. Como exemplo temos o Lago Maly Semiachik, Rússia.
• lagos do tipo Maar: é quando acontecem explosões de gases

oriundas de áreas subterrâneas em que posteriormente a área
se afunda, acumulando água, como no Lago Nyos, Camarões.
• origem fluvial: são formados quando em uma bacia há muita

descarga de sedimentos que vão sendo depositados ao longo
do leito, até que essa área de deposição aumenta tanto que
passa a represar o rio, formando um lago de barragem. Tam-
bém há lagos formados em ambientes de baixa declividade
que passam a acumular água por inundação, os lagos de inun-
dação. E, além disso, existem também os lagos peculiares que
são formados a partir de meandros mortos de rios meandran-
tes, chamados de lagos de ferradura.
• origem eólica: formados por deposição sedimentar oriundos

dos ventos que acabam por represar pequenos córregos. Um
exemplo clássico são os Lençóis Maranhenses no Brasil.
• origem cárstica: é quando há a dissolução de cavernas de

composição predominante de carbonato de cálcio e, a partir
daí, formam cavernas, dolinas que acumulam água. Podem
ser cavernas formadas por Calcário, Dolomita, Mármore e
Arenito. É preciso destacar que os lagos formados em ambien-
tes de carbonato de cálcio são cristalinos porque esse mineral
expulsa os minerais de argilas.
136
Quanto à produtividade, os lagos são classificados em:
• lagos eutróficos: possuem alto teor de nutrientes, baixa

transparência e a cor da água vai de verde a marrom. São la-
gos bem aquecidos onde o fundo é coberto de lodo orgânico.
Além disso, há uma queda drástica de O2 ao fundo, podendo
até desaparecer.
• lagos oligotróficos: possuem pequena quantidade de nu-

trientes, além de possuírem uma alta transparência e uma cor
que varia de azul a verde. Possui de média a grande profundi-
dade e há diferenças de temperaturas nas camadas de água e,
além disso, o O2 vai diminuindo ao se aprofundar, mas nunca
chegando abaixo de 60% de O2.
• lagos distróficos: são lagos de pântanos com baixa transpa-

rência e a cor da água é amarela ou marrom, devido ao alto
teor de húmus e ácidos orgânicos. Por possuir um pH entre 4,0
e 6,0 não favorece uma grande biodiversidade.
137
Os aquíferos
Você possivelmente já viu alguém fazendo um buraco no solo para

ter acesso a água, assim como já viu em algum lugar um olho de
água ou mesmo uma nascente de rio. Se você já viu, mesmo que em
alguma mídia, saiba que você presenciou uma água subterrânea.
Correspondendo a 29,9% das águas doces do mundo, as

águas subterrâneas, ou aquíferos, são águas que se encontram em
regiões profundas do solo oriundas da infiltração de chuvas e, em
forma mais lenta, em parte da área de confinamento, por filtração
vertical ao longo de descontinuidades de rochas. Dependendo da lo-
calização as águas podem ser bastante limpas e possuir quantidade
suficiente para servirem ao abastecimento humano.
A distribuição de águas subterrâneas depende da interação

entre as características geológicas e climatológicas da região, por-
que o clima, na zona de recarga, vai controlar os volumes de água
dos aquíferos através do balanço hídrico.
É importante, ainda, destacarmos que os aquíferos podem ser:
• Não-Confinado (Freáticos ou Livres): aquífero encerrado

apenas por uma formação impermeável na parte de baixo. A
água num aquífero livre é também dita lençol freático. Para o
aquífero freático:
• Nível Freático ou Nível de Água: altura da água de um aquífero

não-confinado, freático ou livre medida num poço de observação.
• Superfície Freática: Superfície cujos pontos em relação igual

ao nível de água no aquífero freático.
• Confinado (Artesiano ou Cativo): aquífero encerrado entre

formações impermeáveis ou quase impermeáveis. Ele está
sob pressão maior do que a pressão atmosférica. A água num
aquífero confinado é também dita lençol artesiano. Nessa
classificação, ainda é importante destacar que:
• Nível Piezométrico: é o nível a que a água de um aquífero

(confinado) se encontra à pressão atmosférica. Coincide com
a superfície freática de um aquífero livre.
138
SAIBA MAIS
Há 112.000 km³ de água subterrânea no Brasil e, entre elas, com

45.000 km³, está o Alter do Chão na região Norte do Brasil, o maior
do mundo em volume de água que poderia abastecer a população do
planeta durante 300 anos.
Existem três tipos de aquíferos quanto à geologia. São eles:
• porosos: a água se encontra entre materiais inconsolidados

ou consolidados, solos e rochas areníticas respectivamente.
Possui uma grande porosidade e condutividade hidráulica,
sendo muito usado para abastecimento. Esse é o aquífero mais
comum.
• cársticos: a água se encontra em cavernas formadas por are-

nito, calcário, dolomita e mármores.
• fissurais: encontrado em fraturas de rochas, possui péssima

a nenhuma condutividade e não serve para o abastecimento
humano. As formações são granitos, gabros, filões de quartzo.
Figura 12 - Classificação dos aquíferos quanto à geologia.
Fonte: Adaptado de Reginato et al. (2017).
139
Das águas doces em estado líquido, os aquíferos repre-
sentam 97% e se estima que 1,5 bilhão de pessoas no mundo,
da zona urbana e rural, tenham suas necessidades supridas por
manancial subterrâneo.
Além disso, é importante lembrarmos que o uso agrícola na

irrigação de pequenas e grandes propriedades tem aumentado e,
no Brasil, 35% da população usam este recurso para suprimento de
suas necessidades de água potável.
EXEMPLO
No Estado de São Paulo, por exemplo, 70% dos núcleos urbanos são
abastecidos total ou parcialmente por águas de aquíferos.
Figura 13 - Esquema das zonas de infiltração do solo.
O escoamento das águas nos solos que se encontram saturados

é regido pela Lei de Darcy. Esta Lei diz que o fluxo da água em um solo
será maior na medida do maior coeficiente de permeabilidade dele, o
que quer dizer que, quanto mais permeável for um solo maior será o
fluxo de água. A lei de Darcy é representada pela equação:
140
Onde:
dh
V = -K
dx
• V = velocidade da água através do meio poroso;
• K = condutividade hidráulica saturada;
• dh = variação de Carga Piezométrica;
• dx = variação de comprimento na direção do fluxo;
• dh/dx = perda de carga.
É importante que você se atente ao fato de que o K é a con-

dutividade hidráulica, que é a habilidade que um aquífero possui em
conduzir água através do meio poroso, ou seja, é a não resistência ao
fluxo m/dia, m/s, mm/h, medida através da equação abaixo:
[K = v/(dh/dx)]
Quadro 08 - Valores típicos dos coeficientes de permeabilidade.
Permeabilidade Tipo de solo K (m/s)
Alta Pedregulhos > 10-3

Solos
Alta Areias 10-3 a 10-5
permeáveis
Baixa Siltes e argilas 10-5 a 10-7
Solos Muito baixa Argila 10-7 a 10-9

impermeáveis Baixíssima Argila < 10-9
Fonte: Pinto, 2002.
No quadro acima podemos notar que o K é maior na areia por-

que a velocidade do fluxo nela é maior do que na argila, que é menor.
Além disso, as outras questões analisadas dos aquíferos são:
141
• porosidade: que é a razão entre o volume de vazios e o volume
do solo, encontrada através da seguinte equação:
Volume Vazios
η=
Volume Total
• umidade: que é a razão entre o volume de vazios e o volume de

