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GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
CONTROLE ADMINISTRATIVO E
FINANCEIRO NO AGRONEGÓCIO
Formação Técnica
Controle
Administrativo
e Financeiro no
Agronegócio
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-86344-41-7
Referências ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 82
Capacidades técnicas
Ao fim desta Unidade, você terá desenvolvido as competências
técnicas e de gestão, bem como os conhecimentos necessários
para o controle administrativo e financeiro do agronegócio.
Com carga horária de 40 horas, a Unidade foi organizada em quatro temas, diversos
tópicos e subtópicos relevantes para sua formação profissional.
Tema 2: A vida
financeira da 1.1 Definição de gastos (despesas,
custos, investimentos e perdas)
empresa rural: Tópico 1: Custos,
1.2 Classificação dos custos (fixos,
cálculos e despesas e receitas
variáveis, diretos e indiretos)
análises para o 1.3 Definição de receita e lucro
negócio
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 7
Tema 2: A vida 2.1 Capital de giro
Tópico 2: 2.2 Margem bruta
financeira da
Indicadores 2.3 Margem líquida
empresa rural: econômicos e de
2.4 Lucro
cálculos e rentabilidade do
empreendimento 2.5 Lucratividade
análises para o rural 2.6 Retorno do capital investido
negócio 2.7 Ponto de equilíbrio
Para fixar seu conhecimento, ao fim de alguns tópicos, você vai encontrar atividades
para colocar em prática o aprendizado imediatamente após passar pelos conceitos e
pelas teorias.
Comentários do autor
Todas as atividades buscam respeitar seu ritmo de aprendi-
zagem e são coerentes com o que você será capaz de fazer a
partir dos assuntos abordados.
Ao fim desta apostila, é disponibilizado um gabarito para que você verifique suas res-
postas.
Bons estudos!
O tema de aula Gestão do negócio rural vai abordar assuntos importantes para você
compreender a propriedade rural como um empreendimento. Para tanto, você vai co-
nhecer as diferenças entre pessoa física e pessoa jurídica, as funções da gestão e do
planejamento estratégico, a formação de preços dos produtos, a análise de mercado e
os canais de comercialização, com a intenção de tornar as operações e a propriedade
uma empresa de fato.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes capa-
cidades:
• usar ferramentas para análise administrativa, mercadológi-
ca e contábil dos produtos agropecuários, agroindustriais e
de serviços; e
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 11
Nesse contexto, os ambientes interno e externo da propriedade merecem atenção, já
que algumas variáveis podem interferir no desenvolvimento do empreendimento. Ob-
serve alguns exemplos:
• Condições edafoclimáticas
• Ambiente institucional
• Entrada (insumos e mão de obra)
• Política agrícola
• Transformação (custos e finanças)
• Legislação
• Saída (produto final e resultado
econômico)
• Mercado
• Tecnologias
Tenha em mente que conhecer, entender, analisar e, se necessário, mudar esses fato-
res são ações indispensáveis ao empreendedor rural. Para isso, ele pode lançar mão
de ferramentas estratégicas.
Forças Fraquezas
FOFA
Fatores externos
Oportunidades Ameaças
Os produtores rurais podem ser formalizados como pessoa física, quando usam o Ca-
dastro de Pessoas Físicas (CPF) para executar as ações inerentes à produção e à
comercialização em sua propriedade, ou jurídica, quando usam o Cadastro Nacional
da Pessoa Jurídica (CNPJ) com o mesmo propósito.
A classificação das empresas rurais é baseada na sua formação básica, conforme ex-
posto a seguir.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 13
A Sociedade Limitada (Ltda.) envolve duas ou mais pessoas em
Ltda.
sociedade.
De modo geral, no Brasil, as atividades rurais são formalizadas como pessoa física,
devido à maior facilidade operacional e tributária. Para formalização como pessoa jurí-
dica, antes da decisão, o produtor precisa conhecer os deveres e os direitos atribuídos
sob cada formalização. Para tanto, pode consultar sindicatos rurais ou particulares ou
outro órgão competente.
Leitura complementar
Saiba mais sobre os regimes tributários no material comple-
mentar, disponível na biblioteca do AVA. Nele, você também
encontra outras informações sobre pessoa física e jurídica.
Saiba mais
O ITBI é um tributo que deve ser pago sempre que ocorre a
compra ou a transferência de imóveis. Leia o texto O ITBI e as
operações financiadas pelo sistema financeiro da habitação,
disponível na biblioteca do AVA, para saber mais.
Como dito, o produtor rural pode fazer movimentações financeiras, como comerciali-
zação e compra de produtos, com seu CPF; porém, nesse caso, estará sujeito a fazer o
livro-caixa, que é o registro eletrônico de todas as receitas e despesas geradas pela
atividade durante um ano ou mês.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 15
Toda empresa, seja pessoa física ou pessoa jurídica, deve ser tratada como um negó-
cio, e o gestor precisa ter em mente que o controle das finanças da sua empresa deve
ser feito separadamente das finanças pessoais.
Saiba mais
Quer mais informações sobre a forma de tributação da pessoa
física e da pessoa jurídica que traz mais vantagens para o pro-
dutor rural? Leia o artigo Comparação de regimes tributários
em uma propriedade rural no município de Ipiranga-PR, dispo-
nível na biblioteca do AVA, que traz diferentes cenários.
Na sequência, faça as atividades para fixar seu aprendizado sobre a temática deste
tópico.
Atividades de aprendizagem
1. Explique por que a Matriz Fofa é tão importante no processo de controle adminis-
trativo da empresa rural.
a) A contribuição de pessoa jurídica deve ser feita pelo regime de Lucro Presumido,
uma vez que possibilita a unificação dos impostos a serem pagos e facilita o pro-
cesso.
e) Para a pessoa jurídica, além dos impostos pagos pela pessoa física, é necessário
considerar o IRPJ, a CSLL, o PIS e a Cofins. A forma de pagamento depende do
modelo de empresa e do regime de enquadramento.
Glossário
Produto Interno Bruto (PIB): soma de todos os recursos
gerados pelos bens e produtos de um país, estado ou municí-
pio, anualmente.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 17
Planejamento
Tem por escopo a definição dos objetivos e das metas da em-
presa e o estabelecimento dos meios para alcançá-los. Esse tra-
balho é feito em parceria com os colaboradores (internos e ex-
ternos) e, normalmente, elaborado em forma de um plano.
