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Sistemas de
Produção Animal
S491c
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-86344-77-6
Capacidades técnicas
Ao fim desta Unidade, você terá desenvolvido as capacidades téc-
nicas, de gestão e os conhecimentos necessários para a realização
do planejamento de ações do sistema de produção animal.
Para fixar seu conhecimento, ao fim de alguns tópicos, você vai encontrar atividades
para colocar em prática o aprendizado imediatamente após passar pelos conceitos e
pelas teorias.
Comentários do autor
Todas as atividades buscam respeitar seu ritmo de aprendizagem
e são coerentes com o que você será capaz de fazer a partir dos
assuntos abordados.
Ao fim desta apostila, é disponibilizado um gabarito para que você verifique suas
respostas.
Bons estudos!
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes capacidades:
Neste primeiro momento, é importante que você entenda que um sistema é a união
de diferentes elementos, entendidos como partes ou subunidades, com características
físicas e intelectuais que atuam de forma inter-relacionada, sincronizada e interdepen-
dente entre si, buscando atingir um objetivo preestabelecido e, assim, formar o todo
estruturado e organizado.
Glossário
Índices zootécnicos: indicadores que servem para avaliar e
comparar o desempenho produtivo e reprodutivo de animais,
lotes ou sistemas de produção animal. Normalmente, são valo-
res relativos calculados a partir de valores absolutos coletados
no dia a dia.
Agora que você entendeu o que é um sistema, vamos trabalhar o conceito de produção,
que é o ato de transformar o todo em bens ou serviços, por meio do uso dos fatores
de produção, que incluem:
Podemos afirmar, portanto, que os elementos do sistema estão integrados aos fatores
de produção. Observe o esquema:
Investimentos em tecnologias
Capital e materiais
Informação extra
Você sabe a diferença entre produção e produtividade? Produção
é a quantidade produzida em uma propriedade, sem considerar
os recursos, a área ou o tempo usado. Trata-se de um valor
bruto. Por exemplo: a produção da fazenda foi de 12.200 litros
de leite. Já produtividade é um indicador ou índice que mede a
eficiência produtiva e considera os recursos, a área ou o tempo
usado para a produção. Por exemplo: 22 litros de leite/vaca/dia;
110 litros/ha/dia; 33.550 litros de leite/ha/ano.
Rotacionado
Tipo de pastejo Contínuo Rotacionado Uso de cerca elétrica e
pivô central
Reposição sistêmica de
fosfatado calcário e de
nitrogênio
Manutenção de Uso de calcário e
Não realiza Rotação no uso de
pastagem fósforo
cultura de grãos
Cultivo forrageiro para
fenação e ensilagem
Uso de concentrado
Sal mineral Mineral proteico
Creep-feeding**
Suplementação Sal mineral com e energético
ureia*² volumoso Volumoso e concentrado
de máxima qualidade*³
*¹ É o mínimo que se tem de planejamento. Fator limitante para o adequado desenvolvimento do animal.
*² Usado para melhorar a eficiência energética do animal.
*³ Na bovinocultura de corte, dependendo do ciclo de produção escolhido para desenvolver, existem di-
ferentes estratégias alimentares com ciclos longo ou curto, respectivamente, proporcional à exigência
alimentar da fase animal e ao objetivo de produção preestabelecido.
** Refere-se ao suplemento alimentar energético, concentrado ou de grão aos bezerros em aleitamento.
Atenção
Independentemente da raça e da categoria animal que se pre-
tenda produzir, existirá o planejamento inicial básico para cada
cultura zootécnica, sempre em busca de produzir com eficiência
e mínimo custo, para obtenção do lucro.
Confira, agora, algumas etapas que ocorrem em um sistema de produção animal, ainda
com base no exemplo de bovinos de corte, ou seja, animais criados com o intuito de
se obter carne como produto final principal.
Esse último fator é que determina o sucesso ou insucesso de todas as ações tomadas,
de forma que se caminhe para atingir o objetivo de produção delineado anteriormen-
te. Consiste, basicamente, na coleta e no registro de dados (em planilhas eletrônicas,
programas ou aplicativos) de identificação dos animais, de produção, reprodução, nu-
trição, alimentação e sanitários, para gerar informações (índices zootécnicos) sobre a
produção animal.
Comentários do autor
Outros processos estão envolvidos quando se decide pela finalida-
de de produção de bovinos de corte, porém são dependentes de
variáveis muito específicas, como topografia, clima, capital para
investimento, raça etc., apresentadas no decorrer deste curso.
Então, podemos dizer que cada pecuarista vai adotar um sistema produtivo conforme
suas condições socioeconômicas e culturais, seu propósito da criação ou produção, além
dos recursos naturais, humanos e adquiridos, das condições climáticas e do mercado
consumidor (SPEDDING, 1979).
Modo de controle
Extensivo, semi-intensivo e intensivo.
ou gestão
Vínculo de
Independente, cooperado e integrado.
produção
Insumos e manejo
Orgânico e convencional.
usados
Após essa breve contextualização, nos tópicos seguintes você vai conhecer as caracte-
rísticas da pecuária brasileira e dos diferentes tipos de sistemas de produção animal,
de modo a possibilitar condições para que você reconheça os sistemas adotados nas
propriedades rurais.
Saiba mais
Para conhecer sobre o panorama nacional e mundial das princi-
pais culturas zootécnicas, acesse os sites da Associação Brasileira
de Proteína Animal (ABPA), da Associação Brasileira das Indús-
trias Exportadoras de Carnes (ABIEC), da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Os links estão
disponíveis na biblioteca do AVA.
a) Bovinocultura
Glossário
• Controle zootécnico: gestão ou administração do sistema
produtivo, a partir da coleta e análise de dados (escritu-
ração zootécnica) produtivos, reprodutivos, nutricionais e
sanitários. Com o conhecimento real da situação do siste-
ma, o gestor adotará as estratégias de ação e a rotina de
trabalho para melhorar os índices produtivos e reprodutivos
e minimizar os custos.
Fonte: Shutterstock.
b) Avicultura
Fonte: Shutterstock.
c) Suinocultura
A criação extensiva de suínos é caracterizada pelo uso de animais “tipo banha”, que não
foram melhorados geneticamente para maior deposição de massa muscular, portanto
acumulam mais gordura corporal, criados soltos, em pocilgas ou chiqueiros rústicos,
sem separação de acordo com a idade ou fase de produção. A alimentação é feita com
restos de culturas agrícolas ou “lavagens” e não há controle zootécnico.
Fonte: Shutterstock.
Glossário
Médio potencial genético: animais que, ao passar por um
programa de melhoramento genético, apresentam melhores
índices de desempenho (maior ganho de peso, maior produção
de leite, maior produção de ovos, ninhada mais numerosa), se
comparados com aqueles que não participaram do programa.
Contudo, apresentam desempenho inferior aos animais com
potencial genético superior.
a) Bovinocultura de corte
Fonte: Shutterstock.
Glossário
Pastejo rotacionado: subdivisão de uma área de pastagem
em piquetes, onde os animais permanecem pastejando por um
período. Após a planta forrageira atingir a altura de pós-pastejo
(altura de saída), os animais são transferidos para outro pique-
te, em que a forragem atingiu a altura de pré-pastejo (altura de
entrada). Com esse sistema, são definidos os períodos de pastejo
e de descanso dos piquetes.
b) Bovinocultura de leite
As vacas leiteiras são criadas a pasto ao longo do ano, com plantas forrageiras com
maior capacidade de suporte, que é a quantidade de animais ou unidade animal (UA)
que uma planta forrageira suporta, conforme a forragem disponível, sem causar sua
degradação (1 UA corresponde a 450 kg).
Fonte: Shutterstock.
c) Avicultura
Na venda de ovos para consumo ou aves vivas para abate, a fim de diversificar e au-
mentar a renda familiar ou migrar do sistema extensivo para a avicultura de corte ou
de postura semi-intensiva, os pequenos e médios pecuaristas e agricultores familiares
podem investir na avicultura caipira ou colonial. Assim, devem destinar parte dos
investimentos para instalações, piquetes, equipamentos, poleiros, aves com maior po-
tencial genético (maior ganho de peso e maior produção de ovos), rações e programas
de vacinação (ALBINO et al., 2005).
d) Suinocultura
• animais com maior potencial genético para produção (ganho de peso diário – GPD,
produção de leite por dia ou produção de ovos por ciclo de produção);
• bem-estar animal; e
• manejo bioclimático para garantir temperaturas mais adequadas para cada cate-
goria animal.
a) Bovinocultura de corte
Glossário
Creep-feeding: usado para suplementar a dieta dos bezerros
em lactação com ração. Para isso, é construída uma estrutura no
piquete, em que apenas os bezerros têm acesso.
Fonte: Shutterstock.
No SIP, as vacas leiteiras apresentam produtividade de leite entre 2.000 a 4.500 litros
por ano. A suplementação volumosa é feita com cana ou capim picados no cocho,
além da silagem. O sistema forma pastagens com plantas forrageiras com elevada
capacidade de suporte, como as espécies dos gêneros Cynodon (Coast-cross, Tifton
e Jiggs) e Panicum (Tanzânia, Mombaça, Massai, Aruana e Tamani), com animais
em pastejo rotacionado.
Fonte: Shutterstock.
c) Avicultura
Fonte: Shutterstock.
d) Suinocultura
Fonte: Shutterstock.
Glossário
• Habilidade materna: caracterizada pelo maior número de
leitões desmamados e o maior peso dos leitões ou da leite-
gada (ninhada), ou seja, é o resultado da interação (maior
produção de leite e menor mortalidade) matriz e leitões.
Por fim, vale dizer que, como os diferentes tipos de sistemas de criação de búfalos,
ovinos e caprinos se assemelham com os sistemas adotados na bovinocultura de cor-
te e de leite, salvo algumas especificidades de cada espécie, podemos tipificá-los da
mesma forma, isto é, com as mesmas características de gestão e uso de tecnologias.
Saiba mais
Para aprofundar seus estudos nas outras culturas zootécnicas,
acesse as leituras complementares disponíveis na biblioteca
do AVA.
Agora que você está a par dos diferentes tipos de sistemas de produção animal, que
tal testar seus conhecimentos? Faça as atividades propostas a seguir.
a) I apenas.
b) V apenas.
c) II e IV apenas.
d) III e V apenas.
e) I, II e IV apenas.
No próximo tema, vamos falar sobre a classificação dos sistemas de produção de carne,
leite e ovos.
Capacidades técnicas
Com os conhecimentos adquiridos neste tema, você vai desen-
volver as seguintes capacidades:
Com esse propósito, inicialmente, será feita uma breve retomada do conteúdo já
abordado na Unidade Curricular Fundamentos do Agronegócio. Posteriormente, serão
abordados os insumos e os tipos de sistemas usados na criação das principais espécies
domésticas para produção de proteína de origem animal.
Dica
Quando se fala de cadeia produtiva, lembre-se dos agentes que
estão “antes da porteira” (a montante), “dentro da porteira”
(sistemas de produção animal, a propriedade rural) e “depois da
porteira” (a jusante). Os agentes a montante são responsáveis
por fornecer os insumos necessários para a criação dos animais
e a produção de carne, leite e ovos.
Produtos
Ingredientes, químicos para
Sementes núcleos, Consultoria higienizar
de plantas suplementos e ou assistência instalações e
Animais forrageiras rações técnica equipamentos
A partir disso, os animais podem ser criados para a comercialização como reprodutores,
produzidos para o abate ou para a produção de leite e ovos. Vale dizer que, dependendo
do tipo de sistema de produção escolhido para o empreendimento, os investimentos
em insumos físicos, humanos, financeiros e tecnológicos variam, devido à necessidade
de cada sistema. Por exemplo:
• sala de ordenha;
• bebedouros;
• silos para armazenamento de grãos e fábrica de ração, caso se opte pela fabricação
da própria ração;
• tratadores e ensiladeira;
• bezerreiros; e
Atenção
No sistema de produção de leite a pasto (SPP), em adição às
estruturas físicas descritas, deve haver a formação dos piquetes
com pastejo rotacionado. Enquanto que no sistema confinado
(SPC), o pecuarista deverá investir na construção do galpão (tie
stall, free stall e compost barn) onde as vacas permanecerão
durante o período que não estiverem na sala de ordenha.
Os recursos humanos são essenciais em qualquer sistema produtivo, tanto para pla-
nejar metas, objetivos e estratégias de ação, como para operacionalizar o que foi
planejado para o manejo dos animais, além de fazer a gestão do empreendimento rural.
Gestão de pessoas
Para produzir com eficiência e custo mínimo, é fundamental formar
uma equipe multidisciplinar de trabalho, com profissionais disci-
plinados, proativos e comprometidos com a missão (propósito),
a visão (onde e como quer chegar) e os valores (princípios) da
empresa, bem como com os resultados superiores. Esse perfil de
colaborador minimiza diversos problemas que podem surgir no
dia a dia da propriedade rural e otimiza a produtividade.
• criar mecanismos para retenção da mão de obra qualificada, devido ao alto investimen-
to nos treinamentos e à alta rotatividade de colaboradores nas propriedades rurais.
Esse investimento pode ser uma “quebra” de paradigmas no setor pecuário, devido à
relação custo-benefício proporcionada para a atividade econômica. Os ganhos podem
ser diversos, e incluem redução dos custos de produção, aumento da eficiência produ-
tiva, valorização humana, satisfação e fidelização (retenção) dos colaboradores, prin-
cipalmente por entenderem que fazem parte do processo de produção, uma vez que
os resultados da sua dedicação rendem “bônus” nos vencimentos (salário), ou seja,
reconhecimento profissional.
O planejamento orçamentário deve ser feito para os prazos curto (ex.: formação de
pastagens), médio (ex.: manejo de pastejo) e longo (ex.: reforma), a fim de financiar
melhorias ou ampliar instalações, adquirir ou fazer a manutenção de equipamentos,
capacitar colaboradores, comprar insumos para o manejo dos animais, além de animais
para o programa de melhoramento genético do rebanho, arrendar ou comprar novas
áreas para a expansão do sistema produtivo, entre outros custos.
Saída de capital
(custos)
Caso o pecuarista não tenha todo o recurso financeiro para custear ou investir no
próximo ciclo produtivo, pode recorrer ao financiamento bancário rural. Diversos
bancos têm linhas de crédito com esse objetivo, assim como o governo federal, com o
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Cabe
a cada empreendedor analisar a modalidade do financiamento, as taxas de juros, a
carência e o prazo para pagamento.
Dica
Investir em um programa (software) que auxilie a análise é
primordial. Se for necessário, pode-se, inclusive, contratar um
profissional especializado em controle financeiro para fazer a
gestão do negócio.
