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2.01 Apostila
2.01 Apostila
Técnicas e Sistemas de
Produção Agropecuária
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-86344-56-1
CDU 630
Capacidades técnicas
Ao fim desta Unidade, você terá desenvolvido as competências
técnicas e de gestão, bem como os conhecimentos necessários
para executar ações técnicas e operacionais dos sistemas de
produção agropecuária.
Com carga horária de 120 horas, a Unidade foi organizada em catorze temas, diversos
tópicos e subtópicos relevantes para sua formação profissional.
Tópico 1: O
agronegócio nacional
Tópico 2: O
Tema 1: agronegócio
Contextualização internacional
do agronegócio
3.1 Qual é o papel das agências
Tópico 3: Agências reguladoras?
reguladoras no Brasil 3.2 Quais são as agências
reguladoras do Brasil?
Tópico 1: Produção
vegetal
2.1 A planta
2.2 Raiz
Tópico 2: Noções de
2.3 Caule
anatomia e morfologia
2.4 Folha
vegetal
Tema 3: 2.5 Flor
Fundamentos de 2.6 Fruto
botânica
1.1 Histórico
1.2 Morfologia e fenologia
Tópico 1: Cultura 1.3 Planejamento da produção e
do algodão implantação da lavoura
1.4 Clima e solo
1.5 Colheita e pós-colheita
Tema 6: Principais
2.1 Histórico
culturas
2.2 Morfologia e fenologia
2.3 Planejamento da produção e
Tópico 2: Cultura implantação da lavoura
do café 2.4 Clima e solo
2.5 Colheita e pós-colheita
2.6 Classificação do café quanto ao
grão e à bebida
3.1 Histórico
3.2 Morfologia e fenologia
3.3 Planejamento da produção e
Tópico 3: Cultura da implantação da lavoura
cana-de-açúcar 3.4 Clima e solo
3.5 Colheita e parâmetros de
qualidade
3.6 Indústria sucroalcooleira
4.1 Histórico
4.2 Morfologia e fenologia
Tópico 4: Cultura 4.3 Planejamento da produção e
do milho implantação da lavoura
4.4 Clima e solo
4.5 Colheita e pós-colheita
5.1 Histórico
5.2 Morfologia e fenologia
Tópico 5: Cultura 5.3 Planejamento da produção e
da soja implantação da lavoura
5.4 Clima e solo
5.5 Colheita e pós-colheita
8.1 Feijão
8.2 Sorgo
8.3 Trigo
Tópico 8: Outros 8.4 Centeio
produtos agrícolas 8.5 Aveia
8.6 Girassol
8.7 Floricultura, jardinagem e
paisagismo
Tópico 2:
2.1 Classificação dos alimentos
Caracterização dos
2.2 Importância do conhecimento
alimentos utilizados
sobre os alimentos
para animais
Tópico 3:
3.1 Produção de feno
Conservação de
3.2 Produção de silagem
forragens
Tópico 3:
Melhoramento 3.1 Seleção por morfologia
genético de bovinos 3.2 Modelos de seleção
de corte
Tema 11:
Melhoramento
genético animal
Tópico 4: 4.1 Genética de suínos
Melhoramento 4.2 Genes de importância na
genético de suínos suinocultura
Tópico 6:
6.1 Seleção por morfologia
Melhoramento
6.2 Seleção por pedigree
genético de caprinos e
6.3 Seleção por progênie
ovinos
Para fixar seu conhecimento, ao fim de alguns tópicos, você vai encontrar atividades para
colocar em prática o aprendizado imediatamente após passar pelos conceitos e teorias.
Comentários do autor
Todas as atividades buscam respeitar seu ritmo de aprendizagem
e são coerentes com o que você será capaz de fazer a partir dos
assuntos abordados.
Ao fim desta apostila, disponibilizamos um gabarito para que você verifique suas respostas.
Bons estudos!
No decorrer de seus estudos, você vai entender o papel do Brasil no cenário do agro-
negócio internacional e conhecer os órgãos responsáveis pela regulação e fiscalização
de importantes atividades econômicas dos setores afins ao agro.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes
capacidades:
• contextualizar o agronegócio;
8.000.000
7.000.000
(a preços de mercado em
R$ milhões correntes)
6.000.000
PIB total do Brasil
5.000.000
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
-
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Atividade de aprendizagem
1. O Cepea apresenta segmentos que formam o agronegócio. Assinale a alternativa
que os define corretamente.
Fonte: Shutterstock.
Segundo o relatório apresentado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre os anos de
1989 e 2014, as exportações do agronegócio apresentaram aumento de 7,7% ao ano.
No mesmo período, as importações cresceram a taxas anuais de 6,7%. Como resultado
desse desempenho excepcional, o saldo da balança comercial do setor aumentou de
US$ 10,8 bilhões, em 1989, para cerca de R$ 80 bilhões, em 2014.
Antes de prosseguir com seu estudo, faça a atividade a seguir para fixar o aprendizado.
Atividade de aprendizagem
1. Sobre a participação do Brasil no agronegócio internacional, assinale a alternativa
correta.
a) Em 2021, os principais produtos exportados pelo Brasil foram soja, carnes, cana-
-de-açúcar, café e algodão.
e) Após o surto mundial de Covid-19, o Brasil não conseguiu se manter como principal
país exportador de commodities agrícolas.
Atenção
Também existem agências reguladoras estaduais, que atuam
apenas em seu estado de criação. Um exemplo é a gestão dos
recursos hídricos: a Agência Reguladora de Águas e Saneamento
do Distrito Federal (Adasa) é estadual, e a Agência Nacional de
Águas e Saneamento Básico (ANA), federal.
Tais órgãos foram estabelecidos no fim dos anos 1990, quando o Estado brasileiro passou
por importantes mudanças e assumiu menos o papel de prestador de serviços. Foi um
momento de modernização e desestatização, em que o espaço no mercado nacional
foi aberto para a entrada de novas empresas e beneficiada a livre concorrência.
Glossário
Desestatização: ato de desestatizar; redução ou exclusão da
participação do Estado (Fonte: Dicionário Michaelis).
Na regulação das atividades econômicas pela ação das agências reguladoras, o Estado
busca, acima de tudo, atender ao interesse público e equilibrar as relações de consumo.
Além disso, defende os usuários e os consumidores e regula a ação de prestadores de
serviços. É dever do Estado agir de forma transparente e usar mecanismos participa-
tivos (MESQUITA, 2005).
Regulamentação Gestão de
do setor por contratos e
Monitoramento meio da criação Fiscalização da concessão de Zelo pela
do mercado por de normas. aplicação das serviços concorrência e
meio do normas criadas. públicos. auxílio aos
levantamento órgãos de
de dados sobre defesa.
a atuação dos
agentes de cada
setor
específico.
Mais adiante, você vai aprender sobre a atuação de algumas agências reguladoras li-
gadas diretamente às atividades de produção.
Para refletir
Já parou para pensar em como a atuação das agências regulado-
ras tem importância para o agronegócio? A Anvisa, por exemplo,
atua diretamente na liberação de novos produtos para proteção
de cultivos. A ANA monitora o uso da água na agricultura irriga-
da. A Anac certifica os veículos aéreos não tripulados (Vants),
também conhecidos como drones, cada vez mais usados para
mapear e controlar pragas. Agora pense: em quais outras
atividades ligadas ao agro você consegue identificar a atuação
das agências reguladoras?
Antes de encerrar este tema, fixe seus conhecimentos com a atividade proposta a seguir.
d) No Brasil, existem apenas agências reguladoras que atuam nos estados, ou seja,
estaduais.
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Contextualização do agronegócio. Nele, você se atualizou
sobre alguns aspectos econômicos do agronegócio nacional e internacional. Também
revisitou o conceito de agronegócio e conheceu as agências reguladoras do Brasil e
suas respectivas áreas de atuação.
Além disso, você vai conhecer práticas agrícolas sustentáveis que podem ser aplicadas
em diversos sistemas produtivos.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você desenvolverá as seguintes capacidades:
Glossário
Sustentabilidade: termo usado para definir ações e atividades
humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres
humanos sem comprometer o futuro das próximas gerações.
AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
Rotação
Sistema CULTURA Genótipo Melhoramento
Consorciação
de produção e variedades Biotecnologia
Cobertura
Corretivos
Cultivos Uso e manejo Acidez e
conservacionistas adequeado FLUXO DE baixa fertilidade
Fertilizantes
Reciclagem
ENERGIA E
DE NUTRIENTES
Glossário
Biota: conjunto de seres vivos de um ecossistema, o que inclui
a flora, a fauna, os fungos e outros grupos de organismos.
• o sistema de produção.
Sem o controle ou a adequação desses fatores, não se consegue uma produção eficiente
e sustentável.
Comentários do autor
Antes de prosseguir, alguns conceitos precisam ser esclarecidos.
Dica
No Brasil, produtos oriundos do extrativismo sustentável e não
prejudiciais ao ecossistema local também são considerados
orgânicos.