Organização
Busca analisar os recursos materiais e humanos disponíveis na
empresa e organizá-los de modo a atingir os objetivos definidos
no momento do planejamento. Ou seja, é a divisão das tarefas
entre os setores e os colaboradores.
Direção
Supervisiona os trabalhos dos colaboradores para que tudo saia
conforme o planejado.
Controle
Tem por finalidade acompanhar o desenvolvimento do plane-
jamento e fazer os ajustes necessários para contribuir para o
alcance dos objetivos.
Essas funções devem ser usadas pelos gestores e administradores rurais de forma
conjunta, a fim de tornar a gestão mais prática e eficiente, dado que elas se comple-
mentam e facilitam o alcance dos objetivos planejados. Compreender as funções ad-
ministrativas é, portanto, a base para uma excelente gestão.
Saiba mais
Para obter mais informações sobre as funções administrativas,
acesse o documento Funções administrativas, de Luis Moretto
Neto, disponível na biblioteca do AVA.
Para chegar aos resultados esperados, é fundamental seguir as etapas da gestão elen-
cadas e exemplificadas a seguir.
Identificação de falhas
Por meio da análise dos indicadores, é possível identificar falhas na atividade. Por
exemplo: a expectativa de rendimento era de 70 sacas de soja por hectare com
a tecnologia aplicada; porém, o resultado obtido foi uma colheita de 40 sacas por
hectare.
• condições climáticas.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 19
Planejamento de ações e execução
Após trazer à luz o problema e suas causas, o gestor organiza ou define o que deve
ser feito para corrigir a falha; quem será o responsável, quando, como e com qual
frequência, e, inclusive, qual é o custo para solucionar o problema.
Monitoramento
Com a definição do plano de ação para a correção das falhas, o gestor deve mo-
nitorar e observar se o que foi proposto está produzindo o resultado planejado.
A correção das ações pode ser constante, uma vez que desvios sempre existirão.
Dessa forma, inicia-se um novo ciclo.
Saiba mais
Quer se aprofundar na importância das funções da gestão e do
controle dos empreendimentos rurais? Leia o artigo Importân-
cia das funções da administração para a gestão de proprieda-
des rurais, disponível na biblioteca do AVA!
• identificação da propriedade;
• levantamento patrimonial;
• recursos humanos;
• sistema produtivo; e
• sistema financeiro.
Leitura complementar
No material complementar, disponível na biblioteca do AVA,
você encontra um exemplo prático sobre o diagnóstico da pro-
priedade rural. Acesse e confira!
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 21
Itens de depreciação Itens de custo variável
• Manutenção de instalações
• Galpão de máquinas
• Manutenção de máquinas e
• Galpão de armazenamento de insumos
equipamentos
• Trator
• Análise de solo
• Pulverizador
• Energia e combustível
• Plantadeira
• Inseticidas, fungicidas e herbicidas
• Sistema de irrigação
• Sementes
• Colheitadeira
• Fertilizantes
Os objetivos podem ser entendidos como um “sonho” que o produtor/gestor tem ou,
ainda, como um propósito a ser alcançado. De forma geral, os objetivos definem aonde
se quer chegar.
Comentários do autor
Vale salientar que os objetivos não precisam ser voltados so-
mente à questão econômica da atividade. Eles podem ser vol-
tados, por exemplo, à inovação tecnológica, à produtividade,
ao mercado, às questões sociais e ambientais etc.
Ao contrário dos objetivos, que devem ser curtos, as metas devem ter algumas carac-
terísticas. Assim, uma meta deve ser:
• mensurável (ter uma forma de medição);
Com as metas estabelecidas, o próximo passo é pensar nas tarefas que devem ser
executadas. As informações necessárias para atingir cada meta podem ser obtidas a
partir das respostas de perguntas, como:
Informação extra
A ferramenta 5W2H, que corresponde às iniciais, em inglês,
das sete questões anteriores, auxilia a definir os planos de
ação. Quer saber mais? Acesse o material disponível na biblio-
teca do AVA.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 23
Antes de prosseguir com seu estudo, faça as atividades a seguir para fixar seu apren-
dizado.
Atividades de aprendizagem
1. O gerenciamento das empresas rurais passa por etapas importantes para alcan-
çar os resultados planejados. Sobre a etapa de produção de indicadores e análise,
qual das alternativas a seguir corresponde aos indicadores econômicos?
a) mensurável.
b) específica.
c) temporal.
d) alcançável.
e) significativa.
Glossário
Cadeias produtivas: conjunto de etapas sequenciadas, que
transformam os insumos e geram um produto final para a co-
mercialização. Os produtos gerados pelas operações da cadeia
produtiva podem ser bens ou serviços.
Como visto, a cadeia produtiva pode ser o canal de comercialização dos produtos pro-
duzidos na propriedade rural. A exemplo do sistema de integração, o produtor tem a
comercialização do produto garantida por meio de contrato, em que a indústria se
compromete a comprar a produção.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 25
Em um ambiente de mercado com mais liberdade, para escolher o canal de comercia-
lização, o produtor precisa conhecer, entre outros aspectos:
• os custos de produção de seu produto;
Ação no campo
Um produtor produziu 3.000 kg de batata-doce a um custo de
R$ 0,75/kg e buscou analisar as três formas de comerciali-
zação: no atacado, no varejo e na venda direta. As ofertas de
comercialização foram:
• venda no atacado a um preço de R$ 1,50/kg, sem se pre-
ocupar com o transporte;
Atacado
Varejo
Venda direta
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 27
Glossário
Nichos de mercado: área específica de um setor; um público
com suas preferências e demandas próprias. Trata-se de uma
oportunidade de negócio, pois exclui a competitividade ao se
tornar um ambiente específico de atuação.
Para determinar em qual negócio investir ou, até mesmo, qual viés tomar na busca por
melhorias dos empreendimentos agropecuários já implementados, é preciso analisar
e buscar a diferenciação dos produtos. Nesse cenário, é importante se perguntar:
O que produzir?
Quanto produzir?
Como produzir?