água, dada pela equação:
Volume Água
θ=
Volume Total
VOCÊ SABIA?
Uma em cada quatro pessoas na Terra depende da água extraída

dos aquíferos subterrâneos para sobreviver. O problema é que,
para continuar suportando a exploração humana, essas reservas
de água deveriam ser três vezes maiores, segundo um estudo pu-
blicado na revista Nature. Para se ter ideia, somente no Oriente
Médio o volume de água utilizado em irrigação no deserto quase
triplicou, arriscando, assim, o esgotamento dos aquíferos da re-
gião em menos de 50 anos.
Os oceanos
Os oceanos são massas de águas salgadas que cobrem 70,7%

dos 510 milhões de quilômetros quadrados da superfície da
Terra. A sua formação, há aproximadamente 4 bilhões de anos,
deu-se devido a vapores de água expelidas por colossais erup-
ções vulcânicas e, também, por asteroides que carregavam a
água pesada, (D 2 O).
142
CURIOSIDADE
A água pesada é quando o Hidrogênio é substituída por Deutério.
Continuando, sobre a origem da água, quando aqueles vulcões

estavam em erupção, eles liberavam muito vapor que se condensava
na atmosfera, chovia e as chuvas eram proporcionais à quantidade
de vapor expelida. Por isso, até hoje a maior parte da água do planeta
está presente no magma terrestre e não na superfície.
Devido aos movimentos tectônicos, o relevo terrestre nun-

ca foi uniforme e, por isso, as águas foram se acumulando nas re-
giões mais baixas, formando os oceanos. Além disso, o sal se formou
a partir do magma expelido pelos vulcões. Já as rochas, formadas
pelo magma, continham muitos sais que, com o passar de milhões
de anos expostos na superfície terrestre, passaram pelo intempe-
rismo. Lembre-se que as chuvas intensas daquela época eram mais
ácidas que as atuais e, com isso, dissolviam as rochas, cheias de sais,
carreando esse material aos oceanos, que de pouco a pouco foi se
tornando salgado.
O valor médio da salinidade dos oceanos é de 3,5%, e é for-

mada principalmente pelo cloreto de sódio (NaCl). Diferente do que
muitas pessoas imaginam, a salinidade dos oceanos não é uniforme,
varia de acordo com:
• o volume de água doce despejado;
• a temperatura;
• a profundidade;
• a quantidade de água evaporada;
• a quantidade de chuvas na região.
143
Existem cinco oceanos no planeta.
• Oceano Pacífico: o maior dos oceanos, ocupa uma área de,

aproximadamente, 165 milhões de km², quase ⅓ da superfí-
cie do planeta. Possui uma importância climática muito gran-
de, porque a maioria das massas de ar úmidas se formam nele,
assim como as correntes marítimas. É nele que se formam a La
Niña, o La Niño e a Oscilação Decadal do Pacífico (ODP). Além
disso, ele é mais frio que o Atlântico.
• Oceano Atlântico: é o segundo oceano maior, com aproxi-

madamente 106 milhões de km² e circundado pelos conti-
nentes africano, americano e europeu. Ele é mais quente que
o pacífico.
• Oceano Índico: possui cerca de 73 milhões de km², sendo o

terceiro maior oceano do mundo. Assim como o Atlântico, é
recente, formado pelo movimento das placas tectônicas a
partir do Mesozoico, porém é mais novo que o Atlântico. Ele é
responsável pelas Moções na Índia.
• Oceanos Ártico e Antártico: não são oceanos separados, mas

um conjunto de águas posicionadas dos oceanos Pacífico e
Atlântico nos polos. São responsáveis pelas formações das
correntes marítimas geladas.
Continuando com nosso material, é necessário que você

esteja atento(a) ao fato de que os oceanos possuem várias zo-
nas de profundidade que têm características específicas. Va-
mos conhecê-las.
• Zona epipelágica ou zona eufótica (fótica): é a camada supe-

rior do corpo de água que recebe luz solar, permitindo que o
fitoplâncton realize a fotossíntese. Além disso, passa por uma
série de processos físicos, químicos e biológicos que forne-
cem nutrientes para a coluna d'água superior. Lembre-se que
a zona fótica abriga a maior parte da vida aquática devido à
sua localização. Na zona fótica, a taxa de fotossíntese excede
144
a taxa de respiração e isso se deve à abundante energia solar
que é utilizada como fonte de energia para a fotossíntese por
produtores primários como o fitoplâncton. Devemos destacar
que esses fitoplânctons crescem extremamente rápido devido
à forte exposição à luz solar, o que permite que sejam produ-
zidos em alta velocidade. De fato, noventa e cinco por cento
da fotossíntese no oceano ocorre na zona fótica. Portanto, se
formos mais a fundo, além da zona fótica, por exemplo, no
ponto de compensação, o fitoplâncton está praticamente au-
sente por falta de luz solar.
• Zona Mesopelágica ou zona crepuscular: situa-se entre as

zonas fóticas epipelágicas e afóticas batipelágicas. É deter-
minado pela luz e começa em uma profundidade onde apenas
1% da luz incidente chega e termina onde não há luz e a pro-
fundidade desta zona é de aproximadamente 200 a 1.000 me-
tros abaixo da superfície do oceano. Há nesta zona uma área
de mudanças bruscas de temperatura, salinidade e densidade
chamada termoclina, haloclina e picnoclina. As flutuações de
temperatura são grandes, de mais de 20°C nas camadas supe-
riores a cerca de 4°C no limite com a zona batial. A zona meso-
pelágica tem algumas características acústicas únicas, como o
fato de que o som viaja mais lentamente devido às mudanças
na salinidade e na temperatura. Lembre-se que ela está loca-
lizada na base da zona mesopelágica a uma altitude de cerca
de 600-1200 metros.
• Zonas Batipelágica e Abissopelágica ou zona de escuridão:

aqui a luz do sol não atinge, vai de 1000 a 6000 metros abai-
xo do nível do mar. São estas zonas que constituem cerca de
75% do espaço habitável dos oceanos. Dependendo da área no
oceano, a uma profundidade de 700-1000 m, há uma camada
com teor mínimo de oxigênio. Estas zonas são as mais ricas
em nutrientes, pois aqui se encontram os organismos do fun-
do do mar, com a bioluminescência, mas também são encon-
tradas nos habitantes da zona mesopelágica (200-1000 m).
145
ACESSE
Perfil das zonas do zonas oceânicas.
https://1.bp.blogspot.com/-b4RB2JVyy_Q/
YOsxJFpXA8I/AAAAAAAAJyU/Bqs4cBu_
aEgXz5bq9s4DcIzwhlk6TY_RwCLcBGAsYHQ/
s1056/aa.png
A importância dos oceanos no planeta é indiscutível, seja por

ser responsável pela produção de 50-80% do oxigênio do mundo,
seja pela regulação do clima no planeta pelas correntes marítimas
ou correntes oceânicas.
Pensando nisso, as correntes marítimas são grandes porções

de água que possuem temperatura e salinidade específicas e que se
deslocam da sua região de origem para outras regiões como rios no
mundo. Além disso, sua formação acontece porque nos oceanos há
locais que possuem temperaturas e salinidades diferentes e, tam-
bém, devido ao relevo submarino e às variações da pressão atmos-
férica. Lembre-se que a velocidade é pequena e varia de 5 a 10 km/h
e, por possuírem um fluxo constante, são capazes de disseminar
várias espécies de animais e plantas, favorecendo a diversificação
biológica da Terra.
Assim como as massas de ar, as correntes marítimas podem