Neste tópico, você vai conhecer as principais espécies, raças e linhagens usadas na
pecuária para a produção de carne, além dos principais tipos de sistemas de produção
animal que podem ser adotados.
a) Bovinos
Como a diversidade de potencial genético dos animais é muito grande, vamos destacar
as principais raças usadas na produção de carne bovina. São elas:
Nelore Guzerá
Simental Brangus
Fonte das imagens: Shutterstock.
b) Ovinos
Para atender ao mercado consumidor, os pecuaristas podem usar diversas raças e cru-
zamentos. Entre elas, destacam-se, além da Morada Nova, as seguintes (EMBRAPA,
2007; SENAR, 2019b):
Texel Suffolk
c) Caprinos
d) Suínos
Duroc Pietrain
Fonte das imagens: Shutterstock.
Saiba mais
Em documento disponível na biblioteca do AVA, conheça a linha-
gem comercial desenvolvida pela Embrapa.
a) Produção a pasto
Saiba mais
Tem interesse em saber mais sobre os sistemas de integração
lavoura, pecuária e floresta? Acesse os materiais disponíveis na
biblioteca do AVA.
b) Produção em confinamento
A produção dos animais em confinamento cresceu muito no Brasil nas últimas décadas.
Esse sistema restringe a área que os animais terão disponível, que varia de acordo
com a espécie criada. Se comparado com o sistema a pasto, requer maiores investi-
mentos em alimentação, nutrição, manejo (mão de obra) e, dependendo da espécie,
nas instalações.
a) Bovinocultura e bubalinocultura
Fase de reprodução
Fase de gestação
A gestação nas vacas varia entre 271 a 293 dias, enquanto nas búfalas varia entre
265 a 280 dias, o que dá cerca de 9 meses. Durante essa fase, deve-se preocupar
com o fornecimento de forragens de qualidade e, no terço final da gestação, com o
melhor aporte nutricional, devido ao maior desenvolvimento das bezerras.
Fase de cria
Essa fase compreende o aleitamento dos bezerros até a desmama, que ocorre entre
6 a 8 meses de idade, quando esses animais atingem entre 6 a 8 @ (180 a 240 kg)
de peso corporal. Requer mão de obra qualificada devido ao manejo reprodutivo.
Fase de recria
Essa fase se inicia logo após o desmame dos bezerros até eles atingirem entre 14
a 16 @ (420 a 480 kg) de peso corporal. Na pecuária moderna, esses animais são
conhecidos como boi magro, porque ainda não estão prontos para o abate.
Fase de terminação
Tem início quando os animais pesam entre 14 a 16 @ e vai até eles atingirem o peso
de abate 18 a 21 @ (540 a 610 kg). Nessa fase, os animais precisam fazer o acaba-
mento de carcaça, ou seja, a deposição de gordura. Para isso, deve-se investir em
forragens de excelente qualidade e suplementação energética. O sistema adotado
pode ser a pasto ou em confinamento, mas se observa o aumento dos confinamen-
tos, porque os animais precisam de menos dias (80 a 90 dias) para atingirem o peso
corporal e o acabamento de carcaça para o abate.
b) Ovinocultura e caprinocultura
Ovinos Caprinos
c) Suinocultura
d) Avicultura
Ao se optar por três categorias, as aves são separadas de acordo com a idade em:
Crescimento: Terminação:
Inicial:
entre 22 a 42 dias entre 42 a 49 dias
de 1 a 21 dias de idade
de idade de idade
Na avicultura caipira de corte, por sua vez, os animais são abatidos com, no mínimo,
85 dias de idade.
Comentários do autor
Alguns avicultores optam em abater as aves com 180 dias, por
ser uma demanda dos seus clientes (consumidores), já que elas
terão características organolépticas (sabor, odor, textura e cor)
diferentes da carne dos animais abatidos mais jovens.
Antes de continuar seus estudos, que tal fixar os conhecimentos? Faça a atividade
proposta a seguir.
Atividade de aprendizagem
II. As raças mais usadas na ovinocultura de corte são Santa Inês, Dorper, Boer
e Lacaune.
III. Os animais são separados em categorias, de acordo com a sua fase produtiva.
São elas: reprodução, gestação, cordeiros e borregos.
IV. Os ovinos podem ser criados a pasto ou confinados, sendo que no confina-
mento deve haver maior investimento.
V. A integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF) não pode ser usada na ovi-
nocultura, devido à dificuldade de manejo dos ovinos quando comparado ao
dos bovinos.
a) IV apenas.
b) II e V apenas.
c) I e II apenas.
d) III e IV apenas.
e) IV e V apenas.
Comentários do autor
Da mesma forma que no tópico anterior, as características de
cada raça e dos sistemas de produção não serão aprofundadas
neste momento, pois você as verá na Unidade Curricular Produ-
ção e Manejo Animal.
As principais raças bovinas criadas nas propriedades rurais são: zebuínas leiteiras,
como Gir Leiteiro, Sindi, Guzerá Leiteiro; europeias, como Holandês, Jersey, Pardo
Suíço; sintética, que é o Girolando; e animais mestiços, originados por diferentes tipos
de cruzamentos entre essas raças (MIRANDA e FREITAS, 2009).
Holandês Jersey
b) Búfalos
Mediterrânea Murrah
Jafarabadi Carabao
Fonte das imagens: Shutterstock e Getty Images.
c) Caprinos
A caprinocultura leiteira está disseminada em todo o território nacional, mas com pre-
dominância nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste. O maior rebanho está no Nordeste
do país (BOMFIM et al., 2013). O rebanho nacional é composto por diversas raças. As
mais usadas na produção de leite são Saanen, Alpina, Toggenburg, Anglo-Nubiana e
Canindé (EMBRAPA, 2007; MELO et al., 2020; SENAR, 2020a).
Saanen Alpina
Toggenburg Anglo-Nubiana
Fonte das imagens: Shutterstock.
d) Ovinos
Saiba mais
Quer saber mais sobre a produção de leite de ovinos? Acesse o
artigo disponível na biblioteca do AVA.
Como no tópico anterior, uma vez que o objetivo é o mesmo (gerar renda e emprego no
meio rural), os tipos de sistemas de produção que serão abordados agora se referem
aos sistemas intensivos, sejam eles a pasto ou confinado.
a) Produção a pasto
O sistema de produção de leite a pasto foi um dos primeiros a ser usado. Nesse caso,
os investimentos em infraestrutura são menores, pois os animais permanecem a maior
parte do tempo no piquete consumindo forragem e ruminando. A estrutura física consiste
em mourões, cercas com arame liso ou cercas elétricas, cochos para suplementação
concentrada e volumosa, cochos de suplemento mineral, bebedouros, centro de manejo
(curral) equipado com seringa, tronco de contenção e balança.
Fonte: Shutterstock.
Nesse sistema, podem ser usadas diversas espécies e cultivares de plantas forrageiras,
mas essa definição depende da produção de leite esperada por vaca por dia e do nível
tecnológico adotado.
Por fim, os profissionais podem optar pelo pastejo contínuo ou rotacionado. No entanto,
os sistemas rotacionados têm apresentado melhores resultados zootécnicos. A desvan-
tagem desse sistema é a necessidade de áreas mais extensas para a implementação
do sistema produtivo.
b) Tie stall
O tie stall consiste na construção de um galpão, com baias individuais equipadas com
bebedouros e pista de alimentação ou cochos, além de equipamentos (ventiladores e
aspersores) que garantem o conforto térmico dos animais. É recomendado para vacas de
alta produção e rebanho com até 60 animais em lactação, dado que onera o custo fixo
e, consequentemente, o custo de produção do leite (MOTA et al., 2017). Para atender
às exigências desses animais, a alimentação deve ser feita com forragens (silagens)
e concentrados com maior qualidade nutricional (maior concentração de nutrientes e
maior digestibilidade).
c) Free stall
O free stall também é recomendado para vacas de alta produção, devido ao custo
elevado das instalações. Esse sistema é uma evolução do tie stall, pois as vacas ficam
soltas dentro do galpão, que é cercado e dividido em duas áreas:
• uma composta por baias individuais com cama de areia ou borracha triturada, onde
as vacas podem deitar para descansar e ruminar; e
• outra destinada para o fornecimento de água, ração e forragem, com espaço para
as vacas se exercitarem e interagirem com outros animais.
d) Compost barn
Assim como nos demais sistemas, o compost barn necessita da construção de um gal-
pão equipado com ventiladores e aspersores, onde as vacas em lactação ficam alojadas
no período em que não estiverem na sala de ordenha. Nesse caso, não existem baias
individuais, pois os animais têm a liberdade de caminhar e deitar naturalmente, o que
garante conforto e bem-estar.
Fonte: Shutterstock.
• menor investimento;
• redução do odor.
Glossário
Laminite: doença ou patologia de origem multifatorial do casco
dos animais. É caracterizada pela inflamação das lâminas do cas-
co, normalmente, causada pelo fornecimento de alta quantidade
de ração e baixa de forragem, além das condições do ambiente,
principalmente o piso.
Na bovinocultura leiteira, os animais devem ser separados de acordo com a idade mé-
dia ao primeiro parto. Se considerarmos que, em uma propriedade, a média da idade
do primeiro parto seja 24 meses, o ideal é que se tenham 7 categorias: bezerras de
1 a 60 dias de idade; bezerras de 61 a 180 dias de idade; bezerras de 181 a 365 dias
de idade; novilhas de 366 a 540 dias de idade; novilhas de 541 a 730 dias de idade;
vacas em lactação; e vacas secas.
Após conhecer as principais espécies usadas nos sistemas de produção de leite, faça a
atividade a seguir para fixar o aprendizado.
II. Por terem melhor qualidade nutricional e maior produção, as braquiárias são
as plantas forrageiras mais indicadas para a produção de leite a pasto.
III. Na produção leiteira, a raça do animal não impacta na escolha do tipo de sis-
tema que será usado para produzir o leite.
IV. No sistema tie stall, as vacas são alojadas em galpões, onde podem escolher
entre as baias individuais e a área de exercício e alimentação.
a) V apenas.
b) III e IV apenas.
c) I e II apenas.
d) I e III apenas.
e) II, IV e V apenas.
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Classificação dos sistemas de produção animal. Nos seus
estudos, você conheceu os principais sistemas de produção de carne e de leite usados
na pecuária, além das principais raças criadas em cada cultura zootécnica. Vale destacar
que, neste tema, você teve um contato inicial com os sistemas produtivos. Na Unidade
Curricular Produção e Manejo Animal, o conteúdo será mais bem aprofundado.
Por isso, no tema de aula Fatores que afetam a produção animal, você vai conhecer
os fatores internos e externos que podem impactar os sistemas de produção animal.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes capacidades:
A região onde está ou será instalado o sistema de produção animal afeta diretamente
qualquer cultura zootécnica. Nesse cenário, vão influenciar diretamente as relações
mercadológicas e a produção animal (SILVA et al., 2018):
• o fornecimento de insumos;
• a cultura e os costumes; e
Portanto, conhecer tais características da região será importante para o sucesso da ati-
vidade zootécnica. Na sequência, serão abordados alguns dos pontos mais importantes.
a) Cultura
A cultura social das regiões influencia diretamente a tendência produtiva, pois, histori-
camente, naquela determinada região, os antepassados eram criadores de gado, suí-
nos, aves, ovinos, caprinos ou outra espécie. Por isso, quando ocorre sucessão familiar
(o negócio passa de pai para filho), a tendência é a de manter as tradições, isto é, a
criação e o sistema produtivo com o qual se habituou a ajudar a família.
b) Condições climáticas
Para refletir
Normalmente, na maioria dos estados, as temperaturas são mais
altas que a faixa de temperatura de conforto térmico dos animais,
o que dificulta a dissipação de calor e compromete a produção
de leite, carne, ovos e mel (FERREIRA, 2011).
Dica
Lembre-se de que as forragens conservadas podem ser usadas ao
longo de todo o ano, conforme planejamento do sistema produtivo.
c) Insumos
Como a produção animal é diversa, isto é, o empreendedor rural pode investir em uma
ou várias atividades econômicas, como bovinoculturas, bubalinoculturas, ovinoculturas,
caprinoculturas, aviculturas, suinocultura, apicultura, entre outras culturas zootécnicas,
caberá a você conhecer as exigências mínimas de cada uma e o tipo de sistema de
produção, além de avaliar as condições de cada região, para recomendar a atividade
zootécnica mais apropriada.
Para fazer esse planejamento são usadas planilhas eletrônicas ou, ainda, programas
pagos com essa finalidade gerencial. Nessa etapa, deverão ser listados:
• instalações;
• equipamentos;
• tamanho do rebanho;
• nível produtivo;
• quantidade de ração; e
• vacinas.
Comentários do autor
Importante destacar que, dependendo da atividade produtiva e
do tipo de sistema (semi-intensivo ou intensivo, a pasto ou con-
finado) a ser adotado, as entradas (inputs) e as saídas (outputs)
da análise vão variar.
Após a análise do cenário, se percebido que não há recursos financeiros suficientes para
investir no negócio ou na modernização do sistema produtivo, a opção será recorrer ao
crédito rural. Nesse caso, é necessária outra análise das condições do financiamento,
principalmente, da taxa de juros, do prazo de carência para começar a pagar as parcelas
e do período para liquidar todas as parcelas.
O crédito rural pode ser usado para a aquisição de novas áreas, para a compra de ani-
mais, maquinário e equipamentos, para a modernização de instalações e para quitar
outros empréstimos rurais, com taxa de juros maiores. Para ter acesso a esse recurso
financeiro, o pecuarista deverá ter certidões negativas, quando os bancos ou as insti-
tuições financeiras forem fazer a análise de crédito.
A disponibilidade de área da propriedade rural é outro fator que vai impactar direta-
mente a atividade pecuária, tanto para a ampliação de um sistema que já existe quanto
para o pecuarista que irá iniciar um sistema de produção. De forma geral, quando já
se tem uma propriedade, o tamanho dela irá definir em qual ou quais tipos de culturas
zootécnicas se deve investir e o tamanho de cada atividade ou negócio.
Fonte: Shutterstock.
O empreendedor precisa ter consciência de que, quanto menor for sua propriedade,
mais intensivo será o sistema de produção. Ou, ainda, o investimento deve ser
feito em culturas zootécnicas que demandam menos espaço, como a suinocultura, a
apicultura, o confinamento de bovinos, ovinos e caprinos ou os sistemas confinados de
produção de leite, vistos no tema anterior.
As áreas de preservação permanente e de reserva legal, que não são usadas, ou quando
são, observa-se subutilização do ponto de vista produtivo, podem ser produtivas e gerar
renda para o pecuarista, caso ele opte pela implementação de apiários próximos a
elas, por exemplo, uma vez que produzirá mel, própolis, cera, grão de pólen ou geleia
real, e contribuirá com a polinização das plantas e a promoção da conservação da biodi-
versidade. Poucos são os produtores rurais que apresentam essa visão empreendedora.