Uma exploração orgânica, para ser economicamente viável, deve estar atenta à co-
mercialização e observar três fatores básicos igualmente importantes e inseparáveis:
Quantidade Continuidade
Qualidade
produzida da produção
Comentários do autor
O Mapa tem o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos,
em que é possível verificar a listagem dos organismos que
controlam a qualidade e a aplicação das normas de produção
orgânica. Em 2021, o órgão listou, no Brasil, cerca de 25.343
unidades ligadas aos sistemas produtivos e extrativistas orgâ-
nicos. Os cadastrados atuam na produção vegetal, na produção
animal, no extrativismo sustentável e no processamento de
produtos orgânicos.
Os princípios dos sistemas orgânicos de produção são baseados nas diretrizes expres-
sas no Decreto n.º 6.323, de 27 de dezembro de 2007. Tais diretrizes norteiam os
sistemas de produção e apontam de forma clara como deve ser a atuação dos membros
envolvidos na produção orgânica.
Veja alguns exemplos da legislação que versa sobre produção orgânica no Brasil:
Informação extra
A listagem completa da legislação está disponível no site do
Mapa e é atualizada sempre que surgem novas normas. Você
encontra o link na biblioteca do AVA.
No Brasil, o produtor que quer ser reconhecido como orgânico deve estar no Cadastro
Nacional de Produtores Orgânicos. De acordo com a legislação vigente, a certifica-
ção pode ser feita de três formas:
Esse tipo de certificação não tem selo instituído pelo Mapa. O produtor tem apenas
uma declaração de cadastro. É uma exceção para atender a produtores da agricultura
familiar que, nesse caso, devem fazer o credenciamento em uma organização de
controle social cadastrada em um órgão fiscalizador oficial. As vendas não podem ser
feitas para terceiros e nem para o governo – só podem ser diretas ao consumidor, e
o produtor deve ter seu cadastro em mãos para mostrar quando solicitado.
Para regularizar sua produção como orgânica, o produtor deve buscar uma das formas
de certificação citadas no subtópico anterior. A Portaria n.º 52, de 15 de março de 2021,
publicada pelo Mapa, estabelece as normas para viabilizar a implantação.
Atenção
O plano deve ser elaborado, aplicado e acompanhado de acordo
com a realidade de cada unidade de produção.
Informação extra
O governo oferece um modelo de caderno para plano de mane-
jo. Você o encontra disponível na biblioteca do AVA. Aproveite!
Atividade de aprendizagem
1. A legislação brasileira apresenta três formas de certificação de produtos orgânicos.
Quais são elas?
• a legislação trabalhista;
Como dito, a PI teve início no Brasil com a PIF. Logo, esse sistema foi ampliado para
diversas outras cadeias do agronegócio. Em 2010, surgiu o marco legal da PI. As dire-
trizes gerais da PI Brasil estão na IN n.º 27, de 30 de agosto de 2010. Já a Portaria
Inmetro n.º 443, de 23 de novembro de 2011, apresenta os requisitos de avaliação da
conformidade para a PI Brasil.
Saiba mais
Além da IN do marco legal, existem as INs que apresentam
as normas técnicas especificas para cada cultura. Elas podem
ser acessadas no site do Mapa. O link está disponível na biblio-
teca do AVA.
Folhosas,
inflorescências e Flores e plantas
Feijão Figo condimentares ornamentais
Inhame, gengibre
Goiaba e taro Maçã Mamão
Com o que você aprendeu sobre a PI, faça a atividade proposta para fixar seus co-
nhecimentos.
Atividade de aprendizagem
1. Você aprendeu que o sistema de Produção Integrada surgiu no Brasil na década
de 1990. Sobre a temática, marque a alternativa correta.
Ao longo dos anos, estudos apontaram inúmeros benefícios observados devido à im-
plantação da ILPF. Confira alguns:
• flexibilidade de implantação com adaptabilidade a diferentes realidades de produção;
• melhoria na qualidade e aumento de produtividade de produtos de origem animal
e vegetal;
• promoção do bem-estar animal;
• promoção da ciclagem de nutrientes do solo;
• melhoria da qualidade do solo;
• uso sustentável de recursos naturais;
• geração de empregos;
• redução de custos de produção;
• aumento do retorno econômico aos produtores; e
• maior segurança financeira, devido à diversificação das atividades produtivas.
1 2
3 4
Lembre-se de que esses passos são uma sugestão, uma vez que os sistemas ILPF são
flexíveis e devem sofrer adequações para cada caso.
Atividade de aprendizagem
1. Você aprendeu que existem diferentes modalidades de integração entre a criação
de animais e o cultivo de vegetais. Associe a modalidade de ILPF com sua respec-
tiva definição.
( ) Sistema que usa o consórcio entre a produção florestal e a produção animal.
( ) Sistema que usa o consórcio entre as produções agrícola, florestal e animal.
( ) Sistema que usa o consórcio entre a produção de culturas anuais e a produ-
ção animal.
Glossário
Resiliência: propriedade de retornar à forma original; capacidade
de se recobrar facilmente; qualidade de poder retornar rapida-
mente a uma boa condição após problemas (OXFORD, 2001).
A seguir, você vai conhecer algumas práticas culturais sustentáveis, que podem ser
aplicadas nos sistemas mencionados anteriormente e em sistemas convencionais.
Atenção
Ao fazer a rotação, evite a implantação sucessiva de cultivos de
mesma família (CERRI et al., 2012).
As leguminosas são usadas com mais frequência na adubação verde porque se associam
a bactérias fixadoras de nitrogênio e aumentam a disponibilidade de nitrogênio
para a planta.
São dois gêneros de bactérias responsáveis pela FBN que se associam às leguminosas:
Rhizobium e Azorhizobium. Elas vivem em simbiose com as plantas e formam pequenos
nódulos nas raízes, que são de fácil observação no campo. Para Cerri et al. (2012):
Antes do plantio, as sementes são embebidas em uma solução que contém as bactérias.
Esse processo é chamado inoculação. À medida que a raiz da nova planta germina e se
desenvolve, os nódulos começam a ser formados.
• maior capacidade de resistência das plantas a períodos secos, visto que a superfície
para a absorção de água aumenta.
Para fixar seus conhecimentos sobre a temática deste tópico, faça a atividade a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. As práticas agrícolas sustentáveis podem ser usadas em diferentes sistemas pro-
dutivos. Nesse contexto, julgue os itens a seguir como verdadeiros ou falsos.
I. A adubação verde pode ser feita com ou sem a incorporação das plantas no solo.
a) I e II.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II e IV.
Fonte: Shutterstock.
No MIP, o nível de controle determina a ocorrência mínima dos insetos para que sejam
empregadas as medidas de controle. A tabela a seguir apresenta o nível de controle
sugerido para as principais pragas do algodoeiro.
Para o manejo das doenças nas culturas, as principais medidas recomendadas pela
Embrapa (2021) são:
• o uso de cultivares resistentes;
• a rotação de cultivares; e
As doenças observadas nas plantas são resultado da ação de microrganismos, que po-
dem ser nematoides, bactérias, vírus, protozoários, moluscos ou fungos.
De modo geral, planta daninha pode ser definida como toda e qualquer planta que ocor-
re em local onde não é desejada (Embrapa, 2021b). No manejo integrado de plantas
daninhas, são usadas duas ou mais técnicas de controle para manter as populações em
baixos níveis, sem causar danos econômicos.
Dica
As estratégias de manejo devem ser iniciadas com as medidas
preventivas, a fim de se evitar maiores infestações e dificuldades
de controle durante o cultivo.
Glossário
Alelopatia: liberação de substâncias químicas pelas próprias
plantas no meio ambiente. Tais substâncias provocam efeitos
estimulantes ou inibitórios na germinação, no crescimento e no
desenvolvimento de outras plantas.
Antes de encerrar este tema, e para fixar seus conhecimentos, faça a atividade a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. Sobre a ocorrência de doenças em plantas e o manejo integrado de pragas (MIP),
indique a alternativa incorreta.
a) No MIP, o nível de controle determina a ocorrência mínima dos insetos para o início
das medidas de controle.
c) Algumas espécies de fungos produzem substâncias tóxicas que podem causar males
em animais e humanos.
d) As doenças das plantas geralmente são causadas por fungos, bactérias, vírus e
nematoides.
No próximo tema, você aprenderá um pouco mais sobre as plantas, sua estrutura e
seu funcionamento.
Por fim, serão apresentadas noções do funcionamento de uma planta, para que você
compreenda melhor as ações executadas no manejo do campo.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes
capacidades:
Glossário
Fotossíntese: palavra de origem grega (photos = luz + syn =
junto + tithenai = colocar). É a conversão de energia lumino-
sa, por meio da atuação da clorofila, em energia química, com
produção de carboidratos a partir de dióxido de carbono (CO2)
e água (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001).