Saiba mais
Saiba mais sobre as certificações com a leitura do texto Pano-
rama das qualificações e certificações de produtos agropecuá-
rios no Brasil, disponível na biblioteca do AVA.
Visto que o produtor rural é um tomador de preços, e não um formador de preços (ex-
ceto em alguns casos específicos de venda direta ao consumidor), é preciso considerar
as diferentes formas de influenciar positivamente os preços dos produtos.
Na formação dos preços dos produtos, a margem de lucro também deve ser aplicada,
de modo a ser suficiente para a sobrevivência da atividade e da família. Nesse sentido,
um produtor pode definir o preço de seus produtos a partir das seguintes estratégias
de comercialização:
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 29
Produtos a Produtos a Produtos a
preços altos preços médios preços baixos
Antes de encerrar este tema, fixe seus conhecimentos com as atividades propostas a
seguir.
Atividades de aprendizagem
1. As formas de comercialização influenciam, de forma significativa, os negócios do
produtor. Com isso em mente, analise as alternativas a seguir e identifique as ver-
dadeiras (V) e as falsas (F).
a) F, F, V, F, V.
b) V, F, V, V, F.
c) F, V, F, V, F.
d) V, F, V, F, V.
e) V, V, F, V, V.
2. Leia com atenção as alternativas a seguir e assinale a única opção que não é con-
siderada uma influência positiva na formação dos preços dos produtos agrícolas.
b) Estratégia de comercialização.
c) Produto de qualidade.
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Gestão do negócio rural. Em seus estudos, você compreen-
deu os fundamentos da gestão no agronegócio, os objetivos e as funções administra-
tivas, além do comportamento do mercado e das estratégias de comercialização de
produtos agropecuários.
No próximo tema, vamos falar sobre as finanças de uma empresa rural, isto é, os cus-
tos, as despesas e as receitas.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 31
02
A vida financeira
da empresa rural:
cálculos e análises
para o negócio
Tema 2: A vida financeira da empresa
rural: cálculos e análises para o negócio
Na atualidade, a propriedade rural passa por grandes transformações, especialmente
na área da gestão, pois é preciso controlar e administrar o patrimônio. Para isso, de-
ve-se levar em conta alguns aspectos, como a coleta de informações, a aplicação de
cálculos, a análise de indicadores e de planos de ação.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você desenvolverá a seguinte capacidade:
• realizar cálculos de receita, lucro e custos de produção.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 33
Tópico 1: Custos, despesas e receitas
Os custos, as despesas e as receitas são os pilares do controle administrativo. Nas
atividades agrícolas, a análise desses elementos contribui, de forma efetiva, para o
controle e a gestão dos recursos das empresas rurais. Isso significa que o produtor
consegue observar o comportamento econômico das suas atividades.
Atenção
Receita é diferente de lucro: receita representa o fatura-
mento da propriedade. É o valor recebido pela comercialização
dos produtos de uma atividade agropecuária sem remunerar
as despesas necessárias para a produção. Lucro é o valor que
sobra no “caixa” da atividade depois de pagas todas as despe-
sas referentes à produção.
Existem diversos termos envolvidos na vida financeira de uma empresa. Saber o que
significam é essencial para administrar o capital do negócio, que também pode ser
chamado de patrimônio da empresa, o qual inclui todos os bens, direitos e obrigações,
desde o que é físico (dinheiro, instalações, máquinas etc.) até o que não é (direito de
marca de um produto, por exemplo).
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 35
a) Custo Operacional Efetivo (COE) – custos variáveis e/ou diretos
O COE é todo custo que gera desembolso ao produtor, ou seja, são os custos dire-
tos necessários para que a produção ocorra em um ciclo produtivo agropecuário. Logo,
pode ser definido assim:
Para melhor compreender os itens que compõem o COE, considere, por exemplo, a
energia elétrica: pode-se pensar que ela é um custo fixo, já que é paga todo mês.
Porém, a energia elétrica é um item que gera desembolso e sofre variações men-
sais. Dessa forma, é considerada um COE.
11,78%
Minerais
25% 7,36%
Silagem Medicamentos
3,69%
Herbicidas
5,89%
Mão de obra
contratada
12,73%
Manutenção de 3,39%
máquinas Combustível
e equipamentos
6,18%
Energia
elétrica
5,15% 7,50%
Manutenção 11,33% Impostos
de benfeitorias Manutenção e taxas
de pastagens
Esse gráfico permite comparar os custos com outras propriedades ou, até mesmo, com
trabalhos e referências da literatura. Vale dizer que o COE também pode ser calculado
por unidade produzida para melhor visualizar o impacto desse custo sobre a produção.
A mão de obra familiar (MDOF) tem grande relevância nas atividades agropecuá-
rias, especialmente nas pequenas propriedades rurais. Por ser um custo fixo, é per-
manente e impacta o custo de produção.
Total 2.424,00
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 37
Nesse caso, a mão de obra é contabilizada como um salário-mínimo ao mês, que é a
remuneração (pró-labore) dos empreendedores do negócio. Essa remuneração pode
ser baseada na diária paga a um diarista, com o objetivo de se aproximar ainda mais
dos custos reais de produção.
Glossário
Pró-labore: remuneração que o empreendedor recebe pelo
seu trabalho para custear suas despesas. Pode ser associado
ao salário recebido por uma pessoa que exerça as funções no
lugar do gestor ou do empreendedor do negócio.
As benfeitorias, as máquinas, os
equipamentos, os animais de re-
produção e de serviço, as forra-
geiras perenes, entre outros, em
algum momento, sofrem perda da
capacidade produtiva. Portanto, a
depreciação não é um custo de de-
sembolso, e sim uma forma de se
preparar para trocar um bem suca-
teado.
Glossário
Valor de sucata: nome dado a determinado bem cuja vida
útil acabou. Pode ser chamado, também, de valor final ou valor
residual. Geralmente, nos cálculos de depreciação, não se con-
sidera o valor de sucata, pois um bem totalmente sucateado
tem valor muito baixo, mesmo se vendido a um ferro-velho.
Leitura complementar
Um exemplo de aplicação do cálculo de depreciação está no
material complementar, disponível na biblioteca do AVA. Não
deixe de conferir!