• quantidade de animais, ovos ou leite que se pretende produzir por ciclo de produção;
Recomenda-se fazer amostragens das plantas forrageiras nos piquetes, para es-
timar a quantidade média de matéria seca disponível nesses espaços, que pode variar
de acordo com as condições edafoclimáticas, além de enviar amostras para análise
em laboratório, a fim de conhecer a composição nutricional da forragem. Com essas
informações em mãos, é possível calcular a capacidade de suporte dos piquetes,
ou seja, quantos animais podem ser criados nessa área.
Leitura complementar
Acesse o material complementar, disponível na biblioteca do AVA,
para entender como fazer a amostragem de forragem e calcular
a capacidade de suporte da pastagem.
Se não existem piquetes formados e tampouco pastagem, são usados dados da lite-
ratura técnico-científica no planejamento e no dimensionamento do rebanho e das
instalações, com o objetivo de definir o número e o tamanho dos piquetes necessários
para produzir a quantidade de animais que será destinada à terminação ou ao abate,
em um sistema de pastejo rotacionado.
Agora, serão apresentados alguns cálculos que envolvem os planejamentos, sem levar
em consideração todas as variáveis, devido à complexidade da operação. Para tal, ima-
gine que um pecuarista de bovinos de corte pretende adquirir 250 bovinos, com peso
corporal médio de 300 kg. Como almeja que os animais ganhem 0,5 kg de peso/
dia, em um sistema de pastejo rotacionando com capim Mombaça, buscou referências
nas seguintes tabelas:
GMD (kg/dia) 0,50 1,00 1,50 0,50 1,00 1,50 0,50 1,00 1,50 0,50 1,00 1,50
CMS (kg/dia) 5,24 6,11 7,76 6,11 7,13 9,05 6,98 8,15 10,3 7,85 9,17 11,6
EMm (Mcal/dia) 7,36 6,67 6,18 8,23 7,48 6,94 9,08 8,26 7,67 9,9 9,02 8,38
ELg (Mcal/dia) 1,77 3,67 5,62 1,99 4,13 6,32 2,21 4,57 7,00 2,42 5,00 7,66
EMg (Mcal/dia) 3,97 6,73 9,6 4,28 7,41 10,7 4,59 8,06 11,7 4,89 8,70 12,7
NDT (kg/dia) 3,10 3,67 4,36 3,45 4,10 4,89 3,79 4,52 5,41 4,13 4,93 5,91
GMD: ganho médio diário; CMS: consumo de matéria seca; ELm: energia líquida para
mantença; EMm: energia metabolizável para mantença; ELg: energia líquida para ganho;
EMg: energia metabolizável para ganho; EMt: energia metabolizável total; NDT: nutrientes
digestíveis totais.
GMD (kg/dia) 0,50 1,00 1,50 0,50 1,00 1,50 0,50 1,00 1,50 0,50 1,00 1,50
CMS (kg/dia) 5,24 6,11 7,76 6,11 7,13 9,05 6,98 8,15 10,3 7,85 9,17 11,6
PLg (g/dia) 81,3 164 247 80,7 163 245 80,1 162 244 79,5 160 242
PMg (g/dia) 147 296 447 170 344 518 169 341 514 168 338 510
PMt (g/dia) 401 551 701 456 629 804 485 657 830 514 684 856
PDR (g/dia) 374 477 587 423 539 663 459 579 706 494 617 746
PNDR (g/dia) 202 307 407 232 355 474 239 358 473 247 362 473
PB (g/dia) 576 783 994 655 895 1137 699 937 1179 741 979 1219
GMD: ganho médio diário; CMS: consumo de matéria seca; PMm: proteína metabolizável
para mantença; PLg: proteína líquida para ganho; PMg: proteína metabolizável para ganho;
PMt: proteína metabolizável total; PDR: proteína degradada no rúmen; PNDR: proteína não
degradada no rúmen; PB: proteína bruta.
Ao consultar as tabelas, o pecuarista verificou que cada animal deveria ingerir 5,240
kg de matéria seca por dia e, nessa quantidade ingerida, consumir 3,100 kg de NDT e
0,576 kg de PB.
Mesmo sabendo que são as alturas de pré e pós-pastejo que determinam o período em
que os animais permanecem em cada piquete, vamos estabelecer um período médio de
pastejo de dois dias e de descanso de 30 dias. Assim, a partir da fórmula apresentada
a seguir, identifica-se que o sistema será composto por 16 piquetes.
Agora, para definir a área dos piquetes necessária para criar os 250 bovinos em pas-
tejo rotacionado, calculamos a quantidade de MS que cada animal vai ingerir em dois
dias de pastejo, multiplicando o consumo de MS/animal/dia por 2, o que resultará em
10,480 kg.
kg de MN disponível/ha/corte ou
Capim Mombaça 9.400,000
pastejo
Outro planejamento a ser feito é o da área a ser plantada com milho para a pro-
dução de silagem, a fim de alimentar o gado no período da seca. Considerando que
os animais ficarão 120 dias no sistema de pastejo rotacionado e ganharão 60 kg; no
início da seca, eles estarão com 360 kg de peso corporal. Portanto, cada animal deverá
ingerir 6,30 kg de MS, 3,60 kg de NDT e 0,70 kg de PB/dia.
Dos 6,30 kg de MS, cada animal irá ingerir 4,8 kg de MS de silagem de milho e 1,5 kg
de MS de ração. Como o período de alimentação com silagem será de 180 dias, serão
necessários 216.000 kg de MS de silagem de milho.
Considere que 1 ha de milho produz 30.000 kg de MS. Assim, é necessário plantar 7,2 ha
de milho, ou melhor, 8 ha para alimentar os animais durante a seca. Lembre-se de que
no processo de ensilagem, fornecimento e consumo da silagem podem ocorrer perdas.
• o período de serviço;
• o intervalo desmame-cio;
• a taxa de concepção;
• a taxa de natalidade;
• a taxa de aborto; e
O líder deve se posicionar de acordo com a necessidade, isto é, oscilar entre os dife-
rentes tipos de liderança, que incluem:
A capacitação constante
dos colaboradores, conforme a
demanda das funções que cada
um desempenhará no sistema de
produção, é primordial para o sucesso
do negócio, pois diminui o retrabalho
e otimiza os resultados.
A C
Act/adjust ou agir/ajustar Check ou checar
ações para corrigir falhas os resultados
Caso as metas e os objetivos não estejam sendo atingidos, é importante fazer um novo
planejamento, treinamento e implementação dos novos processos e das tecnologias para
atingir as metas e alcançar os objetivos. Esse ciclo não pode ser estático ou engessado,
pelo contrário, deve ser dinâmico e flexível, porque deve-se buscar a melhoria contínua
dos processos e do negócio (LONGARAY et al., 2017).
Saiba mais
Faça uma pesquisa na internet para conhecer detalhes da me-
todologia do Ciclo PDCA de gestão, que fará diferença na sua
atuação profissional. Na biblioteca do AVA, há algumas indicações
de leitura. Aproveite!
Agora, que tal fixar o conhecimento adquirido até aqui? Responda às questões propos-
tas a seguir.
Comentários do autor
Além dos órgãos governamentais, diversas organizações (con-
selhos, comissões, associações, federações e confederações)
contribuem direta e indiretamente com a elaboração das políticas
públicas e das estratégias de ação.
Saiba mais
Para conhecer mais sobre o Plano Safra 2021/2022 e as especifi-
cidades de cada programa, acesse o link disponível na biblioteca
do AVA.
Nos dois últimos planos, houve maior linha de crédito para os Programas ABC, Inovagro
e Proirriga, para incentivar o uso de tecnologias mais sustentáveis e de práticas mais
conservacionistas. Diversos órgãos dos governos federal, estadual e municipal parti-
cipam da elaboração e da execução de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento
do agronegócio brasileiro, à recuperação de áreas degradadas e à conservação dos
recursos naturais.
Entre eles, merecem destaque o Mapa e a Embrapa (criada em 1973 pelo Mapa para
desenvolver tecnologias utilizáveis na pecuária e agricultura tropical), com os seguintes
programas:
• Plano ABC;
• Fundo Amazônia;
• PronaSolos;
• Inova Social;
Comentários do autor
Visite as secretarias de governo, para conversar com os servi-
dores públicos envolvidos, ou acesse os sites do poder público
Executivo e Legislativo, com a intenção de conhecer as políticas
públicas voltadas ao agronegócio do seu estado e município.
O consumidor é o principal agente da cadeia produtiva, pois é ele quem compra e de-
termina o padrão e a qualidade dos produtos que quer consumir, ou seja, quem faz a
cadeia funcionar. Assim, é fundamental que os outros agentes das cadeias produtivas
(de mel, própolis, cera, grão de pólen, geleia real, ovos, leite e carnes) compreendam
melhor o que envolve seu comportamento e suas necessidades.
Dica
A pesquisa de mercado pode ajudar a conhecer o perfil dos con-
sumidores que se deseja atingir: as regiões onde estão, se são
mulheres ou homens, a faixa etária, o seu poder aquisitivo, se são
estudantes ou trabalhadores, seu estilo de vida, hobbies, hábitos
de consumo, entre outras informações. Com esse conhecimen-
to, a cadeia produtiva tem elementos para traçar estratégias de
divulgação ou marketing mais assertivas.
• fidelização do cliente;
A cotação da maior parte dos insumos usados na produção animal é influenciada por
diversos fatores, entre eles a inflação, a alta do preço das commodities, a cotação do
dólar, a alta demanda e a pouca oferta, as condições climáticas, a época do ano (safra
ou entressafra), as sanções comerciais, as políticas econômicas e, por fim, as guerras.
Glossário
Commodities: termo usado na economia. Refere-se às maté-
rias-primas básicas não industrializadas, que têm um padrão no
mundo inteiro, independentemente do local onde são produzidas,
e que serão usadas para a produção de diversos produtos. O
seu preço é determinado pela oferta e pela procura no mercado
internacional.
Oferta Demanda
Glossário
• Elasticidade-renda na demanda: mede o impacto da renda
na demanda por um produto específico, ou seja, quando a
renda aumenta, os consumidores tendem a consumir mais
o produto que desejam ou a procurar produtos de melhor
qualidade.
No Brasil, a tributação é um assunto que gera muitas dúvidas por parte da população
e dos empreendedores, devido ao sistema tributário brasileiro ser complexo e um dos
mais caros do mundo, o que pode limitar vários negócios e empreendimentos.
Fonte: Shutterstock.
De olho na lei
A depender da renda anual do pecuarista pessoa física, ele
estará sujeito ao pagamento do Imposto sobre a Renda Inci-
dente nas Pessoas Físicas (IRPF), conforme as Leis 8.023/1990,
9.250/1995 e 9.430/1996, o Decreto 3.000/1999, e as Instruções
Normativas 83/2001 e 1.700/2017.
De olho na lei
O empreendedor rural pessoa jurídica tem suas obrigações
tributárias regulamentadas pela Lei 9.430/1996, pelo Decreto
3.000/1999 e pela Instrução Normativa 1.700/2017. Nessas le-
gislações, constam as receitas que são tributáveis, as deduções
permitidas e as formas de apuração. Tal empreendedor também
está sujeito às contribuições previdenciárias, conforme as Leis
8.212/1991 e 8.870/1994, e o Decreto 1.146/1970.
Saiba mais
Para aprofundar seus estudos e ter condições de orientar os
pecuaristas em suas relações comerciais, leia a obra Tributação
no agronegócio, de Florence Haret. O link está disponível na
biblioteca do AVA.
Atividades de aprendizagem
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Fatores que afetam a produção animal. No decorrer dele,
conheceu os principais fatores internos e externos que limitam ou potencializam a ativi-
dade pecuária. Na sua atuação profissional, é importante analisar esses fatores e propor
a melhor alternativa para cada propriedade rural, levando em conta suas características
únicas, que podem favorecer ou limitar a produção.
No próximo tema, você vai aprender sobre escrituração zootécnica nos sistemas de
produção animal.
A grande evolução dos diversos sistemas de produção animal no Brasil foi observada a
partir de 1990, com a organização e a estruturação das pecuárias, exceto a avicultura
(EUCLIDES FILHO et al., 2002), que se tornou comercial em meados de 1930, mas
com desenvolvimento comercial e econômico consolidado na década de 1970, devido
aos avanços tecnológicos, gerenciais e mercadológicos adotados (ZEN et al., 2014).
Atualmente, para fazer a gestão dos sistemas de produção animal, é necessário obter
informações zootécnicas (alimentação, nutrição, sanidade, reprodução e desempenho),
financeiras e econômicas. Para isso, são registrados todos os dados referentes à criação
dos animais e à produção de mel, própolis, grão de pólen, geleia real, cera, ovos, leites,
carnes, entre outros produtos de origem animal.
No tema de aula Escriturações zootécnicas, você vai entender como deve ser feita a
escrituração zootécnica dos sistemas de produção animal, que inclui a coleta e análise
de dados, e conhecer os principais índices zootécnicos usados nos diversos sistemas.
Comentários do autor
Na prática, observa-se a falta de balança em diversos sistemas
de produção animal, além da ausência da escrituração zootécnica.
Quando realizada, poucos são os pecuaristas e profissionais que
fazem a correta análise dos dados coletados. Assim, é necessário
intensificar a capacitação e a assistência técnica para ensinar e
conscientizar os profissionais sobre a importância desse processo
na gestão dos sistemas produtivos (SANTOS et al., 2017).
Veja este exemplo: o nascimento de uma leitegada ocorreu no dia 12 de janeiro, mas
o colaborador, no momento de anotar o peso médio do leitão – PML (peso da leitegada
dividido pelo número de leitões vivos = 15,76/16 = 0,985 kg/leitão), anotou equivo-
cadamente em 19 de janeiro. Como o desmame dos leitões ocorreu 28 dias após o
nascimento (PML = 103,35/15 = 6,89 kg/leitão), o registro foi feito em 9 de fevereiro.
No entanto, a realidade foi outra: o ganho de peso médio diário do leitão foi de 0,211
kg. Isso quer dizer que o desempenho dos leitões foi superestimado. Assim, se o ges-
tor usar esse índice zootécnico para selecionar futuras matrizes (reposição) para o seu
rebanho, poderá se equivocar nos critérios de seleção ou avaliação dos lotes.
Atenção
Quando os animais perdem o brinco ou o colar de identificação,
ou estes estão apagados, podem ocorrer falhas nos registros,
porque além de não se saber qual animal é, o colaborador terá
dificuldade de visualizar a numeração de identificação do animal.