Com o passar dos anos, a interação com os vegetais foi se modificando, e os recursos
vegetais, antes apenas coletados, passaram a ser domesticados e produzidos – foi o
surgimento da agricultura (WANG et al., 2016).
O cientista russo Nikolai Ivanovich Vavilov estudou diversas plantas cultivadas ao re-
dor do mundo e seus parentes silvestres. Seus estudos deram início à determinação
do centro de origem das espécies vegetais usadas na agricultura (BARBIERI; STUMPF,
2008). Hoje, o estudo de Vavilov foi ampliado.
1.2 Classificação
As plantas, assim como outros organismos vivos, são classificadas em níveis hierárqui-
cos, definidos pelo agrupamento de características em comum.
Flor de pinheiro.
Fonte: Shutterstock.
Em feixe
Raiz Pivotante ou axial.
(fasciculada).
Normalmente,
Normalmente,
sem crescimento
com crescimento
em espessura:
em espessura.
herbáceas,
São comuns
colmos, bulbos e
caules lenhosos.
rizomas.
Caule
Sépalas e pétalas
geralmente
Sépalas e pétalas
organizadas
geralmente
Flor em base 5
organizadas em
(pentâmeras) e
base 3 (trímeras).
mais raramente
2 ou 4.
Comentários do autor
Plantas de mesma família, geralmente, atraem as mesmas pra-
gas. Assim, identificar as famílias adequadamente é importante
para o planejamento da rotação de culturas, como vimos no
tema anterior.
Berinjela
Pimenta
Tomate
Abóbora
Abobrinha
Agora, fixe o conhecimento adquirido neste tópico com a questão proposta a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. O grupo das angiospermas apresenta dois subgrupos importantes. Observe as
plantas listadas, pense na estrutura (folhas, raízes e flores) e indique se a planta
é monocotiledônea (M) ou dicotiledônea (D):
( ) Feijão
( ) Milho
( ) Alho
( ) Laranja
( ) Soja
( ) Sorgo
( ) Mamona
2.1 A planta
Flor
Fonte: Shutterstock.
2.2 Raiz
O sistema radicular é composto pelo conjunto de raízes. Em muitas plantas, esse sis-
tema é maior que o aéreo. Suas funções principais são a fixação da planta, a absorção,
o armazenamento e a condução de água e nutrientes.
Em algumas plantas monocotiledôneas, a raiz primária tem pouca duração, e logo sur-
ge um sistema de raízes adventícias, que forma o sistema radicular fasciculado. Isso
acontece nas gramíneas. Nas dicotiledôneas, o sistema radicular é chamado pivotan-
te. Nele, a raiz primária permanece e segue seu desenvolvimento, como nos citros.
Algumas raízes também servem como órgão de reserva de nutrientes e são chamadas
raízes tuberosas. É o caso da cenoura, da mandioca e da beterraba.
Comentários do autor
As gramíneas são plantas da família Poaceae, que compreende
um importante grupo de plantas cultivadas, com destaque para
a cana-de-açúcar e os cereais, como arroz, milho e sorgo. Já os
citros são plantas da família Rutaceae. No geral, os frutos dessa
família apresentam sabor ácido porque são ricos em vitamina
C (ácido ascórbico). Mas lembre-se de que uma fruta não deve
ser classificada como citro só por ter sabor ácido. São exemplos
de citros: laranja, limão e tangerina.
2.3 Caule
Atenção
O verdadeiro caule da bananeira fica no interior da terra e é
chamado cormo. A parte que o conhecimento popular chama
de tronco é um conjunto de estruturas das folhas.
2.4 Folha
A folha é órgão que desempenha o principal papel metabólico: a fotossíntese. Uma
folha pode conter:
Lâmina foliar
Pecíolo
Bainha
Estípulas
Caule
Fonte: Shutterstock.
As folhas também podem sofrer modificações. Em ambientes secos, algumas são modifi-
cadas para diminuir a perda de água e ser espinhos; em outras, as folhas são estruturas
que armazenam água, como na cebola, no alho e nas suculentas.
Em algumas monocotiledôneas, as
pétalas e as sépalas se apresentam
iguais em número, tamanho e cor.
Nesse caso, são chamadas tépalas,
como nos lírios.
Fonte: Shutterstock.
Fonte: Shutterstock.
Pétala
Ovário
Sépala
Óvulo
Outro caso é do milho, que apresenta flores femininas e masculinas na mesma planta
– o pendão é o conjunto de flores masculinas e as espigas são formadas a partir das
flores femininas. Já as araucárias apresentam flores femininas em uma planta e flores
masculinas em outra.
2.6 Fruto
Glossário
Disseminar: fazer deslocar-se ou deslocar-se para longe, em
múltiplas direções; espalhar(-se) (OXFORD, 2021).
Fecundação
Ovário
Crescimento
Formação e
desenvolvimento
do embrião
Germinação
Atividades de aprendizagem
1. Considerando que a estrutura das plantas é formada por órgãos que executam
papéis diferentes, identifique a afirmativa correta.
FOTOSSÍNTESE
Síntese da GLICOSE
(açúcar)
CO2 O2
CASCA
1
RESPIRAÇÃO
CAULE Oxidação da GLICOSE
(açúcar)
1
FLOEMA 2
1
Desce a seiva elaborada
XILEMA
2
Sobe a seiva bruta ÁGUA
N P K MACRONUTRIENTES PRIMÁRIOS
Nitrogênio / Fósforo / Potássio
SAIS MINERAIS
Ca Mg S MACRONUTRIENTES SECUNDÁRIOS
Cálcio / Magnésio / Enxofre
Cl Cu B MICRONUTRIENTES
Cloro / Cobre / Boro
Manganês / Ferro / Molibdênio / Zinco
Mn Fe Mo Zn
Como sabemos, a água é um elemento essencial para os organismos vivos. Ela repre-
senta cerca de 90% da massa dos vegetais e é por meio dela que os nutrientes são
absorvidos pelas raízes. Além disso, as reações do metabolismo vegetal acontecem na
água presente no interior das células, e os nutrientes transportados de uma parte a
outra da planta também se encontram em um ambiente aquoso.
No interior da planta, a água pode se mover por dentro das células, de uma célula a
outra ou nos espaços entre elas. O xilema é o principal meio de transporte de água na
maioria das plantas.
Comentários do autor
Você se recorda das diferenças entre o xilema e o floema? O
xilema é o tecido vascular que distribui água e minerais no
interior da planta. Algumas de suas células morrem e deixam
apenas as paredes externas. As células agrupadas continua-
mente formam os vasos para condução da água. Já o floema é
o tecido condutor da seiva elaborada dentro da planta (RAVEN;
EVERT; EICHHORN, 2001).
Parte da água absorvida pelas raízes é perdida para o ambiente, em formato de vapor,
por meio da transpiração. A perda de água acontece quando os estômatos estão abertos.
Os estômatos estão presentes na epiderme de folhas e caules e, conforme dito, efetuam
trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001).
Estômato fechado
3.2 Nutrição
Então, para absorvê-los, a parte aérea da planta, composta pelas folhas, desempenha
esse papel, especificamente por meio dos estômatos. No processo, o gás carbônico
(CO2) entra e participa da fotossíntese.
Dica
Lembre-se de que o cobalto – Co (Co2+) é importante para as
leguminosas. Além disso, o silício – Si (SiO3-) e o níquel – Ni
(Ni2+) são encontrados nos tecidos vegetais.
a) Absorção
Processo pelo qual o elemento (nutriente) passa do substrato (solo, solução nutritiva)
para dentro do tecido vegetal (raiz ou folha).
b) Transporte ou translocação
Transferência do elemento (nutriente) do órgão de absorção para outro (raiz → parte aérea
[via xilema] / folha [adubação foliar] → fruto e outras partes da planta [via floema]).
c) Redistribuição
ADUBO
FOLIAR
ABSORÇÃO
FOLIAR
REDISTRIBUIÇÃO
(FLOEMA)
TRANSPORTE
(XILEMA)
Nutriente
Intercepção radicular
CONTATO Fluxo de massa
ÍON-RAIZ
Difusão
ABSORÇÃO
RADICULAR
Glossário
Íon: molécula carregada eletricamente – positiva ou negativa.
Nesse caso, são os nutrientes que a planta vai absorver, como
Ca2+, NO3-, K+ etc.
d) Interceptação radicular
À medida que a raiz se desenvolve, entra em contato com íons das fases líquida e sólida
do solo. A contribuição desse processo é muito pequena, e a quantidade é proporcional
à relação existente entre a superfície das raízes e a superfície das partículas do solo.
e) Fluxo de massa
f) Difusão
Dióxido de
carbono
Açúcar
Água
Atenção
Quando uma estrutura da planta naturalmente verde está ama-
relada, isso significa que há algum distúrbio nos cloroplastos. O
amarelecimento pode ser sinal de que a fotossíntese não está
sendo feita da forma adequada. Deve-se verificar, portanto, se o
distúrbio é devido à falta de nutrientes, de luz ou uma doença.
