Apostila Técnicas e Sistemas de Produção Agropecuária

MÓDULO ESPECÍFICO I
OPERAÇÃO DAS CADEIAS

PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO
Técnicas e Sistemas de Produção Agropecuária
Formação Técnica
Curso Técnico EaD Senar
Técnicas e Sistemas de
Produção Agropecuária
SENAR - Brasília, 2021

S491c
SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

Curso técnico EaD SENAR: técnicas e sistemas
de produção agropecuária / Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural. – Brasília, DF: SENAR, 2021.
376 p. : il. ; 16 x 23 cm – (SENAR Formação
Técnica)
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-86344-56-1
1. Agropecuária. 2. Ensino a distância. 3.

Produtividade agrícola. I. Título. II. Série.
CDU 630
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422

Sumário
Introdução à Unidade Curricular �� 17
Tema 1: Contextualização do agronegócio �� 26
Tópico 1: O agronegócio nacional �� 27
Atividade de aprendizagem �� 28
Tópico 2: O agronegócio internacional �� 28
Tópico 3: Agências reguladoras no Brasil �� 30
3.1 Qual é o papel das agências reguladoras? �� 30
3.2 Quais são as agências reguladoras do Brasil? �� 31
Encerramento do tema �� 34
Tema 2: Sistemas de produção sustentável �� 36
Tópico 1: Produção vegetal �� 37
Tópico 2: Agricultura orgânica �� 40
2.1 Princípios da agricultura orgânica �� 41
2.2 Legislação da agricultura orgânica no Brasil �� 43
2.3 Certificação de produtos orgânicos �� 44
2.4 Implantação de um sistema orgânico �� 45
Tópico 3: Produção Integrada (PI) �� 46
3.1 Normas técnicas e legislação �� 48
3.2 Culturas com Produção Integrada no Brasil �� 48

Tópico 4: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) �� 50
4.1 Benefícios da ILPF �� 51
4.2 Implantação da ILPF �� 52
Tópico 5: Práticas agrícolas sustentáveis �� 54
5.1 Rotação de culturas �� 55
5.2 Adubação verde �� 55
5.3 Fixação biológica de nitrogênio (FBN) �� 56
5.4 Associações de fungos micorrízicos arbusculares (FMA) �� 58
Tópico 6: Manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas �� 59
6.1 Manejo integrado de pragas �� 59
6.2 Manejo integrado de doenças �� 62
6.3 Manejo integrado de plantas daninhas �� 63
Tema 3: Fundamentos de botânica �� 67
Tópico 1: O Reino Vegetal �� 68
1.1 Diversidade botânica �� 68
1.2 Classificação �� 69
Tópico 2: Noções de anatomia e morfologia vegetal �� 74
2.1 A planta �� 74
2.2 Raiz �� 74
2.3 Caule �� 75
2.4 Folha �� 76
2.5 Flor �� 77
2.6 Fruto �� 78

Atividades de aprendizagem �� 80
Tópico 3: Noções de fisiologia vegetal �� 80
3.1 Relações hídricas �� 81
3.2 Nutrição �� 83
3.3 Fotossíntese e respiração �� 85
3.4 Crescimento e desenvolvimento �� 87
3.5 Hormônios vegetais �� 88
Tema 4: Nutrição mineral e fertilidade do solo �� 91
Tópico 1: Nutrição mineral de plantas �� 92
1.1 Importância e classificação dos nutrientes minerais �� 92
1.2 Absorção de nutrientes pela planta �� 93
1.3 Funções dos elementos minerais �� 95
1.4 Sintomas de deficiência �� 96
1.5 Análise foliar �� 97
Tópico 2: Fertilidade do solo �� 98
2.1 Fertilidade do solo e produtividade agrícola �� 99
2.2 Fatores que influenciam o crescimento e o desenvolvimento das

plantas �� 100
2.3 Fertilizantes �� 100
2.4 Avaliação da fertilidade do solo e recomendação de fertilizantes/

corretivos �� 101
2.5 Manejo da adubação �� 103
2.6 Fertilidade do solo e sustentabilidade da atividade agrícola �� 105

Tema 5: Irrigação e drenagem �� 110
Tópico 1: Irrigação �� 111
1.1 Métodos ou sistemas de irrigação �� 112
1.2 Manejo da irrigação e demanda de água �� 117
1.3 Planejamento da irrigação �� 119
1.4 Manejo da água para irrigação �� 120
Tópico 2: Drenagem �� 122
2.1 Drenagem de áreas agrícolas �� 123
2.2 Métodos de drenagem �� 124
2.3 Drenagem superficial �� 124
2.4 Drenagem subterrânea �� 125
Tema 6: Principais culturas �� 128
Tópico 1: Cultura do algodão �� 129
1.1 Histórico �� 129
1.2 Morfologia e fenologia �� 130
1.3 Planejamento da produção e implantação da lavoura �� 131
1.4 Clima e solo �� 133
1.5 Colheita e pós-colheita �� 134
Tópico 2: Cultura do café �� 136

2.6 Classificação do café quanto ao grão e à bebida �� 153
Tópico 3: Cultura da cana-de-açúcar �� 156
3.5 Colheita e parâmetros de qualidade �� 165
3.6 Indústria sucroalcooleira �� 165
Tópico 4: Cultura do milho �� 166
Tópico 5: Cultura da soja �� 173
Tópico 6: Fruticultura de clima tropical, subtropical e temperado �� 182
6.1 Definição e classificação dos frutos �� 183
6.2 Fases de desenvolvimento dos frutos �� 186
6.3 Implantação dos pomares �� 186

6.5 Tratos culturais �� 188
6.7 Planejamento da produção �� 190
Tópico 7: Olericultura �� 191
7.1 Definição e classificação das hortaliças �� 191
7.3 Implantação da lavoura �� 194
7.5 Planejamento da produção �� 196
Tópico 8: Outros produtos agrícolas �� 201
8.1 Feijão �� 201
8.2 Sorgo �� 201
8.3 Trigo �� 202
8.4 Centeio �� 203
8.5 Aveia �� 203
8.6 Girassol �� 203
8.7 Floricultura, jardinagem e paisagismo �� 204
Tema 7: A produção animal no contexto do agronegócio �� 207
Tópico 1: A importância da produção animal para o agronegócio �� 208
1.1 Cadeia produtiva do leite �� 208
1.2 Cadeia produtiva da carne �� 209
1.3 Cadeia produtiva da pele e lã �� 209
1.4 Cadeia produtiva de ovos �� 210

Tópico 2: Principais atividades pecuárias do Brasil �� 212
2.1 Pecuária leiteira �� 212
2.2 Pecuária de corte �� 214
2.3 Avicultura �� 214
2.4 Suinocultura �� 215
2.5 Piscicultura �� 216
Tópico 3: Sistemas de produção animal �� 218
3.1 Definição de sistemas de produção �� 218
3.2 Caracterização dos sistemas de produção �� 219
3.3 Produção de aves �� 221
3.4 Produção de suínos �� 222
3.5 Produção de peixes �� 223
Tema 8: Noções de anatomia e fisiologia animal �� 226
Tópico 1: Aspectos gerais de anatomia e fisiologia animal �� 226
1.1 Sistemas esquelético e muscular �� 227
1.3 Aparelho reprodutivo �� 228
1.4 Morfologia dos animais �� 229
Tema 9: Alimentação e nutrição animal �� 232
Tópico 1: Diferenças entre alimentação e nutrição �� 232
1.1 Definição de alimentação e nutrição �� 233
1.2 Aspectos gerais do manejo alimentar dos animais �� 233
Tópico 2: Caracterização dos alimentos utilizados para animais �� 234

2.1 Classificação dos alimentos �� 234
2.2 Importância do conhecimento sobre os alimentos �� 235
Tópico 3: Noções gerais sobre formulações de rações �� 236
3.1 Conceitos fundamentais sobre formulação de rações �� 237
3.2 Itens a considerar na formulação de rações �� 237
3.3 Principais métodos de formulação de rações �� 238
Tópico 4: Gestão de fábrica de rações �� 241
4.1 Tópicos importantes em uma fábrica de rações �� 242
4.2 Estrutura básica de uma fábrica de rações �� 242
4.3 Boas práticas de fabricação em uma fábrica de ração �� 244
Tema 10: Forragicultura e pastagens �� 247
Tópico 1: Importância das plantas forrageiras para a produção de

ruminantes no Brasil �� 247
1.1 Terminologias relacionadas a pastagens �� 248
1.2 Ecossistema dos pastos �� 249
1.3 Classificação das plantas forrageiras �� 249
1.4 Principais famílias de plantas forrageiras �� 249
Tópico 2: Sistema de produção de animais em pastagem �� 250
2.1 Sistema de lotação contínua �� 250
2.1 Sistema rotacionado �� 250
2.3 Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) �� 251
Tópico 3: Conservação de forragens �� 252

3.1 Produção de feno �� 252
3.2 Produção de silagem �� 253
Tema 11: Melhoramento genético animal �� 256
Tópico 1: Conceitos fundamentais em melhoramento genético �� 256
1.1 O que é melhoramento genético �� 257
1.2 Genótipo e fenótipo �� 257
1.3 Principais raças �� 257
Tópico 2: Melhoramento genético de bovinos leiteiros �� 262
2.1 Seleção por morfologia �� 262
2.2 Características da produção de leite �� 263
2.3 Curvas de produção �� 264
Tópico 3: Melhoramento genético de bovinos de corte �� 265
3.2 Modelos de seleção �� 267
Tópico 4: Melhoramento genético de suínos �� 268
4.1 Genética de suínos �� 268
4.2 Genes de importância na suinocultura �� 269
Tópico 5: Melhoramento genético das aves �� 270
5.1 Seleção por desempenho �� 270
5.2 Eficiência bioeconômica �� 270
5.1 Seleção em aves de postura �� 271

Tópico 6: Melhoramento genético de caprinos e ovinos �� 272
6.2 Seleção por pedigree �� 273
6.3 Seleção por progênie �� 273
Tema 12: Produção de animais monogástricos �� 276
Tópico 1: Sistemas avícolas �� 276
1.1 Sistemas de produção �� 277
1.2 Manejo geral �� 277
1.3 Instalações �� 278
1.4 Manejo de pintos de um dia �� 279
1.5 Manejo da cama dos aviários �� 281
1.6 Manejo de frangos e aves de postura �� 281
1.7 Principais enfermidades �� 282
Tópico 2: Sistemas de produção de suínos �� 283
2.3 Manejo de fêmeas gestantes �� 288
2.4 Manejo de fêmeas em lactação �� 289
2.5 Manejo na maternidade �� 291
Tópico 3: Sistemas de produção de peixes �� 292
3.3 Construção de viveiros �� 296

3.4 Espécies criadas �� 298
3.6 Novas alternativas para a piscicultura �� 300
Tema 13: Produção de animais ruminantes �� 303
Tópico 1: Sistemas de produção de bovinos leiteiros �� 304
1.1 Importância econômica �� 304
1.2 Sustentabilidade dos sistemas produtivos �� 304
1.4 Inovação para a produção de leite �� 315
Tópico 2: Sistemas de produção de bovinos de corte �� 317
2.2 Sustentabilidade �� 318
2.4 Inovação na produção de carne �� 320
Tópico 3: Sistemas de produção de ovinos �� 322
3.2 Produtos ovinos �� 323
3.4 Inovação da ovinocultura �� 329
Tópico 4: Sistemas de produção de caprinos �� 331

4.1 Inovação da caprinocultura �� 331
4.3 Instalações para caprinos �� 333
4.4 Inovação na caprinocultura �� 334
Tema 14: Agricultura de precisão �� 339
Tópico 1: Noções de agricultura de precisão �� 339
1.1 Conceitos, definições e aplicações �� 340
1.2 Custo-benefício �� 340
1.3 Noções de pecuária de precisão �� 341
Tópico 2: Ferramentas da agricultura de precisão �� 342
2.1 Geoprocessamento e georreferenciamento �� 343
2.2 Fertilizantes e corretivos com apoio do GPS �� 344
2.3 Condutividade elétrica aparente (CEa) �� 347
2.4 Sensoriamento remoto (SR) �� 347
2.5 Mapa de produtividade �� 349
Encerramento da Unidade Curricular �� 353
Referências �� 354
Gabarito das atividades de aprendizagem �� 369
Tema 1: Contextualização do agronegócio �� 369
Tema 2: Sistemas de produção sustentável �� 369
Tema 3: Fundamentos de botânica �� 370
Tema 4: Nutrição mineral e fertilidade do solo �� 370
Tema 5: Irrigação e drenagem �� 371

Tema 6: Principais culturas �� 371
Tema 7: A produção animal no contexto do agronegócio �� 372
Tema 8: Noções de anatomia e de fisiologia animal �� 373
Tema 9: Alimentação e nutrição animal �� 373
Tema 10: Forragicultura e pastagens �� 374
Tema 11: Melhoramento genético animal �� 375
Tema 12: Produção de animais monogástricos �� 375
Tema 13: Produção de animais ruminantes �� 376
Tema 14: Agricultura de precisão �� 376

Introdução à Unidade
Curricular
Introdução à Unidade Curricular
A globalização da economia e a competitividade dos produtos agrícolas vêm crescendo
a cada dia, o que impõe à atividade agrícola a necessidade de novos métodos e técnicas
de produção, bem como profissionais qualificados para atuar no agronegócio brasileiro.
A Unidade Curricular Técnicas e Sistemas de Produção Agropecuária traz noções

de temas fundamentais, como botânica, produção e nutrição vegetal – com ênfase nas
principais culturas de importância econômica para o agronegócio brasileiro, e produção
animal – com destaque para a produção de animais ruminantes (bovinos, caprinos e
ovinos) e monogástricos (aves, peixes e suínos). Em seguida, encerraremos com uma
breve exposição dos principais aspectos da agricultura de precisão.
Os assuntos abordados ajudarão você a compreender melhor o desenvolvimento dos

cultivos e das criações e contribuirão para que você possa acompanhar os principais
sistemas de produção, a partir do conhecimento de aspectos econômicos, agronômicos
e técnicos.
Capacidades técnicas
Ao fim desta Unidade, você terá desenvolvido as competências
técnicas e de gestão, bem como os conhecimentos necessários
para executar ações técnicas e operacionais dos sistemas de
produção agropecuária.
Com carga horária de 120 horas, a Unidade foi organizada em catorze temas, diversos
tópicos e subtópicos relevantes para sua formação profissional.
TEMAS TÓPICOS SUBTÓPICOS
Tópico 1: O
agronegócio nacional
Tópico 2: O
Tema 1: agronegócio
Contextualização internacional
do agronegócio
3.1 Qual é o papel das agências
Tópico 3: Agências reguladoras?
reguladoras no Brasil 3.2 Quais são as agências
reguladoras do Brasil?
OPERAÇÃO DAS CADEIAS PRODUTIVAS DO AGRONEGÓCIO

Técnicas e Sistemas de Produção Agropecuária 17
Tópico 1: Produção
vegetal
2.1 Princípios da agricultura

orgânica
2.2 Legislação da agricultura
Tópico 2: Agricultura orgânica no Brasil
orgânica 2.3 Certificação de produtos
orgânicos
2.4 Implantação de um sistema
orgânico
3.1 Normas técnicas e legislação

Tópico 3: Produção
3.2 Culturas com Produção
Integrada (PI)
Tema 2: Sistemas Integrada no Brasil
de produção
sustentável Tópico 4: Integração
4.1 Benefícios da ILPF
Lavoura-Pecuária-
4.2 Implantação da ILPF
Floresta (ILPF)
5.1 Rotação de culturas

5.2 Adubação verde
Tópico 5: Práticas 5.3 Fixação biológica de nitrogênio
agrícolas sustentáveis (FBN)
5.4 Associações de fungos
micorrízicos arbusculares (FMA)
Tópico 6: Manejo 6.1 Manejo integrado de pragas

integrado de pragas, 6.2 Manejo integrado de doenças
doenças e plantas 6.3 Manejo integrado de plantas
daninhas daninhas
Tópico 1: O Reino 1.1 Diversidade botânica

Vegetal 1.2 Classificação
2.1 A planta
2.2 Raiz
Tópico 2: Noções de
2.3 Caule
anatomia e morfologia
2.4 Folha
vegetal
Tema 3: 2.5 Flor
Fundamentos de 2.6 Fruto
botânica
3.1 Relações hídricas

3.2 Nutrição
Tópico 3: Noções de
3.3 Fotossíntese e respiração
fisiologia vegetal
3.4 Crescimento e desenvolvimento
3.5 Hormônios vegetais
18 CURSO TÉCNICO EAD SENAR

1.1 Importância e classificação dos

nutrientes minerais
1.2 Absorção de nutrientes pela
Tópico 1: Nutrição planta
mineral de plantas 1.3 Funções dos elementos
minerais
1.4 Sintomas de deficiência
1.5 Análise foliar
Tema 4: Nutrição 2.1 Fertilidade do solo e

produtividade agrícola
mineral e
2.2 Fatores que influenciam o
fertilidade do solo
crescimento e o desenvolvimento
das plantas
2.3 Fertilizantes
Tópico 2: Fertilidade
2.4 Avaliação da fertilidade do solo
do solo
e recomendação de fertilizantes/
corretivos
2.5 Manejo da adubação
2.6 Fertilidade do solo e
sustentabilidade da atividade
agrícola
1.1 Métodos ou sistemas de

irrigação
1.2 Manejo da irrigação e demanda
Tópico 1: Irrigação
de água
1.3 Planejamento da irrigação
Tema 5: Irrigação e
1.4 Manejo da água para irrigação
drenagem
2.1 Drenagem de áreas agrícolas
2.2 Métodos de drenagem
Tópico 2: Drenagem
2.3 Drenagem superficial
2.4 Drenagem subterrânea
1.1 Histórico
1.2 Morfologia e fenologia
Tópico 1: Cultura 1.3 Planejamento da produção e
do algodão implantação da lavoura
1.4 Clima e solo
1.5 Colheita e pós-colheita
Tema 6: Principais
2.1 Histórico
culturas
2.3 Planejamento da produção e
Tópico 2: Cultura implantação da lavoura
do café 2.4 Clima e solo
2.6 Classificação do café quanto ao
grão e à bebida

3.1 Histórico
3.3 Planejamento da produção e
Tópico 3: Cultura da implantação da lavoura
cana-de-açúcar 3.4 Clima e solo
3.5 Colheita e parâmetros de
qualidade
3.6 Indústria sucroalcooleira
4.1 Histórico
do milho implantação da lavoura
4.4 Clima e solo
5.1 Histórico
da soja implantação da lavoura
5.4 Clima e solo
6.1 Definição e classificação dos

Tema 6: Principais
frutos
culturas
6.2 Fases de desenvolvimento dos
Tópico 6: Fruticultura
frutos
de clima tropical,
6.3 Implantação dos pomares
subtropical e
6.4 Clima e solo
temperado
6.5 Tratos culturais
6.7 Planejamento da produção
7.1 Definição e classificação das

hortaliças
Tópico 7: Olericultura
7.3 Implantação da lavoura
7.4 Clima e solo
8.1 Feijão
8.2 Sorgo
8.3 Trigo
Tópico 8: Outros 8.4 Centeio
produtos agrícolas 8.5 Aveia
8.6 Girassol
8.7 Floricultura, jardinagem e
paisagismo

Tópico 1: A 1.1 Cadeia produtiva do leite

importância da 1.2 Cadeia produtiva da carne
produção animal para 1.3 Cadeia produtiva da pele e lã
o agronegócio 1.4 Cadeia produtiva de ovos
2.1 Pecuária leiteira

Tópico 2: Principais 2.2 Pecuária de corte
Tema 7: A atividades pecuárias 2.3 Avicultura
produção animal do Brasil 2.4 Suinocultura
no contexto do 2.5 Piscicultura
agronegócio
3.1 Definição de sistemas de
produção
3.2 Caracterização dos sistemas de
Tópico 3: Sistemas
produção
de produção animal
3.3 Produção de aves
3.4 Produção de suínos
3.5 Produção de peixes
1.1 Sistemas esquelético e

muscular
Tema 8: Noções Tópico 1: Aspectos
1.2 Órgãos internos: tubo digestivo
de anatomia e gerais de anatomia e
e estômago
fisiologia animal fisiologia animal
2.2 Aparelho reprodutivo
2.4 Morfologia dos animais
1.1 Definição de alimentação e

Tópico 1: Diferenças
nutrição
entre alimentação e
1.2 Aspectos gerais do manejo
nutrição
alimentar dos animais
Tópico 2:
2.1 Classificação dos alimentos
Caracterização dos
2.2 Importância do conhecimento
alimentos utilizados
sobre os alimentos
para animais
Tema 9: 3.1 Conceitos fundamentais sobre

Alimentação e formulação de rações
Tópico 3: Noções
nutrição animal 3.2 Itens a considerar na
gerais sobre
formulação de rações
formulações de rações
3.3 Principais métodos de
formulação de rações
4.1 Tópicos importantes em uma

fábrica de rações
Tópico 4: Gestão de 4.2 Estrutura básica de uma
fábrica de rações fábrica de rações
4.3 Boas práticas de fabricação em
uma fábrica de ração

1.1 Terminologias relacionadas

Tópico 1: a pastagens
Importância das 1.2 Ecossistema dos pastos
plantas forrageiras 1.3 Classificação das plantas
para a produção de forrageiras
ruminantes no Brasil 1.4 Principais famílias de plantas
forrageiras
Tema 10:
2.1 Sistema de lotação contínua
Forragicultura e Tópico 2: Sistema de
2.1 Sistema rotacionado
pastagens produção de animais
2.3 Integração Lavoura-Pecuária-
em pastagem
Floresta (ILPF)
Tópico 3:
3.1 Produção de feno
Conservação de
3.2 Produção de silagem
forragens
Tópico 1: Conceitos 1.1 O que é melhoramento

fundamentais em genético
melhoramento 1.2 Genótipo e fenótipo
genético 1.3 Principais raças
Tópico 2: 2.1 Seleção por morfologia

Melhoramento 2.2 Características da produção
genético de bovinos de leite
leiteiros 2.3 Curvas de produção
Tópico 3:
Melhoramento 3.1 Seleção por morfologia
genético de bovinos 3.2 Modelos de seleção
de corte
Tema 11:
Melhoramento
genético animal
Tópico 4: 4.1 Genética de suínos
Melhoramento 4.2 Genes de importância na
genético de suínos suinocultura
Tópico 5: 5.1 Seleção por desempenho

Melhoramento 5.2 Eficiência bioeconômica
genético das aves 5.1 Seleção em aves de postura
Tópico 6:
6.1 Seleção por morfologia
Melhoramento
6.2 Seleção por pedigree
genético de caprinos e
6.3 Seleção por progênie
ovinos

1.1 Sistemas de produção

1.2 Manejo geral
1.3 Instalações
1.4 Manejo de pintos de um dia
Tópico 1: Sistemas
1.5 Manejo da cama dos aviários
avícolas
1.6 Manejo de frangos e aves
de postura
1.7 Principais enfermidades

Tema 12: Produção 2.2 Manejo geral
de animais Tópico 2: Sistemas 2.3 Manejo de fêmeas gestantes
monogástricos de produção de suínos 2.4 Manejo de fêmeas em lactação
2.5 Manejo na maternidade

3.2 Manejo geral
3.3 Construção de viveiros
Tópico 3: Sistemas
3.4 Espécies criadas
de produção de peixes
3.6 Novas alternativas para a
piscicultura
1.1 Importância econômica

1.2 Sustentabilidade dos sistemas
Tópico 1: Sistemas produtivos
de produção de 1.3 Manejo geral
bovinos leiteiros 1.4 Inovação para a produção
de leite

Tópico 2: Sistemas 2.2 Sustentabilidade
de produção de 2.3 Manejo geral
bovinos de corte 2.4 Inovação na produção de carne
Tema 13: Produção
de animais
ruminantes
3.2 Produtos ovinos
Tópico 3: Sistemas
3.3 Manejo geral
de produção de ovinos
3.4 Inovação da ovinocultura

Tópico 4: Sistemas 4.2 Manejo geral
de produção de 4.3 Instalações para caprinos
caprinos 4.4 Inovação na caprinocultura

1.1 Conceitos, definições e

Tópico 1: Noções de aplicações
agricultura de precisão 1.2 Custo-benefício
1.3 Noções de pecuária de precisão
Tema 14: 2.1 Geoprocessamento e

Agricultura de georreferenciamento
precisão 2.2 Fertilizantes e corretivos com
Tópico 2:
apoio do GPS
Ferramentas da
2.3 Condutividade elétrica
agricultura de precisão
aparente (CEa)
2.4 Sensoriamento remoto (SR)
2.5 Mapa de produtividade
Certifique-se de estudá-los com atenção e, se precisar, conte com o apoio da tutoria a

distância desta Unidade Curricular.
Para fixar seu conhecimento, ao fim de alguns tópicos, você vai encontrar atividades para
colocar em prática o aprendizado imediatamente após passar pelos conceitos e teorias.
Comentários do autor
Todas as atividades buscam respeitar seu ritmo de aprendizagem
e são coerentes com o que você será capaz de fazer a partir dos
assuntos abordados.
Ao fim desta apostila, disponibilizamos um gabarito para que você verifique suas respostas.
Bons estudos!

01
Contextualização
do agronegócio
Tema 1: Contextualização do agronegócio
O tema de aula Contextualização do agronegócio vai reforçar a importância da
agricultura e a representatividade de seus números para a economia do país.
Fonte: Getty Images.
No decorrer de seus estudos, você vai entender o papel do Brasil no cenário do agro-
negócio internacional e conhecer os órgãos responsáveis pela regulação e fiscalização
de importantes atividades econômicas dos setores afins ao agro.
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes
capacidades:
• contextualizar o agronegócio;
• identificar as interfaces políticas relacionadas ao agronegócio;
• analisar o cenário internacional do agronegócio;
• aplicar as legislações vigentes e específicas; e
• identificar as agências reguladoras.

Tópico 1: O agronegócio nacional
O conceito de agronegócio, estabelecido por John Davis e Ray Goldberg, em 1957, como
um “sistema integrado”, permite que as atividades que compõem esse importante setor
da economia sejam identificadas. Em outras palavras, o agro pode ser visto como um
sistema, em que as atividades econômicas estão encadeadas.
Para o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, 2020):
O agronegócio é entendido como a

soma de quatro segmentos: insu-
mos para a agropecuária, produção
agropecuária básica (ou primária),
agroindústria (processamento) e
agrosserviços.
Os estudos econômicos mostram que o agronegócio brasileiro tem experimentado um

grande desenvolvimento tecnológico e produtivo, a ampliação das exportações e da
renda dos produtores, que conseguem oferecer alimentos de maior qualidade e menor
custo aos consumidores.
No Brasil, o agronegócio é um setor de grande importância para a economia nacional e

apresenta ganhos significativos ao longo dos anos. Com a série histórica, apresentada
desde 2003 pelo Cepea, da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA), é possível notar que a participação do agronegócio no Pro-
duto Interno Bruto (PIB) é crescente. Confira o gráfico:
8.000.000
7.000.000
(a preços de mercado em
R$ milhões correntes)
6.000.000
PIB total do Brasil
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
-
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Evolução da participação do agronegócio no PIB total do Brasil.

Fonte: Elaborado pelo autor com dados do Cepea (2021).

Saiba mais
O Sistema CNA/SENAR, as Federações de Agricultura dos Esta-
dos e os Sindicatos Rurais disponibilizam publicações para que
você se informe sobre o setor agropecuário. Acesse o link na
biblioteca do AVA.
Na sequência, faça a seguinte atividade para fixar seu aprendizado.
Atividade de aprendizagem
1. O Cepea apresenta segmentos que formam o agronegócio. Assinale a alternativa
que os define corretamente.
a) Agroindústria, comércio nacional, comércio internacional e vendas.
b) Insumos para a agropecuária, produção agropecuária primária, agroindústria e

agrosserviços.
c) Insumos, produtos eletrônicos, indústria e comércio.
d) Insumos, produção agropecuária secundária e agrosserviços.
e) Produção primária, produção secundária e produção terciária.
Tópico 2: O agronegócio internacional

O início do século XXI é marcado pela intensificação da globalização. Nesse contexto,
as economias dos países se tornam cada vez mais interdependentes, com a aceleração
dos fluxos de mão de obra, bens e serviços, capitais e informações. Assim, a impor-
tância de se compreender o cenário internacional é pulsante, visto que o Brasil é um
importante ator nesse mercado (FGV, 2015).

A emergência de países asiáticos na
economia internacional influencia as
relações do agronegócio internacio-
nal. Nesse cenário, destaca-se, prin-
cipalmente, a China, que é o desti-
no de grande parte das exportações
do Brasil.
Fonte: Shutterstock.
Segundo o relatório apresentado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre os anos de
1989 e 2014, as exportações do agronegócio apresentaram aumento de 7,7% ao ano.
No mesmo período, as importações cresceram a taxas anuais de 6,7%. Como resultado
desse desempenho excepcional, o saldo da balança comercial do setor aumentou de
US$ 10,8 bilhões, em 1989, para cerca de R$ 80 bilhões, em 2014.
Já em 2021, o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada de São Paulo (Ipea) afirmou

que, mesmo após o cenário econômico instalado resultante do surto mundial de Covid-19,
com queda observada no preço médio de quase todos os produtos de exportação, o
Brasil se manteve como um dos principais fornecedores de commodities agro-
pecuárias no mercado mundial em 2020, com destaque para soja, carnes (bovina,
suína e de frango), açúcar, café e algodão (IPEA, 2021).
Antes de prosseguir com seu estudo, faça a atividade a seguir para fixar o aprendizado.
1. Sobre a participação do Brasil no agronegócio internacional, assinale a alternativa
correta.
a) Em 2021, os principais produtos exportados pelo Brasil foram soja, carnes, cana-
-de-açúcar, café e algodão.
b) De 1989 a 2014, as exportações no setor agropecuário apresentaram queda.
c) Em 2021, o país asiático que mais importou do Brasil foi a Indonésia.
d) De 1989 a 2014, o saldo da balança comercial aumentou três vezes.
e) Após o surto mundial de Covid-19, o Brasil não conseguiu se manter como principal
país exportador de commodities agrícolas.

Tópico 3: Agências reguladoras no Brasil
Agências reguladoras são órgãos criados por leis específicas, para fiscalizar e regula-
mentar a ação de empresas em diversos setores da economia no mercado brasileiro.
Os setores regulamentados pelas agências reguladoras são de interesse público, como
saúde, transporte, energia elétrica e telecomunicações.
Atenção
Também existem agências reguladoras estaduais, que atuam
apenas em seu estado de criação. Um exemplo é a gestão dos
recursos hídricos: a Agência Reguladora de Águas e Saneamento
do Distrito Federal (Adasa) é estadual, e a Agência Nacional de
Águas e Saneamento Básico (ANA), federal.
Tais órgãos foram estabelecidos no fim dos anos 1990, quando o Estado brasileiro passou
por importantes mudanças e assumiu menos o papel de prestador de serviços. Foi um
momento de modernização e desestatização, em que o espaço no mercado nacional
foi aberto para a entrada de novas empresas e beneficiada a livre concorrência.
Glossário
Desestatização: ato de desestatizar; redução ou exclusão da
participação do Estado (Fonte: Dicionário Michaelis).
3.1 Qual é o papel das agências reguladoras?
Na regulação das atividades econômicas pela ação das agências reguladoras, o Estado
busca, acima de tudo, atender ao interesse público e equilibrar as relações de consumo.
Além disso, defende os usuários e os consumidores e regula a ação de prestadores de
serviços. É dever do Estado agir de forma transparente e usar mecanismos participa-
tivos (MESQUITA, 2005).

Confira, no infográfico, as principais funções das agências reguladoras:
Regulamentação Gestão de
do setor por contratos e
Monitoramento meio da criação Fiscalização da concessão de Zelo pela
do mercado por de normas. aplicação das serviços concorrência e
meio do normas criadas. públicos. auxílio aos
levantamento órgãos de
de dados sobre defesa.
a atuação dos
agentes de cada
setor
específico.
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).
Por dentro da lei

O artigo 26, da Lei n.º 13.848, de 25 de junho de 2019, explica
o papel das agências reguladoras:
“No exercício de suas atribuições, incumbe às agências regu-

ladoras monitorar e acompanhar as práticas de mercado dos
agentes dos setores regulados, de forma a auxiliar os órgãos
de defesa da concorrência na observância do cumprimento da
legislação de defesa da concorrência, nos termos da Lei n.º
12.529, de 30 de novembro de 2011 (Lei de Defesa da Concor-
rência)” (BRASIL, 2021a).
3.2 Quais são as agências reguladoras do Brasil?
Hoje, no Brasil, existem 11 agências reguladoras federais, de acordo com a legislação

vigente (Lei n.º 13.848, de 25 de junho de 2019). A seguir, conheça cada uma delas
e como atuam:

Agência Atuação
É papel da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) contro-

lar e fiscalizar, diretamente ou mediante convênios com órgãos
estaduais, as concessões, as permissões e os serviços de ener-
gia elétrica.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

(ANP) tem por finalidade promover a regulação, a contratação e
a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria
do petróleo, de acordo com o estabelecido na legislação, nas
diretrizes emanadas do Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE) e em conformidade com os interesses do país.
Cabe à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) adotar as

medidas necessárias para o atendimento do interesse público e o
desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, com indepen-
dência, imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem por

finalidade promover a proteção da saúde da população, por
intermédio do controle sanitário da produção e do consumo de
produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive
dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a
eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos,
fronteiras e recintos alfandegados.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tem por

finalidade institucional promover a defesa do interesse público na
assistência suplementar à saúde, regular as operadoras setoriais,
inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores
e contribuir para o desenvolvimento das ações de saúde no país.
Cabe à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)

implementar, no âmbito de suas competências, a Política Nacional
de Recursos Hídricos e instituir normas de referência para a
regulação dos serviços públicos de saneamento básico.
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) tem por

finalidade implementar as políticas formuladas pelo Ministério da
Infraestrutura, segundo os princípios e diretrizes estabelecidos na
legislação. É responsável por regular, supervisionar e fiscalizar as
atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de
exploração da infraestrutura portuária e aquaviária.
À Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) cabe regular,

supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços
e de exploração da infraestrutura de transportes, exercidas por
terceiros, de modo a garantir a movimentação de pessoas e bens,
harmonizar os interesses dos usuários com os das empresas
concessionárias, permissionárias, autorizadas e arrendatárias, e
de entidades delegadas, preservado o interesse público, arbitrar
conflitos de interesses e impedir situações que configurem
competição imperfeita ou infração contra a ordem econômica.

A Agência Nacional do Cinema (Ancine) executa a política nacional
de fomento ao cinema, fiscaliza o cumprimento da legislação
pertinente, promove o combate à pirataria de obras audiovisuais,
aplica multas e sanções na forma da lei, regula as atividades de
fomento e proteção à indústria cinematográfica e videofonográfica,
resguardada a livre manifestação do pensamento, da criação, da
expressão e da informação.
A finalidade da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) é regular

e fiscalizar as atividades da aviação civil e a infraestrutura aero-
náutica e aeroportuária no Brasil. Suas ações se enquadram nas
atividades de certificação, fiscalização, normatização e represen-
tação institucional.
A Agência Nacional de Mineração (ANM) tem por finalidade

promover o planejamento e o fomento da exploração mineral
e do aproveitamento dos recursos minerais, superintender as
pesquisas geológicas, minerais e de tecnologia mineral, bem
como assegurar, controlar e fiscalizar o exercício das atividades
de mineração em todo o território nacional, na forma do que
dispõem o Código de Mineração, o Código de Águas Minerais, os
respectivos regulamentos e a legislação que os complementa.
Fonte: Adaptado de https://dados.gov.br/organization (2021b).
Mais adiante, você vai aprender sobre a atuação de algumas agências reguladoras li-
gadas diretamente às atividades de produção.
Para refletir
Já parou para pensar em como a atuação das agências regulado-
ras tem importância para o agronegócio? A Anvisa, por exemplo,
atua diretamente na liberação de novos produtos para proteção
de cultivos. A ANA monitora o uso da água na agricultura irriga-
da. A Anac certifica os veículos aéreos não tripulados (Vants),
também conhecidos como drones, cada vez mais usados para
mapear e controlar pragas. Agora pense: em quais outras
atividades ligadas ao agro você consegue identificar a atuação
das agências reguladoras?
Antes de encerrar este tema, fixe seus conhecimentos com a atividade proposta a seguir.

1. Sobre as agências reguladoras regulamentadas pela Lei n.º 13.848, de 25 de junho
de 2019, indique a alternativa incorreta.
a) As agências reguladoras devem zelar pela concorrência e auxiliar os órgãos fisca-

lizadores.
b) A função de criar e fiscalizar a aplicação de normas é um dos papéis das agências

reguladoras.
c) As agências reguladoras atuam em setores estratégicos da economia por meio da

fiscalização da prestação de serviços de interesse público.
d) No Brasil, existem apenas agências reguladoras que atuam nos estados, ou seja,
estaduais.
e) As agências reguladoras também fazem a gestão da concessão de serviços públicos.
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Contextualização do agronegócio. Nele, você se atualizou
sobre alguns aspectos econômicos do agronegócio nacional e internacional. Também
revisitou o conceito de agronegócio e conheceu as agências reguladoras do Brasil e
suas respectivas áreas de atuação.
No próximo tema, vamos falar sobre os sistemas de produção sustentável, os quais

associam a produção vegetal à conservação da biodiversidade.

02
Sistemas de
produção
sustentável
Tema 2: Sistemas de produção
sustentável
No tema de aula Sistemas de produção sustentável, você vai aprender sobre agricul-
tura orgânica, Produção Integrada e sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.
Além disso, você vai conhecer práticas agrícolas sustentáveis que podem ser aplicadas
em diversos sistemas produtivos.
Ao fim deste tema, você desenvolverá as seguintes capacidades:
• identificar as tecnologias produtivas usadas pelos produtores

rurais brasileiros;
• aplicar conhecimentos e técnicas tradicionais usadas no Brasil;
• aprimorar conhecimentos sobre tecnologias que geram inova-
ções para superar as dificuldades e aumentar a produtividade;
• reconhecer o padrão de qualidade mundial;
• identificar a legislação e as normas aplicadas à cadeia do
agronegócio;
• aplicar as legislações vigentes e específicas; e
• usar ferramentas de gerenciamento e operacionalização
dos serviços.

Tópico 1: Produção vegetal
Em 1797, o economista inglês Thomas Malthus afirmou que a população mundial iria
crescer tanto que seria impossível produzir alimentos suficientes para alimentar to-
das as pessoas no planeta. Para Malthus, a produção de alimentos crescia de forma
aritmética, enquanto o crescimento populacional ocorria muito mais rapidamente, de
forma geométrica.
No entanto, a teoria de Malthus não

considerou o desenvolvimento das
tecnologias agrícolas, o emprego de
fertilizantes, máquinas, implementos
e informática, bem como os ganhos
propiciados pelo melhoramento ge-
nético. Esses avanços otimizaram
significativamente a produção.
O conceito técnico de produção, em qualquer uma

das inúmeras esferas da atividade humana, relacio-
na tecnologia, automação, mão de obra, insumos e
previsibilidade de acordo com o produto final.
A produção vegetal, em especial, resulta da complexa interação entre o potencial ge-

nético da planta, o clima, o solo e diversos fatores ambientais envolvidos no metabo-
lismo vegetal. Dentro da produção vegetal, há, ainda, uma grande busca por sistemas
sustentáveis, ecologicamente corretos, economicamente viáveis, socialmente justos
e culturalmente aceitos.
Glossário
Sustentabilidade: termo usado para definir ações e atividades
humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres
humanos sem comprometer o futuro das próximas gerações.

Os sistemas sustentáveis de produção vegetal têm como premissa a utilização racional
dos recursos naturais, o reconhecimento da importância dos processos biológicos e a
capacidade de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de comunidades rurais.
Esses sistemas associam a produção vegetal à conservação da biodiversidade, a

fim de contribuir para a manutenção da rede de interações da produção vegetal com o
ecossistema. Para entender melhor, compare, no quadro a seguir, a produção agrícola
não sustentável e um sistema agrícola sustentável:
Produção não sustentável Produção sustentável

• Desmate de floresta para iniciar o
• Uso de áreas desflorestadas
cultivo agrícola
• Exploração consciente de uma mesma
• Exploração e abandono da área
área
• Novo desmate para novo cultivo
• Preservação de vegetação nativa, nas-
• Desrespeito à preservação da vegetação
centes e cursos de água
nativa
• Aumento da produtividade
• Produtividade estagnada
A necessidade de atender à demanda de produção de alimentos e, ao mesmo tempo,

manter a qualidade ambiental nos situa perante um grande desafio: a integração da
preservação ambiental e dos fatores biológicos nos sistemas de produção, o que é co-
nhecido como agroecologia. Nesse sentido, a tecnologia usada na agricultura deve
otimizar a eficiência biológica a fim de obter a produção sustentável dos agroecossis-
temas, como ilustrado na figura a seguir.
AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
Herbicidas Plantas Pragas Pesticidas e

Manejo agroecológico daninhas e doenças biocontrole
PRODUÇÃO
Diagnose
Irrigação Déficit Deficiências
Manejo água-solo hídrico AGROSSISTEMA nutricionais
Fertilização
Inoculantes
Rotação
Sistema CULTURA Genótipo Melhoramento
Consorciação
de produção e variedades Biotecnologia
Cobertura
FERTILIDADE E QUALIDADE DO SOLO
Corretivos
Cultivos Uso e manejo Acidez e
conservacionistas adequeado FLUXO DE baixa fertilidade
Fertilizantes
Reciclagem
ENERGIA E
DE NUTRIENTES
ORGANISMOS BIODIVERSIDADE PROCESSOS
SOLO E AMBIENTE EDÁFICO
Fundamentos da agrotecnologia do século XX:

integração de conhecimento para otimizar os processos biológicos do agroecossistema.
Fonte: Moreira e Siqueira (2006, p. 13).

Observe que o solo é a plataforma operacional dos agrossistemas. Por meio da biota
e de seus processos, garante-se o fluxo de nutrientes entre o solo e a vegetação, por
isso a importância da adubação e da calagem – elas mantêm a fertilidade adequada.
Além do mais, cabe adotar um sistema de plantio conservacionista, reduzindo-se, ao
mínimo, o revolvimento do solo e mantendo-se um rigoroso controle da erosão (MO-
REIRA E SIQUEIRA, 2006).
Glossário
Biota: conjunto de seres vivos de um ecossistema, o que inclui
a flora, a fauna, os fungos e outros grupos de organismos.
As interações e as atividades dos organismos do solo são essenciais para a sustentabi-

lidade do agroecossistema e da produção das culturas. Entre os fatores que promovem
uma produção eficiente, destacam-se:
• a seleção de genótipos ou cultivares;
• o manejo da nutrição mineral;
• o controle de pragas, doenças e das plantas daninhas;
• a disponibilidade de água para a cultura; e
• o sistema de produção.
Sem o controle ou a adequação desses fatores, não se consegue uma produção eficiente
e sustentável.
Antes de prosseguir, alguns conceitos precisam ser esclarecidos.
• Calagem é a prática empregada para correção da acidez

do solo, neutralização do alumínio e fornecimento de cálcio
e magnésio.
• Genótipo se refere à constituição genética, ou seja, o ma-

terial herdado dos progenitores.
• Fenótipo define as características morfológicas, fisiológicas

e comportamentais de um indivíduo.

A agricultura brasileira avançou em direção à sustentabilidade ao longo das últimas
décadas. Entre as alternativas de sistemas de produção sustentável, destacam-se a
agricultura orgânica, a Produção Integrada Agropecuária, a Integração Lavoura-Pecu-
ária-Floresta, além de várias soluções que veremos a seguir.
Tópico 2: Agricultura orgânica

A agricultura orgânica é um sistema de produção agrícola baseado em princípios ecológi-
cos. Ela considera princípios de preservação do meio ambiente que abrangem o manejo
adequado dos recursos naturais do solo, a nutrição vegetal, a proteção das plantas e a
valorização dos recursos humanos.
Dica
No Brasil, produtos oriundos do extrativismo sustentável e não
prejudiciais ao ecossistema local também são considerados
orgânicos.
Diversos movimentos que adotam os princípios agroecológicos são abrangidos pela

agricultura orgânica. Por exemplo: a agricultura alternativa, a biológica, a orgânica, a
natural, a biodinâmica, a permacultura, os sistemas agroflorestais, entre outros (NEVES
et al., 2000).
O sistema orgânico é uma tecnologia de processo, pois considera a relação solo-plan-

ta-ambiente e utiliza os recursos disponíveis no local ou na região. Nesse sentido, não
se utilizam organismos geneticamente modificados, fertilizantes de alta solubilidade,
agrotóxicos, antibióticos, hormônios, aditivos artificiais e radiações ionizantes.
Uma exploração orgânica, para ser economicamente viável, deve estar atenta à co-
mercialização e observar três fatores básicos igualmente importantes e inseparáveis:
Quantidade Continuidade
Qualidade
produzida da produção

A escolha da espécie a ser cultivada deve levar em consideração as características
edafoclimáticas (de solo, clima e chuvas) e a proximidade dos centros consumidores.
Vale dizer, ainda, que, para o produto ser comercializado como orgânico, deverá ser
certificado por organismos credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento (Mapa).
O Mapa tem o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos,
em que é possível verificar a listagem dos organismos que
controlam a qualidade e a aplicação das normas de produção
orgânica. Em 2021, o órgão listou, no Brasil, cerca de 25.343
unidades ligadas aos sistemas produtivos e extrativistas orgâ-
nicos. Os cadastrados atuam na produção vegetal, na produção
animal, no extrativismo sustentável e no processamento de
produtos orgânicos.
2.1 Princípios da agricultura orgânica
Os princípios dos sistemas orgânicos de produção são baseados nas diretrizes expres-
sas no Decreto n.º 6.323, de 27 de dezembro de 2007. Tais diretrizes norteiam os
sistemas de produção e apontam de forma clara como deve ser a atuação dos membros
envolvidos na produção orgânica.
Por dentro da lei

As diretrizes expressas na legislação são:
I - contribuição da rede de produção orgânica ao desenvolvi-

mento local, social e econômico sustentáveis;
II - manutenção de esforços contínuos da rede de produção

orgânica no cumprimento da legislação ambiental e trabalhis-
ta pertinentes na unidade de produção, considerada na sua
totalidade;
III - desenvolvimento de sistemas agropecuários baseados em

recursos renováveis e organizados localmente;
IV - incentivo à integração da rede de produção orgânica e à

regionalização da produção e comércio dos produtos, estimu-
lando a relação direta entre o produtor e o consumidor final;

V - inclusão de práticas sustentáveis em todo o seu processo,
desde a escolha do produto a ser cultivado até sua colocação
no mercado, incluindo o manejo dos sistemas de produção e
dos resíduos gerados;
VI - preservação da diversidade biológica dos ecossistemas

naturais e a recomposição ou incremento da diversidade bioló-
gica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema
de produção, com especial atenção às espécies ameaçadas
de extinção;
VII - relações de trabalho baseadas no tratamento com justi-

ça, dignidade e equidade, independentemente das formas de
contrato de trabalho;
VIII - consumo responsável, comércio justo e solidário baseados

em procedimentos éticos;
IX - oferta de produtos saudáveis, isentos de contaminantes,

oriundos do emprego intencional de produtos e processos que
possam gerá-los e que ponham em risco o meio ambiente e a
saúde do produtor, do trabalhador ou do consumidor;
X - uso de boas práticas de manuseio e processamento com

o propósito de manter a integridade orgânica e as qualidades
vitais do produto em todas as etapas;
XI - adoção de práticas na unidade de produção que contemplem

o uso saudável do solo, da água e do ar, de modo a reduzir ao
mínimo todas as formas de contaminação e desperdícios desses
elementos;
XII - utilização de práticas de manejo produtivo que preservem

as condições de bem-estar dos animais;
XIII - incremento dos meios necessários ao desenvolvimento e

equilíbrio da atividade biológica do solo;
XIV - emprego de produtos e processos que mantenham ou

incrementem a fertilidade do solo em longo prazo;
XV - reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo ao

mínimo o emprego de recursos não-renováveis; e
XVI - conversão progressiva de toda a unidade de produção

para o sistema orgânico.

Saiba mais
No site do Mapa, você encontra fichas com técnicas de produção
em acordo com os princípios e as normas da produção orgânica.
Acesse o link disponível na biblioteca do AVA.
2.2 Legislação da agricultura orgânica no Brasil
A regulamentação da agricultura or-

gânica no Brasil é baseada em uma
lei única, que segue detalhada em
Decretos e Instruções Normativas
(IN). Os decretos e as IN podem ser
modificados com mais facilidade ao
longo dos anos, à medida que sur-
gem novos conhecimentos e novas
necessidades.
Veja alguns exemplos da legislação que versa sobre produção orgânica no Brasil:
Lei n.º 10.831/2003 Dispõe sobre a agricultura orgânica.
Regulamenta a Lei n.º 10.831, de 23 de dezembro

Decreto n.º 6.323/2007
de 2003.
Trata dos sistemas orgânicos de produção e das listas

Portaria n.º 52/2021
de substâncias e práticas para uso nesses sistemas.
Institui o selo oficial do sistema brasileiro de avaliação

IN n.º 18/2014 e conformidade orgânica e estabelece os requisitos para
sua utilização.
Informação extra
A listagem completa da legislação está disponível no site do
Mapa e é atualizada sempre que surgem novas normas. Você
encontra o link na biblioteca do AVA.

2.3 Certificação de produtos orgânicos
A certificação é uma forma de garantir ao consumidor que o produto adquirido segue os

princípios da produção orgânica. É também vantajosa ao produtor e ao vendedor, uma
vez que o produto vai ser reconhecido como tal. Além disso, um produtor certificado
pode fazer vendas para o governo, como nos programas de apoio à merenda escolar.
No Brasil, o produtor que quer ser reconhecido como orgânico deve estar no Cadastro
Nacional de Produtores Orgânicos. De acordo com a legislação vigente, a certifica-
ção pode ser feita de três formas:
Certificação por auditoria
É o processo em que empresas certificadoras, pública ou privadas, credenciadas no

Mapa, concedem direito de uso do selo. Essas empresas obedecem a critérios de
qualidade internacionais e requisitos técnicos exigidos pela legislação brasileira e fa-
zem vistorias constantes nas propriedades para garantir o cumprimento das normas.
As empresas certificadoras são chamadas Organismo de Avaliação da Conformidade
Orgânica (OAC).
Sistema participativo de garantia
Nesse sistema, a responsabilidade de manutenção das regras é conjunta e os mem-

bros se autofiscalizam. Os grupos podem ser formados por produtores, consumidores,
técnicos ou outros interessados. Nesse caso, o selo será emitido por um Organismo
Participativo de Avaliação da Conformidade (Opac).
Controle social na venda direta
Esse tipo de certificação não tem selo instituído pelo Mapa. O produtor tem apenas
uma declaração de cadastro. É uma exceção para atender a produtores da agricultura
familiar que, nesse caso, devem fazer o credenciamento em uma organização de
controle social cadastrada em um órgão fiscalizador oficial. As vendas não podem ser
feitas para terceiros e nem para o governo – só podem ser diretas ao consumidor, e
o produtor deve ter seu cadastro em mãos para mostrar quando solicitado.
O selo de certificação orgânica deve ser estampado na embalagem ou nas gôndolas,

quando o produto é vendido a granel. Algumas certificadoras adicionam seu selo próprio
ao lado do estabelecido pelo Mapa.

Fonte: Mapa (2020).
2.4 Implantação de um sistema orgânico
Para regularizar sua produção como orgânica, o produtor deve buscar uma das formas
de certificação citadas no subtópico anterior. A Portaria n.º 52, de 15 de março de 2021,
publicada pelo Mapa, estabelece as normas para viabilizar a implantação.
O Mapa orienta a contratar uma cer-

tificadora por auditoria, ou se ligar
a um Sistema Participativo de Ga-
rantia – SPG. Caso o produtor busque
apenas venda direta ou institucional,
pode se organizar em grupo e formar
uma Organização de Controle So-
cial – OCS.
Ao iniciar o processo de conversão para o sistema orgânico, a propriedade deve seguir

um Plano de Manejo Orgânico, que deve ser aprovado e acompanhado pelo orga-
nismo que vai verificar a sua implantação, o OAC ou o OCS.
Atenção
O plano deve ser elaborado, aplicado e acompanhado de acordo
com a realidade de cada unidade de produção.

No plano, estarão descritos detalhes da conversão e o período estimado para o fim do
processo. Deve conter, também, o histórico de utilização da área e outras informações
importantes, como atividades de manutenção ou incremento da biodiversidade, de manejo
dos resíduos, práticas de conservação do solo e da água, manejos da produção animal
e um croqui com descrição da ocupação, localização e acesso da unidade de produção.
Informação extra
O governo oferece um modelo de caderno para plano de mane-
jo. Você o encontra disponível na biblioteca do AVA. Aproveite!
Com o conhecimento adquirido neste tópico, responda à questão proposta a seguir.
1. A legislação brasileira apresenta três formas de certificação de produtos orgânicos.
Quais são elas?
a) Certificação de participação, sistema de venda direta e sistema digital.
b) Certificação direta, certificação por controle social e venda indireta.
c) Certificação por auditoria, certificação por fiscalização e certificação direta.
d) Certificação de selos impressos, certificação de selos digitais e certificação de selos

visuais.
e) Certificação por auditoria, sistema participativo de garantia e controle social na

venda direta.
Tópico 3: Produção Integrada (PI)

Muito demandada hoje, pelos compradores internacionais, a Produção Integrada (PI)
surgiu no Brasil para cumprir exigências para a exportação de frutas na década de
1990. Trata-se de um sistema moderno, baseado em boas práticas agropecuárias e que
contribui para o desenvolvimento humano, pois considera:
• a segurança do trabalhador;
• a legislação trabalhista;
• a qualidade de vida dos produtores e das comunidades;
• a conservação do meio ambiente (especialmente, solo e água);
• a sanidade e o bem-estar dos animais.

Leitura complementar
O sistema de PI, assim como outros sistemas sustentáveis, é
baseado em Boas Práticas Agrícolas (BPAs). No seu material
complementar, disponível na biblioteca do AVA, você pode co-
nhecer uma série de práticas consideradas BPAs, de acordo
com o Mapa.
O sistema resulta em alimentos seguros, principalmente para consumo humano, com

monitoramento em todas as etapas de produção, análise de resíduos de agrotóxicos e
uso de tecnologias apropriadas, que otimizam o modo de trabalhar. Esses procedimen-
tos permitem a continuidade do sistema produtivo, com sustentabilidade ao longo dos
anos, e elevam os padrões de qualidade e competitividade dos produtos a um patamar
de excelência.
A Produção Integrada Agropecuária no Brasil surgiu em 2010, quando o Mapa editou

a IN n.º 27, a qual ampliou as diretrizes da Produção Integrada de Frutas – PIF para
as demais cadeias do agronegócio, inclusive a agropecuária. Essa IN instituiu e validou
normas técnicas específicas para se obter o selo oficial de certificação em produtos de
origens animal e vegetal.
As regras para a PI estão relacionadas a capacitação de trabalhadores rurais, manejo,

responsabilidade ambiental, segurança alimentar e do trabalho, e rastreabilidade, essa
última uma das etapas significativas do sistema. Com acompanhamento e gerencia-
mento de todas as fases, da colheita até as gôndolas do comércio varejista, é possível
assegurar que o processo é sustentável, o que preserva seus nutrientes e a qualidade.
Para implantar a PI, o produtor pode ser certi-

ficado após adotar as BPAs, conforme orienta-
ções técnicas, as Normas Técnicas Específicas
(NTE) para cada cultura certificada, e sua pro-
priedade ser auditada para verificar a avaliação
de conformidade. Assim como a produção or-
gânica, a PI também tem selo próprio para iden-
tificar os produtos.
Selo “Brasil Certificado”, que sinaliza
produtos oriundos da PI.
Fonte: Mapa (2019).

A adesão à PI é voluntária, e o produtor que optar pelo sistema
terá de cumprir as orientações estabelecidas. Para isso, pode
acessar o site do Mapa ou contatar o Instituto Nacional de Metro-
logia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para saber como adotar
o sistema e verificar se o produto que deseja produzir já tem
norma técnica publicada. Se sim, então, o Inmetro fornecerá
a lista de empresas credenciadas para certificar o produto em
Produção Integrada.
3.1 Normas técnicas e legislação
Como dito, a PI teve início no Brasil com a PIF. Logo, esse sistema foi ampliado para
diversas outras cadeias do agronegócio. Em 2010, surgiu o marco legal da PI. As dire-
trizes gerais da PI Brasil estão na IN n.º 27, de 30 de agosto de 2010. Já a Portaria
Inmetro n.º 443, de 23 de novembro de 2011, apresenta os requisitos de avaliação da
conformidade para a PI Brasil.
Saiba mais
Além da IN do marco legal, existem as INs que apresentam
as normas técnicas especificas para cada cultura. Elas podem
ser acessadas no site do Mapa. O link está disponível na biblio-
teca do AVA.
3.2 Culturas com Produção Integrada no Brasil
Até 2021, as culturas que apresentam normas técnicas regulamentadas são:
Abacaxi Amendoim Anonáceas Arroz

Banana Batata Borracha Café
Caqui Caju Citros Coco
Folhosas,
inflorescências e Flores e plantas
Feijão Figo condimentares ornamentais
Inhame, gengibre
Goiaba e taro Maçã Mamão
Manga Maracujá Melão Morango

Oliveira Pêssego Pimentão Tabaco
Tomate tutorado Trigo Uva
Fonte das imagens: Shutterstock.
Com o que você aprendeu sobre a PI, faça a atividade proposta para fixar seus co-
nhecimentos.
1. Você aprendeu que o sistema de Produção Integrada surgiu no Brasil na década
de 1990. Sobre a temática, marque a alternativa correta.
a) A PI surgiu por exigência para importar frutas.
b) A PI surgiu primeiro no ramo da silvicultura.
c) A PI surgiu como iniciativa dos consumidores brasileiros.
d) A PI foi uma evolução da Produção Integrada de Frutas – PIF.
e) A produção integrada foi uma evolução das agroflorestas.
Tópico 4: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)

O sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma denominação coletiva
para sistemas de uso da terra e práticas agrícolas nos quais se integram diferentes sis-
temas produtivos, como os de grãos, fibras, carne, leite e agroenergia, numa mesma
unidade de manejo da terra. São sistemas que fazem parte do Plano de Agricultura de
Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).