ser quentes e frias, onde as mais quentes são mais leves e, por isso,
menos profundas; e as frias mais profundas por serem mais pesa-
das. Nos oceanos elas se encontram e há o processo de troca de calor
por convecção. Além disso, as correntes frias se originam nos Polos
do planeta e as correntes quentes nas regiões tropicais.
146
CURIOSIDADE
Só para você ter uma ideia, a corrente do golfo (quente) evita que o
inverno do Reino Unido seja mais frio que o da costa leste dos EUA,
mesmo o Reino Unido estando numa latitude maior ao norte.
ACESSE
As correntes marítimas.
https://www.coladaweb.com/geografia/
correntes-maritimas
SINTETIZANDO
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final do nosso material. Ao longo de

nossas explicações, você pôde perceber que, em seu eterno ciclo,
a água se distribui no nosso planeta desde quando começou a ser
expelida pelos vapores dos vulcões nos primórdios da Terra, favo-
recendo o arrefecimento gradual do planeta. Graças a ela houve a
possibilidade de a vida começar a existir, estando protegida de uma
atmosfera ainda inóspita para os seres vivos.
147
Dessa maneira, você precisa entender como os componentes do ci-
clo hidrológico atuam para, depois, poder calcular a quantidade e a
velocidade de água que um solo pode absorver formando os aquí-
feros. Assim, você deve ter entendido que a intensidade das chuvas
e o escoamento superficial possibilitam tomarmos decisões para
realizar planejamentos contra secas e enchentes, que acabam por
afetar a agropecuária, a indústria e a qualidade de vida nos centros
urbanos e, principalmente, o meio ambiente.
Mas, você deve estar se perguntando: e os oceanos? Em nossa ex-

planação, você também aprendeu sobre os maiores produtores de
oxigênio e, também, sobre os atuantes na regulação do clima ter-
restre com as correntes marítimas.
Você deve ter percebido, também, que os oceanos são os maiores

distribuidores de água do planeta e, é a partir deles, que, pelo ciclo
das águas, os continentes não são ambientes áridos e sem vida. As-
sim, atuando continuamente com a atmosfera, os oceanos tendem a
deixar o nosso planeta mais adequado para toda vida!
Dito isto, espero que você tenha aproveitado nossas dicas e ensinamentos.
Até mais!
148
4
UNIDADE
A poluição
atmosférica e
as mudanças
climáticas
Objetivos
◼ Conhecer a classificação das fontes poluidoras da atmosfera.
◼ Compreender como são feitos os monitoramentos e controles

dos poluentes da atmosfera.
◼ Analisar os tipos de poluentes e como cada um afeta o am-

biente e a saúde dos seres vivos.
◼ Conhecer e compreender as causas e consequências das mu-

danças climáticas do planeta.
Introdução
Prezado(a) aluno(a). Como vai?
Vamos dar início a mais uma etapa de estudos. A partir des-

se momento falaremos sobre a poluição atmosférica e as mudanças
climáticas. Dessa maneira, abordaremos os vários problemas am-
bientais atmosféricos e suas consequências no equilíbrio do planeta.
Assim, na primeira etapa deste material seguiremos com

mais informações sobre a composição atmosférica e como o excesso
de determinados gases pode afetar a qualidade do ar, causando pro-
blemas ambientais e doenças aos seres vivos. Além disso, identifi-
caremos as fontes poluidoras do ar e suas classificações e veremos,
também, como é feito o monitoramento da qualidade do ar e seus
parâmetros.
Abordaremos sobre os tipos de poluição atmosféricas e suas

consequências nefastas ao planeta, como a chuva ácida e a inversão
térmica e o tema mais abordado na atualidade: o aquecimento glo-
bal e as mudanças climáticas.
Ansioso(a) com o que vamos aprender a partir de agora? Va-

mos em frente!
150
A poluição atmosférica
A poluição do ar significa a presença na atmosfera de substâncias
nocivas (alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas
normais da atmosfera) em uma quantidade que envolve desconfor-
to ou risco para a saúde de seres humanos, para o seu bem-estar e
o de outros seres vivos e seus ecossistemas. Essas alterações podem
ser de natureza primária e secundária, podendo atacar diferentes
materiais reduzindo a vida útil, a visibilidade de uma área e/ou pro-
duzir odores desagradáveis.
Para se estabelecer se o ar de uma região está poluído, é to-

mado com referência a qualidade do ar natural daquela região e, as-
sim, toda substância que altere a composição daquela camada de ar
(quantidade e/ou qualidade) será um poluente.
CURIOSIDADE
Vale ressaltar que os poluentes atmosféricos não são só gasosos,

mas também sólidos e líquidos, bastam estarem em suspensão no
ar fazendo as alterações necessárias.
A poluição do ar é normalmente aplicada às mudanças que

têm efeitos devastadores sobre os organismos vivos e ao patrimô-
nio, e não a outras alterações inofensivas. Os principais mecanis-
mos de poluição do ar são os processos industriais que envolvem a
combustão, o tráfego de veículos, a atividade de construção civil, a
movimentação de materiais secos e as queimadas que provocam a
emissão de partículas e/ou gases para a atmosfera, o que pode levar
a uma alteração significativa da qualidade do ar de uma região.
Fontes de poluição atmosférica
As fontes poluidoras, depois sofrem reações com os gases e umida-

de presentes na atmosfera, acabarão por afetar os seres vivos. Para
151
que você entenda o que estamos falando, sugiro que você analise a
figura abaixo:
Figura 01 - Origens e reações adversas na natureza dos poluentes.
Fonte: José Strossner/Produção de Conteúdo - Grupo SER Educacional (2022).
É importante destacarmos que a poluição do ar pode ser lo-

cal, quando os efeitos ligados se concentram na área imediata (pon-
tuais) do local, ou planetário (extensas), quando as características
do contaminante afetam o equilíbrio das áreas periféricas do pla-
neta longe das áreas de emissão. Podem ser também fixas e móveis,
além de antropogênicas e naturais. Vamos entendê-las.
• Fontes pontuais: devido a terem uma dimensão menor em

sua área de lançamento, são identificadas como pontos, fon-
tes pontuais de poluição, como as chaminés de indústrias.
• Fontes extensas: quando a área de extensão da fonte poluido-

ra é maior do que um simples ponto, tendo por exemplos, pi-
lhas de material seco, queimadas, solos descobertos liberando
muitos particulados.
• Fontes fixas: toda fonte de poluição que está fixada fisica-

mente em um espaço e libera poluentes, como os processos
industriais, queima ao ar livre, queimadas e caldeiras.
• Fontes móveis: quando a fonte poluidora se move pelo espa-

ço, como os meios de transporte em geral.
• Fontes antropogênicas: aquelas fontes de poluição causadas

por fatores humanos.
152
• Fontes naturais: quando os poluentes são oriundos de fontes
naturais como, vulcões, decomposição biológica, queimadas
naturais e erosão eólica.
As substâncias usualmente consideradas poluentes do ar podem ser

classificadas da seguinte forma:
• Compostos de enxofre: SO2, SO3, H2S, sulfatos;
• Compostos de nitrogênio: NO, NO2, NH3, HNO3, nitratos;
• Compostos orgânicos de carbono: hidrocarbonetos, álcoois,

aldeídos, cetonas, ácidos orgânicos;
• Monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2);
• Compostos halogenados: HCl, HF, cloretos, fluoretos;
• Material particulado: mistura de compostos no estado sólido

ou líquido.
153
Quadro 01 - Modalidade das fontes poluidoras.
Modalidade das Fontes Poluidoras
Tipos de Tipos de
Antropogênicas Poluentes Naturais Poluentes
Liberados Liberados
Fixas Oceânicas MP
Processos MP, SOx, NOx, Decomposição