A preocupação não é apenas com a coleta de dados (anotação de campo), mas com a
inserção das informações nos livros de registros, planilhas eletrônicas, programas ou
aplicativos no escritório, pois os erros podem se repetir, assim como os equívocos da
avaliação dos dados.
Por fim, no uso eficiente dos dados coletados, é primordial definir as metas e os ob-
jetivos que se pretende alcançar, para estabelecer quais e como os dados devem
ser coletados e tabulados, ao invés de fazer coletas aleatórias e sem objetivos.
Fonte: Shutterstock.
Nesse cenário, é fundamental ter um colaborador que desempenhe essa função, bem
como um protocolo para o registro dos dados, que estabeleça a frequência de coleta.
Dica
Essa dinâmica pode aumentar o custo, devido à necessidade de
mais uma pessoa, e está sujeita a erros ou falhas (esquecimento)
na coleta, pois a leitura e o registro são feitos em planilhas de
dados coletados manualmente de equipamentos, como termô-
metros, pluviômetros, anemômetros etc. Logo, uma alternativa
é a automação ou informatização do processo.
A coleta informatizada de dados é um diferencial nas propriedades rurais, uma vez que
possibilita obter informações precisas em tempo real, além de facilitar para o pecua-
rista ou o gestor a análise da interação das diversas variáveis envolvidas no processo
produtivo.
Com relação às variáveis climáticas, a automação das coletas e dos registros dos da-
dos, com uso de sensores e dataloggers, torna o processo mais econômico, dinâmico
e preciso, pois não é necessário um colaborador nas instalações ou nos piquetes para
coletar e depois registrar nas planilhas. Outra facilidade da automação é aumentar a
frequência de coleta de dados para formar o banco de dados (big data), que será ana-
lisado de forma mais precisa e detalhada.
Como visto, a automação dos sistemas de produção animal traz vários benefícios na
gestão zootécnica, mas é uma área desafiadora, em razão da carência de profissionais
que saibam analisar banco de dados de forma eficiente.
As fichas de controle individual dos animais são importantes para a coleta de dados
e a avaliação de cada animal em relação ao rebanho, o que possibilita a seleção de
animais com desempenho superior e o descarte daqueles que não atingirem a média
do rebanho ou do lote. Facilitam, também, a formação de lotes conforme a produção,
o que diminui custos com alimentação específica para cada lote e otimiza a produção.
a) Caracterização da propriedade
c) Identificação do rebanho
Para todas as culturas zootécnicas, você deverá fazer a escrituração zootécnica do sis-
tema de produção. Entre as inúmeras anotações, destaca-se a quantidade de animais
em cada categoria.
Matrizes em
reprodução
Matrizes em
gestação
Matrizes em
lactação
Reprodutores
Leitões na
maternidade
Suínos em
crescimento
Suínos em
terminação
Uma das principais fases de produção na suinocultura é a reprodução, pois é por meio
dela que serão geradas as leitegadas para as fases subsequentes. A eficiência repro-
dutiva dos lotes de matrizes é fundamental, assim como o menor gasto com doses
inseminantes por concepção. Para a avaliação da eficiência, deve-se fazer o registro de
todos os eventos envolvidos.
Aos 24
Desmame Ao ano Sobreano
Animal Nascimento meses
(205 dias) (365 dias) (550 dias)
(730 dias)
N.º de
Data Peso Data Peso Data Peso Data Peso Data Peso
identificação
Perceba que são diversas as fichas que auxiliam pecuaristas, profissionais e colabora-
dores na coleta de dados. Por isso, no momento de criar as fichas de controle zootéc-
nico, avalie a necessidade de cada sistema de produção e concilie com as metas e os
objetivos estabelecidos para cada um.
A partir das fichas coletivas, é possível coletar dados que serão processados para gerar
índices zootécnicos do sistema de produção, tais como:
Agora, que tal fixar o conhecimento adquirido? Resolva a questão proposta a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. A escrituração zootécnica é uma importante ferramenta para avaliar os
diversos sistemas de produção animal. Com relação a ela, avalie as se-
guintes afirmações:
I. Só foi possível fazer a escrituração zootécnica com o advento dos computa-
dores, devido à sua complexidade.
II. A escrituração zootécnica permite fazer avaliações entre diversos lotes de
diversos sistemas de produção.
III. Os custos de produção e as receitas dos sistemas produtivos não fazem parte
da escrituração zootécnica.
IV. A partir da década de 1990, observou-se o grande uso da escrituração zoo-
técnica, o que possibilitou melhorar a eficiência produtiva das pecuárias
nacionais.
V. O uso de tecnologias nos sistemas de produção demanda colaboradores mais
bem capacitados.
a) IV apenas.
b) I e III apenas.
c) II e V apenas.
e) I, III e V apenas.
Dica
Existem empresas especializadas no desenvolvimento de progra-
mas e aplicativos que oferecem serviços específicos, de acordo
com a realidade de cada propriedade rural.
Na produção animal, podem ser gerados diversos índices zootécnicos, a partir dos dados
coletados em campo. Assim, o gestor do sistema precisa definir quais dados devem
ser coletados para cada índice. Esses dados podem ser de produção, de reprodução e
econômicos.
Consumo de ração
Consumo
de ração =
Qtde. fornecida (kg) – Qtde. que sobrou (kg)
Ganho de peso
Calculado pela diferença entre o peso corporal inicial e o peso corporal final de um
animal ou de um grupo de animais, em um determinado período.
Para obter esse valor, basta dividir o ganho de peso, em um período, pela quantidade
de dias em que foi mensurado.
Conversão alimentar
Um dos mais importantes índices zootécnicos para avaliar o desempenho dos animais
porque calcula quanto que um animal precisa consumir de ração para produzir uma
unidade de produto (1 kg de peso corporal, 1 kg de massa de ovo, 1 kg de leite).
Quanto menor a conversão alimentar, melhor, ou seja, o animal precisou ingerir
menos alimento para produzir uma unidade de produto.
Por exemplo, na avicultura de corte, foram comparados dois lotes de frango: o lote
A apresentou conversão alimentar no período de 42 dias de 1,88, e o lote B de 1,65.
Nesse caso, o lote B apresentou melhor conversão alimentar porque, em média, os
frangos precisaram consumir 1,65 kg de ração para ganhar 1 kg de peso corporal,
enquanto que o lote A precisou consumir 0,23 kg a mais para ganhar 1 kg de peso.
Viabilidade na avicultura
Taxa de prenhez
Taxa de concepção
Taxa de serviço
Data do Data da
Intervalo desmame-estro = –
desmame detecção do cio
365
N.º de partos/matriz/ano =
PG + PL + IDE
AP = RF – RI – AC + AV
É comum haver confusão entre a taxa de desfrute e a taxa de abate. Esses índices
zootécnicos, no entanto, são diferentes: a taxa de desfrute considera as compras de
animais e as vendas para diversas finalidades; já a taxa de abate relaciona a quantidade
de animais abatidos e a quantidade de animais no rebanho.
Leitura complementar
No material complementar, disponível na biblioteca do AVA, saiba
mais sobre a coleta de dados e o cálculo dos índices zootécnicos.
3.2 Gráficos
Planilhas eletrônicas, programas e aplicativos geram gráficos para a avaliação de animais
e lotes, além das análises produtivas e econômicas dos sistemas de produção ou das
novas tecnologias adotadas, para melhorar a produtividade. É possível criar diversos
tipos de gráficos, como de linhas, de barras, de colunas e de pizza.
24,00
23,30
23,00
23,00
22,00 21,65
21,11 21,10
21,00 20,90
20,40
20,00
19,41
19,20
18,86
19,00
18,00
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Segundo a empresa, a taxa de desfrute do rebanho brasileiro oscila entre os anos, mas
sempre está abaixo dos valores obtidos por outros países, como os EUA, que têm a
taxa de desfrute superior a 30%. Isso demonstra que a pecuária de corte brasileira tem
potencial para crescer, desde que os pecuaristas intensifiquem os sistemas de produção
por meio da adoção de tecnologias e de controle zootécnico.
300
200
Peso vivo kg
150
100
50
0
98
.0 2
99
.0 1
00
6
.0
.0
.0
.0
.0
.1
24 .1
.0
.0
.0
.0
.1
03 .1
.0
.0
.0
.0
2.
2.
1.
05
08
25
25
12
20
15
28
17
17
29
01
30
28
28
28
08
.0
19
Curva de crescimento de novilhas desmamadas aos cinco meses (março) e suplementadas até
setembro, e de novilhas desmamadas aos sete meses (maio) e não suplementadas.
Todas foram suplementadas a partir de outubro de 1998.
Fonte: Catto e Comastri Filho (2003).
40
Produção de leite (kg/d)
35
até 6
30 6 a < 6,5
6,5 a < 7
25
7 a < 7,5
20 7,5 a < 8
8 ou mais
15
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Controle mensal
Resultados de uma pesquisa científica indicaram que fazer a alimentação das aves nos
horários mais frescos do dia minimiza o estresse e a queda na produção de ovos.
80
70
Produção (%)
60
50
T1 = 6h30
40
T2 = 6h30 e 15h30
30
T3 = 11h
20 T4 = 15h30
10
25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67
Semanas
Curvas das produções de ovos ave/dia, por tratamento (T1, T2, T3 e T4),
das reprodutoras de frangos de corte.
Fonte: Avila et al. (2000).
Por fim, a avicultura de corte é uma das atividades zootécnicas mais tecnificadas e com
os melhores índices zootécnicos. A busca constante por melhoria no desempenho
das aves é um dos objetivos e, para isso, diversas formas físicas de ração são usadas,
a fim de minimizar o desperdício e melhorar o ganho de peso, consequentemente, a
conversão alimentar.
Em trabalho desenvolvido por Lara et al. (2008), observou-se que as aves que con-
sumiram a ração peletizada apresentaram maior ganho de peso, conforme visto no
gráfico a seguir.
950
Aa
Ganho de peso
900
Ba
850 Ba Ab
Ab Cobb
800 Bb Ross
750
700
Farelada Peletizada Peletizada
controlada
21 dias de idade
Ganho de peso das aves aos 21 dias de idade, conforme tratamento e linhagem.
Letras distintas (minúsculas para comparar linhagens, e maiúsculas para comparar formas físicas)
diferem entre si pelo teste SNK (P<0,05).
Fonte: Lara et al. (2008).
Atividades de aprendizagem
1. Com base no que você estudou neste tópico, responda: o que é a conver-
são alimentar? É correto afirmar que quanto maior a conversão alimentar
melhor é para o sistema produtivo?
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Escriturações zootécnicas e pôde verificar a importância de se
fazer a escrituração zootécnica correta, como parte do processo de gestão produtiva e
econômica dos sistemas de produção, para tomar decisões mais assertivas. Além disso,
você teve contato com os principais índices zootécnicos usados nas diversas pecuárias.
Assim, terá mais facilidade nas Unidades Curriculares que vão tratar desses índices.
Continue seus estudos para conhecer as legislações ligadas ao agronegócio e aos sis-
temas de criação e produção animal.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes capacidades:
• selecionar normas de acordo com o procedimento de criação
e manejo animal;
• acompanhar normativas vigentes;
• reconhecer a justiça social;
• selecionar procedimentos para evitar situações de desrespeito
à saúde pessoal;
• estabelecer regras básicas de convivência; e
• aplicar a legislação e os códigos de ética profissional nas
relações pessoais, profissionais e comerciais.
Controlar a produção, a
comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente.
Vale destacar que, segundo o mesmo artigo, é dever da sociedade defender e preservar
o meio ambiente (BRASIL, 1988).
1.2 Leis
Lei 6.938/1981
Lei 9.433/1997
A água é um recurso natural limitado de domínio público, portanto, seu uso é fis-
calizado e autorizado pelo governo. Para ordená-lo, foi criada a Política Nacional de
Recursos Hídricos, que busca assegurar, às gerações, o uso e a qualidade da água,
de forma sustentável e racional (BRASIL, 1997a).
Lei 9.605/1998
O governo federal sancionou essa lei para estabelecer penas às pessoas físicas e
jurídicas que cometerem crime ambiental. Conforme a lei, a atividade pecuária
pode ser suspensa, caso não cumpra as legislações ambientais. As penas podem ser
multa, interdição temporária da atividade, suspensão parcial ou total da atividade,
proibição de obter subsídios, subvenções ou doações do Poder Público e prestação
de serviços à comunidade (BRASIL, 1998).
O governo federal, no uso de suas atribuições, publicou essa lei para estabelecer as
normas para a proteção da vegetação nativa da Área de Preservação Permanente
(APP) e da Área de Reserva Legal (ARL). Além do controle e prevenção dos incêndios
florestais (BRASIL, 2012).
De olho na lei
Leia o Capítulo II, Seção I, da Lei 12.651/2012, para conhecer
as 11 áreas consideradas APPs e, assim, orientar melhor os
pecuaristas.
1.3 Decreto
No Capítulo IV, que trata do licenciamento das atividades, o artigo 19 institui que as
secretarias estaduais concederão três tipos de licença ambiental para o pecuarista,
após análise e vistorias, de acordo com a fase em que se encontra o empreendimento
pecuário. Essas licenças são (BRASIL, 1990):
De olho na lei
“Art. 1º. Para efeito desta Resolução, considera-se impacto am-
biental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta
ou indiretamente, afetam:
III – a biota;
Empreendimentos pecuários com áreas maiores que mil hectares ou menores, mas com
importância ambiental, e áreas de proteção ambiental devem elaborar e submeter aos
órgãos estaduais competentes o estudo de impacto ambiental (EIA) e o respectivo
relatório de impacto ambiental (Rima).
No artigo 8º, incisos I, II e III, o Conama ratifica (legitima) os três tipos de licenças
expedidas que o Decreto 99.274/1990 estabelece. Para tal, o pecuarista deverá fazer
o requerimento ao órgão competente e anexar os documentos, o projeto e o EIA, de
acordo com a licença requerida.
Dica
É essencial contratar um profissional legalmente habilitado para
fazer o EIA. A responsabilidade da veracidade das informações
contidas no estudo é compartilhada entre o contratante e o
contratado, e ambos estão sujeitos às sanções administrativas,
civis e penais.
Atenção
Para evitar problemas com os órgãos competentes, é preciso
comunicar à Secretaria do Meio Ambiente sempre que for feita
alguma alteração nas características (construtivas, plantel e
ambiental) do projeto apresentado e licenciado, com o objetivo
de atualizar a licença autorizada.
Agora, que tal fixar o conhecimento sobre as legislações ambientais? Responda à ques-
tão proposta a seguir.