O Plano ABC envolve práticas agrope-
cuárias e florestais que preconizam a
baixa emissão de gases de efeito es-
tufa. São sistemas que buscam maior
eficiência e maior retorno ao produtor
(CERRI et al., 2012).
De acordo com a natureza de seus componentes, existem as seguintes modalidades

de sistemas ILPF:
Integração Lavoura- Agrossilvipastoril: sistema que usa o consórcio entre

Pecuária-Floresta (ILPF) as produções agrícola, florestal e animal.
Integração Lavoura- Agropastoril: sistema que usa o consórcio entre a pro-

Pecuária (ILP) dução de culturas anuais e a produção animal.
Integração Floresta- Silvipastoril: sistema que utiliza o consórcio entre a

Pecuária (IFP) produção florestal e a produção animal.
Integração Lavoura- Agroflorestal ou silviagrícola: sistema que usa o con-

Floresta (ILF) sórcio entre as produções agrícola e florestal.
4.1 Benefícios da ILPF
Ao longo dos anos, estudos apontaram inúmeros benefícios observados devido à im-
plantação da ILPF. Confira alguns:
• flexibilidade de implantação com adaptabilidade a diferentes realidades de produção;
• melhoria na qualidade e aumento de produtividade de produtos de origem animal
e vegetal;
• promoção do bem-estar animal;
• promoção da ciclagem de nutrientes do solo;
• melhoria da qualidade do solo;
• uso sustentável de recursos naturais;
• geração de empregos;
• redução de custos de produção;
• aumento do retorno econômico aos produtores; e
• maior segurança financeira, devido à diversificação das atividades produtivas.

Na sequência, acompanhe considerações importantes para a implantação de uma ILPF.
4.2 Implantação da ILPF
Antes da implantação de um sistema ILPF, o produtor deve considerar a necessidade

de buscar novos conhecimentos (capacitação) e assistência técnica, uma vez
que se trata de um sistema complexo, que envolve diferentes tipos de manejo. A im-
plantação pode ser feita em cultivos consorciados, em sucessão ou em rotação e pode
considerar os seguintes passos:
1 2
Diagnóstico Planejamento da implantação

Verificar as características da área Definir o sistema que será
escolhida, como tipo de solo, área, implantado, os passos da
clima e espécies adequadas, da implantação e o período. Nesta
infraestrutura do local e da mão de etapa, devem ser elencadas as
obra disponíveis. Verificar também atividades e o período correto
as características de mercado. para executá-las.
3 4
Preparo da área Implantação e

acompanhamento
Fazer análise do solo e verificar
a necessidade de correção, de Fazer o plantio e a manutenção
acordo com as espécies vegetais a das culturas. Esta é a etapa
serem implantadas. Fazer adubação de acompanhamento do
e calagem, caso necessário. desenvolvimento, montagem do
Identificar o espaçamento histórico da área e controle dos
adequado para cada cultura a ser índices da propriedade.
implantada e proceder à abertura
de sulcos e covas.
Lembre-se de que esses passos são uma sugestão, uma vez que os sistemas ILPF são
flexíveis e devem sofrer adequações para cada caso.

Antes de seguir com seus estudos, faça a atividade a seguir.
1. Você aprendeu que existem diferentes modalidades de integração entre a criação
de animais e o cultivo de vegetais. Associe a modalidade de ILPF com sua respec-
tiva definição.
I. ILPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
II. ILP - Integração Lavoura-Pecuária
III. IFP - Integração Floresta-Pecuária
IV. ILF - Integração Lavoura-Floresta
( ) Sistema que usa o consórcio entre a produção florestal e a produção animal.
( ) Sistema que usa o consórcio entre as produções agrícola, florestal e animal.
( ) Sistema que usa o consórcio entre as produções agrícola e florestal.
( ) Sistema que usa o consórcio entre a produção de culturas anuais e a produ-

ção animal.
Agora, assinale a alternativa que contém a sequência correta de preenchimento das

lacunas, de cima para baixo.
a) III, I, IV, II.
b) II, III, IV, I.
c) I, II, III, IV.
d) IV, I, II, III.
e) III, II, I, IV.

Tópico 5: Práticas agrícolas sustentáveis
Ao longo dos anos, a sustentabilidade se estabeleceu nas rotinas produtivas. Entretanto,
com novas percepções acerca dos danos causados pelos sistemas econômicos, surge a
necessidade de práticas que, além de não destruir, também recomponham os sistemas.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2021) já

adota o termo Agricultura Sustentável e Resiliente e propõe “ações que incenti-
vem a produção agrícola, pesqueira, pecuária e florestal, que por sua vez, consideram
a integração da biodiversidade, a manutenção de serviços ecossistêmicos, a redução
das emissões de carbono, a adaptação às mudanças climáticas, a gestão do risco de
catástrofes e a resiliência.”
Glossário
Resiliência: propriedade de retornar à forma original; capacidade
de se recobrar facilmente; qualidade de poder retornar rapida-
mente a uma boa condição após problemas (OXFORD, 2001).
A seguir, você vai conhecer algumas práticas culturais sustentáveis, que podem ser
aplicadas nos sistemas mencionados anteriormente e em sistemas convencionais.

5.1 Rotação de culturas
A rotação de culturas é a prática de alternar espécies vegetais em uma mesma

área. Além de diversificar a produção, ela ajuda a controlar doenças e plantas dani-
nhas, uma vez que a rotação quebra o ciclo das pragas e, muitas vezes, impede que
elas continuem no campo.
Atenção
Ao fazer a rotação, evite a implantação sucessiva de cultivos de
mesma família (CERRI et al., 2012).
Veja exemplos de rotação de culturas:
Vagem Cenoura Alface
Rotação de cultura em hortaliças.

Algodão Milho Soja
Rotação de cultivo em grandes culturas.

5.2 Adubação verde
A adubação verde consiste na utilização de plantas que melhoram o aporte nutri-

cional do solo. Apesar de ser comum o uso de leguminosas, essa prática também
permite o uso de plantas de outras famílias (você vai conhecer melhor o conceito de
família no próximo tema).

Glossário
Leguminosas: plantas da família Fabaceae, que recebem esse
nome porque seus frutos são em formato de legume, ou seja,
de vagem. São exemplos de leguminosas: soja (Glycine max),
feijão (Phaseolus vulgaris), amendoim (Arachis hypogaea) e
tamarindo (Tamarindus indica).
A implantação da espécie vegetal adequada na adubação verde promove a melhoria

das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Em alguns casos, os adubos verdes
são cortados e revolvidos no solo antes da implantação da cultura principal; em outros,
são apenas colocados sobre o solo, para, assim, promover a palhada para cobertura.
As leguminosas são usadas com mais frequência na adubação verde porque se associam
a bactérias fixadoras de nitrogênio e aumentam a disponibilidade de nitrogênio
para a planta.
5.3 Fixação biológica de nitrogênio (FBN)
A fixação biológica de nitrogênio (FBN) é o processo em que o nitrogênio atmosférico

(N2), em formato gasoso, é disponibilizado para as plantas de modo que possa ser
aproveitado como nutriente. Esse processo não ocorre apenas nas leguminosas.

Nas leguminosas, a FBN ocorre com a formação dos nódulos; em outras famílias, ela é
feita por microrganismos que vivem próximos ou nos tecidos das raízes.
Nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio Nódulos de bactérias radiculares em uma raiz

nas raízes de soja. de feijão sob o microscópio.
São dois gêneros de bactérias responsáveis pela FBN que se associam às leguminosas:
Rhizobium e Azorhizobium. Elas vivem em simbiose com as plantas e formam pequenos
nódulos nas raízes, que são de fácil observação no campo. Para Cerri et al. (2012):
A FBN ajuda a reduzir os custos com

adubação química, uma vez que é ca-
paz de suprir as necessidades de nitro-
gênio da planta, substituindo total ou
parcialmente a adubação nitrogenada.
Antes do plantio, as sementes são embebidas em uma solução que contém as bactérias.
Esse processo é chamado inoculação. À medida que a raiz da nova planta germina e se
desenvolve, os nódulos começam a ser formados.

5.4 Associações de fungos micorrízicos arbusculares (FMA)
A associação de plantas com micror-

ganismos é um processo biológico
natural. Na agricultura, esse proces-
so é estimulado para favorecer o
melhor aproveitamento dos nutrien-
tes do solo.
Quando fungos micorrizos se associam às plantas, eles aumentam a superfície de con-

tato das raízes e fazem com que cheguem mais longe. Além disso, facilitam a absorção
de elementos pouco móveis no solo, como o fósforo (P) (SILVA et al., 1998).
A inoculação de fungos micorrízicos arbusculares (FMA) pode ser feita em sementes ou

em mudas com sistemas radiculares já formados. Entre as vantagens da indução de
formação de micorrizas, destacam-se:
• manutenção da produção por períodos maiores, pois há melhor aproveitamento dos
nutrientes disponibilizados no solo;
• redução dos custos da produção; e
• maior capacidade de resistência das plantas a períodos secos, visto que a superfície
para a absorção de água aumenta.
Para fixar seus conhecimentos sobre a temática deste tópico, faça a atividade a seguir.
1. As práticas agrícolas sustentáveis podem ser usadas em diferentes sistemas pro-
dutivos. Nesse contexto, julgue os itens a seguir como verdadeiros ou falsos.
I. A adubação verde pode ser feita com ou sem a incorporação das plantas no solo.
II. As micorrizas ajudam a aumentar a área de absorção das raízes.
III. Os microrganismos que atuam na fixação biológica do nitrogênio disponibilizam

o manganês presente na atmosfera em estado gasoso para as plantas.
IV. As práticas agrícolas sustentáveis podem ser aplicadas apenas na agricultura

orgânica.

Os itens verdadeiros são:
a) I e II.
b) II, III e IV.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II e IV.
Tópico 6: Manejo integrado de pragas, doenças e plantas

daninhas
Para o sucesso das atividades de manejo de controle integrado de pragas, doenças e
plantas daninhas, é preciso conhecer os agentes causadores, os danos causados e o
período mais apropriado para controle.
6.1 Manejo integrado de pragas
O manejo integrado de pragas (MIP) compreende a integração de diferentes métodos

de controle e é definido por Simonato et al. (2014) como:
A forma que racionaliza o controle dos

insetos-praga das culturas através da
utilização de processos naturais e do
uso racional de defensivos agrícolas
para o controle de pragas.
Segundo os pesquisadores da Embrapa, Waquil, Viana e Cruz (s.d.), “os fundamentos,

tanto do controle integrado como do manejo integrado de pragas, baseiam-se em qua-
tro elementos: na exploração do controle natural, dos níveis de tolerância das plantas
aos danos causados pelas pragas, no monitoramento das populações para tomadas de
decisão e na biologia e ecologia da cultura e de suas pragas”.

O manejo de pragas reduz significativamente as perdas causadas pelas pragas e leva
em consideração os aspectos econômicos e ambientais. Vale ressaltar que, no MIP,
priorizam-se outras medidas de controle em detrimento do controle químico, conforme
exposto no infográfico (Embrapa, 2021b) a seguir:
Uso de sementes que repelem ou

se tornam menos preferidas pelas
infestações.
Práticas agrícolas, como a rotação

de culturas ou o plantio de
culturas-armadilhas.
Barreiras físicas que dificultam a

entrada de insetos na plantação,
como coberturas plásticas.
Biocontrole, ou seja, a utilização

de inimigos naturais na regulação
populacional da praga.
Controle químico, quando

as técnicas anteriores foram
ineficazes para contornar a
infestação na lavoura.

Informação extra
O governo federal disponibiliza um sistema com informações
sobre os produtos agroquímicos e afins registrados no Mapa:
o Agrofit. Trata-se de uma ferramenta de consulta aberta ao
público, que permite vários tipos de pesquisas para o controle
de pragas na agricultura brasileira e, assim, possibilita o uso
correto e seguro dos produtos registrados no Mapa. O uso ina-
dequado pode fazer com que as pragas desenvolvam resistência
e resíduos de defensivos em produtos vegetais ultrapassem os
Limites Máximos de Resíduos (LMR) estabelecidos. Na biblioteca
do AVA, você encontra o link para acessar o Agrofit.
A utilização do controle biológico de pragas no Brasil merece destaque, já que é cada

vez mais comum reportar lagartas resistentes a inseticidas químicos.
As vespas se destacam no controle

biológico de pragas do milho. No ge-
ral, suas larvas se desenvolvem no
interior dos ovos ou das lagartas da
praga. Por isso, são chamadas de pa-
rasitoides. Trichogramma spp. e Te-
lenomus remus são alguns exemplos.
No MIP, o nível de controle determina a ocorrência mínima dos insetos para que sejam
empregadas as medidas de controle. A tabela a seguir apresenta o nível de controle
sugerido para as principais pragas do algodoeiro.
Pragas Nível de controle
Tripes 70% de plantas atacadas.
Cultivares suscetíveis à virose: 5% a 15% de plantas com colônias.

Pulgão Cultivares resistentes à virose: 60% a 70% de plantas com
colônias.

Pragas Nível de controle
53% ou 32% de plantas com lagartas < ou > 15 mm,

Curuquerê
respectivamente.
5% das plantas com botões florais danificados ou presença do

Bicudo
adulto.
Lagarta-das-maçãs 13% de plantas atacadas.
Spodoptera spp. 10% de plantas atacadas.
Lagarta-rosada 11% das plantas atacadas.
Ácaros Detecção (reboleira) ou 30% de plantas com colônia.
Percevejos 20% de plantas com botões atacados.
Mosca-branca 40% de plantas com ninfas ou 60% de plantas com adultos.
Níveis de controle sugeridos para o manejo de pragas do algodoeiro.

Fonte: Embrapa (2021b).
6.2 Manejo integrado de doenças
O manejo integrado de doenças (MID) segue uma estratégia semelhante à empregada

no MIP, em que as ações principais envolvem incrementar os fatores de mortalidade
natural dos patógenos pelo uso associado de técnicas de combate possíveis. No MID,
priorizam-se os parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos.
Para o manejo das doenças nas culturas, as principais medidas recomendadas pela
Embrapa (2021) são:
• o uso de cultivares resistentes;
• a execução do plantio em época adequada, de modo a evitar que os períodos críticos

para a cultura coincidam com condições ambientais mais favoráveis ao desenvolvi-
mento da doença;
• o uso de sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas;
• a utilização de rotação com culturas não suscetíveis;
• a rotação de cultivares; e
• o manejo adequado da lavoura – adubação equilibrada (N e K), população de plantas

adequada, controle de pragas e de invasoras e colheita na época correta.
As doenças observadas nas plantas são resultado da ação de microrganismos, que po-
dem ser nematoides, bactérias, vírus, protozoários, moluscos ou fungos.

Atenção
Grãos de milho podem ser atacados por fitopatógenos em duas
condições: em pré-colheita, o que causa a formação de grãos
ardidos, e em pós-colheita, durante o beneficiamento, o arma-
zenamento e o transporte, o que resulta em grãos mofados ou
embolorados.
É importante ressaltar que algumas espécies de fungos produzem substâncias tóxicas

denominadas micotoxinas. Se ingeridas, podem causar doenças denominadas micoto-
xicoses, que causam males em animais e em humanos.
Já a transmissão dos vírus, normal-

mente, é feita por pulgões ou outros
afídeos. Com o vírus já instalado na
planta, ele não pode ser eliminado.
Logo, as medidas mais eficientes são
a utilização de cultivares resistentes
à virose, a eliminação de plantas
hospedeiras e o controle dos inse-
tos vetores.
6.3 Manejo integrado de plantas daninhas
De modo geral, planta daninha pode ser definida como toda e qualquer planta que ocor-
re em local onde não é desejada (Embrapa, 2021b). No manejo integrado de plantas
daninhas, são usadas duas ou mais técnicas de controle para manter as populações em
baixos níveis, sem causar danos econômicos.
Dica
As estratégias de manejo devem ser iniciadas com as medidas
preventivas, a fim de se evitar maiores infestações e dificuldades
de controle durante o cultivo.

O manejo integrado de plantas daninhas busca reduzir as espécies indesejadas durante
o período crítico de competição. Segundo a Embrapa (2021), os métodos de controle
de plantas daninhas mais empregados são:
• controle preventivo;
• controle cultural (uso de variedades adaptadas às regiões, densidade de semeadura,

espaçamento, época de plantio, uso de cobertura morta, alelopatia e rotação de
culturas);
• controle mecânico (capina manual e capina mecânica); e
• controle químico (herbicidas).
Glossário
Alelopatia: liberação de substâncias químicas pelas próprias
plantas no meio ambiente. Tais substâncias provocam efeitos
estimulantes ou inibitórios na germinação, no crescimento e no
desenvolvimento de outras plantas.
Antes de encerrar este tema, e para fixar seus conhecimentos, faça a atividade a seguir.
1. Sobre a ocorrência de doenças em plantas e o manejo integrado de pragas (MIP),
indique a alternativa incorreta.
a) No MIP, o nível de controle determina a ocorrência mínima dos insetos para o início
das medidas de controle.
b) No MIP, deve-se priorizar o controle químico.
c) Algumas espécies de fungos produzem substâncias tóxicas que podem causar males
em animais e humanos.
d) As doenças das plantas geralmente são causadas por fungos, bactérias, vírus e
nematoides.
e) O governo disponibiliza um sistema atualizado, que permite a consulta pública dos

agroquímicos registrados no Brasil.

Você encerrou o tema Sistemas de produção sustentável. Nele, você aprendeu sobre
sistemas sustentáveis de produção agrícola, tais como agricultura orgânica, Produção
Integrada e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta; conheceu também algumas práticas
usadas nesses sistemas, como rotação de culturas, adubação verde, fixação biológica do
nitrogênio e associação de fungos micorrízicos arbusculares. Por fim, estudou o manejo
integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.
No próximo tema, você aprenderá um pouco mais sobre as plantas, sua estrutura e
seu funcionamento.

03
Fundamentos de
botânica
Tema 3: Fundamentos de botânica
No tema de aula Fundamentos de botânica, você vai ter noções sobre a diversidade
das plantas e suas estruturas. Inicialmente, conhecerá a diversidade do Reino Vegetal
e sua importância para o agronegócio; em seguida, vai conhecer a estrutura do orga-
nismo vegetal.
Por fim, serão apresentadas noções do funcionamento de uma planta, para que você
compreenda melhor as ações executadas no manejo do campo.
capacidades:
• compreender a diversidade de organismos vegetais e

suas relações;
• reconhecer as estruturas que compõem os organis-

mos vegetais;
• reconhecer os processos fisiológicos dos vegetais; e
• identificar os hormônios vegetais e suas funções.

Tópico 1: O Reino Vegetal
O Reino Vegetal é formado por uma diversidade de organismos vivos, que podem ser
unicelulares (com apenas uma célula), como as algas verdes, ou terem uma estrutu-
ra complexa formada por várias células, como as árvores. O que une esses seres no
mesmo Reino são as características em comum, e a principal delas é a capacidade de
fazer fotossíntese.
Glossário
Fotossíntese: palavra de origem grega (photos = luz + syn =
junto + tithenai = colocar). É a conversão de energia lumino-
sa, por meio da atuação da clorofila, em energia química, com
produção de carboidratos a partir de dióxido de carbono (CO2)
e água (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001).
Outra característica que une os vegetais é sua imobilidade e o crescimento contínuo,

ou seja, crescem durante todo seu ciclo de vida.
1.1 Diversidade botânica
À medida que as plantas evoluíram, formaram-se várias espécies diferentes adaptadas

aos ambientes onde se encontravam. O ser humano foi aprendendo a utilizá-las para
suprir suas necessidades, como:
alimentação obtenção de fabricação de

medicamento ferramentas
Com o passar dos anos, a interação com os vegetais foi se modificando, e os recursos
vegetais, antes apenas coletados, passaram a ser domesticados e produzidos – foi o
surgimento da agricultura (WANG et al., 2016).
O cientista russo Nikolai Ivanovich Vavilov estudou diversas plantas cultivadas ao re-
dor do mundo e seus parentes silvestres. Seus estudos deram início à determinação
do centro de origem das espécies vegetais usadas na agricultura (BARBIERI; STUMPF,
2008). Hoje, o estudo de Vavilov foi ampliado.

Informação extra
Na biblioteca do AVA, você encontra um mapa que mostra a
infinidade de plantas usadas pelos humanos e seus centros de
origem. Aproveite!
A agrobiodiversidade engloba todos os componentes que têm relevância para a agri-

cultura e a alimentação, ou seja, é a “parcela da biodiversidade utilizada pelo homem
na agricultura, ou em práticas correlatas, na natureza, de forma domesticada ou semi-
domesticada” (SNA, 2017).
É a grande diversidade do Reino Vegetal que permitiu o es-

tabelecimento de sistemas alimentares tão complexos, que
hoje são essenciais ao agronegócio.
1.2 Classificação
As plantas, assim como outros organismos vivos, são classificadas em níveis hierárqui-
cos, definidos pelo agrupamento de características em comum.
As algas são plantas que vivem em

ambientes aquáticos. Em alguns pa-
íses, são consumidas como alimen-
tos ou como fonte de sal. Outro uso
importante é na indústria farmacêu-
tica e de cosméticos. Na agricultura,
o extrato de algas marinhas é utili-
zado como bioestimulante
(SNA, 2017).

No entanto, o ambiente preferencial das plantas é a terra. Nesse caso, são classifi-
cadas como:
Organismos vegetais sem vasos condutores, muito utilizados

Briófitas
como plantas ornamentais. Exemplo: musgos.
Plantas com sistemas vasculares, mas que não produzem

Pteridófitas sementes. Também utilizadas como plantas ornamentais.
Exemplo: samambaias.
Plantas com vasos condutores bem-estruturados, que produzem

Gimnospermas sementes, mas não flores verdadeiras. Importantes fontes de
madeira e celulose. Exemplos: pinheiros, coníferas e ciprestes.
Grande parte das plantas da agrobiodiversidade faz parte do

grupo das angiospermas. Apresentam sistema vascular, flores
Angiospermas
completas e frutos. Exemplos: algodão, cana-de-açúcar, milho,
café, soja e coco.
Na imagem a seguir, as flores masculinas do pinheiro são agrupadas em pequenos co-

nes de pouco mais de 1 cm e de cor amarelada. As flores fêmeas estão localizadas no
fim dos galhos jovens. Mais adiante, você verá quais estruturas a flor precisa ter para
ser considerada completa.
Flor de pinheiro.
Voltando a falar do grupo de plantas mais diversificado, as angiospermas apresentam

dois subgrupos de destaque: as dicotiledôneas (dois cotilédones) e as monocoti-
ledôneas (um cotilédone), que apresentam diferenças morfológicas e fisiológicas. En-
tender essas diferenças auxilia nas práticas de campo. Alguns herbicidas, por exemplo,
são seletivos e só controlam as monocotiledôneas.

Glossário
Cotilédone: a primeira ou as primeiras folhas do embrião da
planta (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001).
Diferenças entre as monocotiledôneas e as dicotiledôneas
Órgão Monocotiledôneas Dicotiledôneas
Em feixe
Raiz Pivotante ou axial.
(fasciculada).
Normalmente,
Normalmente,
sem crescimento
com crescimento
em espessura:
em espessura.
herbáceas,
São comuns
colmos, bulbos e
caules lenhosos.
rizomas.
Caule
Feixes vasculares Feixes vasculares

dispostos dispostos em
irregularmente. círculo.
Bainha geralmente Bainha quase

desenvolvida sempre reduzida
Folha
e nervuras e nervuras
paralelas. reticuladas.
Sépalas e pétalas
geralmente
Sépalas e pétalas
organizadas
geralmente
Flor em base 5
organizadas em
(pentâmeras) e
base 3 (trímeras).
mais raramente
2 ou 4.
Um cotilédone Dois cotilédones

Semente reduzido, sem com ou sem
reserva. reserva.
Fonte: SENAR (2021).

A compreensão das famílias botânicas é importante para a execução das atividades
dos sistemas produtivos, uma vez que as plantas de uma mesma família apresentam
características semelhantes e exigem práticas de manejo parecidas.
Plantas de mesma família, geralmente, atraem as mesmas pra-
gas. Assim, identificar as famílias adequadamente é importante
para o planejamento da rotação de culturas, como vimos no
tema anterior.
A seguir, alguns exemplos de algumas famílias importantes no agronegócio e as plantas

pertencentes a elas. Observe como são semelhantes e apresentam desenvolvimento
parecido, desde a semente até a fase adulta.
Berinjela
Pimenta
Tomate
Plantas da família das solanáceas.


Melancia
Abóbora
Abobrinha
Plantas da família das cucurbitáceas.

Agora, fixe o conhecimento adquirido neste tópico com a questão proposta a seguir.
1. O grupo das angiospermas apresenta dois subgrupos importantes. Observe as
plantas listadas, pense na estrutura (folhas, raízes e flores) e indique se a planta
é monocotiledônea (M) ou dicotiledônea (D):
( ) Feijão
( ) Milho
( ) Alho
( ) Laranja
( ) Soja
( ) Sorgo
( ) Mamona

Tópico 2: Noções de anatomia e morfologia vegetal
A morfologia vegetal é a parte da botânica que estuda a forma da planta; enquanto a
anatomia estuda suas estruturas internas. Neste tópico, concentraremos nossos estudos
nas angiospermas, visto que é o grupo de plantas mais representativo no agronegócio.
2.1 A planta
Flor
O corpo das plantas contém órgãos Folha
que executam papéis diferentes. Sua Fruto
estrutura pode ser dividida em:

• sistema radicular; e Caule
• sistema aéreo (caule, folhas, flores

e frutos).
Raiz
2.2 Raiz
O sistema radicular é composto pelo conjunto de raízes. Em muitas plantas, esse sis-
tema é maior que o aéreo. Suas funções principais são a fixação da planta, a absorção,
o armazenamento e a condução de água e nutrientes.
Vale destacar dois tipos de raízes:
Raiz primária Primeira raiz da planta, surge da germinação do embrião.
Surgem ao longo do desenvolvimento da planta ou por

Raízes adventícias
métodos reprodutivos vegetativos.
Em algumas plantas monocotiledôneas, a raiz primária tem pouca duração, e logo sur-
ge um sistema de raízes adventícias, que forma o sistema radicular fasciculado. Isso
acontece nas gramíneas. Nas dicotiledôneas, o sistema radicular é chamado pivotan-
te. Nele, a raiz primária permanece e segue seu desenvolvimento, como nos citros.
Algumas raízes também servem como órgão de reserva de nutrientes e são chamadas
raízes tuberosas. É o caso da cenoura, da mandioca e da beterraba.

Sistema radicular Sistema radicular Raiz tuberosa
fasciculado em milho. pivotante em limão. de mandioca.
As gramíneas são plantas da família Poaceae, que compreende
um importante grupo de plantas cultivadas, com destaque para
a cana-de-açúcar e os cereais, como arroz, milho e sorgo. Já os
citros são plantas da família Rutaceae. No geral, os frutos dessa
família apresentam sabor ácido porque são ricos em vitamina
C (ácido ascórbico). Mas lembre-se de que uma fruta não deve
ser classificada como citro só por ter sabor ácido. São exemplos
de citros: laranja, limão e tangerina.
2.3 Caule
O caule é formado por nós separados Broto

por entrenós. Suas funções principais
Meristema
são a sustentação e a condução de
apical
nutrientes. Os nós são as partes que
contêm as gemas – estruturas onde
surgirão outros caules ou folhas. Nas
gemas, estão os meristemas (região
de intensa reprodução celular). Meristema
lateral
O meristema apical, da gema api-

cal, é responsável pelo crescimento Raiz
primário do caule (para cima). Os
Meristema
meristemas das gemas laterais são apical Caule
responsáveis pelo crescimento secun-
dário do caule (para o lado).

Os caules também sofrem modificações. Alguns são adaptados para armazenamento;
outros, além de armazenar nutrientes, ficam abaixo da terra, como o da batata inglesa
(Solanum tuberosum) e da bananeira. Na parreira, existem partes do caule modificas
para sustentação – são as gavinhas.
Atenção
O verdadeiro caule da bananeira fica no interior da terra e é
chamado cormo. A parte que o conhecimento popular chama
de tronco é um conjunto de estruturas das folhas.
2.4 Folha
A folha é órgão que desempenha o principal papel metabólico: a fotossíntese. Uma
folha pode conter:
Lâmina foliar
Pecíolo
Bainha
Estípulas
Caule
As folhas também podem sofrer modificações. Em ambientes secos, algumas são modifi-
cadas para diminuir a perda de água e ser espinhos; em outras, as folhas são estruturas
que armazenam água, como na cebola, no alho e nas suculentas.
Espinhos. Bulbos. Suculentas.


2.5 Flor
As flores são o conjunto de estruturas reprodutivas das plantas. Nelas, existem
partes florais estéreis e férteis presas ao receptáculo floral. As pétalas e as sépalas são
as partes inférteis, normalmente coloridas para atrair os polinizadores. O conjunto de
sépalas é denominado cálice; o conjunto de pétalas é denominado corola.
Em algumas monocotiledôneas, as
pétalas e as sépalas se apresentam
iguais em número, tamanho e cor.
Nesse caso, são chamadas tépalas,
como nos lírios.
Um conjunto de flores é chamado

inflorescência. Algumas flores co-
nhecidas são, na verdade, a junção
de várias flores pequenas, como o
girassol.
O conjunto de estruturas férteis femininas (carpelos) é chamado gineceu. O conjunto

de estruturas férteis masculinas (estames) é chamado androceu. Algumas plantas,
como as maçãs, apresentam flores hermafroditas, ou seja, têm carpelos e estames em
uma só flor. Confira:

Estigma
Gineceu:
Ovário
pistilo
Androceu: Antera Estilete
estame Filete
Pétala
Ovário
Sépala
Óvulo
Anatomia de uma flor hermafrodita.

Fonte: Adaptado de Shutterstock.
Outro caso é do milho, que apresenta flores femininas e masculinas na mesma planta
– o pendão é o conjunto de flores masculinas e as espigas são formadas a partir das
flores femininas. Já as araucárias apresentam flores femininas em uma planta e flores
masculinas em outra.
2.6 Fruto
Os frutos são estruturas desenvolvidas a partir de um dos carpelos: o ovário ou grupo

de ovários. Na maioria das vezes, é resultado da fecundação de um ou vários óvulos
por um grão de pólen. De cada óvulo fecundando, se forma uma semente. A função
dos frutos é proteger as sementes e atrair os disseminadores.
Glossário
Disseminar: fazer deslocar-se ou deslocar-se para longe, em
múltiplas direções; espalhar(-se) (OXFORD, 2021).

Parte masculina
Parte feminina Grãos de pólen
Fecundação
Ovário
Crescimento
Formação e
desenvolvimento
do embrião
Germinação
Processo de fecundação da flor.

Quando o fruto é resultado do desenvolvimento de outras partes florais, é chamado

fruto acessório. É o caso do morango, cujos verdadeiros frutos são as pequenas partes
que o conhecimento popular chama de semente.
Alguns frutos são Outros têm apenas um Outros ainda têm

formados por vários ovário, com uma só um ovário com
ovários fundidos, como semente, como a cereja. várias sementes,
o abacaxi. como o tomate.
Fonte das imagens: Getty Images.

Com o conhecimento adquirido sobre as partes de uma planta, responda às questões
propostas a seguir.
Atividades de aprendizagem
1. Considerando que a estrutura das plantas é formada por órgãos que executam
papéis diferentes, identifique a afirmativa correta.
a) Uma das funções das raízes é sustentar a planta no solo.
b) As folhas têm função reprodutora.
c) Troncos e raízes apresentam apenas crescimento primário.
d) Toda estrutura da planta que fica abaixo da terra são raízes.
e) O processo de fotossíntese ocorre nas sementes.
2. As monocotiledôneas são um grupo de plantas com características em comum. Entre

as famílias presentes nesse grupo, podem ser citadas as gramíneas ou Poaceae.
São gramíneas:
a) feijão, milho e sorgo.
b) cana-de-açúcar, milho e aveia.
c) batata, tomate e feijão.
d) soja, feijão e aveia.
e) tomate, cebola e sorgo.
Tópico 3: Noções de fisiologia vegetal

Agora que você já tem noções de anatomia e morfologia vegetal, vamos falar sobre a
fisiologia vegetal. Esse ramo da botânica se dedica ao estudo do funcionamento das
plantas, dos fluxos de energia dentro delas, dos processos metabólicos, do seu desen-
volvimento e dos aspectos nutricionais.
A partir da fotossíntese, a energia química resultante é utilizada pelas células vegetais

em vários processos metabólicos. A matéria orgânica produzida é o carboidrato, e os
agentes de absorção da luz solar são os pigmentos (clorofila) presentes nos cloroplastos
das plantas superiores. Confira essa dinâmica na figura a seguir.

O2 CO2
FOTOSSÍNTESE
Síntese da GLICOSE
(açúcar)
CO2 O2
CASCA
1
RESPIRAÇÃO
CAULE Oxidação da GLICOSE
(açúcar)
1
FLOEMA 2
1
Desce a seiva elaborada
XILEMA
2
Sobe a seiva bruta ÁGUA
N P K MACRONUTRIENTES PRIMÁRIOS
Nitrogênio / Fósforo / Potássio
SAIS MINERAIS
Ca Mg S MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS
Cálcio / Magnésio / Enxofre
Cl Cu B MICRONUTRIENTES
Cloro / Cobre / Boro
Manganês / Ferro / Molibdênio / Zinco
Mn Fe Mo Zn
A seguir, você vai conhecer os diferentes processos fisiológicos dos vegetais.
3.1 Relações hídricas
Como sabemos, a água é um elemento essencial para os organismos vivos. Ela repre-
senta cerca de 90% da massa dos vegetais e é por meio dela que os nutrientes são
absorvidos pelas raízes. Além disso, as reações do metabolismo vegetal acontecem na
água presente no interior das células, e os nutrientes transportados de uma parte a
outra da planta também se encontram em um ambiente aquoso.

Grande parte da absorção da água
presente no solo acontece nas zonas
mais novas das raízes, onde existem
os pelos. Quanto mais pelos radicu-
lares houver nas raízes, maior será
a zona de contato com a solução
aquosa do solo e, consequentemen-
te, mais nutrientes serão absorvidos.
No interior da planta, a água pode se mover por dentro das células, de uma célula a
outra ou nos espaços entre elas. O xilema é o principal meio de transporte de água na
maioria das plantas.
Você se recorda das diferenças entre o xilema e o floema? O
xilema é o tecido vascular que distribui água e minerais no
interior da planta. Algumas de suas células morrem e deixam
apenas as paredes externas. As células agrupadas continua-
mente formam os vasos para condução da água. Já o floema é
o tecido condutor da seiva elaborada dentro da planta (RAVEN;
EVERT; EICHHORN, 2001).
Parte da água absorvida pelas raízes é perdida para o ambiente, em formato de vapor,
por meio da transpiração. A perda de água acontece quando os estômatos estão abertos.
Os estômatos estão presentes na epiderme de folhas e caules e, conforme dito, efetuam
trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001).

Estômato aberto
Estômato fechado
Estômatos ampliados em folha.

3.2 Nutrição
A nutrição mineral está relacionada a como as plantas absorvem, transportam e utilizam

os nutrientes presentes no solo. Esse processo interfere diretamente na produtividade
das culturas. Mais detalhes sobre este assunto estão no próximo tema desta Unidade.
O desenvolvimento dos vegetais ocorre na atmosfera próxima ao solo, que é seu

apoio, sua base. Para que se desenvolva, o sistema radicular absorve água e nutrientes
(presentes no solo ou aqueles disponibilizados via adubação). São essenciais, ainda,
o carbono (C), o oxigênio (O) e o hidrogênio (H), elementos orgânicos não fornecidos
por adubação.
Então, para absorvê-los, a parte aérea da planta, composta pelas folhas, desempenha
esse papel, especificamente por meio dos estômatos. No processo, o gás carbônico
(CO2) entra e participa da fotossíntese.
Dica
Lembre-se de que o cobalto – Co (Co2+) é importante para as
leguminosas. Além disso, o silício – Si (SiO3-) e o níquel – Ni
(Ni2+) são encontrados nos tecidos vegetais.

Agora, para que você possa compreender o deslocamento do nutriente na planta,
algumas definições são fundamentais.
a) Absorção
Processo pelo qual o elemento (nutriente) passa do substrato (solo, solução nutritiva)
para dentro do tecido vegetal (raiz ou folha).
b) Transporte ou translocação
Transferência do elemento (nutriente) do órgão de absorção para outro (raiz → parte aérea
[via xilema] / folha [adubação foliar] → fruto e outras partes da planta [via floema]).
c) Redistribuição
Transferência do elemento (nutriente) de um órgão de função para outro (folha velha

→ folha nova / folha → fruto).
Para ajudar no entendimento desses conceitos, a figura a seguir apresenta a absorção,

o transporte e a redistribuição de um nutriente na planta:
ADUBO
FOLIAR
ABSORÇÃO
FOLIAR
REDISTRIBUIÇÃO
(FLOEMA)
TRANSPORTE
(XILEMA)
Nutriente
Intercepção radicular
CONTATO Fluxo de massa
ÍON-RAIZ
Difusão
ABSORÇÃO
RADICULAR

Na figura, o contato íon-raiz está relacionado às formas de contato e a como o nutriente
pode ser absorvido por meio de interceptação radicular, fluxo de massa e difusão.
Glossário
Íon: molécula carregada eletricamente – positiva ou negativa.
Nesse caso, são os nutrientes que a planta vai absorver, como
Ca2+, NO3-, K+ etc.
d) Interceptação radicular
À medida que a raiz se desenvolve, entra em contato com íons das fases líquida e sólida
do solo. A contribuição desse processo é muito pequena, e a quantidade é proporcional
à relação existente entre a superfície das raízes e a superfície das partículas do solo.
e) Fluxo de massa
É o movimento do nutriente em fase aquosa móvel (solução do solo) em maiores dis-

tâncias devido ao gradiente de tensão da água adjacente (mais úmida). Os elementos
dissolvidos – como nitrogênio (N), enxofre (S), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e alguns
micronutrientes – são, assim, carregados pela água para a superfície radicular.
f) Difusão
É o movimento a curtas distâncias do nutriente – como fósforo (P) e potássio (K) – em

uma fase aquosa estacionária.
E então, ficaram claras as definições sobre o deslocamento do nutriente na planta?

No Tema 4, você vai se aprofundar nos nutrientes minerais e identificar suas funções
dentro da planta.
3.3 Fotossíntese e respiração
Vimos que a fotossíntese é o processo pelo qual os organismos fotossintetizantes trans-

formam energia luminosa em energia química. Nesse processo, a água (H2O) é oxidada,
há liberação de oxigênio (O2) e redução de CO2 – é quando são produzidos os açúcares.

Oxigênio
Luz solar
Dióxido de
carbono
Açúcar
Água
Como os organismos fotossintetizantes estão na base da cadeia alimentar, os açúca-

res produzidos por eles são fonte de energia para todas as outras formas de vida. Nas
plantas, as estruturas responsáveis pela fotossíntese se chamam cloroplastos – é onde
está a clorofila, o pigmento responsável pela coloração verde (TAIZ; ZEIGER, 2017).
Atenção
Quando uma estrutura da planta naturalmente verde está ama-
relada, isso significa que há algum distúrbio nos cloroplastos. O
amarelecimento pode ser sinal de que a fotossíntese não está
sendo feita da forma adequada. Deve-se verificar, portanto, se o
distúrbio é devido à falta de nutrientes, de luz ou uma doença.

Você sabia que existem distintos ciclos de realização da fotossíntese no Reino Vegetal?
A eficiência fotossintética varia significativamente entre plantas com metabolismo tipo
C3, C4 ou CAM de fixação de CO2 atmosférico. As plantas C4 são mais eficientes fotos-
sinteticamente, como o milho, a cana-de-açúcar, o sorgo e os capins tropicais. Entre
as plantas C3, menos eficientes, estão o arroz, o feijão, o trigo, a soja, o algodão, o
amendoim, a batata e a mandioca.
Várias espécies que habitam am-

bientes áridos e quentes apresentam
o metabolismo ácido das crassulá-
ceas (CAM), como a família Crassu-
laceae, que abarca importantes gê-
neros de plantas suculentas, com
várias espécies conhecidas no
paisagismo.
3.4 Crescimento e desenvolvimento
Enquanto a planta cresce, ela se desenvolve. O conceito de “crescimento” refere-se

mais ao tamanho da planta, ao passo que “desenvolvimento” envolve diferenciação. A
planta passa por diversos estágios e fases até concluir o ciclo reprodutivo e produzir
sementes que perpetuarão a espécie. De forma genérica, fala-se em fase vegetativa,
floração, frutificação, maturação e senescência.
Atenção
Fases são períodos do ciclo da vida das plantas e não podem
ser confundidos com estágios, que são momentos.
A descrição das fases e dos estágios é denominada fenologia. Importante, ainda, é

o termo Dias Após a Emergência (DAE), muito usado para acompanhar o ciclo de
desenvolvimento das plantas. A duração do ciclo de uma dada espécie vegetal é razoa-
velmente constante. Logicamente, ela depende de que as condições ambientais sejam
adequadas, isto é, que haja disponibilidade de:

nutrientes e água luminosidade temperatura adequada
do ar e do solo
Podemos encontrar variedades ou cultivares de ciclos precoce, médio e tardio. Em relação

à luminosidade, destaca-se a duração do dia, que leva ao fenômeno do fotoperiodismo.
Em muitas espécies, a indução da floração é afetada pelo fotoperíodo ou duração do
dia. Há plantas que são fotossensíveis – algumas de dias longos e outras de dias curtos.
Cada espécie vegetal apresenta suas peculiaridades. Portanto, é
preciso estudar individualmente cada cultura para conhecer suas
características marcantes em relação aos fatores mencionados.
3.5 Hormônios vegetais
Hormônios vegetais são substâncias químicas que produzem respostas fisiológicas

mesmo em quantidades bem pequenas. O mesmo hormônio pode ocasionar respostas
diversas a diferentes tecidos ou fases do desenvolvimento.
Cinco grupos de hormônios vegetais merecem atenção mais detalhada: auxina, ci-
tocinina, etileno, giberelina e ácido abscísico. Mas, já se sabe que outros sinais
químicos também são utilizados pelas plantas. Conheça as diferenças entre esses hor-
mônios a seguir:
Hormônios vegetais e suas principais funções
Hormônio Principais funções Local de produção
Estimula o alongamento das célu-

Meristemas do caule, primór-
las recém-formadas pelos meris-
Auxina dios foliares, folhas jovens,
temas e promove o crescimento
frutos e sementes.
de raízes e caules.
Estimula as divisões celulares e o

Citocinina Extremidade das raízes.
desenvolvimento das gemas.

Hormônios vegetais e suas principais funções
Hormônio Principais funções Local de produção
Estimula o amadurecimento de
Etileno frutos; associado às auxinas, atua Diversas partes da planta.
na abscisão (queda) das folhas.
Promove a germinação das se-

Giberelina mentes e o amadurecimento dos Meristemas, frutos e sementes.
frutos; estimula a floração.
Inibe o crescimento; induz o fe-

chamento dos estômatos; promo-
Ácido abscísico ve a dormência de gemas e de se- Folhas, coifa e caule.
mentes; induz o envelhecimento
vegetal (folhas, frutos e flores).
Fonte: Adaptado de Raven, Evert e Eichhorn (2001).
Antes de encerrar este tema, e para fixar seus conhecimentos, faça a atividade de
aprendizagem a seguir.
1. Indique qual dos seguintes hormônios vegetais é responsável por estimular o
amadurecimento dos frutos.
a) Auxina.
b) Etileno.
c) Ácido abscísico.
d) Citocinina.
e) Giberelina.
Você encerrou o tema Fundamentos de botânica. No decorrer dele, você conheceu a
diversidade existente no reino das plantas, além da importância delas para a agricultura.
Também identificou a estrutura do corpo das plantas e os órgãos que a compõe, bem
como os processos fisiológicos dos vegetais e a função dos hormônios.
No próximo tema, você verá, em detalhes, aspectos sobre a nutrição mineral, tão im-
portante para o desenvolvimento adequado das plantas e base da boa produtividade.

04
Nutrição mineral e
fertilidade do solo
Tema 4: Nutrição mineral e fertilidade
do solo
Você sabia que os solos brasileiros, em geral, apresentam problemas de acidez, além
de baixa fertilidade natural? O tema de aula Nutrição mineral e fertilidade do solo
vai mostrar que, a partir do entendimento do uso correto de corretivos e fertilizantes, é
possível torná-los altamente produtivos, de forma sustentável e sem danos ao ambien-
te. Apesar dos avanços obtidos no entendimento da fertilidade do solo, ainda ocorrem
muitos equívocos no manejo dos solos brasileiros.
No tema anterior, você aprendeu que vários elementos químicos são essenciais à pro-
dução vegetal, pois, sem eles, as plantas não conseguem completar seu ciclo de vida.
Viu, também, que o carbono, o oxigênio e o hidrogênio são supridos às plantas por meio
da água e do ar, e os macro e os micronutrientes – essenciais ao crescimento – têm o
solo como fonte fornecedora primária.
O solo pode ser modificado pela atividade humana, tanto no aspecto físico, por meio
da aração, da gradagem e da drenagem, quanto no químico, pela calagem e pela adu-
bação. Essas duas últimas são as formas mais rápidas e economicamente viáveis para
aumentar a produção vegetal. Assim como o ser humano se alimenta de plantas, direta
e indiretamente, a planta também precisa de alimento. Somente alimentando-a ade-
quadamente é possível fornecer alimento, energia alternativa e vestimenta às pessoas.

Ao fim deste tema, espera-se que você possa:
• relacionar a fertilidade e a nutrição mineral à produção agrícola.
Tópico 1: Nutrição mineral de plantas

O estudo da nutrição mineral avalia os aspectos relacionados à dinâmica, ao suprimento
e à disponibilidade de nutrientes para as plantas. Assim, está diretamente relacionado
à fertilidade do solo.
1.1 Importância e classificação dos nutrientes minerais
Cada nutriente presente no solo apresenta um comportamento característico. Ao estu-

dar esse comportamento, torna-se possível desenvolver melhores técnicas de manejo.
Além de água e elementos orgânicos, a planta depende dos elementos minerais para
exercer suas funções fisiológicas. Esses nutrientes são divididos em:
a) Macronutrientes
Elementos essenciais para o crescimento e o desenvolvimento das plantas – sem eles,

ela não completa seu ciclo de vida. São denominados macronutrientes não por serem
os mais importantes, mas por serem absorvidos em maior quantidade. Compõem
esse grupo:
• Nitrogênio – N (NO3- e NH4+)
• Fósforo – P (H2PO4- e HPO)
• Potássio – K (K+)
• Cálcio – Ca (Ca+)
• Magnésio – Mg (Mg2+)
• Enxofre – S (SO4-)
b) Micronutrientes
Elementos essenciais, porém absorvidos e necessitados em quantidades muito peque-

nas. Compõem esse grupo:
• Zinco – Zn (Zn2+)
• Cobre – Cu (Cu2+)
• Manganês – Mn (Mn2+)

• Ferro – Fe (Fe2+)
• Boro – B (H3BO3)
• Molibdênio – Mo (MoO42-)
• Cloro – Cl (Cl-)
• Níquel – (Ni2+)
1.2 Absorção de nutrientes pela planta
O solo é o meio que atua como reservatório de minerais necessários às plantas. O es-
quema a seguir apresenta uma visão geral de compartimentos e vias de comunicação
ou de transferência de um elemento, geralmente, um nutriente.
NUTRIENTE
(Solução do solo)
NUTRIENTE NUTRIENTE NUTRIENTE NUTRIENTE

(Fase sólida) (Solução) (Raiz) (Parte aérea)
A solução do solo é o compartimento do qual a raiz retira ou absorve os elementos

essenciais. Quando a fase sólida (matéria orgânica + fração mineral) não consegue
transferir para a solução do solo as quantidades adequadas de um nutriente qualquer,
é necessária a aplicação de um fertilizante que contenha os elementos faltantes.
Isso significa que a prática da adu-

bação consiste em cobrir a diferença
entre a quantidade do nutriente exi-
gida pela planta e a quantidade dis-
ponível e fornecida pelo solo, a fim
de obter colheitas compensadoras,
de produtos de boa qualidade nutri-
tiva ou industrial, e provocar o mí-
nimo de perturbação no ambiente.

Uma série de fatores externos (do meio) e internos (da planta) influenciam os processos
de absorções radicular e foliar do nutriente. Confira:
Fatores Tipos de absorção do nutriente

influentes Radicular Foliar
• Disponibilidade do nutriente • Molhabilidade da super-

• Nível de acidez do solo (pH) fície foliar
• Aeração • Temperatura e umidade

relativa do ar
• Umidade
Do meio • Composição da solução
• Temperatura
(velocidades diferen-
• O próprio elemento tes dos elementos na
• Outros elementos absorção)
• Micorrizas • Luz
• Potencial genético • Superfície foliar (cutícu-

• Estado iônico da célula la, presença de estôma-
Da planta • Nível de carboidrato nas raízes tos e tricomas)
• Taxa de transpiração das plantas • Idade da folha
• Morfologia do sistema radicular • Estado iônico interno
Dica
A adubação foliar é uma alternativa eficiente para a solução
de problemas específicos e/ou complementar uma adubação
convencional.
Observa-se um grande aumento no consumo dos adubos foliares no Brasil, principal-

mente daqueles comercializados na forma líquida, com formulação “NPK + micronu-
trientes”, ou apenas “macronutrientes”. Essa forma de adubação tem sido proposta ou
usada em determinadas situações ou condições que precisam ser definidas: adubação
foliar corretiva, adubação foliar substitutiva, adubação foliar complementar e adubação
foliar suplementar.
Para obter sucesso na aplicação foliar, é preciso identificar corretamente os nutrien-

tes necessários, fazer a aplicação nas quantidades recomendadas, usar os bicos e a
pressão dos pulverizadores adequados para as menores gotículas possíveis, fazer uso
de agentes espalhantes e adesivos e executar a aplicação nas horas mais adequadas.
Confira, na figura a seguir, a localização dos sintomas de deficiência de nutrientes

nas plantas:

B
Zn SOMENTE
Ca NO TECIDO
Mo DA FOLHA
Mn Fe Cu
JOVEM
S
N
TECIDO
P DA FOLHA
K Mg VELHA
1.3 Funções dos elementos minerais
Agora que você já conhece os elementos que compõem os grupos de macro e micro-
nutrientes, vamos falar de suas funções.
MACRONUTRIENTES
Aumenta a absorção de potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), atua na

Nitrogênio
formação de proteínas e contribui para a uniformidade dos frutos.
Componente estrutural de ácidos nucleicos, atua na formação de adenosina

Fósforo
trifosfato – ATP e adenosina difosfato – ADP (energia).
Atua na fotossíntese, na translocação de carboidratos e na resistência das

Potássio
plantas a insetos e doenças.
Participa da sustentação das plantas e contribui para uma melhor absorção

Cálcio
de água e nutrientes.
Componente da molécula de clorofila e de proteínas, auxilia a absorção e a

Magnésio
translocação de fósforo e a ativação de enzimas.
Contribui para a formação de aminoácidos, atua na ativação de enzimas e

Enxofre
aumenta o teor de óleos.
MICRONUTRIENTES
Boro Atua no transporte de carboidratos.
Cobre Contribui para a produção enzimática e atua na fotossíntese.
Manganês Atua no metabolismo de ácidos orgânicos e na fotossíntese.
Participa do processo de fixação biológica de nitrogênio – FBN e da redução

Molibdênio
do nitrato no ciclo do nitrogênio.
Zinco Contribui para a produção de enzimas e atua no crescimento das plantas.
Cloro Atua diretamente na fotossíntese.

Ferro Participa no grupo ativo das enzimas e no transporte de elétrons.

1.4 Sintomas de deficiência
Quando os nutrientes não são fornecidos em quantidades adequadas, a planta sofre
desordem nutricional. Isso ocorre porque cada nutriente tem uma função específica,
que fica prejudicada. Pode-se observar, então, sintomas próprios da falta de cada um
dos nutrientes minerais.
No infográfico, confira os sintomas da falta de alguns dos nutrientes:
FERRO
CÁLCIO
Folhas novas
Folhas novas amareladas ou
atrofiadas e esbranquiçadas
disformes
POTÁSSIO
Folhas com
bordas e pontas
amareladas
NITROGÊNIO
Folhas superiores em
tom verde-claro,
amareladas e enrugadas
MANGANÊS
DIÓXIDO DE
CARBONO Pontos amarelados
Zonas brancas, e furos alongados
crescimento atrofiado entre as nervuras
e morte
MAGNÉSIO
FOSFATO
Margens foliares
Folhas mais escuras viradas para baixo
que o normal e amarelamento
Sintomas de deficiência nutricional nas plantas.

Dica
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
por meio de Circulares Técnicas, disponibiliza orientações para
identificar deficiências nutricionais em várias culturas.

1.5 Análise foliar
Uma vez que há uma relação direta entre os nutrientes do solo e a presença deles no
tecido vegetal, é possível monitorar o estado nutricional do solo de uma área de cultivo
e analisar uma amostra dos indivíduos presentes. A parte mais indicada para a análise
do estado nutricional da planta são as folhas, sobretudo as mais jovens (SOUZA, s.d.).
A análise foliar permite determinar o estado nu-

tricional da planta e verificar se o manejo nutri-
cional da área está adequado.
Ação no campo
Ao fazer a análise química das folhas, é preciso tomar alguns
cuidados para garantir a fidelidade das amostras, tais como:
• observar o período de coleta adequado para cada cultura;
• coletar, no mínimo, 20 folhas por hectare;
• fazer a coleta de forma aleatória e a mais representativa da

área possível;
• não colher amostras logo após atividades de manejo, como

pulverização de defensivos ou adubação;
• coletar folhas livres de danos;
• armazenar as folhas adequadamente até o envio ao labora-

tório, sem deixá-las expostas ao sol ou próximas a produtos
contaminantes; e
• acondicionar as folhas em saquinhos identificados.
É importante lembrar que análise foliar não substitui a análise de solo. Ou seja, deve
ser uma ferramenta adicional.

1. Os elementos importantes para a nutrição vegetal podem ser divididos em orgâni-
cos e minerais. Identifique esses elementos e o grupo a que pertencem.
Tópico 2: Fertilidade do solo

O solo é a camada mais externa e agricultável da superfície terrestre. Origina-se da
desintegração, decomposição e recombinação de rochas por processos físicos, químicos
e biológicos que podem levar milhões de anos. Existem cinco fatores na formação do
solo: material de origem (rocha), tempo (idade), clima, topografia e organismos vivos.
Moreira e outros autores (2013), no livro O ecossistema solo, dizem que o solo é um
material solto, macio, que cobre a superfície da Terra como a casca cobre a laranja.
No entanto, ao contrário da casca da laranja, que apresenta superfície relativamente
uniforme, os solos se diferenciam muito na superfície da Terra, tanto em relação à es-
pessura quanto em relação às suas características, como:
• cor, quantidade e organização de partículas (argila, silte e areia);
• fertilidade (capacidade de suprir nutrientes e água e favorecer o crescimento das

plantas);
• porosidade (quantidade e arranjamento dos poros), entre outras.

Os solos são constituídos por água, ar e materiais minerais
e orgânicos e contêm, ainda, organismos vivos. No material
complementar, disponível na biblioteca do AVA, você encontra
informações mais completas sobre o perfil dos solos e as dife-
rentes camadas que o formam. Acesse e aproveite!
Existem diferentes classes de solos na natureza, de acordo com suas características e

perfis. No Brasil, temos o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, publicado origi-
nalmente pela Embrapa em 1999, e em constante atualização. Os solos mais comuns
no país são os latossolos e os argissolos, que ocupam aproximadamente 60% das terras
brasileiras (SBCS, 2018).
São de textura variável, de média a muito argilosa, geralmente

bastante profundos, porosos, macios e permeáveis, com peque-
na diferença no teor de argila entre os horizontes superficiais e
Latossolos
subsuperficiais; são, comumente, de baixa fertilidade natural. Ge-
ralmente, não apresentam variação da cor e de textura à medida
que nos aprofundamos em seu perfil.
Formam um grupo de solos bastante heterogêneos, os quais, em

geral, têm em comum um aumento substancial no teor de ar-
gila em profundidade. São bem-estruturados, apresentam pro-
fundidade variável e cores predominantemente avermelhadas ou
Argissolos
amareladas no horizonte B, com textura que varia de arenosa a
argilosa nos horizontes superficiais e de média a muito argilosa
nos mais profundos. Sua fertilidade é variada. No entanto, predo-
minam os de baixa fertilidade natural.
2.1 Fertilidade do solo e produtividade agrícola
A fertilidade está diretamente relacionada à capacidade dos solos de suprirem nutrientes

às plantas. Como você viu, conhecer cada nutriente e sua disponibilidade nas plantas é
importante, uma vez que, a partir desses conhecimentos, pode-se, quando necessário,
fazer uso de práticas corretivas e de adubação.
Lembre-se de que existem solos naturalmente férteis, que per-
mitem a obtenção de elevadas produtividades sem uso de cor-
retivos ou fertilizantes – pelo menos enquanto sua capacidade
de suprir nutrientes para as plantas persistir.