SO2, N2O, HC
Industriais CO, HC Biológica
Cadeiras,
MP, SOx, NOx,
Fornos e Praias e Dunas MP
CO, HC
Aquecedores
Construção MP, SOx, NOx, CO, Nox, MP,

Queimadas
Civil CO, HC, fumaça Fumaça
Queima ao Erosão eólica

Ar Livre e SO2, N2O, HC do solo e MP
Queimadas superfícies
Exploração,
Beneficiamento,
Movimentação
MP
e estocagem de
Materiais
fragmentados
Móveis
Aviãoes NOx, HC, MP
Navios MP, SOx, NOx,

e Barcos CO, HC
Caminhão, MP, SOx, NOx,

Ônibus CO, HC
Automóveis, MP, NOx, CO,

Motos HC, Aldeídos
154
No quadro temos:
• SOx - Óxidos de Enxofre;
• NOx - Óxidos de Nitrogênio;
• CO - Monóxido de Carbono;
• HC – Hidrocarbonetos;
• N2O - Óxido de Nitrogênio;
• MP - Material particulado.
DICA
Caro(a) aluno(a), temos que observar que a classificação descrita

leva em consideração tanto a questão química como a questão fí-
sica. Assim, o “material particulado” está relacionado com a clas-
sificação física e todos os outros poluentes descritos se referem à
classificação química.
Agora que já sabemos os tipos e fontes de poluentes atmos-

féricos, precisamos também entender que há uma grande variedade
de substâncias naturais na atmosfera e que elas podem se unir às
substâncias de origem natural e antrópica formando outras. Assim,
dividimos em duas categorias.
• Poluentes primários: são aqueles emitidos diretamente pela

fonte poluidora.
• Poluentes secundários: são aqueles poluentes formados a

partir da reação química entre poluentes primários e os cons-
tituintes naturais da atmosfera. Um exemplo é a união do dió-
xido de enxofre, oriundo das fábricas, com o vapor de água e
oxigênio na atmosfera gerando o ácido sulfúrico, formando a
chuva ácida: SO2 + H2O + ½ O2 = H2SO4. Mas, pode aconte-
cer com gases de dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio.
Vamos voltar a esse assunto quando falarmos da chuva ácida.
155
ACESSE
Poluentes primários e secundários atmosféricos.
http://1.bp.blogspot.com/-gQnQVdwMZIQ/
Tl4e0ataFsI/AAAAAAAAV_I/7IxZ1JKoHJc/s640/
AAA.jpg
Desta maneira, para se caracterizar um ar como poluído, pre-

cisamos analisar os poluentes de acordo com:
• as fontes de emissão;
• a concentração;
• as interações - podem ser de ordem física (diluição dos po-

luentes), química (as reações com outros gases e radiação so-
lar) e, também, aos receptores destes poluentes (humanos,
animais, plantas e materiais).
Índice de qualidade do ar
Quando se busca qualificar se um ar está poluído, é importante sa-

lientar que, mesmo que consigamos manter as emissões para res-
peitar os limites ideais, dependendo das condições do tempo e da
estação do ano, o ar pode ficar menos ou mais poluído, pois as chu-
vas, por exemplo, favorecem a maior diluição dos gases. No inverno,
em algumas regiões do país, as condições meteorológicas se tornam
desfavoráveis para a dispersão dos poluentes, como a cidade de São
Paulo com a inversão térmica, que estudaremos melhor adiante.
Assim as interações que existem entre as fontes de poluição e

as condições atmosféricas irão definir o nível de qualidade de ar que,
por conseguinte, determinarão a gravidade dos efeitos da poluição
156
nos receptores. Desta maneira, o monitoramento da qualidade do ar
tem que ser feito de forma sistemática e respeitando um número es-
pecífico de poluentes, que são definidos a partir de sua importância
(maior frequência e problemas gerados) e dos instrumentos dispo-
níveis para o monitoramento.
DICA
Fique atento(a), os gases que servem como indicadores da qualida-

de do ar. São aqueles que se encontram no quadro 01.
Mas, o que seria o padrão ideal para dizermos que a qualidade

do ar de uma região está boa ou ruim?
Os governos dos países, estados e municípios estabeleceram que

alguns poluentes teriam que ter uma quantidade limite na atmosfera e,
para isso, tiveram que fazer pesquisas com o intuito de conhecer, ava-
liar e, também, controlar esses poluentes, que se tornaram indicadores
e, a partir deles, medimos o padrão de qualidade do ar.
ACESSE
Comparativo dos Padrões Nacionais de Qualidade

do Ar.
http://sistemas.meioambiente.mg.gov.br/reunioes/
uploads/3isCLPVMITuPmZrNoKHPMnirMlbGT5AE.
pdf
157
Sendo:
1. Média Aritmética Anual
2. Média horária
3. Máxima média móvel obtida no dia
4. Média Geométrica Anual
5. Medido nas partículas totais em suspensão
De acordo com a Resolução CONAMA 491/2018, que revogou

e substituiu a antiga CONAMA 03/1990, temos dois padrões de qua-
lidade do ar:
• Padrão de qualidade do ar intermediário (PI): são aque-

les padrões estabelecidos como valores temporários a serem
cumpridos em etapas.
• Padrão de qualidade do ar final (PF): valores guias estabele-

cidos pela Organização Mundial da Saúde - OMS / 2005.
Então, vimos que existem vários poluentes e que preci-

samos controlar e monitorar as suas emissões, para avaliar o
quanto uma população está exposta aos poluentes atmosféricos.
Também se deve realizar o monitoramento das empresas para
sabermos se elas estão emitindo as quantidades estabelecidas, os
estudos epidemiológicos.
Assim, de acordo com o CONAMA 491/2018, o índice de qua-

lidade do ar, como o nome já diz, determina a qualidade do ar de
acordo com a quantidade de poluentes atmosféricos existentes em
um espaço. Esse índice possui seis níveis de qualidade:
158
ACESSE
Padrões Nacionais de Qualidade do Ar pelo CO-