Atividade de aprendizagem
No âmbito federal, o governo ainda publica leis e decretos para controlar os compor-
tamentos da sociedade, de empresas e órgãos públicos, que possuem direitos
e deveres. Já o Mapa publica portarias e resoluções para normatizar as ações da
cadeia produtiva, além de fomentar vários programas sanitários nacionais de preven-
ção, controle e erradicação de doenças, segundo as diretrizes da Organização Mundial
de Saúde Animal (OIE).
• período da viagem; e
De olho na lei
Conforme o artigo 19: “Se for diagnosticada a tuberculose,
paratuberculose, peripneumonia contagiosa, tripanossomíase,
carbúnculo hemático e sintomático, raiva, pseudorraiva, anemia
perniciosa, brucelose, mormo, varíola ovina, caprina e suína,
tifo, peste suína, ruiva, pleuropneumonia séptica caprina, coriza
gangrenosa, peste e tifose aviária e Salmonella pullorum, serão
sacrificados somente os animais atacados e tomadas as medidas
profiláticas que se fizerem necessárias a cada caso, sem que o
proprietário tenha direito a qualquer indenização.”
A Lei 569/1948, por sua vez, estabelece os procedimentos de defesa sanitária animal.
O governo poderá determinar o sacrifício dos animais e a destruição de equipamentos
e da construção, dependendo da gravidade da doença e da disseminação, com a possi-
bilidade de o pecuarista ser indenizado, após avaliação dos órgãos competentes. “Não
caberá qualquer indenização quando se tratar de raiva, pseudoraiva ou de outra doença
considerada incurável e letal” (BRASIL, 1948).
Saiba mais
O link para acessar o Programa Nacional de Vigilância para a
Febre Aftosa 2017-2026 está disponível na biblioteca do AVA.
Não deixe de conferir!
Saiba mais
O Plano de contingência para a febre aftosa: níveis tático e
operacional está disponível no site do Mapa. Acesse o link na
biblioteca do AVA.
Informação extra
O reconhecimento da zona livre sem vacinação de febre aftosa é
feito pela OIE. Em maio de 2021, incluía os estados do Paraná,
Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia, parte do Amazonas e do
Mato Grosso, como livre da doença, além de Santa Catarina,
reconhecida desde 2007 (CUPERTINO, 2022). Após a vacinação
de novembro de 2022, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins terão
a vacinação suspensa (BRASIL, 2022). Na biblioteca do AVA,
você encontra o calendário de vacinação para 2022.
a) Brucelose
Atenção
Se identificado o foco de brucelose, o pecuarista deverá custear
um médico-veterinário habilitado para fazer o saneamento, isto
é, testes em intervalos de 30 a 90 dias entre eles. O saneamento
só termina quando todos os animais testarem negativo. Enquanto
isso, os animais positivos são destinados ao abate sanitário.
b) Tuberculose
A tuberculose é uma zoonose causada pela bactéria Mycobacterium bovis que acomete,
principalmente, bovinos e bubalinos e causa queda na produção de leite e no ganho de
peso. Provoca lesões em diversos órgãos (fígado, baço e pulmão) e tecidos (carcaça).
Quando diagnosticada em bovinos e bubalinos, deve ser imediatamente notificada
aos órgãos competentes. No caso de aves (Mycobacterium avium), a notificação é
mensal de qualquer caso confirmado.
O Mapa adota estratégias de ação diferentes para tuberculose nos rebanhos de corte
e de leite:
Saiba mais
A estratégia de ação do Mapa, descrita no Programa Nacional
de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal
(PNCEBT), é feita de acordo com o grau de risco das duas doenças
nos estados brasileiros. A classificação de risco da prevalência está
disponível no site do Mapa. Acesse o link na biblioteca do AVA.
• andar cambaleante;
Por fim, deitam em decúbito lateral e dão “pedaladas” até ir a óbito, causando prejuízos
aos pecuaristas.
De acordo com o programa, a vigilância epidemiológica deve ser feita nas regiões de
maior risco de contágio, com vacinação estratégica dos rebanhos. Nos casos suspeitos,
testes laboratoriais e epidemiológicos são aplicados. Além disso, é necessário comunicar
imediatamente o SVO do seu estado. Caso alguma pessoa tenha sido contaminada,
deve ser encaminhada, de imediato, para avaliação médica no serviço de saúde.
Por causa de um surto da doença no Reino Unido, diversos países proibiram o uso de
alimentos de origem animal na fabricação de rações para ruminantes. Já no Brasil, em
1990, o Mapa elaborou o Programa Nacional de Prevenção e Controle das Ence-
falopatias Espongiformes Transmissíveis, em parceria com os órgãos estaduais de
defesa sanitária e o setor produtivo, a fim de atender ao mercado internacional e pre-
venir a ocorrência da doença no país. Tal programa está alicerçado em quatro pilares:
1 2 3 4
Controle de Vigilância Medidas de Controle e
importação de sanitária da mitigação de risco avaliação das
animais, doença em abatedouros, capacitações e
produtos e graxarias, fábricas propagandas
coprodutos de rações e
propriedades
rurais
O Programa Nacional de Sanidade dos Caprinos e Ovinos (PNSCO) foi elaborado pelo
Mapa para controlar diversas doenças nesses animas, como (BRASIL, 2013):
Assim, a adoção de boas práticas de produção de ovinos e caprinos cabe aos pecuaris-
tas, que devem manter atualizado o cadastro junto ao SVO e só transportar os animais
com a Guia de Trânsito Animal (GTA) acompanhada dos exames sanitários.
Saiba mais
Para conhecer um pouco mais sobre algumas dessas doenças,
acesse as publicações do Mapa, nos links disponíveis na biblioteca
do AVA, bem como o PNSS.
Em 2021, o Brasil tinha 17 estados como zona livre de peste suína clássica, tais como
Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Santa
Catarina, Sergipe, Tocantins e, no Amazonas, os municípios de Guajará, Boca do Acre, o
sul de Canutama e o sudoeste de Lábrea. Isso devido às ações integradas dos diversos
segmentos da cadeia produtiva suinícola (BRASIL, 2021).
Por fim, as seguintes doenças precisam ser notificadas ao SVO pelo suinocultor ou pro-
fissional responsável pelo sistema de produção (BRASIL, 2013):
O Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) existe desde 1994, em que o Mapa
e as Secretarias da Agricultura dos estados desenvolvem estratégias de vigilância epi-
demiológicas para prevenir a entrada de novas doenças, além de controlar e erradicar
as doenças existentes no território nacional, entre elas:
• doença de Newcastle;
• doença de Marek;
• influenza aviária;
• salmonelose; e
• micoplasmose.
• Clamidiose aviária
Doenças que requerem notificação • Mycoplasma (M. gallisepticum, M.
melleagridis e M. synoviae)
imediata de qualquer caso
confirmado • Salmonela (S. enteritidis, S.
gallinarum, S. pullorum e S.
typhimurium)
O vírus da influenza aviária (IA) tem vários subtipos divididos em dois grupos, conforme
a patogenicidade:
Em caso de suspeita, o SVO deve ser notificado para fazer a coleta e monitorar o lote.
Dependendo da avaliação, o lote poderá ser eliminado, assim como a granja isolada
epidemiologicamente.
Atenção
Em casos confirmados, todas as aves são sacrificadas. Além dis-
so, as instalações e os equipamentos precisam ser desinfetados
e deve-se fazer uso do vazio sanitário e de animais sentinelas
para monitoramento.
Saiba mais
Na biblioteca do AVA, você encontra mais informações sobre a IA,
os sinais e sintomas dos cinco patótipos da doença de Newcastle,
bem como as diretrizes do PNSA.
Fonte: Shutterstock.
Agora que você conheceu a legislação e os programas ligados à defesa sanitária animal,
que tal fazer algumas atividades para fixar o aprendizado?
a) Linfadenite caseosa.
b) Clamidiose aviária.
d) Micoplasmose em aves.
< d e i x a r e s p a ç o p a r a a r e s p o s t a >
3.2 Leis
De olho na lei
Na alínea “b” do artigo 7º, o trabalhador rural foi expressamente
excluído da normatização da CLT, ficando à margem da relação
de emprego. Veja o texto:
Em 2017, foi promulgada a Lei 13.467, chamada “reforma trabalhista”, que alterou a
CLT e a tornou a junção das normas que regulam as relações de trabalho, e não mais
apenas as relações de emprego (BRASIL, 2017). A reforma alterou também:
• a Lei 6.019/1974, que não é aplicada aos trabalhadores rurais porque trata do
trabalho temporário nas empresas urbanas (BRASIL, 1990a);
As convenções e os acordos coletivos em vários itens têm, atualmente, mais força que
os regramentos da CLT, tais como: trabalho de no máximo 12 horas por dia ou 220 horas
semanais, troca de feriado, trabalho intermitente, participação nos lucros, trabalho em
regime de sobreaviso e parcelamento de férias, sendo obrigatório que um dos períodos
seja de, no mínimo, 14 dias e os demais maiores que cinco dias. Ademais, as férias
não podem começar no repouso semanal remunerado nem dois dias antes de feriado.
O primeiro direito instituído para o trabalhador das indústrias rurais e da agricultura foi
o de se organizar em sindicatos. Isso ocorreu em 1903, pelo Decreto 979, mas esse
direito só foi regulamentado quatro anos depois, em 1907, pelo Decreto 6.532. Em
1943, o Decreto-lei 5.452 aprovou a CLT, que reuniu as várias normas esparsas exis-
tentes naquela época, que tratavam da relação de emprego no Brasil.
Dica
Decretos são atos administrativos da competência do Poder
Executivo (presidente, governadores e prefeitos), com força de
regulamento. Decretos-leis também resultam do Poder Executivo,
mas com força de lei e aplicação imediata, mesmo antes da sua
aprovação pelo Poder Legislativo.
De olho na lei
“Art. 55. Os investimentos serão considerados despesas no mês
do pagamento (Lei nº 8.023/1990, art. 4º, § 2º).
De olho na lei
“Art. 86. As relações de trabalho rural serão reguladas pela Lei
nº 5.889, de 1973, e, naquilo que não dispuser em contrário,
pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei
nº 5.452, de 1943, e pela legislação especial” (BRASIL, 2021).
Por fim, o artigo 104 do Decreto 10.854/2021 remete ao Ministro de Estado do Trabalho
e Previdência o estabelecimento das normas de segurança e saúde no trabalho, que
deverão ser observadas nos locais de serviço rural, prevendo, no artigo 105, a aplica-
ção de multas.
3.4 Portarias
• salário mínimo nacional, com reajustes que preservem o seu poder aquisitivo;
• irredutibilidade do salário;
• adicional de 25% pelo trabalho noturno, calculado sobre o valor da hora normal de
trabalho diário;
• duas horas extras diárias, com cada hora acrescida, de no mínimo, 50% sobre o
valor da hora normal;
• férias anuais recebendo o salário mensal, acrescido de, no mínimo, mais um terço
do valor do salário normal;
• licença-maternidade ou paternidade;
• sindicalização;
• intervalo mínimo de uma hora para repouso e alimentação, quando a sua jornada
de trabalho for superior a seis horas diárias;
• jornada de trabalho de oito horas, podendo ser acrescida de, no máximo, duas
horas extras diárias;
• intervalo de, no mínimo, 12 horas entre duas jornadas de trabalho diárias, para
descanso.
Antes de encerrar este tema, fixe seu conhecimento com a atividade proposta.
Atividade de aprendizagem
1. O trabalhador rural é muito importante para a sociedade brasileira, devido
às atividades que desenvolve nas propriedades, por exemplo, no manejo
dos animais para produzir alimentos. Tanto que, no dia 25 de maio, come-
mora-se o Dia do Trabalhador Rural. Sobre a temática, avalie as seguintes
afirmativas:
III. As horas que o trabalhador rural gasta no itinerário da sua residência até o
seu local de trabalho não podem ser computadas como horas trabalhadas,
mesmo se o pecuarista fornecer o transporte.
a) IV apenas.
b) II e III apenas.
c) I, III e V apenas.
d) I, II e V apenas.
e) II, III e IV apenas.
No próximo tema, você vai estudar os impactos ambientais dos sistemas de produção.
Com os crescentes impactos, há, atualmente, uma grande preocupação com o meio
ambiente que, por conseguinte, mobiliza os diversos braços do mercado. Isso quer dizer
que órgãos governamentais, industriais e os sistemas produtivos devem se preparar
para aplicar uma política ambiental que diminua os impactos negativos à natureza
(PELIZER et al., 2007).
No tema de aula Impactos ambientais, você vai entender o que são esses impactos,
como ocorrem e como proceder com ações mitigadoras.
III – a biota;
Como vimos no tema anterior, a Lei 6.938/1981 estabeleceu a “avaliação dos impactos
ambientais” (artigo 9º, III) como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente.
A Constituição Federal de 1988 determinou, em seu artigo 225, parágrafo 1º, IV, que
cabe ao Poder Público: “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade po-
tencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
de impacto ambiental, a que se dará publicidade”.
É nesse estudo, portanto, que serão levantados dados, com a avaliação de obras, ati-
vidades, produtos, serviços e ações que possam causar impactos negativos ao meio
ambiente.
Basicamente, os impactos podem ser divididos pela sua natureza, quanto aos efeitos
positivos ou negativos.
A classificação pode se dar, ainda, pela abrangência, que pode ser local, quando os
efeitos se fazem sentir no local, ou regional, quando os efeitos são vistos em áreas
geográficas mais abrangentes. Por exemplo, se um caminhão de combustível tombar
e ocorrer vazamento em uma rodovia com uma pequena lagoa, o impacto será local.
Mas se o mesmo caminhão tombar, e o vazamento acontecer em um rio, o impacto será
regional, se o rio tiver grande extensão.
A par do conceito e dos tipos de impacto ambiental, resolva a atividade proposta a seguir.
Entre os principais fatores que podem causar impactos ambientais estão a expansão
de áreas produtivas, o uso e desperdício da água, a produção de gases e de dejetos, o
descarte irregular de resíduos e o desperdício de alimentos, dos quais falaremos a seguir.
Nas regiões tropicais, a criação de animais, quando não planejada, pode contribuir
para a degradação da qualidade ambiental, pois gera vastas áreas sem vegetação que
refletem calor, com o solo exposto, e provocam o manejo inadequado do solo. Essas
ações de remoção da vegetação eliminam as estruturas permanentes de vaporização
executadas pelas árvores na formação de florestas e matas locais, reduzindo ou impe-
dindo a recarga do lençol freático pela impermeabilização.
A água é essencial na atividade de criação animal e, por ser um recurso natural, neces-
sita de atenção especial em todos os elos da cadeia. De origem superficial, subterrânea
ou pluvial, o uso da água de forma correta e integrada com o meio ambiente é uma
medida ligada à sustentabilidade da produção.