Presume-se que cerca de 70% dos solos cultivados no Brasil apresentem uma ou mais
limitações sérias de fertilidade. O manejo correto da fertilidade do solo é responsável
pela maior parcela – em alguns casos, até mais de 50% – dos ganhos de produtividade
obtidos pelo uso das práticas culturais recomendadas.
Para que um nutriente possa ser absorvido pela raiz, ele deve ser transportado até a
superfície radicular. Dessa forma, o teor disponível de um dado nutriente, em função
do transporte, depende de aspectos físicos do solo que afetam esse deslocamento, tais
como textura, compactação e teor de água. A umidade do solo é importante para a
disponibilidade dos nutrientes.
2.2 Fatores que influenciam o crescimento e o desenvolvimento das

plantas
Ao executar o manejo da fertilidade do solo, no que se refere à recomendação de prá-

ticas corretivas ou de adubação, é preciso se atentar a três fatores básicos:
Fator Solo
MANEJO DA
Fator Planta Fator Agricultor
FERTILIDADE DO SOLO
Fator solo: considerar o que se quer ganhar em produtividade (retorno econômico),

o grau de compactação, as condições de drenagem e os aspectos químicos do solo.
Fator planta: conhecer as exigências nutricionais, em termos de quantidade e época, e a

capacidade de adaptação a condições adversas do solo das diferentes espécies vegetais.
Fator agricultor: considerar o nível tecnológico do agricultor (maquinário disponível),

bem como seu conhecimento e suas observações sobre a área a ser manejada.
2.3 Fertilizantes
Fertilizantes são substâncias de origem orgânica ou mineral, obtidos de forma natural

ou sintética, que fornecem um ou mais nutrientes aos vegetais. Como também corrigem
as características do solo, podem ser chamados de corretivos.

Dentro do grupo dos fertilizantes estão listados, ainda, os inoculantes – substâncias que
contêm microrganismos que atuam de forma favorável ao desenvolvimento vegetal.
Os inoculantes podem fornecer bactérias fixadoras de nitrogênio, como vimos no Tema
2 (BRASIL, 2021).
2.4 Avaliação da fertilidade do solo e recomendação de fertilizantes/

corretivos
O processo de análise química do solo pode ser dividido em três etapas: amostragem,
análise e interpretação dos resultados. A partir daí, é possível fazer uma avaliação da
fertilidade e estabelecer um conjunto de recomendações de práticas corretivas e/ou
de adubação.
Recomendações
Amostragem Análise química Interpretação
para o manejo
do solo em laboratório dos resultados
da fertilidade
Uma análise completa para a avaliação da fertilidade do solo deve incluir as seguintes
determinações: acidez (pH), concentrações de fósforo, potássio, cálcio, magnésio, en-
xofre, zinco, manganês, cobre, ferro, boro, alumínio, hidrogênio mais alumínio, teor de
matéria orgânica e análise granulométrica (textura).

A seguir, um exemplo de laudo de análise de fertilidade do solo (macronutrientes +
matéria orgânica).
É preciso levar em consideração que há diferentes procedimentos analíticos empre-

gados nos diversos laboratórios do Brasil. Além disso, é possível consultar boletins de
recomendação de corretivos e fertilizantes de diferentes estados.

2.5 Manejo da adubação
O manejo da adubação é um dos fatores que determinam a expressão do potencial

genético da planta. Se o aporte hídrico e nutricional for adequado, todo o trabalho de
desenvolvimento do cultivar pode se expressar de forma acertada.
Dica
Executar as atividades de manejo da adubação de forma correta
também implica maior retorno econômico, já que aumenta a
produtividade.
Observe, na sequência, exemplos de atividades executadas na correção da nutri-

ção do solo.
a) Calagem
A calagem é uma prática agrícola que busca corrigir a acidez do solo com o uso de
calcário. Para avaliar a acidez, é preciso considerar a acidez ativa e a trocável, a sa-
turação por alumínio e por base, a capacidade-tampão – estimada por meio da acidez
potencial – e o teor de matéria orgânica. A acidez do solo também se relaciona com a
disponibilidade de cálcio, magnésio, manganês e outros micronutrientes.
Os valores de pH do solo variam na faixa entre

3,0 e 10,0. Sabe-se que a maior disponibilidade
de nutrientes no solo ocorre na faixa de pH entre
6,0 e 7,0.
Sob acidez ou alcalinidade excessiva, entre outros problemas para as plantas, tem-se
baixa disponibilidade de nutrientes. Portanto, antes da adubação e do preparo do solo,
deve-se procurar conhecer as condições de acidez do solo.
Os materiais corretivos usados na calagem são: óxidos, hidróxidos, carbonatos ou silica-

tos de cálcio e/ou de magnésio. Todo calcário é, relativamente, rico em cálcio. Todavia,
nem todos apresentam teor adequado de magnésio – o teor de MgCO3 é muito variável.
Em função do teor de MgCO3, os calcários são classificados em:

Calcário calcítico Tem menos de 10% de MgCO3 ou menos de 5% de MgO.
Calcário magnesiano Tem de 10% a 25% de MgCO3 ou de 5% a 12% de MgO.
Calcário dolomítico Tem mais de 25% de MgCO3 ou de 5% a 12% de MgO.
Ação no campo
Além de identificar a necessidade de calagem, é preciso saber
quando e como praticá-la. Por ser um material de baixa solubi-
lidade e de reação lenta, o calcário deve ser aplicado de dois a
três meses antes do plantio para que as reações esperadas se
processem. Ele é uniformemente distribuído sobre a superfície
do solo, manualmente ou por meio de máquinas próprias, e é,
então, incorporado com arado e grade na profundidade de 15
cm a 20 cm (camada arável).
O período compreendido entre a calagem e o plantio deve ser considerado, bem como
a presença de umidade suficiente no solo, para que existam as reações entre ele e
o calcário. Sem umidade no solo, não há como o calcário reagir. Nesse caso, é
preferível fazer a calagem e o plantio em uma sequência única de operações. A análise
de solo, três ou quatro anos depois da calagem, pode indicar a necessidade de nova
aplicação.
b) Gessagem
Em solos como os do cerrado, as limitações impostas pela acidez vão além da camada
arável – atingem as camadas subsuperficiais, onde a toxidez de alumínio e/ou a bai-
xa disponibilidade de cálcio são os principais fatores impeditivos à maximização das
produções. Essas substâncias limitam o crescimento radicular e, consequentemente, a
utilização de água e nutrientes em profundidade.
A correção da acidez subsuperficial pela calagem encontra sérios problemas, tanto do

ponto de vista técnico quanto do econômico, pois exige equipamento apropriado e tem
alto consumo de energia.

Por isso, o uso de sais de cálcio mais solúveis que o carbonato do calcário tem sido
proposto como alternativa viável para se aumentar a profundidade do sistema radicular
para, pelo menos, promover lixiviação do cálcio abaixo da camada arável.
Glossário
Lixiviação: processo pelo qual os nutrientes do solo migram
das camadas mais superficiais para as camadas mais profundas
em decorrência de um processo de lavagem devido à ação da
água da chuva ou da irrigação (Embrapa Arroz e Feijão, 2004).
O gesso agrícola – CaSO4.2H2O – surge como a principal alternativa para a correção da

acidez subsuperficial dos solos, notadamente os de cerrado. Trata-se de um subprodu-
to da indústria de fertilizantes fosfatados concentrados, que contém cerca de 20% de
cálcio, 15% de enxofre, 0,7% de fósforo e 0,6% de flúor. Portanto, é uma importante
fonte de cálcio e de enxofre para as plantas.
Sempre que possível, o gesso deve ser aplicado com o calcário magnesiano ou dolo-
mítico. Amostragens periódicas das camadas subsuperficiais devem ser feitas com a
finalidade de acompanhar a movimentação de bases pelo perfil.
c) Adubação
Por representar uma significativa parcela nos custos de produção, a adubação deve
ser feita com a máxima eficiência para se obter máxima produtividade econômica e
produtos agrícolas com qualidade. Além disso, a correta adubação evita o desperdício
de recursos naturais não renováveis e causa o mínimo de danos ao meio ambiente.
A proporção entre os nutrientes presentes nos fertilizantes é
chamada de “relação básica” ou “NPK”. Isso porque, a partir dos
resultados da análise de solo, o técnico pode consultar quais
doses de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O) devem
ser aplicadas.
2.6 Fertilidade do solo e sustentabilidade da atividade agrícola
O manejo do solo se constitui de práticas indispensáveis ao bom desenvolvimento das

culturas e compreende um conjunto de técnicas que, empregadas racionalmente, pro-
porcionam alta produtividade. Porém, se mal utilizadas, podem levar à destruição dos

solos em curto prazo e à desertificação de áreas extensas. De maneira geral, podem-se
considerar os seguintes tipos de manejo do solo:
Preparo convencional
Provoca inversão da camada arável do solo mediante o uso de arado; a essa operação
seguem-se outras, secundárias, com uso da grade ou do cultivador para triturar os
torrões. Nesse sistema, a superfície é totalmente revolvida por implementos (arado,
grade, cultivador). Ele tem como princípio melhorar o solo para a germinação de
sementes, eliminar plantas daninhas antes do plantio, e corrigir características da
subsuperfície do solo, como a necessidade de incorporação de corretivos ou rompi-
mento de camadas compactadas.
Cultivo mínimo
Consiste na redução de operações de preparo do solo. Baseia-se no uso de imple-

mentos sobre os resíduos da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário
para o cultivo seguinte. Geralmente, é usado um escarificador (implemento que corta
o solo sem revolvê-lo) a 15 cm de profundidade, o suficiente para romper crostas
e descompactar o solo. Ele pulveriza menos o solo, deixa mais resíduos na sua su-
perfície, reduz a compactação, melhora a infiltração de água e diminui as perdas de
solo e água por erosão em relação ao preparo convencional.
Plantio direto
Ocorre onde as sementes são semeadas por meio de semeadora especial sobre a
palhada de culturas do cultivo anterior ou de culturas de cobertura produzidas no
local para esse fim. Proporciona melhor cobertura do solo, mantém a umidade em
profundidade, contribui para a manutenção da matéria orgânica no solo durante a
entressafra e possibilita melhor ciclagem de nutrientes no solo. Hoje, está ampla-
mente difundido no Brasil como o método mais adequado para as condições edafo-
climáticas do país.
Plantio semidireto
Semelhante ao plantio direto, faz a semeadura direta sobre a superfície com se-
meadora especial. Difere do sistema anterior apenas por haver poucos resíduos na
superfície do solo.
Saiba mais
Na biblioteca do AVA, você encontra o artigo Sistema de plantio
direto na palhada e seu impacto na agricultura brasileira. Acesse
e leia para saber mais.

O preparo mínimo, o plantio direto e o plantio semidireto são conhecidos como siste-
mas conservacionistas – uma das melhores formas, estabelecidas até o momento, para
conservar a água e o solo.
As técnicas de manejo do solo a serem aplicadas em determinada área dependem de

vários fatores. Cada área rural tem suas peculiaridades e requer decisão própria. Para
cada caso, são definidas técnicas de acordo com:
• a textura do solo;
• o grau de infestação de
invasoras;
• os resíduos vegetais da
superfície;
• a umidade do solo;
• a existência de camadas
compactadas;
• a pedregosidade; e
• os riscos de erosão pelo uso de

máquinas. Fonte: Shutterstock.
O estudo do perfil do solo é primordial, mas vale a pena recordar que, sempre que pos-
sível, deve-se decidir pelos manejos conservacionistas e, mesmo quando for impossível
sua implantação, eleger os preparos que provoquem o menor revolvimento do solo.
Manejo sustentável
Os objetivos de uma agricultura sustentável são o desenvol-
vimento de sistemas agrícolas produtivos, que conservem os
recursos naturais, protejam o ambiente e melhorem as condi-
ções de saúde e de segurança em longo prazo. Nesse sentido,
as práticas culturais e de manejo, como a rotação de culturas,
o plantio direto e o manejo do solo conservacionista, são muito
aceitáveis, pois, além de controlarem a erosão do solo e as perdas
de nutrientes, mantêm e/ou melhoram a produtividade do solo.
Antes de encerrar este tema, responda à questão proposta a seguir.

1. Sobre os tipos de manejo do solo, identifique a alternativa incorreta.
a) As práticas conservacionistas ajudam a melhorar a estrutura do solo e a produtividade.
b) O sistema de plantio direto é um tipo de manejo conservacionista.
c) O sistema de plantio direto recebe esse nome porque a semeadura deve ser feita
direto no solo, sem o uso de máquinas.
d) Os sistemas de manejo sustentável do solo buscam melhorar as condições de saúde

e de segurança em longo prazo.
e) A proteção constante do solo pela palhada é um dos fatores que promovem sua
conservação no sistema de plantio direto.
Você encerrou o tema Nutrição mineral e fertilidade do solo e pôde observar que,
para que um ecossistema seja sustentável, é necessário haver equilíbrio dinâmico en-
tre seus elementos. Você conheceu, ainda, algumas características sobre o solo e as
plantas, além de diferentes sistemas de manejo do solo: convencional, cultivo mínimo,
plantio direto e plantio semidireto.
No próximo tema, você conhecerá os métodos de irrigação e drenagem, fundamentais

para o sucesso na produção das culturas.

05
Irrigação e
drenagem
Tema 5: Irrigação e drenagem
O tema de aula Irrigação e drenagem vai apresentar noções das atividades de manejo
da água no campo, divididas em práticas de irrigação e de drenagem. Você também
vai aprender conceitos-chave para compreender a aplicação dessas práticas para obter
uma melhor produtividade no campo.
Você já deve saber que a água é uma das substâncias mais importantes para os pro-
cessos vitais e físico-químicos. Em mais de 2/3 do nosso planeta, ela está presente nas
formas líquida e sólida. Na forma gasosa, é constituinte da atmosfera e está em toda
parte. Sem a água, não seria possível a vida como a conhecemos.
Os organismos vivos se originaram em meio aquoso e se tornaram absolutamente de-

pendentes dele no decurso da evolução. A água constitui 95% do protoplasma (mate-
riais biológicos vivos) em seu peso total. Como solvente universal, possibilita a maioria
das reações químicas. Nas plantas, tem a função de manter o turgor celular, que é a
força exercida pela água em uma célula, de dentro para fora, contra a parede celular,
responsável pelo crescimento vegetal.
Com os conhecimentos adquiridos neste tema, você vai desen-
volver as seguintes capacidades:
• compreender aspectos introdutórios de irrigação e drenagem; e
• identificar os conjuntos de soluções para o manejo da água

no ambiente rural.

Tópico 1: Irrigação
As técnicas de irrigação nas diversas culturas permitiram que a produção agrícola
crescesse significativamente nos últimos anos. Nesse cenário, a produtividade da agri-
cultura irrigada brasileira chega a ser três vezes maior que a obtida com a agricultura
tradicional. Em termos econômicos, o ganho com a irrigação é ainda mais expressivo:
a produtividade na venda dos produtos irrigados é cerca de sete vezes maior.
Por dentro da lei

O Brasil está à frente de muitos países considerados desenvol-
vidos quando se trata de ações para gerenciar o uso racional da
água. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA),
criada como desdobramento da Lei n.º 9.443/97 (Lei das Águas),
tem características institucionais e operacionais um pouco dife-
rentes das demais agências reguladoras. A legislação atribuiu
ao Poder Executivo Federal a tarefa de implementar o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) e a
Política Nacional de Recursos Hídricos.
A ANA atua na regulamentação dos usos atuais e futuros de

água e dos barramentos e fomenta a instalação de comitês de
manejo de bacias hidrográficas, que contam com a participa-
ção de toda a sociedade civil no processo decisório. Em 2020,
a Lei n.º 14.026 atualizou o marco legal do saneamento básico
e instituiu normas de referência para a regulação dos serviços
públicos de saneamento básico.
O Atlas irrigação: uso da água na agricultura irrigada, publicado

pela ANA, em 2021, traz uma base técnica, ampliada e atuali-
zada, com informações relevantes sobre a agricultura irrigada
brasileira na sua interface com os recursos hídricos, e subsidia a
tomada de decisão com vistas ao desenvolvimento sustentável, à
segurança hídrica e à garantia dos usos múltiplos da água. Para
saber mais, acesse o link disponibilizado na biblioteca do AVA.
O objetivo da irrigação é suprir água às plantas na quantidade necessária e no momento

adequado para obter a máxima produção e a melhor qualidade do produto. Na agricul-
tura, a irrigação garante produções independentemente da quantidade e da distribuição
das chuvas. Para a ANA (2021):

A irrigação corresponde à prática
agrícola que utiliza um conjunto de
equipamentos e técnicas para suprir
a deficiência total ou parcial de água
para as plantas.
Percebe-se, então, que os benefícios dessa prática são inúmeros. A Companhia de

Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf, 2017) destacou
alguns. Veja:
• aumento da produtividade das colheitas, que chega a ser, em média, 2,5 a 3 vezes
maior que em área não irrigada;
• aumento do valor da propriedade e do lucro da agricultura em até 5 vezes o valor

bruto da área irrigada;
• possibilidade de mais de uma colheita por ano, em uma mesma área, de diversas
culturas, além de colheitas fora do período normal da cultura; e
• facilidade e baixo custo de aplicação de corretivos e fertilizantes hidrossolúveis no

solo em sistemas produtivos de fertirrigação.
Com a observação desses benefícios, fica evidente que a influência positiva da irrigação
vai além de suprir apenas as necessidades hídricas das culturas. Entenda, agora, como
a irrigação é executada no campo de produção.
1.1 Métodos ou sistemas de irrigação
Método ou sistema de irrigação diz respeito à forma como a água será disponibilizada
aos cultivos. Ao defini-lo, deve-se atender aos interesses do produtor e às necessidades
hídricas da cultura, além de considerar:
Condições do solo Regime de Topografia

chuvas da região

Por topografia, entende-se a descrição ou delineação minuciosa de uma localidade;
a configuração do relevo de um terreno com a posição de seus acidentes naturais ou
artificiais (DICIONÁRIO MICHAELIS, 2021).
É preciso ter em mente, ainda, que todos os sistemas apresentam vantagens e desvan-
tagens a serem consideradas na escolha do método adequado. A seguir, estão elencados
os principais métodos ou sistemas de irrigação:
a) Irrigação por superfície
Nesse método, a irrigação acontece por gravidade, e a água escorre pela superfície do
solo. Trata-se de um sistema que requer menos custos de instalação e operação, além
de equipamentos mais simples. Também permite a utilização de água com sólidos em
suspensão e, comparado a outros mais complexos, como a aspersão, gera menor con-
sumo de energia.
Esse sistema não sofre perda de água por deriva causada

pelo vento, mas observa-se a perda de água pela evaporação
causada pela ação direta do sol.
As principais limitações do método são:

• a dependência das condições topográficas, o que requer sistematização do terreno
e torna o manejo das irrigações mais complexo;
• a dependência de frequentes reavaliações de campo, para assegurar o bom desem-

penho; e
• se mal planejado e mal manejado, pode apresentar baixa eficiência de distribuição

de água.
No método de irrigação por superfície, a água pode ser aplicada por meio da irrigação
por sulcos – em que escorre pelo terreno em canais abertos. As desvantagens são a
grande perda por evaporação em períodos secos e quentes, e o fato de a água poder
ser facilmente contaminada por ficar desprotegida.

Plantação com canal de irrigação e água escorrendo pela superfície.
Outra forma de aplicação da água é por meio da irrigação por inundação. Nesse
caso, há a manutenção de uma lâmina de água uniforme e constante. O exemplo mais
comum desse tipo de irrigação é o cultivo do arroz.
b) Irrigação por aspersão
Esse método atua no campo de forma semelhante à chuva, mas de forma artificial.
Permite fácil adaptação às diversas condições de solo e de topografia, e, comparado
ao método de superfície, apresenta potencialmente maior eficiência de distribuição de
água. Suas vantagens também incluem a automação completa, a possibilidade de trans-
porte para outras áreas e de montagem e desmontagem, a fim de facilitar atividades
de manejo, como o tráfego de máquinas.
Entretanto, o método apresenta limitações, tais como:

• custos de instalação e operação mais elevados que os do método por superfície;
• a possibilidade de sofrer influência das condições climáticas, como vento, que causa
perda por deriva;
• nos locais onde a água é salina ou sujeita à precipitação de sedimentos, pode haver
redução da vida útil do equipamento e danos a algumas culturas;
• o favorecimento do aparecimento de doenças em algumas culturas, pois aumenta a

umidade do ar ou das superfícies das folhas;
• a interferência em tratamentos fitossanitários; e
• o favorecimento da disseminação de doenças pela água.

Um exemplo de sistema de irrigação por aspersão é a aspersão convencional. Os
sistemas convencionais podem ser fixos, semifixos ou portáteis, e suas partes fixas
podem estar ou não enterradas.
Linhas principais e laterais na mesma posição durante a irrigação

Fixos
de toda a área.
Linhas principais fixas e linhas laterais móveis ao longo das linhas

Semifixos
principais.
Portáteis Tanto as linhas principais quanto as laterais são móveis.
Sistema de irrigação por aspersores.

Outro exemplo é o sistema autopropelido, que se utiliza de um canhão único montado

em um carrinho, o qual se desloca em linha reta ao longo da área. O carrinho é conec-
tado aos hidrantes da linha principal por uma mangueira flexível, que o propulsiona. A
pressão da água é responsável pela propulsão.

Canhão de irrigação autopropelida.
Outra opção é o sistema de irrigação do tipo pivô central. Nele, uma área circular
recebe uma estrutura, do tamanho de seu raio, que gira. O centro da estrutura é fixo
ao centro do círculo.
Essa estrutura é suspensa sobre a

plantação e promove a aspersão da
água. Ainda, ao longo dela, existem
torres sobre rodas, com motores in-
dividuais elétricos ou hidráulicos.
Sistema de irrigação por pivô central.

Por fim, destaca-se o sistema do deslocamento linear, semelhante ao do pivô central.

Porém, a estrutura suspensa que promove a aspersão não tem ponto fixo e segue em
linha reta ao longo da área de cultivo.

c) Irrigação localizada
Nesse método, a aplicação da água é feita bem próxima ao sistema radicular. Para
isso, são usados mecanismos que liberam água aos poucos, como gotejadores, tubos
porosos ou microaspersores. É um sistema que proporciona significativa economia de
água, mas seu custo de instalação é relativamente alto se comparado aos anteriores.
Também permite automação total, o que o torna menos dependente de mão de obra
(ANDRADE; BRITO, 2006).
Irrigação por gotejamento em campo de cebolas.

1.2 Manejo da irrigação e demanda de água
A finalidade do manejo da irrigação é promover o uso de técnicas que viabilizem a ex-

ploração racional dos recursos hídricos à medida que satisfaçam a necessidade hídrica
das culturas. Isso quer dizer que é preciso disponibilizar água para as plantas sem déficit
ou exageros, a fim de manter sua produtividade.
Atenção
Quando é disponibilizada menos água do que a planta precisa,
o cultivo não expressa seu potencial produtivo. Assim, a quan-
tidade e a qualidade do produto ficam abaixo do esperado. Por
outro lado, se há excesso de oferta de água, o aparecimento
de doenças, como a podridão, é favorecido. O excesso de água
no solo pode promover a perda de nutrientes por lixiviação e
propiciar a contaminação do lençol freático ou cursos de água
por produtos químicos.

Os métodos de manejo da irrigação podem ser baseados em três conjuntos de aspectos
de campo: condições do solo, dados climáticos e condições das plantas. Lembre-
-se de que, ao fazer o planejamento da irrigação, o sistema deve suprir a necessidade
das culturas, onde e quando a chuva não puder fazê-lo.
O controle da irrigação pelo solo passa, necessariamente, pelo conhecimento de suas

características. Nesse caso, três importantes parâmetros agrometeorológicos são:
Água total Refere-se à água presente no solo entre sua capacidade de

disponível (ATD) campo (CC) e seu ponto de murcha permanente (PMP).
Capacidade de Define-se como o limite superior de retenção hídrica no solo.

Isto é, a máxima quantidade de água que ele pode reter sem
campo (CC) causar danos ao sistema (ALBUQUERQUE et al., 2015).
Ponto de murcha É o teor de umidade abaixo do qual a planta não consegue

permanente (PMP) sobreviver.
A capacidade de armazenamento de água no solo está associada à quantidade e ao

tamanho de seus poros. Quanto menores os poros, maior é a capacidade de retenção
de água. Um solo com muitos microporos tem grande capacidade de reter água. Alguns
equipamentos, como os tensiômetros, podem ajudar no controle da irrigação pelo solo.
Para fazer o manejo da irrigação pelo clima, deve-se considerar a necessidade de re-
por o consumo da cultura, em um dado período, desde a data da última irrigação ou
ocorrência de chuva. Nos sistemas pela atmosfera, o principal objetivo é determinar a
evapotranspiração das culturas (ETc), e cada cultura tem a sua. Nessa variável, a
arquitetura das plantas vai interferir na ETc. Por exemplo, as rasteiras cobrem mais o
solo e o mantêm mais protegido, o que faz com que perca menos água para atmosfera.
A ETc é a água transferida para a atmosfera por meio da eva-
poração do solo somada à transpiração das plantas. A eva-
potranspiração de referência (Eto) é a evapotranspiração de
uma cultura de referência. No método padrão, determinado
por Penman-Monteith e parametrizado pela FAO, a cultura de
referência é a grama-batatais (CONCEIÇÃO, 2006).
Os dados atmosféricos também podem ser obtidos por estações meteorológicas, que
coletam informações, com mais facilidade, sobre a temperatura, a umidade relativa, a
pluviosidade, a velocidade e a direção do vento. As estações meteorológicas automáticas
podem ser programadas para fazer as leituras e enviá-las automaticamente.

Por fim, o controle da irrigação pela planta consiste em avaliar o estado hídrico dela.
Nesse caso, alguns pesquisadores determinam que o principal órgão a ser avaliado é a
folha. Os aspectos a serem observados nas folhas são:
• mudança da coloração;
• ângulo de posição;
• índice de crescimento;
• teor absoluto de água;
• potencial hídrico;
• temperatura;
• taxa de transpiração; e
• abertura estomacal.
As alternativas de controle da irrigação pela planta, no entanto, são de difícil aplicação,

envolvem aparelhos caros e não são muito executadas nas práticas diárias em campo
(APARECIDO et al., 2021).
1.3 Planejamento da irrigação
Na etapa de planejamento da irrigação, a tomada de decisão pode ser baseada nas

seguintes estratégias:

Irrigação sem déficit
Nessa estratégia, busca-se suprir totalmente a necessidade de água da cultura. O

objetivo é atingir a máxima produção por unidade de área e priorizar a alta produ-
tividade e a qualidade do produto (ANA, 2016).
Irrigação com déficit
Essa estratégia envolve conseguir o máximo de produtividade associada ao volume

de água aplicada. A lâmina de irrigação é menor que a evapotranspiração da cultu-
ra em um dado período. Assim, aumenta-se a eficiência de aplicação e há redução
nos custos operacionais da irrigação. A lixiviação de produtos químicos também é
reduzida (ANA, 2016).
Irrigação com déficit aplicado por etapa
Nessa estratégia, a lâmina que supre o déficit hídrico é aplicada apenas em etapas
fenológicas sensíveis ao déficit hídrico, normalmente no florescimento. Nas demais
etapas, usa-se a irrigação com déficit.
Além desses parâmetros, ainda é necessário considerar o planejamento da estrutura

física e dos materiais utilizados na implantação dos sistemas, como o dimensionamento
das tubulações e a potência da bomba.
1.4 Manejo da água para irrigação
O manejo da água de irrigação tem por objetivo manter o solo com a umidade em uma
faixa que permita o armazenamento de água nos poros dele e uma fácil absorção pelo
sistema radicular da planta, sem o risco de limitar seu desenvolvimento, por excesso
ou por deficiência. A faixa de umidade do solo disponível às plantas varia conforme o
tipo de solo – mais especificamente a textura e a estrutura.

Confira, a seguir, como funciona a capacidade de armazenamento de água no solo:
Solo saturado
Água de
Limite máximo
percolação
Capacidade
de campo
(0,1 a 0,3 atm)
Umidade
Tensão
Água
disponível
Ponto de murcha
Água não permanente
Limite mínimo (15 atm)
disponível
Esquema representativo da capacidade de armazenamento de água nos poros do solo.

Fonte: Adaptado de Folegatti e Fernandes (2013).
As condições meteorológicas determinam a demanda de transpiração pelas plantas:

quanto maior a transpiração, maior a redução na umidade do solo em consequência de
uma maior intensidade da absorção de água pelo sistema radicular.
Ação no campo
O produtor deve promover uma aplicação de água de irrigação à
cultura de forma a atender a necessidade da planta, ou seja, no
momento e em quantidade que maximize seu desenvolvimento
e sua produção. No manejo da água de irrigação, é necessário
saber se a planta está no desenvolvimento adequado para a
condição irrigada. Para isso, o solo deve estar dentro da faixa
de umidade correta durante todo o ciclo da cultura.
A irrigação, quando adequadamente manejada, resulta em diversas vantagens. Por

exemplo: propicia condições de maximização do uso da área irrigada, por permitir um
uso mais racional da água, maximiza o armazenamento da água do solo, reduz cus-
tos de água, energia e mão de obra, minimiza perdas de nutrientes por escoamento
superficial ou por lixiviação no perfil do solo, entre outras (APARECIDO et al., 2021).
Agora, com o conhecimento adquirido neste tópico, resolva as questões propostas a seguir.

1. Conforme o que você aprendeu sobre irrigação, analise as seguintes afirmações:
I. A capacidade de armazenamento de água no solo está diretamente ligada à

quantidade e ao tamanho de seus poros.
II. Quanto mais água no solo, melhor se desenvolve a planta.
III. O manejo adequado da irrigação proporciona a oportunidade de a cultura me-

lhor expressar seu potencial genético.
IV. O sistema de irrigação por inundação é comum nas plantações de arroz.
Está correto o que se afirma em:
a) I e IV apenas.
b) II e III apenas.
c) II e IV apenas.
d) I e III apenas.
e) I, III e IV apenas.
2. O uso de irrigação na agricultura busca complementar o aporte hídrico demandado

pelas plantas. Sobre os principais sistemas de irrigação, identifique a alternativa
correta.
a) Nos sistemas de irrigação por superfície, quando os canais são abertos, pode haver
perda de água por evaporação.
b) Uma das desvantagens dos sistemas de irrigação por superfície é o baixo custo de
implantação.
c) O excesso de água nos solos pode facilitar a absorção de nutrientes pelas raízes.
d) Nos pivôs centrais, a água da irrigação é aplicada por baixo das plantas.
e) Nos sistemas de irrigação por aspersão, os ramais móveis podem estar sob o solo.
Tópico 2: Drenagem
Drenagem é a remoção do excesso de água em uma dada área. Na agricultura, o excesso
de água pode ser resultado das chuvas ou da irrigação. A finalidade da drenagem é,
portanto, a manutenção das características desejáveis do solo para o desenvolvimento
das culturas.

2.1 Drenagem de áreas agrícolas
Ao planejar e executar as atividades de drenagem em áreas agrícolas, deve-se ter em

mente que o objetivo principal é manter o equilíbrio da relação água-oxigênio-nutrientes
na área de desenvolvimento das raízes.
Água
Oxigênio Nutrientes
Fatores que precisam estar em equilíbrio para o bom desenvolvimento das plantas no solo.
Você já viu que um solo encharcado não é ideal para a maioria das plantas, uma vez
que atrapalha o desenvolvimento das raízes, pode favorecer o aparecimento de doenças
e promover a perda de nutrientes por lixiviação.
Atenção
• Em zonas áridas, devido à baixa ocorrência de chuva, os solos
são salinos. Nesses ambientes, o objetivo dos sistemas de
drenagem é promover a lixiviação, para corrigir a salinidade.
• Em zonas úmidas, o lençol freático deve ter seu nível con-

trolado, com eliminação do excesso de água para garantir
o equilíbrio da relação água-oxigênio-nutrientes.
As características do solo variam de acordo com os organismos presentes nele e em

sua superfície (macro e microrganismos), as condições climáticas e a ação antrópica
(dos seres humanos). As propriedades do solo afetadas pela quantidade de água são:
aeração, estrutura, permeabilidade, textura e temperatura. Tanto o excesso quanto a
falta de água podem interferir negativamente nessas propriedades.

O excesso de água, por exemplo, pode reduzir a aeração do
solo e tornar a quantidade de oxigênio abaixo do que as raízes
necessitam. Da mesma forma, a falta de água pode dificultar a
manutenção da temperatura ideal do solo.
2.2 Métodos de drenagem
Os métodos de drenagem agrícola são divididos em dois: drenagem superficial, em-

pregada quando a quantidade de água aplicada sobre a superfície do solo, pela irrigação
ou pelas chuvas, é superior à taxa de infiltração e provoca acúmulo na sua superfície;
e drenagem subterrânea, ou subdrenagem, pela qual se procura controlar o nível do
lençol freático e deixá-lo em uma profundidade desejada, para que o desenvolvimento
das raízes não seja prejudicado.
A profundidade do lençol freático é determinada pela busca de um equilíbrio entre a

produtividade da cultura e a viabilidade econômica do sistema de drenagem. Em resu-
mo, a profundidade ótima do lençol freático é aquela que proporciona a menor relação
custo-benefício (MELLO, 2008).
A seguir, saiba mais sobre cada tipo de drenagem.
2.3 Drenagem superficial
Para a drenagem superficial, são

construídos canais na superfície do
solo que conduzem a água para fora
da área cultivada. Para estabelecer
esse sistema, é importante observar
as características e aproveitar o sis-
tema de drenagem natural dos ter-
renos, ou seja, o encaminhamento
natural das águas (SILVA; PARTI-
FF, 2004).
Em áreas de várzea, os sistemas naturais podem ser melhorados. As características

morfológicas do terreno vão ajudar a definir um número maior ou menor, bem como a
profundidade de drenos, e se será necessário implantar um sistema de drenagem mais
simples ou complexo – este último, vale destacar, é constituído por drenos laterais,
drenos coletores e dreno principal.

2.4 Drenagem subterrânea
Na drenagem subterrânea, os drenos ficam abaixo do solo e conduzem a água para

outra área. Como dito, esse método controla a profundidade do lençol freático:
• nas regiões naturalmente úmidas e sem irrigação, as atividades agrícolas podem ser
feitas com o lençol freático à profundidade de 60 cm;
• já em regiões com solos salinos e irrigação, a altura ideal do lençol freático deve ser
de, no mínimo, 1,8 m, para evitar problemas de salinização.
Antes de encerrar este tema, que tal fixar seus conhecimentos? Responda às questões
propostas a seguir.
1. Ao contrário das culturas implantadas em área irrigada, como o arroz, o excesso
de água no solo pode prejudicar o desenvolvimento das plantas. Com base nisso,
explique os problemas que o excesso de água no solo traz para o desenvolvimento
dos cultivos.
2. A drenagem agrícola diz respeito às práticas que retiram o excesso de água dos
solos cultivados. Sobre essa temática, identifique a alternativa correta.
a) A drenagem superficial deve considerar a inclinação natural do terreno.
b) Na drenagem superficial, o objetivo é reduzir o nível do lençol freático a uma pro-

fundidade segura para o desenvolvimento das raízes.
c) Quando a capacidade de água do solo é deficitária, ocorre o acúmulo de água na

superfície.
d) Existem algumas culturas que se desenvolvem bem em terrenos alagados, como

o algodão.
e) Para o planejamento dos sistemas de drenagem, é preciso considerar apenas as

características físicas do solo.

Você encerrou o tema Irrigação e drenagem. A cada tema, seu conhecimento sobre
a produção no campo evolui! Neste tema, você conheceu os métodos de irrigação e viu
como manejá-los. Também identificou alguns dos parâmetros usados para levantar a
demanda de água no solo e aprendeu a controlar o excesso de água pela drenagem.
No próximo tema, os principais cultivos agrícolas do Brasil serão apresentados.

06
Principais
culturas
Tema 6: Principais culturas
Com o tema de aula Principais culturas, você estudará tópicos mais específicos sobre
as culturas de maior importância econômica para o Brasil. A abordagem vai trazer um
pouco de suas respectivas histórias e aspectos econômicos e agronômicos.
Nesse contexto, as culturas abordadas serão: algodão, café, cana-de-açúcar, milho,

soja, entre outros produtos agrícolas, além do cultivo de frutas e hortaliças.
capacidades:
• identificar as tecnologias produtivas usadas pelos produtores

rurais brasileiros;
• aplicar conhecimentos e técnicas tradicionais usadas no Brasil;
• aprimorar conhecimentos sobre tecnologias que geram ino-

vações para superar as dificuldades e aumentar a produ-
tividade; e
• utilizar ferramentas de melhoria contínua dos índices de

produtividade dos negócios rurais brasileiros.

Tópico 1: Cultura do algodão
Ao longo de toda a História, o algodão é uma das mais importantes culturas formado-
ras de fibra em todo o mundo. Segundo a Embrapa (2021), o Brasil é o quarto maior
produtor e o segundo maior exportador mundial de algodão.
1.1 Histórico
Acredita-se que as primeiras referências históricas sobre o algodão são do Código de

Manu, cerca de oito séculos antes de Cristo. No continente americano, os vestígios de
algodão mais antigos foram encontrados nas escavações de Huaca Prieta, no litoral Nor-
te do Peru – um achado que pode ter mais de 4.500 anos (BELTRÃO; ARAÚJO, 2004).
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios já utilizavam algodão na con-

fecção de armas, redes e outros objetos. A História documenta que, com a troca de
experiência entre indígenas e portugueses, o algodoeiro, do tipo arbóreo, era cultivado
no Brasil como cultura complementar (Embrapa, [s.d.]).
No século XVIII, o estado do Maranhão exportou algodão

para a Europa, o que, à época, foi considerado um importante
marco e possibilitou que a cultura se expandisse rapidamente
por todo o Nordeste.
Nesse período, a Revolução Industrial, que acontecia na Europa, ajudou a estabelecer

o cultivo no Brasil devido ao aumento da demanda de exportação. Também foi quando
cultivares de algodão herbáceo foram trazidos para o Brasil e testados em São Paulo.
Logo, passaram a ser cultivados em Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Espírito Santo e Paraná (Embrapa, [s.d.]).

Foi apenas no início do século XX que as primeiras fábricas de tecidos de algodão foram
construídas no Brasil. Outro marco importante da cotonicultura (cultivo de algodão)
nacional foi o aparecimento do “bicudo do algodoeiro”, na década de 1980 – praga que
se espalhou rapidamente pelo país e causou grande prejuízo.
No início de 2000, o cultivo do algodoeiro se estabeleceu no Mato Grosso e passou a

ocupar o Cerrado do Brasil Central. Nessa região, o clima e a topografia eram favoráveis
ao estabelecimento da cultura, além da pesquisa agropecuária, que permitiu a adoção
de tecnologias voltadas à mecanização das lavouras. Com os trabalhos de melhora-
mento genético, surgiram cultivares adaptados ao novo polo produtor, o que facilitou o
estabelecimento de cultivos de algodão em grandes extensões de área.
Para iniciar o estudo sobre a planta do algodão, vamos aprender como ela se encontra
na classificação botânica:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
(Angiospermas)
Classe: Magnoliopsida
(Dicotiledôneas)
Ordem: Malvales
Família: Malvaceae
Gênero: Gossypium
São cultivados dois tipos diferentes de algodão: o

arbóreo e o herbáceo. O algodão arbóreo toma a
forma de uma árvore de porte mediano e seu cul-
tivo é permanente. Já o herbáceo é um arbusto
de cultivo anual.

Sousa (2010) aponta que apenas quatro espécies de algodão foram domesticadas, pois
apresentam fibras longas adequadas ao processo de fiação. São elas:
• Gossypium hirsutum, com origem no México;
• Gossypium barbadense, com origem no Peru;
• Gossypium arboreum, com origem no Sudão; e
• Gossypium herbaceum, com origem no Paquistão.
O algodoeiro é uma planta com extrema sensibilidade às condições ambientais adversas.

É importante notar que cultivares diferentes apresentam ciclos distintos. Os cultivares
podem ser precoces ou tardios, com ciclo produtivo que dura entre 130 a 170 dias.
O processo de formação da fibra do

algodão se inicia entre 50 e 70 dias
após a fertilização da flor. Essa é uma
fase importante, e é preciso atenção
aos fatores ambientais, para que não
interfiram e prejudiquem a qualida-
de da fibra (ESCHER; ROSOLEM;
RAPHAEL, 2018).
Flor de algodão.
As fibras do algodão, chamadas línter, são produzidas em volta das sementes logo após
a fecundação. Nessa fase, o ovário se transforma em fruto, que também é chamado de
maçã. Após o desenvolvimento e a abertura, o fruto é chamado capulho; quando seca,
ele se abre e expõe as fibras (RITCHIE et al., 2004).
1.3 Planejamento da produção e implantação da lavoura
Planejar o plantio do algodão é uma das etapas mais importantes do cultivo para a ob-
tenção de altas produtividades. Nesse cenário, são os fatores climáticos que vão ditar a
melhor época para a semeadura, e o zoneamento agroclimático é que vai determinar
o período da semeadura para cada região.

Saiba mais
O método de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc)
indica os períodos de plantio/semeadura por cultura e por mu-
nicípio e considera as características do clima, o tipo de solo e o
ciclo de cultivares, de forma a evitar que adversidades climáticas
coincidam com as fases mais sensíveis das culturas. O link para
acessar o Zarc está disponível na biblioteca do AVA. Confira!
O algodoeiro apresenta algumas fases fenológicas mais sensíveis ao déficit hídrico, como
no caso do florescimento e do enchimento das maçãs. Por isso, deve-se escolher
um período de semeadura que minimize os riscos de déficit hídrico nessas fases.
Já para a colheita, o ideal é que o tempo esteja seco e, no período do início da abertura
dos capulhos, o volume de chuva esteja reduzido. Isso porque o tempo seco facilita a
operação mecânica e evita perda da qualidade da fibra.
Soma-se a isso a exigência legal do

vazio sanitário como estratégia de
controle integrado de pragas e do-
enças para se determinar o melhor
período para a semeadura e a co-
lheita (Embrapa, 2021b).
Para a implantação da lavoura de algodão em terrenos de primeiro cultivo (CARTAXO,

et al., 2002), recomenda-se o preparo inicial do solo antes da semeadura. Em terrenos
com cultivo anterior, a recomendação é incorporar os restos da última cultura.
Antes da semeadura, é fundamental a escolha correta do cultivar, de acordo com o

conjunto de características ambientais. As sementes escolhidas devem ter qualidade
genética e fisiológica. Também deve-se observar a sanidade delas: o línter (a fibra)
pode servir de meio de transporte de fungos e transmissão de doenças. Dessa forma,
é importante fazer o deslintamento (atividade de remoção das fibras) e o tratamento
com fungicidas para evitar o ataque de fungos após a emergência.

Dica
Antes do plantio, é essencial observar o intervalo entre as lavou-
ras, que vai permitir o controle de bicudo. Consulte o intervalo
de sua região.
1.4 Clima e solo
Como dito, o período de floração e formação dos frutos do algodoeiro é relativamente

longo. Por isso, as ocorrências climáticas são primordiais para a cultura. Os principais
fatores climáticos que interferem no cultivo do algodoeiro são:
Regime hídrico Umidade relativa Velocidade do vento
Temperatura Duração do dia Intensidade de luz
Segundo a Embrapa (2021b), para o cultivo do algodão, têm-se como ideais as seguin-
tes condições climáticas:
• temperatura média do ar: entre 20 e 30 °C;
• precipitação anual: entre 500 mm e 1.500 mm;
• umidade relativa média do ar: em torno de 60%;
• nebulosidade: inferior a 50%; e
• inexistência de inversão térmica (dias muito quentes e noites muito frias).
O sucesso do cultivo depende da interação de vários fatores. Além do clima, é preciso

proporcionar condições ótimas de solo. O algodoeiro tem uma arquitetura que não
promove uma boa cobertura do solo. Dessa forma, as atividades de manejo exigem
atenção especial quanto à proteção contra processos erosivos.

Para a Embrapa (2021b), os sistemas de plan-
tio direto são os que melhor promovem uma
produção sustentável de algodão. Esse sistema
pode ser executado integrado à pecuária e/ou à
silvicultura.
O cultivo do algodoeiro pode seguir qualquer um dos sistemas de cultivo apresentados no

Tema 4: convencional, mínimo, plantio direto ou semidireto. Entretanto, recomenda-se
que sejam priorizados os sistemas de manejo conservacionistas, a fim de promover a
conservação dos solos e dos recursos hídricos.
Nos cultivos de algodão no Brasil, a colheita é manual ou mecanizada. A Embrapa aponta

que a mecanização da colheita tem se intensificado no país.

O manejo pós-colheita do algodão tem como objetivos reduzir as perdas com impure-
zas e garantir a qualidade da fibra nas etapas que vão da colheita até a formação dos
fardos. Na sequência, observe as fases do processo de beneficiamento do algodão:
Desmanche do fardão
Pré-limpeza do algodão em
Secagem Umidificação
caroço
Descaroçamento
Limpeza da pluma
Aglutinação da pluma Umidificação
Prensagem e confecção do
fardo
Identificação do fardo
Fluxograma do beneficiamento do algodão.

Fonte: Embrapa (2021b).

Após a colheita, segue a fase de en-
fardamento, em que ocorre a forma-
ção do fardão. Nessa fase, o algodão
é prensado e os fardos são feitos
com caroço. O primeiro enfardamen-
to permite armazenar a colheita na
própria lavoura.
Em seguida, os fardos grandes são levados até a algodoeira para o beneficiamento.

Então, as fibras são separadas das sementes por processos mecânicos. Nessa etapa, é
preciso cuidar para manter características importantes, como comprimento e uniformi-
dade das fibras. Um defeito que pode ser ocasionado pelo processo de beneficiamento
é a formação de “neps”, que são emaranhados fibrosos.
Antes de continuar seus estudos, que tal fixar seus conhecimentos? Faça a ativida-
de a seguir.
1. A respeito da cotonicultura, identifique a alternativa incorreta.
a) O algodoeiro pode apresentar dois hábitos de crescimento: arbóreo e herbáceo.
b) Foram os europeus que trouxeram as primeiras plantas de algodão para o continente

americano.
c) O algodoeiro é uma planta dicotiledônea.
d) O fruto do algodoeiro também é chamado de maçã.
e) Historicamente, a principal praga do algodoeiro é o bicudo.
Tópico 2: Cultura do café

Com diversos aspectos historicamente relevantes, o café é uma das bebidas mais antigas
do mundo e, até hoje, destaca-se por ser cada vez mais consumido. Assim, conhecer
informações relativas à sua produção é importante diante da grande relevância econô-
mica que tem para o país.

2.1 Histórico
Muitas lendas relatam a origem da descoberta do café. Uma das mais aceitas e divulga-
das é a de um pastor, conhecido como Kaldi. Ele teria vivido há cerca de dois mil anos,
na Etiópia e observado que, ao mastigarem frutos de coloração amarelo-avermelhada
de alguns arbustos no campo, as ovelhas ficavam alegres e saltitantes. O pastor notou,
assim, que esses frutos eram fonte de energia e comentou esse fato com um monge
da região. O monge resolveu experimentar o fruto na forma de infusão, colocou-o em
água fervente e bebeu o líquido. Com o tempo, percebeu que a bebida ajudava a resistir
ao sono enquanto orava ou lia, e o hábito se espalhou.
Relatos evidenciam que o café foi cultivado pela primeira vez em monastérios islâmicos
no Iémen – por isso, a variedade mais usada é denominada “café arábica”. “Café” vem
da palavra qahwa, que significa “vinho”, devido à importância que a planta passou a ter
no mundo árabe, onde a difusão da bebida ganhou força devido à proibição de bebidas
alcoólicas pela religião maometana. Somente no século XVI, na Pérsia, é que os primei-
ros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos.
O “vinho da Arábia” chegou à Europa no século XIV. No Brasil, o café chegou inicial-
mente a Belém do Pará, vindo das Guianas. Depois, no início do século XIX, chegou ao
Rio de Janeiro e expandiu-se pela Serra do Mar até atingir, em 1825, o Vale do Paraíba,
seguido de São Paulo, Minas Gerais e norte do Paraná. Em 1860, o país já era uma
grande potência exportadora de café.
Essa cultura trouxe grande desenvolvimento econômico para o Brasil com as ricas fa-
zendas dos barões do café, que permitiram o início da industrialização do país com os
recursos provenientes das exportações e a construção das primeiras ferrovias, como a
Santos-Jundiaí, a Paulista, a Mogiana, a Sorocabana e a Noroeste.
A cultura atraiu um grande número de imigrantes, sobretudo italianos, que vieram para o
Brasil em busca de oportunidades.
Fonte: Wikimedia Commons (2007).

Com a República, surgiu a política do “café com leite” (paulistas e mineiros alternando-
-se no poder do país). Na crise de 1929, a queda da bolsa de valores norte-americana
afetou significativamente a cafeicultura, o financiamento com os bancos estrangeiros
foi interrompido, o preço do café despencou e milhares de sacas foram queimadas; mi-
lhões de pés de café foram erradicados, o que levou muitos fazendeiros à miséria e ao
desespero. Com a recuperação da economia mundial após a crise de 1929, o Sudeste
do país voltou a crescer, agora apoiado na cafeicultura e na indústria. Atualmente, o
Brasil é o principal produtor mundial de café (Embrapa, 2021c).
Informação extra
A Organização Internacional do Café (OIC) disponibiliza dados
estatísticos e boletins periódicos sobre o mercado de café. Você
encontra o link para acessá-los na biblioteca do AVA.
De início, vamos conhecer a classificação botânica do café:
Reino: Plantae
(Angiospermas)
(Dicotiledôneas)
Ordem: Gentianales
Família: Rubiaceae
Gênero: Coffea
Espécies: Mais de 100 conhecidas

No Brasil, existem duas espécies de café mais comuns. Veja suas diferenças:
Café Arábica Café Conilon ou Robusta

Coffea arabica L. Coffea canephora Pierre
Menor teor de cafeína (1,1%) Maior teor de cafeína (até 4%)
Menor teor de sólidos solúveis Maior teor de sólidos solúveis
Bebida mais aromática Utilizado em blends
Unicaule Multicaule
Folhas verde mais escuro, menores, mais Folhas verde mais claro, maiores, mais
lisas acosteladas
Frutos maiores, ovalados, com mais mucila- Frutos menores, esféricos, com menos mu-
gem, mais aderidos à planta cilagem, mais aderidos à planta
Temperatura entre 18 e 22 °C Temperatura entre 23 e 26 °C
a) Ramos
A planta de café se apresenta na forma de arbusto, com altura variável e copa cilíndrica.
A espécie C. arabica tem apenas um caule cilíndrico, enquanto a espécie C. canephora é
multicaule. Seus ramos apresentam um dimorfismo – alteração na forma – relacionado
à direção do seu crescimento. Os que se desenvolvem na vertical são os ortotrópicos,
e os na horizontal são chamados plagiotrópicos.
RAMOS
ORTOTRÓPICOS
(LADRÕES)
RAMOS
PLAGIOTRÓPICOS
(PRODUÇÃO)

Quando esses dois tipos de ramos crescem de modo proporcional, a C. arabica fica com
formato cilíndrico (exceto o acaiá, que tem formato cilíndrico-cônico). A parte aérea se
desenvolve em uma única haste ortotrópica até atingir de oito a dez pares de folhas
(dominância da gema apical sobre as axilares). As gemas axilares, também chamadas
“seriadas” (cinco ou seis gemas), podem dar origem a diferentes partes da planta, como
ramos plagiotrópicos, ramos ortotrópicos (ramo ladrão), frutos e ramos plagiotrópicos
secundários. Já a gema apical, ou “cabeça-de-série”, pode dar origem apenas aos ramos
plagiotrópicos primários e secundários.
A capacidade do cafeeiro de crescer novamente após uma recepa ou poda depende

da capacidade da gema seriada de dar origem a um novo ramo ortotrópico (ladrão). O
corte da gema apical quebra a dormência das gemas laterais e origina um novo ramo
ortotrópico. Se a planta sofrer estresse durante seu desenvolvimento, as gemas laterais
serão estimuladas e ela emitirá ramos ladrões – que devem ser eliminados devido ao
seu grande efeito competitivo.
Glossário
Recepa: poda baixa, utilizada para promover a renovação das
copas das árvores.
Observe, na figura a seguir, que, em cada nó do ramo ortotrópico, existe apenas um

par de gemas “cabeça-de-série”. Por isso, existe apenas um par de ramos plagiotrópicos
em cada nó. Se algum desses ramos for perdido, ele não se reconstruirá.
RAMO
ORTOTRÓPICO
GEMA
“CABEÇA-DE-SÉRIE”
RAMO ORTOTRÓPICO
GEMAS Originado de uma
SERIADAS gema seriada
RAMIFICAÇÃO
SECUNDÁRIA
Originada de uma gema
“cabeça-de-série”
FRUTOS
Originados de
gemas seriadas
RAMIFICAÇÃO PRIMÁRIA
Originada de uma gema
“cabeça-de-série”
RAMIFICAÇÃO SECUNDÁRIA
Originada de uma gema seriada ESTÍPULA

Se ocorrer má condução da planta e ela tiver uma saia malformada, deverá ser feita a
recepa para que, a partir do novo ramo ortotrópico que vai se formar, possam nascer
novos ramos plagiotrópicos e dar formação adequada a ela.
O volume da safra de café depende diretamente da capacidade
de as gemas seriadas se diferenciarem vegetativa ou repro-
dutivamente. O ideal seria que as gemas seriadas rendessem
apenas frutos e deixassem as ramificações a cargo das demais
“cabeças-de-série”. Esse fato determinante na produção ocorre,
normalmente, entre a primeira quinzena de fevereiro e março,
e é fortemente influenciado pela duração e pela intensidade dos
principais fatores ambientais, como temperatura e água.
b) Folhas
Em plantas adultas, as folhas têm entre 12 e 24 cm, são delgadas e onduladas de for-
ma elíptica. Em contato direto com a luz, ficam sujeitas a mudanças estruturais – sol
e sombra influenciam a plasticidade foliar e alteram, principalmente, a espessura e a
área da folha.
A epiderme é revestida por uma camada de cutícula que reduz a perda espontânea de
água, protege contra danos mecânicos e, consequentemente, dificulta a penetração
de produtos agrícolas. Na parte inferior, estão os estômatos, responsáveis por 90% da
água transpirada pela planta. Quanto menor a exposição ao sol, maior a quantidade
de estômatos encontrados.

c) Flor e floração
A floração é a etapa reprodutiva da planta e compreende as seguintes fases: indução,

diferenciação, crescimento e desenvolvimento, dormência e antese. Essas fases podem
variar de acordo com acontecimentos exógenos e endógenos – externos e internos –,
a depender do cultivar e das condições ambientais predominantes.
A fase de indução floral ocorre entre fevereiro e março na maioria das regiões. Para
isso, o ideal é que não ocorra um déficit hídrico severo, com os dias quentes e as noites
frias. Os primórdios florais se desenvolvem por dois meses até atingirem tamanho entre
4 e 6 mm. Então, entram em dormência pelos próximos dois meses (julho e agosto),
quando apresentam alto teor de ácido abscísico (ABA). Um botão floral somente se
transformará em flor se as condições climáticas entre os períodos diurnos (29 °C) e
noturnos (18 °C) forem satisfatórias.
Em geral, as melhores condições para o café são

temperaturas de 19 a 21 °C e precipitação de 1.400
a 1.500 mm anuais. No inverno, o café deve so-
frer um déficit hídrico (principalmente em agosto
e setembro), com temperaturas de 16 a 18 °C.
Quando o café recebe água durante a fase de dormência, a floração fica indefinida e
resulta em floradas sucessivas e várias colheitas, o que não é bom para o produtor. Por
outro lado, temperaturas altas e déficit hídrico intenso provocam a morte dos tubos
polínicos por desidratação e causam o aborto das flores (“estrelinhas”).
Em setembro, quando começam as chuvas novamente, as gemas ficam entumescidas e

os botões florais crescem de 8 a 16 dias e, então, chegam à fase de abotoamento. Na
fase seguinte, a florada, não pode faltar chuva (pelo menos de 8 a 10 mm). Por fim,
vem a fase pós-florada, quando as pétalas caem.
As axilas floreais produzem gemas uma única vez e, portanto, com o passar dos anos,
as produções se concentram nas extremidades dos ramos. Quando isso acontece, re-
comenda-se a poda para a renovação da lavoura (desponte ou esqueletamento para
recuperação da copa).
d) Fruto e frutificação
O fruto do cafeeiro é uma dupla elipsoide e contém dois lócus e duas sementes (che-
gando a três ou mais). Confira, a seguir, a descrição das suas partes.

1
2
3
4
5
6
7
Dentro da semente, encontramos:
1. embrião: é formado por um hipocótilo e dois cotilédones cordiformes, fica na su-

perfície convexa da semente e mede de 3 a 4 mm;
2. endosperma: é o tecido de maior volume na semente, de coloração esverdeada em

C. arábica, e amarelada em C. canephora. É composto por água, aminoácidos, proteí-
nas, cafeína, lactonas, triglicerídeos, açúcares, dextrina, pentosanas, galactomananas,
celulose, ácido cafeico, ácido clorogênico e minerais;
3. espermoderma: é a película que envolve o endosperma; prateada e não muito

aderente na C. arabica, e castanha e muito aderente na C. canephora.
Já na parte externa à semente, encontramos:
4. semente: os cultivares comerciais têm formato plano-convexo (um lado é plano e

outro, curvo), e o lado plano tem um sulco no sentido longitudinal. A espessura é média,
e o endosperma é de coloração verde. As sementes apresentam uma película prateada
e ligeiramente aderida ao endosperma;
5. endocarpo: é o pergaminho que envolve a semente (na espécie C. canephora, é

menos espesso que na C. arabica);
6. mesocarpo: é a mucilagem (substância gelatinosa e adocicada) que fica entre o

exocarpo e o endocarpo;
7. exocarpo: é a casca do fruto, que pode ser vermelha ou amarela quando atinge o
estágio de “cereja”, ou seja, a maturação fisiológica do fruto.