NAMA nº 491/2018.
https://engenharia360.com/wp-content/
uploads/2019/10/iqa-engenharia360-4-
1024x673.png
Para se ter um controle da poluição atmosférica, é necessá-

rio haver um programa de controle que objetive a manutenção das
concentrações de poluentes que não causem problemas à saúde das
pessoas e danos ao meio ambiente em geral. Por isso são estabeleci-
dos os padrões de qualidade, monitoramento do ar e os estudos me-
teorológicos da área. Estes estudos meteorológicos visam monitorar
e estudar a relação da poluição com:
• A direção e velocidade dos ventos;
• A temperatura;
• A pressão;
• A estabilidade;
• A radiação;
• A umidade relativa;
• A precipitação.
Por isso que, para se ter um monitoramento da qualidade do

ar, com segurança, é necessário ter uma rede sólida e conectada aos
dados meteorológicos. Isso porque, devido às condições do tempo,
pode acontecer de um poluente ser direcionado a outra região. Como
consequência da mudança na direção dos ventos, a chuva tem o po-
der de “limpar” o ar, fazendo com que os poluentes que estão no
159
ar sejam levados ao solo. Assim, se a umidade do ar estiver muito
baixa acaba por deixar mais sensível as vias respiratórias superiores
aos poluentes da área. Dessa maneira, é necessária uma quantidade
menor de poluentes para prejudicar a saúde das pessoas.
Nesse cenário, existem monitoramentos que são feitos 24h

por dia e, desta forma, é possível identificar os horários de picos de
emissão de poluição, favorecendo, assim, o acúmulo de dados que
possibilitará uma atuação eficiente no controle e evitando que, nas
horas críticas de emissões, ultrapassem a qualidade de ar considera-
da como adequada, mas, caso ultrapasse, serve para tomar decisões
de mitigação de danos e retorno ao nível desejável. Assim, as medidas
de controle de poluição do ar podem ser preventivas ou corretivas.
Como prevenir é sempre melhor do que remediar, as medidas

de prevenção podem ser tanto de ordem de planejamento urbano
quanto ambiental e, também, através de equipamentos.
Em relação ao planejamento urbano e ambiental temos:
• planejar de maneira adequada o uso e a ocupação do solo;
• distribuir de maneira adequada e inteligente as fontes polui-

doras fixas;
• empregar barreiras artificiais e/ou naturais para diminuir a

propagação da poluição;
• zonear as áreas residenciais visando a livre circulação de ven-

tos, principalmente se forem zonas de edificações;
• maximizar as vias de veículos para que haja menos engarra-

famentos, pois é nestes momentos em que há uma maior li-
beração de poluentes.
• incentivar o uso dos transportes públicos.
Já em relação ao uso de equipamentos e planejamento nas in-

dústrias para se reduzir as emissões de poluentes, deve-se considerar:
• as alturas das chaminés não podem ser baixas. Assim, quanto

mais altas melhor a dispersão;
160
• o uso de matéria-prima e combustíveis que gerem resíduos
menos poluidores;
• processos industriais mais ecofriendly;
• a manutenção e a operação dos equipamentos;
• melhorar o processo de combustão para que haja um melhor

aproveitamento energético;
• instalações de equipamentos de controle de emissões de po-

luentes, como Ciclone, Lavador de Gases, Filtro de Mangas e
Precipitador Eletrostático.
As mudanças climáticas e os efeitos da

poluição atmosférica
A intensa atividade econômica humana criou uma poderosa pressão
antropogênica sobre o meio ambiente que, infelizmente, acabou le-
vando à várias violações dos processos de equilíbrio que ocorrem no
nosso planeta e se manifestou por uma série de problemas ambien-
tais, como a chuva ácida, a inversão térmica e o efeito estufa que
acabou gerando as mudanças climáticas. Dito isso, convido você a
conhecer um pouco mais a respeito da chuva ácida. Vamos lá!
Chuva Ácida
A chuva ácida é um tipo de precipitação meteorológica que é uma
mistura de água e pequenas partículas de óxido de nitrogênio e dióxi-
do de enxofre em concentrações que excedem a quantidade aceitável.
As fontes de chuva ácida podem ser por processos naturais,
como atividade vulcânica ou decomposição de resíduos vegetais,
bem como por atividades humanas, pelas emissões de dióxido de
enxofre e óxidos de nitrogênio na atmosfera a partir da combustão
de combustíveis fósseis e motores.
Dessa maneira, a chuva ácida é formada quando as emissões de

gases reagem com água, oxigênio e outros elementos químicos na at-
mosfera para formar vários compostos ácidos (poluentes secundários).
Os impactos da chuva ácida no meio ambiente podem ser:
161
• acidificação do solo e corpos d'água;
• inibição e morte de plantas;
• destruição de edifícios, e monumentos de arquitetura.
EXEMPLO
O dióxido de enxofre (SO2) é formado em grandes quantidades du-

rante a combustão de combustíveis ricos em enxofre, como carvão
e óleo combustível (o teor de enxofre neles varia de 0,5 a 5-6%).
Outras fontes são usinas de energia (~40% das emissões antrópicas
na atmosfera), produção metalúrgica, vários processos tecnológi-
cos químicos e uma série de empresas de construção de máquinas.
Figura 02 - Formação da chuva ácida.
Chuva ácida
Fonte: Graphics RF / Vecteezy (adaptado)
162
A acidez possui uma escala logarítmica de concentração de
íons de Hidrogênio e que é chamada de “potencial Hidrogeniônico”
(pH). Essa escala vai de 0 a 14, onde 7 o pH é neutro e, quanto mais
baixo que 7 a numeração for, o pH é mais ácido e, quanto mais alto
que 7 a numeração for, o pH é mais básico. Porém, não podemos
esquecer que a água da chuva já é naturalmente ácida, com pH em
torno de 5,6 devido a presença de vários gases ácidos entre esses o
Dióxido de Carbono (CO2) e Óxidos de Nitrogênio (NO e NO2), mas
a chuva ácida preocupa quando atinge valores abaixo do pH 5, com
casos que chegaram a pH 4,0.
Inversão Térmica
Em condições normais, o ar atmosférico tende a diminuir 1°C a cada

180 m de altitude. Isso acontece porque o calor emanado do solo pela
reflexão da luz solar se dispersa cada vez que ele sobe (por está percor-
rendo grandes distâncias verticais cada vez mais ao subir), então esse
ar, antes quente (leve) e perto do solo (superfície), vai se esfriando e se
tornando mais pesado (parte superior). Ao se tornar pesado ele desce,
empurrando o ar quente que está em baixo para cima, então esse que
desceu esquenta e o que subiu esfria, formando um ciclo chamado de
Convecção do ar. Isso é que faz os ventos e as brisas que conhecemos.
ACESSE
Processo de circulação dos ventos quentes e frios.
https://images.educamaisbrasil.com.br/
content/banco_de_imagens/guia-de-
estudo/D/inversao-termica.jpg
163
VOCÊ SABIA?
O fenômeno da inversão térmica ocorre quando, em noites claras

(noites sem nuvens), o solo esfria rapidamente (devido a presença
de massas de ar fria e seca). O ar da superfície, por sua vez, fica
mais frio e mais pesado que o outro na camada imediatamente
superior, assim o ciclo da Convecção do ar é prejudicado, fazendo
com que não haja renovação do ar. Isto acontece mais durante o
inverno formando os nevoeiros. Além disso, esse fenômeno climá-
tico é comum em manhãs e noites frias. Geralmente, a inversão
é quebrada quando o ar que está em contato com o solo restaura
sua temperatura normal, tornando-se quente. Isto pode ser uma
questão de horas, mas, em condições meteorológicas adversas, a
inversão térmica pode persistir durante vários dias. É importan-
te destacarmos que a poluição nos grandes centros urbanos pode
agravar os efeitos da inversão térmica e isso acontece porque os
gases emitidos por carros, indústrias e estabelecimentos comer-
ciais ficam retidos na superfície durante o dia, por não estar acon-
tecendo a circulação do ar.
As mudanças climáticas e o efeito estufa
Quando estudamos os efeitos da radiação solar no planeta Terra e a

sua interação com os gases, estávamos começando a entender sobre
o efeito estufa. Vimos que uma parte da energia do Sol fica retida em
nosso planeta em forma de calor e isso acontece graças aos gases de
efeito estufa que se encontram na nossa atmosfera, sendo o mais
importante o Dióxido de Carbono (CO2).
Dessa maneira, os raios solares passam livremente pelos ga-