Atenção
Fases são períodos do ciclo da vida das plantas e não podem
ser confundidos com estágios, que são momentos.
Comentários do autor
Cada espécie vegetal apresenta suas peculiaridades. Portanto, é
preciso estudar individualmente cada cultura para conhecer suas
características marcantes em relação aos fatores mencionados.
Cinco grupos de hormônios vegetais merecem atenção mais detalhada: auxina, ci-
tocinina, etileno, giberelina e ácido abscísico. Mas, já se sabe que outros sinais
químicos também são utilizados pelas plantas. Conheça as diferenças entre esses hor-
mônios a seguir:
Estimula o amadurecimento de
Etileno frutos; associado às auxinas, atua Diversas partes da planta.
na abscisão (queda) das folhas.
Antes de encerrar este tema, e para fixar seus conhecimentos, faça a atividade de
aprendizagem a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. Indique qual dos seguintes hormônios vegetais é responsável por estimular o
amadurecimento dos frutos.
a) Auxina.
b) Etileno.
c) Ácido abscísico.
d) Citocinina.
e) Giberelina.
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Fundamentos de botânica. No decorrer dele, você conheceu a
diversidade existente no reino das plantas, além da importância delas para a agricultura.
Também identificou a estrutura do corpo das plantas e os órgãos que a compõe, bem
como os processos fisiológicos dos vegetais e a função dos hormônios.
No próximo tema, você verá, em detalhes, aspectos sobre a nutrição mineral, tão im-
portante para o desenvolvimento adequado das plantas e base da boa produtividade.
No tema anterior, você aprendeu que vários elementos químicos são essenciais à pro-
dução vegetal, pois, sem eles, as plantas não conseguem completar seu ciclo de vida.
Viu, também, que o carbono, o oxigênio e o hidrogênio são supridos às plantas por meio
da água e do ar, e os macro e os micronutrientes – essenciais ao crescimento – têm o
solo como fonte fornecedora primária.
O solo pode ser modificado pela atividade humana, tanto no aspecto físico, por meio
da aração, da gradagem e da drenagem, quanto no químico, pela calagem e pela adu-
bação. Essas duas últimas são as formas mais rápidas e economicamente viáveis para
aumentar a produção vegetal. Assim como o ser humano se alimenta de plantas, direta
e indiretamente, a planta também precisa de alimento. Somente alimentando-a ade-
quadamente é possível fornecer alimento, energia alternativa e vestimenta às pessoas.
a) Macronutrientes
• Potássio – K (K+)
• Cálcio – Ca (Ca+)
• Magnésio – Mg (Mg2+)
• Enxofre – S (SO4-)
b) Micronutrientes
• Cobre – Cu (Cu2+)
• Manganês – Mn (Mn2+)
• Boro – B (H3BO3)
• Molibdênio – Mo (MoO42-)
• Cloro – Cl (Cl-)
• Níquel – (Ni2+)
O solo é o meio que atua como reservatório de minerais necessários às plantas. O es-
quema a seguir apresenta uma visão geral de compartimentos e vias de comunicação
ou de transferência de um elemento, geralmente, um nutriente.
NUTRIENTE
(Solução do solo)
Dica
A adubação foliar é uma alternativa eficiente para a solução
de problemas específicos e/ou complementar uma adubação
convencional.
N
TECIDO
P DA FOLHA
K Mg VELHA
Agora que você já conhece os elementos que compõem os grupos de macro e micro-
nutrientes, vamos falar de suas funções.
MACRONUTRIENTES
MICRONUTRIENTES
Boro Atua no transporte de carboidratos.
Cobre Contribui para a produção enzimática e atua na fotossíntese.
FERRO
CÁLCIO
Folhas novas
Folhas novas amareladas ou
atrofiadas e esbranquiçadas
disformes
POTÁSSIO
Folhas com
bordas e pontas
amareladas
NITROGÊNIO
Folhas superiores em
tom verde-claro,
amareladas e enrugadas
MANGANÊS
DIÓXIDO DE
CARBONO Pontos amarelados
Zonas brancas, e furos alongados
crescimento atrofiado entre as nervuras
e morte
MAGNÉSIO
FOSFATO
Margens foliares
Folhas mais escuras viradas para baixo
que o normal e amarelamento
Dica
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
por meio de Circulares Técnicas, disponibiliza orientações para
identificar deficiências nutricionais em várias culturas.
Uma vez que há uma relação direta entre os nutrientes do solo e a presença deles no
tecido vegetal, é possível monitorar o estado nutricional do solo de uma área de cultivo
e analisar uma amostra dos indivíduos presentes. A parte mais indicada para a análise
do estado nutricional da planta são as folhas, sobretudo as mais jovens (SOUZA, s.d.).
Ação no campo
Ao fazer a análise química das folhas, é preciso tomar alguns
cuidados para garantir a fidelidade das amostras, tais como:
É importante lembrar que análise foliar não substitui a análise de solo. Ou seja, deve
ser uma ferramenta adicional.
Moreira e outros autores (2013), no livro O ecossistema solo, dizem que o solo é um
material solto, macio, que cobre a superfície da Terra como a casca cobre a laranja.
No entanto, ao contrário da casca da laranja, que apresenta superfície relativamente
uniforme, os solos se diferenciam muito na superfície da Terra, tanto em relação à es-
pessura quanto em relação às suas características, como:
• cor, quantidade e organização de partículas (argila, silte e areia);
Comentários do autor
Lembre-se de que existem solos naturalmente férteis, que per-
mitem a obtenção de elevadas produtividades sem uso de cor-
retivos ou fertilizantes – pelo menos enquanto sua capacidade
de suprir nutrientes para as plantas persistir.
Para que um nutriente possa ser absorvido pela raiz, ele deve ser transportado até a
superfície radicular. Dessa forma, o teor disponível de um dado nutriente, em função
do transporte, depende de aspectos físicos do solo que afetam esse deslocamento, tais
como textura, compactação e teor de água. A umidade do solo é importante para a
disponibilidade dos nutrientes.
Fator Solo
MANEJO DA
Fator Planta Fator Agricultor
FERTILIDADE DO SOLO
2.3 Fertilizantes
Dentro do grupo dos fertilizantes estão listados, ainda, os inoculantes – substâncias que
contêm microrganismos que atuam de forma favorável ao desenvolvimento vegetal.
Os inoculantes podem fornecer bactérias fixadoras de nitrogênio, como vimos no Tema
2 (BRASIL, 2021).
O processo de análise química do solo pode ser dividido em três etapas: amostragem,
análise e interpretação dos resultados. A partir daí, é possível fazer uma avaliação da
fertilidade e estabelecer um conjunto de recomendações de práticas corretivas e/ou
de adubação.
Recomendações
Amostragem Análise química Interpretação
para o manejo
do solo em laboratório dos resultados
da fertilidade
Uma análise completa para a avaliação da fertilidade do solo deve incluir as seguintes
determinações: acidez (pH), concentrações de fósforo, potássio, cálcio, magnésio, en-
xofre, zinco, manganês, cobre, ferro, boro, alumínio, hidrogênio mais alumínio, teor de
matéria orgânica e análise granulométrica (textura).
Dica
Executar as atividades de manejo da adubação de forma correta
também implica maior retorno econômico, já que aumenta a
produtividade.
a) Calagem
A calagem é uma prática agrícola que busca corrigir a acidez do solo com o uso de
calcário. Para avaliar a acidez, é preciso considerar a acidez ativa e a trocável, a sa-
turação por alumínio e por base, a capacidade-tampão – estimada por meio da acidez
potencial – e o teor de matéria orgânica. A acidez do solo também se relaciona com a
disponibilidade de cálcio, magnésio, manganês e outros micronutrientes.
Sob acidez ou alcalinidade excessiva, entre outros problemas para as plantas, tem-se
baixa disponibilidade de nutrientes. Portanto, antes da adubação e do preparo do solo,
deve-se procurar conhecer as condições de acidez do solo.
Ação no campo
Além de identificar a necessidade de calagem, é preciso saber
quando e como praticá-la. Por ser um material de baixa solubi-
lidade e de reação lenta, o calcário deve ser aplicado de dois a
três meses antes do plantio para que as reações esperadas se
processem. Ele é uniformemente distribuído sobre a superfície
do solo, manualmente ou por meio de máquinas próprias, e é,
então, incorporado com arado e grade na profundidade de 15
cm a 20 cm (camada arável).
O período compreendido entre a calagem e o plantio deve ser considerado, bem como
a presença de umidade suficiente no solo, para que existam as reações entre ele e
o calcário. Sem umidade no solo, não há como o calcário reagir. Nesse caso, é
preferível fazer a calagem e o plantio em uma sequência única de operações. A análise
de solo, três ou quatro anos depois da calagem, pode indicar a necessidade de nova
aplicação.
b) Gessagem
Em solos como os do cerrado, as limitações impostas pela acidez vão além da camada
arável – atingem as camadas subsuperficiais, onde a toxidez de alumínio e/ou a bai-
xa disponibilidade de cálcio são os principais fatores impeditivos à maximização das
produções. Essas substâncias limitam o crescimento radicular e, consequentemente, a
utilização de água e nutrientes em profundidade.