Como parte do fruto, tem-se ainda o pedúnculo – haste que suporta e liga o fruto à
planta – e a coroa – a região da cicatriz floral que se localiza na parte oposta, onde as
brocas costumam fazer suas perfurações.
A frutificação começa com a formação dos frutos, também conhecida como “fase chum-
binho”, na qual os frutos se expandem rapidamente até atingirem seu tamanho máximo
por volta de dezembro. Na “fase chumbinho”, é preciso se atentar para que não haja
déficit hídrico. A falta de água estimula a planta a produzir etileno na região do pedún-
culo, o que ativa a síntese de enzimas degradantes e ocasiona a queda de “chumbinhos”.
No mês de janeiro, a cor verde se acentua (grão verde), e, em março, os líquidos inter-
nos se solidificam para formar a semente. Nessa fase, também não pode haver déficit
hídrico para não prejudicar a granação dos frutos. Entre abril e junho, começa a ma-
turação, ocorre a degradação da clorofila e a síntese de carotenoides – a cor muda de
verde (“fase verde-cana”), passa pelo amarelecimento (fase de verde para o amarelo),
até o estágio amarelo ou vermelho (“fase cereja”). Após isso, os frutos vão começar
a secar (“fase passa”) e atingir o estágio seco (“fase seco”). Na figura a seguir, você
pode ver todas essas fases.
G1 G2 G3
G4 G5 G6
FL F1 F2

F3 F4 F5
F6 M1 - Verde M2 - Verde-cana
M3 - Cereja M4 - Passa M5 - Seco
Fonte: Morais et al. (2008).
Na figura, você pode observar, ainda, que o desenvolvimento reprodutivo do cafeeiro

passa por quatro grandes fases: desenvolvimento da gema floral (G), floração (FL),
frutificação (F) e maturação (M). As divisões da fase G mostram a variação no tamanho
das gemas; a fase F foi dividida de acordo com o tamanho dos frutos, e, na fase M, o
critério adotado foi a coloração.
Conhecer bem as etapas de desenvolvimento reprodutivo do cafeeiro auxilia nas prá-

ticas de manejo, como adubação e controle de pragas, identificar eventuais distúrbios
que possam ocorrer em cada fase proposta, e a adotar medidas corretivas sempre
que possível.
No cultivo do café, a sustentabilidade também é norteadora da atividade produtiva.

Nessa cultura, o planejamento e o gerenciamento são ferramentas para a administração
financeira eficiente.

Na execução do trabalho diário, os coeficientes técnicos auxiliam
o gestor a se planejar e a gerenciar sua lavoura, além de servi-
rem de apoio para as decisões. Acesse o material complementar,
disponível na biblioteca do AVA, para saber mais e consultar
alguns desses coeficientes.
O planejamento para a implantação da produção deve ser baseado em estudos que

ofereçam coeficientes técnicos e orientem o produtor quanto ao posicionamento no
mercado, para que sejam evitados erros e prejuízos econômicos. Um exemplo de fer-
ramenta de planejamento é o plano de negócios, usado para fazer o levantamento
do mercado e do produto.
Uma lavoura ideal deve apresentar

vigor elevado, sistema radicular efi-
ciente e profundo, florescimento
abundante e vingamento da florada,
o que resulta em altas produtivida-
des, com cafés de boa qualidade
(tipo e bebida).
O planejamento deve, portanto, observar as seguintes etapas:
Temperatura média entre 18 e 22 °C, precipitação anual

Escolha da área
entre 1.200 e 1.800 mm, e altitude entre 500 e 1.300 m.
Externas (relevo, pedras, cascalho, erosão e exposição),

Características internas (quantidade e tamanho das partículas – argilosa,
físicas do solo arenosa, siltosa) e estruturais (forma e arranjo das partículas
de solo).
Histórico da área (culturas anteriores), ocorrência de geada,

Aspectos mecanização (espaçamento), adubação de plantio (correção
agronômicos do solo, adubação de sulco ou cova e coberturas) e cuidados
pós-plantio (controle de doenças, pragas e plantas daninhas).

< 20% – mecanizável
Topografia > 20% e < 40% – tração animal
> 40% – tratos manuais
Optar por áreas que tenham o lençol freático profundo, uma

Lençol freático
vez que o raso leva ao amarelecimento da lavoura.
Além disso, é interessante observar a necessidade de implantar quebra-ventos para

evitar ventos fortes e geadas.
O número de plantas por hectare determina o sistema de plantio adotado:
Plantas/hectare Sistema de plantio
Até 3.000 Tradicional
De 3.000 a 5.000 Semiadensado
De 5.000 a 10.000 Adensado
De 10.000 a 20.000 Superadensado
Acima de 20.000 Hiperadensado
Entre as vantagens do adensamento, destacam-se: maior produtividade por área,

aproveitamento de área e da adubação, proteção do solo, menores custo por saca pro-
duzida, menor incidência de plantas daninhas, redução do ciclo bienal, menor ataque
do bicho-mineiro (praga comum nas lavouras de café) e retorno rápido do capital.
Por outro lado, são algumas das desvantagens: maiores investimento inicial e incidência
de broca e ferrugem, menor possibilidade de mecanização, fechamento mais rápido das
“estrelinhas”, tratos, adubações e colheitas dificultados, atraso e desuniformidade na
maturação e perda da qualidade dos frutos. O superadensamento também aumenta o
consumo de água.
Finalmente, para o plantio, é importante considerar:

• tecnologias disponíveis ao produtor;
• características do cultivar;
• área disponível;
• possibilidade de mecanização;
• disponibilidade de mão de obra;
• utilização da irrigação;
• cortes transversal e longitudinal;
• plantio raso – tombamento das mudas;

• plantio profundo – afogamento;
• irrigação – falta de chuva; e
• replantio – reserva de 5% a 10% do total de mudas plantadas.
2.4 Clima e solo
A geada é uma condição de ocorrência provisória de estados de baixa energia com baixas
temperaturas. Esse evento provoca alterações físicas nos componentes celulares dos
tecidos vegetais, incompatíveis com suas funções fisiológicas. A depender da umidade
do ar, as geadas podem ser brancas (com gelo superficial e menos severas) ou negras
(sem gelo superficial e mais severas).
Uma das consequências das geadas é a forte desidratação do tecido associada à formação
dos cristais de gelo intercelular. Observe, no infográfico a seguir, outras consequências
fisiológicas das baixas temperaturas sobre o cafeeiro.
15ºC
No café arábica, quedas de
24 °C para 15 °C causam redução 13ºC
de 15% na assimilação Quando abaixo de 13 °C, a planta para
fotossintética do carbono após o o crescimento da parte aérea por
primeiro dia de frio, e 40% após o várias desordens fisiológicas, como
sexto dia. No conilon, esses drástica redução da translocação de
números podem ser ainda piores. fotoassimilados, da fotossíntese e da
assimilação do nitrogênio pelas folhas.
6ºC
Sucessivas noites a 6 °C 0ºC a 5ºC
prejudicam as plantas por vários
Distúrbio letal pela defasagem de água
dias até recuperarem a
entre transpiração e reposição pela
fotossíntese e a translocação de
absorção radicular e pela translocação via
fotoassimilados.
xilema (alta viscosidade da água) quando a
4ºC temperatura fica entre 0 °C e 5 °C por várias
horas. Leva à superbrotação, com brotos
Uma noite a 4 °C é suficiente para
novos distorcidos, murchos e negros.
reduzir a taxa fotossintética do
próximo dia à metade por distúrbios 0ºC
das atividades fotoquímica e
bioquímica dos cloroplastos, e pela Estrangulamento da “casca” na base do
resistência estomática. ortotrópico, denominada “canela de
geada”, quando a temperatura do ar
próximo à superfície do solo é inferior a
-2ºC 0 °C, causando grande desordem
Cafeeiros ficam severamente fisiológica do floema.
danificados a temperaturas
abaixo de -2 °C.
-3,5ºC
Morte a temperaturas próximas a -3,5
°C, independentemente da velocidade
do descongelamento.

Altitudes maiores e ventos frios também podem ser prejudiciais e promover a descolo-
ração branco-amarelada, inicialmente na margem e, depois, em todo o limbo das folhas
em crescimento, pela destruição da estrutura dos cloroplastos, ou sítios fotossintéticos.
Ação no campo
Para lidar com essas características de clima, primeiro, deve-se
escolher o local adequado para o plantio das culturas. Como
o ar frio é mais pesado que o ar quente, ele se concentra nas
partes mais baixas. Por isso, é importante promover a abertura
de corredores com largura aproximada de 100 m (com a der-
rubada de árvores em faixas dentro das metas permitidas), o
que possibilita que o ar frio saia e seja canalizado as baixadas.
Coberturas mortas funcionam como camada isolante do calor liberado pelo solo durante
a noite. Assim, sempre que possível, a vegetação sem interesse para o lavrador deve
ser removida. O solo nu absorve o calor do sol durante o dia e o devolve durante a
noite, o que reduz o resfriamento e a possibilidade de geadas.
A desuniformidade de maturação dos frutos é uma das principais dificuldades a serem

superadas para uma boa colheita do café. Quantidades excessivas de frutos verdes
causam prejuízos na classificação por tipo, no peso de grão, no rendimento de colheita,
no desgaste da planta, na qualidade da bebida e no valor do produto.
Recomenda-se iniciar a colheita, que pode ser feita

de forma manual, semimecanizada e mecanizada,
com, no máximo, 20% de frutos verdes.
Nas condições brasileiras, as operações de pós-colheita do café compreendem:

• a separação das impurezas por vibração ou por imersão em água;
• a separação dos frutos em diversas fases de maturação;
• a eliminação da casca, o que resulta em “café cereja” descascado;
• a eliminação química da mucilagem, o que resulta em café despolpado, ou mecânica,

o que resulta em café desmucilado; e
• a secagem direta dos grãos, que produz o café natural ou café de terreiro.

Os processos de preparo do café podem ser agrupados em três sistemas:
Por via seca Sem eliminação da casca, o que resulta no café natural.
Com eliminação da casca e da mucilagem, o que resulta no

Por via úmida
café despolpado.
Com eliminação da casca, o que resulta no “café cereja”

Por via semiúmida
descascado.
A secagem pode ser feita em terreiros, em secadores ou de forma mista.
a) Secagem em terreiros
A secagem corresponde à fase complementar a todos os processos de preparo do café.

O método escolhido, bem como sua estrutura e seu manejo, tem efeito marcante para
determinar o índice de qualidade, o nível de classificação e o valor comercial do produto.
A seguir, observe alguns tipos de terreiro:
Terreiro de Não é recomendável, pois, além de ter menor rendimento de

secagem, favorece a ocorrência de sujeiras e fermentações
chão batido indesejáveis, o que origina um produto de má qualidade.
É recomendável por proporcionar uma secagem mais efi-

Terreiro de ciente, mais uniforme e com menos riscos de contaminação
de impurezas e fermentações. Isso garante um produto de
piso revestido melhor qualidade e com maior rendimento de secagem do
que o terreiro de chão batido.
É muito recomendado. Consiste em uma estrutura suspen-

sa, que evita o contato do café com o solo, permite maior
aeração, por cima e por baixo, impede o ataque de micror-
Terreiro de ganismos e garante um produto com secagem uniforme e de
melhor qualidade. Além disso, esse tipo de terreiro propor-
tela suspensa ciona redução de mão de obra e do tempo de secagem, além
de ser de construção simples, rápida e barata. O uso de co-
bertura com plástico translúcido é aconselhável nas regiões
onde a colheita coincide com a época das chuvas.
b) Secagem em secadores
Os secadores horizontais rotativos intermitentes, ou pré-secadores, são os mais conheci-

dos e usados nas propriedades rurais que produzem o café conilon e o café despolpado.
Esses secadores têm um cilindro metálico com paredes perfuradas, por onde passa um
tubo que injeta o ar quente vindo de uma fornalha, e apresentam movimento rotativo
por meio de um sistema de engrenagem.

Os secadores recebem o café com qualquer grau de umidade, mas nunca devem tra-
balhar totalmente cheios, para que haja espaço para a movimentação do produto. A
primeira etapa de secagem atinge a meia seca para, depois, passar os grãos para ou-
tro secador vertical ou continuar secando-os no mesmo secador horizontal desde que
estejam com umidade uniforme e a temperatura da massa do café não ultrapasse 45
°C. Se o café já tiver sofrido a meia seca no terreiro, deve-se carregar normalmente o
secador horizontal e proceder à operação como se o produto já estivesse sido pré-se-
cado no mesmo secador.
Para usar secadores verticais com câmara de repouso, o café precisa ter recebido uma
pré-secagem ou meia seca, em terreiros revestidos ou suspensos, secadores horizontais
ou em secador-barcaça. Os secadores verticais são constituídos de um grande depó-
sito metálico e têm na parte superior uma câmara de repouso dos grãos. O café flui
para baixo, até a câmara de secagem e, depois, é levado até a base do elevador, que
o carrega novamente para o alto até a câmara de repouso e, assim, sucessivamente
até completar a secagem.
É importante que o secador vertical seja carregado totalmente
para que não haja perda de calor e, consequentemente, au-
mento no tempo de secagem, que resulta em maior consumo
de energia e de mão de obra. Deve-se controlar a temperatura
do ar da fornalha, como início em 60 °C; depois de cinco horas,
passa-se para 70 °C e, finalmente, mantém-se em 50 °C até o
término da secagem.

Os secadores-barcaças de leito fixo são secadores manuais artesanais e podem ser
construídos com recursos locais na propriedade. Portanto, são de baixo custo. Feitos
de alvenaria, em uma estrutura retangular, têm, na parte superior, um leito constituído
por uma chapa metálica perfurada e, abaixo do fundo, a formação de um colchão de ar
quente, alimentado por uma fornalha e insuflado por um ventilador. Podem receber café
com qualquer grau de umidade, cuja camada não deva passar de 50 cm de altura, com a
temperatura nunca acima de 50 °C e revolvimento manual constante da massa de café.
Independentemente do tipo de secador a ser usado, alguns procedimentos gerais de-

verão ser observados para a melhor eficiência. São eles:
• considerar a formação de lotes homogêneos e fazer a secagem por separação de lotes;
• carregar os secadores com a fornalha apagada e acendê-la somente depois que o

secador estiver cheio e em movimento;
• manter a secagem lenta para a melhor uniformidade do produto;
• controlar a temperatura da massa de café, para que não ultrapasse os 45 °C, a fim
de evitar defeitos;
• para a secagem do café com frutos verdes, baixar a temperatura da massa de café
e não ultrapassar os 30 °C;
• fazer, quando possível, a utilização da fornalha de fogo indireto;
• consumir sempre lenha bem seca, para não produzir fumaça e não conferir cheiro
à massa de café;
• conferir o tempo de secagem em torno de 24 a 72 horas para café de terreiro, e 20

horas para o “café cereja” descascado;
• terminar a secagem com teor de umidade dos grãos de 13% a 14%, que, após o
resfriamento, cai para de 11% a 12%; e
• evitar a secagem excessiva do café, pois pode diminuir o peso e facilitar a quebra
durante o beneficiamento.
c) Secagem mista
A secagem mista é um sistema muito comum, por meio da utilização combinada do

terreiro secador para proporcionar maior uniformidade de seca dos grãos e maior redu-
ção do tempo de secagem. Nesse sistema, geralmente, o café passa por uma primeira
secagem chamada “pré-secagem”, feita em terreiro, de preferência, revestido, para,
em seguida, ser completado o processo de secagem em secador mecânico.
d) Armazenamento
Na propriedade, o café em coco pode ser armazenado a granel em tulhas de madeira ou,
ainda, ensacado em depósito de alvenaria, desde que esses locais sejam conservados
secos e bem ventilados. Para garantir ao máximo a diminuição de umidade no ambiente,
deve-se ter os seguintes cuidados:

• isolar o café com estrados de madeira para que não absorva umidade do chão;
• proteger o ambiente de gotejamento e chuvas;
• ter repartições para separar diversos tipos de lotes de café;
• utilizar sacarias limpas de aninhagem para acondicionamento;
• evitar um teor de umidade superior a 12%;
• evitar o armazenamento do café com defensivos e fertilizantes;
• fazer a vigilância e o controle de possíveis ataques de insetos e roedores; e
• manter o café em coco na tulha ou no depósito até a venda ou o beneficiamento.
Nos armazéns-padrão, o café bene-

ficiado é armazenado em uma es-
trutura que permite a conservação
ideal do produto por manter as con-
dições do ambiente apropriadas, com
uniformidade de ventilação, lumino-
sidade, temperatura e umidade.
Esses armazéns, geralmente, são administrados por empresas, cooperativas ou enti-

dades públicas ou privadas, que mantêm a execução rigorosa de normas para garantir
um sistema de armazenagem de produtos agrícolas com eficiência e segurança.
2.6 Classificação do café quanto ao grão e à bebida
O café é classificado pelo sabor da bebida e pelo tipo dos grãos (número de defeitos,
cor, tamanho, forma). A classificação por tipo é feita com base na contagem dos grãos
defeituosos ou das impurezas contidos em uma amostra de café beneficiado. Essa clas-
sificação obedece a uma tabela oficial, de acordo com a correspondência de cada tipo
de café a um número maior ou menor de defeitos encontrados na amostra.
São considerados defeituosos os grãos imperfeitos (com os chamados “defeitos intrín-

secos”) – pretos, ardidos, verdes, chochos, mal granados, quebrados e brocados – e
com impurezas (“defeitos extrínsecos”) – tais como cascas, paus, pedras, cafés em coco
ou “marinheiros” encontrados na amostra. O grau de imperfeição ou as impurezas dos
grãos rege a classificação por tipo.

Para proceder à classificação, amostras de 300 g de café são recolhidas e acondicionadas
em latas apropriadas. Em seguida, em uma mesa provida de boa iluminação, a amostra
é espalhada sobre uma folha de cartolina preta. Os defeitos são separados e contados
segundo a Tabela de Equivalência de Grãos Imperfeitos e Impurezas.
Atenção
A base para se estabelecer a equivalência dos defeitos é o grão
preto, considerado o padrão dos defeitos, ou defeito capital. Em
geral, são necessários vários grãos imperfeitos para se obter
um defeito, enquanto o grão preto, por si só, corresponde a
um defeito.
Já a qualidade da bebida é reconhecida por meio da prova da xícara: o provador avalia

as características de gosto e aroma do café. A classificação da bebida tem dois objetivos
fundamentais: conhecer a qualidade do café a ser comercializado e definir as ligas ou
os blends que valorizem determinados lotes.
Segundo a classificação oficial, o café brasileiro apresenta sete escalas de bebidas; o

mole é referência para todas, conforme o quadro a seguir:

Classificação oficial de café pela bebida
Classificação Características
Estritamente mole Bebida de sabor suavíssimo e adocicado.
Mole Bebida de sabor acentuado e adocicado.
Apenas mole Bebida de sabor com leve adstringência.
Dura Bebida com sabor adstringente e gosto áspero.
Riada Bebida com leve sabor de iodofórmio ou ácido fênico.
Bebida com sabor forte e desagradável, que lembra iodofórmio ou

Rio
ácido fênico.
Rio zona Bebida de sabor e odor intoleráveis ao paladar e ao olfato.
Classificação oficial de café por peneira
Tipo de grão Tamanho de grão
Grão chato grosso Peneira 17 e maiores (café grande).
Grão chato médio Peneiras 15 e 16 (café médio).
Grão chatinho Peneiras 12, 13 e 14 (café miúdo ou chatinho).
Grão moca grosso Peneiras 11 a 13 (moca grande).
Grão moca médio Peneira 10 (moca médio).
Grão moquinha Peneiras 8 e 9 (moca miúdo ou moquinha).
Classificação de café quanto ao grau de moagem
Grau de moagem Preparo
Pulverizado Café árabe, em que o pó não é coado.
Fino Filtração (filtros de papel ou coador de pano).
Médio Café espresso.
Grosso Cafeteira italiana.
Fonte: Revista Cafeicultura (2010).
Com o conhecimento adquirido sobre a cultura do café, responda à atividade propos-

ta a seguir.

1. A espécie de uma planta segue a norma da nomenclatura binomial, implantada
por Carlos Lineu. Ou seja, para a expressão da espécie, usam-se dois nomes. O
primeiro é um nome genérico, o gênero, e o segundo, um descritor específico, o
epíteto específico. O binômio deve estar em itálico quando digitado, ou sublinha-
do quando escrito a mão. O gênero deve, obrigatoriamente, ser escrito com letra
inicial maiúscula, e o epiteto específico, com letra minúscula. Observe o seguinte
exemplo do nome científico de alguns citros: Citrus limon. Considere o exemplo e
responda: quais são as duas espécies de café mais cultivadas?
Tópico 3: Cultura da cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar é muito expressiva no agronegócio brasileiro e se destaca, principal-
mente, em função das produções de açúcar e álcool, o que exige qualidade da maté-
ria-prima. Por isso, é essencial conhecer sua morfologia e forma de implantação, além
de outros aspectos relevantes.
3.1 Histórico
Originária da Nova-Guiné, na África, a cana-de-açúcar foi levada para o sul da Ásia,

onde era usada na forma de xarope. A primeira evidência de seu uso como açúcar na
forma sólida foi por volta do ano 500, na Pérsia. Os árabes foram os responsáveis por
propagarem a cultura da cana no norte da África e no sul da Europa. Nesse mesmo pe-
ríodo, os chineses levaram a cultura para Java e as Filipinas. Com as conquistas árabes
na península Ibérica, a cana se disseminou também nas margens do mar Mediterrâneo
a partir do século VII.

Fonte: Wikimedia Commons.
Entre 1500 e 1822, o Brasil foi colônia de Portugal, e, dentre as diversas atividades
que aqui se desenvolveram naquela época, a cana-de-açúcar foi a de maior importân-
cia econômica. Martin Afonso de Souza foi o primeiro a cultivar a cana-de-açúcar em
escala comercial no país na capitania de São Vicente, hoje São Paulo. Já no século XVI,
Pernambuco e Bahia contavam com mais de uma centena de engenhos, e a cultura
se alastrou de tal modo no país que, a partir de 1650, liderou a produção mundial de
açúcar, com grande penetração no mercado europeu.
Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) do Estado de São Paulo apontam que
o Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com destaque na produção
de açúcar, etanol e cachaça, e atuação entre os principais produtores e exportadores
mundiais. A produção se concentra nas regiões Centro-Sul e Nordeste do país.
Manejo sustentável
Do ponto de vista energético, o bagaço da cana é a biomassa
mais adequada para a geração de energia elétrica por meio do
aquecimento de caldeiras, que geram vapor para tocar turbinas
de geração de energia. As mais recentes tecnologias agrícolas
e industriais no setor sucroalcooleiro têm oferecido grandes
quantidades desse material, que pode fornecer energia interli-
gada aos principais sistemas elétricos e atender aos centros de
consumo dos estados das regiões Sul e Sudeste, principalmente.

A classificação botânica da cana-de-açúcar é a seguinte:
Reino: Plantae
(Angiospermas)
Classe: Liliopsida
(Monocotiledôneas)
Ordem: Poales
Família: Poaceae (Gramíneas)
Gênero: Saccharum
Espécies: Saccharum officinarum,

Saccharum spontaneum,
Saccharum sinensis, Saccharum
Fonte: Getty Images. barberi e Saccharum robustum
A planta se desenvolve em forma de touceira ou moita. A parte aérea é formada por

colmos (caule típico das gramíneas), folhas, inflorescências (conjunto de flores arranjadas
em uma haste) e frutos, e a subterrânea, por raízes e rizomas (caules subterrâneos,
espessados, ricos em reserva, providos de nós e entrenós de crescimento horizontal).
Perfilho
primário
Perfilho
secundário
Perfilho
secundário
Tolete

As raízes são fasciculadas ou em cabeleira, e 85% delas estão nos primeiros 50 cm de
profundidade do solo. A distribuição dessas raízes no solo varia de acordo com o cultivar.
Os rizomas (parte subterrânea do caule) são constituídos por nódios (nós), internódios
(entrenós) e gemas, responsáveis pela formação dos perfilhos na touceira. As novas
touceiras da soca ou da ressoca se originam dos rizomas que rebrotarão após a colheita.
O colmo, ou gomo, é caracterizado por nós bem marcados e entrenós distintos e fica
acima do solo. O colmo é responsável pela sustentação das folhas e das panículas, e
seu porte pode ser ereto, semiereto ou decumbente, a depender da idade da planta. O
entouceiramento pode ser fraco, médio ou forte.
Primera folha do cartucho
Folha -1
Folha 0
Folha +1
Folha +2
Folha +3
Primeiro colar visível
Gema
Anel de crescimento
Nó Zona radicular
Cicatriz foliar
Entrenó
Zona cerosa
A B
A folha completa da cana-de-açúcar é constituída por lâmina foliar, bainha e colar. Ao

longo de todo o colmo, especificamente na região nodal, a folha liga-se a ele, onde
forma duas fileiras opostas e alternadas.

A flor da cana-de-açúcar é hermafrodita. O órgão feminino (gineceu) é constituído por
um ovário. Na extremidade superior do ovário, encontram-se dois pistilos e dois estig-
mas plumosos de coloração vermelho-arroxeada. O órgão masculino da flor (androceu)
é constituído por três estames e anteras de coloração amarelada ou arroxeada, a de-
pender da variedade, onde estão os grãos de pólen.
O fruto resultante da fecundação da flor de cana-de-açúcar tem dimensões aproxima-

das de 1,5 mm x 0,5 mm e apresenta uma depressão na região do embrião. Alguns
cultivares apresentam pelos ou joçal na região nodal, nas gemas e na bainha.
Dica
Por ser uma gramínea (Poaceae), a cana-de-açúcar é uma planta
C4, ou seja, apresenta maior taxa fotossintética e de eficiência
na utilização e no resgate de CO2 (gás carbônico) da atmosfera.
A cana-de-açúcar é adaptada às condições de alta intensidade luminosa e altas tem-

peraturas. A umidade do solo é importante, principalmente durante sua fase de cresci-
mento, já que a cultura necessita de grandes quantidades de água para suprir as suas
necessidades hídricas – 30% de seu peso é matéria seca e 70%, água. Sua capacidade
de absorver água pelas folhas é maior do que a de qualquer outra planta de sua família.
No entanto, são as raízes, através dos seus pelos absorventes, as responsáveis pela
maior quantidade de absorção de água. O orvalho da madrugada e os chuviscos, que
não chegam a atingir o solo, são absorvidos por suas folhas.
O conhecimento do ciclo da cultura é importante para melhor manejá-la, pois se sabe

que qualquer produção vegetal que vise à máxima produtividade econômica funda-
menta-se na interação de três fatores: a planta, o ambiente de produção e o manejo.
O processo produtivo canavieiro tem três objetivos básicos:
Alta produção de fitomassa por unidade de área, isto é, elevado

Produtividade rendimento agrícola de colmos industrializáveis, onde a sacarose
é armazenada.
Riqueza em açúcar dos colmos industrializáveis, o que caracteriza

Qualidade matéria-prima de qualidade. Quando associada à produtividade,
reflete-se na produção por unidade de área.
Visa aumentar o número de cortes econômicos, o que se reflete

em prazo maior de tempo entre as reformas do canavial, ou
Longevidade
seja, os novos plantios, e assim, maior economicidade do em-
preendimento.
A cana-de-açúcar é plantada comercialmente em grande escala, mas também em pequena

escala para a produção de forragem para o gado. Ela se propaga assexuadamente, por

meio da germinação de suas gemas. Normalmente, o plantio se faz enterrando-se os
caules (colmos) ou as mudas de idade não superior a 12 meses. Uma vez plantada, a
cana-de-açúcar permanecerá produzindo durante quatro ou cinco anos consecutivos ou
até a produtividade ser menor que 60 t/ha, quando, então, é feita a reforma do canavial.
O ciclo da cana plantada pela primeira vez, isto é,

oriunda de muda e que receberá o primeiro corte,
recebe o nome de “cana planta”; a de segundo
corte é a “cana soca”, e a de terceiro corte em
diante é a “ressoca”.
Nas condições de clima predominantes no Centro-Sul do Brasil, efetua-se o plantio em

duas épocas distintas:
Primeira época: de setembro a novembro, no início da estação chuvosa e quente.

Nessas condições, a cana-de-açúcar apresenta ciclo de duração média de 12 meses,
denominado popularmente de “cana de ano”. A cana de ano tem seu desenvolvimento
máximo de novembro a abril e diminui a partir desse mês, devido às condições climáti-
cas adversas, com possibilidade de colheita, a depender da variedade, a partir de julho.
Observa-se que, após o plantio do tolete, ocorre a brotação, e a cana-de-açúcar vegeta
(cresce em tamanho) ininterruptamente até abril, para, então, amadurecer. Tem-se,
então, aproximadamente oito meses de desenvolvimento vegetativo e quatro meses
para ocorrer a maturação.
Segunda época: o plantio é feito no período de janeiro a início de abril, no meio da

estação chuvosa e quente e em direção ao outono. Alguns produtores ou unidades
prolongam o plantio até maio. A cana-de-açúcar, nessas condições, passa em repouso
a primeira estação de inverno e é cortada na segunda estação de inverno. A cultura
apresenta, assim, ciclo variável de 14 a 21 meses, conforme a data do plantio e a
época de maturação da variedade usada e recebe a denominação de “cana de ano e
meio”. Assim, a fase de maior desenvolvimento da cultura se processa, realmente, de
outubro a abril, com pico máximo de crescimento de dezembro a abril. Nota-se que o
desenvolvimento da cana-de-açúcar é favorecido nos três meses iniciais e limitado por
cinco meses (de abril a agosto). Em seguida, durante sete meses (de setembro a abril),
a planta de cana volta a vegetar com toda intensidade e, então, amadurece nos meses
de inverno. Desse modo, tem-se, aproximadamente, dez meses de desenvolvimento
vegetativo, o que resulta em maior produção. Após o corte da “cana planta”, inicia-se
um novo ciclo de aproximadamente 12 meses – é o ciclo das soqueiras, ou “cana soca”.

O ciclo da cana-de-açúcar se inicia quando há a emergência do primeiro broto, mas na

soca (segundo ciclo de produção), como a touceira já está formada, ocorre o surgimen-
to de vários brotos concomitantes. Além disso, a brotação da soca se dá pelo rizoma
da cana colhida. Nessa fase inicial da cultura, ocorrem a brotação, o enraizamento e a
emergência dos brotos entre 20 e 30 dias após o plantio. Como o broto depende das
reservas presentes no tolete, a brotação depende muito da qualidade da muda, além
do ambiente, da época e do manejo de plantio.
A velocidade com que emerge a brotação do tolete depende do cultivar (emergência

rápida ou lenta), do estado nutricional e da umidade do tolete, da umidade presente
solo e no ar, da temperatura (ótima entre 34 e 37 °C, e limitante abaixo de 21 °C e
acima de 44 °C) e da aeração do solo (compactação e drenagem deficientes causam
falta de oxigênio para a respiração dos tecidos e das raízes).
MATURAÇÃO
TO
EN
CORTE
CORTE
CORTE
CIM
ES
CR
PLANTIO BROTAÇÃO BROTAÇÃO BROTAÇÃO REFORMA
1º Corte 2º Corte 3º Corte

Ciclo Agrícola
Ciclo da Reforma

O início do perfilhamento ocorre entre 20 e 30 dias após o plantio. Depois da emergên-
cia do perfilho primário na superfície do solo, e simultaneamente ao seu crescimen-
to, observa-se o desenvolvimento de novas raízes na base do colmo. Das gemas dos
colmos primários, originam-se os colmos secundários e, desses, desenvolvem-se os
terciários. À medida que esses colmos aparecem, o seu sistema radicular aumenta o
sistema radicular da touceira.
O número de perfilhos por unidade de área é uma variável importante, porque está
associada à produtividade dos cultivos. Quando os perfilhos maiores chegam a 50 cm
de altura do colarinho da folha “+1”, começa a concorrência por luz, água e nutrientes
entre as plantas. O número de perfilhos se estabiliza e, depois, com o crescimento dos
colmos dominantes, há a eliminação dos mais fracos, doentes e mal posicionados.
A fase de crescimento dos colmos é caracterizada pelo aumento da altura dos sobrevi-
ventes da fase de perfilhamento. De 60 a 120 dias após o plantio – DAP, aproximada-
mente 100% do sistema radicular concentra-se nos primeiros 30 cm de solo e as raízes
do tolete já não existem. Quando a planta atinge o perfilhamento máximo e a compe-
tição entre eles se intensifica, os mais desenvolvidos continuam a crescer em altura e
espessura. Sem a utilização da energia química, produzida na fotossíntese para emitir
perfilhos, começa o acúmulo de sacarose nos entrenós basais dos colmos mais velhos.
Assim, as folhas mais velhas secam e há um crescimento intenso do sistema radicular.

Essa fase inicia-se no auge do perfilhamento e vai até o início do acúmulo intenso de
sacarose (maturação). No entanto, cabe destacar que isso varia com a nutrição da
planta, o sistema de irrigação, o sistema de colheita (manual ou mecanizado) etc.
No planejamento agrícola, é importante conhecer o potencial produtivo da região. Os

principais fatores que interferem na vida útil dos canaviais são: precipitação pluvial
(quantidade e distribuição anuais de chuva), temperatura, luminosidade, tipo de solo,
variedades cultivadas e incidência de pragas e doenças.
Após a definição da área de plantio, é necessário escolher a variedade a ser plantada.

As variedades de cana-de-açúcar, normalmente, têm classificação de acordo com o pe-
ríodo ou o ciclo de maturação. Assim, as que amadurecem no início da estação seca são
classificadas como precoces; as que amadurecem no final da estação seca são tardias;
e as intermediárias, conhecidas como de ciclo médio.
Para a instalação da cultura, o preparo do solo segue as mesmas operações de qualquer

outra. Logo, a depender do estado em que se encontre o terreno, deve-se seguir com
as seguintes operações: desmatamento, encoivaramento, destoca, aração ou gradagem
pesada, aplicação de adubos e corretivos (quando necessário), gradagens niveladoras
ou de acabamento, e sulcamento. Nas áreas de renovação ou naquelas em que não
houver mais tocos, as três primeiras etapas são dispensáveis.

Dica
O sulcamento é a última operação de preparo do solo para o
plantio da cana-de-açúcar e pode ser feito com sulcadores de
discos ou de aiveca. Os sulcadores de discos são mais indicados
para solos recém-destocados, onde ainda existem muito restos
de raízes e tocos, porque, quando há impedimento ao longo do
perfil do solo, os sulcadores de aiveca engancham nas hastes
com frequência. Assim, quebram parafusos, atrapalham e one-
ram a operação.
Um sulcamento bem-feito deve terminar com sulcos de profundidade uniforme e equi-

distantes. Em lavouras de cana-de-açúcar, a profundidade média dos sulcos deve ser
de 30 cm para evitar tombamentos precoces dos colmos.
O espaçamento varia de acordo com

uma série de fatores, como: fertili-
dade do solo, topografia do terreno,
variedades usadas e sistema de cul-
tivo (sequeiro, irrigado, colheita me-
canizada etc.).
No cultivo mínimo, recomenda-se que os números de arações e gradagens sejam os

menores possíveis ou, até mesmo, que não seja feita nenhuma dessas operações, e
executadas, apenas, a dessecação das soqueiras e das plantas daninhas, com herbicida,
e subsolagem, com subsoladores equipados de rolos-facas para o destorroamento e o
nivelamento do terreno, para, então, fazer o sulcamento e o plantio da cana. No plantio
direto, faz-se apenas a dessecação das soqueiras e das plantas nativas com herbicidas
para, logo após, fazer o sulcamento e o plantio.
3.4 Clima e solo
As condições climáticas do local de cultivo da cana-de-açúcar vão influenciar diretamente

no produto obtido. As lavouras com vistas à produção de açúcar são as mais exigentes
em relação ao clima, pois necessitam de elevado nível de sacarose. Por isso, atente-se
para os seguintes pontos (MARIN, 2008):

• para o brotamento dos toletes, a temperatura ideal do solo deve estar entre 32 e
38 °C;
• para um crescimento ideal e rendimentos de açúcar, a temperatura média durante

o dia deve ser entre 22 e 30 °C;
• para o desenvolvimento vegetativo, a temperatura mínima deve ser de, aproxima-

damente, 20 °C;
• para o processo de maturação, é necessária uma estação seca, com temperaturas

abaixo de 20 °C – a faixa ideal para a maturação é de 10 a 20 °C. A ausência de
chuvas, o corte da irrigação e a deficiência de nitrogênio no solo também são im-
prescindíveis para a maturação.
A cana se desenvolve melhor em solos profundos, argilosos e de boa fertilidade, com

alta capacidade de retenção de água, não sujeitos a encharcamento, com pH entre 6,0
e 6,5. Normalmente, no preparo do solo para o plantio, há necessidade de se fazer uma
calagem para que o pH atinja esses valores, além da adubação baseada na análise de
solo e nas exigências nutricionais da cultura.
3.5 Colheita e parâmetros de qualidade
A época de colheita da cana no Brasil varia de acordo com a região. Nas regiões Sudeste,
Centro-Oeste e Sul, a colheita inicia-se entre abril e maio e prolonga-se até novembro
– período em que a planta atinge a maturação plena. Na região Nordeste, a colheita
inicia-se de julho a agosto e se prolonga até março do ano seguinte em alguns casos.
O sistema de colheita pode ser:
Manual O corte e o carregamento são feitos manualmente.
O corte é feito de forma manual e o carregamento, por

Semimecanizado
carregadoras mecânicas, em unidades de transporte.
O corte utiliza cortadoras de cana inteira com carregamento

Mecanizado mecânico ou colhedoras de cana picada, comumente mais
usadas.
Dois tipos de fatores afetam a qualidade da cana-de-açúcar: os relacionados à compo-

sição da cana e os relacionados a materiais estranhos ao colmo. Os principais fatores
relacionados à qualidade da cana-de-açúcar são a POL (sacarose aparente), a pureza,
os açúcares redutores totais (ATR) na cana, o teor de açúcares redutores, a percenta-
gem de fibra e os tempos de queima e corte.
3.6 Indústria sucroalcooleira
As indústrias sucroalcooleiras fazem parte do setor sucroenergético e produzem etanol,

açúcar e outros derivados da cana-de-açúcar. Esse setor se destaca pela capacidade de
produzir energia limpa em larga escala.

Nas últimas décadas, foram inves-
tidos muitos recursos para a geração
de bioeletricidade a partir do baga-
ço de cana. As unidades industriais
processadoras de cana, que antes
tinham apenas a capacidade de pro-
duzir açúcar, passaram, progressi-
vamente, a produzir etanol e bioe-
letricidade.
Segundo Milanez, Souza e Mancuso (2017), “essa diversificação de produtos trouxe

consigo mudanças importantes para o setor sucroenergético. Açúcar, etanol e bioele-
tricidade fazem parte de mercados essencialmente distintos entre si. Por conseguinte,
foram agregados novos elos à cadeia produtiva da cana-de-açúcar, notadamente a
jusante das usinas”.
Antes de prosseguir, teste seus conhecimentos com a atividade proposta.
1. Sobre o cultivo de cana-de-açúcar, identifique a alternativa incorreta.
a) Desde a época da colonização, o cultivo da cana-de-açúcar foi uma das principais

atividades agrícolas no Brasil.
b) Os principais produtos da indústria sucroenergética são açúcar, etanol e energia a

partir de resíduos.
c) No Brasil, a produção de cana-de-açúcar se concentra nas regiões Norte e Sudeste.
d) A cana-de-açúcar é da família botânica Poaceae, ou seja, é uma gramínea.
e) Solos profundos, argilosos e de boa fertilidade são ideais para o desenvolvimento

da cana-de-açúcar.
Tópico 4: Cultura do milho

Ao analisar a participação do milho nos sistemas agroindustriais, é possível notar que
essa cultura é insumo para a produção de diversos outros produtos de importância
econômica. A cadeia produtiva de carne suína e de aves, por exemplo, consome mais
da metade do milho produzido no Brasil.

4.1 Histórico
Sem dúvidas, o milho está entre as plantas mais importantes. Ao escrever sobre as 50
plantas que mudaram o rumo da História, Laws (2013) salienta que o milho é o terceiro
cereal mais importante do mundo, depois do arroz e do trigo. Historiadores apontam o
continente americano como o centro de origem do milho, responsável por sustentar as
grandes civilizações, como os olmecas, os astecas, os maias e os incas.
Quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil, os indígenas já cultivavam e con-

sumiam milho. Foi nesse período, no século XVI, que o cereal difundiu-se por todo o
mundo. Em pesquisa feita pela Embrapa, descobriu-se que o milho evoluiu de um ances-
tral selvagem chamado teosinto. Ao longo dos anos, com o processo de domesticação,
chegou-se ao cereal que conhecemos hoje (HEBERLÊ, 2018).
A imagem a seguir ilustra o processo de domesticação do milho, desde o teosinto. Per-

ceba que o resultado do processo de seleção e domesticação resultou em uma planta
adaptada à produção de grãos e que pouco lembra seu ancestral.
Fonte: Embrapa. Arte: Eduardo Pinho.

Algumas espécies de milho primitivo ainda são cultivadas por populações tradicionais
da América Central. Elas apresentam uma infinidade de tons e formato nos grãos.
No Brasil, as variedades de milho, voltadas à indústria, que não sofreram processo de

melhoramento genético e ainda são consumidas por comunidades tradicionais são cha-
madas “milho crioulo”. A manutenção do milho crioulo tem grande importância, visto
que há uma grande diversidade genética que pode servir como fonte para processos
de melhoramento.
Assim como a cana-de-açúcar, o milho é uma planta da família Poaceae. Confira sua
classificação:
Reino: Plantae
(Angiospermas)
Classe: Liliopsida
(Monocotiledôneas)
Ordem: Poales
Família: Poaceae (Gramíneas)
Gênero: Zea
Espécie: Zea mays

A planta do milho tem sistema radicular fasciculado com raízes adventícias que auxiliam
na sua sustentação. Suas folhas são lanceoladas e alternadas, e seu tronco é do tipo
colmo, com porte ereto.
O grão de milho é, na verdade, o fruto, do tipo característico das gramíneas. O pericarpo

(camada externa) é derivado da parede do ovário e pode ser incolor, vermelho, marrom
ou variegado (de cores e constituição variadas). Dentro do grão, estão o endosperma
(tecido de reserva que armazena especialmente carboidrato em forma de amido) e o
embrião, que dará origem a uma nova planta.
Normalmente, a floração do milho ocorre cerca de 65 dias após a emergência. Esse

período, assim como os outros estágios que veremos a seguir, pode variar de acordo
com os diferentes híbridos comerciais, com espécies precoces (de menores ciclos) ou
tardias (de maiores ciclos).
Os estágios de desenvolvimento das plantas podem ser divididos em vegetativos (V)

e reprodutivos (R).
Vegetativos Reprodutivos
VE - Emergência R1 - Embonecamento
V1 - Primeira folha desenvolvida R2 - Bolha d'água
V2 - Segunda folha desenvolvida R3 - Leitoso
V3 - Terceira folha desenvolvida R4 - Pastoso
V4 - Quarta folha desenvolvida R5 - Formação de dente
V(n) - Enésima folha desenvolvida R6 - Maturidade fisiológica
VT - Pendoamento
Estágios vegetativos e reprodutivos da planta de milho.

Fonte: Embrapa (s.d.).
Atenção
O manejo correto da disponibilidade de nutrientes e água nos
estágios é fundamental para a produtividade. Nas fases de em-
bonecamento, por exemplo, o estresse hídrico pode interferir na
sincronia do amadurecimento das flores e atrapalhar o processo
de polinização. Lembre-se de que cada flor feminina da espiga
pode resultar em um grão, e, se não houver polinização, não
haverá grão.

O último estágio de desenvolvimento é o ponto de maturidade fisiológica, quando se
atinge o ponto de máxima produção. A partir de então, deve-se monitorar a umidade do
grão no campo para proceder à colheita, uma vez que grãos úmidos podem acarretar
problemas no armazenamento.
Quando se forma a camada preta nos grãos, que nada mais é do que a obstrução dos
vasos, isso significa que eles não recebem mais nutrientes da planta-mãe.
A época de plantio do milho deve ser definida a partir do conhecimento de cada região.
Lembre-se de que o zoneamento agrícola considera os atributos climáticos e edáficos
(relacionados ao solo) de cada região e, portanto, serve de base para o planejamento
da produção. É fundamental conhecer todo o ciclo da cultura e procurar prever as con-
dições ambientais em todas as suas fases fenológicas.
Nas regiões de Cerrado, a melhor

época de semeadura é entre setem-
bro e novembro, a depender do iní-
cio das chuvas. O milho “safrinha”
se desenvolve bem de janeiro a abril.
Normalmente, é implantado após o
cultivo de soja e, em alguns locais,
após o milho “de verão” e o “feijão
das águas”.
4.4 Clima e solo
Nas regiões Sul e Nordeste do Brasil, a temperatura representa o fator mais limitante;
enquanto nas regiões de Cerrado, a precipitação é o fator climático limitante. De acordo
com o zoneamento agrícola para a cultura de milho, os cultivares são classificados, em
função do ciclo, em três grupos: precoce, ciclo médio e ciclo tardio.
A temperatura tem uma relação complexa com o desempenho

da cultura, uma vez que a condição ótima varia com os dife-
rentes estágios de crescimento e desenvolvimento da planta.

Os limites extremos tolerados pela planta de milho estão entre 10 e 30 °C. Abaixo de
10 °C, o crescimento da planta é intensamente reduzido e, sob temperaturas acima de
30 °C, o rendimento de grãos decresce, pois aumenta o consumo dos produtos meta-
bólicos elaborados durante o dia.
Para o cultivo do milho, os solos ideais precisam apresentar textura média, com teores
de argila de 30 a 35%. Solos argilosos também podem ser usados, desde que apresen-
tem boa estrutura. Os latossolos apresentam características físicas adequadas, visto
que possibilitam a drenagem com boa capacidade de retenção de água e nutrientes.
Como o milho é uma planta cujo sistema radicular tem grande potencial de desenvolvi-
mento, o solo precisa ser profundo (mais de 1 m). Solos rasos dificultam o desenvolvi-
mento das raízes, têm menor capacidade de armazenamento de água e estão sujeitos
a um desgaste mais rápido.
Após a fase de maturação fisiológica, o milho já pode ser colhido. Esse momento ocorre
quando 50% das sementes na espiga apresentam uma pequena mancha preta no ponto
de inserção do sabugo.
O teor de umidade ideal para o grão de milho ser colhido e armazenado com segurança
varia entre 13 e 15%. Na faixa de 18 a 25%, o grão já pode ser colhido, entretanto,
faz-se necessário a secagem artificial antes do armazenamento. Caso o produtor decida
pela secagem artificial, deve considerar o elevado gasto de energia.
Na etapa pós-colheita, a escolha do sistema de armazenamento merece atenção es-

pecial. O modo mais comum de armazenamento é o a granel, apropriado nos casos de

produções em grande escala. A armazenagem a granel pode ser feita em silos aéreos
ou subterrâneos, em armazéns convencionais (sacarias), em sistema hermético e em
sistemas de armazenagem temporária.
O armazenamento das espigas normalmente ocorre em peque-
nas propriedades, por ser menos dispendioso. Nesse sistema,
manter as palhas favorece a conservação e dificulta o ataque de
pragas. A construção destinada ao armazenamento de milhos
em espigas é chamada paiol.
A ocorrência de insetos e pragas nas estruturas de armazenamento é outro ponto

de atenção nos cuidados pós-colheita. Destacam-se, nesse cenário, os carunchos ou
gorgulhos e besouros (Sitophilus zeamais, Sitophilus oryzae, Rhyzopertha dominica,
Cryptolestes ferrugineus, Oryzaephilus surinamensis, Tribolium castaneum e Lasioderma
serricorne) e as traças (Sitotroga cerealella, Ephestia kuehniella, E. elutella e Plodia
interpunctella).
Em caso de ocorrência de pragas no armazenamento, podem ser usados três métodos

de controle:
• inseticidas químicos (tratamento preventivo);
• inseticidas naturais à base de terra de diatomáceas (tratamento preventivo); e
• expurgo, com o inseticida fosfina (tratamento curativo).
A limpeza e a higienização de silos, armazéns,

depósitos, máquinas, equipamentos, passarelas,
poços dos elevadores e demais estruturas das
unidades armazenadoras são absolutamente es-
senciais e representam um altíssimo percentual
no sucesso do controle de insetos, fungos e áca-
ros (Embrapa, 2021).
Entre as medidas preventivas ao ataque de grãos armazenados, destacam-se o uso de

cultivares com grãos mais duros, o controle de umidade e de temperatura, o controle
da aeração e, sobretudo, a higienização.

1. A fenologia descreve os estágios de desenvolvimento das plantas. Conhecer os
estágios das principais culturas ajuda a identificar as que necessitam de maior
atenção na condução dos cultivos. Sobre os estágios de desenvolvimento do milho,
explique como identificar o último estágio.
Tópico 5: Cultura da soja

A cultura da soja no Brasil é, sem dúvida, a mais importante para a manutenção do PIB
do agronegócio. Em 2021, a produção, no mundo, foi de 362,947 milhões de toneladas
de grãos, em uma área plantada de 127,842 milhões de hectares. Segundo a Com-
panhia Nacional de Abastecimento – Conab (levantamento de 05/2021), o Brasil é o
maior produtor mundial de soja, com uma produção de 135,409 milhões de toneladas,
em uma área plantada de 38,502 milhões de hectares e produtividade de 3.517 kg/ha.
5.1 Histórico
A primeira referência à soja como alimento foi há 5 mil anos. O grão foi citado e descrito
pelo imperador chinês Shen-nung, que deu início ao cultivo de grãos como alternativa
ao abate de animais. A soja descrita pelo imperador chinês era muito diferente da que
conhecemos hoje – eram plantas rasteiras, que se desenvolviam ao longo de rios e
lagos, uma espécie de soja selvagem. O processo de “domesticação” da soja ocorreu
no século XI a.C. (mil anos antes de Cristo) a partir de cruzamentos naturais feitos por
cientistas chineses.
Dezenas de séculos depois, a partir de 1900 (início do século XX), a soja passou a ser
comercializada e produzida pelos EUA e, a partir daí, expandiu-se mundialmente, e
passou a ocupar lugar de destaque dentro do mercado mundial.

No Brasil, a soja foi introduzida pelos japoneses imigrantes que a trouxeram em 1908,
mas a predominância do café e a falta de tecnologia não permitiram a expansão da
cultura. O crescimento da soja no país começou, nos anos 1970, quando a indústria de
óleo passou a ser ampliada. O aumento da demanda internacional pelo grão foi outro
fator que contribuiu para o início dos trabalhos comerciais em grande escala, inicial-
mente no Rio Grande do Sul.
A introdução da soja para além dos estados da Região Sul só foi possível devido ao
desenvolvimento de cultivares adaptados ao clima mais quente e aos solos mais ácidos
e fracos. O Centro-Oeste surgiu como uma nova opção produtiva da cultura, a partir da
década de 1980, com a mecanização intensa da agricultura e o surgimento de insumos
que corrigiam as deficiências do solo. O trabalho da Embrapa apoiou o desenvolvimento
de variedades adaptadas às condições dos cerrados e possibilitou maiores produtivi-
dades econômicas.
A expansão da soja também foi favorecida pelo relevo mais plano e as grandes ex-
tensões dos cerrados do Centro-Oeste do país. Além disso, o fato de a soja permitir a
fixação no solo de nutrientes essenciais para o plantio de outras culturas, como o feijão
e o milho – entressafra produtiva, aliada ao plantio direto – favoreceu a expansão para
outras regiões do país, como Norte e Nordeste.

A soja se encontra na classificação botânica da seguinte forma:
Reino: Plantae
(Angiospermas)
(Dicotiledôneas)
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Gênero: Glycine
Espécie: Glycine max

A planta de soja é uma dicotiledônea cuja estrutura é formada pelo conjunto de raízes
e pela parte aérea. O desenvolvimento pode ser dividido em dois períodos: o vegeta-
tivo (V), da semeadura até o florescimento, e o reprodutivo (R), do florescimento
à colheita.
As subdivisões da fase vegetativa são designadas numericamente como V1, V2, V3 até
Vn – menos os dois primeiros estágios, designados como VE (emergência) e VC (estágio
de cotilédone). O último estágio vegetativo é designado como Vn – em que n represen-
ta o número do último nó vegetativo formado por um cultivar específico. O valor de n
varia em função das diferenças varietais e ambientais. A fase reprodutiva apresenta
nove subdivisões ou estágios e tem início com a floração.
Observe, nas imagens a seguir, como se dá a evolução da planta de soja.
VE
Emergência
1 – radícula
VC
Da emergência aos cotilédones
2 – hipocótilo
3 – cotilédone
4 – primeiras folhas unifoliadas
5 – folhas unifoliadas desdobradas

V1
Primeiro nó. Folhas unifoliadas abertas
6 – nó cotiledonar
7 – nó unifoliado
8 – primeira folha unifoliada
V4
Quarto nó. Terceiro trifólio aberto
6 – nó cotiledonar
7 – nó unifoliado
9 – quarto nó
10 – terceiro trifólio
R1
Início da floração: até 50% das plantas com uma flor
11 – gemas florais fechadas
R2
Floração plena: maioria dos racemos com flores abertas
12 – flores abertas
R3 e R4
Final da floração: vagens de 1,5 cm a 4 cm de comprimento
13 – vagens
14 – nó terminal
15 – folha pequena totalmente em desenvolvimento
16 – folha grande totalmente desenvolvida

R5.1, R5.2, R5.3, R5.4 e R5.5
Grãos perceptíveis ao tato a 10%, 25%, 50%, 75% e 100%,
respectivamente, de enchimento da vagem
17 – semente com aproximadamente 3 mm de comprimento
R6
18 – vagens com enchimento pleno e folhas verdes
R7.1-R7.3
Início de amarelecimento até quando tiver mais de 75% das folhas
amarelas
19 – vagens amadurecendo
R8-R9
Início da desfolha à maturação de colheita
20 – grãos prontos para colheita
Vale destacar que a planta de soja tem grande capacidade de regeneração. Se o ápice
do caule for danificado ou quebrado, as gemas axilares remanescentes vão produzir
ramos, pois não terão mais o efeito inibitório da dominância apical. A gema apical do
caule apresenta dominância sobre as gemas axilares durante a fase vegetativa de
crescimento.

Na produção da soja, o sistema de plantio direto pode ser a melhor opção para diminuir
problemas no solo, pois o uso contínuo proporciona efeitos significativos na conservação
e na melhoria do solo e da água, no aproveitamento dos recursos e dos insumos, como
os fertilizantes, na redução dos custos de produção, na estabilidade de produção e nas
condições de vida do produtor rural e da sociedade.
Para garantir os benefícios desse sistema, tanto os agricultores como a assistência téc-
nica devem estar abertos à mudança, conscientes de que o plantio direto é importante
para alcançar êxito e sustentabilidade na atividade agrícola.
Atenção
Qualquer que seja o sistema adotado para a implantação da cul-
tura principal, a queima dos restos culturais ou das vegetações de
cobertura do solo deve ser evitada. Além de reduzir a infiltração
de água e aumentar a suscetibilidade à erosão, contribui para a
diminuição do teor de matéria orgânica do solo e, consequente-
mente, da capacidade da retenção de cátions trocáveis.

5.4 Clima e solo
A soja se adapta melhor a temperaturas entre 20 e 30 °C, mas a ideal para seu cresci-
mento e desenvolvimento é em torno de 30 °C. A semeadura da soja não deve ser feita
quando a temperatura do solo estiver abaixo de 20 °C, porque prejudica a germinação
e a emergência. A faixa de temperatura do solo adequada para a semeadura varia de
20 a 30 °C, e 25 °C é a temperatura ideal para uma emergência rápida e uniforme.
A floração da soja é induzida somente em temperaturas acima de 13 °C. Por esse mo-
tivo, pode haver diferenças de data de floração de acordo com as variações de tem-
peratura. A floração precoce ocorre, principalmente, em decorrência de temperaturas
mais altas, o que pode acarretar diminuição na altura da planta. Esse problema pode
se agravar se, paralelamente, houver insuficiência hídrica e/ou fotoperiódica durante
a fase de crescimento.
Dica
As diferenças de datas de floração entre cultivares, em uma
mesma época de semeadura, também ocorrem como resposta
aos diferentes comprimentos do dia e, consequentemente, ao
tempo de exposição à luz – fotoperíodo. A sensibilidade ao foto-
período é característica variável entre cultivares, ou seja, cada
um tem seu fotoperíodo crítico, acima do qual o florescimento
é atrasado.
No preparo do solo, considere que o sistema de plantio direto é o mais adequado. Caso
não possa adotá-lo, lembre-se de que o preparo do solo compreende um conjunto de
práticas que, se usadas racionalmente, podem permitir a preservação do solo e boas
produtividades das culturas a baixo custo. Entretanto, quando usadas de maneira in-
correta, podem rapidamente levar o solo às degradações física, química e biológica e
diminuir seu potencial produtivo.
O solo deve ser preparado com o mínimo de mo-

vimentação e operações possível, sem diminuir a
profundidade de trabalho, a fim de deixar rugo-
sa sua superfície e manter o máximo de resíduos
culturais sobre ela.