ses de efeito estufa que aquecem a Terra, porém esses gases retêm
uma parte significativa da radiação térmica, impedindo-a de retor-
nar ao espaço sideral.
164
Se os gases de efeito estufa desaparecessem, a temperatura
média do planeta seria de -18ºC e, assim, as plantas não cresceriam
em lugar nenhum. Atualmente a temperatura média da Terra é de
15ºC, quer dizer, uma diferença de 33º comparada com os -18ºC de
um planeta sem gases de efeito estufa.
VOCÊ SABIA?
No período da glaciação, a temperatura média da Terra era de 4ºC

mais baixa dos 15ºC da média atual, ou seja, era de 11ºC, mesmo com
os gases de efeito estufa presentes. Pensando nisso, então como se-
ria se fosse -18ºC ?
ACESSE
Como ocorre o efeito estufa.
https://sequestrarcarbono.files.wordpress.
com/2015/05/efeito-estufa.png?w=660
Então vimos que o efeito estufa é necessário para a perma-

nência da vida na Terra, mas o problema é quando o equilíbrio passa
a ser quebrado e é isto que está causando o aquecimento global.
Nos últimos anos, a temperatura média na Terra aumen-

tou 1,1°C e esse número continua aumentando. Para o planeta, são
mudanças sérias que podem levar a desastres naturais, extinção de
animais, fome e outras consequências graves. A causa do aqueci-
165
mento global foi o aumento do efeito estufa na atmosfera. Assim, é
possível entendermos o que é o aumento desse efeito e se podemos
influenciar as mudanças climáticas da Terra.
Para que possamos entender o que está acontecendo, é im-

portante saber que os gases do efeito estufa são:
• Dióxido de carbono (CO2): é responsável por 80% da massa

total de gases de efeito estufa. Fontes naturais de CO2 são vul-
cões, plantas em decomposição e resíduos de animais. Além
disso, ele é secretado durante a respiração por quase todos os
seres vivos. Outras fontes de dióxido de carbono são antropo-
gênicas, ou seja, associadas à atividade humana. Assim, desde
o início da revolução industrial, o teor de dióxido de carbono
na atmosfera terrestre aumentou 149%.
• Metano (CH4): permanece na atmosfera por cerca de 12 anos,

mas seu efeito sobre o clima é 25 vezes mais forte que o CO2.
Fontes de metano são a extração e o processamento de hi-
drocarbonetos, bovinos, plantações de arroz. Em comparação
com os níveis pré-industriais, a concentração de CH4 aumen-
tou 262%.
• Óxido nitroso (N2O): é formado pela agricultura e pela quei-

ma de combustíveis fósseis e resíduos. O óxido nitroso absorve
radiação infravermelha 310 vezes mais forte que CO2, portan-
to, mesmo um ligeiro aumento em sua concentração é sufi-
ciente para aumentar significativamente o efeito estufa.
• Ozônio troposférico (O3): ao contrário do ozônio estratosfé-

rico, que protege a Terra da radiação ultravioleta prejudicial,
o troposférico é um poluente do ar que faz parte da poluição e
aumenta o efeito estufa.
• Vapor: sua concentração na atmosfera depende da tempera-

tura do ar. Dessa maneira, quanto mais quente, mais rápida a
umidade evapora. Lembre-se que acúmulos de vapor de água
(nuvens) são capazes de absorver calor e refleti-lo ao chão.
Há muitas razões para o aumento do efeito estufa e, como já

vimos, o principal é o excesso de gases estufas oriundos da queima
166
do carvão mineral, petróleo e gás natural. O aumento no número de
animais para a pecuária também se torna um fator importante por-
que, devido às peculiaridades da digestão, os ruminantes emitem
cerca de 20 gramas de metano para cada quilograma de ração comi-
do. Assim, as 1,5 bilhões de vacas que vivem na Terra afetam o clima
da mesma forma que 10% das emissões provenientes da queima de
combustíveis fósseis.
Não podemos esquecer as derrubadas das árvores e incên-

dios florestais, pois as plantas, além de absorverem o CO2 para a
fotossíntese, elas retêm em si carbono e, quando são queimadas, no
processo de combustão, o carbono se une ao O2 e se torna CO2 indo
para a atmosfera.
Figura 03 - Como a agropecuária afeta o meio ambiente
Fonte: Correio Braziliense
167
Além do que já foi dito, o uso de fertilizantes nitrogenados
favorece o aumento de N2O na atmosfera. Isso porque, quando esses
fertilizantes se encontram no solo, eles são processados por bacté-
rias que liberam o N2O. E nas áreas urbanas, devido ao maior núme-
ro de veículos, há uma maior liberação de CO2 e o escape do carro
libera cerca de 10% de CO2.
Desde o início do século, a temperatura média na Terra au-

mentou 0,75 graus. Parece que isso não é muito, mas não devemos
esquecer que uma diferença de apenas 4 graus levou a eras glaciais.
Portanto, nos acordos internacionais há um limite para o aumento
da temperatura: 2 graus é a linha que não devemos cruzar. Para isso,
é necessário reduzir as emissões de CO2 em 70%, mas isso pare-
ce ser impossível, porque se não for mudada as formas de obtenção
de energia, será necessário parar a energia mundial e, portanto, a
economia. Desta maneira, muitos acreditam que o único caminho é
encontrar meios tecnológicos para reduzir não as emissões, mas o
teor de CO2 na atmosfera.
O clima está em constante mudança. Na Terra, fica mais

quente e mais frio porque a circulação atmosférica flutua. A pro-
porção da massa de ar, proveniente do oceano ou formada em terra
continental, pode ser diferente.
Assim, as mudanças climáticas acontecem de forma gradual,

e a humanidade já experimentou períodos semelhantes de aqueci-
mento e resfriamento, como por exemplo o aquecimento de mais
de 2 graus que já ocorreu no Hemisfério Norte entre 1000 e 1300,
neste período a Groenlândia (Greenland) foi descoberta e coloniza-
da, razão pela qual recebeu um nome tão estranho para os padrões
de hoje, Greenland, que significa terra verde. E então a era quente foi
substituída por uma pequena era do gelo, que durou até meados do
século XIX. Estava tão frio que o Tâmisa, rio que corta Londres na
Inglaterra, congelava regularmente. Como você deve ter percebido,
desde a década de 1970, o aquecimento foi agravado pelo acúmulo
de CO2 na atmosfera por fatores antropogênicos, mas a próxima era
glacial definitivamente acontecerá daqui há 10 mil anos.
168
Em relação às mudanças climáticas atuais, as previsões
indicam que o aquecimento será maior em altas latitudes, es-
pecialmente no hemisfério norte, e de alguma forma menor em
baixas latitudes. Isso é consistente com a visão geral de mu-
danças climáticas do passado, notavelmente as eras glaciais,
que mostram os trópicos como regiões mais estáveis do que as
regiões polares.
Desde 1988, existe o Painel Intergovernamental sobre Mu-

danças Climáticas (IPCC) que, uma vez a cada dois ou três anos,
publica relatórios resumindo todas as pesquisas climáticas. Mui-
tos modelos climáticos do aumento da temperatura média anual já
foram criados e, em 2015, foi adotado o Acordo de Paris, segundo
o qual cada país se comprometeu a reduzir as emissões de CO2,
assim, no âmbito deste acordo, foi anunciado o limite de aumento
de temperatura.
Isso porque as consequências do aquecimento global, de até