No Brasil e no mundo, um dos maiores usos da água é no setor agropecuário, com au-
mento crescente na demanda nas últimas décadas. No Brasil, entre os anos de 2000 e
2018, houve aumento de 55% no volume captado em mananciais superficiais e subterrâ-
neos para uso no setor (EMBRAPA, 2021). Conforme a Agência Nacional de Águas (ANA,
2019), há previsão de aumento adicional de 29% na demanda agropecuária até 2030.
Os animais obtêm água pela ingestão (água livre), pelo consumo de alimentos (água
coloidal) e pela produção do líquido por processos oxidativos dos nutrientes orgânicos
(água metabólica). A perda de água corporal ocorre por diferentes meios, como urina,
fezes, produção de leite, transpiração e evaporação pela superfície corpórea e pelo trato
respiratório (WALDNER; LOOPER, 2002).
Lembre-se de que o consumo excessivo de água e sem consciência pode findar esse
recurso de tamanha importância para a produção animal. Então, o que se pode fazer
para evitar o desperdício? Acompanhe, a seguir, algumas sugestões que podem ser
aplicadas na produção animal.
Alguns pecuaristas ainda levam o gado ao rio, o que caracteriza um manejo antiqua-
do, pois o pasto se localiza em área mais alta, de forma que os animais precisam
se deslocar e gastam mais energia que o necessário. Em consequência, o tempo de
engorda é maior, e a qualidade da carne é reduzida. Outro fator negativo é a possibi-
lidade de contaminação: ao chegar no rio, o primeiro animal consome a água limpa,
porém, os próximos não terão a mesma garantia, uma vez que os animais podem
trazer fezes, urina e sujeiras. Assim, construir bebedouros em locais estratégicos da
propriedade torna mais segura a dessedentação dos animais.
Instalar hidrômetros
A produção animal é uma atividade de alto impacto, que gera um grande volume de
resíduos, assim como contribui para a emissão de gases poluentes, odores e particula-
dos, todos oriundos da cadeia de produção, desde as máquinas até os animais. Essas
emissões podem causar poluição atmosférica e prejuízos para o bem-estar e a saúde
humana e animal.
Dica
Depois da ingestão e da digestão dos alimentos, os animais
produzem metano (em maior quantidade pelos ruminantes, se
comparados aos monogástricos). A depender da dieta fornecida,
eles podem produzir mais metano por quilograma de carne ou
leite produzido.
Os gases de efeito estufa (GEE) produzidos pela atividade pecuária são: o óxido nitroso
(N2O), pelo uso de fertilizantes nitrogenados, o metano (CH4), pela fermentação
entérica dos ruminantes, e ambos, a partir do manejo de dejetos e da deposição de
dejetos sobre as pastagens. Em menor proporção, também é emitido o dióxido de
carbono (CO2), pelo uso de combustíveis fósseis nas máquinas agrícolas e de energia
(O’MARA, 2012).
Produção consciente
Reduzir a emissão do CH4 e do N2O na pecuária possibilita ame-
nizar as emissões de GEE. Contudo, o maior potencial de miti-
gação está no sequestro de carbono que ocorre na atividade de
recuperação das pastagens (OLIVEIRA, 2015).
No Brasil, as três cadeias produtivas da agropecuária, com destaque pela grande parte
da geração de dejetos, e seus principais dejetos são (SILVA et al., 2020):
A falta de tratamento dos dejetos e o manejo inadequado dos resíduos sólidos dos sis-
temas de produção animal causam impactos ambientais. O lançamento direto dos deje-
tos, por exemplo, sem o devido tratamento, nos cursos de água ocasiona desequilíbrios
Para diminuir significativamente a carga poluente, dejetos e resíduos precisam ser trata-
dos corretamente, o que possibilitará, inclusive, seu uso em pastagens e na agricultura,
além de contribuir com a reciclagem dos nutrientes e a melhoria das características
químicas, físicas e microbiológicas dos solos, resultando no aumento da produtividade.
Para Campos (2021), essa prática diminui a dependência dos fertilizantes químicos e
contribui para a sustentabilidade ambiental.
Por exemplo, devido à variação do teor de água no esterco das vacas, ele pode ser
classificado como sólido (16% ou mais de matéria seca), semissólido (12 a 16% de
matéria seca) ou líquido (menos de 12% de matéria seca). Assim, o manejo desse
esterco pode se dar conforme o tipo de sistema de produção usado e a conveniência
(CAMPOS, 2021):
• compostagem; e
Armazena- Processamento
Coleta Transporte Utilização
mento ou tratamento
Produção consciente
A biomassa, animal ou florestal, é a fração biodegradável de
produtos agrícolas e apresenta grande potencial para se tornar
fonte de energia alternativa com maior relevância (ANEEL, 2015).
Nosso país tem o segundo maior rebanho bovino de corte do mundo, com mais de
187,5 milhões de cabeças, e o terceiro maior de bubalinos, com 1,4 milhão de cabeças
(ABIEC, 2021), além de ser o terceiro maior produtor de frango de corte, com uma
produção de 13,9 milhões de toneladas de carne, e o quarto maior de suínos, com 4,4
milhões de toneladas de carne (ABPA, 2021).
Para criar e produzir esse volume de carne, são necessárias grandes quantidades de
vacinas, antiparasitários e outros insumos farmacêuticos, o que gera milhões de frascos
vazios descartados inadequadamente nas propriedades rurais, resultando em um impac-
to ambiental negativo, além de trazer riscos à saúde ocupacional do trabalhador rural.
Atenção
Seringas, agulhas, ampolas, frascos de vacinas, embalagens de
parasiticidas, entre outros produtos de uso veterinário, são clas-
sificados como Resíduos Perigosos e, como dito, necessitam
de cuidados especiais, desde quando gerados até sua disposição
final (ABNT, 2004), visto que trazem riscos à saúde humana se
descartados de forma inadequada.
De olho na lei
O governo federal, por meio das Resoluções 306/2004 (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa) e 358/2005 (Conama),
determinou que todos os resíduos do atendimento à saúde humana
ou animal precisam de processos diferenciados em seu manejo,
além da disposição final adequada (BRASIL, 2004; BRASIL, 2005).
Essas resoluções estão de acordo com a PNRS, Lei 12.305/2010, que estabeleceu os
sistemas de logística reversa como instrumentos para minimizar a geração dos
resíduos sólidos. Além de outras ferramentas relacionadas à responsabilidade com-
partilhada, que obrigam fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes a
retornarem as embalagens dos produtos, após usadas pelo consumidor (BRASIL, 2010).
Fonte: Shutterstock.
Na legislação do Mapa, no entanto, há uma lacuna com relação à destinação das em-
balagens vazias de produtos veterinários (GONÇALVES et al., 2015). Antiparasitários,
por exemplo, apresentam semelhança química com os defensivos, portanto, suas em-
balagens deveriam ter os mesmos procedimentos para descarte (BRASIL, 2012; BELO
et al., 2012). Por fim, acredita-se que a falta de informações ou o desconhecimento
sobre a PNRS é que resulta no não cumprimento do descarte correto dos resíduos.
Minimizar o desperdício de
alimentos nas propriedades rurais
nas várias etapas da criação dos
animais deve fazer parte da
gestão zootécnica.
Na hora do corte da lavoura, caso não seja adotada a velocidade adequada do trator e
dos caminhões, além do alinhamento e do sincronismo entre eles, também ocorrerão
perdas da massa a ser ensilada. Esse desperdício vai resultar no plantio de maior área
para a produção da silagem, causar imobilização de capital desnecessária e aumento
da mão de obra, para limpeza dos cochos ou pistas de alimentação.
Outro fator que colabora com a sobra de produtos e a formação de estoques, compro-
metendo a qualidade do alimento, é a falta do planejamento alimentar e nutricional,
que ocasiona superprodução ou aquisição em excesso de alimentos para criar os animais.
Por último, vale dizer que o desperdício de alimentos ocorre, ainda, na alimentação
dos cidadãos do campo e das cidades. Diversos estudos e reportagens apontam que,
no Brasil, esse desperdício é estimado em 27 milhões de toneladas por ano. As perdas
no país correspondem, em média, a 30% dos alimentos na pós-colheita, no caso dos
frutos, e 35% no das hortaliças (ZANDONAI; CZEZACKI, 2021; UNO, 2021; PROFISSÃO
REPÓRTER, 2022).
Existem, por exemplo, diversas alternativas tecnológicas com diferentes graus de miti-
gação das emissões de GEE pelo setor produtivo pecuário. Porém, devido à diversidade
de sistemas de produção no Brasil, novas alternativas devem ser estudadas, a fim de
que as tecnologias mais adequadas sejam implantadas a cada sistema, para que pro-
piciem melhorias na produção animal e reduzam as emissões de GEE (ALMEIDA et al.,
2011; BERNDT, 2010).
Durante anos, a produção animal brasileira gerava poucos prejuízos ambientais, prin-
cipalmente na bovinocultura, uma vez que eram usadas grandes áreas para a produ-
ção de um número reduzido de animais. Isso resultava em uma deposição uniforme
de resíduos e em quantidades que o próprio meio tinha capacidade de absorver, sem
causar grandes problemas.
Uma solução para os problemas gerados pela criação intensiva, principalmente de bo-
vinos e suínos, é usar sistemas eficientes de tratamento dos resíduos. Esses sistemas,
contudo, não podem onerar, de forma excessiva, o sistema de produção, para não
tornar a atividade inviável, e devem permitir a redução dos impactos, principalmente
relacionados à contaminação dos recursos hídricos e à emissão de GEE.
Produção consciente
A biodigestão anaeróbia, por exemplo, além de promover o
tratamento e a reciclagem dos dejetos, promove agregação de
valor às atividades com a produção de biogás e biofertilizante,
que podem ser revertidos para o sistema na economia de energia
e fertilizantes.
Lagoas anaeróbias tratam resíduos líquidos com alta concentração de matéria orgâni-
ca em condições de anaerobiose. São recomendadas para o tratamento de efluentes
dos sistemas de produção de animais em confinamento, abatedouros, laticínios, entre
outros sistemas de produção.
Acompanhadas por sistemas com leitos cultivados (por exemplo, com britas e macrófi-
tas aquáticas), essas lagoas funcionam como filtros biológicos, devido aos mecanismos
físico-químicos e às reações de degradação biológica aeróbia e anaeróbia (HEALY et
al., 2007).
Saiba mais
Para saber mais sobre as lagoas de estabilização, consulte a
publicação Lagoas de estabilização natural para armazenamento
de dejetos líquidos de suínos, da Embrapa. O link está disponível
na biblioteca do AVA.
Além dos benefícios citados, a tecnologia dos biodigestores traz ganhos econômicos,
com a geração de energia e o uso de biofertilizantes para as pastagens e a adubação
em geral.
Dica
A composição do biogás varia conforme o tipo e a quantidade
da biomassa que é colocada no biodigestor, assim como devido
aos fatores climáticos, ao tamanho do equipamento e à atividade
bacteriana. Os microrganismos são influenciados pela temperatura
com que o biodigestor opera. Bactérias que atuam na fermentação
anaeróbia são mesofílicas, portanto, a temperatura ideal para o
seu desenvolvimento está entre 20 e 45 °C (ZANANDRÉA, 2010).
90%
79%
80%
73%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 16%
11% 12%
9%
10%
0%
Agropecuária Indústria RSU ou ETE
Relação entre o número de plantas de biogás e seu volume de produção em 2020, distribuídos pela
origem do substrato. RSU = resíduos sólidos urbanos e ETE = estação de tratamento de esgoto.
Fonte: Adaptado de CIBiogás (2021).
GNR/biometano 37 3
Energia mecânica 7 1
Perceba que o uso dessa tecnologia é capaz de reduzir os impactos causados pelos de-
jetos no meio ambiente e traz diversos benefícios econômicos ao produtor, bem como
mais sustentabilidade à produção agropecuária nacional.
Os sistemas de ILPF também contribuem com o bem-estar animal e com a diversidade dos sistemas
produtivos da propriedade rural, gerando benefícios técnicos, econômicos e sociais.
Fonte: Tony Oliveira – Sistema CNA/SENAR.
Nesses sistemas, há maior infiltração de água no solo e menor perda de umidade, con-
sequentemente, menor risco de erosão, devido ao acúmulo de matéria orgânica, que
auxilia na ciclagem de nutrientes e no desenvolvimento de microrganismos, além de
aumentar a porosidade do solo.
Dica
A matéria orgânica contribui também para o desenvolvimento de
raízes profundas em forrageiras e árvores. Com isso, os insumos
agrícolas usados na lavoura e lixiviados para as camadas mais
profundas do solo são mais bem aproveitados.
Em adicional a todos esses benefícios, outros pontos do sistema de ILPF que merecem
destaque são:
ILPF NO BRASIL Pesquisa encomendada pela Rede de Fomento ILPF e realizada pelo
Kleffmann Group na safra 2015/2016 estimou que o Brasil conta hoje
com 11.468.124 ha com sistemas integrados de produção agropecuária.
0% 20%
Mato Grosso
ha
Goiás e DF
ha
11,5
milhões de hectares
Rio Grande do Sul
é a área estimada
ha
com ILPF no Brasil
ILP 83%
ILPF 9%
IPF 7%
ILF 1%
Saiba mais
Na biblioteca do AVA, veja como é possível dimensionar e otimizar
a área ocupada por um sistema de ILPF, a partir do uso de uma
planilha eletrônica. Está disponível, também, material para leitura
sobre os benefícios dos sistemas de ILPF no Cerrado.
• solo exaurido, por vezes, com teores de matéria orgânica inferiores a 1%.
Pastagem degradada.
Fonte: Shutterstock.
Apesar de esse cenário acontecer em boa parte da pecuária a pasto, existem, atual-
mente, diversas tecnologias que diminuem ou cessam o avanço da degradação. A partir
disso, o pecuarista pode retomar a produtividade, com o uso de técnicas de manejo
predefinidas, conforme as metas e os objetivos do sistema produtivo.
Cruz et al. (2022) afirmam que as técnicas para recuperar as pastagens se mostram
eficientes para melhorar os índices produtivos, além de propiciar a conservação am-
biental, uma vez que minimizam o desmatamento de novas áreas para a formação de
pastagens. No entanto, são necessárias mais pesquisas para comprovar e consolidar
essas técnicas nos âmbitos ambiental, econômico e social.
Por fim, perceba que a adoção de práticas de recuperação de áreas degradadas, princi-
palmente pela pecuária extensiva, auxilia no aumento da taxa de ocupação das pasta-
gens brasileiras e na redução das áreas de expansão que desmatam florestas nativas.
Atividades de aprendizagem
< d e i x a r e s p a ç o p a r
a a resposta>
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Impactos ambientais, em que compreendeu o conceito, os
tipos de impactos ambientais, como e onde ocorrem e suas possíveis consequências.