Essa prática é indicada, pois, em áreas onde o solo foi sempre preparado superficialmen-
te, o manejo profundo poderá trazer para a superfície a camada de solo não corrigida,
que pode conter alumínio, manganês e ferro em níveis tóxicos, com baixa disponibili-
dade de fósforo, e prejudicar o desenvolvimento das plantas. Nesse caso, é necessário
conhecer a distribuição dos nutrientes e o pH no perfil do solo.
O preparo do solo, portanto, deve ser feito considerando, além da profundidade de trabalho:
o implemento a umidade as condições

adequada de fertilidade
Ação no campo
Para detectar a condição ideal de umidade no campo, aperte,
entre o polegar e o indicador, um torrão de solo coletado na
profundidade média de trabalho do implemento – ele deve de-
sagregar-se sem oferecer resistência.
Regiões onde a época de colheita coincide com períodos de chuvas intensas exigem
maior atenção do produtor quanto ao planejamento e à execução dessa etapa de cul-
tivo. O início da colheita deve ser quando a cultura atingir o ponto de colheita,
o estádio fenológico R9.
O nível de umidade adequado para a colheita da soja está entre 13% e 15%, que garante
que as atividades sejam feitas com o mínimo de injúrias mecânicas aos grãos. Os danos
aumentam quando o teor de água é superior a 18% ou inferior a 13% (SAAVEDRA DEL
AGUILA; THEISEN, 2011).

O preparo de toda a infraestrutura deve acontecer com antecedência, visto que, quan-
do a cultura atinge a maturação, inicia-se deterioração do grão e a degrana à medida
que a colheita atrasa. O momento ideal da colheita é quando as folhas já caíram
quase todas e as vagens estão secas.
A colheita ocorre em três etapas:
Trilha (separação Limpeza das

Corte da parte aérea
do grão da parte impurezas da
das plantas
aérea cortada) massa de grãos
No caso da produção de soja para sementes, há de se ter maior atenção às atividades

de colheita e pós-colheita, uma vez que é preciso manter a viabilidade (capacidade de
germinação).
Antes de dar sequência nos seus estudos, teste seus conhecimentos com a ativida-
de proposta.

1. Sobre o cultivo da soja, identifique a alternativa incorreta.
a) O cultivo da soja no Brasil foi viabilizado com sucesso em resposta ao trabalho de

melhoramento genético feito pela Embrapa.
b) Déficit hídrico durante a floração da soja pode resultar em perdas de rendimentos

de grãos.
c) Corte, trilha e limpeza são as etapas de colheita da soja.
d) As atividades feitas na colheita e na pós-colheita de “soja semente” exigem maiores

cuidados para manutenção da viabilidade de germinação.
e) As primeiras sementes de soja foram trazidas para o Brasil pelos europeus no sé-
culo XVI.
Tópico 6: Fruticultura de clima tropical, subtropical e

temperado
Segundo o Banco do Nordeste (BNB), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de
frutas, somente atrás da China e da Índia (VIDAL, 2020). A China é a maior produtora
mundial e tem como produtos principais: maçã, melão, tangerina e melancia. Já a Índia,
a segunda maior, se destaca pela produção de manga e mamão. No cenário mundial,
os EUA e a União Europeia são os principais importadores.
Ainda de acordo com o BNB, os cul-

tivos de laranja, banana, cacau e
caju ocupam as maiores áreas de
fruticultura no Brasil, com o cacau e
o caju concentrados na Região
Nordeste.
Fonte: Wenderson Araújo – Sistema CNA/SENAR.
A classificação das plantas frutíferas, quanto ao clima, agrupa-as de acordo com suas
necessidades climáticas semelhantes. Logo, classificam-se em:

Frutíferas de clima temperado
Necessitam de climas mais frios, com temperatura média anual entre 5 e 15°C para
crescimento. Exemplos: macieira, pessegueiro, pereira, videira, ameixeira e cerejeira.
Frutíferas de clima subtropical
Apresentam menor resistência a baixas temperaturas e seu crescimento vegetativo

ideal ocorre com a faixa de temperatura média anual entre 15 e 22°C. Exemplos:
citros, abacateiro e jabuticabeira.
Frutíferas de clima tropical
Não toleram temperaturas baixas; a temperatura média ideal para seu desenvolvi-
mento é entre 22 e 30°C. Exemplos: bananeira, cajueiro, abacaxizeiro, mamoeiro,
mangueira e maracujazeiro.
6.1 Definição e classificação dos frutos
Usualmente, chamamos de fruta o fruto comestível carnoso e adocicado. No Tema 3,

quando aprendemos sobre a estrutura da planta, vimos que o fruto resulta do ovário
das flores. A partir da fecundação, inicia-se o desenvolvimento da semente por meio
de uma série de transformações no saco embrionário e em outros tecidos do óvulo. A
parede do ovário se desenvolve em pericarpo, o qual é formado por três camadas:
exocarpo (epicarpo), mesocarpo e endocarpo.
SEMENTE
OVÁRIO
ENDOCARPO
MESOCARPO
EPICARPO

Alguns frutos, como a banana e o abacaxi, podem se formar sem fecundação prévia e,
nesse caso, não apresentam sementes – são os chamados frutos partenocárpicos.
Embora existam diferentes métodos para classificar os frutos, o principal critério utilizado
é a textura ou o grau de firmeza das paredes do pericarpo, o qual pode ser duro, seco,
carnoso ou macio. Na sequência, acompanhe alguns tipos de frutos e suas características.
a) Frutos simples
São derivados de um único ovário de uma flor. Podem ser secos ou carnosos, uni ou
multicarpelares, deiscentes ou indeiscentes. Frutos simples carnosos apresentam pe-
ricarpo suculento e se dividem em dois tipos:
Tem um ou mais carpelos e uma ou mais sementes

Baga
livres. Por exemplo: tomate, uva, laranja e abóbora.
Geralmente, tem só um carpelo e só uma semente

Drupa ligada ao endocarpo. Por exemplo: ameixa, azeitona,
pêssego e abacate.
Já os frutos simples secos apresentam pericarpo seco. São exemplos: feijão, vagem,
girassol, trigo, milho, arroz e romã.
b) Frutos carnosos
São extremamente apreciados como alimento, especialmente por serem suculentos,

coloridos e com aroma e sabor muito agradáveis e característicos. Apresentam pericarpo
com espessura e textura variáveis, constituídos por três camadas (epicarpo, mesocarpo
e endocarpo) distinguidas com certa facilidade.
Entre os frutos carnosos, os simples são predominantes, embora também sejam encon-
trados diferentes tipos de frutos compostos agregados (por exemplo: morango, fruta-
-do-conde e framboesa) ou compostos múltiplos (por exemplo: abacaxi, figo e amora).
FRUTO SECO FRUTÍCULOS

(AQUÊNIO)
RECEPTÁCULO FLORAL
(PARTE COMESTÍVEL) INFRUTESCÊNCIA

No contexto da fisiologia pós-colheita, é usual classificar os frutos carnosos em dois tipos,
de acordo com o seu potencial de amadurecimento pela produção de etileno, a saber:
Podem amadurecer na planta ou após a colheita,

Frutos climatéricos quando colhidos ainda imaturos, como a banana,
devido à elevada produção de etileno.
Só completam o amadurecimento quando permanecem

Frutos não climatéricos
na planta, como a uva, o morango e o abacaxi.
c) Pseudofrutos
São procedentes de uma única flor que, em decorrência da fecundação, tem desen-
volvimento de qualquer outra parte além do ovário. Às vezes, são classificados como
verdadeiros, mas não os são, uma vez que o pericarpo se desenvolve a partir de um
órgão acessório, como o pedicelo, o receptáculo etc. São exemplos de pseudofrutos o
caju e os frutos do pomo (maçã, pera e marmelo).
FRUTO
FRUTO
RECEPTÁCULO FLORAL PEDÚNCULO FLORAL

(PSEUDOFRUTO) (PARTE COMESTÍVEL)

6.2 Fases de desenvolvimento dos frutos
A duração do processo de desenvolvimento dos frutos, da floração até a maturação,

varia de acordo com espécie. Nele, a fruta passa pelas seguintes fases:
Crescimento: compreende as fases de

multiplicação celular (desenvolvimento
celular intenso e definição do número de
células dos frutos) e elongação celular (início
do acúmulo de água e nutrientes nas células).
Maturação: quando se intensificam os

processos bioquímicos de formação dos
açúcares. É quando o fruto muda suas
características, com o objetivo de se tornar
atrativo para a alimentação.
Senescência: fase de envelhecimento do

fruto. É quando ocorre a morte dos seus
tecidos.
6.3 Implantação dos pomares
Os principais aspectos a serem considerados antes da implantação dos pomares são:

• características climáticas da região;
• escolha da espécie e do cultivar adequados;
• qualidade das mudas;
• características do solo e relevo da área de cultivo;
• definição da necessidade e escolha do sistema de irrigação.
Aspectos de mercado também devem ser considerados, como a infraestrutura neces-

sária para transporte e armazenamento, e a caracterização do mercado consumidor, se
voltado para o consumo in natura ou industrial.

Dica
O espaçamento da implantação das frutíferas vai depender de
espécie para espécie, ou até mesmo de variedades dentro da
mesma espécie.
6.4 Clima e solo

As plantas frutíferas necessitam de diferentes faixas ideais de temperatura para cada
um de seus períodos fenológicos. Como vimos anteriormente, as plantas de clima
temperado precisam de um período de baixas temperaturas para a produção de frutos.
Já a distribuição das chuvas é determinante para a produtividade e a fitossanidade, uma

vez que períodos de chuvas intensas e contínuas podem favorecer o aparecimento de
doenças. Em áreas onde o regime de chuvas não for suficiente para o aporte hídrico
exigido pela planta, faz-se necessário o uso de irrigação suplementar.
Em pomares, é importante, também, a implantação de quebra-ventos, visto que ventos

muito fortes podem danificar os galhos, derrubar flores e frutos, dificultar a polinização
ou carregar agentes causadores de doenças.
A instalação dos pomares deve ser feita preferencialmente em solos profundos e

bem drenados. Quanto à topografia, não se observam problemas de instalação em
solos planos, desde que bem drenados e com profundidade adequada. Em solos aci-
dentados, a implantação deve ser feita na meia-encosta e evitados declives acima de
20% (CDRS, s.d.).

6.5 Tratos culturais
Os tratos culturais dos pomares são um pouco diferentes das culturas anuais, uma vez
que muitas das frutíferas necessitam de poda ou tutoramento.
As operações de poda buscam a for-

mação da copa das frutíferas, a pre-
venção da ocorrência de pragas e
doenças, o aumento da produção e
da qualidade dos frutos e a regula-
rização da produção. Geralmente,
nas frutíferas de clima temperado,
a poda é de extrema importância
para a definição da produtividade.
O tutoramento consiste em fornecer suporte às plantas e, normalmente, é feito logo

após o plantio.
Em frutíferas com hábito arbóreo, Em plantas com hábito trepador, o

como abacate e citros, o tutoramento tutoramento é permanente e conduz
é temporário, feito com uma vara ao a planta por fios, como no maracujá e
lado da muda. na videira.
Fonte das imagens: Getty Images.
O mercado consumidor de produtos in natura está cada vez mais exigente. Por isso, o
planejamento das atividades de colheita e armazenamento deve ser baseado em pa-
drões estabelecidos por esse mercado.

Frutas que não são produzidas para fins indus-
triais devem manter suas características de atra-
tividade, como cor, sabor e aroma.
O fator determinante da colheita de frutas é o grau de maturação, que varia de es-

pécie para espécie, ou de cultivar para cultivar. A destinação da fruta também deve ser
considerada na colheita, uma vez que frutas destinadas ao consumo in natura devem
ser colhidas maduras ou ligeiramente firmes, enquanto as destinadas à industrialização
ou ao armazenamento podem ser colhidas com um grau de maturação menos avançado.
Os parâmetros que indicam o ponto de colheita podem ser:

• diretos, como mudança na cor da casca, firmeza da polpa ou pH; e
• indiretos, como o número de dias transcorridos desde o pico de florescimento.
Após a colheita, que pode ser ma-

nual ou mecânica, os frutos seguem
para uma estrutura de seleção, clas-
sificação e empacotamento, chama-
da packing house.
Na fruticultura, as fases de colheita e pós-colheita representam grande perda e, portan-

to, merecem atenção especial. Nos últimos anos, observam-se muitas mudanças nas
embalagens, no transporte e no armazenamento com vistas a reduzir perdas.
O transporte e o armazenamento das frutas podem ser feitos sob condições normais
atmosféricas ou sob condições controladas. Nas condições controladas, as principais
medidas são a redução da umidade e da temperatura, para reduzir ataques de pragas
e doenças e o processo natural de senescência.

A maioria das espécies frutíferas são perenes (permanentes) ou semiperenes (semiper-

manentes). Com isso, espera-se retorno econômico pelo período mais longo possível.
Portanto, planejar é essencial. Um bom planejamento garante o desenvolvimento de
uma cultura racional e altamente rentável.
Os fatores que devem ser levados em consideração no planejamento são:
Exerce grande influência no desenvolvimento, no

rendimento e na qualidade de frutos. A temperatura
pode favorecer ou limitar o cultivo de determinadas
espécies. Espécies de clima temperado exigem baixas
Clima
temperaturas durante o inverno, e, quando isso não
ocorre, a planta frutífera apresenta vegetação e flo-
rescimento irregulares. Já as espécies de clima tropi-
cal podem vir a morrer com invernos rigorosos.
Assim como em todos os cultivos agrícolas, devem-se

Solo observar aspectos químicos, físicos, biológicos e topo-
gráficos.
É importante considerar o mercado consumidor, prin-

cipalmente quanto à produção e à demanda. Quando
Mercado se produz para o mercado de frutas frescas, a distri-
buição deve ser rápida, e os meios de conservação
(resfriamento), eficazes.
Devem ser consideradas as vias de acesso, a ausên-

cia de problemas fitossanitários restritivos à cultura,
Localização
a disponibilidade de água e a qualidade e a oferta de
mão de obra (se possível, especializada).
Devem ser observados o destino da produção, a época

Seleção de cultivares, de maturação, a produtividade, os tamanhos de plan-
copas e porta-enxerto tas e de frutos, a resistência a pragas e doenças e a
uniformidade de produção.
É necessária a atenção à aquisição e à formação de

mudas, à distribuição dos talhões em função da topo-
Fatores técnicos
grafia, ao sistema de plantio, aos espaçamentos, aos
tratos culturais, aos maquinários e às infraestruturas.
O que diferencia a fruticultura das demais culturas é que, nela, cuida-se das plantas
individualmente, ou seja, planta por planta.
A partir do conhecimento adquirido neste tópico, faça a atividade proposta a seguir.

1. Com relação à fruticultura, analise as seguintes afirmações:
I. China, Índia e Brasil são os principais países produtores de frutas.
II. A poda deve ser feita apenas em frutíferas de clima temperado.
III. O abacaxizeiro, a mangueira e a macieira são exemplos de frutíferas tropicais.
Está correto o que se afirma em:
a) I apenas.
b) II apenas.
c) III apenas.
d) I e II apenas.
e) I e III apenas.
Tópico 7: Olericultura
A cada dia, o consumidor está mais consciente de que uma dieta balanceada e segura é
fator-chave para se manter saudável. Relacionadas a isso estão as frutas e as hortaliças
frescas, que são naturais, saudáveis, previnem doenças e, além de tudo, são saborosas.
O frescor e a diversidade de opções e cores atraem o paladar e os olhos – são vários
os tamanhos, as cores, os sabores e as texturas, ofertados em diferentes embalagens
e provenientes de variadas origens.
7.1 Definição e classificação das hortaliças
É inviável estabelecer uma definição botânica ou morfológica para as hortaliças, pois

há muitos órgãos e estados reprodutivos desses vegetais, além das diferentes famílias
botânicas e especificidades de clima.
Em uma definição genérica, pode-se afirmar que

hortaliças são plantas cultivadas em hortas, ou
ainda, partes de plantas que não pertencem ao
grupo de frutas e cereais, consumidas frescas,
cruas ou processadas.

Muitos esquemas ou sistemas de agrupamento são utilizados para as hortaliças, mas
são incompletos devido à diversidade de produtos. Uma classificação sistemática seria
desejável, por facilitar o estudo do seu comportamento de forma mais eficiente.
De modo geral, agrupam-se as hortaliças em três diferentes categorias de órgãos ou

partes do vegetal:
Hortaliças tuberosas
Cujas partes utilizáveis pelo homem se desenvolvem dentro do solo. Exemplos:

• tubérculos: batata, cará;
• rizomas: inhame;
• bulbos: cebola, alho;
• raízes tuberosas: cenoura, beterraba, batata-doce, mandioquinha-salsa, raba-
nete, rábano.
Hortaliças herbáceas
Cujas partes utilizáveis são suculentas, tenras e se desenvolvem acima do nível do

solo. Exemplos:
• folhas: alface, almeirão, chicória, repolho, couve, acelga;
• talos e hastes: aspargo, aipo, funcho;
• flores e inflorescências: couve-flor, alcachofra.
Hortaliças-frutos
Cujas partes consumidas pelo homem são os frutos ou pseudofrutos colhidos ima-
turos ou maduros. Exemplos:
• frutos imaturos: abobrinha, quiabo, berinjela, jiló, pimentão (verde), feijão-va-
gem, vagem-de-metro, milho-verde, milho-doce;
• frutos maduros: abóboras, morangas, melancia, melão, morango (pseudofruto),
pimentão (vermelho e amarelo), tomate;
• sementes: feijões e lentilhas.
Como as hortaliças constituem um grupo diversificado de espécies cultivadas, vamos

destacar a morfologia e a fenologia das mais representativas. O Cepea afirma que o
tomate é a primeira hortaliça mais consumida, seguido de batata, cebola e cenoura.
Aqui, você vai estudar a estrutura e a fenologia do tomateiro e da cebola, uma vez que
o tomate e a batata são da mesma família e apresentam morfologia semelhante.

a) Tomateiro
É uma planta da família Solanaceae. A parte consumida é o fruto. O cultivo do tomateiro

pode ser separado em dois objetivos finais: para a indústria, normalmente com porte
rasteiro; e para consumo in natura (tomate de mesa), normalmente produzido tutorado.
A família Solanaceae é de grande importância para a alimenta-
ção mundial. Fazem parte dela a batata (Solanum tuberosum),
o tomate (Solanum lycopersicum) e as pimentas (Capsicum
spp.). O tabaco (Nicotiana tabacum) também é uma solanácea.
A quantidade de dias do ciclo do tomateiro, da semeadura até a colheita, varia de cul-

tivar para cultivar e compreende de 95 a 125 dias. Observe um exemplo:
Estabelecimento Desenvolvimento Primeira floração Desenvolvimento Colheita

e crescimento e frutificação do fruto
vegetativo
Dias 0 15 30 42 63 120
b) Cebola
A cebola (Allium cepa) é uma monocotiledônea da família Liliaceae, a mesma família

do alho e dos lírios. Como vimos no início desta Unidade, as folhas da cebola são mo-
dificadas para reservar nutrientes e formam o bulbo. A morfologia da planta pode ser
observada na figura a seguir:

Inflorescência Fruto
(umbela) (cápsula)
Haste floral
Semente
Flor
Folha
Bulbo
Raízes
Uma das características da cebola é a demora nas fases de germinação e enquanto

plântula. Quando a planta atinge a fase adulta, as folhas param de crescer e inicia-se o
processo de acúmulo de nutrientes no interior delas e a formação do bulbo (bulbificação).
A fase de colheita da cebola é chamada estalo – quando o crescimento dos bulbos

amolece o pseudocaule e as folhas tombam. A depender do cultivar, o ciclo da cebola
pode durar, em média, 135 dias.
7.3 Implantação da lavoura
Para a implantação de espécies olerícolas, as atividades são:
Implantação
Preparo
Transplante Colheita da cultura
do solo
sucessória

O cultivo de hortaliças, normalmente, é feito em hortas, com canteiros permanentes.
A área de implantação das hortas deve considerar a área para a produção de mudas
(em torno de 1% da área total). O ideal é que seja cercada para impedir o acesso de
animais, facilmente atraídos por cultivos frescos. Recomenda-se, ainda, que os canteiros
não sejam muito largos, para facilitar as atividades de manejo.
Em algumas hortas, os cultivos são

feitos em estruturas suspensas. Nes-
se caso, a manutenção dos canteiros
é mais fácil para os produtores sob
o aspecto ergonômico. Em cultivos
suspensos, como a cultura não está
em contato direto com o solo, o ma-
nejo da irrigação é melhor controlado.
Assim como nas outras culturas, a implantação das hortaliças deve ser precedida por
atividades de manejo do solo, pela correção do pH e dos teores de nutrientes baseada
em análises químicas do solo.
Atenção
A escolha das hortaliças deve ser feita com cuidado, visto que
a maioria é de ciclo curto e sempre serão implantadas novas
culturas ao longo do ano. Nessa fase, é muito importante sis-
tematizar a rotação de culturas nos canteiros.
As hortaliças são plantas bem sensíveis às condições ambientais, como regime hídrico
e temperatura. Logo, é comum a produção delas sob sistema protegido, em que as
condições ambientais podem ser melhores controladas. Isso exige maior planejamento
do produtor antes da implantação, já que os gastos com infraestrutura são maiores.
7.4 Clima e solo
A luminosidade é um dos fatores determinantes na produção de hortaliças. A falta de

luz pode provocar um alongamento excessivo das plantas, chamado estiolamento.
Nessa condição, a planta pode não produzir em quantidade e com qualidade adequadas.

O fotoperíodo (duração do período luminoso dos dias) também pode influenciar dire-
tamente o ciclo fenológico, pois determina o crescimento vegetativo, a floração e a
produção de algumas hortaliças, como o alho e a cebola.
A umidade relativa do ar influencia diretamente a perda de água das plantas, por meio
da transpiração, e o teor de umidade do solo, com consequências diretas na absorção
de água e nutrientes pelas culturas. O excesso de umidade do ar favorece o apareci-
mento e o desenvolvimento de doenças; já a baixa umidade do ar pode favorecer o
estabelecimento de pragas, como ácaros.
Por fim, cada cultura vai necessitar de um tipo de solo específico. No geral, as hortaliças
não carecem de solos muito profundos. Para o manejo do solo, as atividades incluem
adubações (química e orgânica), incorporação de restos de culturas, adubações verdes
e coberturas mortas (palha ou mulching), entre outras. Em alguns sistemas de cultivos,
como na hidroponia, o cultivo é feito diretamente na água.
Para conseguir boa produtividade, é preciso adequar os fatores de produção e consi-

derar alguns aspectos, como:
Muitas vezes, espécies de cultivares reagem de forma dife-

rente a condições climáticas distintas. Por exemplo, a cenoura
Nantes – cultivar de inverno – é diferente da cenoura Brasília
– cultivar de verão.

Os produtos estão sujeitos a condições diferentes de mercado.
No Rio de Janeiro, por exemplo, dá-se preferência a tomates
mais maduros, enquanto em Minas Gerais e São Paulo, a
preferência é por tomates mais verdes (“de vez”). São Paulo
consome, ainda, boa parte da alface do tipo crespa, enquan-
to, em outros estados, como Minas Gerais e Santa Catarina,
prefere-se a alface-americana.
O mercado tem se tornado cada vez mais exigente em termos

de qualidade, enquanto os custos de produção têm se eleva-
do. Com isso, é necessário aumentar a competitividade por
parte do produtor: produzir mais, com a mesma qualidade,
a menores custos.
O planejamento deverá levar em conta um levantamento prévio de dados, com o maior

número possível de informações sobre as condições do produtor, de sua propriedade e
do mercado. Para se obter sucesso na produção de hortaliças (e também de frutas), é
necessário responder aos seguintes questionamentos:
• O que produzir? Basear-se no mercado, na viabilidade econômica e na tecnologia
disponível.
• Quanto produzir? Pensar que a comercialização de frutas e hortaliças deve ser

imediata, assim como o consumo.
• Quando produzir? Escalonamento da produção, para se ter frequência de oferta

do produto.
• Como produzir? Depende da tecnologia disponível, não dispensados os parâmetros de

qualidade, quantidade e frequência da oferta, de acordo com o mercado consumidor.
Observe, na tabela a seguir, os índices técnicos para produção escalonada que auxiliam
no planejamento da produção.
Frequência (F) Semana
Produtividade da
kg/ha; t/ha; caixa/ha
cultura (PC)
Margem de
5% a 20%
segurança (MS)
Ciclo da cultura (CC) Período do semeio após a colheita

Período de ocupação PO = (CC + PL)
(PO) – semeio direto PL = período de limpeza da área (semanas)
Período de ocupação PO = (CC + PL - período de produção de mudas) em

(PO) – transplantio semanas
Período de colheita (PC) Em semanas
Demanda (D) kg ou t
Demanda bruta (DB) D + MS
Intervalo de
IS = ½ PC
semeadura (IS)
Unidade de Cada área do escalonamento prevista para atender à

produção (UP) demanda no período
Área da unidade de
AUP = (½ D x PC) / P
produção (AUP)
N.º de UP (NUP) NUP = PO / IS
Área mínima
AMN = NUP x AUP
necessária (AMN)
N.º de safra por ano na

NSA = 52 / PO (52 = número de semanas por ano)
mesma UP (NSA)
Produção anual (PA) PA = 52 x D (52 = número de semanas por ano)
Caso prático
Imagine que um produtor precisa de orientação para a produção
de alface. Ele deseja produzir 900 unidades (pés) por sema-
na. Como ele já tem definido o que produzir (alface), quanto
produzir (900 unidades) e quando produzir (semanalmente),
praticamente, todo o trabalho preliminar já foi feito para definir
a demanda. O “como produzir” se refere à parte técnica e é de
suma importância para que a demanda seja atendida.

Os índices técnicos a serem adotados para esse planejamento são definidos pelo téc-
nico e estão relacionados ao nível tecnológico adotado ou a ser adotado pelo produtor.
Assim, a organização pode ser feita da seguinte maneira:
• Produto: alface
• Modalidade de implantação: com transplantio (produção ou compra das mudas)
• Espaçamento da cultura: 0,30 m x 0,25 m = 0,075 m²
• Área ocupada por planta: 0,075 m + 25% = 0,094 m (na área ocupada por planta,
ou seja, m²/planta, considera-se o espaçamento da cultura acrescido de porcenta-
gens relativas a carreadores, espaçamentos entre canteiros etc. Esse valor varia de
10% a 40%. Nesse caso, consideramos 25%)
• Demanda: 900 pés
• Frequência: semanal
• Margem de segurança: 15% (está relacionada à demanda – varia em função da

tecnologia disponível e representa o refugo. Por exemplo, se a margem de segurança
é de 15% e a demanda é de 900 plantas por semana, então, esta deve ser acrescida
em 15%, ou seja, 135 pés a mais devem ser plantados, num total de 1.035 pés)
• Ciclo da cultura: 63 dias ou 9 semanas (do semeio ao final da colheita)
• Período de limpeza da unidade produtiva para novo cultivo: 7 dias
• Período de colheita: 7 dias
• Produção de mudas: 28 dias
A demanda de 900 pés semanais requer um programa escalonado de produção. Então,

pode ser planejado conforme segue:
• Intervalo de semeadura = período de colheita
• Área da unidade de produção (AUP) = 0,094 m x 1.035 m = 96,82 m² ~ 97 m²

(área suficiente para atender à demanda de 900 pés/semana)
• Número de unidades de produção (NUP) = 9 + 1 - 4 = 6 unidades produtivas
• Área mínima necessária (AMN) = 6 m x 97 m = 582 m²
Pode, portanto, ser dimensionado assim:

Unidade Produtiva 1 Unidade Produtiva 2
Em cada subunidade produtiva, cultivam-se 65 plantas, num total de 260 plantas em

cada unidade produtiva de 1,20 m x 16 m.
• Número de safras por ano na mesma unidade produtora (NSA) = 52 / PO = 52 / 6
= 8,6 ou 9 safras por ano em cada UP
• Produção anual (PA) = 52 x D = 52 x 900 = 46.800 pés de alface
• Demanda bruta anual (DBA) = 52 x DB = 52 x 1.035 = 53.820 pés de alface
A simulação para escalonamento deve ser elaborada com base na cultura. Para isso,
devem-se observar os seguintes detalhes:
• saber que, quanto melhor o nível tecnológico do produtor, maior a produtividade das
culturas e menor a área necessária;
• considerar se a cultura será de transplantio ou de semeadura direta, bem como a

frequência de entrega do produto e sua produtividade;
• conhecer a sazonalidade da espécie a ser produzida; e
• definir a área mínima necessária, que informará ao técnico ou ao produtor se o es-

paço disponível para o cultivo atenderá à demanda.

Tópico 8: Outros produtos agrícolas
Nos tópicos anteriores, você pôde se aprofundar nas culturas do algodão, do café, da
cana-de-açúcar, do milho e da soja, bem como no cultivo de frutas e hortaliças. Neste
tópico, acompanhe informações breves sobre a área plantada e a produtividade de
outras culturas produzidas no Brasil.
8.1 Feijão
É uma das culturas mais importantes para a alimentação da população brasileira. Exis-
tem várias espécies da família leguminosa que recebem a denominação de feijão. No
geral, a mais consumida é a Phaseolus vulgaris.
No Brasil, o produto é oferecido ao

longo de todo ano, visto que ocorrem
três safras: a primeira é semeada
entre agosto e dezembro; a segun-
da, entre janeiro e abril; e a tercei-
ra, de maio a julho.
Dados da Conab apontam que, em 2021, os três maiores estados produtores de feijão
(Phaseolus vulgaris) foram São Paulo, Paraná e Bahia. Apesar de ter havido aumento
na área produzida da safra de 2019/2020, a produção e a produtividade ficaram abaixo
do esperado, devido ao clima desfavorável à produção.
8.2 Sorgo
O sorgo é um cereal da família das gramíneas, de nome científico Sorghum bicolor. Tem
origem no continente africano e asiático e, apesar de poder ser usado na alimentação
humana, a maior parte da produção é destinada à alimentação animal (BRITO, 2016).

Na região Centro-Norte, o sorgo é
cultivado como alternativa ao en-
frentamento da seca para a alimen-
tação dos rebanhos. Em alguns es-
tados, ele é a cultura de sucessão à
soja: os produtores semeiam o sor-
go, o milheto, o milho safrinha, a
braquiária, entre outras culturas.
Para a safra brasileira 2020/21, segundo a Conab, a previsão é de 2,6 milhões de tone-
ladas produzidas, 4,8% maior que a anterior, em uma área de 840,5 mil hectares, com
incremento de 0,6%, e uma produtividade estimada de 3.116 kg/ ha, um aumento de
4,2% em relação ao ano anterior.
8.3 Trigo
O trigo (Triticum aestivum L.), sozinho, representa cerca de 1/3 da produção mundial
de grãos. É a gramínea mais cultivada em todo o mundo devido às diversas possibili-
dades de utilização, que vão além da alimentação.
Trata-se de um dos cereais de inver-

no produzido no Brasil. O cultivo
ocorre em quase todas as regiões,
com destaque para a produção no
Sul (principalmente Paraná e Rio
Grande do Sul), Sudeste (São Paulo
e Minas Gerais) e Centro-Oeste (es-
pecialmente Mato Grosso).
Apesar do crescimento na produção e na produtividade de trigo no Brasil, boa parte

precisa ser importada. Em fevereiro de 2021, foram importadas 449,6 mil toneladas:
84,2% da Argentina, 11,3% do Paraguai, 4,4% dos EUA, e 0,11% do Uruguai.

8.4 Centeio
Outra granífera de inverno, o centeio (Secale cereale) apresenta rusticidade e boa

capacidade de adaptação às condições ambientais desfavoráveis. Assim como o sor-
go, pode ser utilizado na alimentação humana e animal. Também é muito utilizado na
adubação verde.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2021), a área destinada

à produção de centeio foi de 5.385 ha, com rendimento médio de 1.731 kg/ha.
8.5 Aveia
Junto à canola, ao centeio, à cevada, ao trigo e ao triticale, a aveia (Avena sativa) é

uma das culturas de inverno no Brasil. Pode ser usada na alimentação humana e animal
(pastejo, feno, silagem ou cortada e fornecida fresca no cocho) ou na adubação verde
e na cobertura de solos.
Segundo o IBGE (2021), em 2020, foram produzidas 898.227 toneladas de aveia no

Brasil, implantadas em 475.807 ha.
8.6 Girassol
O girassol (Helianthus annuus) é uma das poucas grandes culturas que não pertence
à família das gramíneas ou das leguminosas, mas à família botânica Compositae (As-
teraceae). Acredita-se que seu centro de origem tenha sido, em parte, da América do
Norte e da América Central.
Atualmente, sua principal destinação

é a fabricação de óleo e a alimenta-
ção humana e animal, mas também
é usado como planta medicinal, adu-
bo verde e planta ornamental.
Para a safra de 2020/21, segundo a Conab, a estimativa é de retração na área planta-

da. A região Centro-Oeste é a principal produtora de girassol, com destaque para Mato
Grosso e Goiás.

8.7 Floricultura, jardinagem e paisagismo
O cultivo de flores e plantas ornamentais é, no geral, feito por agricultores familiares.

Dados apresentados pela CNA e obtidos no IBGE (CNA, 2021) apontam que, em 2021,
a produção de plantas ornamentais emprega cerca de 8 mil produtores em todo país. É
um setor diversificado, em que são cultivadas cerca de 17,5 mil variedades. São Paulo
é o principal estado produtor e consumidor.
Fonte: Tony Oliveira – Sistema CNA/SENAR.
Antes de encerrar este tema, teste seus conhecimentos com a atividade a seguir.
1. Sobre as plantas ornamentais, indique a alternativa correta:
a) O principal estado produtor de plantas ornamentais é o Rio de Janeiro.
b) Grande parte das plantas ornamentais são produzidas pela agricultura familiar.
c) O principal estado consumidor de plantas ornamentais é Minas Gerais.
d) Em 2021, mais de 20 mil produtores eram responsáveis por suprir o mercado na-
cional de plantas ornamentais.
e) A oferta de plantas ornamentais no Brasil é limitada, com poucas espécies disponíveis.

Você encerrou o tema Principais culturas. Nele, conheceu as principais espécies
vegetais cultivadas no Brasil, seu histórico, seus estágios de desenvolvimento e os fa-
tores determinantes para a produção. Também identificou os aspectos que devem ser
observados para o planejamento da produção e os cuidados requeridos na colheita e
na pós-colheita.
Nos próximos temas, nosso foco será nos principais aspectos da criação animal.

07
A produção animal
no contexto do
agronegócio
Tema 7: A produção animal no contexto
do agronegócio
No tema de aula A produção animal no contexto do agronegócio, você estudará
a importância das cadeias produtivas de bovinos (leite e corte), ovinos, caprinos, aves
e peixes para o agronegócio brasileiro.
Em seus estudos, você verá a importância socioeconômica da criação de animais

domésticos e conhecerá as principais espécies de animais empregadas na pecuária
brasileira, bem como a visão do agronegócio para as cadeias produtivas nos moldes
internacional, nacional e regional.
Com os conhecimentos adquiridos, você desenvolverá as se-
guintes capacidades:
• contextualizar o agronegócio; e
• identificar as interfaces políticas relacionadas ao agronegócio.

Tópico 1: A importância da produção animal para o
agronegócio
O agronegócio representa um importante setor para a economia do país. Por isso, re-
conhecer a importância dos sistemas de produção animal é fundamental para que as
atividades ligadas a essa área sejam conduzidas de maneira eficiente e possibilitem
melhores desempenhos dos animais e consequente viabilidade econômica para o pro-
dutor. Entre essas atividades estão as cadeias produtivas do leite, da carne, da pele,
da lã e da avicultura, que veremos a seguir.
1.1 Cadeia produtiva do leite
A produção de leite está presente em quase todos os municípios brasileiros e gera em-
prego e renda para diversos segmentos da cadeia produtiva. Segundo Ximenes (2021),
o Brasil ocupa atualmente o 6º lugar no ranking mundial de produção de leite, com 38
bilhões de litros. E, de acordo com o IBGE (2021) os cinco estados maiores produtores,
no Brasil, em 2020, foram:
Volume (mil litros)
1º lugar, com
9.692.389
4º lugar, com
3.188.868
5º lugar, com
2º lugar, com
3.137.219
4.638.685
3º lugar, com
4.290.389

1.2 Cadeia produtiva da carne
De acordo com a Embrapa (2021), em 2020, o rebanho bovino brasileiro foi o maior
do mundo, representando 14,3% do rebanho mundial, com 217 milhões de cabeças,
seguido pela Índia, com 190 milhões de cabeças. Apesar de o país ser o maior produtor
de bovinos do mundo, ao adicionarmos a produção de aves e de suínos, o país passa
a ocupar a terceira posição mundial no mercado internacional, com uma produção que
corresponde a 9,2%, em 2020, ou 29 milhões de toneladas, atrás da China e dos Es-
tados Unidos.
Segundo informações do USDA (2020), a estimativa de produção de carcaça de carne

bovina em 2021 será de 61,16 milhões de toneladas – um crescimento de 1% em rela-
ção a 2020. De acordo com as projeções, os Estados Unidos seguem como o principal
produtor mundial, com 20% do volume global produzido, seguido do Brasil, com 16,8%,
e da União Europeia, com 12,5%. A China, quarto maior produtor mundial de carne
bovina, também deve apresentar crescimento da produção de 1% até o final de 2021.
Contudo, sua produção ainda está muito aquém do seu consumo interno.
Há outra cadeia produtiva intimamente ligada à cadeia produtiva da carne: a da pele,

que você conhecerá a seguir.
1.3 Cadeia produtiva da pele e lã
No Brasil, o principal fornecedor de couro é o boi, e o motivo é que o país está entre os
maiores rebanhos do mundo, como vimos anteriormente. E, com tanta oferta de ani-
mais, consequentemente, o Brasil também é um dos grandes produtores mundiais
de couro: movimenta mais de R$ 8 bilhões por ano.

O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB, 2021) apontou que as exporta-
ções de couros e peles apresentadas pela SECEX (Secretaria de Comércio Exterior) do
Ministério da Economia, referentes ao mês de setembro de 2021, registraram o valor
de US$ 122,9 milhões, o que representa um aumento de 46,9% em relação ao mesmo
mês do ano de 2020, quando foram exportados US$ 83,7 milhões.
Em relação à lã, produto de grande importância para a ovinocultura, houve, entre as

décadas de 1980 e 1990, uma queda da produção ocasionada pela crise internacional
da lã (BARCHET et al., 2011).
O Rio Grande do Sul chegou a pro-

duzir 36 milhões de quilos de lã ovi-
na até os anos 1980. Depois da cri-
se do fim daquela década e do
advento das fibras sintéticas, hoje,
a produção é de pouco mais de 8
milhões de quilos.
Atenção
As indústrias que processam lã são as maiores compradoras
do produto dos ovinocultores. A elas interessa todo tipo de lã
produzida, pelas quais pagam preços diferenciados conforme a
qualidade, desde que a tosquia seja feita de forma adequada.
1.4 Cadeia produtiva de ovos
Segundo Amaral et al. (2016), no ranking das proteínas mais consumidas no mundo,
os ovos estão no quinto lugar, atrás do leite, dos pescados, dos suínos e dos frangos,
mas à frente dos bovinos. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal
(ABPA, 2021), o Brasil alojou 124.317.339 aves de postura em 2020, produziu 53,5
bilhões de ovos e destinou 99,69% da produção para o mercado interno. O consumo
per capita de ovos foi de 251 ovos por habitante/ano.

Em relação ao mercado externo, o Brasil tem exportado, nos últimos anos, apenas 1%
de sua produção, do qual cerca de 80% (em valor) em ovos em casca. As exportações
não são maiores em razão, principalmente, de barreiras não tarifárias, como a falta
de reconhecimento da União Europeia e dos Estados Unidos do status sanitário e do
controle de resíduos nos alimentos do Brasil.
Neste tópico, você viu importantes dados sobre diferentes produções vinculadas ao agro-
negócio. Antes de prosseguir com seus estudos, reflita e responda à questão a seguir.
1. O desafio da bovinocultura de corte é elevar a produtividade de carne de qualidade.
Neste sentido, analise os possíveis objetivos da pecuária de corte nas assertivas
abaixo:
I. Aumentar o número de vacas paridas por ano.
II. Diminuir a mortalidade.
III. Aumentar o ganho médio diário.
IV. Aumentar a idade de abate.
V. Aumentar o rendimento de carcaça.

Estão corretas as afirmativas:
a) I, III e V.
b) I, II, III e IV.
c) II, III, IV e V.
d) III, IV e V.
e) I, II, III e V.
Além das cadeias produtivas do leite, da carne, da pele, da lã
e dos ovos, o Brasil tem características de clima e fauna muito
propícias para a criação de abelhas com e sem ferrão. Para
saber mais sobre essa cadeia produtiva, consulte o material
complementar, disponível na biblioteca do AVA.
Tópico 2: Principais atividades pecuárias do Brasil

A produção pecuária brasileira tem características bem peculiares se comparada a
outros países. Todavia, se estrutura cada vez melhor, o que garante uma forte partici-
pação dos produtos de origem animal nos mercados internos e externos. É disso que
trataremos a seguir.
2.1 Pecuária leiteira
O modelo de produção brasileiro é baseado em pequenas propriedades, com mão de

obra familiar e muito dependente da continuidade dada pelos filhos, ou seja, a sucessão
familiar. No passado, as alternativas de acesso ao conhecimento e ao trabalho eram
escassas, e muitos acabavam ficando na terra por falta de opção.
No entanto, nos últimos anos, houve uma evolução e, consequentemente, está ocorrendo
um intenso processo de modernização do campo, com a utilização de insumos e
tecnologia, e, consequentemente, o aumento da produtividade.

Junto dessas mudanças, vieram altos custos de produção e a
necessidade de investimentos para acompanhar a exigência
dos mercados.
Segundo as estatísticas oficiais (IBGE, 2019), em 1996, o país contava com mais de
1,80 milhão de estabelecimentos rurais que produziam leite. Em 2006, esse número
caiu para 1,35 milhão e, em 2017, o mais recente levantamento censitário identificou
1,17 milhão de produtores.
Apesar da queda, o Brasil segue com números expressivos no mercado mundial. Observe
a tabela a seguir, que trata da quantidade de produtores de leite em diferentes países:
Número de produtores em países selecionados

País Número de produtores (unidades)
Brasil 1.176.295
Estados Unidos 46.000
Alemanha 69.200
Nova Zelândia 11.900
Argentina 10.200
Fonte: Adaptado de Rocha et al. (2020).

2.2 Pecuária de corte
No Brasil, existe uma diversidade de sistemas de produção de pecuária de corte. Ma-

lafaia et al. (2021) descreveram as fases de produção da seguinte forma:
Cria
Compreende o período de cobertura até a desmama.
Cria e recria
Difere da anterior, pelo fato de os machos serem retidos até 15 a 18 meses de idade,
quando, então, são comercializados. Estes são comumente denominados garrotes.
Cria, recria e engorda
Considerada como atividade de ciclo completo, assemelha-se às anteriores, porém,

os machos são vendidos como bois gordos para abate, com idade de 15 a 42 meses,
a depender do sistema de produção em uso.
Recria e engorda
Atividade de ciclo completo, pois tem início com o bezerro desmamado ou com o
garrote e termina com o boi gordo.
Engorda (terminação)
Atualmente, encontra-se bastante restrita como atividade isolada, desenvolvida por

um número reduzido de pecuaristas que também fazem a terminação de fêmeas.
2.3 Avicultura
Estimulada pelo aspecto econômico, a avicultura brasileira deixou o fundo de quintal

para absorver a mais alta tecnologia produtiva, liderar o lado moderno da agropecuária
nacional, gerar milhões de empregos, atuar junto a empresas de embalagens, informá-
tica, ração e ingredientes, transporte, equipamentos e produtos químico-farmacêuticos,
com um movimento de bilhões de reais por ano na economia brasileira.

A avicultura é a criação de aves para a produção de alimentos, em especial, carne e ovos.

Entre as espécies criadas na avicultura, destacam-se o frango e a poedeira. Em menor
escala, também são criadas aves como perus, patos, gansos, codornas, avestruzes e
outras. É uma atividade econômica cada vez mais relevante mundialmente. No Brasil,
a avicultura é considerada por muitos como a atividade mais dinâmica.
Saiba mais
Está disponível na biblioteca do AVA um link no qual você pode
ler notícias e conhecer mais sobre a avicultura. Não deixe de
acessá-lo.
2.4 Suinocultura
A suinocultura está consolidada no país, com o mercado interno firme e o externo

confiante na qualidade da carne brasileira. O Brasil tem uma das melhores tecnologias
para a produção de suínos, com índices muito superiores aos da maioria dos países
com tradição em suinocultura.

Atualmente, são aproximadamente 1.970.611 matrizes alojadas, que produzem 4,436

milhões de toneladas de carne. Ocupam o 4º lugar mundial e representam 11,37% de
aumento na produção nacional, em relação a 2019. O destino da produção está distri-
buído da seguinte forma:
• 77% para o mercado interno;
• 23% para exportação, o que representa 1,024 milhão de toneladas exportada e um

aumento de 36,53% na exportação em relação a 2018.
O país apresenta um consumo em torno de 16 kg per capita (Embrapa, 2021).
Dica
Uma preocupação importante da suinocultura é a destinação dos
dejetos. Uma dica valiosa é usá-los na fertilização das plantas.
2.5 Piscicultura
A piscicultura é o cultivo de peixes e tem como objetivo produzir alimentos de alto valor
biológico e de baixo custo.

Dados publicados no Anuário da Piscicultura 2021 apontam que a piscicultura brasilei-

ra avançou 5,93% em 2020 – uma produção de 802.930 toneladas. Em 2019, foram
758.006 toneladas.
Ainda segundo o Anuário da Piscicultura (2021), a tilápia continua a ser o principal peixe
no país. Em 2020, registrou crescimento de dois dígitos, com alta de 12,50%, um total
de 486.155 toneladas, quase 55 mil toneladas a mais. Com isso, a espécie também
aumentou sua participação, de 57% para 60,6% na produção nacional total de peixes.
O Brasil se consolida como 4º maior produtor mundial de tilápia.
Saiba mais
Para saber mais sobre a produção de peixes no Brasil, consulte
o link da Sociedade Nacional de Agricultura, disponível no AVA.
A seguir, você poderá fixar seus conhecimentos sobre o tópico que acabou de estudar.
Leia com atenção a questão e a responda.

1. A piscicultura é uma atividade importante para o agronegócio e tem grande mercado
entre os consumidores de carne no Brasil. Várias espécies de peixes são criadas
no país. Dentre as espécies abaixo, qual possui maior potencial de cultivo?
a) Carpa espelho.
b) Pacu.
c) Traíra.
d) Cascudo.
e) Tilápia.
Tópico 3: Sistemas de produção animal

Entender os conceitos aplicados a sistemas de produção é uma importante ferramenta
para melhorar a produção dos animais e dar a eles condições favoráveis ao bom desen-
volvimento e uma interação positiva com o ambiente em que estão inseridos. É sobre
isso que vamos estudar na sequência.
3.1 Definição de sistemas de produção
A opção por diferentes sistemas de produção por parte do produtor rural vai depender
de fatores técnicos e econômicos regionais. As instalações usadas podem ser simples,
desde que proporcionem conforto aos animais, para que expressem todo seu poten-
cial genético.

3.2 Caracterização dos sistemas de produção
Na produção animal, existem três sistemas de criação:
A pasto: os animais Semiconfinado: os Confinamento total

ficam ao ar livre a animais têm acesso ao (free-stall): os animais
maior parte do tempo, pasto, mas recebem ficam permanentemente
obtêm seu alimento da grande parte da em instalações, e
pastagem e retornam alimentação no cocho; toda a alimentação é
apenas para a ordenha geralmente ficam parte oferecida no cocho.
(no caso de pecuária do dia estabulados.
leiteira).
A decisão de como produzir depende do gestor rural. Pode ser em sistema confinado,
com alto uso de insumos externos, mas também com o uso de pastagens, de modo a
respeitar o bem-estar animal e o meio ambiente, desde que seja rentável ao empresário
rural e satisfatório ao consumidor. Para tomar a melhor decisão, torna-se necessário
compreender as características de cada sistema. Vejamos:
Pasto ou confinamento
No sistema a pasto, quem colhe a forragem é o animal; já no sistema confinado, ela é

colhida por máquinas e, portanto, o uso de combustíveis é maior.
No sistema confinado, o problema é o acúmulo de dejetos, que devem receber destino

adequado – cada vaca chega a produzir 45 kg de fezes e urina por dia.
Manejo sustentável
Como os animais ficam estabulados, todo o esterco pode ser
coletado e ter o destino adequado após a fermentação. Assim,
evita-se a contaminação do meio ambiente e aproveita-se esse
dejeto como fonte de nutrientes para as lavouras de produção
de forragem.

Informação extra
Uma boa tecnologia é a produção de leite à base de pasto, que
prevê a interação entre solo, planta, animal e homem. Neste
sistema de produção, mais de 50% da dieta animal vem da pas-
tagem e é feita a suplementação com concentrados, conforme
a necessidade. Esse modelo é desenvolvido com sucesso há
muito tempo, principalmente na Nova Zelândia.
Dentre as opções de confinamento, existe o compost barn, sistema formado por um

galpão com uma cama grande de compostagem.
No compost barn, os animais ficam

livres para caminhar no galpão e têm
amplo espaço para se deitar, o que
garante melhor conforto e bem-estar.
O diferencial deste sistema é a com-
postagem, que ocorre ao longo do
tempo, com o material da cama e a
matéria orgânica dos dejetos
dos animais.

A produção de bovinos de corte no Brasil usa três tipos de sistemas de criação, de acordo
com o grau de tecnologias empregadas. Trata-se dos sistemas extensivo (com pouco
ou nenhum uso de tecnologia), semi-intensivo (com uso moderado de tecnologia) e
intensivo (com uso maciço de tecnologias).
Hoje em dia, um conceito novo empregado com o objetivo de obter um boi de 21 arrobas
em 24 meses é o 777. Ou seja, 7 arrobas na cria, 7 na recria e 7 arrobas na terminação.
Assim, obtém-se um boi viável e com a qualidade da carne que o consumidor quer em
menos de dois anos.
3.3 Produção de aves
No Brasil, existem três sistemas de produção de frango: o de integração, o cooperativo

e o independente.
Vejamos suas características:
Sistema de integração
Caracteriza-se por um contrato entre dois personagens: de um lado a agroindústria

(integradora), e, de outro, o produtor (integrado), que cumprem um contrato de
obrigações e responsabilidades assinado pelas partes (ROSA, 2021).
Sistema cooperativo
O criador participa da organização e das decisões e, por isso, corre mais riscos. Os
insumos são repassados pela cooperativa aos cooperados, e os lucros podem ser
destinados a investimentos na cooperativa ou à distribuição de cotas aos associados,
por meio da cota capital.
Sistema independente
O produtor é responsável por todo o processo, principalmente pelas decisões e pelos

riscos, desde a aquisição de pintos e rações até a qualidade e as vendas, sem contar
os riscos sanitários.

3.4 Produção de suínos
A suinocultura no Brasil pode ser encontrada sob os sistemas de criação extensivo e

intensivo. O sistema extensivo é também chamado de sistema a campo, porque os
suínos são criados livres, ou seja, há uma permanente manutenção dos animais em
campo durante todo o período do processo produtivo.
No sistema intensivo, os animais são

criados em uma área menor, quando
comparada ao no sistema extensivo,
e há maiores cuidados na criação.
Todas as fases de criação são exe-
cutadas em regime de total confina-
mento, que podem ser classificados
em três tipos: sistema intensivo de
suínos criados ao ar livre (Siscal),
sistema de criação misto ou semi-
confinado, e sistema confinado.

3.5 Produção de peixes
Os sistemas de produção são classificados de acordo com a densidade, o alimento for-

necido, o manejo e a produtividade. Então, quanto maior o controle, mais intensivo é
o sistema. Hoje, temos três sistemas de produção de peixes:
Tem baixa densidade de peixes, ou seja, poucos animais

Sistema extensivo
por área, menos de 1 por m².
Ocorre em viveiros escavados exclusivamente para a

Sistema semi-intensivo
criação comercial de peixes.
Com fins comerciais, a criação é feita em viveiros cons-

Sistema intensivo truídos, de alta densidade, que varia conforme a espé-
cie criada.
Também, dentro das formas de criação, destaca-se o monocultivo e o policultivo,

que se diferenciam conforme o número de espécies criadas.
Monocultivo: uma espécie apenas Policultivo: criação de duas ou mais

durante toda a criação. espécies de peixes, para aproveitar
melhor o espaço e os alimentos
disponíveis.
Ação no campo
Como exemplo de policultivo, temos a criação de carpas-hún-
garas (fundo), capim (pasto) e prateada (meio), além de peixes
carnívoros, como o jundiá e a traíra, que mantêm a limpeza do
viveiro e controlam a desova. No entanto, antes de optar pelo
policultivo, é necessário avaliar as espécies e seus hábitos.
Antes de encerrar este tópico, que tal fixar seus conhecimentos? Faça a atividade a seguir.

1. A opção por diferentes sistemas de produção pelo produtor rural vai depender de
fatores técnicos e econômicos regionais. As instalações usadas podem ser simples,
desde que proporcionem conforto aos animais, para que expressem todo o seu
potencial genético. Caracterize os três principais sistemas de criação usados na
produção de leite no Brasil.
Ao longo do Tema 7, foram apresentados aspectos sobre a importância de cadeias
produtivas de animais ruminantes (bovinos, caprinos e ovinos) e monogástricos (aves,
suínos e peixes) para o agronegócio, bem como a consequente importância socioeco-
nômica dessas atividades para os produtores rurais. Assim, agora, você pode identificar
as principais características dessas atividades, o que vai contribuir para um melhor
entendimento das cadeias produtivas e favorecer sua inserção no mercado de trabalho.

08
Noções de anatomia
e fisiologia animal
Tema 8: Noções de anatomia e fisiologia
animal
Depois de conhecer a produção animal no contexto do agronegócio, agora, no tema
de aula Noções de anatomia e fisiologia animal, você vai aprender a distinguir as
diferenças existentes entre a anatomia e a fisiologia dos animais domésticos. Isso é
fundamental para saber quais são as formas de manejo mais apropriadas às quais são
submetidas esses animais.
Ao fim deste tema, você desenvolverá a seguinte capacidade:
• conhecer a escala de produção.
Tópico 1: Aspectos gerais de anatomia e fisiologia animal

A anatomia e a fisiologia são áreas que têm íntima relação, pois conhecer as partes do
corpo dos animais é fundamental para compreender como funcionam. Por isso, vamos
nos dedicar a estudar, agora, essas duas ciências, de maneira a aprimorar o manejo e
o trato dos animais.

1.1 Sistemas esquelético e muscular
Os sistemas esquelético (esqueleto) e muscular formam unidades funcionais inter-re-

lacionadas, que suportam o corpo e são responsáveis pela locomoção do animal e pelo
movimento de suas partes.
1.2 Órgãos internos: tubo digestivo e estômago
Segundo Rangel-Figueiredo et al. (2021), espécies de animais diferentes têm tubos

digestivos diferentes, adaptados aos seus respectivos regimes alimentares. Essas dife-
renças permitem que o animal obtenha mais energia a partir do alimento ingerido. As
grandes classes alimentares são os herbívoros, onívoros e carnívoros.
Atenção
Animais que ingerem alimentos com baixa densidade energética
e, por isso, precisam comer grandes quantidades de alimentos,
têm órgãos volumosos. Dentro dessa classe, alguns animais
têm o estômago compartimentado – os ruminantes, o que lhes
permitem aproveitar a fibra que ingerem com maior eficiência.
Para Rocha (2012), o trato gastrointestinal pode ser resumido como a parte do orga-
nismo necessária à ingestão dos alimentos (nutrientes), suas transformações e
absorção. Por outro lado, aquilo que não pode ser absorvido é eliminado com as fezes.

Os animais ruminantes podem apresentar quatro compartimentos no estômago: rúmen,
retículo, omaso e abomaso. Nessa classificação, estariam incluídos o “papo” das aves,
além do rúmen, do retículo e do omaso dos ruminantes.
o
ôfag
Intestino Es
Rúmen
Omaso
Abomaso Retículo
1.3 Aparelho reprodutivo
Segundo Silva (2020), para avaliar a capacidade reprodutiva dos machos, é primordial
conhecer a anatomia e a fisiologia do aparelho reprodutor. Os órgãos genitais
incluem testículos, epidídimos, canais deferentes, ampolas deferentes, uretra, glândulas
acessórias (próstata, glândulas seminais e glândulas bulbouretrais), pênis e prepúcio,
que apresentam diferenças entre as espécies domésticas.
Já a estrutura anatômica do aparelho reprodutor das fêmeas inclui os órgãos genitais

internos (ovários, ovidutos, útero, cérvix, vestíbulo e vagina) e os órgãos genitais ex-
ternos (lábios vulvares e clitóris).

1.4 Morfologia dos animais
A avaliação dos animais pela aparência é um dos mais antigos métodos de seleção
feitos pelo homem. Os pecuaristas sempre deram preferência a animais com estrutura
corporal robusta, de aspecto produtivo e bem desenvolvidos de acordo com a idade.
Atualmente, os métodos modernos de seleção associam os resultados de avaliação
genética com a avaliação morfológica dos animais, e dá-se preferência aos mais
equilibrados.
De uma forma geral, a expressão de toda característica, morfológica ou não, é resultado

da ação dos genes presentes no animal, do meio-ambiente em que ele vive e
da interação entre ambos. Por essa razão, para que o animal expresse determinada
característica desejável, é necessário que ele tenha uma combinação genética favorável
associada a boas condições de ambiente.
Atenção
Animais leiteiros são mais descarnados ou angulosos e apre-
sentam úbere volumoso e bem inserido ao corpo. Os animais
de corte, por sua vez, têm musculatura bem desenvolvida e
convexa, sempre sustentados por bons aprumos.