2ºC, para os estados insulares, já é muito perigoso. Se o oceano co-
meçar a subir, além da perda de terras emersas, ocorrerá a saliniza-
ção das águas subterrâneas e das principais fontes de água doce nas
ilhas, portanto, eles defenderam a redução do limite oficial permiti-
do para 1,5ºC, mas, para outros países, este é um limite muito difícil
e que é praticamente inatingível.
Nesse cenário, o maior risco climático recai sobre países com

um território pequeno. Isso porque toda a sua economia está adap-
tada às mesmas condições climáticas e, em caso de alterações cli-
máticas graves, não há margem de manobra e não há espaço que
permita deslocar, por exemplo, a agricultura.
EXEMPLO
Se o nível da água subir na Holanda, eles terão que construir bar-

ragens. Se a desertificação começar na África, será impossível in-
fluenciá-la e ondas de migração populacional começarão.
169
Figura 04 - Evidências do aquecimento global já em andamento.
Fonte: adaptada por World Resources Institute de IPCC (2005). Disponível em: https://
www.wribrasil.org.br/noticias/mudancas-climaticas-alarmantes-veja-5-grandes-
resultados-do-relatorio-do-ipcc
Segundo o IPCC, este aumento do nível do mar aconte-

ce pelo derretimento das geleiras e que, desde o início da déca-
da de 1960, o gelo marinho no Hemisfério Norte tem se tornado
40% mais fino e, se continuar nesse ritmo, em 2100 eles terão se
derretido, então muitas ilhas e regiões terão partes de seus ter-
ritórios inundados. Nesse cenário, o nível do mar, até 2100, au-
mentará 28-55 cm com previsões positivas e 63-101 cm com as
previsões não positivas.
170
EXEMPLO
Recife, por exemplo, é a capital do Brasil mais vulnerável ao

avanço do mar.
Outra questão sobre o avanço do mar é a invasão da água sal-

gada em rios de água doce que pode levar à morte de organismos
vivos que vivem lá, a chamada intrusão salina.
Mas, as consequências das mudanças climáticas não param

por aí! É previsto o desaparecimento, em apenas 50 anos, de ⅓ de
espécies de flora e fauna, principalmente dos trópicos e, até 2100, o
número de pinguins imperadores poderá diminuir em até 90%.
Outro problema, como vimos no decorrer do material de estu-

do, são repetições mais rápidas das inundações e secas mais severas
o que atrapalhará na produção de alimentos fazendo o PIB mundial
cair 20% até 2100 e, segundo dados do IPCC, em 2080, haverá mais
de 600 milhões de pessoas sofrendo com escassez de alimentos.
Sobre a acidificação oceânica, o excesso de CO2 aumenta a

acidez da água do mar e essas mudanças afetam negativamente a
imunidade dos organismos vivos e mata os corais, o conhecido fe-
nômeno dos corais esbranquiçados.
CURIOSIDADE
Cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica

(NOAA) descobriram que as conchas de caranguejos que vivem
em diferentes partes do Oceano Pacífico são parcialmente dis-
solvidas por água ácida, o que os torna presas fáceis para ou-
tros animais.
171
Apesar de termos lido sobre os fatores antrópicos que in-
fluenciam nas mudanças climáticas, existem fatores naturais que
também influenciam, como:
• Atividades vulcânicas: os vulcões em atividade emitem gran-

des quantidades de particulados (cinzas) e gases que acabam
por afetar o clima da Terra, porque mudam o equilíbrio nos
processos de absorção, transmissão e reflexão da energia solar.
• Tectônica global: a distribuição e o acúmulo de energia pela

radiação solar é diferente nos continentes e oceanos. Logo, no
decorrer dos 4,5 bilhões de vida da Terra as configurações dos
continentes variaram bastante e, com isso, a forma de distri-
buição da energia e, consequentemente, o clima. No Paleo-
zoico e Mesozoico, por exemplo, a Antártida era tropical e o
próprio clima do planeta era mais quente do que atualmente.
Isso tudo devido aos continentes estarem unidos em um úni-
co continente, a pangeia. Só um adendo que, no Mesozoico,
a partir do período Jurássico os continentes começaram a se
separarem.
• Ciclo de Milankovitch: são ciclos orbitais do planeta que al-

teram os climas. Na década de 1920, o geofísico e astrônomo
sérvio Milutin Milanković afirmou que mudanças cíclicas, nos
parâmetros do movimento orbital e rotacional da Terra, afe-
tam o clima da Terra.
• Excentricidade: descreve a forma da órbita da Terra. Ele varia

da órbita, sendo quase um círculo perfeito para ser um oval, e
retorna à forma quase circular. Leva 100.000 anos para a órbi-
ta realizar esse ciclo. No inverno (hemisfério norte), a órbita é
quase circular, com a Terra sendo um pouco mais próxima do
Sol em janeiro do que em julho. Portanto, neste momento, a
excentricidade da órbita tem muito pouco efeito no clima do
planeta durante um ano. No entanto, se a órbita fosse um oval
pronunciado, a excentricidade seria um fator dominante que
afetaria o clima, com a Terra sendo mais quente quando es-
tava mais perto do Sol. A diferença entre as estações também
seria mais acentuada.
172
• Obliquidade: O eixo de rotação da Terra é inclinado em relação
à linha perpendicular ao plano da órbita da Terra e varia entre
22,1 e 24,5 graus. O valor atual da inclinação é de 23,5 graus e
está diminuindo. Além disso, é importante destacarmos que
o período do ciclo da obliquidade é de cerca de 41.000 anos e,
quando a inclinação tem menor valor, as estações são mais
suaves e comparáveis umas às outras. Já quando a inclinação
tem maior valor, as estações são mais extremas.
• Precessão: o eixo de rotação da Terra oscila, o que significa

que o Polo Norte nem sempre aponta na mesma direção no
decorrer dos milhares de anos – segue um caminho circular
com um período de cerca de 26.000 anos. E, junto com a po-
sição da Terra em sua órbita, acaba afetando as estações dos
anos, antecipando os equinócios.
• Atividades solares e o Campo magnético da Terra: a priori, o

Sol passa por ciclos que duram entre 11, 22 e 720 anos, porém,
em estudos mais recentes, observou-se um ciclo periódico de
125 anos de resfriamento ou aquecimento das temperaturas
da Terra, que pode ser consequência de um ciclo solar de 125
anos também. Esses ciclos são relacionados a um aumento ou
a uma diminuição das atividades solares, em que são notadas
mais manchas e menos manchas respectivamente, logo, quan-
to mais atividade solar maior energia o Sol envia à Terra que
mais aquecida fica. Mas, você deve estar se perguntando: qual
a relação com o campo magnético? Quando o campo magnético
da Terra está fraco, mais raios cósmicos e plasma solar entram
no planeta, gerando mais núcleos de condensação aumentan-
do a nebulosidade e aí a temperatura diminui, mas, se o campo
magnético estiver forte, ele vai proteger a Terra desses “par-
ticulados cósmicos” e, se o Sol estiver em máxima atividade, a
energia passará, mas os “particulados” do plasma solar serão
“filtrados” e então não gerará tantos núcleos de condensação,
logo, irá aumentar a temperatura no planeta.
• Oscilação Decadal do Pacífico (ODP): os oceanos, como já es-

tudamos, possuem um papel muito importante no controle do
clima do planeta. Embora ainda não seja bem esclarecido as
causas e impactos no clima, a ODP deve possuir uma impor-
173
tante influência. Com eventos que variam de 20 a 30 anos, a
ODP possui duas fases: uma fria e uma quente. Na fase fria há
uma diminuição da temperatura e na fase quente um aumen-
to. Os fenômenos do El Niño e La Niña são produtos da Osci-
lação Decadal do Pacífico, onde na La Ninã há o resfriamento
das águas do Pacífico e no El Niño o aquecimento que acabam
por influenciar nas distribuições de chuvas em todo planeta.
No Brasil a La Niña favorece as chuvas no Sertão brasileiro e
secas no Sul e Sudeste, já com El Niño é o inverso.
SINTETIZANDO
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim do nosso material.