Glossário
Lixiviação: processo pelo qual os nutrientes do solo migram
das camadas mais superficiais para as camadas mais profundas
em decorrência de um processo de lavagem devido à ação da
água da chuva ou da irrigação (Embrapa Arroz e Feijão, 2004).
Sempre que possível, o gesso deve ser aplicado com o calcário magnesiano ou dolo-
mítico. Amostragens periódicas das camadas subsuperficiais devem ser feitas com a
finalidade de acompanhar a movimentação de bases pelo perfil.
c) Adubação
Por representar uma significativa parcela nos custos de produção, a adubação deve
ser feita com a máxima eficiência para se obter máxima produtividade econômica e
produtos agrícolas com qualidade. Além disso, a correta adubação evita o desperdício
de recursos naturais não renováveis e causa o mínimo de danos ao meio ambiente.
Comentários do autor
A proporção entre os nutrientes presentes nos fertilizantes é
chamada de “relação básica” ou “NPK”. Isso porque, a partir dos
resultados da análise de solo, o técnico pode consultar quais
doses de nitrogênio (N), fósforo (P2O5) e potássio (K2O) devem
ser aplicadas.
Preparo convencional
Provoca inversão da camada arável do solo mediante o uso de arado; a essa operação
seguem-se outras, secundárias, com uso da grade ou do cultivador para triturar os
torrões. Nesse sistema, a superfície é totalmente revolvida por implementos (arado,
grade, cultivador). Ele tem como princípio melhorar o solo para a germinação de
sementes, eliminar plantas daninhas antes do plantio, e corrigir características da
subsuperfície do solo, como a necessidade de incorporação de corretivos ou rompi-
mento de camadas compactadas.
Cultivo mínimo
Plantio direto
Ocorre onde as sementes são semeadas por meio de semeadora especial sobre a
palhada de culturas do cultivo anterior ou de culturas de cobertura produzidas no
local para esse fim. Proporciona melhor cobertura do solo, mantém a umidade em
profundidade, contribui para a manutenção da matéria orgânica no solo durante a
entressafra e possibilita melhor ciclagem de nutrientes no solo. Hoje, está ampla-
mente difundido no Brasil como o método mais adequado para as condições edafo-
climáticas do país.
Plantio semidireto
Semelhante ao plantio direto, faz a semeadura direta sobre a superfície com se-
meadora especial. Difere do sistema anterior apenas por haver poucos resíduos na
superfície do solo.
Saiba mais
Na biblioteca do AVA, você encontra o artigo Sistema de plantio
direto na palhada e seu impacto na agricultura brasileira. Acesse
e leia para saber mais.
• a textura do solo;
• o grau de infestação de
invasoras;
• os resíduos vegetais da
superfície;
• a umidade do solo;
• a existência de camadas
compactadas;
• a pedregosidade; e
O estudo do perfil do solo é primordial, mas vale a pena recordar que, sempre que pos-
sível, deve-se decidir pelos manejos conservacionistas e, mesmo quando for impossível
sua implantação, eleger os preparos que provoquem o menor revolvimento do solo.
Manejo sustentável
Os objetivos de uma agricultura sustentável são o desenvol-
vimento de sistemas agrícolas produtivos, que conservem os
recursos naturais, protejam o ambiente e melhorem as condi-
ções de saúde e de segurança em longo prazo. Nesse sentido,
as práticas culturais e de manejo, como a rotação de culturas,
o plantio direto e o manejo do solo conservacionista, são muito
aceitáveis, pois, além de controlarem a erosão do solo e as perdas
de nutrientes, mantêm e/ou melhoram a produtividade do solo.
c) O sistema de plantio direto recebe esse nome porque a semeadura deve ser feita
direto no solo, sem o uso de máquinas.
e) A proteção constante do solo pela palhada é um dos fatores que promovem sua
conservação no sistema de plantio direto.
Encerramento do tema
Você encerrou o tema Nutrição mineral e fertilidade do solo e pôde observar que,
para que um ecossistema seja sustentável, é necessário haver equilíbrio dinâmico en-
tre seus elementos. Você conheceu, ainda, algumas características sobre o solo e as
plantas, além de diferentes sistemas de manejo do solo: convencional, cultivo mínimo,
plantio direto e plantio semidireto.
Você já deve saber que a água é uma das substâncias mais importantes para os pro-
cessos vitais e físico-químicos. Em mais de 2/3 do nosso planeta, ela está presente nas
formas líquida e sólida. Na forma gasosa, é constituinte da atmosfera e está em toda
parte. Sem a água, não seria possível a vida como a conhecemos.
Capacidades técnicas
Com os conhecimentos adquiridos neste tema, você vai desen-
volver as seguintes capacidades:
• possibilidade de mais de uma colheita por ano, em uma mesma área, de diversas
culturas, além de colheitas fora do período normal da cultura; e
Com a observação desses benefícios, fica evidente que a influência positiva da irrigação
vai além de suprir apenas as necessidades hídricas das culturas. Entenda, agora, como
a irrigação é executada no campo de produção.
Método ou sistema de irrigação diz respeito à forma como a água será disponibilizada
aos cultivos. Ao defini-lo, deve-se atender aos interesses do produtor e às necessidades
hídricas da cultura, além de considerar:
É preciso ter em mente, ainda, que todos os sistemas apresentam vantagens e desvan-
tagens a serem consideradas na escolha do método adequado. A seguir, estão elencados
os principais métodos ou sistemas de irrigação:
Nesse método, a irrigação acontece por gravidade, e a água escorre pela superfície do
solo. Trata-se de um sistema que requer menos custos de instalação e operação, além
de equipamentos mais simples. Também permite a utilização de água com sólidos em
suspensão e, comparado a outros mais complexos, como a aspersão, gera menor con-
sumo de energia.
No método de irrigação por superfície, a água pode ser aplicada por meio da irrigação
por sulcos – em que escorre pelo terreno em canais abertos. As desvantagens são a
grande perda por evaporação em períodos secos e quentes, e o fato de a água poder
ser facilmente contaminada por ficar desprotegida.
Outra forma de aplicação da água é por meio da irrigação por inundação. Nesse
caso, há a manutenção de uma lâmina de água uniforme e constante. O exemplo mais
comum desse tipo de irrigação é o cultivo do arroz.
Esse método atua no campo de forma semelhante à chuva, mas de forma artificial.
Permite fácil adaptação às diversas condições de solo e de topografia, e, comparado
ao método de superfície, apresenta potencialmente maior eficiência de distribuição de
água. Suas vantagens também incluem a automação completa, a possibilidade de trans-
porte para outras áreas e de montagem e desmontagem, a fim de facilitar atividades
de manejo, como o tráfego de máquinas.
• a possibilidade de sofrer influência das condições climáticas, como vento, que causa
perda por deriva;
• nos locais onde a água é salina ou sujeita à precipitação de sedimentos, pode haver
redução da vida útil do equipamento e danos a algumas culturas;
Outra opção é o sistema de irrigação do tipo pivô central. Nele, uma área circular
recebe uma estrutura, do tamanho de seu raio, que gira. O centro da estrutura é fixo
ao centro do círculo.
Nesse método, a aplicação da água é feita bem próxima ao sistema radicular. Para
isso, são usados mecanismos que liberam água aos poucos, como gotejadores, tubos
porosos ou microaspersores. É um sistema que proporciona significativa economia de
água, mas seu custo de instalação é relativamente alto se comparado aos anteriores.
Também permite automação total, o que o torna menos dependente de mão de obra
(ANDRADE; BRITO, 2006).
Atenção
Quando é disponibilizada menos água do que a planta precisa,
o cultivo não expressa seu potencial produtivo. Assim, a quan-
tidade e a qualidade do produto ficam abaixo do esperado. Por
outro lado, se há excesso de oferta de água, o aparecimento
de doenças, como a podridão, é favorecido. O excesso de água
no solo pode promover a perda de nutrientes por lixiviação e
propiciar a contaminação do lençol freático ou cursos de água
por produtos químicos.
Para fazer o manejo da irrigação pelo clima, deve-se considerar a necessidade de re-
por o consumo da cultura, em um dado período, desde a data da última irrigação ou
ocorrência de chuva. Nos sistemas pela atmosfera, o principal objetivo é determinar a
evapotranspiração das culturas (ETc), e cada cultura tem a sua. Nessa variável, a
arquitetura das plantas vai interferir na ETc. Por exemplo, as rasteiras cobrem mais o
solo e o mantêm mais protegido, o que faz com que perca menos água para atmosfera.
Comentários do autor
A ETc é a água transferida para a atmosfera por meio da eva-
poração do solo somada à transpiração das plantas. A eva-
potranspiração de referência (Eto) é a evapotranspiração de
uma cultura de referência. No método padrão, determinado
por Penman-Monteith e parametrizado pela FAO, a cultura de
referência é a grama-batatais (CONCEIÇÃO, 2006).