Como você viu, é fundamental conhecer as características gerais de anatomia e de
fisiologia animal. Sobre esse assunto, leia e responda à pergunta a seguir.
1. Ao contrário do que ocorre nos animais monogástricos, o estômago dos ruminan-
tes, a exemplo dos bovinos, caprinos e ovinos, é dividido em quatro partes. Nesses
compartimentos, ocorrem diferentes processos, como a fermentação por micror-
ganismos e a digestão enzimática. Assinale a alternativa que apresenta a correta
denominação das partes que compõem o estômago dos ruminantes:
a) Rúmen, ceco, cólon e abomaso.
b) Rúmen, bucho, retículo e abomaso.
c) Rúmen, ceco, retículo e abomaso.
d) Rúmen, retículo, omaso e abomaso.
e) Rúmen, retículo, abomaso e cólon.
No Tema 8, foram abordados assuntos relativos às características anatômicas e mor-
fológicas dos diversos animais de produção. Com o conhecimento adquirido, você vai
poder distinguir as particularidades de cada animal e associá-las, inclusive, ao manejo
e à escolha dos animais a serem criados nos respectivos sistemas de produção.

09
Alimentação e
nutrição animal
Tema 9: Alimentação e nutrição animal
No tema de aula Alimentação e nutrição animal, você verá que é muito importante
saber como alimentar e nutrir as espécies que você cria para o sucesso de sua produção.
E não é tudo igual: cada espécie possui características específicas quanto aos manejos
alimentar e nutricional, e essas propriedades devem ser levadas em consideração, in-
dependentemente do sistema de produção, pois isso dará aos seus animais condições
de expressarem todo seu potencial produtivo.
Ao estudar este tema, você conhecerá as melhores práticas
para aplicar no manejo alimentar dos animais e terá adquirido
a seguinte capacidade:
• aplicar conhecimentos e técnicas tradicionais utilizadas

no Brasil.
Tópico 1: Diferenças entre alimentação e nutrição

Estudar os conceitos vinculados ao manejo alimentar e nutricional dos animais é um
ponto de fundamental importância dentro dos sistemas de produção. E é isso que abor-
daremos a seguir.

1.1 Definição de alimentação e nutrição
A alimentação e o manejo são as bases da produção de carne, leite, ovos e lã, pois
são eles que compreendem os maiores custos. No entanto, ter um ótimo rendimento
dos alimentos depende das necessidades nutricionais dos animais e, como produtor,
ler pesquisas e conhecer ciências relacionadas à alimentação e à nutrição se tornaram
fundamentais na atuação no campo.
A produção animal depende de uma alimentação balanceada e
de um manejo animal eficiente.
E você sabia que alimentação e nutrição são conceitos diferentes?
A alimentação é o conjunto de A nutrição se refere ao conjunto de

práticas relacionadas à ingestão ou à processos pelo qual um organismo vivo
administração de alimentos. digere e assimila os nutrientes contidos
nos alimentos.
Atenção
É por meio da nutrição que os seres vivos crescem, mantêm as
funções do organismo e repara tecidos corporais.
1.2 Aspectos gerais do manejo alimentar dos animais

Para alimentar adequadamente seus animais, é importante conhecer alguns aspectos
importantes, notadamente no que diz respeito:
• à compreensão do comportamento alimentar dos animais;
• ao planejamento alimentar; e
• à opção por dietas de custo mínimo.

Saiba mais
Para conhecer a legislação que rege o manejo alimentar no
Brasil, acesse o link disponível na biblioteca do AVA.
1. A alimentação representa um alto custo em sistemas de produção animal. Assim, é
preciso ter conhecimento sobre vários aspectos em relação a essa prática. Assinale
qual das alternativas representa um os principais pontos a serem considerados na
alimentação dos animais.
a) Planejamento alimentar.
b) Escolha da raça.
c) Tipo de instalação.
d) Sistema de criação.
e) Preferência do criador.
Tópico 2: Caracterização dos alimentos utilizados para

animais
Para que os animais sejam alimentados e nutridos de maneira correta, conhecer as ca-
racterísticas e as propriedades dos alimentos é fundamental. Nos próximos subtópicos,
serão apresentadas informações relacionadas aos alimentos que podem ser usados na
alimentação e na nutrição animal. Acompanhe!
2.1 Classificação dos alimentos
Quando falamos em alimentação e nutrição animal, conhecer as matérias-primas que

servem de alimento é essencial para a produção animal. Os alimentos são classificados
de acordo com a Associação Americana Oficial de Controle de Alimentos (AAFCO) e o
Conselho Nacional de Pesquisas dos EUA (NRC) da seguinte forma (BARBOSA, 2004):
• Alimentos volumosos: têm baixo teor energético e altos teores de fibra ou água.
Têm menos de 60% de nutrientes digestíveis totais (NDT) e/ou mais de 18% de
fibra bruta (FB) e podem ser divididos em secos e úmidos.
• Alimentos concentrados: são aqueles com alto teor de energia, mais de 60%
de nutrientes digestíveis totais (NDT) e menos de 18% de fibra bruta (FB).
Dividem-se em:

Energéticos: alimentos concentrados, Proteicos: alimentos concentrados,
com menos de 20% de proteína com mais de 20% de proteína
bruta (PB). bruta (PB).
Por dentro da lei

O Mapa proíbe, atualmente, o uso de alimentos de origem animal
para animais ruminantes.
Além desses, a classificação dos alimentos também inclui:

• Minerais: compostos minerais usados na alimentação animal. Exemplos: fos-
fato bicálcico, calcário, sal comum, sulfato de cobre, sulfato de zinco, óxido de
magnésio etc.
• Vitaminas: podem ser lipossolúveis ou hidrossolúveis.
• Aditivos: compostos de substâncias como antibióticos, hormônios, probióticos,

antioxidantes, corantes etc.
2.2 Importância do conhecimento sobre os alimentos
Após conhecer a classificação dos alimentos, você deve considerar também o seu
potencial de nutrição. Vale ressaltar que a alimentação atual já não se restringe
ao uso de alimentos naturais que, cada vez mais, são substituídos por resíduos ou
subprodutos industriais. Por isso, conhecer os valores nutritivos daquilo que você dispõe
é fundamental.
Para refletir
De acordo com Jacquot (1960): “O valor nutritivo de um ali-
mento determinado não é uma característica imutável em si,
ela depende da composição da ração, quer dizer, dos outros
alimentos que a constituem”.

Quando se fala em “composição da ração”, englobam-se todas as substâncias que podem
ser incluídas nas dietas dos animais por conterem nutrientes. Essas substâncias não são
apenas os produtos vegetais, animais e seus subprodutos, mas também substâncias
nutritivas puras, quimicamente sintetizadas ou produzidas por processos, como
as fermentações microbianas, por exemplo.
O clima tropical pode alterar a com-

posição e o valor nutritivo dos ali-
mentos volumosos com o avançar
do estado fisiológico e a maturidade
da planta. Conhecer esses deta-
lhes, que mudam a qualidade dos
alimentos, é essencial para saber
como balancear uma ração e tor-
ná-la nutritiva e com custo mínimo.
Fonte: Shuttestock
Agora que você já aprendeu muitas coisas sobre a alimentação e a nutrição animal,
que tal fazer uma atividade para fixar seus conhecimentos?
1. O conhecimento em relação à classificação dos alimentos é importante para que
o produtor possa escolher o alimento mais adequado para seus animais. Diante
disso, qual é a correta definição de alimentos volumosos?
a) São alimentos de baixo teor energético, com altos teores de fibra ou água.
b) São alimentos com alto teor de energia, mais de 60% de NDT e menos de 18% de FB.
c) São alimentos considerados energéticos, ou seja, concentrados, com menos de 20%

de proteína bruta (PB).
d) São alimentos proteicos, ou seja, concentrados, com mais de 20% de PB, 50% de
FDN e 60% de NDT.
e) São todos os alimentos de origem vegetal e animal.
Tópico 3: Noções gerais sobre formulações de rações

Como você viu, é muito importante saber quais substituições você pode fazer para ali-
mentar os animais de forma eficiente. E saber como formular as rações é fundamental
para atender às exigências nutricionais dos animais.

3.1 Conceitos fundamentais sobre formulação de rações
Para começar a formular as rações, é preciso, antes, conhecer as exigências nutricio-

nais que deverão ser atendidas. Isso varia em função da espécie, da fase produtiva de
cada animal, da idade, do sexo, da raça, do tamanho e até das condições ambientais
(CARDINAL et al., 2019).
3.2 Itens a considerar na formulação de rações
Para Cruz e Rufino (2017), a formulação de rações pode ser considerada a aplicação
prática dos princípios de nutrição, pois o objetivo, ao formular uma ração, é aten-
der todas as exigências nutritivas do animal, bem como as exigências do produto final
– carne, leite, ovos ou lã.
Diante disso, os itens que devem ser considerados são:
Caracterização dos animais
É fundamental, antes de formular a ração, classificar os animais em categorias, tais

como idade, peso vivo, sexo, aptidão produtiva e espécies.
Exigências nutricionais
Depois, devem-se identificar as exigências nutricionais. Recomenda-se sempre usar

tabelas padronizadas (tabelas brasileiras para a nutrição de aves, de suínos, para
tilápias, para ruminantes, NRC, INRA etc.) ou publicações que fornecem dados cien-
tíficos organizados, de forma que seja possível aplicar essas informações no cálculo
de rações.
Composição química dos alimentos
Antes de efetuar o cálculo das rações, é importante observar a composição química

dos alimentos, suas propriedades físico-químicas, de que forma são processados, o
quanto contribuem nutricionalmente, e suas características organolépticas inter-
-relacionadas com a aceitabilidade pelos animais.
Levantamento e quantificação dos alimentos disponíveis
Também é essencial pesquisar o preço dos alimentos, além de verificar questões

relacionadas à disponibilidade da matéria-prima, como será a logística para entrega
e para o armazenamento, além de aspectos relacionados à qualidade.

Glossário
Organolépticas: propriedades que podem ser percebidas pelos
nossos sentidos: olfato, visão, paladar e tato. São exemplos de
propriedades organolépticas: cor, brilho, textura, odor e sabor.
3.3 Principais métodos de formulação de rações
Existem diferentes métodos para formular rações visando o custo mínimo (CARDINAL
et al., 2019). Na sequência, você conhecerá dois deles: o quadrado de Pearson e o
método algébrico.
Quadrado de Pearson
Este método é muito usado quando se necessita balancear apenas duas matérias-primas
e um nutriente na formulação da ração.
Teor de proteína Diferença em valor absoluto

da matéria-prima entre o valor de cada vértice
esquerdo e o valor do centro
Teor de proteína
da mistura desejada
Diferença em valor absoluto

Teor de proteína entre o valor de cada vértice
da matéria-prima esquerdo e o valor do centro
Observe a imagem: para utilizar o quadrado de Pearson, procede-se da seguinte maneira:

• no centro do quadrado, coloca-se o teor de proteína da mistura desejada;
• nos vértices superior e inferior à esquerda do quadrado, colocam-se os teores de

proteína das duas matérias-primas (não importa a ordem delas);
• nos dois vértices da direita, coloca-se a diferença em valor absoluto entre o valor de
cada vértice esquerdo e o valor do centro, na extremidade da respectiva diagonal.
A diferença colocada no vértice superior direito corresponde à proporção de matéria-prima

correspondente ao canto inferior esquerdo, que deve ser misturada a outra constante
no canto inferior direito, a fim de se obter um total correspondente à soma das duas
matérias-primas, com o teor que se quer do nutriente. Para ficar mais claro, acompa-
nhe os exemplos de Cruz e Rufino (2017) com duas matérias-primas e um nutriente:

Na ponta do lápis
Suponha que você queira calcular uma mistura de 100 kg para
formular uma ração, com uma exigência de 20% de Proteína
Bruta (PB) e use milho (9% PB) e farelo de soja (44% PB).
Nesse caso, as matérias-primas são o milho e o farelo de soja,
e o nutriente é a Proteína Bruta (PB).
Milho: 9% 24 partes
de PB de milho
20
Farelo de soja: 11 partes de farelo de soja

44% de PB 35 (total)
35 100
24 M = 24x100 = 68,57 kg
35
35 100
11 FS = 11x100 = 31,43 kg

35
Logo, segundo os cálculos efetuados, teriam que ser adicionados

68,57 kg de milho e 31,43 kg farelo de soja, para atender os
20% PB que o cálculo solicitava.
Método algébrico (sistema de equações)
Também é possível efetuar os cálculos por meio do método algébrico. Observe:
Exemplo: 2 matérias-primas e 1 nutriente.
Formular 100 kg de uma mistura com 18% de PB, com milho (9% de PB) e farelo de
soja (45% de PB). Denominamos M = milho e FS = farelo de soja.
1º passo: a quantidade de milho + a quantidade de farelo de soja é = a 100 kg de mistura.
(M + FS = 100 kg)
2º passo: a quantidade de proteína bruta existente na quantidade de milho + a quan-

tidade de proteína bruta existente no farelo de soja é = a 18%.

Na ponta do lápis
Transformados os teores de proteína bruta de números relativos
para números absolutos, temos:
9/100 = 0,09% PB do milho

45/100 = 0,45% PB do farelo de soja
Assim, podemos estabelecer as duas equações seguintes:

M + FS = 100 (equação total ou Equação 1)
0,09M + 0,45FS = 18 (equação da proteína ou Equação 2)
Onde:
M = kg de milho
FS = kg de farelo de soja
100 = kg de mistura
18 = requerimento de PB da mistura
Para eliminar o milho, multiplica-se a Equação 1 por 0,09 e a

Equação 2 por -1.
M + FS = 100 x (0,09)
0,09M + 0,45FS = 18 x (-1)
Igual:
0,09M + 0,09 FS = 9
- 0,09M - 0,45 FS = -18
- 0,36 FS = - 9
FS = - 9 / - 0,36
FS = 25 kg
Para determinar o milho, efetuamos M = 100 - 25 = 75 kg.

Portanto, a mistura terá 75 kg de milho e 25 kg de farelo de soja.
Que tal treinar os cálculos para as fórmulas que você acabou de estudar com as ativi-
dades de aprendizagem a seguir?

1. Calcule uma ração com 21% de PB que use milho (9% de PB) e farelo de algodão
(32,15% de PB) pelo método do quadrado de Pearson.
2. Formule uma ração com 76% NDT, com milho (80% de NDT) e farelo de soja (72%
de NDT).
Tópico 4: Gestão de fábrica de rações

As indústrias de rações se modernizaram e buscam, cada vez mais, melhorarem seus
sistemas produtivos e garantir produtos eficientes, para, dessa forma, manter seus
clientes satisfeitos. Os próximos tópicos vão mostrar como é esse processo produtivo
e quais fatores devem ser considerados para a entrega de um produto de qualidade.

4.1 Tópicos importantes em uma fábrica de rações
Para Mendes (2018), garantir bons indicadores é fundamental para melhorar os pro-
cessos e observar se os resultados estão compatíveis com as ações. Os indicadores
essenciais a serem considerados em uma fábrica de ração são:
Granulometria da ração
Se não for avaliada periodicamente, poderá acarretar ração de qualidade inferior,

o que pode provocar uma redução na aceitabilidade pelos animais e, consequente-
mente, diminuição do consumo.
Homogeneidade da ração
A ração deve ser homogênea. Um coeficiente de variação da mistura (CV) abaixo de

5% é o ideal para se manter a uniformidade e trazer resultados para o cliente final,
mas pode chegar até 10%.
Produtividade da fábrica
A produtividade é a relação entre produção e os recursos empregados, que podem

ser a matéria-prima (avaliação das perdas no processo produtivo), os recursos hu-
manos, que são as pessoas (e a sua velocidade na produção) e as máquinas (e sua
disponibilidade para uso). Assim, indicadores de produtividade devem avaliar se as
perdas estão diminuindo, a velocidade de produção está aumentando e a capacidade
da máquina está sendo otimizada.
Saiba mais
Para saber quais fatores podem afetar a qualidade da mistura
de ração total e avaliar sua homogeneidade, acesse o artigo
disponível na biblioteca do AVA.
4.2 Estrutura básica de uma fábrica de rações
Agora que você conhece os indicadores necessários para a gestão de uma fábrica de
rações, é hora de conhecer sua estrutura básica. São diversos os setores e, para Couto
(2008), eles devem estar inter-relacionados.
Dentre estes setores, destacam-se:

Laboratório de bromatologia
Faz análises dos alimentos.
Setor de nutrição e formulação de rações e/ou suplementos
Deve estar sob a responsabilidade de um nutricionista e em sintonia com o labora-

tório de bromatologia.
Departamento de compras
Adquire os insumos que compõem as formulações.
Controle de produção
Atua junto à fábrica e ao setor de compras.
Suprimento e almoxarifado
Recebe e controla o estoque dos insumos usados na produção.
Manutenção
Executa a manutenção preventiva e corretiva (quando necessário), mecânica e elé-

trica, para evitar interrupções no processo produtivo.
Transporte
É responsável pela entrega dos produtos acabados (granjas, estabelecimentos co-

merciais etc.) em um determinado período.
Logística
É responsável pelo planejamento teórico de distribuição dos produtos acabados, para

um sistema de criação ou estabelecimentos comerciais.
E, quanto aos equipamentos, é importante que a fábrica de rações tenha:

Fluxograma de Produção de Ração Farelada e Peletizada
Local Máquina Máquina Local

de para a para de
armazenamento moagem mistura peletização
2 3 5 6
Local para
ensaque e
estocagem
do produto
9
1 4
Moega para Equipamentos
receber a
matéria-prima
de dosagem e
de pesagem 7
Local para
resfriamento e
Caldeira a 8 eliminação dos finos
vapor
Fonte: Adaptado de Carciofi (2016).
4.3 Boas práticas de fabricação em uma fábrica de ração
Por ser um mercado competitivo, as indústrias que produzem ração buscam, cada vez
mais, ferramentas que as ajudem a melhorarem os sistemas de produção, assegurarem
a qualidade de seus produtos e alcançarem a satisfação de seus clientes (OLIVEIRA;
BORGES, 2018). Dentre essas ferramentas, são as mais comuns (RIBEIRO-FURTINI;
ABREU, 2006):
• BPF (Boas Práticas de Fabricação);
• Ciclo PDCA (Planejar, Executar, Verificar e Agir);
• Sistema APPCC (Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle);
• PPHO (Procedimentos-Padrão de Higiene Operacional); e
• ISO 22000.
Agora, é hora de fazer uma atividade para fixar seus conhecimentos. Leia com atenção
o enunciado e responda à pergunta.

1. Para a fabricação de rações, além do conhecimento sobre as exigências dos ani-
mais e os alimentos, é fundamental conhecer como é sobre gestão das fábricas.
Dos itens abaixo, qual representa um dos erros da gestão de fábrica de rações?
a) Tamanho da fábrica.
b) Localização da fábrica.
c) Desconhecimento sobre nutrição e microbiologia.
d) Preço do produto.
e) Portfólio de produtos.
No Tema 9, você viu conceitos vinculados aos alimentos e à alimentação animal. Com
o conhecimento adquirido, você poderá fazer o manejo alimentar dos animais e pro-
porcionar uma melhor resposta biológica e econômica da atividade.

10
Forragicultura e
pastagens
Tema 10: Forragicultura e pastagens
No tema de aula Forragicultura e pastagens, você vai aprender sobre as plantas
forrageiras. Vai também conhecer as melhores práticas de conservação de forragem,
que devem ser adotadas para auxiliar em um planejamento alimentar para ani-
mais ruminantes.
• aplicar conhecimentos e técnicas tradicionais utilizadas

no Brasil.
Tópico 1: Importância das plantas forrageiras para a

produção de ruminantes no Brasil
A produção animal em pastagens é reconhecidamente a opção técnica que permite maior
margem de flexibilidade na idealização e no planejamento dos sistemas de produção
animal. É isso que vamos abordar a seguir.

1.1 Terminologias relacionadas a pastagens
Zanine et al. (2008, p. 2) publicaram uma revisão sobre as terminologias utilizadas em

relação às pastagens. Ela foi baseada em vários estudos publicados por diferentes au-
tores que atuam no estudo das pastagens no Brasil e no mundo. A seguir, destacamos
algumas terminologias usadas e suas definições:
Forragem
Partes comestíveis das plantas, exceto os grãos, que podem servir à alimentação
dos animais.
Pastagem
Área de forragem para ser colhida principalmente a pastejo.
Piquete
Área de pastejo correspondente a uma subdivisão de uma unidade de manejo de

pastejo (por exemplo, uma pastagem), fechada e separada de outras áreas por cerca.
Capacidade de suporte
É a máxima taxa de lotação que proporciona um determinado nível de desempe-

nho animal.
Oferta de forragem
Relação entre o peso (matéria seca) de forragem por unidade de área e o número
de unidades animais.
Taxa de lotação (stocking rate)
Relação entre o número de animais ou de unidades animais (UA) e a área da unidade

de manejo por eles ocupada.
Lotação contínua
Método de pastejo onde os animais têm acesso irrestrito a toda a área pastejada,
sem subdivisão em piquetes.
Lotação rotacionada
Método de pastejo que usa a subdivisão de uma área de pastagem em dois ou mais
piquetes que são submetidos a períodos controlados de pastejo (ocupação) e descanso.

1.2 Ecossistema dos pastos
Segundo Costa (2005), as pastagens

cultivadas se caracterizam pelas re-
lações entre solo, planta, animal e
clima, influenciadas pelas práticas
de manejo.
Esses componentes são ligados por:

• cadeias alimentares
• fluxos de energia
• gases
• água, entre outros.
1.3 Classificação das plantas forrageiras
As plantas forrageiras são classificadas pelo hábito de cres-

cimento. Elas podem ter hábito: prostrado ou rasteiro, semi-
cespitoso ou ereto ou cespitoso.
1.4 Principais famílias de plantas forrageiras
As plantas forrageiras podem ser divididas em gramíneas e leguminosas:
Gramíneas São as plantas que têm flores. Por exemplo, as gramas e os capins.
Uma das suas características é o seu rápido desenvolvimento, o
forrageiras que favorece a recuperação da pastagem.
Leguminosas São as plantas que produzem sementes dentro de suas estruturas,

comumente chamadas de vagens. Têm alto valor proteico, além
forrageiras de favorecerem a fertilidade do solo.

Depois de conhecer os termos técnicos relacionados à pastagem e ao seu ecossistema,
leia com atenção o enunciado abaixo e responda à pergunta com suas palavras.
1. Alguns conceitos sobre manejo das pastagens são de extrema importância para a
produção de ruminantes a pasto. Com base no que você estudou, defina capacidade
de suporte das pastagens.
Tópico 2: Sistema de produção de animais em pastagem

Os sistemas de produção podem ser de lotação contínua, rotacionado ou de In-
tegração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). A seguir, conheça as características
de cada um.
2.1 Sistema de lotação contínua
Neste sistema de pastejo, os animais têm acesso irrestrito e ininterrupto a toda a área
de pastagem. É importante respeitar a capacidade de suporte da pastagem, para que o
rebanho consiga se alimentar de porções com qualidade superior à da média do pasto.
2.1 Sistema rotacionado
Diferente do sistema anterior, aqui existe a divisão na área do pasto em piquetes e os

animais alternam entre períodos fixos de ocupação e de descanso.
Atenção
Como você viu no subtópico sobre as terminologias, o piquete
é uma área de pastejo correspondente a uma subdivisão de uma
unidade de manejo de pastejo, fechada e separada de outras
áreas por cerca.

2.3 Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)
Este sistema usa diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro
de uma mesma área. Entre as suas vantagens, destacam-se:
• conservação das características produtivas do solo;
• manutenção da biodiversidade e sustentabilidade da agropecuária;
• diversificação da produção; e
• maior eficiência na utilização de recursos naturais.
Em relação ao desempenho dos animais, eles podem ter melhorias em seu bem-estar,
porque são favorecidos pelo maior sombreamento nas áreas de pasto. Isso faz com
que haja maior consumo de alimentos e, consequentemente, maiores ganhos de peso
e produção de leite.
Antes de finalizar este tópico, leia com atenção a atividade a seguir e responda à pergunta.

1. Os sistemas de produção animal à base de forragens têm sido bastante discutidos
entre pesquisadores e pecuaristas. Analise os itens abaixo e assinale a alternativa
que define as vantagens do sistema de produção a pasto.
a) Menor custo de produção.
b) Maior necessidade de cercas.
c) Exigência do replantio de novas forragens todos os anos.
d) Suporte de poucos animais, apenas 5 por hectare.
e) Menor resistência das gramíneas ao pisoteio dos animais.
Tópico 3: Conservação de forragens

Conservar forragem significa armazenar, sob a forma de feno ou silagem, todo o excesso
de forragem produzida ao longo do ano. A seguir, abordaremos ambos os processos.
3.1 Produção de feno
Para produzir feno, é necessário desidratar a forragem, de modo a reduzir o excesso

de umidade para 12% a 25%. Assim, o produto pode ser armazenado por um longo
tempo sem o perigo de fermentação ou perder seu valor nutritivo.
Para o processo de fenação, é pre-

ciso considerar alguns itens: a es-
colha da forrageira, a formação da
área, a fertilidade do solo, o corte,
a secagem, o enfardamento e o ar-
mazenamento.

Saiba mais
Quer saber mais sobre a produção do feno? Então, acesse o
artigo disponível na biblioteca do AVA.
3.2 Produção de silagem
A silagem é produzida por meio da fermentação anaeróbia da planta forrageira picada

e contida em estruturas chamadas silos. Trata-se de um alimento suculento, volumoso
e de baixo custo, que pode suplementar a dieta animal. Outras vantagens são:
• a planta pode ser ensilada quando os valores nutritivos são altos; e
• as operações de preparo e utilização podem ser totalmente mecanizadas.
Apesar das vantagens, é importante considerar que a porção a ser usada deve ser
diariamente retirada do silo e há a necessidade de maiores cuidados durante a
produção, sob risco de perda total da forragem.
Estamos chegando ao fim deste tema. Mas, antes de encerrá-lo, que tal fixar seus co-
nhecimentos? Para isso, faça a atividade a seguir.

1. O termo “conservação” pode ser definido como a proteção dos recursos naturais,
com a utilização racional, de modo a garantir sua sustentabilidade e existência
para as futuras gerações. Na forragicultura, a prática da produção de silagem tem
diferentes vantagens, exceto:
a) o armazenamento de alimentos com bom valor nutritivo por longos períodos.
b) o aproveitamento do excesso de forragem produzido na estação chuvosa para usar

no período seco.
c) é uma fonte de alimentação volumosa e nutritiva, de baixo custo, que permite re-
duzir os custos com o uso de concentrados.
d) as operações de preparo e utilização podem ser totalmente mecanizadas.
e) tem maiores exigências durante a confecção do que o feno, sob risco de perda total
da forragem.
No Tema 10, o foco esteve no conhecimento da importância das plantas forrageiras e
da conservação desse recurso para os animais ruminantes, de modo a associar esse
conhecimento à alimentação deles.
Com os conhecimentos adquiridos, você, agora, pode identificar as características gerais

das plantas forrageiras, a importância da produção de feno e de silagem e o uso deles
como recurso alimentar para ruminantes.

11
Melhoramento
genético animal
Tema 11: Melhoramento genético animal
Um dos objetivos dos sistemas de produção animal é melhorar o índice produtivo do
rebanho por meio de animais considerados superiores. É isso que vamos estudar no
tema Melhoramento genético aninal.
• aplicar conhecimentos e técnicas tradicionais usadas no Brasil.
Tópico 1: Conceitos fundamentais em melhoramento

genético
O melhoramento genético é uma das principais ferramentas para alcançar maior ren-
tabilidade e eficiência. É importante entender que qualquer trabalho de melhoramento
é individual e particular de cada propriedade e deve ser baseado em uma correta
avaliação dos animais e das características locais.

1.1 O que é melhoramento genético
O melhoramento genético garante indivíduos com as características desejáveis para

cada espécie.
Ação no campo
A mudança no material hereditário pode servir para produzir
mais economicamente o rebanho em um determinado ambiente,
por exemplo.
1.2 Genótipo e fenótipo
Para entender como é feito o melhoramento genético, é importante conhecer os con-

ceitos de genótipo e fenótipo. Para Castro e Egídio (2012), podemos defini-los da se-
guinte maneira:
Genótipo: é o patrimônio genético Fenótipo: é a manifestação do

de determinado indivíduo. genótipo, com a influência dos fatores
de ambiente que envolvem o indivíduo,
tais como a nutrição, o manejo, a
sanidade e as condições climáticas.
1.3 Principais raças
Raça é um conjunto de indivíduos de uma espécie, com características semelhantes e

definidas, transmitidas hereditariamente, e que os tornam diferentes de outros conjun-
tos de indivíduos da mesma espécie.

Na produção animal, é possível agrupar as espécies em função
de sua aptidão produtiva, por exemplo, para lã, carne, leite,
pele e ovos.
Ao escolher as raças que se pretende produzir, é importante considerar vários fatores,

tais como:
• sistema de produção a ser adotado na propriedade (a pasto ou confinado);
• clima da região onde serão criados os animais (temperatura, ventos, radiação solar,
umidade relativa do ar, precipitação média anual);
• fertilidade do solo;
• topografia do terreno;
• preço dos animais;
• preferência pessoal do produtor; e
• capacidade de investimento.
Raças bovinas leiteiras
Dentre as principais raças de bovinos leiteiros no Brasil, destacam-se as europeias Ho-

landesa e Jersey; as zebuínas (originárias da Índia) Gir e Sindi; e as mestiças Girsey
e Jersolando.
Ação no campo
A raça mais usada no mundo para a produção de leite é a Ho-
landesa, por ser a mais especializada e de maior produção. Po-
rém, são os animais de maior exigência em termos de cuidados,
conforto, manejo e, principalmente, os que sofrem mais com
bernes, carrapatos e calor.

Vaca Holandesa
Informações extras
A temperatura crítica, ou seja, acima da qual o consumo cai e
a produção de leite também, está entre 24 °C e 26 °C para a
Holandesa; e 27 ºC e 29 °C para a Jersey. O conforto térmico
para raças europeias situa-se entre -1 °C e 21 °C, e para as
raças zebuínas, entre 10 °C e 32 °C, com temperatura máxima
crítica acima de 35 ºC e mínima de 0 °C.
Raças bovinas de corte
As principais raças para corte criadas

no Brasil são as indianas Nelore, In-
dubrasil, Brahman, Guzerá e Ta-
bapuã; as europeias Aberdeen An-
gus, Hereford, Simental, Wagyu; e
as mestiças Simbrasil, Senepol,
Brangus e Caracu.
Gado Nelore

Raças ovinas
Na espécie ovina, destacam-se as raças Santa Inês, Dorper, Île-de-France, Texel e

Sulfolk para carne. Para a produção de lã, as principais são Merino, Ideal, Corriedale,
Romney Mash, Hampshire e Crioula. E, para a produção de leite, são criadas as raças
Lacaune e East Friesian.
Merino
Raças caprinas
Entre os caprinos, destacam-se no

Brasil as raças Saanen, Parda Alpina
e Anglo Nubiana para leite; e a Boer
para produção de carne.
Cabra Saanen
Linhagens de aves
As principais linhagens de corte puras são Plymouth Rock Branca, New Hampshire,
Cornish Branca e Sussex.

Atenção
Vale salientar que a avicultura de hoje não emprega mais o termo
“raça”, e sim “linhagem”, que permitiu um ganho genético mui-
to grande por meio de cruzamentos. Em condições ambientais
adequadas, eles expressam todo seu potencial.
Plymouth Rock Branca

Raça de suínos
As principais raças puras usadas no

Brasil são Landrace, Large White,
Hampshire, Duroc, Moura e Piau.
Hampshire

Antes de prosseguir, que tal fixar os conhecimentos deste tópico com a atividade abaixo?
1. A definição do termo raça pode ser dada como sendo um grupo de indivíduos da
mesma espécie, que têm uma série de características comuns, distintas de outros
da mesma espécie, e transmissíveis à descendência. Diante do exposto, assinale
a alternativa em que todas as raças bovinas possuem como principal aptidão a
produção de leite:
a) Holandesa, Gir e Sindi.
b) Holandesa, Senepol e Guzerá.
c) Jersey, Girolanda e Nelore.
d) Guzerá, Angus e Simental.
e) Wagyu, Jersey e Girolanda.
Tópico 2: Melhoramento genético de bovinos leiteiros

Você já sabe qual é objetivo do melhoramento genético para a produção. Agora, vamos
nos aprofundar no processo de melhoramento genético de bovinos leiteiros.
Para se obter uma produção eficiente na pecuária leiteira, é essencial atentar-se não
apenas à capacidade produtiva do rebanho, mas também aos aspectos morfológicos
dos animais, com foco em características funcionais como:
• corpo; • úbere anterior;
• pernas; • úbere posterior; e
• garupa; • ligamento médio.
O sistema se divide em quatro categorias principais, com pesos distintos no sistema de

avaliação de conformação. São eles:
• Força leiteira (22%);
• Garupa (10%);
• Pernas e pés (26%); e
• Sistema mamário (42%).

Confira os indicadores na imagem a seguir:
• Estatura
• Largura do peito
• Profundidade corporal
• Angulosidade • Largura
• Condição corporal • Ângulo
• Nivelamento da linha superior • Força lombar
Força
Garupa
Leiteira
• Altura e largura do úbere

posterior
• Colocação das tetas
posteriores e anteriores
Sistema • Ligamento suspensório médio
mamário • Textura e profundidade

do úbere
• Comprimento das tetas
• Inserção do úbere anterior
• Qualidade óssea
• Vistas lateral e
traseira das pernas Pernas
• Ângulo do casco e pés
• Profundidade
2.2 Características da produção de leite
Como você viu anteriormente, foram criados alguns indicadores importantes para ava-
liar uma vaca leiteira da raça Holandesa. No entanto, essas características podem ser
observadas também nas demais raças. Em suma, as vacas leiteiras longevas devem
apresentar as seguintes características:

Sistema mamário: Membros anteriores e Estrutura do corpo:
o úbere deve estar posteriores: as vacas leiteiras
bem inserido, além de os membros devem longevas apresentam
apresentar boa textura caminhar paralelo e estatura mediana (145
e irrigação. O ligamento facilitar o deslocamento. cm na garupa), com
central deve ser forte e peso médio de 680 kg
bem demarcado. (idade adulta).
2.3 Curvas de produção
Para a condução de um bom programa de melhoramento genético na pecuária leiteira,

é imprescindível fazer um controle leiteiro e, com os resultados do controle em mãos,
que se determine a curva de lactação, assim como a persistência de lactação.
A curva de lactação é composta por, basicamente, três fases:

• Fase 1: crescente, que se estende até cerca de 35 dias após o parto;
• Fase 2: pico, representada pela produção máxima observada;
• Fase 3: declínio, contínuo até o fim da lactação.
No entanto, existem duas principais características da curva que determinam sua for-
ma: a persistência e o pico da lactação. O último, como citado anteriormente, é a fase
na qual a vaca apresenta a máxima produção; já a persistência é a medida da queda
diária da produção após ter atingido o pico, até o fim da lactação. Confira:

18
16
Per
14 sist
ênc
ia d
e la
Produção de leite (Kg)
12
cta
ção
10
2
Vaca 1 Vaca 2 Vaca 3
0
1 3 5 7 9
Mês de lactação
A produção individual de leite é fator preponderante para selecionar boas fêmeas lei-
teiras. Sobre este assunto, responda à questão a seguir.
1. Entende-se por persistência de lactação:
a) a produção total de leite de uma vaca.
b) o tempo em que a vaca levou para atingir o pico de produção.
c) a medida da queda diária da produção após ter atingido seu pico, até o fim da lactação.
d) a quantidade de leite produzida por dia pela vaca.
e) o total de leite produzido na primeira ordenha.
Tópico 3: Melhoramento genético de bovinos de corte

No Tema 8, explicamos que a avaliação dos bovinos pela aparência é um dos métodos
de seleção mais antigos empregados pelo homem. Agora, você vai conhecer outros
métodos de seleção aplicados na atualidade.

Hoje em dia, os métodos de seleção associam os resultados das avaliações genética e

morfológica dos animais. O EPMURAS é um dos métodos para se avaliar a morfologia
dos animais. Prático e de baixo custo, possibilita avaliar o biotipo dos animais por meio
da análise das seguintes características:
Estrutura corporal (E)
Prediz visualmente a área que o animal abrange visto de lado, ao olhar-se, basica-
mente, para o comprimento corporal e a profundidade de costelas.
Precocidade (P)
Nesta avaliação, as maiores notas recaem sobre animais de maior profundidade de

costelas em relação à altura de seus membros.
Musculosidade (M)
Avaliada por meio da evidência das massas musculares.
Umbigo (U)
É avaliado a partir de uma referência do tamanho e do posicionamento do umbigo,

da bainha e do prepúcio; devem ser penalizados os indivíduos que apresentarem
prolapso de prepúcio, com notas 6.
Características raciais (R)
Todos os itens previstos nos padrões raciais das respectivas raças usadas devem
ser considerados.
Aprumos (A)
São avaliados por meio das proporções, direções, angulações e articulações dos
membros anteriores e posteriores.
Características sexuais (S)
Busca-se masculinidade nos machos e feminilidade nas fêmeas. Essas característi-

cas deverão ser tão mais acentuadas quanto maior a idade dos animais avaliados.

Saiba mais
Para saber mais detalhes do método EPMURAS, acesse a biblio-
teca do AVA. Lá, você vai encontrar uma matéria que mostra o
passo a passo para aplicá-lo.
3.2 Modelos de seleção

O principal objetivo da seleção de bovinos é promover mudanças nas frequências dos
genes para condicionar suas melhores características. Os modelos de seleção são:
O desempenho dos ascendentes é a base da análise desse método,

Seleção por em que se buscam atributos de baixa ou média herdabilidade.
Esse registro de pedigree deve ser acompanhado pelo registro de
antepassados produção dos pais (valores fenotípicos), conforme a média de sua
população.
Seleção Aqui, a seleção do bovino é feita com base nas informações dos
por parentes registros de produção de seus parentes (valores fenotípicos).
Seleção Nesse método, avalia-se o valor genético do macho com base no

por progênie comportamento de seus filhos.
Seleção Toma como base o valor fenotípico do animal. É o mais usado para
individual o melhoramento genético de bovinos.
Você conheceu alguns métodos de seleção animal. Sobre esse assunto, faça ativida-
de a seguir.
1. O EPMURAS é um método que avalia a estrutura, a precocidade, a musculatura,
o umbigo, as características raciais, os aprumos e as características sexuais. Em
relação à precocidade, ela pode ser definida como:
a) o tamanho ou a área do animal visto de lado, do dorso/lombo ao chão, consideradas

as pernas.
b) a relação entre o comprimento de costelas e a altura de membros.
c) as evidências de massas musculares, principalmente observadas no posterior e na

linha dorso-lombar.
d) o tamanho e o posicionamento da prega umbilical.
e) todos os itens previstos nos padrões raciais determinados pela Associação Brasileira
dos Criadores de Zebu (ABCZ).

Tópico 4: Melhoramento genético de suínos
A genética suína evoluiu ao longo dos anos, principalmente em função da introdução de
material genético de vários países que deram origem aos animais criados atualmente
no Brasil. Sobre esse assunto, acompanhe os subtópicos a seguir.
4.1 Genética de suínos
Para que um programa de melhoramento genético tenha sucesso, é importante haver:

• medições das características morfológicas;
• análise de dados apropriada e processos de avaliação genética; e
• uso desses resultados na seleção do material genético.

Atenção
Nas Estações de Testes de Reprodutores Suínos (ETRS), as ca-
racterísticas avaliadas são:
• ganho de peso diário (g);
• conversão alimentar (1:);
• espessura de toucinho (mm); e
• número de dias para 90 kg (dias).
4.2 Genes de importância na suinocultura
Para Fávero e Figueiredo (2009), os genes de maior importância para a suinocultura são:
Conhecido como gene do estresse, está associado à carne PSE

Gene halotano
(pálida, flácida e exsudativa).
Gene de Gene dominante que se caracteriza por causar um decréscimo

no rendimento industrial durante o processamento de produtos
carne ácida curados e cozidos.
O IMF é a gordura intramuscular, considerada muito importante

Gene IMF para a qualidade da carne de suínos, principalmente quando
destinada ao consumo in natura.
Que tal realizar a atividade a seguir para fixar seus conhecimentos?
1. A qualidade de carne dos animais está relacionada a diversos fatores antes, du-
rante e após o abate, além de fatores genéticos. Na suinocultura, qual é o gene
responsável pela produção de carne pálida, flácida e exsudativa?
a) Booroola.
b) IMF.
c) Gene da carne ácida.
d) Halotano.
e) MC1R.

Tópico 5: Melhoramento genético das aves
Quando falamos em melhoramento genético das aves, é muito importante conhecer os
métodos de seleção por desempenho e a eficiência bioeconômica. Acompanhe.
5.1 Seleção por desempenho
A taxa de conversão alimentar é

um dos indicadores mais importan-
tes. Tais taxas vêm melhorando ao
longo dos anos: de 2,50 em 1976,
para 1,35 atualmente.
Glossário
Conversão alimentar: medida de produtividade animal defi-
nida pelo consumo total de ração, dividido pelo peso médio do
lote. Melhorar esse indicador é de extrema importância, pois,
como vimos, os gastos com alimentação são altos e, no caso da
avicultura, chega a aproximadamente 65% do custo do frango.
A mesma tendência se observa no rendimento de carcaças, que aumentou de 66%

para 71%. Quanto ao ganho de peso diário, tem-se alcançado uma média de 50 g/dia
para algumas linhagens.
5.2 Eficiência bioeconômica
A eficiência bioeconômica é resultado de uma fórmula que engloba os mais importantes

índices zootécnicos e, por isso, trata-se de um índice muito aceito. Ele varia em função
da Viabilidade (VB), do Ganho Médio de Peso Diário (GMD), e da Conversão Alimentar
(CA) na retirada do lote. É calculado da seguinte forma:

Na ponta do lápis
IEP = GMD (kg) x VB (%) x 100
CA
Sendo:
• GMD = Peso final – Peso inicial / Idade em dias
• VB = 100% - Mortalidade (%)
• CA = Consumo de ração do lote / Ganho de peso do lote
5.1 Seleção em aves de postura
A seleção para aves de postura leva em consideração as características relacionadas:
Às aves
Peso corporal, conversão alimentar, maturidade sexual, empenamento e produção

de ovos comercializáveis.

Aos ovos
Peso do ovo, unidades Haugh (relação entre peso do ovo com a altura da clara es-
pessa, espessura de casca, viscosidade da clara e presença de sangue).
À reprodução
Produção de ovos incubáveis, fertilidade e eclodibilidade.
À resistência
Viabilidade da poedeira e da matriz, resistência a doenças e estresses específicos,

criação em gaiola.
Como você viu, o melhoramento de aves vem evoluindo ao longo dos anos. Sobre isso,
responda à pergunta a seguir.
1. Em relação ao melhoramento de aves, qual dos itens abaixo é um dos principais
critérios adotados?
a) Gordura de cobertura.
b) Marmoreio.
c) Conversão alimentar.
d) Peso dos ovos.
e) Características raciais.
Tópico 6: Melhoramento genético de caprinos e ovinos

O melhoramento genético de caprinos e ovinos envolve métodos, como a seleção por
morfologia, por pedigree e por progênie, como você vai estudar a seguir.

São características desejáveis em caprinos e ovinos:
• bom desenvolvimento corporal em relação à idade;
• bons aprumos;
• úberes volumosos, bem-posicionados e com tetos corretos;
• aparelho reprodutor bem desenvolvido, observada a idade; e
• ausência de doenças.

Tanto para os animais leiteiros quanto para os de corte, as caraterísticas desejadas são
as mesmas dos bovinos, mas sem deixar de considerar a estrutura dos caprinos e ovinos:
aspecto descarnado; tríplice cunha; formas angulares; fineza acentuada dos tecidos.
As características de um animal tipo corte são: forma de cilindro ou paralelepípedo,
quadrado; longilíneo; hipermétrico; membros curtos; boa massa muscular traseira.
6.2 Seleção por pedigree
Para que aconteça o melhoramento

genético, são escolhidos alguns in-
divíduos que serão os pais das futu-
ras gerações. Assim, o pedigree deve
ser o mais completo possível e con-
ter informações da característica
sob seleção.
6.3 Seleção por progênie
Trata-se da seleção de reprodutores ou matrizes pelo desempenho médio de seus des-

cendentes. É usado, principalmente, para machos, pois, normalmente, produzem mais
filhos do que as fêmeas.
Estamos chegando ao fim deste tema. Antes de encerrá-lo, que tal fixar os conheci-
mentos adquiridos até aqui?
1. A seleção de cabras leiteiras por meio da morfologia tem sido usada por vários
criadores. Assinale a alternativa que descreve uma característica morfológica con-
siderada na seleção de cabras leiteiras.
a) Boa massa muscular traseira.
b) Corpo compacto.
c) Membros curtos.
d) Corpo longilíneo.
e) Formas angulares.

No Tema 11, foram apresentados conceitos fundamentais sobre o melhoramento ge-
nético das espécies.
Com os conhecimentos adquiridos, você poderá identificar os melhores animais do

rebanho e, assim, estabelecer avanços em termos de produção de carne, leite, ovos,
lã e pele, por meio da associação das características morfológicas, produtivas e raciais
dos animais.

12
Produção de animais
monogástricos
Tema 12: Produção de animais
monogástricos
A criação de aves, peixes e suínos representa uma importante atividade econômica
para várias regiões do Brasil. São essas produções que vamos explorar no tema de aula
Produção de animais monogástricos.
capacidades:
• conhecer a escala de produção;
• utilizar ferramentas de melhoria contínua dos índices de

produtividade dos negócios rurais; e
• utilizar ferramentas de gerenciamento e operacionalização

dos serviços.
Tópico 1: Sistemas avícolas

A avicultura é um dos ramos da criação animal de maior importância nacional, dada
a expressividade dessa cadeia no agronegócio brasileiro. As exportações de carne de

frango têm importante papel na balança comercial: cerca de 10% do que é produzido
de carne de aves no país é exportado. Nos últimos anos, houve uma evolução muito
grande no consumo interno.
Em 1973, o consumo era de cerca de 4 kg por habitante por
ano; hoje em dia, é de mais de 25 kg por habitante por ano.
Como você viu no Tema 7, no Brasil, existem três sistemas de produção de frango: o
de integração; o cooperativo; e o independente. Cada um tem suas características e
peculiaridades.
Dica
Releia as características dos sistemas de produção. Relembrá-
-las será importante para a total compreensão dos próximos
subtópicos.
1.2 Manejo geral
A criação intensiva de frangos tem

por objetivo obter animais com cres-
cimento rápido, melhorar a conver-
são alimentar, reduzir a taxa de mor-
talidade, prevenir doenças e garantir
o máximo rendimento de carne.

Há vários fatores que afetam o desempenho das aves. Dentre eles, destacam-se:
• o tipo de pintinho (os nascidos de ovos maiores têm melhor desempenho);
• o tipo de ração, principalmente a qualidade da matéria-prima;
• época do ano em que se desenvolve a engorda, com diferentes efeitos das estações
do ano, principalmente, os relacionados a temperatura e umidade;
• manejo, densidade da criação e qualidade da cama; e
• doenças, que afetam muito e, quando ocorrem, causam grandes perdas.
Ação no campo
Em um aviário de 1.000 m², é possível criar 15.000 frangos,
que consomem cerca de 3 kg de ração cada. Portanto, 45.000
kg de ração para o lote, e a produção de cerca de 26.000 kg
de frango.
1.3 Instalações
O aviário deve ser instalado no sentido leste-oeste, para reduzir a incidência de raios
solares no interior da instalação.
Oeste
Leste

A largura do galpão deve ficar entre 12 e 14 m. Uma largura maior que essa dificulta
a construção e a ventilação. Uma largura menor, por sua vez, favorece a ventilação,
mas aumenta os custos.
Em relação ao comprimento, deve ter de 100 a 150 m. O pé direito do galpão deve

ser de 3 m para permitir boa circulação de ar e entrada de veículos. Deve ter proteção
contra entrada de água e ser telado, para evitar a entrada de pássaros, além de ser
revestido de cortina plástica, que permita a abertura e o fechamento para controle de
temperatura.
1.4 Manejo de pintos de um dia
É imprescindível ter cuidados na escolha dos pintinhos, que devem ser saudáveis e de
boa qualidade.
Esses cuidados devem acontecer an-

tes mesmo da chegada dos animais,
na preparação do galpão: deve-se
distribuir a cama no aviário, fazer
um círculo de proteção (de madeira
compensada, com o objetivo de pro-
teger os pintos de correntes de ar e
mantê-los próximos à fonte de calor).
Além disso, deve-se distribuir água em bebedouros e ração nos comedouros. Para
manter o controle térmico do ambiente, deve-se usar campânulas e cortinas internas.
Círculo de proteção com capacidade para 500 pintos
Bebedouro do tipo pressão

(capacidade para 80 a 100 pintos)
Campânula
Comedouro do tipo bandeja

(capacidade para 80 a 100 pintos)

O monitoramento do comportamento dos pintinhos no círculo de proteção pode ser
baseado da seguinte maneira:
O alojamento está correto: os pintinhos estão piando

e espalhados uniformemente por todo o local.
Existe muita corrente de ar: os pintinhos estão aglo-

merados todos de um mesmo lado para tentarem es-
capar da corrente de ar. O piado é barulhento.
O alojamento está muito frio: os pintinhos aglome-

ram-se em volta da campânula; o piado é barulhento.
O alojamento está muito quente: os pintinhos ficam

espalhados pelo perímetro, sonolentos.
O alojamento possui luz intensa ou barulho: assim

como em caso da corrente de ar, os pintinhos se aglo-
meram em um local do alojamento para se proteger
dos fatores que os incomodam.
Fonte: COBB. Manual de Manejo de Frangos de Corte, 2009.

1.5 Manejo da cama dos aviários
A cama tem a função de absorver a umidade, dar conforto e proteger as aves

contra o frio. Para a cama, podem ser utilizados materiais como maravalhas, feno
picado, bagaço de cana, casca de café ou de arroz, sabugo de milho triturado, serragem
de madeira etc. No verão, a cama de maravalhas deve ter cerca de 5 cm e, no inverno,
10 cm. Para isso, são necessários, aproximadamente, 10 kg de maravalhas por m² de
aviário, com 12% de umidade.
Glossário
Maravalhas: aparas de madeira, maiores que a serragem, pro-
duzidas por raspadores e/ou outras ferramentas para madeiras.
Geralmente, apresentam formato em espiral.
É importante que o material seja livre de doenças, não tóxico às aves e com umidade
de aproximadamente 12%. Ao fim da criação, a cama terá cerca de 40% de umidade
e poderá ser reutilizada para outros lotes ou servir de adubação orgânica na lavoura.
Atenção
O excesso de umidade, principalmente próximo aos bebedouros,
favorece o aparecimento do gás amônia, que irrita os olhos e as
vias respiratórias das aves e causa-lhes queda de desempenho.
1.6 Manejo de frangos e aves de postura
O manejo de frangos e aves de postura deve ser feito em quatro fases:
Fase de cria
A ração inicial vai até a 6ª semana; deve-se fazer uso da cama de frango; fazer a
debicagem entre 6 a 9 dias para evitar o canibalismo entre aves e aumentar a con-
versão alimentar por não seleção do alimento.

Fase de recria
Acontece entre a 6ª até 16ª/18ª semana. Aqui, oferece-se diferentes rações ao

longo da recria:
• da 6ª a 12ª semana: ração de crescimento I;
• da 12ª a 16ª/18ª semana: ração de crescimento II.
Demais práticas de manejo seguem a mesma linha da avicultura de corte.
Fase de pré-alojamento
Acontece da 16ª a 18ª semana. As galinhas são postas nas gaiolas de postura para
que se adaptem ao ambiente, o que corresponde ao início da maturidade sexual da
ave. Nesta fase, é usada ração de pré-postura, com finalidade de engorda da ave.
Fase de alojamento/postura:
A partir da 18ª semana até 1 ou 2 anos de idade. Agora é hora de implementar

um programa de luz e de alimentação específicos. A ração é a de postura, a fim de
favorecer a produção de ovos.
A avicultura deve seguir um rigoroso programa de prevenção. Deve ser feito um vazio
sanitário de 15 dias, bem como aplicadas diversas vacinas. Dentre elas:
• Newcastle;
• bronquite infecciosa;
• encefalomielite;
• bouba aviária;
• Doença de Marek;
• Eds-76;
• Gumboro;
• laringotraqueite; e
• artrite viral.
Além disso, deve-se ter precaução com prostação, ascite e morte súbita dos animais.

O sistema de produção de frangos
deve focar no cuidado sanitário. Deve
ser usado o conceito “todos dentro
e todos fora” – ou seja, todos os
pintos entram de uma só vez e todos
os frangos saem juntos para ser pos-
sível fazer o vazio sanitário, que pode
ser de 15 dias entre um lote e outro.
Agora, é hora de testar seus conhecimentos sobre a produção avícola. A questão a se-
guir trata dos sistemas de criação de aves, que vimos com detalhes no Tema 7.
1. Dentre os sistemas de criação de aves que existem no Brasil, um em especial tem
a participação da empresa, que fornece ao criador os pintos de um dia, a ração, a
assistência técnica e se responsabiliza pelo abate. Ao criador, cabe a responsabi-
lidade sobre as instalações, os equipamentos e a mão de obra. Neste sistema, a
remuneração varia de acordo com o desempenho zootécnico das aves. O sistema
a que nos referimos é definido:
a) cooperativo.
b) independente.
c) integração.
d) verticalizado.
e) horizontalizado.
Tópico 2: Sistemas de produção de suínos

A criação racional de suínos avançou muito nos últimos anos e, hoje, está muito pro-
fissionalizada. O Brasil tem uma das melhores tecnologias para a produção de suínos,
com índices muito superiores aos da maioria dos países com tradição na produção.
O Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre (Siscal) preconiza a criação de suínos

em ambientes abertos, em piquetes de forrageiras formadas, ou em áreas arborizadas

em cabanas ou abrigos, pois esses cuidados se refletem positivamente na produtividade
e na melhoria do bem-estar dos animais.
Na escolha do local, é importante levar em consideração a to-
pografia, a qualidade do solo e a pluviometria da região.
No modelo conhecido como integração, o suinocultor se insere em uma cadeia produ-

tiva vinculado a uma agroindústria de abate e processamento que também coordena
os elos da produção primária, sobretudo de ração.
Já o arranjo da carne suína com produtores independentes representa maior risco para
o suinocultor, principalmente pela falta de garantia de escoamento da produção. No en-
tanto, permite ter maior remuneração, sobretudo em períodos de mercado aquecido.
Atenção
Também fazem parte da suinocultura industrial independente
os produtores organizados em pequenas cooperativas e outras
iniciativas associativas, que organizam redes de suprimento ou
processam os animais em agroindústrias familiares.

2.2 Manejo geral
De forma geral, as rações para suínos devem ter boa aceitabilidade, granulometria
adequada para cada fase e atender às exigências nutricionais dos animais. Vejamos
como isso deve acontecer em cada fase da produção:
Creche
O desempenho dos animais nessa fase influencia em até 30% o ganho de peso até o
abate. Uma boa estratégia nutricional é o uso de rações complexas, com ingredientes
de alta qualidade e digestibilidade, tais como: leite em pó; concentrado proteico de
soja; soro de leite; farinha de peixe; nucleotídeos; minerais orgânicos; leveduras;
palatabilizantes; acidificante e aromatizantes.
Crescimento
Essa fase é determinante para a qualidade da carne suína produzida. Normalmente,

os suínos preferem alimentos que possam ser consumidos com mais rapidez, como
os úmidos ou líquidos, mas podem ser oferecidas diversas formas físicas de rações
– peletizadas, trituradas e até fareladas.
Terminação
Nesta fase, podem ser fornecidos milho, soja e cereais alternativos, como sorgo,
milheto, triguilho e triticale, assim como resíduos agroindustriais. É importante, tam-
bém, prover todos os minerais e vitaminas essenciais para a manutenção da saúde
dos animais. No manejo alimentar, o monitoramento do consumo da dieta também
deve fazer parte do planejamento da produção.
As instalações também devem ser observadas. Um dos fatores mais importantes na

produção de suínos é a temperatura, pois as necessidades nesse aspecto variam con-
forme a fase do suíno. Confira, na tabela a seguir, a temperatura ideal:
Estresse
Fase Conforto
Calor Frio
Recém-nascidos 32 a 34 - -
Leitões até desmama 31 a 29 36 21
Desmamados 22 a 26 27 17
Crescimento 18 a 20 26 15
Terminação 12 a 21 26 12
Fêmeas em gestação 16 a 19 24 10
Fêmeas em lactação 12 a 16 23 7
Fêmeas vazias e machos 17 a 21 25 10
Fonte: Manual do suinocultor. Cooperativa Central Oeste Catarinense/Chapecó-SC.