Além da mão de obra familiar e das depreciações, o custo fixo também é composto
pelo Custo de Oportunidade (CO). O CO sobre o capital empatado se refere ao paga-
mento de juros sobre o capital. É como se o produtor tivesse emprestado esse capital
a ele mesmo para que a produção ocorra.
Glossário
Capital empatado: valor de capital investido em bens físicos
da propriedade (benfeitorias, máquinas, equipamentos etc.);
investimento no qual o produtor não tem retorno direto. Por
isso, é usado o termo “empatado”.
O CO deve ser contabilizado com base na média histórica da taxa de juros da poupan-
ça, 6% ao ano, e calculado de forma individual para cada bem. O valor de novo (VN)
será subtraído do valor de sucata (S) e dividido por 2 para se obter o valor médio do
bem. O objetivo dessa divisão é estabilizar linearmente o valor de juros durante a vida
útil do bem, uma vez que é mais difícil determinar o valor de um bem já utilizado. A
fórmula para o cálculo do CO é:
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 39
Na ponta do lápis
Para entender a aplicação do CO, considere que um produtor
de leite tem um sistema de ordenha canalizada no valor de
compra (novo) de R$ 70.000,00 e dentro da vida útil deter-
minada. Para definir o CO do capital médio empatado desse
equipamento, é feito o seguinte cálculo:
Até o momento, você viu que, na gestão administrativa e contábil de uma propriedade,
é necessário considerar uma série de fatores e, principalmente, as particularidades de
cada cadeia produtiva. Além disso, aprendeu que o COT é a soma do COE, da MDOF e
das depreciações. Agora, vamos conhecer o Custo Total (CT).
Para definir o CT, deve-se somar o COT e o CO. Ou seja, somam-se os custos variáveis
e os fixos. Veja a fórmula:
CT = COT + CO
• MDOF = R$ 28.800,00;
• d = R$ 30.500,00; e
• CO = R$ 18.500,00.
COT=COE+MDOF+d
COT=R$ 155.660,00+R$ 28.800,00+R$ 30.500,00
COT=R$ 214.960,00
CT=COT+CO
CT=R$ 214.960,00+R$ 18.500,00
CT=R$ 233.460,00
Por fim, vale ressaltar que os custos de produção são fundamentais para os cálculos
dos indicadores de rentabilidade, que serão vistos mais adiante.
Saiba mais
No documento Custos de produção agrícola: a metodologia da
Conab, conheça a metodologia de elaboração de custos de pro-
dução da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O
link está disponível na biblioteca do AVA.
As atividades agropecuárias, muitas vezes, geram subprodutos, o que pode ser uma
boa alternativa para elevar a receita e agregar valor aos produtos provenientes da
atividade. Na produção de leite, por exemplo, podem ser gerados subprodutos como
queijo, manteiga, nata etc.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 41
A receita é obtida por meio da produção gerada pela atividade principal multiplicada
pelo preço médio de comercialização dos produtos e somada à receita de subprodutos,
se houver. Isso é chamado de renda bruta (RB). A fórmula para calcular a RB é:
Na ponta do lápis
Para entender melhor, considere um apicultor que comercia-
lizou 3.500 kg de mel, a um preço médio/kg de R$ 12,00, e
gerou mais R$ 6.000,00 com a venda de própolis. Com base
nessas informações, vamos calcular a RB:
A RB, ou receita da atividade, impacta diretamente o lucro, que é obtido por meio
da RB gerada pela atividade menos todos seus custos. Ou seja, é a diferença entre a
renda gerada e os custos. Mais informações sobre o lucro serão abordadas no Tópico
2 deste Tema.
Que tal fixar os conhecimentos obtidos com o estudo deste tópico? Faça as atividades
propostas a seguir.
Atividades de aprendizagem
1. Sobre os custos de produção, analise as alternativas a seguir e marque a única
correta.
a) d = R$ 3.066,66.
b) d = R$ 6.100,00.
c) d = R$ 4.066,66.
d) d = R$ 4.880,00.
e) d = R$ 3.485,71.
Os indicadores econômicos, tais como capital de giro, margem bruta, margem lí-
quida, lucro, lucratividade, retorno do capital investido e ponto de equilíbrio,
demonstram a capacidade de a empresa rural obter retorno sobre seu capital. São
importantes para a comparação com resultados anteriores e de outros produtores da
região. É sobre eles que falaremos a seguir.
Saiba mais
Leia o documento Conceitos e métodos aplicados à gestão de
empreendimentos rurais e custos de produção nos programas
da Epagri, disponível na biblioteca do AVA, para saber mais
sobre os indicadores econômicos e de rentabilidade do negócio
rural.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 43
2.1 Capital de giro
Para obter o capital de giro de uma propriedade, basta somar as contas a receber, ou
recebidas, e o estoque de produtos, e descontar as contas a pagar, ou pagas, de um
período determinado. Veja a fórmula:
Comentários do autor
Lembre-se de que, sem capital de giro, o produtor não con-
segue investir ou se manter na atividade. É comum que os
produtores não façam capital de giro e se preocupem somente
com o momento, o que representa um grande risco futuro para
a continuidade das atividades. Apesar de o produtor não ter
ou obter pouco capital de giro, uma alternativa é ter estoque
de capital líquido em sua empresa. Por exemplo: estoque de
capital em animais, que, em casos de extrema necessidade,
pode ser transformado em moeda corrente e, assim, formar o
capital de giro novamente.
A formação de capital de giro nas empresas rurais é, portanto, uma reserva não so-
mente para novos investimentos e aquisição de mais recursos para um próximo ciclo
produtivo, mas também para prevenir possíveis perdas em um ano produtivo, decor-
rentes de instabilidades climáticas, alta oferta e baixa demanda que “puxam” os pre-
ços para baixo e geram prejuízos etc.
MB = RB – COE
A margem líquida (ML) está diretamente relacionada aos custos variáveis e fixos de
uma atividade. Ela permite que o produtor analise a viabilidade da atividade a curto e
a médio prazo. Para calculá-la, é necessário subtrair o Custo Operacional Total (COT)
da RB (lembre-se de que o COT é composto por COE, depreciação e mão de obra fa-
miliar). Observe a fórmula:
ML = RB – COT
2.4 Lucro
O lucro (L) é um indicador que expressa a viabilidade de uma atividade a longo prazo,
ou seja, refere-se às sobras monetárias da atividade analisada. Para chegar ao valor
do lucro, primeiro se define a RB e, em seguida, a MB e a ML.