Os dados atmosféricos também podem ser obtidos por estações meteorológicas, que
coletam informações, com mais facilidade, sobre a temperatura, a umidade relativa, a
pluviosidade, a velocidade e a direção do vento. As estações meteorológicas automáticas
podem ser programadas para fazer as leituras e enviá-las automaticamente.
Por fim, o controle da irrigação pela planta consiste em avaliar o estado hídrico dela.
Nesse caso, alguns pesquisadores determinam que o principal órgão a ser avaliado é a
folha. Os aspectos a serem observados nas folhas são:
• mudança da coloração;
• ângulo de posição;
• índice de crescimento;
• potencial hídrico;
• temperatura;
• taxa de transpiração; e
• abertura estomacal.
Nessa estratégia, a lâmina que supre o déficit hídrico é aplicada apenas em etapas
fenológicas sensíveis ao déficit hídrico, normalmente no florescimento. Nas demais
etapas, usa-se a irrigação com déficit.
O manejo da água de irrigação tem por objetivo manter o solo com a umidade em uma
faixa que permita o armazenamento de água nos poros dele e uma fácil absorção pelo
sistema radicular da planta, sem o risco de limitar seu desenvolvimento, por excesso
ou por deficiência. A faixa de umidade do solo disponível às plantas varia conforme o
tipo de solo – mais especificamente a textura e a estrutura.
Solo saturado
Água de
Limite máximo
percolação
Capacidade
de campo
(0,1 a 0,3 atm)
Umidade
Tensão
Água
disponível
Ponto de murcha
Água não permanente
Limite mínimo (15 atm)
disponível
Ação no campo
O produtor deve promover uma aplicação de água de irrigação à
cultura de forma a atender a necessidade da planta, ou seja, no
momento e em quantidade que maximize seu desenvolvimento
e sua produção. No manejo da água de irrigação, é necessário
saber se a planta está no desenvolvimento adequado para a
condição irrigada. Para isso, o solo deve estar dentro da faixa
de umidade correta durante todo o ciclo da cultura.
Agora, com o conhecimento adquirido neste tópico, resolva as questões propostas a seguir.
a) I e IV apenas.
b) II e III apenas.
c) II e IV apenas.
d) I e III apenas.
e) I, III e IV apenas.
a) Nos sistemas de irrigação por superfície, quando os canais são abertos, pode haver
perda de água por evaporação.
b) Uma das desvantagens dos sistemas de irrigação por superfície é o baixo custo de
implantação.
c) O excesso de água nos solos pode facilitar a absorção de nutrientes pelas raízes.
d) Nos pivôs centrais, a água da irrigação é aplicada por baixo das plantas.
e) Nos sistemas de irrigação por aspersão, os ramais móveis podem estar sob o solo.
Tópico 2: Drenagem
Drenagem é a remoção do excesso de água em uma dada área. Na agricultura, o excesso
de água pode ser resultado das chuvas ou da irrigação. A finalidade da drenagem é,
portanto, a manutenção das características desejáveis do solo para o desenvolvimento
das culturas.
Água
Oxigênio Nutrientes
Fatores que precisam estar em equilíbrio para o bom desenvolvimento das plantas no solo.
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).
Você já viu que um solo encharcado não é ideal para a maioria das plantas, uma vez
que atrapalha o desenvolvimento das raízes, pode favorecer o aparecimento de doenças
e promover a perda de nutrientes por lixiviação.
Atenção
• Em zonas áridas, devido à baixa ocorrência de chuva, os solos
são salinos. Nesses ambientes, o objetivo dos sistemas de
drenagem é promover a lixiviação, para corrigir a salinidade.
• já em regiões com solos salinos e irrigação, a altura ideal do lençol freático deve ser
de, no mínimo, 1,8 m, para evitar problemas de salinização.
Antes de encerrar este tema, que tal fixar seus conhecimentos? Responda às questões
propostas a seguir.
Atividades de aprendizagem
1. Ao contrário das culturas implantadas em área irrigada, como o arroz, o excesso
de água no solo pode prejudicar o desenvolvimento das plantas. Com base nisso,
explique os problemas que o excesso de água no solo traz para o desenvolvimento
dos cultivos.
2. A drenagem agrícola diz respeito às práticas que retiram o excesso de água dos
solos cultivados. Sobre essa temática, identifique a alternativa correta.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes
capacidades:
1.1 Histórico
Para iniciar o estudo sobre a planta do algodão, vamos aprender como ela se encontra
na classificação botânica:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
(Angiospermas)
Classe: Magnoliopsida
(Dicotiledôneas)
Ordem: Malvales
Família: Malvaceae
Gênero: Gossypium
Flor de algodão.
Fonte: Shutterstock.
As fibras do algodão, chamadas línter, são produzidas em volta das sementes logo após
a fecundação. Nessa fase, o ovário se transforma em fruto, que também é chamado de
maçã. Após o desenvolvimento e a abertura, o fruto é chamado capulho; quando seca,
ele se abre e expõe as fibras (RITCHIE et al., 2004).
Planejar o plantio do algodão é uma das etapas mais importantes do cultivo para a ob-
tenção de altas produtividades. Nesse cenário, são os fatores climáticos que vão ditar a
melhor época para a semeadura, e o zoneamento agroclimático é que vai determinar
o período da semeadura para cada região.
O algodoeiro apresenta algumas fases fenológicas mais sensíveis ao déficit hídrico, como
no caso do florescimento e do enchimento das maçãs. Por isso, deve-se escolher
um período de semeadura que minimize os riscos de déficit hídrico nessas fases.
Já para a colheita, o ideal é que o tempo esteja seco e, no período do início da abertura
dos capulhos, o volume de chuva esteja reduzido. Isso porque o tempo seco facilita a
operação mecânica e evita perda da qualidade da fibra.
Fonte: Shutterstock.
Segundo a Embrapa (2021b), para o cultivo do algodão, têm-se como ideais as seguin-
tes condições climáticas:
• temperatura média do ar: entre 20 e 30 °C;
Desmanche do fardão
Pré-limpeza do algodão em
Secagem Umidificação
caroço
Descaroçamento
Limpeza da pluma
Prensagem e confecção do
fardo
Identificação do fardo
Antes de continuar seus estudos, que tal fixar seus conhecimentos? Faça a ativida-
de a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. A respeito da cotonicultura, identifique a alternativa incorreta.
Muitas lendas relatam a origem da descoberta do café. Uma das mais aceitas e divulga-
das é a de um pastor, conhecido como Kaldi. Ele teria vivido há cerca de dois mil anos,
na Etiópia e observado que, ao mastigarem frutos de coloração amarelo-avermelhada
de alguns arbustos no campo, as ovelhas ficavam alegres e saltitantes. O pastor notou,
assim, que esses frutos eram fonte de energia e comentou esse fato com um monge
da região. O monge resolveu experimentar o fruto na forma de infusão, colocou-o em
água fervente e bebeu o líquido. Com o tempo, percebeu que a bebida ajudava a resistir
ao sono enquanto orava ou lia, e o hábito se espalhou.
Relatos evidenciam que o café foi cultivado pela primeira vez em monastérios islâmicos
no Iémen – por isso, a variedade mais usada é denominada “café arábica”. “Café” vem
da palavra qahwa, que significa “vinho”, devido à importância que a planta passou a ter
no mundo árabe, onde a difusão da bebida ganhou força devido à proibição de bebidas
alcoólicas pela religião maometana. Somente no século XVI, na Pérsia, é que os primei-
ros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos.
O “vinho da Arábia” chegou à Europa no século XIV. No Brasil, o café chegou inicial-
mente a Belém do Pará, vindo das Guianas. Depois, no início do século XIX, chegou ao
Rio de Janeiro e expandiu-se pela Serra do Mar até atingir, em 1825, o Vale do Paraíba,
seguido de São Paulo, Minas Gerais e norte do Paraná. Em 1860, o país já era uma
grande potência exportadora de café.
Essa cultura trouxe grande desenvolvimento econômico para o Brasil com as ricas fa-
zendas dos barões do café, que permitiram o início da industrialização do país com os
recursos provenientes das exportações e a construção das primeiras ferrovias, como a
Santos-Jundiaí, a Paulista, a Mogiana, a Sorocabana e a Noroeste.
A cultura atraiu um grande número de imigrantes, sobretudo italianos, que vieram para o
Brasil em busca de oportunidades.
Fonte: Wikimedia Commons (2007).
Informação extra
A Organização Internacional do Café (OIC) disponibiliza dados
estatísticos e boletins periódicos sobre o mercado de café. Você
encontra o link para acessá-los na biblioteca do AVA.