Além disso, conheceu os principais fatores que podem causar esses impactos na pro-
dução animal, e as medidas que podem servir como ferramentas para o controle ou a
reversão deles.
Pensando nisso, no tema de aula Noções de manejo, vamos focar em um desses fato-
res, que é o manejo dos animais. Aqui, você vai conhecer as principais práticas diárias
de manejo que devem ser aplicadas nas diversas culturas zootécnicas.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você estará apto a:
Os sistemas de produção devem garantir condições ideais para o bem-estar dos ani-
mais, para que eles consigam expressar o seu potencial zootécnico, produzindo carne,
ovos e leite de qualidade, seguros e sem riscos à saúde do consumidor, além de se
reproduzirem.
Você concorda que mensurar o estado de bem-estar do animal não é uma tarefa fácil?
Por isso, o conceito ou a definição de bem-estar, na literatura, é complementado por
diversos autores. Veja:
Para que o animal tenha condições de expressar suas ótimas funções biológicas, ele
deve ter acesso às cinco liberdades que norteiam o seu bem-estar. São elas:
É preciso salientar, contudo, que, ao longo do processo de domesticação dos animais pelo
homem, foram observadas várias arbitrariedades com relação a essas cinco liberdades,
principalmente no que diz respeito à intensificação dos sistemas de produção e ao
confinamento dos animais para aumentar a produtividade dos sistemas e atender à
demanda do mercado consumidor (MOLENTO, 2005).
Essa mudança resultou na adoção de novas técnicas de criação e de manejo, que pos-
sibilitaram a diminuição da densidade animal e a modificação nas instalações em que
os animais são criados.
Saiba mais
Já que esse tema é de importância mundial, vale a pena se apro-
fundar no assunto! Acesse, na biblioteca do AVA, alguns artigos
sobre os princípios básicos da ciência de bem-estar animal que
selecionamos para você.
Perceba que é cada vez mais urgente que os profissionais se atentem à adoção dos
princípios básicos do bem-estar no manejo diário dos animais. Nesse cenário, é preciso,
por exemplo, promover alterações nas instalações, a fim de garantir maiores condições
a bovinos, bubalinos, suínos, aves, abelhas etc. de terem um ótimo funcionamento
biológico e, com isso, expressarem seu potencial produtivo.
Agora que você compreendeu a importância das boas práticas no manejo dos animais,
resolva a questão proposta a seguir.
Atividade de aprendizagem
Neste tópico, você vai entender a diferença entre o manejo alimentar e o manejo nu-
tricional dos animais.
O manejo alimentar consiste na forma como você vai alimentar os animais e leva em
consideração os seguintes fatores:
Na ponta do lápis
Para exemplificar, suponha que você precise alimentar um bo-
vino com 235 kg de peso corporal. Nesse caso, a quantidade de
matéria seca a ser ingerida pode variar de 4,7 a 7,05 kg por dia
(esse valor corresponde, respectivamente, a 2 e 3% de 235).
O uso de equações para calcular a quantidade de matéria seca que o animal deve in-
gerir por dia é uma tendência nos sistemas de produção animal. Essas equações estão
descritas em tabelas de exigências nutricionais para as diversas espécies de animais.
Comentários do autor
A leitura do cocho é feita de forma subjetiva: se estabelece um
escore (0 sem alimento a 4 para o alimento que praticamente
não foi tocado) em cada avaliação visual da quantidade que so-
brou. O ideal é que o escore seja 1, o qual corresponde à uma
camada fina e uniforme de alimento no fundo do cocho, isto é,
uma sobra de 5 a 10% da quantidade fornecida.
Para bovinos, o tamanho ideal dos cochos varia de acordo com o tipo de alimento
fornecido. De forma geral, recomenda-se:
Atenção
No caso de aves e suínos, é importante seguir a orientação dos
fabricantes de comedouros e bebedouros, para fazer o correto
dimensionamento da quantidade em relação ao número de ani-
mais que se pretende produzir por lote.
A exigência nutricional dos animais está atrelada à expressão do seu potencial produti-
vo. Nesse caso, a preocupação é a quantidade de nutrientes (carboidratos, proteínas,
lipídeos, minerais e vitaminas) e de energia ingerida. Logo, é preciso considerar o total
de alimento consumido na dieta, sua concentração de nutrientes e de energia.
Outra opção é formular a ração na propriedade rural. Nesse caso, o déficit é usado
nessa formulação.
Fonte: Shutterstock.
Já para suínos, frangos de corte, poedeiras, codornas e peixes, é comum o uso de ami-
noácidos sintéticos (produzidos pela indústria e adicionados às rações) para formular
dietas com o conceito de proteína ideal. A preocupação, nesse caso, não é atender à
necessidade proteica dos animais, mas sim às exigências de aminoácidos digestíveis,
além dos minerais, vitaminas, lipídios, carboidratos e energia.
Não se esqueça de que a qualidade dos alimentos é definida pela concentração de nu-
trientes e de energia e seus respectivos coeficientes de digestibilidade.
Por fim, conforme vimos no Tema 4, a coleta de dados sobre o desempenho dos animais
permite avaliar se o manejo nutricional adotado está de acordo com o potencial pro-
dutivo do animal. Para tanto, basta estabelecer uma frequência para coletar, processar
e analisar os dados. E, caso necessário, ajustar a formulação da dieta. Lembre-se de
que curvas de crescimento e de produção de leite e ovos são bons indicativos para a
avaliação.
Saiba mais
Na biblioteca do AVA, estão disponíveis tabelas de composição
de alimentos e de exigências nutricionais para animais. Acesse
e confira!
Dica
A avaliação do escore da condição corporal dos animais ajuda a
minimizar problemas na concepção, na gestação, no parto e no
retorno ao cio.
Outro ponto de atenção são as altas temperaturas, pois o estresse térmico altera todo
o funcionamento fisiológico do organismo animal. Ao ser submetido a altas temperaturas,
ele tenta dissipar o calor para manter a homeotermia, o que influencia negativamente
na espermatogênese (produção de sêmen), na ovulação e na gestação.
Saiba mais
Que tal saber mais sobre os fatores que podem influenciar a
reprodução? Na biblioteca do AVA, há algumas sugestões de
leitura. Não deixe de conferir!
Vale lembrar: nos sistemas de produção animal, o manejo reprodutivo eficiente é de-
terminante para o sucesso da atividade pecuária e para a sustentabilidade zootécnica,
uma vez que é por meio da reprodução que se obtém os filhotes, como pintainhos,
bezerros, leitões, potros, cordeiros, cabritos etc.
Fonte: Shutterstock.
Se comparadas à monta natural, essas duas técnicas apresentam muitas vantagens, como:
A biosseguridade começa na escolha do local onde o sistema de produção vai ser insta-
lado, passa pela sua construção e, por último, pelo estabelecimento das normas. Para
o sucesso do controle sanitário, é preciso seguir o programa e seus dez princípios:
Limpeza e desinfecção
de veículos, roupas,
equipamentos,
instalações e pessoas.
3 4 Vacinações e vazio
sanitário.
Monitoramento e
Auditorias ou checagem
registro do desempenho
e do comportamento dos
animais.
7 8 dos resultados
zootécnicos.
Treinamento e
capacitação continuada da
equipe de trabalho.
9 10 Plano de contingência.
Saiba mais
Na biblioteca do AVA, há sugestões de leitura sobre a biossegu-
ridade na avicultura moderna e na criação de frangos de corte.
Acesse e confira.
Fonte: Shutterstock.
Atenção
Os sistemas de produção devem contar, ainda, com a avaliação
do grau de infestação de ectoparasitas, como moscas do chifre,
piolhos, sarnas, carrapatos etc., para que sejam tomadas as
medidas zootécnicas.
A vacinação é outra prática profilática, pois imuniza os animais contra diversas doenças,
que variam conforme as espécies produzidas. Assim, é necessário consultar o calendário
de vacinação da região, considerando, ainda, que algumas doenças são endêmicas, ou
seja, ocorrem apenas em determinadas regiões.
Saiba mais
Para saber mais sobre o manejo pré e pós-ordenha, acesse, na
biblioteca do AVA, a circular técnica Manejo correto da ordenha
e qualidade do leite.
Antes de avançar para o próximo tipo de manejo nos sistemas de produção animal,
responda à questão a seguir para testar seus conhecimentos.
Para refletir
Em visita técnica a uma propriedade rural que adotava a inte-
gração da lavoura com a pecuária, foi perguntado ao produtor o
que ele produzia. Ele respondeu: “solos férteis” e complementou
“em solo fértil se produz o que quiser”. Você consegue perceber
a importância dos solos férteis? Para isso, é fundamental adotar
um conjunto de práticas de uso e conservação do solo.
Saiba mais
Quer saber mais sobre manejo, conservação e amostragem do
solo? Acesse, na biblioteca do AVA, as sugestões de leitura.
Assim como na correção do pH, a correção da fertilidade do solo é feita após a análi-
se do laudo laboratorial, que indicará a necessidade e a quantidade dos nutrientes da
planta forrageira.
Dica
Para calcular a quantidade de fertilizantes que deve ser distribuída
na área, use tabelas específicas da sua região.
Fotoperíodo
Fertilidade (quantidade Temperatura Pluviosidade
pH do solo
do solo de luz por ambiente (chuvas)
dia)
Tecido foliar
Incidência disponível
de praga ou Pressão de Reserva Meristema no resíduo
doenças de pastejo orgânica apical da planta
pastagens forrageira
pós-pastejo
Com isso, ficou estabelecido que o manejo de pastejo deve ser feito de acordo com as
alturas de pré-pastejo (altura de entrada dos animais no piquete) e de pós-
-pastejo (altura de saída dos animais dos piquetes), preestabelecidas para as
diversas plantas forrageiras usadas nos sistemas de produção de animais a pasto.
Saiba mais
Acesse as sugestões de leitura deixadas para você na biblioteca
do AVA, para saber mais sobre o manejo de pastejo.
De acordo com Ferreira (2011), é possível melhorar a ambiência para os animais, e con-
sequentemente, a produção de ovos, carne e leite, por meio das seguintes modificações:
Os fatores climáticos, como radiação solar, temperatura, umidade do ar, ventos, chuvas
e pressão atmosférica, além de terem ação direta e indireta nos animais, influenciam
a produção de pastagens, alimentos e o desenvolvimento de parasitas e doenças.
Cada espécie e categoria animal tem suas temperaturas críticas inferior (TCI) e superior
(TCS), bem como a zona de conforto térmico (ZCT), conforme consta nos exemplos a seguir.
Bovinos
Recém-nascido 10 18 a 21 26
Europeu adulto - 10 - 1 a 26 27
Zebuíno adulto 0 10 a 27 35
Suínos
1 a 2 dias de idade 20 32 a 35 38
2 a 4 dias de idade 20 28 a 34 37
4 a 7 dias de idade 18 26 a 28 34
7 a 14 dias de idade 12 24 a 28 33
14 a 35 dias de idade 10 22 a 26 32
35 a 50 dias de idade 8 18 a 24 30
Terminação 5 15 a 18 27
Reprodução 4 10 a 15 27
Lactação 4 12 a 15 27
Aves
1 a 2 dias de idade 30 33 a 34 37
3 a 4 dias de idade 28 30 a 31 65
5 a 8 dias de idade 26 29 a 30 34
9 a 11 dias de idade 25 27 a 28 32
12 a 16 dias de idade 23 26 a 27 31
17 a 21 dias de idade 21 24 a 26 30
22 a 41 dias de idade 19 22 a 24 28
42 a 49 dias de idade 18 21 a 23 28
Galinha de postura 15 18 a 28 30
Valores de temperaturas críticas inferior e superior e zona de conforto térmico para bovinos,
suínos e aves.
Fonte: Ferreira (2011).
Zona de sobrevivência
Zona de homeotermia Morte
por calor
Modesto conforto
Morte
por frio ZCT
Dissipação
sensível Hiperter-
mia
Hipoter-
mia
Dissipação
latente
d c b a A B C D
Estresse por frio Estresse por calor
Representação esquemática das temperaturas críticas inferior TCI (b) e superior TCS (B), e da zona de
conforto térmico ou de termoneutralidade (intervalo entre a e A).
Fonte: Adaptado de Sälvik (1999), citado por Ferreira (2011).
Com o objetivo de melhorar o conforto térmico, pode ser adotada, nos sistemas de
produção a pasto, a arborização de pastagens com árvores leguminosas de copas me-
nos densas, para não causarem sombreamento excessivo. Outra estratégia é investir
no sistema de ILPF, já evidenciado anteriormente.
Fonte: Shutterstock.
Ventilação natural
Construir instalações,
aproveitando a ventilação natural.
Existem, ainda, outras opções que demandam gasto energético, como ventiladores,
nebulizadores, túnel de vento e sistema de resfriamento adiabático evaporativo.
Leitura complementar
Acesse o material complementar, disponível na biblioteca do AVA,
para ampliar seu conhecimento sobre a influência do estresse
térmico na criação animal e na qualidade dos produtos.
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Noções de manejo, em que estudou os manejos de diversos
fatores produtivos. Com isso, está mais capacitado a fornecer aos animais melhores
condições de bem-estar para que possam produzir mais com menos custo.
No último tema desta Unidade, vamos falar sobre a sustentabilidade na produção animal.
Para refletir
Ser sustentável significa usar os recursos naturais de forma
responsável, para que as próximas gerações também possam
usufruir deles. Já parou para pensar se você contribui para um
mundo mais consciente e sustentável?
Nesse sentido, existem diversos desafios nos sistemas produtivos, já que a ocupação
humana cresce de maneira exponencial no planeta e gera sérios danos e pressões ao
meio ambiente, devido à necessidade de se aumentar a produção de alimentos. A so-
lução para esse crescimento deve ser seguramente alicerçada em ações sustentáveis.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes capacidades:
Tópico 1: Sustentabilidade
A primeira definição clara para o termo desenvolvimento sustentável foi apresentada
em 1987, no relatório Nosso futuro comum (CMSMAD, 1991):
Desenvolvimento sustentável é
o desenvolvimento que atende
às necessidades do presente, sem
comprometer a disponibilidade
dos recursos naturais para as
gerações futuras suprirem suas
próprias necessidades.
Ecologicamente
corretas
Economicamente
viáveis
Culturalmente
diversas
Socialmente
justas
Nesse contexto, é possível concluir que a preservação do meio ambiente depende ba-
sicamente do equilíbrio de dois fatores por parte da sociedade:
Glossário
• Crescimento sustentado: padrão de crescimento constante
e seguro na economia.
Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) traçou objetivos que deverão ser
atingidos até 2030. Esses objetivos buscam mudanças efetivas para o futuro, a fim de
erradicar alguns problemas que assombram o planeta.