Pré-cobrição e gestação
Nessas instalações, ficam alojadas as fêmeas de reposição até o primeiro parto e as

porcas a partir de 28 dias de gestação. Em boxes individuais, ficam as fêmeas desma-
madas até 28 dias de gestação. Os machos ficam em baias individuais.
Existem algumas orientações para projetar as instalações, de acordo com cada fase,
conforme tabela a seguir:
Baias Área (m2/animal)
Gestação individual (Box/gaiola) 1,32
Leitoas em baias coletivas 3
Macho 6
Número de animais por baia
Gestação coletiva/reposição/pré-cobrição 6 a 10
Área de piquete por fêmea 200 m2
Maternidade
É a instalação usada para o parto e fase de lactação das porcas. Deve ser construída com
atenção e cuidado aos detalhes. Como a faixa de temperatura de conforto das porcas é
diferente da dos leitões, torna-se obrigatório o uso do escamoteador para os últimos.
A tabela a seguir mostra os coeficientes técnicos indicados para as áreas de parição:
Cela parideira
Área da cela Superior a 3,96 m2
Espaço para a porca e os leitões 0,60 m cada lado x 2,20 m de comprimento
Altura da cela 1,10 m
Altura das divisórias 0,40 m a 0,50 m
Baia convencional
Área mínima do piso 6 m2
Altura do protetor contra esmagamento 0,20 m
Distância do protetor da parede 0,12 m
Escamoteador
Área mínima do piso 0,70 m2
Corredor de serviço
Largura mínima 1,0 m

Creche
É a edificação destinada aos leitões desmamados. O local deve ter, aproximadamente,

2/3 da baia com piso compacto, e o restante (1/3), com piso ripado, onde os leitões
vão defecar, urinar e beber água.
É necessário dispor de um sistema de aquecimento para manter a temperatura ambien-

te ideal para os leitões, principalmente nas primeiras semanas após o desmame. Em
regiões frias, é recomendado o uso de abafadores sobre as baias, com o objetivo
de criar um microclima confortável.
A tabela a seguir mostra os coeficientes técnicos indicados para a creche:
Área recomendada por leitão
Piso totalmente ripado 0,30 m2
Piso parcialmente ripado 0,35 m2
Altura das paredes das baias 0,50 m a 0,70 m
Declividade do piso 5%
Crescimento e terminação
É o local destinado ao crescimento e terminação dos animais, desde a fase que vai da
saída da creche até a comercialização.
O piso das baias pode ser totalmen-

te ripado, ou 2/3 compacto e 1/3
ripado. O piso totalmente ripado é o
mais indicado para regiões quentes,
porém é o de custo mais elevado. O
piso parcialmente ripado, constituí-
do de 30% da área do piso da baia
em ripado sobre fosso, é construído
em vigotas de concreto e o restante
da área do piso (70%) compacto em
concreto.
O manejo dos dejetos deve ser feito do lado de fora da edificação e por sala. Para pos-
sibilitar maior higiene e limpeza, o piso da baia deve ter uma declividade entre 3 e 5%,
e as paredes laterais podem ser ripadas, em placas pré-fabricadas em cimento ou em
outro material, para facilitar a ventilação natural.

2.3 Manejo de fêmeas gestantes
As fêmeas estão aptas à cobrição quando pesam, no mínimo, 110 kg, com cerca de
8 meses de idade. Três semanas antes da cobrição, deve-se fornecer cerca de 3,5 kg
de ração da fase de gestação, o que vai estimular a reprodução e, principalmente, o
aumento da ovulação, chamado flushing.
Atenção
As reprodutoras devem ser mantidas em lotes de seis fêmeas
para facilitar o controle e devem ser levadas à baia do macho
para serem cobertas, nunca o contrário.
Depois da cobertura, as fêmeas devem ser levadas de volta à baia e observadas por
um período de 18 a 25 dias, para ver se não há retorno ao cio. As leitoas devem ser
cobertas no segundo cio e depois do primeiro parto; as porcas podem ser cobertas no
primeiro cio após o desmame.
O local de gestação deve ser limpo, ventilado e calmo. A gestação de uma fêmea suína
dura aproximadamente 114 dias.
Na fase de gestação, deve ser fornecidos 2 kg de ração por matriz por dia, dividido em
duas vezes, até os 80 primeiros dias de gestação. Depois, até o parto, deve-se fornecer
2,5 kg de ração por dia, em duas vezes.

As matrizes devem ser transferidas para a maternidade sete
dias antes do parto. Antes que entrem na instalação, as porcas
devem ser lavadas cuidadosamente, com escova, água e sabão.
É fundamental que, no local do parto, haja uma caixa com fonte de calor, o chamado
escamoteador, onde os leitões se abrigam do frio, com área de 0,8 m² e temperatura
de aproximadamente 30 °C.
Atenção
Quando a hora do parto se aproxima, é possível extrair leite das
tetas da porca com leve pressão manual. Além disso, a fêmea
fica inquieta, apresenta corrimento vaginal e não se alimenta.
Durante o nascimento dos leitões, devem ser feitos os seguintes procedimentos:
1. limpar e enxugar o leitão com papel toalha, para desobstruir as vias respiratórias;
2. amarrar e cortar o cordão umbilical 2 cm abaixo da barriga com barbante iodado;
3. cortar os dentes dos leitões, sem machucar as gengivas, logo após as primeiras
mamadas;
4. cortar o terço final da cauda; e
5. colocar os leitões para mamar o colostro; os mais fracos, nas tetas da frente.
2.4 Manejo de fêmeas em lactação
O período de amamentação começa no parto e vai até o desmame, com duração de

cerca de 30 dias. É fundamental que cada leitão tome o colostro, primeiro leite cheio
de anticorpos, para adquirir imunidade.

Porcas com mais de oito leitões devem receber 5 kg de ração por dia, em duas vezes,
para aumentar a produção de leite e manter seu estado físico. Saiba que o fornecimento
de ração úmida favorece e aumenta o consumo.
Os leitões devem receber ração pré-inicial a partir dos sete dias de vida, em pequena
quantidade (devem ser retiradas as sobras), além de água disponível, de qualidade e
à vontade, desde o primeiro dia.
Ação no campo
A leitegada (ninhada de leitões) deve receber, no terceiro dia
de vida, 200 mg de ferro-dextrano via intramuscular.
Desmame e creche
O desmame dos leitões deve ocorrer na maternidade, com a retirada da mãe. Devem
ser deixados por cinco dias na baia para minimizar o estresse da perda. O recomendado
é que o desmame seja feito de 21 a 35 dias.
A alimentação deve ser dividida em quatro refeições diárias, em pouca quantidade e mais
vezes por dia, para evitar problemas com diarreia, frequentes nessa fase de transição.

A creche é onde os leitões permanecem por até 70 dias, com
controle de temperatura, para que permaneça por volta dos 22 °C.
2.5 Manejo na maternidade
O parto deve ser acompanhado e pode durar de 3 a 8 horas, entre o início da expulsão
dos leitões e da placenta. Extrapolado este tempo, deve ser chamado auxílio técnico
de profissional habilitado.
É muito importante a desinfecção das instalações, para evitar o aparecimento de doen-

ças. Para higienizar as instalações, deve-se lavar toda a área com água limpa e usar a
vassoura de fogo; desinfetar com um produto de alta qualidade; pintar com cal antes
da entrada de novo lote, e fazer um vazio sanitário de, no mínimo, sete dias.
Equipamentos como seringas, agulhas, tesouras, bisturis, facas e alicates devem sempre
ser limpos com água e sabão e desinfetados com álcool iodado. As agulhas e seringas
devem ser fervidas ou descartadas quando necessário.
Atenção
É importante destacar que deve ser evitada a entrada de pessoas
não autorizadas na granja suína e o fluxo intenso de veículos,
além de não se permitir a circulação de outros animais, como
gatos e cachorros, pois são vetores de inúmeras doenças.
Uma prática importante na prevenção é a construção de pedilúvio na entrada das salas,

onde cada pessoa deve pisar dentro da caixa com cal virgem, que é um bom desinfetante.
Dentre as doenças que acometem os suínos, destacam-se a renite, a colibacilose, a

pneumonia enzoótica e a parvovirose.

Porcas com sintomas de mastite, com
metrite, infecção do aparelho repro-
dutor, entre outros, devem ser tra-
tadas por um profissional habilitado.
Que tal, agora, fixar seus conhecimentos sobre o sistema de produção suíno? Para isso,
faça a atividade a seguir.
1. Um sistema de criação de suínos tem várias fases que devem ser conduzidas com
bastante cuidado. Em relação às fases dos suínos, a única alternativa correta é:
a) desmamar os leitões entre 21 e 35 dias após o nascimento.
b) na creche, os animais ficam até 70 dias de idade e não precisam de fonte de calor.
c) leitões, na creche, devem receber ração duas vezes ao dia.
d) na recria, os suínos ficam até adquirirem 60 kg de peso vivo e consomem, à von-

tade, a ração de terminação para acostumar os animais.
e) toda mudança de fase deve ser feita de forma gradativa para evitar o estresse, além
de ofertar área necessária, para cada suíno, na terminação, 0,8 m² por animal.
Tópico 3: Sistemas de produção de peixes

A piscicultura é o cultivo de peixes e tem como objetivo produzir alimentos de alto va-
lor biológico. Para produzi-los, é possível utilizar áreas inadequadas para a agricultura,
gerar empregos e obter boa renda.

Ação no campo
Em produção comercial e com tecnologia adequada, é possível
produzir cerca de 9.000 kg de peixes por hectare de lâmina de
água por ano.
Os sistemas de criação de peixes em viveiros escavados ou em açudes são os mais

praticados no Brasil para criar as principais espécies de peixes.
Glossário
Viveiros: tanques construídos com a escavação da terra, do
centro para as laterais, onde são levantadas as paredes, chama-
das de talude. Esses viveiros, em geral, têm formato retangular,
com fundo uniforme, para facilitar a captura dos peixes com
rede. É desejável, ainda, que possam ser drenados e enchidos
em qualquer época do ano e que não apresentem infiltração
excessiva.
Na criação em tanques-rede, os peixes ficam confinados em estruturas flutuantes, fe-

chadas com tela ou malha. Isso permite aproveitar diversos ambientes aquáticos, como
reservatórios de usinas hidrelétricas e açudes de grande porte, onde não é viável criar
os peixes soltos.
Nesse sistema de criação, a quali-

dade da água é mantida pela sua
livre e contínua circulação entre o
tanque-rede e o ambiente. Por isso,
é fundamental que a instalação seja
feita em locais com boa qualidade
de água ao longo de todo o ano, e
que as telas e flutuadores sejam
mantidos em ótimas condições de
limpeza e funcionamento.

A fixação dos tanques pode ser feita com cordas ou âncoras, que devem ser dispostos
em fileiras e separados com largura igual à do tanque, ou seja, 2 m. A alimentação é
semelhante à feita em viveiro, porém, nos tanque-rede, ela é colocada diretamente
dentro de cada tanque.
Atenção
O local de instalação do tanque-rede deve ter profundidade
suficiente e largura de pelo menos 1,5 vezes a do tanque, que
também precisa ser instalado perpendicular à correnteza da água.
Qualidade da água
A temperatura ótima da água deve estar entre 24 e 29 °C. Acima ou abaixo disso, há
estresse e diminuição, ou mesmo interrupção da alimentação, o que pode causar a
morte dos peixes. O pH, que mostra a acidez ou alcalinidade da água, deve ser neutro,
para que haja boa produção de plâncton.
Outro fator fundamental, que demonstra a qualidade da água, é a transparência, pois

mostra a capacidade da penetração da luz e indica, principalmente, a densidade de
plâncton e de matéria orgânica. O ideal é que a transparência da água fique entre 30
e 40 cm. Ela pode ser medida com o disco de Secchi – um disco de 25 cm de diâme-
tro, dividido em quatro quadrantes pintados, alternadamente, de preto e branco, para
melhor visualização.

3.2 Manejo geral
A alimentação varia em função da quantidade de peixes por m², que vai depender da
qualidade e da vazão da água e da espécie a ser criada. A quantidade de plâncton do
viveiro determina o quão produtivo ele é – por isso temos que estimular sua produção.
Glossário
Plâncton: microrganismo de origem vegetal (fitoplâncton) ou
animal (zooplâncton), é fonte de alimento para os alevinos ou
durante toda a vida dos peixes filtradores.
Antes de encher o viveiro, é fundamental deixar o solo exposto ao sol por cerca de
cinco dias. Depois, fazer a calagem com cerca de 500 kg de calcário por hectare, dis-
tribuído manualmente e de forma mais homogênea possível. Contudo, a quantidade
de calcário depende do pH do solo. Se estiver entre 5,5 e 6,5, cerca de 1.500 kg por
hectare serão necessários.
Para beneficiar o plâncton, um dia após a calagem e o enchimento de água, deve-se

fazer a adubação orgânica, com esterco bovino (cerca de 5.000 kg/ha) ou cama de aves
(cerca de 2.000 kg/ha), de forma mais homogênea possível. O uso de adubo químico,
como a ureia e o superfosfato simples, também são recomendados devido à facilidade
de aplicação e por reduzirem os resíduos acumulados na água pelos adubos orgânicos.
Lembre-se de que sete dias após a adubação, é possível fazer a alevinagem.
Ação no campo
Antes de liberar a água para encher o tanque, coloque uma tela
fina para evitar a entrada de predadores no viveiro, libere a água
até completar cerca de 1 m e interrompa a vazão. Somente
reponha a água até esse nível no primeiro momento.
Para definir a alimentação, o ideal é saber a biomassa do viveiro, de forma que se retire
uma amostra e faça a multiplicação pela quantidade total estimada de peixes.

Ração a fornecer conforme biomassa
Peso médio do peixe (em gramas) % da biomassa em ração
Até 5 10
5 a 20 8
20 a 50 6
50 a 100 4
100 a 200 3,5
200 a 300 3
300 a 500 2,5
Exemplo: se o peso médio dos peixes foi de 30 gramas e colocaram-se 1.000 alevinos,
tem-se 30 kg de biomassa de peixe no viveiro. Portanto, deve-se fornecer 6%, ou seja
1,8 quilo de ração por dia, em três vezes.
Alguns cuidados são necessários para a criação de peixes:

• pesar os peixes no mínimo uma vez ao mês;
• monitorar o oxigênio dissolvido;
• nas primeiras horas da manhã, observar se há peixes com dificuldade de respirar,
pois, neste período, a quantidade de oxigênio dissolvido é menor;
• manter anotações em dia com os controles de cada viveiro, com data de alevinagem,
espécie, número de peixes, despesca prevista, peso nas amostragens, alimento
fornecido e quantidade de adubo usado.
Vale lembrar que, dois dias antes da captura e do abate dos peixes, deve ser suspensa
a alimentação. E 15 dias antes, deve-se interromper a adubação do viveiro.
Saiba mais
Para conhecer mais sobre o manejo na piscicultura, acesse o
material disponível na biblioteca do AVA.
3.3 Construção de viveiros
O sucesso da piscicultura depende muito da correta construção dos viveiros. Fatores

como relevo, disponibilidade de água, mercado e ciclo de produção influenciam muito
a rentabilidade da venda de peixes, sem contar o clima, os insumos, a mão de obra e
a assistência técnica, determinantes para o resultado final.

O maior custo da piscicultura é a construção do viveiro e a movimentação de terra,

que depende da topografia local. Por isso, deve ser feito um bom planejamento e um
projeto para que seja aproveitado ao máximo as potencialidades da área.
O viveiro construído na terra deve começar com uma boa limpeza da área, remoção da
vegetação e de restos de raízes; ser, preferencialmente, escavado, com pouca profun-
didade (1,5 m) e possibilitar o esvaziamento total. O ideal é que esteja próximo das
instalações, para facilitar a alimentação e a vigilância, além de ser construído em um
local com insolação direta.
Atenção
O solo do viveiro também é importante: deve conter grande
quantidade de argila (mais de 20%) para, assim, reter água.
A fonte de água deve chegar, de preferência, por declividade (não ser poluída e em
abundância) que permita o controle da vazão para dentro do viveiro, por meio de canal
ou tubo plástico.
O formato ideal do viveiro é retangular, pois facilita o manejo de despesca e o uso da

água. Em um viveiro retangular, o ideal é que o comprimento seja três vezes a largura,
e a profundidade não ultrapasse os 2 m e 0,8 m na parte mais rasa.

Uma profundidade menor que 0,5 m favorece o desenvolvimento
de plantas aquáticas; com mais de 2 m de fundura, torna-se
pouco viável o crescimento de peixes, devido à baixa tempe-
ratura do fundo.
O tamanho varia bastante, mas o mais indicado é de 2.000 a 5.000 m² para facilitar
o manejo. O fundo do viveiro deve ter declividade de cerca de 0,5% a 1% em direção
ao escoadouro, que deve ficar do lado oposto à entrada de água.
A saída de água pode ser controlada por um cano de PVC, de cerca de 100 mm con-
forme o tamanho do açude, feito em forma de cotovelo, e retirada quando chegar no
nível indicado. Além do cotovelo, é necessária a construção do escoadouro, que evita
o transbordamento, 10 cm acima do nível da água.
Por dentro da lei

A implantação de projetos de piscicultura requer autorização
legal dos órgãos competentes, especialmente do Ibama. É ne-
cessário ter atenção, pois a informalidade pode impedir a co-
mercialização e a continuidade da criação de peixes. Sempre que
necessário, verifique nos órgãos competentes a necessidade de
licenciamento ambiental de cada estado. O potencial poluidor
da piscicultura é classificado como pequeno, em torno de até 3
hectares de lâmina de água.
3.4 Espécies criadas
Várias espécies de peixes são recomendadas para a criação, a depender das condições
climáticas, da adaptação local e da disponibilidade de alevinos para o povoamento. O
ideal é focar em peixes com alta produtividade, resistentes ao manejo e ao transporte.
A seguir, veja alguns dos principais peixes de água doce cultivados no Brasil:
Carpa-espelho – também chamada de carpa-co-

mum, é rústica e resistente, se desenvolve bem em
viveiros e aceita vários alimentos. Pode chegar a 2
kg em um ano.

Carpa-prateada – cresce rapidamente e é um
peixe filtrador, ou seja, alimenta-se principalmente
de fitoplâncton.
Carpa-capim – alimenta-se principalmente de ve-

getais; é herbívora: come não somente plantas sub-
mersas, mas pastagem; tem crescimento elevado
e não se reproduz em viveiro.
Carpa-cabeça-grande – tem crescimento rápido

e pode ser criada com outras espécies. Alimenta-se
de algas e crustáceos pequenos; só se reproduz
com a indução hormonal.
Tilápia-do-Nilo – rústica, pode atingir 0,9 kg em

um ano. Não suporta água fria e se reproduz até
três vezes ao ano.
Dentre as principais doenças que acometem os peixes, destacam-se:
Apodrecimento das nadadeiras
Ocorre por ação de bactérias. As nadadeiras ficam brancas e desmancham-se. Tem-

peratura baixa e pH alto favorecem o aparecimento.
Saprolegniose
Doença causada por fungo. Os peixes desenvolvem manchas brancas por todo o corpo.
Intoxicação alimentar
Causada pelo excesso de alimento ou pela sua deterioração.

Ctiopiríase
Ocorre devido à baixa temperatura. O corpo do peixe fica coberto com pequenos
pontos brancos; os animais ficam inquietos e se raspam.
Argulose
Provocada por um crustáceo, é também chamada de piolho de carpa.
Hidropisia infecciosa
A intestinal causa acúmulo de líquidos no abdômen, e a ulcerosa forma manchas de

sangue no corpo do peixe; ambas destroem as nadadeiras.
3.6 Novas alternativas para a piscicultura
A maioria dos estados brasileiros tem grande potencial para a piscicultura, em vista da
disponibilidade de água e de temperaturas elevadas o ano todo. Essas características
edafoclimáticas favorecem a piscicultura e a criação consorciada com outras espécies,
como camarão.
As duas espécies, embora usem o mesmo ambiente de criação, não competem entre
si pelo alimento fornecido e podem conviver simultaneamente com benefícios mútuos
durante o ciclo de cultivo.
Estamos chegando ao fim deste tópico. Mas, antes de encerrá-lo, que tal fazer a ativi-
dade a seguir para fixar seus conhecimentos?
1. A alimentação dos animais é uma prática importante para que possam ingerir todos
os nutrientes necessários à sua produção. Em relação à alimentação dos peixes,
assinale a única alternativa correta.
a) A alimentação não varia conforme as estações do ano e sempre deve ser fornecida
na mesma quantidade.
b) A quantidade a ser fornecida varia de acordo com a quantidade de peixes por m²,
sem que seja necessário conhecer a espécie em cultivo.
c) A quantidade de plâncton no viveiro não é estimulada pela adubação.
d) A calagem auxilia na manutenção do pH ideal e não beneficia a criação dos peixes.
e) Para definir a quantidade de ração a ser fornecida, é necessário ter uma estimativa
da quantidade de peixes no viveiro.

No Tema 12, foram apresentados aspectos relacionados ao manejo geral de aves, suínos
e peixes, com o objetivo de identificar os principais pontos vinculados ao bom manejo
dos animais, sem deixar de lado o bem-estar animal.
Com os conhecimentos adquiridos, você agora pode propor e desenvolver práticas de

manejo racionais para favorecer a obtenção de bons resultados.

13
Produção de
animais ruminantes
Tema 13: Produção de animais
ruminantes
A criação de bovinos leiteiros, bovinos de corte, ovinos e caprinos está presente de
maneira muito forte em várias regiões do Brasil. Por isso, conhecê-las mais profun-
damente é fundamental. No tema de aula Produção de animais ruminantes, você
estudará a importância econômica dessas produções e como fazer o manejo adequado
em cada uma delas.
Com os conhecimentos adquiridos neste tema, você vai desen-
volver as seguintes capacidades:
• conhecer a escala de produção; e

dos serviços.

Tópico 1: Sistemas de produção de bovinos leiteiros
Como você viu no Tema 7, o Brasil ocupa, atualmente, o 6º lugar no ranking mundial de
produção de leite, com 38 bilhões de litros. Esse dado demonstra a importância de se
conhecer esse sistema para o agronegócio nacional, tanto do ponto de vista econômico
quanto de como proceder para ter um manejo eficaz.
O leite tem importante papel social em nosso país, pois garante renda mensal, emprega
diversas famílias e contribui para minimizar o êxodo rural.
Com mão de obra escassa e em ida-

de avançada, no campo, o desafio é
manter o negócio do leite em longo
prazo. Contudo, se bem conduzida,
essa atividade pode garantir quali-
dade de vida às famílias que têm na
atividade leiteira sua principal fonte
de renda.
1.2 Sustentabilidade dos sistemas produtivos
Sustentabilidade leiteira é um tema complexo na cadeia produtiva do leite, na qual

estão envolvidos diversos atores:
Produtor Transportador Laticínio Vendedor Comércio Consumidor
Ter sustentabilidade significa satisfazer as necessidades de todos estes atores e se com-

prometer com as necessidades daqueles que virão e continuarão a desenvolver esse
emaranhado de interesses. Lembrando, ainda, que, para qualquer cadeia sustentável,
é necessário o respeito a três pilares: social, econômico e ambiental.

Logo, uma pecuária sustentável deve contemplar:
• a manutenção dos recursos naturais e da produtividade;
• menor impacto ao meio ambiente;
• retorno adequado aos produtores;
• otimização da produção com o mínimo de insumos químicos;
• satisfação das necessidades de alimentos e de renda; e
• atendimento às necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.
1.3 Manejo geral
A criação de bezerras e novilhas, por não proporcionar ganho imediato, muitas vezes
é deixada em segundo plano. Todavia, o sucesso da pecuária leiteira está na produção
das bezerras e novilhas no presente. Assim, o objetivo é obter uma vaca ótima pro-
dutora de leite e crias com grande capacidade de ingestão de pasto, alta longevidade,
que tenha tamanho e peso segundo os padrões da raça. Então, confira, a seguir, quais
cuidados o produtor deve ter durante a criação desses animais.
Atenção
É importante ressaltar que os primeiros cuidados se iniciam
antes do nascimento da bezerra: a vaca gestante deve ter uma
nutrição adequada e, 30 dias antes do parto, no fim do período
seco, de 60 dias, deve ficar em um piquete-maternidade, com
uma dieta pré-parto apropriada, pasto baixo, água e sombra,
preferencialmente perto das instalações, para que possa ser
observada periodicamente.
É fundamental, nas primeiras horas

de vida, fazer adequadamente a co-
lostragem (fornecimento de colos-
tro). Além disso, não se deve negli-
genciar outros cuidados, como
limpeza do focinho logo após o nas-
cimento, cura do umbigo, pesagem
e identificação.

Dica
Se uma bezerra nasce com 40 kg de peso vivo, deve tomar 4 L
de leite até 12 horas após o seu nascimento.
Alimentação e manejo
A principal função do fornecimento de concentrado é o desenvolvimento das papilas

do rúmen, o que vai fazer com que a bezerra comece a ruminar mais rapidamente e,
em consequência, consuma e aproveite os nutrientes da pastagem e do feno de forma
mais eficiente. Este concentrado pode ser fornecido a partir da primeira semana de
vida. Segundo Ramon (2012), o desmame deve ser feito quando a bezerra consumir,
por três dias consecutivos, a quantidade de concentrado abaixo, conforme a raça:
Raça Consumo de concentrado por dia
Holandês 1,0 kg
Girolando 0,85 kg
Jersey 0,70 kg
É importante que a água esteja disponível à bezerra para suprir a falta de saliva e esti-
mular o consumo de concentrado. Também se deve observar a limpeza dos bebedouros,
pois só o fato de limpá-los estimula a ingestão de água. Em relação ao feno, o consumo
precoce permite o desenvolvimento mais rápido da musculatura do rúmen; pode ser
fornecido a partir dos 30 dias de vida.
Novilhas leiteiras
Um dos principais objetivos de criar as novilhas na propriedade é a reposição das va-

cas que são descartadas, além da venda das excedentes, o que se reflete em mais um
aporte de recurso na empresa rural além do leite.
De acordo com Ramon (2012), o primeiro parto deve acontecer aos 24 meses, mas
com peso adequado à inseminação, aos 15 meses, conforme a raça:
Raça Peso para 1ª inseminação artificial
Holandês 350 kg
Girolando 300 kg
Jersey 250 kg

A superalimentação também é prejudicial, pois ganhos acima de 900 gramas por dia
podem provocar o surgimento de gordura na glândula mamária, onde deveria haver
tecido secretor de leite. Portanto, principalmente na puberdade (8 a 10 meses), quando
o crescimento da glândula mamária é acelerado, o ganho de peso diário não deve ul-
trapassar 700 gramas por dia para novilhas da raça Holandesa, 600 gramas para raças
mistas, e 500 gramas para a raça Jersey.
Por isso, o ideal é garantir bom desenvolvimento à novilha, para que atinja o peso
necessário para a primeira inseminação aos 15 meses e peso ideal ao primeiro parto
aos 2 anos.
Necessidades das vacas
Para definir as exigências de uma vaca leiteira, é preciso considerar diversos fatores,
tais como:
• produção de leite;
• estágio de lactação;
• idade;
• consumo de matéria seca;
• condição corporal; e
• tipos e valor nutritivo dos alimentos fornecidos diariamente.
Atenção
Muito cuidado com vacas excessivamente magras ou gordas,
pois podem apresentar distúrbios metabólicos, menor produção
de leite e baixa resistência a doenças.
Uma das fases de maior exigência nutricional de uma vaca são as primeiras semanas
pós-parto, quando não conseguem consumir alimentos suficientes para sustentar o
aumento de produção, quando ocorre o Balanço Energético Negativo (BEN). Por isso,
é recomendado alimentar a vaca com cerca de 2 kg de concentrado por dia para com-
pensar a queda na ingestão de pasto. Cerca de 70% dos distúrbios metabólicos aconte-
cem entre 21 dias antes e 21 dias após o parto. Portanto, esse é o principal período
crítico da vaca.
Manejo no período seco
Lembre-se de que o período seco (60 dias antes do parto), fase em que a vaca não
produz leite e se prepara para a próxima lactação, é fundamental para obter ótimas
produções nas lactações seguintes.

A ordenha estimula a produção de
leite e, ser interrompida, cessa o es-
tímulo e há, primeiramente, a rea-
bsorção do leite residual da glându-
la mamária e, posteriormente, a
interrupção da secreção.
Volumoso: concentrado
O aumento no teor de concentrado na dieta de uma vaca leiteira pode levar à diminuição
no teor de sólidos do leite. Quando a percentagem de concentrado ultrapassa 50% da
dieta total, há redução na concentração de gordura do leite. Isso ocorre devido a uma
alteração no rúmen do animal, onde há maior concentração de ácidos graxos. Eles re-
duzem o potencial de hidrogênio (pH), o que torna ambiente ruminal mais ácido e com
menor degradação de fibra, o que pode levar o animal à acidose.
Glossário
Acidose ruminal: doença metabólica que tem como causa
principal a alta ingestão alta ou outros carboidratos não fibrosos
que fermentam rapidamente no rúmen. Pode ser causada por
uma mudança brusca na dieta.
Mineralização
Com o avançar da produtividade das vacas de leite, é cada vez mais desafiador fornecer
todos os nutrientes e minerais necessários para a produção. O correto fornecimento de
minerais depende de muitos fatores, como a localização adequada dos cochos, o local
de armazenagem do sal mineral, a frequência do abastecimento do cocho e, principal-
mente, o controle a ser feito.

Os minerais são divididos em macrominerais e microminerais.
Os macrominerais, aqueles que o organismo necessita em maior
quantidade, são: Ca, P, Na, Mg, S, K e Cl. Os microminerais,
aqueles que o organismo necessita em menor quantidade, são:
Cu, Co, Fe, I, Mn, Se e Zn.
Importância da água
A melhor forma de fornecer água aos animais é por bebedouros artificiais, que facilitam
o monitoramento da qualidade da bebida. O consumo em fontes naturais, como lagos
e rios, pode trazer riscos à saúde dos bovinos, além de prejuízos ambientais devido ao
acesso dos animais aos cursos de água e à contaminação por fezes e urina.
Qualidade do leite
Durante o processo de ordenha, o leite poderá se contaminar por microrganismos

presentes no ambiente, na pele do animal, nas mãos do ordenhador e nos utensílios
utilizados na ordenha. A contaminação provoca perda na qualidade que, muitas vezes,
é representada pela acidificação do produto, causada pela multiplicação bacteriana.
Por isso, é importante ter cuidado nesse processo, uma vez que produzir leite de quali-
dade é uma necessidade para conseguir vendê-lo para novos mercados consumidores,
pois há um crescimento na produção maior que o consumo.
Instrução Normativa 76 e 77 (IN 76 e IN 77)
As Instruções Normativas 76 e 77 definem os padrões de qualidade que o leite brasileiro

deve possuir. O leite cru refrigerado deverá ser analisado por laboratório credenciado na
Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade do Leite (RBQL), que monitora
a qualidade da bebida no país. As análises conduzidas pelos laboratórios são:
• Contagem Padrão em Placas (CPP), que indica a contaminação do leite.
• Contagem de Células Somáticas (CCS), que indica a ocorrência de mastite.
• Determinação dos teores de gordura, lactose, proteína, sólidos totais e sólidos de-
sengordurados.
• Pesquisa de resíduos de produtos de uso veterinário (deve indicar ausência).

Por dentro da lei
Para que se enquadrem nos padrões da IN 76, o leite cru re-
frigerado deve apresentar médias geométricas trimestrais de
Contagem Padrão em Placas de, no máximo, 300.000 UFC/ml
(trezentas mil unidades formadoras de colônia por mililitro), e
de Contagem de Células Somáticas de, no máximo, 500.000
CS/ml (quinhentas mil células por mililitro).
Além de determinar CBT e CCS, também é avaliada a composição do leite, que deve
ter os seguintes padrões mínimos, para o leite cru refrigerado:
Gordura Proteína Sólidos não gordurosos
3,0% 2,9% 8,4%
Atenção
Leite com baixa CBT: indica que foi obtido com higiene, bem
resfriado e, assim, evita perdas com leite ácido.
Leite com baixa CCS: indica que as vacas não têm mastite,
estão saudáveis e, assim, evita quedas na produção e aumenta
o rendimento do produtor e da indústria.
Leite com alto teor de sólidos: indica que as vacas são bem
alimentadas. Assim, aumenta a produção de leite e a saúde
das vacas.
Leite sem resíduos de antimicrobianos: indica prevenção

de doenças e descarte do leite contaminado. Assim, a indústria
não penaliza e o produtor ganha.
O leite deverá atingir 4 °C em tanques por expansão no tempo máximo de duas ho-
ras após a ordenha, para inibir o crescimento de bactérias. A acidez do leite aumenta
quando ele não é resfriado após a ordenha e permanece muito tempo em temperatura
ambiente antes de chegar ao laticínio.
Para eliminar resíduos no leite, deve-se aplicar medicamentos somente quando ne-
cessário; descartar o leite das vacas tratadas durante o prazo de carência, conforme
a bula; marcar as vacas tratadas com pulseira, para que todos saibam; lavar bem os
equipamentos sempre que ordenhar uma vaca tratada.

Ordenha higiênica
A ordenha higiênica é a forma de atingirem-se os parâmetros de qualidade exigidos

pela indústria e pelos consumidores, sem ignorar a importância da saúde do animal e
da conservação do leite.
Inicialmente, deve ser feita a ordenha das vacas de primeira cria, seguidas das de maior
produção e, por fim, as de menor produção. Se existirem vacas com mamite (mastite),
devem ser ordenhadas separadas e seu leite deve ser descartado.
Além disso, o ordenhador deve estar sadio, manter as unhas bem aparadas, lavar as
mãos antes da ordenha e usar roupas limpas. Também deve usar botas, boné ou gorro
e não fumar ou comer durante a ordenha.
A sequência de uma boa ordenha é a seguinte:
1º Condução lenta e tranquila das vacas à ordenha.
2º As vacas devem aguardar a ordenha em um local limpo e tranquilo.
3º As tetas das vacas devem ser lavadas somente se estiverem muito sujas.
4º Fazer o teste da caneca ou o CMT.
5º Aplicação da solução pré-dipping nos tetos (antes da ordenha).

6º Enxugar os tetos com papel toalha.
7º Abrir o registro sob o úbere e colocar as teteiras nas tetas sem a entrada de ar.
8º Retirar suavemente as teteiras quando diminuir significativamente o fluxo de leite.
9º Mergulhar os tetos no frasco aplicador de solução pós-dipping (depois da ordenha).
10º Liberar as vacas de forma tranquila.
11º Conduzir à alimentação, para que permaneçam em pé até o fechamento do teto.
Dica
A inibição da descida do leite (quando a vaca “esconde o leite”)
ocorre devido a barulho, maus tratos, susto, estresse ou mu-
dança no manejo, o que libera adrenalina e provoca bloqueio
na liberação da ocitocina. Por isso, uma dica importante é ter o
máximo de cuidado, da condução das vacas ao local de ordenha
até o fim de todos os procedimentos.
Um dos principais cuidados que deve ser observado é a higiene dos equipamentos
de ordenha, o que depende muito do cuidado do ordenhador, que deve seguir uma
rotina à risca. É necessário lavar os equipamentos com água limpa e detergente sem
cheiro ou sabão neutro. Os latões de leite (recipientes de lata, geralmente de 50 L,
que servem para acondicionar o leite) deverão ficar de boca para baixo. A adequada
sequência de higiene da ordenha mecânica é a seguinte:
1º Enxágue a ordenha por cinco minutos com água a 40 ºC.
2º Circule detergente alcalino em água a 70 ºC por 10 minutos.
3º Enxágue com água fria por cinco minutos.
4º Uma vez por semana, circule detergente ácido em água a 40 ºC por 10 minutos.

Dica
Algumas dicas para evitar alta contagem bacteriana são:
• prevenir e tratar mastites;
• usar água potável e clorada para a limpeza dos equipamentos

e dos tetos das vacas;
• limpar equipamentos, estábulo e sala de ordenha;
• evitar o acúmulo de esterco no estábulo e arredores;
• boa higiene na ordenha;
• resfriamento do leite; e
• ter uma boa rotina de ordenha.
Instalações para animais leiteiros
Para aumentar a eficiência da atividade leiteira, é preciso ter muita atenção ao manejo.
Ele está diretamente ligado às instalações, à redução dos custos e à necessidade de
mão de obra e proporciona conforto e maior produtividade aos animais por meio de
instalações bem planejadas. Construir locais práticos e funcionais torna o trabalho diário
mais fácil, porém, devem ser construídos com o menor custo possível.
O planejamento é fundamental para definir o local adequado e
o uso das instalações. Mas não há uma receita que sirva para
todas as propriedades, pois, há muitas variáveis: raça, mão de
obra, relevo, área, financeiro, acessos e objetivo da explora-
ção leiteira.
Outro fator que precisa ser levado em consideração antes do início da construção é
o enquadramento nas leis ambientais, pois a atividade leiteira pode provocar um
grande impacto no meio ambiente.

O local também deve ter fornecimen-
to de energia elétrica de qualidade,
ou seja, sem oscilações, e segura;
água de boa qualidade, vias de aces-
so bem pavimentadas, que permitam
acesso fácil, e área que permita am-
pliação futura.
No que se refere à orientação solar, as instalações devem ser construídas no sentido

leste-oeste, no caminho do sol, para que sejam mantidas as boas condições de tem-
peratura dentro do galpão.
Para uma empresa rural leiteira, são necessárias as seguintes instalações:
Galpão
Para armazenamento de alimentos.
Área de espera
Onde as vacas ficam, antes de entrar na sala de ordenha.
Sala de ordenha
Local que protege o tanque resfriador e serve para lavar e armazenar equipamentos
de ordenha.
Sanitários
Permitem a máxima higiene do ordenhador.
Bezerreiras
Instalações onde permanecem os animais recém-nascidos até o desmame.
Área de parto
Local para dar atenção adequada no pré-parto.

Esterqueira
Para acondicionamento de fezes dos animais.
Bebedouros
Devem ter capacidade de acordo com o tamanho do rebanho.
Cocho para mineral
Para armazenar o sal mineral e protegê-lo da umidade; idealmente, o saleiro deve

ter de 6 a 10 cm/animal).
Brete para contenção, tratamentos e vacinações
Serve para fazer os manejos e deve oferecer segurança às pessoas e aos animais.
Cercas
Arame liso e/ou eletrificada.
É importante que você compreenda que o objetivo de uma
instalação bem planejada e executada é o bem-estar huma-
no e animal.
O planejamento facilita e otimiza o trabalho diário, além de for-

necer condições ideais para que as vacas expressem todo o seu
potencial de produção e tenham longevidade na vida produtiva.
Atenção! As instalações para bovinos leiteiros devem ser sim-

ples, de baixo custo e muito eficientes, além de proporcionar
bem-estar ao criador e aos animais pelo tempo em que forem
usadas. A vida útil da maioria das instalações é de 30 anos.
1.4 Inovação para a produção de leite
A busca por melhorias na atividade para conseguir alavancar a produção de leite com
qualidade é constante. Dessa forma, alguns assuntos podem despertar o interesse do
produtor e servir de base para que sejam implantadas nas propriedades rurais leiteiras.

O leite orgânico não contém resíduos químicos. O valor nutricional
é o mesmo do leite convencional e o sabor também. Porém,
Leite orgânico
o orgânico é mais saudável, porque não há agroquímicos no
processo de produção.
Alergia às proteínas lácteas e sensibilidade a produtos lácteos

Leite A2A2 podem gerar certo desconforto gástrico após a ingestão do leite
ou derivados.
Nos rebanhos de bovinos de leite, há três tipos possíveis de genótipos para a produção
de caseína: as vacas A1A1, vacas A1A2 e vacas A2A2.
Em vários estudos, o leite A2 é con-

siderado hipoalergênico, ou seja,
causa menos reações alérgicas. En-
tão, o leite proveniente de vacas
A2A2 é um produto que pode ser
ingerido por indivíduos sensíveis à
beta-caseína A1 com maior seguran-
ça, devido ao menor aparecimento
de sinais clínicos referentes ao
seu consumo.
Porém, é necessário fazer um teste de genotipagem para a confirmação da caseína

presente no leite (RIBEIRO, 2021).
A prevenção de doenças é considerada um bom investimento relacionado às melhorias

das condições de saúde dos rebanhos leiteiros. As doenças mais comuns são:
• Mastite: inflamação da glândula mamária causada por bactérias;
• Tristeza parasitária bovina: infecção causada por protozoários;
• Brucelose: provoca abortamento nas vacas em torno de 6-7 meses de gestação;
• Tuberculose: pode ser transmitida pelo ar ou via entérica (intestino);
• Febre aftosa: é uma doença viral altamente contagiosa;
• Leptospirose e clostridioses: doenças causadas por bactérias; e
• Doenças de casco: conjunto de enfermidades que afetam a extremidade dos

membros do bovino.

Importante
Vale destacar que, em maio de 2021, o Brasil obteve o reconhe-
cimento internacional de novas zonas livres de febre aftosa sem
vacinação em seis estados: Paraná, Rio Grande do Sul, Acre,
Rondônia e parte do Amazonas e do Mato Grosso. O reconheci-
mento foi conferido pela Organização Mundial de Saúde Animal
(OIE) e vale também para bovinos de corte.
Estamos chegando ao fim deste tópico. Mas, antes de encerrá-lo, que tal fazer a ativi-
dade a seguir para fixar seus conhecimentos?
1. Vacas devem ser alimentadas com rações balanceadas para atender às suas exi-
gências diárias e evitar problemas na lactação. Devem também ser manejadas
corretamente para a evitar estresse. Assinale a resposta correta em relação à
alimentação e ao manejo de vacas leiteiras.
a) O excesso de concentrado na dieta de vacas pode provocar queda na produção de

gordura do leite.
b) Vacas leiteiras não sofrem com Balanço Energético Negativo (BEN).
c) O período destinado à alimentação deve durar o menor tempo possível.
d) A água fornecida às vacas pode vir diretamente de fontes, lagos e rios sem a ne-
cessidade de se avaliar a qualidade.
e) Vacas leiteiras no pré-parto não precisam de minerais na sua dieta.
Tópico 2: Sistemas de produção de bovinos de corte

Assim como os bovinos leiteiros, a produção dos bovinos de corte também represen-
ta uma parcela muito importante para a economia e a sociedade brasileira. Por isso,
os próximos subtópicos destinam-se a demonstrar as boas práticas relacionadas a
esse sistema.
O objetivo da bovinocultura de corte é melhorar a eficiência reprodutiva do rebanho,

reduzir perdas, aumentar o ganho em peso, aumentar o rendimento de carcaças, redu-
zir a idade de abate, reduzir a idade à primeira cobertura e a idade ao primeiro parto.

Assim, poderemos atender a mercados mais exigentes e agregar valor à carne brasileira
com a comercialização de carnes nobres e respeitar o meio ambiente.
Segundo Ramon (2012), o foco deve ser na melhoria dos índices produtivos e repro-
dutivos, conforme tabela a seguir:
Índices Melhorado Média Metas
Natalidade > 70% > 80% > 85%
Mortalidade até a desmama 6% 4% < 3%
Taxa de desmama 65% 75% > 80%
Mortalidade pós-desmama 3% 2% < 1%
Idade à primeira cria 3-4 anos 2-3 anos < 2 anos
Intervalo entre partos 16 meses 14 meses < 12 meses
Idade de abate 3 anos 2,5 anos < 24 meses
Peso da carcaça 220 kg 230 kg > 240 kg
Lotação 1,2 cab/ha 1,6 cab/ha > 2,0 UA/ha
Produção - arroba/ha/ano - - > 16 arrobas
Nosso país é o quinto maior do mundo em área. Tem cerca de
174 milhões de hectares de pastagens. No entanto, tem aproxi-
madamente 120 milhões de hectares de pastagens degradadas.
Ou seja, quase 70% dos pastos estão em algum estágio de
degradação, e o boi que se alimenta de pasto degradado de-
mora cerca de 50 meses para atingir o peso de abate (REVISTA
GLOBO RURAL, 2015).
2.2 Sustentabilidade
Neste item, vale a pena destacar que a preocupação com a sustentabilidade é a mesma
presente na pecuária leiteira. Porém, aqui, a atenção deve estar voltada aos diferen-
ciais relacionados à pecuária de corte, que tem os frigoríficos como elos importantes
desta cadeia.

2.3 Manejo geral
Bovinos de corte podem ser alimentados tanto à base de pasto como também em sis-
temas confinados. Dessa forma, é importante o planejamento alimentar. Devem ser
considerados os alimentos a serem fornecidos, bem como as características dos animais
(raça, sexo, idade, estado fisiológico etc.).
É importante focar nas estratégias para aumentar a produtividade com foco em nutri-
ção, genética, reprodução e sanidade, e recordar que os machos são mais eficientes
na engorda do que as fêmeas, e assim, eles têm maior ganho de peso nas mesmas
condições.
Instalações para bovinos de corte
Deve-se lembrar que o objetivo das instalações é facilitar o manejo e abrigar os animais
contra extremos climáticos. É necessário um bom planejamento para que cumpram sua
função e tenham custos racionais.
A primeira necessidade é um centro de manejo que possua:

• currais;
• brete;
• tronco;
• seringa;
• balança; e
• embarcadouro.
Nesse local, são feitas a apartação, a identificação, a descorna, o manejo sanitário, a

vacinação, o embarque e o desembarque, a castração, os exames, a inseminação ar-
tificial e o combate aos parasitas.
A localização do curral deve ser pró-

xima à sede, para ser de fácil aces-
so, e o local deve ser seco, plano e
não suscetível à erosão. Deve tam-
bém ter fornecimento de energia
elétrica, água, vias de acesso que
permitam a circulação mesmo com
excesso de chuvas, além de área
suficiente que permita a amplia-
ção futura.

2.4 Inovação na produção de carne
Alimentação em cocho privativo e dietas de alto grão são inovações que trazem algumas
vantagens na produção de bovinos de corte. Conheça quais são a seguir:
Alimentação em cocho privativo
Com o uso dessa tecnologia, o objetivo é fazer a suplementação alimentar para os be-
zerros durante a fase em que mamam. Essa estrutura é bastante simples e compõe-se
basicamente de um pequeno cercado, onde ficam os cochos. A vantagem dessa técnica
é permitir a desmama de bezerros mais pesados e proporcionar redução no tempo de
abate dos animais.
Atenção
Para facilitar o acesso dos bezerros, a área de suplementação
deve estar localizada junto às áreas de descanso das vacas, dos
bebedouros ou nas proximidades do cocho de sal.
Deve ainda ter área de 1,5 m²/bezerro, com espaço de 2 m entre o cocho e a cerca, para
circulação. Disponibilizar cerca de 10 cm lineares de cocho por animal, um de cada lado.
É importante destacar que o aumento de peso durante a desmama com a utilização

desse sistema é variável.

Os fatores que influenciam a resposta são a quantidade e a qualidade do pasto, a pro-
dução de leite das mães, o potencial genético do bezerro, o sexo, a idade dos bezerros
na desmama, o tempo de administração, o consumo e o tipo de suplemento.
Dietas de alto grão
Dentre as principais vantagens dessa prática, destacam-se:

• elevar a concentração energética da dieta;
• reduzir a necessidade de área para a produção de volumoso;
• aumentar o ganho de peso e a eficiência alimentar;
• aumentar o peso de abate dos animais;
• melhorar a deposição de gordura de acabamento; e
• participar em programas de carnes especiais e, consequentemente, receber maior

remuneração.
Devido à facilidade de movimentação dos animais, cada vez mais, a pressão das doenças
é maior. Daí a importância das vacinações preventivas, como da aftosa, da brucelose,
da raiva e do carbúnculo.
Além das doenças já citadas para bovinos leiteiros, as doenças mais comuns que podem
atingir os de corte são:
• IBR (rinotraqueite infecciosa bovina), BVD (diarreia viral bovina), PI3 (pa-
rainfluenza) e BRSV (vírus sincicial respiratório bovino): viroses comumente
associadas a doenças respiratórias e perdas reprodutivas em bovinos; e
• Ecto e endoparasitoses: o controle de ectoparasitas (externos) e endoparasitas

(internos) deve ser bem executado, pois trazem grandes prejuízos à pecuária nacio-
nal. Na maioria das vezes, os parasitas não matam os animais, mas causam perdas
no ganho de peso e na qualidade do couro.
Atenção
Os principais ectoparasitos de bovinos são os carrapatos, os
bernes e a mosca-dos-chifres.

Só é recomendável combater esses
parasitas quando as infestações fo-
rem altas. Isso ocorre mais nos me-
ses de verão. Podem ser combatidos
com produtos com aplicação por
pulverização, pour-on (sobre o dor-
so do animal), em banheiros de as-
persão ou imersão e injetáveis.
Quanto aos parasitas internos (vermes em geral), a preocupação maior é com os ani-
mais jovens, pois os adultos são mais resistentes. Portanto, o combate a verminoses
deve estar mais voltado aos animais com menos de 3 anos. A melhor época para a
everminação deve abranger o período das secas.
Agora, é hora de fixar os conhecimentos adquiridos em relação ao que foi estudado

neste tópico. Para isso, responda à questão a seguir.
1. O controle de endo e ectoparasitas em bovinos tem importância para evitar queda
no desempenho. Porém, algumas práticas devem ser seguidas. Analise as afirma-
tivas abaixo, em relação ao controle de parasitas, e assinale a correta.
a) Os endo e ectoparasitas não causam perdas significativas ao rebanho.
b) Sempre que observar a presença de endo e ectoparasitas deve-se combatê-los.
c) Os ectoparasitas podem ser combatidos com pulverização, pour-on, banhos de as-

persão ou imersão e com produtos injetáveis.
d) Os endoparasitas não atrapalham animais jovens.
e) A vermifugação de animais jovens é desnecessária.
Tópico 3: Sistemas de produção de ovinos

O Brasil tem aproximadamente 16 milhões de cabeças ovinas distribuídas por todo o
país, concentradas em grande número no estado do Rio Grande do Sul e na região
Nordeste. Por esse número tão expressivo, torna-se essencial conhecer sua importância
econômica e como fazer o manejo com qualidade.

O sistema de produção de ovinos é uma alternativa de diversificação da renda, por meio

do leite, da pele, da lã e da carne ovina, mas sempre com o objetivo de maximizar os
resultados financeiros e a capacidade e a aptidão de cada empresa rural.
Os ovinos são uma espécie altamen-

te eficiente, com excelente conversão
alimentar de pasto em carne, alta
produtividade por hectare, ciclo re-
duzido de produção (cerca de 120
dias) e boa rentabilidade.
As ovelhas se adaptam a diferentes tipos de climas, relevos e
vegetações. A criação ovina está destinada tanto à exploração
econômica quanto à subsistência das famílias rurais.
3.2 Produtos ovinos
Antes de dar início à criação de ovelhas, é necessário fazer um bom planejamento, es-
pecialmente para definir a finalidade da produção e o mercado consumidor, para saber
quais produtos são demandados.
Carne ovina
A carne de ovino tem, em média, 274 cal/100 g, ou o mesmo que a carne bovina, mas
é mais digerível que a bovina e a suína. Todavia, o consumo dessa carne no Brasil ain-
da é baixo, com uma estimativa de 0,7 gr/hab/ano, enquanto que, na Nova Zelândia,
pode chegar a 49 kg.
Os ovinos destinados ao corte são divididos em classes, de acordo com a idade e o

sexo, bem como em tipos, de acordo com a conformação e a qualidade da carne, con-
forme segue:

• Cordeiro(a): até 7 meses de idade, com peso vivo de 15 a 25 kg;
• Borrego(a): entre 7 e 15 meses de idade, com peso vivo de 30 a 45 kg;
• Capão: macho castrado, com mais de 15 meses;
• Ovelha: fêmea adulta com idade acima de 15 meses, com peso vivo de mais de
35 kg;
• Carneiro: macho adulto, não castrado, com idade superior a 2 anos, carne pouco
atraente pelo aspecto, pela consistência e pelo sabor.
Dica
A carne de ovelhas e carneiros mais velhos deve ser mais usada
para o preparo de embutidos.
Leite ovino
Além de ser a principal fonte de nutrientes para os cordeiros durante as primeiras se-
manas de vida, o leite de ovelha e, principalmente, seus derivados, encontram ampla
oportunidade de mercado.
Esse leite contém quase o dobro de

sólidos totais que o de vaca: maior
teor de proteína, principalmente a
fração de caseína, e gordura. O ren-
dimento industrial chega a 18-25%,
ou seja: são necessários apenas 4-5
L de leite de ovelha para a produção
de 1 kg de queijo, enquanto se re-
quer de 8 a 12 L de leite de vaca
para fazer 1 kg de queijo.
Lã ovina
A lã pode ser classificada de acordo com as características das fibras e a qualidade do

velo. Um ovino passa a dar boa lã a partir dos dois anos de idade.
A melhor época da tosquia varia de acordo com a raça, o clima da região e o amadu-
recimento de certos vegetais, como as leguminosas, cujas sementes aderem ao velo
e desvalorizam a lã.

Atenção
As indústrias que processam lã são as maiores compradoras
do produto dos ovinocultores. A elas interessa todo tipo de lã
produzida, pelas quais pagam preços diferenciados conforme a
qualidade, desde que a tosquia seja feita de forma adequada.
Muitas vezes, os próprios tosquiadores representam as empresas como intermediadores

da venda. A diferença no preço pago tem a ver com a qualidade e o preço de venda do
que é produzido nessas indústrias.
Pele ovina
O criador de ovinos pode agregar valor às peles decorrentes do abate se as curtir, em

vez de comercializar o pelego in natura, que tem baixo valor agregado.
Glossário
Pelego: pele do carneiro com a lã.
A pele curtida pelo processo artesanal tem boa aceitação no mercado. O custo do curti-
mento equivale a 8 vezes o preço da matéria-prima bruta, enquanto o valor de mercado
da pele curtida vale cerca de 20 vezes mais.
O método de curtimento mais utilizado está alicerçado em sais de cromo, que conferem
maior elasticidade e maciez ao pelego, além de ser um produto facilmente encontrado
no mercado.
É importante que o ovino não seja abatido cansado ou ferido,
pois os animais nestas condições tendem a produzir pele sem
brilho e com queda de lã. A sangria deve ser completa.
As peles de animais mortos no campo, ou secas ao sol, embora

com boa aparência, devem ser descartadas, pois apresentarão
danos irreversíveis na qualidade do pelego.

3.3 Manejo geral
Em geral, os ovinos podem ser mantidos a pasto, sempre com água e sal mineral à von-
tade. Em determinadas épocas do ano, pode ser necessário o fornecimento de forragem
conservada, como a silagem. Também é recomendável a suplementação alimentar de
ovelhas no terço final de gestação, em lactação, cordeiros desmamados e reprodutores
em serviço de monta.
Os ovinos preferem pastos com estatura média a baixa. Assim, as pastagens recomen-
dadas para ovinos são aquelas de hábito estolonífero, que emitem ramos rasteiros e
que enraízam rente ao solo, como:
• Gênero Cynodon - Jiggs, coast-cross, Tifton e estrelas;
• Gênero Digitaria - capim-pangola;
• Gênero Panicum – aruana e áries;
• Gênero Paspalum – capim-pensacola.
As gramíneas do gênero Brachiaria, apesar da vantagem de propagação por semente e

da acentuada persistência e rusticidade, apresentam baixo valor nutritivo, o que limita
sua utilização àquelas categorias de menor exigência nutricional.

Atenção
Evite pastagens de Braquiaria decumbens devido à maior inci-
dência de fotossensibilização. Nessa forrageira, se prolifera um
fungo que produz uma substância causadora da hepatite tóxica
no fígado.
Manejo dos cordeiros
É recomendável que o cordeiro permaneça, pelo menos, 15 dias em local limpo. Confira
a seguir os cuidados a serem tomados durante o manejo:
• corte e desinfecção do umbigo feitos com tesoura desinfetada, a 5 cm do abdômen,
e tintura de iodo (10%);
• assinalação e marcação para a identificação dos animais; e
• desmame, que pode ser precoce (35 a 45 dias), semiprecoce (45 a 70 dias), normal
(80 a 80 dias) ou tardio (após 80 dias).
A definição do período para desmama depende das condições da criação.
O creep-feeding, ou alimentação em cocho privativo, é o sistema
de suplementação que permite somente o acesso das crias, com
o objetivo de desmamar cordeiros mais pesados, possibilitar
desmame precoce, reduzir a idade de abate, permitir rápida
recuperação das ovelhas e reduzir a contaminação dos cordei-
ros pelas ovelhas. Pode ser localizado junto à área de descanso
ou aprisco e deve ser provido de abertura com dimensões de
25 a 30 cm de altura e 15 a 17 cm de largura para impedir a
passagem das ovelhas.
Instalações para ovinos
É aconselhável a construção de um galpão, chamado de aprisco, perto da casa do tra-

tador, para impedir o acesso de predadores, dimensionado para 1 m2/animal.
A construção pode ser rústica, com pé direito com altura que favoreça a ventilação e
com paredes de 1,50 m de altura. Deve ter divisões internas (baias) de 2 x 2 m a 2 x
3 m cada uma, com comedouro e bebedouro para os reprodutores.

Atenção
Os ovinos deverão permanecer no local o menor tempo possível
para não limitar o pastejo. O aprisco pode ser de chão ripado,
de cimento ou de terra batida.
É imprescindível a construção de um curral de manejo, dividido em mangueiras e bretes,

para os trabalhos de vacinação, marcação, descola, vermifugação, conforme o tamanho
do rebanho mensurado para o aprisco. Para contenção, seringa em área coberta, com
tronco de 90 cm de altura x 50 cm de largura no alto, e 30 cm embaixo. É fundamental
que o pedilúvio tenha um comprimento adequado (pelo menos 2 m de comprimento e
10 cm de profundidade).
Cercas
A cerca elétrica é um instrumento de muita utilidade para o manejo e a contenção dos

animais. Entretanto, existem alguns fundamentos relativos ao uso para ovinos que
devem ser considerados. A cerca elétrica pode ser usada na subdivisão de pasto, com
dois fios: o primeiro a 20 cm, e o segundo a 40 cm do solo.
As cercas fixas devem ser construí-

das com seis a sete fios de arame
liso, mourões a cada 10 m e tramas
a cada 2 m. A distância do primeiro
fio deve ser de 10 cm, do segundo
e do terceiro, de 15 cm; do quarto
e o quinto, de 20 cm; e do sexto,
de 30 cm.
Atenção
O arame farpado jamais deverá ser usado, pois pode ocasionar
sérios ferimentos nos animais e depreciar o couro, além de in-
fringir normas de bem-estar animal.