Para fazer o cálculo, subtrai-se da RB o Custo Total (CT), formado pelo COT e pelo
Custo de Oportunidade (CO). Observe:
L = RB – CT
Leitura complementar
Confira, no material complementar, disponível na biblioteca do
AVA, a aplicação dos cálculos de margem bruta, margem líqui-
da e lucro.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 45
2.5 Lucratividade
Na ponta do lápis
Um produtor de uva obteve, na última safra, um lucro de R$
15.550,00 e uma RB de R$ 98.667,00. Para calcular a lucrati-
vidade, deve-se fazer o seguinte cálculo:
Também conhecido como taxa de retorno do capital (TRC), esse indicador representa
o quanto a atividade retorna ao produtor do capital investido, considerando a terra
ou não. Assim, indica se é viável continuar na atividade, a partir da identificação dos
resultados alcançados: se estão abaixo da referência em aplicações bancárias, como
a média histórica da taxa de juros da poupança, que é de 6% ao ano, ou acima dessa
referência. Em outras palavras, a TRC indica a atratividade do negócio analisado.
Para obter a taxa de retorno do capital sem terra (TRCST), considera-se a mar-
gem líquida dividida pelo estoque de capital sem terra (ECST) e multiplicada por
100. Observe a fórmula:
Na ponta do lápis
Para exemplificar o indicador TRCST, considere um produtor
de gado de leite, que tem um estoque de capital médio na
atividade em benfeitorias, máquinas e equipamentos de R$
150.000,00; em forrageiras não anuais, de R$ 30.000,00, e
em animais, de R$ 250.000,00. Esse produtor apresenta mar-
gem líquida de R$ 60.000,00.
O ponto de equilíbrio é apontado pelo ponto de cobertura total (PCT). Por meio
dele, é possível saber quanto da produção é comprometida para remunerar o Custo
Total (CT) da atividade. Para efetuar o cálculo do PCT, basta usar o valor do CT e divi-
di-lo pelo preço médio de comercialização dos produtos. Veja a fórmula:
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 47
Na ponta do lápis
Na prática, considere que um produtor de tomate, durante
uma safra, obteve um CT de R$ 75.855,00 e comercializou o
produto a um preço médio de R$ 7,50/kg. Para definir a quan-
tidade de tomate necessária para pagar o CT, é feito o seguinte
cálculo:
Atividades de aprendizagem
1. Uma propriedade dedicada à produção de tomate produziu, no último ano, 40.000
kg e obteve, na comercialização, um preço médio de R$ 5,50 por kg. Para obter
essa receita, o produtor teve um custo operacional de R$ 135.000,00. Além disso,
a propriedade tem um estoque de capital sem terra envolvido na atividade no va-
lor de R$ 250.000,00. Com base nessas informações, leia as alternativas a seguir
e marque a única correta.
Encerramento do tema
Você encerrou o tema A vida financeira da empresa rural: cálculos e análises
para o negócio. Nele, você aprendeu sobre custos, despesas e receitas, e conheceu
indicadores econômicos e de rentabilidade do empreendimento rural a fim de aplicar
esse aprendizado e, assim, obter melhores resultados.
Todas as informações deste Tema são importantes para você manter o controle opera-
cional e avaliar continuamente sua atividade. Lembre-se sempre de que não é possível
gerenciar algo que não é medido.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 49
03
Gestão e controle
do patrimônio do
empreendimento
rural: contribuições da
contabilidade
Tema 3: Gestão e controle do patrimônio
do empreendimento rural: contribuições
da contabilidade
No tema de aula Gestão e controle do patrimônio do empreendimento rural:
contribuições da contabilidade, você vai aprender sobre os demonstrativos finan-
ceiros e contábeis, além de entender as características de contabilidade fiscal para a
empresa rural.
Por fim, será abordada a tributação das propriedades rurais, que, atualmente, mostra-
-se indispensável para a longevidade das empresas.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes capa-
cidades:
• construir demonstrativos de fluxo de caixa e de resultados
do exercício;
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 51
• compreender as características de contabilidade fiscal para
a empresa rural; e
Esse controle pode ser feito manualmente, com o uso de cadernos e planilhas, ou, de
forma fácil e simples, por meio de planilhas eletrônicas, softwares e até plataformas
digitais. Na sequência, acompanhe uma forma de controle de estoque. Tenha em men-
te a importância de construir uma planilha de forma que seus itens sejam dispostos
separadamente para facilitar a visualização.
Produto/insumo: Mineral
Perceba que, com o passar do tempo, o produtor vai adquirir as quantidades necessá-
rias mais próximas da data de uso, o que evitará que os produtos fiquem armazenados
por longos períodos e tenham sua qualidade comprometida.
Atenção
O estoque é um fator que pode passar despercebido aos olhos
dos gestores e gerar muitos custos de produção se os produ-
tos forem mal armazenados. Por isso, é essencial que as pro-
priedades, independentemente do tamanho, façam controle de
estoque.
Observe, na prática, como esse controle se aplica. Aqui, podemos acompanhar o exem-
plo de um fluxo de caixa feito nos primeiros seis meses do ano na atividade de avicul-
tura de postura, que comercializa a produção de ovos no atacado e no varejo.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 53
Fluxo de caixa
Investimentos - - - - - 2.100,00
Custos
3.000,00 2.500,00 2.300,00 3.300,00 3.500,00 3.750,00
variáveis
Comercialização
de produtos 2.750,00 2.500,00 2.900,00 2.800,00 3.100,00 2.950,00
(atacado)
Comercialização
de produtos 1.550,00 2.100,00 1.750,00 1.500,00 1.400,00 1.350,00
(varejo)
Total de
4.300,00 4.600,00 4.650,00 4.300,00 4.500,00 4.300,00
receitas
Saldo
550,00 1.850,00 3.450,00 3.700,00 3.950,00 3.750,00
acumulado
Logo, o fluxo de caixa é uma forma contábil de observar onde o dinheiro é aplicado
ou gasto e, a partir disso:
Como forma de organização diária dos gastos e das receitas da propriedade, o livro-
-caixa pode ser feito de forma simples, com o uso de tabelas de entradas de receitas,
investimentos e saídas ou gastos com as atividades. Observe um exemplo que contém
a descrição de alguns itens da estrutura do livro-caixa:
Concentrado
Medicamentos
Mão de obra
contratada
TOTAL
Controle de entradas
Comercialização a
atacado
Comercialização a
varejo
TOTAL
Controle de investimentos
Aquisição de pintainhos
TOTAL
Toda empresa rural precisa fazer o DRE para, a partir de sua análise, visualizar os
resultados financeiros. Veja, a seguir, o exemplo de um DRE fictício para uma proprie-
dade produtora de aves de corte, que também produz milho, no período de um ano.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 55
Itens do DRE Valores
Receitas
Custos
Lucro R$ 38.200,00
Comentários do autor
Nesse exemplo de DRE, a terminologia de custos (COE, COT
e CT) e de resultados (MB, ML, L) foi usada conforme o que a
metodologia já adota. No entanto, na literatura, podem existir
outras terminologias, como custo variável, custo fixo e lucro
líquido.