Saiba mais
Para conhecer os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável
e a definição de cada um, acesse o link disponível na biblioteca
do AVA. Vale a pena a leitura!
Ao trazer esses conceitos para o nosso tema de estudo, podemos definir a agropecuária
sustentável como aquela que é (GALVÃO, 2009):
Socialmente
justa
Atende às demandas
sociais das famílias e
das comunidades rurais
Ecologicamente
equilibrada
Mantém os recursos
naturais com o
mínimo de impacto
ao meio ambiente Economicamente
viável
Traz retorno adequado aos
produtores, otimiza a
produção e satisfaz as
necessidades humanas de
alimento e renda
Isso porque, para produzir alimentos aos animais, são usadas técnicas como aragem,
gradagem e subsolagem no preparo do solo e no plantio de pastagens e culturas agrí-
colas. Essas técnicas causam erosão, alta lixiviação de nutrientes, baixo teor de matéria
orgânica e desequilíbrio biológico do solo.
Produção consciente
Como alternativa para combater as práticas não sustentáveis,
são recomendados o plantio direto e a agropecuária orgânica,
livre de agrotóxicos, além da rotação de culturas, que é menos
impactante que a monocultura.
Além disso, é preciso ressaltar que o aumento das áreas destinadas à pecuária de cor-
te, em áreas de vegetação nativa de regiões de fronteira, continua sendo a alternativa
usada para aumentar a produção de carne bovina. Esse modelo extrativista de produ-
ção pecuária usado nas últimas décadas deve ser revisto, para que se adéque à nova
realidade do setor produtivo.
Agora que você entendeu a importância dos objetivos traçados pela ONU e como a
mudança de hábitos no campo pode contribuir para o crescimento da agropecuária
sustentável, acompanhe os pilares que sustentam a sustentabilidade.
Fonte: Shutterstock.
O sucesso da sustentabilidade
econômica está diretamente
relacionado ao equilíbrio entre
as expectativas econômicas
e as responsabilidades
ambientais e sociais.
• as embalagens biodegradáveis; e
• a economia de água.
Agora, vamos falar sobre aquelas condutas espontâneas, que não necessitam de es-
tímulos externos do Estado e das pessoas, que visam promover mudanças sociais, de
modo a garantir que a humanidade se perpetue fraternalmente, por meio de ações que
estabeleçam os direitos individuais e sociais. Ou seja, sobre a sustentabilidade social.
A sustentabilidade implica ações dos cidadãos, das empresas privadas e dos agentes
públicos, para obter a esperada qualidade de vida. O princípio do desenvolvimento sus-
tentável deve ser o objetivo constante de cada pessoa, da sociedade como um todo,
dos governos e do mundo, pois é a harmonização do desenvolvimento econômico, do
meio ambiente, da dignidade humana e do bem-estar das pessoas.
Levando em conta o que vimos e segundo as conclusões de Prim et al. (2018) para
a ONU, a sustentabilidade ambiental é aquela que satisfaz as necessidades da atual
geração e mantém, para as gerações futuras, todas as capacidades ambientais essen-
ciais para suprir suas necessidades. Nesse cenário, todas as pessoas precisam dedicar
esforços firmes e englobantes para manter a sustentabilidade da produção ambiental.
Glossário
Produto interno bruto (PIB): corresponde à produção das
atividades agropecuárias e das indústrias a montante e a jusante
das propriedades rurais.
Esse crescimento, por sua vez, promove impactos negativos no meio ambiente, pelo
maior uso de produtos veterinários, insumos e combustíveis fósseis, bem como pela
de expansão de áreas produtivas e geração crescente de resíduos e dejetos. Assim, é
evidente a necessidade de equacionar o aumento da produção do agronegócio com a
sustentabilidade ambiental.
Dica
Lembre-se: desenvolvimento sustentável é o mesmo que atender
às necessidades do presente sem comprometer a capacidade
das futuras gerações, no sentido de atenderem às suas próprias
necessidades (CMSMAD, 1991).
Nesse cenário, é necessário que a produção agropecuária seja efetuada de forma eco-
nômica e ambientalmente sustentável, com a revitalização do desenvolvimento rural
e social, essencialmente nos países menos desenvolvidos. Por isso, foi reafirmado, na
ocasião, o propósito de que fossem aumentados os investimentos públicos e privados
para esse fim.
Terra
Posse da terra
Acessibilidade
A mercados, à saúde, aos
serviços sociais e à
educação
Crédito
Oferta de crédito e
serviços de financiamento
Sambuichi et al. (2012) afirmam que gerar benefícios econômicos para o Brasil, pro-
porcionar condições de vida mais dignas e melhores ao homem do campo e garantir a
preservação da enorme riqueza de recursos naturais são obstáculos que o país precisa
superar, para que o setor agropecuário cresça de forma sustentável.
Contudo, há muitos obstáculos a serem vencidos para que o crescimento do setor agro-
pecuário ocorra sustentavelmente, já que esses bens ambientais, além de essenciais
para a continuidade da produção agropecuária do país, são primordiais para o bem-estar
de toda a população brasileira atual e futura (KLEIN et al., 2007).
Para viabilizar o aumento da produção sem ter que desmatar novas áreas, é necessário
aumentar a produtividade das áreas já desmatadas (SAMBUICHI et al., 2012). Por essa
razão, muitos autores defendem o modelo de conservação ambiental baseado na in-
tensificação tecnológica das áreas cultivadas e na proteção das áreas naturais
remanescentes (TILMAN et al., 2011). Entretanto, estudos mostram que a efetivida-
de desse modelo de conservação depende da qualidade da intensificação tecnológica
(BAULCOMBE et al., 2009).
Por outro lado, os sistemas de produção de baixo impacto ambiental, embora geral-
mente menos produtivos no curto prazo, se comparados aos sistemas baseados na alta
utilização de insumos químicos, podem ser suficientemente produtivos para atender ao
aumento da demanda mundial por alimentos, se forem tecnicamente bem aplicados e
difundidos para as áreas atualmente degradadas e com baixa produção (SAMBUICHI
et al., 2012).
Produção consciente
Terras cultivadas com baixa produtividade podem ser aproveita-
das, especialmente as extensas áreas de pastagens degradadas,
a partir da implementação de tecnologias sustentáveis, como os
sistemas agrossilvipastoris, o que seria suficiente para atender às
necessidades de aumento da produção agropecuária brasileira,
sem precisar desmatar novas áreas para cultivo.
Gestão de pessoas
É importante que o pecuarista seja um agente ativo no processo
de geração e adaptação da tecnologia junto aos profissionais e
técnicos agropecuários, integrando a pesquisa e a assistência
técnica em um modelo participativo de desenvolvimento tecno-
lógico, o que exige grande esforço de mudança na formação dos
profissionais que atuam na área, pesquisadores e extensionistas.
Atenção
A aplicação de tecnologia na agropecuária deve ser acompanha-
da da capacitação técnica dos profissionais do campo. A plena
efetividade da adoção de qualquer nova tecnologia está intrin-
secamente ligada às habilidades dos profissionais envolvidos na
sua utilização.
1 2 3 4
Incremento do
Aumento dos Uso do plantio Uso de energia
uso de
sistemas de direto nas solar nas
biodigestores e
ILPF, com lavouras de propriedades
composteiras nos
diminuição das milho e sorgo, rurais, assim
sistemas de
monoculturas. para a como de biodiesel
produção animal
produção de nos motores, o
para tratamento
silagem, e que diminui a
dos dejetos e uso
rotação de poluição
da fertirrigação
culturas. ambiental.
nas pastagens.
Nesse cenário, o SENAR desempenha papel fundamental na difusão das tecnologias mais
atualizadas ao produtor rural, capacitando e desenvolvendo suas habilidades e conheci-
mentos técnicos para que o setor agropecuário seja referência no cenário internacional.
Dica
O pastejo rotacionado associado ao manejo de pastejo, que con-
siste em respeitar a altura de pré e pós-pastejo, e às adubações
de manutenção diminui a degradação das pastagens.
Esse modelo de produção aumenta a quantidade de animais por área, o que reduz a
necessidade de abertura de novas áreas para a pecuária. Outro ganho é a maior capa-
cidade de sequestro do carbono atmosférico pelas gramíneas, e sua fixação.
Nos sistemas de produção a pasto, outra tecnologia que merece destaque é a consor-
ciação das gramíneas com as plantas leguminosas, capazes de aumentar a fixação de
nitrogênio no solo e diminuir o uso de adubos nitrogenados. Além de aumentar a ca-
pacidade de suporte das pastagens quando consorciadas, as leguminosas auxiliam na
fixação do carbono na matéria orgânica do solo (BARCELLOS et al., 2008).
Fonte: Shutterstock.
Atividade de aprendizagem
1. Quais são os três pilares da sustentabilidade?
Nesse contexto, o Brasil se destaca no cenário mundial e busca, cada vez mais, aumentar
sua produtividade, por meio do desenvolvimento e da aplicação de tecnologias eficientes,
que minimizam o uso dos recursos naturais e geram menor impacto ambiental, além de
aumentarem o emprego no meio rural. São vários os exemplos de polos de produção
de bovinos, suínos, poedeiras e frangos de corte, espalhados pelo território nacional,
que estão possibilitando às famílias melhorarem suas condições de vida.
Agora que você já compreendeu o que é sustentabilidade, conheceu seus pilares e viu
como é possível associar a tecnologia às ações sustentáveis, na sequência, serão apre-
sentados alguns exemplos de sistemas de produção animal sustentáveis desenvolvidos
nas propriedades rurais do Brasil.
Na região, foram adotados estudos de impacto ambiental, em parceria com uma orga-
nização, para a adoção de medidas corretivas, se necessárias. Essa mesma organização
faz estudos socioambientais entre os pecuaristas orgânicos da associação e traça um
plano de ação para corrigir os impactos negativos, assim que identificados.
Mais um caso que merece destaque é o de uma propriedade rural com 1.400 hectares
de área e 80 mil m² de área construída, que produz suínos, feno e gado de corte, no
Mato Grosso (O PRESENTE RURAL, 2021).
Produção consciente
O biofertilizante produzido na fermentação da matéria orgânica
é usado na fertirrigação dos campos de feno (450 ha de Tifton
85) e nas pastagens (600 ha) destinadas à produção de gado de
corte (cria e recria com 1.000 matrizes).
E a boa notícia é que as ações sustentáveis não vão parar por aí, pois a equipe de pro-
fissionais estuda implementar outras práticas com menores impactos ambientais (O
PRESENTE RURAL, 2021).
Por fim, vamos falar da parceria entre a Embrapa e a Fazenda Santa Brígida, em Ipa-
meri, Goiás, iniciada em 2006, para o desenvolvimento de um sistema sustentável de
produção agropecuária. Antes do início dessa parceria, a propriedade tinha solos pobres
e pastagens degradadas (EMBRAPA, 2016).
• diminuir o impacto ambiental da pecuária, uma vez que os bovinos produzem GEE,
e os eucaliptos aumentam o sequestro e a fixação do carbono do sistema.
Saiba mais
Quer conhecer mais exemplos de ações sustentáveis? Acesse as
sugestões de leitura e vídeo disponibilizadas na biblioteca do AVA.
A intensificação dos sistemas produtivos com visão sustentável permite liberar áreas
de conservação, que trarão benefícios, diretos e indiretos, para o pecuarista e para a
sociedade, como a maior infiltração de água e fixação do carbono no solo, a recuperação
das nascentes e o aumento da atividade biológica.
Para refletir
A adoção de ações simples, até mesmo consideradas de baixa
tecnologia, como o cuidado com a gestão dos resíduos do setor
agropecuário e com a destinação adequada de embalagens, pode
fazer diferença na redução dos impactos ao meio ambiente.
Por fim, nas suas ações, tenha em mente que todos os componentes da sustentabili-
dade – o social, o ambiental, o econômico e o tecnológico – devem caminhar juntos
e em equilíbrio, para que a agropecuária brasileira se torne referência mundial em
sustentabilidade.
Aqui, foram abordados temas fundamentais para desenvolver suas capacidades técnicas
e de gestão para o planejamento de ações nos diversos sistemas de produção animal.
Com o conhecimento adquirido sobre as características de cada um dos tipos dos sis-
temas de produção que podem ser adotados nas propriedades rurais e das especifici-
dades das categorias animais, você poderá decidir pelas técnicas mais adequadas para
as diversas espécies, além de reconhecer as demandas e o potencial produtivo de cada
sistema, com ajustes no manejo para atender às exigências do mercado consumidor.
Produzir com eficiência zootécnica e com custo mínimo é um desafio para qualquer pro-
fissional, certo? Porém, no decorrer de seus estudos, você compreendeu que a coleta e
o processamento de dados zootécnicos dos animais, e a interpretação das informações
dos sistemas de produção, auxiliam na avaliação do desempenho animal, para saber
se está de acordo com as metas preestabelecidas no projeto.
Em adicional, você viu que aplicar as principais técnicas de manejo, que incluem os
manejos alimentar, nutricional, reprodutivo, sanitário e bioclimático, é primordial para
manter, de forma eficiente, os sistemas de produção, com respeito ao bem-estar animal.
Por fim, você aprendeu sobre sustentabilidade na produção animal e teve contato com
alguns exemplos de ações sustentáveis, que devem nortear qualquer sistema de produção.
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pnuma-e-fao-convocam-movimento-no-brasil-para-reduzir. Acesso em: 14 maio 2022.
Tópico 2
1) A opção para esse pecuarista seria recorrer ao crédito rural, com análise das condi-
ções do financiamento, principalmente, da taxa de juros, do prazo de carência para
começar a pagar as parcelas e do período para liquidar todas as parcelas. É possível
recomendar, também, algumas instituições financeiras referências no mercado e com
as melhores condições, para que ele tire suas dúvidas antes de decidir o que fazer.
Tópico 2
Tópico 3
Tópico 2
Tópico 3
1) A alternativa correta é a E: estão certas as afirmativas II, III e IV. A I está incorreta,
pois, embora a legislação referente ao trabalho rural seja específica desde 1973,
ela garante a esse trabalhador direitos e deveres iguais aos do trabalhador urbano.
A V é falsa porque o trabalhador rural tem, sim, direito ao seguro-desemprego,
quando demitido sem justa causa.
Tópico 3
1) As boas práticas de produção devem ser rígidas na sua execução diária, mas, sempre
que necessário, serem aperfeiçoadas, por isso, flexíveis. Isso quer dizer que deve-
mos adotar o Ciclo PDCA na atualização das práticas diárias a serem executadas,
caso seja identificada alguma falha do programa já implementado.
Tópico 2
Tópico 4
Tópico 3
ETEC.SENAR.ORG.BR
SENAR.ORG.BR