Durante nossas explanações, você pôde perceber que o clima no
planeta não é o mesmo de milhares e milhões de anos atrás e sem-
pre mudará. Além disso, você deve ter aprendido que as mudanças
climáticas fazem parte da evolução planetária e influenciam na
extinção e evolução de várias espécies de seres vivos. Porém essas
alterações nunca foram tão rápidas como estão sendo agora e isso
acontece devido à atuação humana.
É importante perceber que ainda podemos evitar isso, porém, ape-
sar dos acordos, como o acordo de Paris, o planeta poderá se aquecer
em mais de 3,5 graus, porque nenhum país quer se limitar economi-
camente e, caso o pior aconteça, esperamos que haja esperança de
que a humanidade se adapte rapidamente à situação.
Como você percebeu, há um enorme potencial científico no mundo
e as nossas tecnologias podem mudar radicalmente a agricultura, a
geração de energia e os equipamentos que utilizamos diariamente
que aumentam cada vez mais a nossa pegada de CO2, porém mes-
mo sem muito tempo, tentemos manter uma visão otimista sobre o
problema das mudanças climáticas, para que, com a saúde não pre-
judicada pela poluição, façamos o nosso melhor.
Dito isto, espero que você tenha aproveitado nossas dicas e ensinamentos.
Sucesso!
174
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ticas-alarmantes-veja-5-grandes-resultados-do-relatorio-do-
-ipcc. Acesso em: 05 ago. 2022.
181

Princípios Da Climatologia e Hidrologia - Ebook Completo - SER - Versão Digital - V4

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PRINCÍPIOS DA PRINCÍPIOS DA

GRUPO SER EDUCACIONAL

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser

Imagens e Ícones: ©Shutterstock, ©Freepik, ©Unsplash.

Diretor de EAD: Enzo Moreira.

Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato.

Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa.

Equipe de Designers Instrucionais: Gabriela Falcão; José Carlos Mello; Lara

Equipe de Designers gráficos: Bruna Helena Ferreira; Danielle Almeida;

Ilustrador: João Henrique Martins.

Princípios de Climatologia e Hidrologia

Recife: Grupo Ser Educacional - 2022.

181 p.: pdf

1. Clima 2. Meteorologia 3. Poluição.

Grupo Ser Educacional

FIQUE DE OLHO VOCÊ SABIA?

Introdução ao estudo da climatologia ���������������������������������������������������� 13

A Climatologia e a Meteorologia ��������������������������������������������������������������������� 13

A atmosfera terrestre e suas camadas�����������������������������������������������������������17

Ventos locais ������������������������������������������������������������������������������ 27

Fatores influenciadores do clima�������������������������������������������������������������������� 27

Principais elementos do clima ������������������������������������������������������������������������ 29

Introdução ao estudo da hidrologia���������������������������������������������������������36

A distribuição, disponibilidade e uso da água no planeta ���������������������� 37

Hidrologia científica ou hidrologia clássica����������������������40

Os elementos climáticos e os fatores influenciadores do clima �� �� 49

A Pressão Atmosférica ������������������������������������������������������������ 57

As massas de ar atuantes no Brasil�������������������������������������� 70

Classificações climáticas �����������������������������������������������������������������������������74

Classificação climática de Flohn �������������������������������������������������������������������� 75

Classificação climática de Thornthwaite ���������������������������������������������������� 77

Classificação climática de Strahler���������������������������������������������������������������� 78

Classificação climática do Brasil �������������������������������������������������������������������� 85

Classificação climática de Köppen-Geiger�������������������������������������������������� 88

Classificação Climática de Köppen adaptada para o Brasil������90

O ciclo hidrológico �����������������������������������������������������������������������������������������97

Componentes do ciclo hidrológico����������������������������������������������������������������99

Interceptação �������������������������������������������������������������������������� 104

Escoamento superficial ��������������������������������������������������������109

Evaporação e Evapotranspiração ���������������������������������������116

Balanço hídrico climatológico (bhc)��������������������������������������������������������119

As bacias hidrográficas������������������������������������������������������������������������������� 130

Os lagos e mares fechados������������������������������������������������������������������������������ 134

A poluição atmosférica�������������������������������������������������������������������������������� 151

Fontes de poluição atmosférica��������������������������������������������������������������������� 151

Índice de qualidade do ar �������������������������������������������������������������������������������� 156

As mudanças climáticas e os efeitos da poluição atmosférica ������161

As mudanças climáticas e o efeito estufa�������������������������������������������������� 164

Acredito que, ao olhar o nome de nossa disciplina, você deve

Para isso, inicialmente iremos introduzi-lo(a) em vários as-

Dito isso, aproveite a leitura, tenha boas reflexões e óti-

Olá, sou o professor José Stroessner e sou Bacharel e Licenciado em

◼ Conhecer as várias camadas da atmosfera e a circulação de ar

◼ Conhecer e compreender os fatores influenciadores do clima e

◼ Compreender como se dá a distribuição espacial, disponibili-

◼ Descobrir como a hidrologia se desenvolveu e entender a sua

Neste material o tema principal será a introdução ao estudo

Após esse primeiro momento, você compreenderá como deve

Antes de finalizar nosso material, na segunda parte, abor-

Inicialmente, é indispensável que você entenda que, sendo

Seguindo esse pressuposto, é de alta relevância estudar a cli-

Só para você ter uma ideia dessa importância, sem a atmos-

Introdução ao estudo da climatologia �� 13

A Climatologia e a Meteorologia �� 13

A atmosfera terrestre e suas camadas��17

Ventos locais �� 27

Fatores influenciadores do clima�� 27

Principais elementos do clima �� 29

Introdução ao estudo da hidrologia��36

A distribuição, disponibilidade e uso da água no planeta �� 37

Hidrologia científica ou hidrologia clássica��40

Os elementos climáticos e os fatores influenciadores do clima �� 49

A Pressão Atmosférica �� 57

As massas de ar atuantes no Brasil�� 70

Classificações climáticas ��74

Classificação climática de Flohn �� 75

Classificação climática de Thornthwaite �� 77

Classificação climática de Strahler�� 78

Classificação climática do Brasil �� 85

Classificação climática de Köppen-Geiger�� 88

Classificação Climática de Köppen adaptada para o Brasil��90

O ciclo hidrológico ��97

Componentes do ciclo hidrológico��99

Interceptação �� 104

Escoamento superficial ��109

Evaporação e Evapotranspiração ��116

Balanço hídrico climatológico (bhc)��119

As bacias hidrográficas�� 130

Os lagos e mares fechados�� 134

A poluição atmosférica�� 151

Fontes de poluição atmosférica�� 151

Índice de qualidade do ar �� 156

As mudanças climáticas e os efeitos da poluição atmosférica ��161

As mudanças climáticas e o efeito estufa�� 164