Perceba, por fim, que o DRE é uma forma resumida de apresentar as movimentações
financeiras necessárias para que a produção ocorra, e que seu objetivo final é observar
o lucro.
Patrimônio É a diferença entre o ativo e o passivo da empresa rural, que pode ser
definida como o valor ou a riqueza real da propriedade, descontado
líquido tudo o que a empresa precisa pagar, que pertence ao produtor.
Para exemplificar como é feito o balanço patrimonial, confira os dados de uma proprie-
dade hipotética:
Balanço Patrimonial
Obrigações
Contas a receber - 80.000,00
trabalhistas
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 57
Patrimônio líquido (R$)
Lucro 125.000,00
Saiba mais
Aprofunde-se na temática deste tópico com a leitura do arti-
go Contabilidade rural aplicada em uma pequena propriedade,
disponível na biblioteca do AVA.
Agora, que tal fixar o conhecimento adquirido até aqui? Responda às questões propos-
tas a seguir.
Atividades de aprendizagem
1. Em relação aos demonstrativos financeiros e contábeis, analise as seguintes afir-
mações:
III. O DRE é feito com base no ativo e no passivo financeiro da empresa e visa obter
o lucro líquido.
a) I apenas.
b) II apenas.
d) II e III apenas.
e) I e II apenas.
a) controle de estoque.
d) balanço patrimonial.
e) livro-caixa.
Neste tópico, você vai conhecer as características e as formas de controle fiscal e fi-
nanceiro de tributos aplicados à propriedade rural, além dos principais tributos atrela-
dos a esses empreendimentos.
A carga tributária tem aumentado e preocupado o produtor rural, já que, para manter
a produção, é preciso se adequar e fazer o controle fiscal.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 59
Glossário
Controle fiscal: conjunto de obrigações tributárias que a em-
presa rural deve ajustar perante o fisco, em prazos determi-
nados, em alguns casos, ou quando faz uma movimentação
financeira de compra e venda de produtos.
As propriedades rurais enfrentam alguns desafios para efetuar o controle fiscal, tais
como:
Dica
Para ter mais segurança em relação à organização dos tributos
a serem pagos, recomenda-se a adoção de um sistema de re-
gistro, que pode ser eletrônico. Dessa forma, o produtor evita
o esquecimento dos prazos e evita transtornos.
Uma das principais formas de tributação que incide sobre as propriedades rurais é a
emissão de nota fiscal de produtor rural, feita no momento da comercialização da
produção. Trata-se de um documento de fiscalização obrigatório para a movimentação
de bens e mercadorias feita na propriedade rural entre o produtor e o comprador.
Caso prático
Para exemplificar a quantia de Funrural recolhido por pessoa
física, considere uma propriedade que comercializou leite a
uma cooperativa no valor de R$ 30.000,00. Nesse caso, o Fun-
rural incidente é de 1,5%, ou seja, R$ 450,00. Isso significa
que o produtor receberá da cooperativa o pagamento de R$
29.550,00.
Vale dizer que, em alguns casos, existe isenção para Funrural, como quando o produ-
to é adquirido diretamente do produtor e com uso final na propriedade, ou seja, sem
atravessadores no processo.
As notas fiscais podem ser emitidas em papel ou de forma eletrônica, a chamada Nota
Fiscal de Produtor Eletrônica (NFP-e). A obrigatoriedade da emissão da nota ele-
trônica varia de acordo com cada estado. Porém, em termos gerais, ela tem a mesma
validade e as características da nota fiscal impressa.
Saiba mais
Obtenha mais informações sobre a emissão de nota fiscal ele-
trônica, por meio do guia de emissão para o Estado do Paraná.
O link está disponível na biblioteca do AVA.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 61
2.3 Tributação em empreendimentos rurais (ITR, CCIR, IRPF)
Os principais tributos relacionados às empresas rurais e que devem ser pagos para
garantir o desenvolvimento das atividades agropecuárias são três: Imposto Territorial
Rural (ITR), Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) e Imposto de Renda de
Pessoa Física (IRPF). Na sequência, acompanhe informações sobre cada um.
O ITR é o imposto pago sobre a área de uma propriedade rural, previsto na Constitui-
ção Federal. Os responsáveis pela fiscalização e pela cobrança do imposto são a União
ou os municípios. Quando cobrado pela União, 50% do valor arrecadado volta ao mu-
nicípio de origem; por outro lado, quando o município faz a cobrança, a totalidade do
imposto recolhido permanece nele.
Glossário
Módulo fiscal: unidade de medida em hectares estabeleci-
da pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) com valores diferentes para cada município.
Para declarar ou pagar o ITR, o produtor precisa ter o valor da terra nua tributável
(VTNt) multiplicado por uma alíquota determinada em tabelas, que também pode
ser calculada. A fórmula, portanto, é:
Leitura complementar
Veja mais detalhes do cálculo do ITR no material complemen-
tar, disponível na biblioteca do AVA.
Esse imposto incide sobre todas as propriedades rurais e deve ser pago anualmente.
Seu recolhimento é feito pelas prefeituras e/ou sindicatos presentes nos municípios,
que têm vínculo com o Incra e, esse, por sua vez, com a Receita Federal. O pagamento
fora do prazo resultará em cobrança de juros e multa, conforme a Lei n.º 9.393/96.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 63
Fonte: Getty Images.