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
(Angiospermas)
Classe: Magnoliopsida
(Dicotiledôneas)
Ordem: Gentianales
Família: Rubiaceae
Gênero: Coffea
Unicaule Multicaule
Folhas verde mais escuro, menores, mais Folhas verde mais claro, maiores, mais
lisas acosteladas
Frutos maiores, ovalados, com mais mucila- Frutos menores, esféricos, com menos mu-
gem, mais aderidos à planta cilagem, mais aderidos à planta
a) Ramos
A planta de café se apresenta na forma de arbusto, com altura variável e copa cilíndrica.
A espécie C. arabica tem apenas um caule cilíndrico, enquanto a espécie C. canephora é
multicaule. Seus ramos apresentam um dimorfismo – alteração na forma – relacionado
à direção do seu crescimento. Os que se desenvolvem na vertical são os ortotrópicos,
e os na horizontal são chamados plagiotrópicos.
RAMOS
ORTOTRÓPICOS
(LADRÕES)
RAMOS
PLAGIOTRÓPICOS
(PRODUÇÃO)
Glossário
Recepa: poda baixa, utilizada para promover a renovação das
copas das árvores.
RAMO
ORTOTRÓPICO
GEMA
“CABEÇA-DE-SÉRIE”
RAMO ORTOTRÓPICO
GEMAS Originado de uma
SERIADAS gema seriada
RAMIFICAÇÃO
SECUNDÁRIA
Originada de uma gema
“cabeça-de-série”
FRUTOS
Originados de
gemas seriadas
RAMIFICAÇÃO PRIMÁRIA
Originada de uma gema
“cabeça-de-série”
RAMIFICAÇÃO SECUNDÁRIA
Originada de uma gema seriada ESTÍPULA
Comentários do autor
O volume da safra de café depende diretamente da capacidade
de as gemas seriadas se diferenciarem vegetativa ou repro-
dutivamente. O ideal seria que as gemas seriadas rendessem
apenas frutos e deixassem as ramificações a cargo das demais
“cabeças-de-série”. Esse fato determinante na produção ocorre,
normalmente, entre a primeira quinzena de fevereiro e março,
e é fortemente influenciado pela duração e pela intensidade dos
principais fatores ambientais, como temperatura e água.
b) Folhas
Em plantas adultas, as folhas têm entre 12 e 24 cm, são delgadas e onduladas de for-
ma elíptica. Em contato direto com a luz, ficam sujeitas a mudanças estruturais – sol
e sombra influenciam a plasticidade foliar e alteram, principalmente, a espessura e a
área da folha.
A epiderme é revestida por uma camada de cutícula que reduz a perda espontânea de
água, protege contra danos mecânicos e, consequentemente, dificulta a penetração
de produtos agrícolas. Na parte inferior, estão os estômatos, responsáveis por 90% da
água transpirada pela planta. Quanto menor a exposição ao sol, maior a quantidade
de estômatos encontrados.
A fase de indução floral ocorre entre fevereiro e março na maioria das regiões. Para
isso, o ideal é que não ocorra um déficit hídrico severo, com os dias quentes e as noites
frias. Os primórdios florais se desenvolvem por dois meses até atingirem tamanho entre
4 e 6 mm. Então, entram em dormência pelos próximos dois meses (julho e agosto),
quando apresentam alto teor de ácido abscísico (ABA). Um botão floral somente se
transformará em flor se as condições climáticas entre os períodos diurnos (29 °C) e
noturnos (18 °C) forem satisfatórias.
Quando o café recebe água durante a fase de dormência, a floração fica indefinida e
resulta em floradas sucessivas e várias colheitas, o que não é bom para o produtor. Por
outro lado, temperaturas altas e déficit hídrico intenso provocam a morte dos tubos
polínicos por desidratação e causam o aborto das flores (“estrelinhas”).
As axilas floreais produzem gemas uma única vez e, portanto, com o passar dos anos,
as produções se concentram nas extremidades dos ramos. Quando isso acontece, re-
comenda-se a poda para a renovação da lavoura (desponte ou esqueletamento para
recuperação da copa).
d) Fruto e frutificação
O fruto do cafeeiro é uma dupla elipsoide e contém dois lócus e duas sementes (che-
gando a três ou mais). Confira, a seguir, a descrição das suas partes.
7. exocarpo: é a casca do fruto, que pode ser vermelha ou amarela quando atinge o
estágio de “cereja”, ou seja, a maturação fisiológica do fruto.
A frutificação começa com a formação dos frutos, também conhecida como “fase chum-
binho”, na qual os frutos se expandem rapidamente até atingirem seu tamanho máximo
por volta de dezembro. Na “fase chumbinho”, é preciso se atentar para que não haja
déficit hídrico. A falta de água estimula a planta a produzir etileno na região do pedún-
culo, o que ativa a síntese de enzimas degradantes e ocasiona a queda de “chumbinhos”.
No mês de janeiro, a cor verde se acentua (grão verde), e, em março, os líquidos inter-
nos se solidificam para formar a semente. Nessa fase, também não pode haver déficit
hídrico para não prejudicar a granação dos frutos. Entre abril e junho, começa a ma-
turação, ocorre a degradação da clorofila e a síntese de carotenoides – a cor muda de
verde (“fase verde-cana”), passa pelo amarelecimento (fase de verde para o amarelo),
até o estágio amarelo ou vermelho (“fase cereja”). Após isso, os frutos vão começar
a secar (“fase passa”) e atingir o estágio seco (“fase seco”). Na figura a seguir, você
pode ver todas essas fases.
G1 G2 G3
G4 G5 G6
FL F1 F2
F6 M1 - Verde M2 - Verde-cana
Por outro lado, são algumas das desvantagens: maiores investimento inicial e incidência
de broca e ferrugem, menor possibilidade de mecanização, fechamento mais rápido das
“estrelinhas”, tratos, adubações e colheitas dificultados, atraso e desuniformidade na
maturação e perda da qualidade dos frutos. O superadensamento também aumenta o
consumo de água.
• características do cultivar;
• área disponível;
• possibilidade de mecanização;
• utilização da irrigação;
A geada é uma condição de ocorrência provisória de estados de baixa energia com baixas
temperaturas. Esse evento provoca alterações físicas nos componentes celulares dos
tecidos vegetais, incompatíveis com suas funções fisiológicas. A depender da umidade
do ar, as geadas podem ser brancas (com gelo superficial e menos severas) ou negras
(sem gelo superficial e mais severas).
Uma das consequências das geadas é a forte desidratação do tecido associada à formação
dos cristais de gelo intercelular. Observe, no infográfico a seguir, outras consequências
fisiológicas das baixas temperaturas sobre o cafeeiro.
15ºC
No café arábica, quedas de
24 °C para 15 °C causam redução 13ºC
de 15% na assimilação Quando abaixo de 13 °C, a planta para
fotossintética do carbono após o o crescimento da parte aérea por
primeiro dia de frio, e 40% após o várias desordens fisiológicas, como
sexto dia. No conilon, esses drástica redução da translocação de
números podem ser ainda piores. fotoassimilados, da fotossíntese e da
assimilação do nitrogênio pelas folhas.
6ºC
Sucessivas noites a 6 °C 0ºC a 5ºC
prejudicam as plantas por vários
Distúrbio letal pela defasagem de água
dias até recuperarem a
entre transpiração e reposição pela
fotossíntese e a translocação de
absorção radicular e pela translocação via
fotoassimilados.
xilema (alta viscosidade da água) quando a
4ºC temperatura fica entre 0 °C e 5 °C por várias
horas. Leva à superbrotação, com brotos
Uma noite a 4 °C é suficiente para
novos distorcidos, murchos e negros.
reduzir a taxa fotossintética do
próximo dia à metade por distúrbios 0ºC
das atividades fotoquímica e
bioquímica dos cloroplastos, e pela Estrangulamento da “casca” na base do
resistência estomática. ortotrópico, denominada “canela de
geada”, quando a temperatura do ar
próximo à superfície do solo é inferior a
-2ºC 0 °C, causando grande desordem
Cafeeiros ficam severamente fisiológica do floema.
danificados a temperaturas
abaixo de -2 °C.
-3,5ºC
Morte a temperaturas próximas a -3,5
°C, independentemente da velocidade
do descongelamento.
Ação no campo
Para lidar com essas características de clima, primeiro, deve-se
escolher o local adequado para o plantio das culturas. Como
o ar frio é mais pesado que o ar quente, ele se concentra nas
partes mais baixas. Por isso, é importante promover a abertura
de corredores com largura aproximada de 100 m (com a der-
rubada de árvores em faixas dentro das metas permitidas), o
que possibilita que o ar frio saia e seja canalizado as baixadas.
Coberturas mortas funcionam como camada isolante do calor liberado pelo solo durante
a noite. Assim, sempre que possível, a vegetação sem interesse para o lavrador deve
ser removida. O solo nu absorve o calor do sol durante o dia e o devolve durante a
noite, o que reduz o resfriamento e a possibilidade de geadas.
• a secagem direta dos grãos, que produz o café natural ou café de terreiro.