Bebedouros
Os bebedouros devem ser de fácil limpeza e boa vazão. O consumo de água é de 5 L/

animal adulto/dia, e uma ovelha em lactação, de 15 L.
A integração de bovinos e ovinos é um tema inovador, no qual o primeiro objetivo é

aumentar a renda, em vez de depender somente do leite bovino. Outro importante ob-
jetivo é o manejo das pastagens, pois as ovelhas não refugam aquilo que não apetece
aos bovinos.
O principal benefício da integração de vacas e ovelhas é a redução da contaminação

por parasitas na pastagem, já que quebra o ciclo dos parasitas, garante melhorias na
qualidade e na quantidade de pasto produzida e, consequentemente aumenta a pro-
dutividade.
Atenção
A criação integrada de bovinos e ovinos também apresenta
algumas necessidades básicas, como a adaptação das cercas e
dos currais de manejo, para que não haja fuga dos ovinos, que
são animais de menor porte.
Para bovinos, um fio eletrificado a 80 cm do solo é suficiente;

para ovinos, três fios eletrificados, um a cada 25 cm, são ne-
cessários e, muitas vezes, insuficientes.
Quanto ao hábito de pastejo, os ovinos são mais seletivos que os bovinos. Optam pelo
pasto mais nutritivo, principalmente pelas folhas. Já os bovinos com maior capacidade de
armazenamento no rúmen são menos seletivos e dão maior importância à quantidade.
Algumas espécies indesejáveis na pastagem, como carqueja
(Bacharis trimera), caraguatá (Eryngium horridum), maria-mo-
le (Senecio brasiliensis), picão-preto (Bidens pilosa) e caruru
(Amaranthus sp.), também são consumidas pelos ovinos e, por
isso, não é necessário controlá-las química ou mecanicamente
graças à criação mista.

Apesar de considerados animais rústicos, os ovinos podem ser acometidos por diversas
enfermidades, o que ocasiona queda no desenvolvimento do rebanho e prejuízos ao
produtor. Dessa forma, é preciso atentar-se às seguintes doenças:
• doenças causadas por bactérias: clostridioses; carbúnculo sintomático (manqueira);
gangrena gasosa (edema maligno); enterotoxemia (doença do rim polposo); tétano;
botulismo; linfadenite caseosa (mal-do-caroço); ceratoconjuntivite infecciosa; mas-
tite (mamite); pododermatite (podridão-dos-cascos ou foot rot); e dermatofilose;
• doenças causadas por vírus: ectima contagioso (boqueira); e raiva;
• doença causada por protozoários: eimeriose (coccidiose);
• doenças causadas por endoparasitas: helmintose (endoparasitose); e cenurose;
• doenças causadas por ectoparasitas: dermatobiose (berne); carrapato; miíases (bi-

cheira); oestrose (bicho-da-cabeça); pediculose (piolheira); e sarna;
• doença causada por fungos: dermatomicose (dermatofitose ou tricofitose);
• doenças metabólicas: fotossensibilização (requeima); toxemia da prenhez (cetose);

hipocalcemia; urolitíase (cálculos urinários); intoxicação por cobre; acidose ruminal;
laminite; timpanismo (empanzinamento); intoxicação por amônia (ureia).
Antes de prosseguir para o próximo tópico, que tal fixar seus conhecimentos com a
atividade a seguir?
1. Assim como para qualquer espécie animal, a preocupação com o manejo alimentar
é importante para que os ovinos possam expressar todo o seu potencial produti-
vo. Referente à alimentação dos ovinos, analise as afirmativas abaixo e assinale
a correta.
a) Os ovinos não conseguem digerir alimentos fibrosos, como os volumosos.
b) Ovinos são animais seletivos e fazem pastejo rente ao solo, independentemente do

porte da pastagem.
c) As melhores pastagens para ovinos são de crescimento prostrado, como as braquiárias.
d) O suplemento mineral bovinos pode ser utilizado para ovinos.
e) Devem ser usadas forrageiras produtivas com alto valor nutritivo e alta aceitabili-
dade pelos ovinos.

Tópico 4: Sistemas de produção de caprinos
A caprinocultura é uma atividade desenvolvida em vários municípios no Brasil, principal-
mente por pequenos criadores. Os próximos subtópicos são destinados a essa produção.
4.1 Inovação da caprinocultura
A caprinocultura é uma atividade que desempenha importante função socioeconômica.

Gera renda com a comercialização de animais, leite, carne e peles, principalmente na
região Nordeste.
O Brasil tem um rebanho caprino de aproximadamente 8,4
milhões de cabeças. 93% desses animais concentram-se no
Nordeste; 2,4% no Sudeste, e o restante está distribuído nas
regiões Centro-Oeste, Sul e Norte.
O leite de cabra é muito digestivo. Recomendado para pessoas idosas, crianças ou in-
divíduos que tenham alergia ao leite de vaca.
Vamos, agora, conhecer um pouco mais sobre a composição do leite de diversas espécies:
Comparação entre o leite de diversas espécies
Extrato seco Gordura Proteínas Lactose Cinza

Espécie
% % % % %
Cabra 12,4 3,7 3,3 4,7 0,7
Vaca 12,7 3,9 3,3 4,8 0,7
Búfala 23,2 12,5 6 3,8 0,9
Ovelha 18,4 6,5 6,3 4,8 0,8
4.2 Manejo geral
Algumas razões explicam a capacidade de adaptação da cabra a ambiente hostis. Entre

elas, sua afinidade com arbustos e sua capacidade de seleção, ingestão e digestão da
fibra ser superior a dos outros ruminantes.

Os caprinos são animais capazes de
sobreviver em condições de alimen-
tação escassa e de baixa qualidade.
Entretanto, seu desempenho é baixo,
tanto na produção quanto na reprodução.
É necessário que os caprinos disponham de alimento de boa qualidade e em quantida-

des que satisfaçam suas exigências, para expressarem todo seu potencial genético e,
assim, resultar em aumento da produtividade e lucros.
Ação no campo
Os caprinos apresentam alta capacidade de adaptação a diversos
biomas e regiões. Uma boa fonte de alimentos é a vegetação
nativa da região, cujas folhas e ramos são bastante apreciados
pelos caprinos, principalmente arbustos.
A suplementação pode ser feita a partir de subprodutos ou restos das culturas agrícolas,
capineiras previamente instaladas na propriedade ou, ainda, bancos de proteína com
leguminosas, como leucena e feijão-guandu.
Informação extra
Lembre-se de que os animais apresentam maior exigência du-
rante as fases de pré-parto, pós-parto e lactação. Essas, por-
tanto, são as fases em que se recomenda fazer suplementação
alimentar, além da necessidade de se suplementar, também,
os reprodutores.

Em relação ao fornecimento de água, os caprinos podem ingerir 5 L de água por dia,
a depender do teor de matéria seca da dieta. O fornecimento de água deve ser de boa
qualidade e em quantidade suficiente.
4.3 Instalações para caprinos
A instalação recomendada para a criação de caprinos deve ser rústica e barata, desti-
nada ao abrigo e manejo.
O capril é a instalação mais importante da criação. É nele que os animais de produção

passam grande parte do tempo e, normalmente, onde o produtor investe grande parte
de seu capital.
Nessa instalação, estão contidas as baias de cabras secas e em lactação, as baias das
crias, baias para recria, baias-maternidade, baias de reprodutores, farmácia e sala de
ração. Alguns proprietários optam por ter a sala de ordenha dentro do capril.

Dica
O tamanho do capril deve ser definido de acordo com o tama-
nho do rebanho. Recomenda-se o uso de uma área útil de 0,8
m2 a 1,0 m2 para cada animal adulto. É importante que o capril
apresente, internamente, pelo menos quatro divisões para os
lotes de animais nas seguintes fases de desenvolvimento:
• cabras em estado avançado de gestação e cabras re-

cém-paridas;
• animais em fase de reprodução, tanto matrizes quanto re-

produtores;
• cabriteiro, com animais em lactação; e
• cabritos desmamados.
Os cochos podem ser feitos de pneus, de tábuas ou de troncos ocos encontrados na

propriedade e devem ser posicionados a uma altura de 0,5 m do solo. Pode ser colo-
cada sobre eles uma cobertura contra chuva e uma proteção com ripa ou arame para
evitar a entrada de animais.
4.4 Inovação na caprinocultura
Na caprinocultura, também existe demanda crescente pela aplicação de inovações tec-

nológicas que proporcionem melhorias na atividade. Algumas tecnologias estão sendo
inseridas na caprinocultura, como:
• técnicas de reprodução assistida, como inseminação artificial, superovulação e
transferência de embriões;
• uso da biogenética no melhoramento de caprinos;
• controle e tratamento para verminose, artrite encefalite caprina (CAE) e linfadenite

caseosa;
• sistemas de integração; e
• nutrição de precisão para animais confinados.

Um dado preocupante na caprinocultura é o mercado consumi-
dor, pois o consumo de carne é, rigorosamente, o mesmo dos
últimos 40 anos.
Mas, se avaliarmos o mercado potencial, algumas simulações

indicam que, para alcançar o consumo médio mundial per ca-
pita de carne caprina, o rebanho brasileiro deveria se multipli-
car 40 vezes.
Se consideradas as perspectivas do mercado mundial, em es-

pecial a dos países árabes, evidencia-se um mercado potencial
muito promissor e que pode ser explorado.
A sanidade do rebanho deve ser considerada em vários aspectos e momentos. No início

da atividade, a preocupação deve ser com os cuidados a serem tomados para começar
com o rebanho limpo. Este é o melhor momento – talvez o único – para evitar a entrada
de importantes problemas sanitários no rebanho, e o objetivo é minimizá-los.
As principais doenças são:
Artrite Encefalite Caprina (CAE)
Enfermidade de curso progressivo causada por um lentivírus, caracterizada pelo

longo período de latência. Essa infecção requer notificação mensal de qualquer caso
confirmado, de acordo com a IN 50 do Mapa.
Ceratoconjuntivite
Causada por bactéria altamente contagiosa que pode levar os animais à cegueira
permanente.
Clostridioses
Provocadas por bactérias que penetram nos animais através de cortes, injeções,
respiração, enquanto comem ou bebem.
Ectima contagioso
Causada por vírus que podem se alojar no nariz, nos tetos e na boca, o que dificulta
a alimentação.

Hipocalcemia ou tetania da lactação
Diminuição do cálcio no sangue, que causa os seguintes sintomas: tremores mus-

culares, espasmos e isolamento do rebanho.
Mastite
As piores são causadas por bactérias e, nos casos severos, podem levar o animal à
morte ou perda do teto afetado.
Podridão do casco
Associação de duas bactérias anaeróbias que atacam o epitélio interdigital, penetram

na muralha do casco e facilitam a entrada de outras contaminações.
Verminoses
Quando acometidos pelos vermes, os caprinos se tornam fracos, magros, com pelos
arrepiados, apresentam diarreia, edema submandibular (papada) e anemia.
Para controlar a verminose, deve-se, além de usar de vermífugo, adotar medidas au-
xiliares, tais como:
• descontaminar a pastagem;
• administrar a dose correta de vermífugo, pois as subdosagens favorecem o apare-

cimento de resistência;
• usar vermífugos de amplo espectro em rodízio anual e uma aplicação contra

Haemonchus;
• usar drogas com eficácia de, no mínimo, 90% para o rebanho; e
• fazer seleção de animais resistentes a vermes.
A vermifugação estratégica é feita nas ovelhas no terço final de
gestação, logo após o parto e no desmame (mãe e filho).
Deve-se verificar, na embalagem do produto, a quantidade de dias que o produtor deve

esperar para usar o leite e a carne dos animais vermifugados (carência), se o produto
é indicado para caprinos e ovinos, além da quantidade que deve ser aplicada em cada
animal. Também é importante observar, no momento da compra do vermífugo, a vali-
dade do produto.

Importante
Para todas as atividades pecuárias, o bem-estar animal também
tem forte presença nos códigos morais e nos pilares éticos de
vários países, e um tratamento apropriado aos animais não é
mais visto como algo que possa ser deixado para a livre escolha
de pecuaristas individuais. O bem-estar animal tem como base
as cinco liberdades dos animais, que devem ser livres de sede,
fome e má-nutrição; dor, ferimentos e doenças; desconforto.
Também devem ser livres para expressar seu comportamento
natural e estarem isentos de medo e estresse. As cinco liberda-
des ajudam a identificar os problemas e a direção a seguir para
melhorar a assistência aos animais (NEVES; RIBEIRO, 2021).
Estamos chegando ao fim deste tópico. Mas, antes de encerrá-lo, que tal fixar seus
conhecimentos com a atividade a seguir?
1. As instalações compõem um tópico de destaque na criação de caprinos, em vista
de apresentarem comportamento mais ativo do que outros ruminantes. Em relação
às instalações, assinale a alternativa correta.
a) Quanto mais sofisticada, melhor será a instalação do capril.
b) O capril deve conter baias e divisões para todas as categorias animais do rebanho,
além de salas de apoio (escritórios, farmácia, sala de ração etc.)
c) Recomenda-se, no máximo, 0,8 a 1 m² por animal adulto.
d) Não é necessária a colocação de saleiros no capril.
e) O capril deve estar posicionado longe das áreas de pasto.
As informações referentes ao manejo de bovinos, caprinos e ovinos com vistas à pro-
dução de carne e de leite foram abordadas no Tema 13. Também foram estudadas
questões básicas sobre o bem-estar desses animais. O manejo geral desses rebanhos
é primordial para alcançar a expressão do potencial produtivo dessas espécies. Dessa
forma, você agora é capaz de propor e executar práticas de manejo racionais para fa-
vorecer a obtenção de bons resultados.

14
Agricultura de
precisão
Tema 14: Agricultura de precisão
No último tema desta Unidade Curricular, intitulado Agricultura de precisão, você vai
ver como a agricultura de precisão pode auxiliar e otimizar a vida no campo. Vai tam-
bém identificar meios para implementar as mais avançadas tecnologias no meio rural.
A agricultura de precisão usa recursos mecânicos, eletrônicos e informáticos, como

mapeamento dos fatores de produção, ferramentas de suporte à decisão e aplicação
localizada de insumos, para fazer o gerenciamento localizado de sistemas agrícolas.
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido a seguinte capacidade:

dos serviços.
Tópico 1: Noções de agricultura de precisão

A utilização da agricultura de precisão (AP) possibilita priorizar investimentos em áre-
as com maior potencial efetivo de produção, a fim de garantir retorno econômico. Do
ponto de vista ambiental, a racionalização e a redução do uso de insumos devem ser
avaliadas como um dos principais benefícios da AP.

1.1 Conceitos, definições e aplicações
A AP é um conjunto de técnicas e métodos que busca otimizar o manejo e o uso de in-

sumos, em face da variação espacial das propriedades do solo e do tipo de lavoura, para
proporcionar o máximo de eficiência econômica. Para isso, são usados equipamentos
de última geração, como GPS, drones, sondas e sensores remotos.
Manejo sustentável
A utilização das ferramentas de AP permite o uso racional de
defensivos agrícolas e fertilizantes, o que reduz os impactos
ambientais decorrentes da atividade agrícola.
A AP é, portanto, um sistema de gestão que considera a variabilidade espacial da pro-

priedade em todos os seus aspectos, como tipo de solo, infestações de ervas daninhas,
pragas, produtividade da lavoura etc. Ela conta com várias aplicações, mas o objetivo
é sempre o mesmo: solucionar problemas de uniformidade das lavouras e tirar pro-
veito dessas variações, que podem gerar um ganho de produtividade com o menor
custo possível.
Ação no campo
No caso das áreas de grãos e cana-de-açúcar, por exemplo, em
uma abordagem bastante simples, são retiradas amostras de
solo de forma sistemática. Após as análises, são gerados ma-
pas de aplicação de fertilizantes ou corretivos. O processo todo
leva menos de 20 dias, e as soluções podem ser implementadas
rapidamente.
Outra abordagem mais minuciosa considera não somente as deficiências de nutrientes

do solo, mas também um levantamento da produtividade nos anos anteriores. Embora
essa abordagem seja mais demorada e dependa de um bom controle da produtividade,
bem como de um volume maior de dados, a solução é mais acertada por levar todos
esses fatores em consideração.
1.2 Custo-benefício
Como dito, a AP é uma ferramenta de gestão que busca otimizar gastos. Mas, para
isso, é necessário utilizar as ferramentas adequadas para o melhor aproveitamento
dos recursos. Algumas delas, como os aplicativos, são gratuitas, mas a maioria tem
um custo associado. Assim, é preciso uma boa análise da propriedade e das finanças.

Somente uma avaliação eficiente vai trazer a segurança necessária para a utilização
das ferramentas de AP mais adequadas à propriedade e à lavoura.
1.3 Noções de pecuária de precisão
Pecuária de precisão é a representação de um conjunto de tecnologias e informações

que potencializam o incremento nos índices de produtividade. Com a implantação dessas
tecnologias, o produtor facilita o manejo dos animais e, consequentemente, melhora
sua qualidade de vida.
Entre as várias ferramentas que podem ser utilizadas na produção animal, destacam-se:
• ferramentas de gerenciamento;
• microeletrônica;
• técnicas de modelagem (simulações financeiras);
• monitoramento por imagens;
• drones; e
• softwares de controle sanitário, reprodutivo, produtivo e financeiro de rebanhos das

diferentes espécies animais.

O uso de tecnologias de precisão é uma prática cada vez mais comum em fazendas
leiteiras, pois favorece o monitoramento de parâmetros ligados ao desempenho animal,
como a produção, a composição, a temperatura, a contagem de células somáticas do
leite, a ruminação, o consumo de alimentos e água e a pesagem corporal das vacas.
Na suinocultura, a robotização dos tratos, associada ao uso de tecnologias de enri-

quecimento sensorial nas granjas, possibilita ao criador ou à integradora ajustar sua
produção conforme as variações do mercado e dos custos dos insumos, o que melhora
significativamente a conversão animal e, consequentemente, os resultados financeiros.
Portanto, o uso dessas tecnologias tem diversos benefícios, como a possibilidade de

melhorias nas interpretações do desempenho animal, o menor tempo de manejo, o
controle individual e o gerenciamento; a garantia de qualidade e de rastreabilidade do
produto e o uso de técnicas avançadas de levantamento de dados precisos, com padrões
de bem-estar animal e de qualidade.
Tópico 2: Ferramentas da agricultura de precisão

Constantemente, surgem novas ferramentas e aplicativos que ajudam os produtores
na correta aplicação dos insumos, reduzem os custos e aumentam a produtividade.
Nesse cenário, destacam-se os veículos aéreos não tripulados (Vants), popularmente
conhecidos por drones, as semeadoras à taxa variável, os distribuidores de fertilizantes,
corretivos e defensivos à taxa variável e os sensores remotos.
O rendimento das culturas sempre foi uma preocupação dos produtores e um dos princi-
pais fatores estudados pelos pesquisadores. Hoje, há diversas técnicas e equipamentos
disponíveis para esse propósito, como o monitoramento e o mapeamento da produção
de colhedoras automotrizes.

Com o surgimento da AP, novos conceitos, técnicas e ferramentas se tornaram conheci-

dos e muitos deles estão em fase de desenvolvimento. Entretanto, algumas ferramentas
já são plenamente utilizadas por vários produtores brasileiros.
Na sequência, acompanhe informações relevantes das tecnologias mais utilizadas na AP.
2.1 Geoprocessamento e georreferenciamento
Georreferenciamento é o mapeamento de um imóvel rural que referencia os vértices de

seu perímetro ao Sistema Geodésico Brasileiro com o uso de dados de satélites e define
sua área e sua posição geográfica. Em outras palavras, trata-se de uma tecnologia que
visa à precisa localização ou identificação da lavoura de uma propriedade rural por
meio do mapeamento gerado a partir de imagens de satélites ou drones.
Já o geoprocessamento é o conjunto de tecnologias de coleta, tratamento, manipulação

e apresentação de informações espaciais voltado a um objetivo específico. Esse conjun-
to tem como principal ferramenta o Geographical Information System (GIS), também
conhecido como Sistema de Informações Geográficas (SIG) (RODRIGUES, 1993).
Um sensor remoto coleta as informações da superfície terrestre

com as radiações eletromagnéticas incidentes.

Então, um software específico é usado para o desenvolvimento
de cartas temáticas, que vão ajudar no aproveitamento agrí-
cola eficiente da área.
Também é possível o monitoramento de máquinas a distância,

já que as mais modernas apresentam mecanismos de preci-
são, como o Global Positioning System (GPS) ou Sistema de
Posicionamento Global.
Os mapas são gerados a partir de modelos espaciais. A importância do uso deles está
em permitir que as aplicações sejam planejadas antes da execução no campo.
Na AP, você pode se deparar, ainda, com conceito de geoes-
tatística. Trata-se de uma ferramenta que utiliza variáveis re-
gionalizadas para avaliar a variabilidade espacial por meio da
extração e da organização dos dados disponíveis de acordo com
a semelhança entre pontos vizinhos georreferenciados.
2.2 Fertilizantes e corretivos com apoio do GPS
Nos anos 2000, um sistema embarcado com GPS, ou um computador que pudesse fazer
processamento de imagens e mapas, era considerado sofisticado. A falta de máquinas
e o custo delas no Brasil eram apontados como o maior obstáculo para o desenvolvi-
mento da AP.
Na atualidade, a disponibilidade de máquinas com essa tecnologia aumentou, e recep-

tores de GPS, bem como sistemas computacionais de tal capacidade vêm alcançando
custos que tornam seu emprego cada vez mais viável a um número maior de produtores.
A AP considera a variabilidade espacial das lavouras em todos os seus aspectos: pro-

dutividade, solo (características físicas, químicas, compactação etc.), infestação de
ervas daninhas, doenças e pragas. Como, no Brasil, há um grande foco na aplicação de
fertilizantes e corretivos em taxa variável, resumidamente, existem duas estratégias
que podem ser adotadas.

A mais simples delas está relacionada ao manejo da fertilidade do solo por meio do
gerenciamento da correção e da adubação (fertilizantes, calcário e gesso) com base
apenas em amostragem georreferenciada. Essa tem sido a estratégia inicial de grande
parte dos brasileiros que investem em tecnologia. É uma abordagem simples e rápida:
Planeja-se a
Processam-se
amostragem Coleta-se
Faz-se a análise os dados para
sistemática a amostra
no laboratório gerar os mapas
de solo (em no campo
de aplicação
grade ou grid)
Tudo isso não leva mais do que 15 dias. Essa agilidade satisfaz o produtor, que normal-
mente busca economia de insumos.
Observe, na figura a seguir, alguns exemplos de mapas de produtividade que mostram

a grande variabilidade espacial das lavouras, expressa pelo seu resultado final, que é
a colheita.
Fonte: Boletim Técnico – Agricultura de Precisão (MAPA, 2013).

Mapas de colheitas fornecem informações dos processos físicos, químicos e biológicos
sob certas condições climáticas, informam as condições básicas de implementação do
manejo e indicam onde aplicar os insumos ou as correções necessárias, baseadas nos
padrões espaciais de produtividade da cultura.
Outra estratégia, mais ampla e mais elaborada, considera as plantas e a produtividade

das culturas anteriores para fazer a reposição dos nutrientes. É uma abordagem que
exige a geração dos mapas de produtividade e, portanto, necessita de mais equipamen-
tos, mais trabalho e maior domínio por parte do usuário ou de seu consultor.
Uma maior quantidade de dados implica mais informações e,
consequentemente, se obtém um melhor diagnóstico referente
à variabilidade presente na área. Dessa forma, dados de produ-
tividade expressos por mapas são fundamentais, pois, a partir
deles, pode-se estudar a relação entre causas e efeitos.
A interpretação e a explicação dos fatos são as tarefas mais complexas, em que devem
ser identificados os fatores que podem estar causando as baixas produtividades onde
elas se manifestarem.
Outra grande diferença entre as estratégias de aplicação da tecnologia pode ser quanto
aos objetivos do usuário. Pode-se buscar o aumento da produtividade ou a redução
do consumo de insumos, por exemplo. Cada uma dessas visões tem muitos desdobra-
mentos e compromissos.
Para refletir
Em lavouras de grãos, por exemplo, o plantio direto é uma opção
devido à economia de insumos, especialmente em anos em que
os preços dos produtos estão baixos. Já um produtor de café,
que trabalha com cultura de valor agregado significativamente
maior, normalmente não deve focar na redução de consumo de
insumos, mas sim na busca pelo aumento de produtividade e
de qualidade do produto dentro dos limites econômicos. Ambos
podem utilizar a AP para auxiliar a tomada de decisão.
Em um primeiro momento, as maiores chances de impacto da AP estão na economia de

calcário e de fertilizantes, com a aplicação dessas substâncias em dose variável dentro
de cada talhão. Esse tem sido o resultado para a maioria dos usuários que se aventuram

nessa técnica, o que indica que a prática anterior, de aplicação de dose única, resultava
em erro para mais, o que é perfeitamente compreensível quando a tomada de decisão
pela recomendação de uma dose para toda a lavoura é feita de forma conservadora.
Já a busca por maiores produtividades, com o uso da AP, implica estratégias mais elabo-
radas, normalmente associadas àqueles usuários de maior porte, em lavouras comerciais
que investiram mais em dados e conhecimento e dispõem de mapas de produtividade.
2.3 Condutividade elétrica aparente (CEa)
Nem sempre os mapas de colheitas são suficientes para se compreenderem as diversas

fontes de variabilidade da produção. Além disso, podem não dar orientações completas
sobre a influência da variabilidade do clima, das pragas, das doenças e das propriedades
físico-químicas do solo dentro de uma cultura em um determinado ano.
Apesar de os mapas serem de grande auxílio, a AP não requer apenas a informação

espacial para determinar onde e como aplicar uma ação. É preciso considerar, também,
o momento de fertilizar, de aplicar pesticidas ou de irrigar – ou seja, precisamos saber
também quando aplicar determinada ação.
O uso da condutividade elétrica aparente (CEa) do solo tem sido importante para os
trabalhos de AP. Suas facilidades, simplicidade e praticidade levam à economia de tempo
e custo para tomar decisões sobre áreas de manejo e variabilidade espacial das áreas
de estudos.
Na agricultura, existem muitas aplicações da CEa, mas a maior

delas está no mapeamento de inúmeras propriedades do solo,
como salinidade, conteúdo de argila e de água – informações
que auxiliam a amostragem de solo, a definição de potencial
produtivo do campo, a definição de zonas de manejo etc.
A CEa é, portanto, uma valiosa ferramenta na AP para avaliar a qualidade do solo em

diferentes contextos, visto que tem relação com os atributos químicos e físicos. Entre-
tanto, o fato de ela sofrer influência simultânea de diferentes características do solo
dificulta a interpretação dos resultados obtidos e leva à necessidade de se identificar,
em cada campo de produção, os atributos que mais a influenciam (LUIZ et al., 2013).
2.4 Sensoriamento remoto (SR)
O sensoriamento remoto (SR) na agricultura usa instrumentos de alta performance e

sensores para obter dados, que são registrados, tratados e analisados. Além das pró-
prias informações geográficas, é possível monitorar desmatamento, verificar fenômenos
ocorridos na superfície ou até mesmo o histórico de produção na região.

Na AP, é essencial contar com um conjunto de me-
todologias que ajudem a entender as caracterís-
ticas da terra, para que a produtividade seja ma-
ximizada e os custos, reduzidos. Nesse sentido, o
principal aliado do produtor rural é a tecnologia.
Com o SR, pode-se obter uma análise detalhada sobre a cobertura vegetal, o tipo de
solo, a topografia e as áreas que sofrem com erosão ou patógenos. Entre os pontos
identificáveis e que auxiliam a melhorar a produção, destacam-se:
• a estimativa de área plantada;
• o vigor vegetativo das culturas;
• a previsão de produção agrícola;
• regiões com maior potencial de produção; e
• a determinação de faixas de solo com baixa produtividade.
O SR usa sensores que têm como princípio básico a geração de dados por meio da
detecção da energia eletromagnética refletida por uma superfície, de forma direta ou
indireta. Eles estão divididos da seguinte forma:
Não usam o sol como fonte de radiação. Ou seja, trabalham

com uma fonte de radiação própria, como um laser, capaz de
Sensores ativos
projetar raios na superfície terrestre e calcular o tempo gasto
entre a emissão e a detecção.
Coletam estímulos refletidos, principalmente, pela luz solar.

As informações, então, são tratadas por algoritmos e sistemas
Sensores passivos
integrados, que geram imagens e dados necessários ao ma-
nejo da cultura na propriedade.
As técnicas de SR obtêm as informações da lavoura de forma não destrutiva, rápida e,

por vezes, a distância. As imagens de sensores remotos apresentam diferentes carac-
terísticas úteis às mais variadas aplicações, desde estudos globais, programas de mo-
nitoramento contínuo em grandes áreas, até estudos pontuais em escalas detalhadas,
como o ambiente urbano ou a agricultura de precisão.
Essas técnicas auxiliam diagnósticos, como a estimativa da produtividade, a avaliação

nutricional, a detecção de pragas e doenças, a previsão do tempo e a avaliação da ne-
cessidade hídrica das plantas. Os dados obtidos têm sido utilizados para elaborar novas
estratégias de gerenciamento que consideram a variabilidade espacial dos fatores que
interferem na produtividade das culturas.

Ação no campo
Um dos métodos mais simples para identificar a presença de
nitrogênio (N) nas plantas consiste na observação do vigor da
coloração verde. A indicação de clorose, ou amarelamento das
folhas, por exemplo, aponta falta de N. Com base nesse conhe-
cimento, podem-se utilizar dados de sensores remotos em níveis
de campo, aéreo e orbital para avaliar e estimar o conteúdo de
N nas plantas.
Isso porque a carência de N diminui a concentração dos pig-

mentos clorofilados, o que interfere na capacidade da planta de
refletir a energia radiante (refletância espectral). Essa diferença
pode ser detectada por sensores (satélites e fotos aéreas), e
essa análise permite aplicar fertilizantes nitrogenados em taxas
variáveis, em tempo real, somente onde necessário e na mesma
operação, sem a necessidade de um mapeamento prévio.
2.5 Mapa de produtividade
Mapas de produtividade são a representação mais fiel da resposta da cultura, pois in-
formam a produtividade efetiva em cada pequena porção da lavoura, por meio do uso
de sensores acoplados às máquinas. As informações de produtividade de cada área são
especializadas para auxiliar a investigação da variabilidade apresentada e melhoram o
entendimento das relações de causa e efeito de zonas de alta ou baixa produtividade.

Ninguém melhor do que as plantas para nos mostrar como está o solo onde estão inse-
ridas. As plantas vão responder, positivamente ou não, de acordo com as características
físico-químicas do solo onde foram semeadas. Conforme as informações contidas nos
mapas de produtividade, é possível, então, executar as intervenções necessárias para
cada ponto, de forma a aumentar a produtividade sem desperdiçar insumos.
Até aqui, você viu alguns exemplos de como os mapas podem auxiliar a gestão do sis-
tema agrícola. O mapa da colheita é a informação mais completa para se visualizar a
variabilidade espacial das lavouras. Várias outras ferramentas têm sido propostas para
identificar as manchas existentes em um talhão, como fotografias aéreas, imagens de
satélite e videografia. Todas têm seu potencial, porém, o mapa de produtividade mate-
rializa a resposta da cultura com a maior exatidão possível, consideradas as tecnologias
existentes para sua mensuração.
Na figura a seguir, você pode observar um mapa de produtividade gerado a partir dos
dados obtidos pelo monitor. Trata-se de um conjunto de pontos no qual cada um re-
presenta uma pequena área delimitada pela largura da plataforma da colhedora, com
intervalos de dois a três segundos.
Fonte: Boletim Técnico – Agricultura de Precisão (MAPA, 2013).

Além das tecnologias que você viu até aqui, existe ainda uma série de outras aplicações
para automatizar a coleta de características do solo e das plantas. As mais promissoras
são aquelas que visam detectar plantas invasoras. Vários princípios têm sido estuda-
dos, desde a refletância até a textura de imagens, para a diferenciação de plântulas na
aplicação localizada de herbicidas.
Novas tecnologias ainda serão desenvolvidas, mas um dos pró-
ximos passos é a integração entre as máquinas agrícolas e os
sistemas de informação. Os formatos de dados de cada fabricante
ainda não são compatíveis entre si, o que dificulta a comunicação
e um fluxo mais dinâmico. Para saber mais sobre essa evolução,
informe-se sobre o Isobus – uma grande promessa!
Antes de encerrar este tema, faça a atividade proposta a seguir.
1. A agropecuária é um ramo da economia com notável uso de tecnologias. Sobre a
temática, identifique a alternativa correta.
a) O uso de tecnologia no campo prejudica a proteção ambiental, uma vez que a apli-
cação de insumos acontece de forma indiscriminada.
b) A agricultura de precisão diz respeito às técnicas e aos métodos que buscam tornar
mais dispendioso e lento o manejo no campo com uso de tecnologia.
c) Um dos objetivos da agricultura de precisão é gerar produtividade com maiores cus-

tos, uma vez que as ferramentas mais modernas são as mais caras e nem sempre
seu uso implica ganhos de produtividade.
d) Drones, ou veículos aéreos não tripulados (Vants) são exemplos de ferramentas

usadas na agricultura de precisão.
e) O georreferenciamento visa à localização aproximada das áreas a serem manejadas.

Você encerrou o tema Agricultura de precisão e pôde compreender que o reconheci-
mento da potencialidade de cada parte da lavoura e o respeito às suas diferenças pode
trazer retornos econômicos e ambientais significativos. A AP é um sistema de gestão
que visa obter maior retorno econômico e causar menor impacto ao meio ambiente.
Você viu que há diversas técnicas e equipamentos em uso, com destaque para satélites,
fotos aéreas e equipamentos informatizados. Mas ainda há muito para se desenvolver
nesse âmbito.

Encerramento da Unidade Curricular
Parabéns! Você chegou ao fim da Unidade Curricular Técnicas e Sistemas de Pro-
dução Agropecuária!
Aqui, você viu informações importantes sobre os aspectos econômicos do agronegó-

cio nacional e internacional. Em um primeiro momento, estudou a produção vegetal e
viu como se dá o planejamento dos principais sistemas de cultivo agrícola a partir do
conhecimento de aspectos econômicos, agronômicos e técnicos das culturas de maior
importância para o Brasil.
Você obteve, também, conhecimento sobre o Reino Vegetal – a estrutura e o funciona-

mento das plantas –, a nutrição mineral das plantas, a fertilidade do solo, bem como
sobre irrigação e drenagem. Tudo isso para que você pudesse compreender melhor as
ações executadas nas atividades agrícolas.
Em um segundo momento, você aprendeu sobre o manejo dos animais, monogástricos

e ruminantes, e, assim, poderá contribuir para a melhoria da qualidade dos produtos
gerados por essas espécies. Você, ainda, estudou os aspectos relacionados ao melho-
ramento genético, as noções de anatomia e fisiologia, alimentação, nutrição, princípios
da formulação de ração e conheceu as principais doenças que acometem os animais e
comprometem seu desempenho.
Outro assunto abordado foram as plantas forrageiras, sua conservação e importância

para as cadeias produtivas dos animais. Estudou também a agricultura de precisão,
como encerramento de seus estudos sobre produção vegetal e animal.
Lembre-se de que a prática associada à teoria é uma das melhores formas de aprender.
Tenha curiosidade e atualize-se constantemente sobre o setor. Assim, você será capaz
de atuar nessa atividade tão gratificante que é a agropecuária.
Desejamos sucesso na sua jornada como técnico em agronegócio!

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Gabarito das atividades de aprendizagem
Tema 1: Contextualização do agronegócio
Tópico 1
1) A alternativa correta é a B. Conforme o conceito do Cepea apresentado no tópico, o

agronegócio apresenta quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção
agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços.
Tópico 2
1) A alternativa correta é a A. De 1989 a 2014, as exportações no setor agropecuário

apresentaram aumento, e o saldo da balança comercial cresceu oito vezes, de US$
10,8 bilhões, em 1989, para cerca de R$ 80 bilhões, em 2014. Em 2021, o país
asiático que mais importou do Brasil foi a China. Mesmo após o surto de Covid-19,
o Brasil se manteve como principal país exportador de commodities agropecuárias.
Tópico 3
1) A alternativa correta é a D, pois apresenta uma informação equivocada sobre as

agências reguladoras. Existem agências reguladoras estaduais e nacionais. Inclusive,
a Lei n.º 13.848, de 25 de junho de 2019, regulamenta essas últimas.
Tema 2: Sistemas de produção sustentável

Tópico 2
1) A alternativa correta é a E. A legislação vigente prevê três tipos de certificação:

certificação por auditoria, sistema participativo de garantia e controle social na
venda direta.
Tópico 3
1) A alternativa correta é a D: a PI foi uma evolução da Produção Integrada de Frutas

– PIF. Vale dizer que a PI surgiu por exigência para a exportação de frutas, primeiro
no ramo da fruticultura, como iniciativa dos importadores estrangeiros.
Tópico 4
1) A alternativa correta é a A. IFP é o sistema que usa o consórcio entre a produção

florestal e a produção animal; ILPF é o sistema que faz uso do consórcio entre as
produções agrícola, florestal e animal; ILF, por sua vez é o sistema que usa o con-
sórcio entre as produções agrícola e florestal; e, por fim, ILP é o sistema que usa o
consórcio entre a produção de culturas anuais e a produção animal.

Tópico 5
1) A alternativa correta é a A. Os itens I e II são verdadeiros: a adubação verde pode

ser feita com ou sem a incorporação das plantas no solo, e as micorrizas ajudam a
aumentar a área de absorção das raízes. Sobre o item III, os microrganismos que
atuam na fixação biológica do nitrogênio disponibilizam o nitrogênio presente na
atmosfera em estado gasoso para as plantas, e não o manganês. Quanto ao item
IV, as práticas agrícolas sustentáveis podem ser aplicadas em qualquer sistema de
cultivo.
Tópico 6
1) A alternativa correta é a B, que apresenta uma informação equivocada sobre o MIP,

no qual deve-se usar uma combinação de métodos de controle, como biológico e
culturais. O controle químico deve ser usado em último caso.
Tema 3: Fundamentos de botânica

Tópico 1
1) Das plantas listadas, são dicotiledôneas (D): feijão, laranja, soja e mamona. Já as
monocotiledôneas (M) são: milho, alho e sorgo.
Tópico 2
1) A alternativa correta é a A: uma das funções das raízes é sustentar a planta no

solo. As demais estão incorretas: as flores têm função reprodutora, e não as fo-
lhas; troncos e raízes podem apresentar crescimento primário e secundário; além
das raízes, existem troncos modificados que ficam abaixo da terra; e o processo de
fotossíntese ocorre nas folhas.
2) A alternativa correta é a B. São gramíneas: a cana-de-açúcar, o milho e a aveia,

além do sorgo. Feijão e soja pertencem à família Fabaceae (leguminosas); a batata
e o tomate, à família Solanaceae; e a cebola, à família Liliaceae.
Tópico 3
1) A alternativa correta é a B. O hormônio vegetal que estimula o amadurecimento dos

frutos é o etileno. Ele também atua na queda (abscisão) de folhas.
Tema 4: Nutrição mineral e fertilidade do solo

Tópico 1
1) Os elementos orgânicos são o oxigênio, o hidrogênio e o carbono. Os elementos

minerais são os macronutrientes (N, K, Mg, P, S e Ca) e os micronutrientes (Mn,
Mo, Fe, Cl, B, Cu e Zn).

Tópico 2
1) A alternativa correta é a C, que apresenta uma informação equivocada sobre o

sistema de plantio direto. Ele recebe esse nome porque a semeadura ocorre dire-
tamente sobre a planta presente no solo. A nomenclatura não tem relação com o
uso ou não de mecanização.
Tema 5: Irrigação e drenagem

Tópico 1
1) A alternativa correta é a E. As afirmações I, III e IV são verdadeiras. A II é falsa: o

excesso de água no solo pode atrapalhar o desenvolvimento das plantas e, inclusive,
promover o surgimento de doenças.
2) A alternativa correta é a A. Nos sistemas de irrigação por superfície, quando os canais

são abertos, pode haver perda de água por evaporação. Esses sistemas apresentam
um custo de implantação menor do que outros – essa é justamente uma de suas
vantagens de implantação. O excesso de água no solo prejudica o desenvolvimento
das raízes e pode, inclusive, ocasionar doenças e morte por falta de oxigênio, além
de diminuir a disponibilidade de nutrientes, pois causa perda por lixiviação. Os pivôs
centrais simulam as chuvas e aplicam água sobre as plantas. Por fim, nos sistemas
de irrigação por aspersão, são os ramais fixos que ficam sob o solo.
Tópico 2
1) O excesso de água pode limitar o crescimento das raízes, acelerar o processo de

perda de nutrientes, tornar o solo mais pobre e, assim, prejudicar o desenvolvimen-
to das plantas. A água pode preencher os espaços dos poros, reduzir a aeração e,
consequentemente, a quantidade de oxigênio disponível. Além disso, um ambiente
alagado é favorável ao estabelecimento de doenças, como podridões.
2) A alternativa correta é a A. A drenagem superficial deve considerar a inclinação

natural do terreno. Na drenagem subterrânea, o objetivo é reduzir o nível do lençol
freático a uma profundidade segura para o desenvolvimento das raízes. Quando a
capacidade de água do solo é excedida, ocorre o acúmulo de água na superfície. O
arroz é um exemplo de cultura que se desenvolve bem em terrenos alagados. Por
fim, para o planejamento dos sistemas de drenagem, é preciso considerar, além
das características físicas do solo, o regime de chuvas da região onde o sistema
será implantado.
Tema 6: Principais culturas

Tópico 1
1) A alternativa correta é a B, que apresenta uma informação equivocada: não foram os

europeus que trouxeram as primeiras plantas de algodão para o continente americano.
Quando chegaram aqui, as populações nativas já produziam artigos com algodão.

Tópico 2
1) As duas espécies de café mais cultivadas são a Coffea arabica (café Arábica) e a
Coffea canephora (café Robusta).
Tópico 3
1) A alternativa correta é a C, que apresenta uma informação equivocada sobre a pro-

dução da cana-de-açúcar. É correto dizer que, no Brasil, essa produção se concentra
nas regiões Centro-Sul e Nordeste.
Tópico 4
1) O último estágio de desenvolvimento é o ponto de maturidade fisiológica. Ou seja,

quando se atinge o ponto de máxima produção. No milho, esse estágio é identificado
quando se forma a camada preta, obstrução dos vasos que indicando que o grão
não recebe mais nutrientes da planta-mãe.
Tópico 5
1) A alternativa correta é a E, que apresenta uma informação equivocada sobre a

cultura da soja, introduzida no Brasil pelos japoneses, que a trouxeram em 1908,
e não pelos europeus.
Tópico 6
1) A alternativa correta é a A: apenas a afirmação I está correta. A afirmação II está

incorreta, pois a poda pode ser feita em qualquer frutífera, e a III também, pois a
macieira é uma frutífera de clima temperado.
Tópico 8
1) A alternativa correta é a B: grande parte das plantas ornamentais são produzidas

pela agricultura familiar. O principal estado produtor e consumidor de plantas or-
namentais é São Paulo. Em 2021, mais de 8 mil produtores eram responsáveis por
suprir o mercado nacional de plantas ornamentais. Por fim, a oferta de plantas or-
namentais no Brasil é ampla e conta com milhares de espécies disponíveis.
Tema 7: A produção animal no contexto do agronegócio

Tópico 1
1) A alternativa correta é a E. Para se elevar a produtividade, deve-se focar no au-

mento do número de vacas paridas, na diminuição da mortalidade, no aumento do
ganho médio diário e na redução da idade de abate, além da redução da idade à
reprodução e do aumento do rendimento de carcaça.

Tópico 2
1) A alternativa correta é a E. O cultivo de tilápia apresenta constante crescimento, e

aumentou sua participação de 57% para 60% em 2020.
Tópico 3
1) Os três principais sistemas de criação são:

• a pasto, no qual as vacas ficam ao ar livre a maior parte do tempo, obtêm seu
alimento da pastagem e retornam apenas para a ordenha;
• semiconfinado, no qual os animais têm acesso ao pasto, recebem grande parte

da alimentação no cocho, mas geralmente ficam parte do dia estabulados; e
• confinamento total (free-stall): no qual as vacas ficam permanentemente em

instalações e toda a alimentação é oferecida no cocho.
O produtor pode, ainda, utilizar o sistema de compost barn, que favorece a produção
e o bem-estar dos animais.
Tema 8: Noções de anatomia e de fisiologia animal

Tópico 1
1) A alternativa correta é a D. As partes que compõem o estômago dos ruminantes

são: rúmen, retículo, omaso e abomaso.
Tema 9: Alimentação e nutrição animal

Tópico 1
1) A alternativa correta é a A. O planejamento alimentar contribui para redução de cus-

tos, organização do estoque e também para preparo da área de pasto a ser cultivada.
Tópico 2
1) A alternativa correta é a A. Os alimentos volumosos são aqueles que têm baixo teor
energético e altos teores de fibra ou de água. Têm menos de 60% de nutrientes
digestíveis totais (NDT) e/ou mais de 18% de fibra bruta (FB) e podem ser divididos
em secos e úmidos.

Tópico 3
1) Utilizando o quadrado de Pearson, temos:
Milho: 9% 11,15
21
Farelo de algodão: 32,15% 12
Partes totais 23,15
Milho: (11,15 x 100) / 23,15 = 48,16%

Farelo de algodão: (12 x 100) / 23,15 = 51,84%
A ração deverá conter 48,16% de milho e 51,84% de farelo de algodão.
2) Para formular a ração com 6% de NDT, com milho (80% de NDT) e farelo de soja
(72% de NDT), devemos efetuar o seguinte cálculo:
Milho: 80% 4
76
Farelo de soja: 72% 4
Partes totais 8
Milho: (4 x 100) / 8 = 50%

Farelo de algodão: (4 x 100) / 8 = 50%
A ração deverá conter 50% de milho e 50% de farelo de soja.
Tópico 4
1) A alternativa correta é a C. A maioria das fábricas de ração foram projetadas por

pessoas que desconhecem nutrição e microbiologia (pontos de contaminação) e,
portanto, não fazem um estudo aprofundado do que será produzido, dos padrões
exigidos etc.
Tema 10: Forragicultura e pastagens

Tópico 1
1) A capacidade de suporte é a máxima taxa de lotação que proporciona um determi-

nado nível de desempenho animal, dentro de um método de pastejo, e que pode
ser aplicada por determinado período sem causar a deterioração do ecossistema.

Tópico 2
1) A alternativa correta é a E. A produção de silagem apresenta maiores exigências

durante a confecção do que o feno, sob risco de perda total da forragem.
Tema 11: Melhoramento genético animal

Tópico 1
1) A alternativa correta é a A. Apenas as raças Holandesa, Gir e Sindi têm como aptidão
a produção de leite. As raças Senepol, Guzerá, Nelore, Angus, Simental e Wagyu
têm como principal aptidão a produção de carne.
Tópico 2
1) A alternativa correta é a C. A persistência de lactação representa o tempo total (em

dias) em que a vaca fica no pico de produção.
Tópico 3
1) A alternativa correta é a B. O objetivo é identificar animais com maior profundidade

de costelas, que tendem a depositar gordura de acabamento mais cedo.
Tópico 4
1) A alternativa correta é a D. O gene halotano, além de determinar a maior predisposi-

ção ao estresse em suínos, é responsável por carcaças com maior produção de carne
magra. No entanto, está também relacionado à produção de carne PSE (do inglês:
pale, soft and exudative), um problema grave para a industrialização de carnes.
Tópico 5
1) A alternativa correta é a C. A conversão alimentar, associada ao rendimento de car-

caças e ganho médio diário, são os principais critérios de seleção em aves de corte.
Tópico 6
1) A alternativa correta é a E. Um animal leiteiro tem uma conformação com aspecto

descarnado; tríplice cunha; formas angulares e fineza acentuada dos tecidos.
Tema 12: Produção de animais monogástricos

Tópico 1
1) A alternativa correta é a C. Atualmente, no Brasil, utilizam-se vários sistemas de

criação na avicultura. Porém, em função da grande demanda por insumos, equipa-
mentos, nutrição e sanidade, o sistema de integração é o mais usado.

Tópico 2
1) A alternativa correta é a A. A idade ideal para o desmame é 21 dias, no mínimo, e

35 dias no máximo.
Tópico 3
1) A alternativa correta é a E. Para um melhor fornecimento de ração, é imprescindí-

vel ter uma estimativa da quantidade de peixes no viveiro, para que a quantidade
fornecida seja adequada.
Tema 13: Produção de animais ruminantes

Tópico 1
1) A alternativa correta é a A. O aumento do concentrado na dieta, além de promover

queda na produção de gordura, pode levar a vaca a apresentar acidose ruminal.
Tópico 2
1) A alternativa correta é a C. Produtos que podem ser aplicados através de pulve-

rização, pour on, banhos de aspersão ou imersão, além de injetáveis, podem ser
utilizados para combater e prevenir endo e ectoparasitas.
Tópico 3
1) A alternativa correta é a E. As plantas forrageiras adequadas para ovinos são as

de alta produtividade, de porte médio a baixo. Outra boa opção é a utilização de
pastejo rotacionado.
Tópico 4
1) A alternativa correta é a B. Não há necessidade de sofisticação no capril. Porém,

é necessário ter atenção às baias para todas as categorias animais, considerados
também os cochos, os bebedouros e os saleiros.
Tema 14: Agricultura de precisão

Tópico 2
1) A alternativa correta é a D: os drones são exemplos de ferramentas usadas na

agricultura de precisão. A tecnologia no campo ajuda na proteção ambiental, pois é
possível racionalizar a aplicação de insumos, além de otimizar o manejo. Nesse sen-
tido, um dos objetivos da AP é gerar produtividade com o menor custo possível. Por
fim, o georreferenciamento visa à localização precisa das áreas a serem manejadas.

SGAN 601 MÓDULO K - EDIFÍCIO ANTÔNIO
ERNESTO DE SALVO - 1º ANDAR - BRASÍLIA
DISTRITO FEDERAL - CEP: 70830-021
FONE: + 55 61 2109 1300
ETEC.SENAR.ORG.BR
SENAR.ORG.BR

Apostila Técnicas e Sistemas de Produção Agropecuária

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MÓDULO ESPECÍFICO I

OPERAÇÃO DAS CADEIAS

Curso Técnico EaD Senar

SENAR - Brasília, 2021

SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

1. Agropecuária. 2. Ensino a distância. 3.

Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422

Tema 1: Contextualização do agronegócio �������������������������������������������������������������� 26

Tópico 1: O agronegócio nacional ����������������������������������������������������������������������� 27

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 28

Tópico 2: O agronegócio internacional ��������������������������������������������������������������� 28

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 29

Tópico 3: Agências reguladoras no Brasil ���������������������������������������������������������� 30

3.1 Qual é o papel das agências reguladoras? ��������������������������������������������������� 30

3.2 Quais são as agências reguladoras do Brasil? ��������������������������������������������� 31

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 34

Encerramento do tema ������������������������������������������������������������������������������������������� 34

Tema 2: Sistemas de produção sustentável ����������������������������������������������������������� 36

Tópico 1: Produção vegetal ���������������������������������������������������������������������������������� 37

Tópico 2: Agricultura orgânica ����������������������������������������������������������������������������� 40

2.1 Princípios da agricultura orgânica ������������������������������������������������������������������ 41

2.2 Legislação da agricultura orgânica no Brasil ������������������������������������������������ 43

2.3 Certificação de produtos orgânicos ��������������������������������������������������������������� 44

2.4 Implantação de um sistema orgânico ����������������������������������������������������������� 45

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 46

Tópico 3: Produção Integrada (PI) ��������������������������������������������������������������������� 46

3.1 Normas técnicas e legislação �������������������������������������������������������������������������� 48

3.2 Culturas com Produção Integrada no Brasil ������������������������������������������������� 48

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 50

4.2 Implantação da ILPF ���������������������������������������������������������������������������������������� 52

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 53

Tópico 5: Práticas agrícolas sustentáveis ���������������������������������������������������������� 54

5.3 Fixação biológica de nitrogênio (FBN) ����������������������������������������������������������� 56

5.4 Associações de fungos micorrízicos arbusculares (FMA) ���������������������������� 58

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 58

Tópico 6: Manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas ������������ 59

6.1 Manejo integrado de pragas ��������������������������������������������������������������������������� 59

6.2 Manejo integrado de doenças ������������������������������������������������������������������������� 62

6.3 Manejo integrado de plantas daninhas ��������������������������������������������������������� 63

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 64

Encerramento do tema ������������������������������������������������������������������������������������������� 65

Tema 3: Fundamentos de botânica �������������������������������������������������������������������������� 67

Tópico 1: O Reino Vegetal ������������������������������������������������������������������������������������ 68

1.1 Diversidade botânica ���������������������������������������������������������������������������������������� 68

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 73

Tópico 2: Noções de anatomia e morfologia vegetal ��������������������������������������� 74

Tópico 3: Noções de fisiologia vegetal ��������������������������������������������������������������� 80

3.3 Fotossíntese e respiração �������������������������������������������������������������������������������� 85

3.4 Crescimento e desenvolvimento �������������������������������������������������������������������� 87

3.5 Hormônios vegetais ����������������������������������������������������������������������������������������� 88

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 89

Encerramento do tema ������������������������������������������������������������������������������������������� 89

Tema 4: Nutrição mineral e fertilidade do solo ������������������������������������������������������� 91

Tópico 1: Nutrição mineral de plantas ��������������������������������������������������������������� 92

1.1 Importância e classificação dos nutrientes minerais ���������������������������������� 92

1.2 Absorção de nutrientes pela planta ��������������������������������������������������������������� 93

1.3 Funções dos elementos minerais ������������������������������������������������������������������� 95

1.4 Sintomas de deficiência ����������������������������������������������������������������������������������� 96

Atividade de aprendizagem ����������������������������������������������������������������������������������� 98

Tópico 2: Fertilidade do solo �������������������������������������������������������������������������������� 98

2.1 Fertilidade do solo e produtividade agrícola ������������������������������������������������� 99

2.2 Fatores que influenciam o crescimento e o desenvolvimento das

2.4 Avaliação da fertilidade do solo e recomendação de fertilizantes/

2.5 Manejo da adubação ������������������������������������������������������������������������������������� 103

Tema 1: Contextualização do agronegócio �� 26

Tópico 1: O agronegócio nacional �� 27

Atividade de aprendizagem �� 28

Tópico 2: O agronegócio internacional �� 28

Atividade de aprendizagem �� 29

Tópico 3: Agências reguladoras no Brasil �� 30

3.1 Qual é o papel das agências reguladoras? �� 30

3.2 Quais são as agências reguladoras do Brasil? �� 31

Atividade de aprendizagem �� 34

Encerramento do tema �� 34

Tema 2: Sistemas de produção sustentável �� 36

Tópico 1: Produção vegetal �� 37

Tópico 2: Agricultura orgânica �� 40

2.1 Princípios da agricultura orgânica �� 41

2.2 Legislação da agricultura orgânica no Brasil �� 43

2.3 Certificação de produtos orgânicos �� 44

2.4 Implantação de um sistema orgânico �� 45

Atividade de aprendizagem �� 46

Tópico 3: Produção Integrada (PI) �� 46

3.1 Normas técnicas e legislação �� 48

3.2 Culturas com Produção Integrada no Brasil �� 48

Atividade de aprendizagem �� 50

4.2 Implantação da ILPF �� 52

Atividade de aprendizagem �� 53

Tópico 5: Práticas agrícolas sustentáveis �� 54

5.3 Fixação biológica de nitrogênio (FBN) �� 56

5.4 Associações de fungos micorrízicos arbusculares (FMA) �� 58

Atividade de aprendizagem �� 58

Tópico 6: Manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas �� 59

6.1 Manejo integrado de pragas �� 59

6.2 Manejo integrado de doenças �� 62

6.3 Manejo integrado de plantas daninhas �� 63

Atividade de aprendizagem �� 64

Encerramento do tema �� 65

Tema 3: Fundamentos de botânica �� 67

Tópico 1: O Reino Vegetal �� 68

1.1 Diversidade botânica �� 68

Atividade de aprendizagem �� 73

Tópico 2: Noções de anatomia e morfologia vegetal �� 74

Tópico 3: Noções de fisiologia vegetal �� 80

3.3 Fotossíntese e respiração �� 85

3.4 Crescimento e desenvolvimento �� 87

3.5 Hormônios vegetais �� 88

Atividade de aprendizagem �� 89

Encerramento do tema �� 89

Tema 4: Nutrição mineral e fertilidade do solo �� 91

Tópico 1: Nutrição mineral de plantas �� 92

1.1 Importância e classificação dos nutrientes minerais �� 92

1.2 Absorção de nutrientes pela planta �� 93

1.3 Funções dos elementos minerais �� 95

1.4 Sintomas de deficiência �� 96

Atividade de aprendizagem �� 98

Tópico 2: Fertilidade do solo �� 98

2.1 Fertilidade do solo e produtividade agrícola �� 99

2.5 Manejo da adubação �� 103

2.6 Fertilidade do solo e sustentabilidade da atividade agrícola �� 105

Atividade de aprendizagem �� 108

Encerramento do tema �� 108

1.1 Métodos ou sistemas de irrigação �� 112

1.2 Manejo da irrigação e demanda de água �� 117

1.3 Planejamento da irrigação �� 119

1.4 Manejo da água para irrigação �� 120

Atividades de aprendizagem �� 122

Tópico 2: Drenagem �� 122

2.1 Drenagem de áreas agrícolas �� 123

2.2 Métodos de drenagem �� 124

2.3 Drenagem superficial �� 124

2.4 Drenagem subterrânea �� 125

Atividades de aprendizagem �� 125

Encerramento do tema �� 126

Tema 6: Principais culturas �� 128

Tópico 1: Cultura do algodão �� 129

1.2 Morfologia e fenologia �� 130

1.3 Planejamento da produção e implantação da lavoura �� 131

1.5 Colheita e pós-colheita �� 134

Atividade de aprendizagem �� 136

Tópico 2: Cultura do café �� 136

2.2 Morfologia e fenologia �� 138

2.3 Planejamento da produção e implantação da lavoura �� 145

2.5 Colheita e pós-colheita �� 149