Logo, para regularizar corretamente sua unidade produtiva, o produtor rural deve se
atentar à emissão do cadastro. A obtenção do CCIR pode ser feita eletronicamente, no
Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), ou em órgãos, como a Secretaria da
Agricultura do município, sempre com o certificado emitido no ano anterior em mãos.
Atenção
O CCIR é obrigatório, porém, só é validado com o pagamento,
em uma agência do Banco do Brasil, da Guia de Recolhimento
da União (GRU), emitida com o documento e com prazo de
validade. O valor do imposto varia conforme o tamanho do
imóvel (hectares ou módulos fiscais). Se não for recolhido, ou
seja, ficar em débito, na emissão do próximo CCIR, o produtor
pagará multas e juros sobre o valor em débito do ano anterior.
O produtor deve pagar o CCIR de cada imóvel rural registrado no Incra, independen-
temente da área (muitas vezes, o imóvel está dividido em mais de um registro ou
uma escritura). O documento somente será emitido se o imóvel estiver registrado em
cartório. Por fim, o cadastramento dos imóveis rurais é importante para o governo to-
mar decisões em relação à criação e à ampliação de políticas públicas direcionadas à
agricultura, fundamentais para o desenvolvimento e o crescimento das propriedades
rurais.
O imposto rural (IR) é cobrado pela Receita Federal sobre a movimentação econô-
mica feita nas propriedades rurais e pode incidir sobre pessoa física (IRPF) ou jurídica
(IRPJ). Seu cálculo é baseado nas receitas e nas despesas da atividade rural, contabi-
lizadas em livro-caixa, disponibilizado, inclusive, on-line pela Receita Federal.
O produtor rural pessoa física não precisa preencher o livro-caixa, pois o cálculo pode
ser feito pelo modelo simplificado, que considera 20% sobre a receita total bruta
como forma de custos. Apesar disso, é obrigado a apresentar, por meio de documen-
tos, as receitas e as despesas da atividade referentes a um ano.
Leitura complementar
No material complementar, disponível na biblioteca do AVA,
acompanhe um exemplo de cálculo que usa o modelo simplifi-
cado, além da tabela de alíquotas.
O modelo simplificado não permite envolver deduções, ou seja, deduzir custos com
dependentes, já que é calculado sobre um montante específico; diferentemente da
declaração completa, que é um modelo que permite a contabilização de dependentes.
Saiba mais
A fim de exemplificar, o site da Receita Federal traz informa-
ções sobre a declaração referente ao ano de 2022. Acesse o
link na biblioteca do AVA.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 65
Mesmo isentos de IRPF, os produtores devem apresentar as informações econômicas
sobre as atividades da propriedade no Cadastro de Atividade Econômica da Pes-
soa Física (CAEPF), para, assim, comprovar a isenção de imposto à Receita Federal.
Os prazos de pagamento de IRPF variam de ano para ano e são divulgados no site do
órgão. É necessária atenção ao preencher a documentação, pois o não cumprimento
da legalidade pode gerar multas expressivas.
Glossário
CAEPF: sistema que possibilita ciência do Governo Federal em
relação às atividades dos produtores rurais, direito aos bene-
fícios previdenciários para os profissionais, regulamentação às
regras da Receita Federal e cumprimento das obrigações do
Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previ-
denciárias e Trabalhistas (eSocial).
O produtor rural pode obter informações e fazer sua Declaração de Imposto sobre
Renda da Pessoa Física (DIRPF) nos sindicatos rurais de cada município, o que
torna o processo mais seguro, já que essas instituições são providas de profissionais
capacitados. Também é obrigatório fazer a declaração do eSocial, que somente pode
ser feita após o registro das informações no CAEPF, independentemente de se pessoa
física ou jurídica.
Agora que você já sabe da importância da contabilidade fiscal para evitar problemas
futuros perante as legislações vigentes, resolva as questões propostas a seguir.
III. ( ) O cálculo do ITR é baseado no valor da terra não tributável (VNTt) multi-
plicado por uma alíquota determinada pelo grau de utilização e pela área total do
imóvel rural.
a) F, F, V, F, V.
b) V, F, V, F, V.
c) F, V, F, V, F.
d) V, F, V, F, F.
e) V, V, F, V, V.
2. Explique o que é o controle fiscal nas empresas rurais e descreva como ele ocorre.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 67
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Gestão e controle do patrimônio do empreendimento ru-
ral: contribuições da contabilidade. No decorrer dele, foram abordados assuntos
importantes que contribuem de forma positiva para a melhoria dos resultados das
empresas rurais. Você estudou e viu como devem ser feitos o controle de estoque e
de fluxo de caixa, o demonstrativo do resultado do exercício e o balanço patrimonial,
além de aprender sobre o controle fiscal dos principais tributos incidentes nas empre-
sas rurais.
No último tema, você vai aprender sobre balança comercial e legislação ambiental.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes capa-
cidades:
• interpretar os resultados da balança comercial; e
Nesses cenários, a balança comercial pode ser avaliada sob três formas:
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 71
Informação extra
Os resultados da balança comercial do Brasil são divulgados
semanalmente, mensalmente e anualmente, pela Secretaria
de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia (ME),
e contam, também, com informações dos estados e dos mu-
nicípios. A Organização Mundial do Comércio (OMC) é o órgão
que rege as relações comerciais entre países e impõe regras
para o bom funcionamento dessas relações. Para saber mais
sobre a OMC, acesse o link disponível na biblioteca do AVA.
50,4
Total 219,4
280,6
-43,8
Outros setores 203,9
160,0
105,1
Agro 15,5
120,6
Ao analisar o gráfico, perceba, por meio das informações destacadas, que o setor do
agronegócio representou, em 2021, 43% das exportações. Isso deixa claro que o setor
promove uma estabilidade econômica fundamental para o desenvolvimento do país.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 73
Qualquer oscilação desses componentes terá influência positiva ou negativa sobre a
balança comercial e, consequentemente, sobre o PIB do país.
Agora, que tal fixar o conhecimento adquirido? Responda às questões propostas a se-
guir.
Atividades de aprendizagem
1. A balança comercial de um país é regulada pelas exportações e pelas importações.
Quando um país apresenta maior exportação do que importação, é correto afirmar
que:
a) Taxa de câmbio.
c) Taxa de cobertura.
d) Medidas protecionistas.
e) Importação e exportação.
Comentários do autor
Para o novo Código Florestal, a RL, que deve ser averbada em
cartório, é substituída pelo CAR, o que não gera custos eleva-
dos.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 75
Fonte: Getty Images.
Glossário
Área consolidada: área que deveria ser de preservação per-
manente, mas onde foram implantadas, antes do dia 22 de
julho de 2008, construções ou atividades agrossilvipastoris.
Nesse caso, essa área não precisa de recuperação, mas deve
permanecer intacta.
A legislação ambiental é aplicada sobre as APPs e as RLs bem como sobre as ativida-
des agropecuárias que apresentam potencial poluidor. Para exemplificar, confira, na
sequência, as exigências sobre a atividade suinícola, de acordo com o Instituto do
Meio Ambiente (IMA) do estado de Santa Catarina.
Para operar dentro do estabelecido pela lei, a atividade suinícola precisa atender aos
seguintes aspectos:
• a pocilga e o tanque de armazenamento de dejetos devem estar distantes 15 me-
tros de estradas federais e estaduais, e distantes 10 metros de estradas municipais,
além da faixa de domínio;
• as instalações devem estar distantes 20 metros das residências e das divisas de
terras;
• para rios com largura de até 10 metros, a distância das instalações deve ser de 30
metros;
• para rios com largura entre 10 e 50 metros, a distância das instalações deve ser de
50 metros; e
• para rios que apresentam largura entre 50 e 200 metros, a distância das instalações
deve ser de 100 metros.
As distâncias mencionadas podem sofrer variações em cada região do Brasil. Por isso,
é importante consultar o órgão estadual do meio ambiente do seu estado.
Saiba mais
Na biblioteca do AVA, você encontra diversos links para com-
plementar seus estudos, que incluem informações sobre as fai-
xas de recomposição das APPs perante a legislação ambiental,
o tamanho do módulo fiscal do seu município (Instrução Espe-
cial n.º 20/80 do Incra), a Política Nacional do Meio Ambiente
(Lei n.º 6.938/81), a legislação ambiental brasileira e as regras
gerais, além do novo Código Florestal (Lei n.º 12.651/2012).
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 77
Instituído pela Lei n.º 12.651/2012
e implantado pela Instrução Nor-
mativa n.º 02/2014, pelo Ministé-
rio do Meio Ambiente, o CAR é um
registro eletrônico para a regulari-
zação, a identificação e o monitora-
mento ambiental das propriedades
rurais.
Licença
Avaliação dos empreendimentos em relação aos impactos ambientais.
Prévia (LP)
Saiba mais
Para mais informações sobre licenciamento ambiental, acesse
a Cartilha para Licenciamento Ambiental, disponível na biblio-
teca do AVA, bem como as resoluções Conama n.º 06/1987
e Conama n.º 237/1997, e a Lei n.º 9.605/98 (lei de crimes
ambientais).
Atividades de aprendizagem
1. As áreas de mata nativa que percorrem as margens de corpos de água, com decli-
ve acentuado, de grande altitude e montanhosas são consideradas:
c) áreas consolidadas.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 79
2. Com base no estudo sobre a aplicação da legislação ambiental nas empresas ru-
rais, explique a importância e a obrigatoriedade da inscrição no CAR.
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Tópicos relevantes para a gestão rural e pôde aprender so-
bre o comportamento da balança comercial e a aplicação da legislação ambiental nas
empresas rurais. Também descobriu a importância e a necessidade da adequação das
propriedades quanto ao CAR, assim como em relação ao licenciamento ambiental para
as atividades agropecuárias.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 81
Referências
APPY, B. O imposto territorial rural como forma de induzir boas práticas ambientais.
Belém: IPAM, 2015. 64 p. Disponível em: https://www.terrabrasilis.org.br/ecoteca-
digital/images/abook/pdf/2016/julho/Jul.16.08%20pdf.pdf. Acesso em: 19 abr. 2022.
BRASIL. Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012. Novo Código Florestal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso
em: 28 fev. 2022.
BRASIL. Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981. Política nacional do meio ambiente.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 28
fev. 2022.
LOURENZANI, W. L.; FILHO, H. M. S.; BÀNKUT F. I. Gestão da empresa rural: uma abor-
dagem sistêmica. Disponível em: http://www.gepai.dep.ufscar.br/pdfs/1102012100_
LourenzaniSouzaBankutipdf. Acesso em: 5 mar. 2022.
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 83
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE
MATO GROSSO. Municipalização do ITR - Imposto Territorial Rural. Famato; SENAR
Mato Grosso: Cuiabá, 2016. 41 p. Disponível em: http://appssenarmt.org.br/portal/
arquivos/05042016122937.pdf. Acesso em: 19 abr. 2022.
Tópico 2
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 85
Tópico 3
ML = RB – COT
ML = R$ 220.000,00 – R$ 135.000,00
ML = R$ 85.000,00
GESTÃO DO AGRONEGÓCIO
Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 87
2) A alternativa correta é a E: o livro-caixa registra as receitas e os custos de produ-
ção que compõem o COE, mas não registra despesas de custos fixos, porque não
geram desembolso direto ao produtor. O controle de estoque busca garantir que
não ocorra falta de insumos para a produção. O fluxo de caixa permite o controle de
entradas e saídas de recursos financeiros da atividade (o livro-caixa é usado para
fazer esses registros, que, por sua vez, são usados na elaboração do fluxo de cai-
xa). O DRE se refere ao levantamento de todos os custos, variáveis ou fixos, bem
como das receitas. Por meio dessas informações, é possível calcular a MB, a ML e
o L. Por fim, o balanço patrimonial leva em consideração os ativos e os passivos da
empresa rural e visa identificar o lucro.
Tópico 2
Tópico 2
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Controle Administrativo e Financeiro no Agronegócio 89
SGAN 601 MÓDULO K - EDIFÍCIO ANTÔNIO
ERNESTO DE SALVO - 1º ANDAR - BRASÍLIA
DISTRITO FEDERAL - CEP: 70830-021
FONE: + 55 61 2109 1300
ETEC.SENAR.ORG.BR
SENAR.ORG.BR