Por via seca Sem eliminação da casca, o que resulta no café natural.
a) Secagem em terreiros
b) Secagem em secadores
Os secadores recebem o café com qualquer grau de umidade, mas nunca devem tra-
balhar totalmente cheios, para que haja espaço para a movimentação do produto. A
primeira etapa de secagem atinge a meia seca para, depois, passar os grãos para ou-
tro secador vertical ou continuar secando-os no mesmo secador horizontal desde que
estejam com umidade uniforme e a temperatura da massa do café não ultrapasse 45
°C. Se o café já tiver sofrido a meia seca no terreiro, deve-se carregar normalmente o
secador horizontal e proceder à operação como se o produto já estivesse sido pré-se-
cado no mesmo secador.
Para usar secadores verticais com câmara de repouso, o café precisa ter recebido uma
pré-secagem ou meia seca, em terreiros revestidos ou suspensos, secadores horizontais
ou em secador-barcaça. Os secadores verticais são constituídos de um grande depó-
sito metálico e têm na parte superior uma câmara de repouso dos grãos. O café flui
para baixo, até a câmara de secagem e, depois, é levado até a base do elevador, que
o carrega novamente para o alto até a câmara de repouso e, assim, sucessivamente
até completar a secagem.
Comentários do autor
É importante que o secador vertical seja carregado totalmente
para que não haja perda de calor e, consequentemente, au-
mento no tempo de secagem, que resulta em maior consumo
de energia e de mão de obra. Deve-se controlar a temperatura
do ar da fornalha, como início em 60 °C; depois de cinco horas,
passa-se para 70 °C e, finalmente, mantém-se em 50 °C até o
término da secagem.
• controlar a temperatura da massa de café, para que não ultrapasse os 45 °C, a fim
de evitar defeitos;
• para a secagem do café com frutos verdes, baixar a temperatura da massa de café
e não ultrapassar os 30 °C;
• consumir sempre lenha bem seca, para não produzir fumaça e não conferir cheiro
à massa de café;
• terminar a secagem com teor de umidade dos grãos de 13% a 14%, que, após o
resfriamento, cai para de 11% a 12%; e
• evitar a secagem excessiva do café, pois pode diminuir o peso e facilitar a quebra
durante o beneficiamento.
c) Secagem mista
d) Armazenamento
Na propriedade, o café em coco pode ser armazenado a granel em tulhas de madeira ou,
ainda, ensacado em depósito de alvenaria, desde que esses locais sejam conservados
secos e bem ventilados. Para garantir ao máximo a diminuição de umidade no ambiente,
deve-se ter os seguintes cuidados:
O café é classificado pelo sabor da bebida e pelo tipo dos grãos (número de defeitos,
cor, tamanho, forma). A classificação por tipo é feita com base na contagem dos grãos
defeituosos ou das impurezas contidos em uma amostra de café beneficiado. Essa clas-
sificação obedece a uma tabela oficial, de acordo com a correspondência de cada tipo
de café a um número maior ou menor de defeitos encontrados na amostra.
Atenção
A base para se estabelecer a equivalência dos defeitos é o grão
preto, considerado o padrão dos defeitos, ou defeito capital. Em
geral, são necessários vários grãos imperfeitos para se obter
um defeito, enquanto o grão preto, por si só, corresponde a
um defeito.
Fonte: Shutterstock.
Classificação Características
3.1 Histórico
Entre 1500 e 1822, o Brasil foi colônia de Portugal, e, dentre as diversas atividades
que aqui se desenvolveram naquela época, a cana-de-açúcar foi a de maior importân-
cia econômica. Martin Afonso de Souza foi o primeiro a cultivar a cana-de-açúcar em
escala comercial no país na capitania de São Vicente, hoje São Paulo. Já no século XVI,
Pernambuco e Bahia contavam com mais de uma centena de engenhos, e a cultura
se alastrou de tal modo no país que, a partir de 1650, liderou a produção mundial de
açúcar, com grande penetração no mercado europeu.
Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) do Estado de São Paulo apontam que
o Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com destaque na produção
de açúcar, etanol e cachaça, e atuação entre os principais produtores e exportadores
mundiais. A produção se concentra nas regiões Centro-Sul e Nordeste do país.
Manejo sustentável
Do ponto de vista energético, o bagaço da cana é a biomassa
mais adequada para a geração de energia elétrica por meio do
aquecimento de caldeiras, que geram vapor para tocar turbinas
de geração de energia. As mais recentes tecnologias agrícolas
e industriais no setor sucroalcooleiro têm oferecido grandes
quantidades desse material, que pode fornecer energia interli-
gada aos principais sistemas elétricos e atender aos centros de
consumo dos estados das regiões Sul e Sudeste, principalmente.
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
(Angiospermas)
Classe: Liliopsida
(Monocotiledôneas)
Ordem: Poales
Gênero: Saccharum
Perfilho
primário
Perfilho
secundário
Perfilho
secundário
Tolete
O colmo, ou gomo, é caracterizado por nós bem marcados e entrenós distintos e fica
acima do solo. O colmo é responsável pela sustentação das folhas e das panículas, e
seu porte pode ser ereto, semiereto ou decumbente, a depender da idade da planta. O
entouceiramento pode ser fraco, médio ou forte.
Folha -1
Folha 0
Folha +1
Folha +2
Folha +3
Primeiro colar visível
Gema
Anel de crescimento
Nó Zona radicular
Cicatriz foliar
Entrenó
Zona cerosa
A B
Dica
Por ser uma gramínea (Poaceae), a cana-de-açúcar é uma planta
C4, ou seja, apresenta maior taxa fotossintética e de eficiência
na utilização e no resgate de CO2 (gás carbônico) da atmosfera.
MATURAÇÃO
TO
EN
CORTE
CORTE
CORTE
CIM
ES
CR
Ciclo da Reforma
O número de perfilhos por unidade de área é uma variável importante, porque está
associada à produtividade dos cultivos. Quando os perfilhos maiores chegam a 50 cm
de altura do colarinho da folha “+1”, começa a concorrência por luz, água e nutrientes
entre as plantas. O número de perfilhos se estabiliza e, depois, com o crescimento dos
colmos dominantes, há a eliminação dos mais fracos, doentes e mal posicionados.
A fase de crescimento dos colmos é caracterizada pelo aumento da altura dos sobrevi-
ventes da fase de perfilhamento. De 60 a 120 dias após o plantio – DAP, aproximada-
mente 100% do sistema radicular concentra-se nos primeiros 30 cm de solo e as raízes
do tolete já não existem. Quando a planta atinge o perfilhamento máximo e a compe-
tição entre eles se intensifica, os mais desenvolvidos continuam a crescer em altura e
espessura. Sem a utilização da energia química, produzida na fotossíntese para emitir
perfilhos, começa o acúmulo de sacarose nos entrenós basais dos colmos mais velhos.
Fonte: Shutterstock.
A época de colheita da cana no Brasil varia de acordo com a região. Nas regiões Sudeste,
Centro-Oeste e Sul, a colheita inicia-se entre abril e maio e prolonga-se até novembro
– período em que a planta atinge a maturação plena. Na região Nordeste, a colheita
inicia-se de julho a agosto e se prolonga até março do ano seguinte em alguns casos.
Atividade de aprendizagem
1. Sobre o cultivo de cana-de-açúcar, identifique a alternativa incorreta.
Sem dúvidas, o milho está entre as plantas mais importantes. Ao escrever sobre as 50
plantas que mudaram o rumo da História, Laws (2013) salienta que o milho é o terceiro
cereal mais importante do mundo, depois do arroz e do trigo. Historiadores apontam o
continente americano como o centro de origem do milho, responsável por sustentar as
grandes civilizações, como os olmecas, os astecas, os maias e os incas.
Assim como a cana-de-açúcar, o milho é uma planta da família Poaceae. Confira sua
classificação:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
(Angiospermas)
Classe: Liliopsida
(Monocotiledôneas)
Ordem: Poales
Gênero: Zea
Vegetativos Reprodutivos
VE - Emergência R1 - Embonecamento
VT - Pendoamento
Atenção
O manejo correto da disponibilidade de nutrientes e água nos
estágios é fundamental para a produtividade. Nas fases de em-
bonecamento, por exemplo, o estresse hídrico pode interferir na
sincronia do amadurecimento das flores e atrapalhar o processo
de polinização. Lembre-se de que cada flor feminina da espiga
pode resultar em um grão, e, se não houver polinização, não
haverá grão.
Quando se forma a camada preta nos grãos, que nada mais é do que a obstrução dos
vasos, isso significa que eles não recebem mais nutrientes da planta-mãe.
A época de plantio do milho deve ser definida a partir do conhecimento de cada região.
Lembre-se de que o zoneamento agrícola considera os atributos climáticos e edáficos
(relacionados ao solo) de cada região e, portanto, serve de base para o planejamento
da produção. É fundamental conhecer todo o ciclo da cultura e procurar prever as con-
dições ambientais em todas as suas fases fenológicas.
Nas regiões Sul e Nordeste do Brasil, a temperatura representa o fator mais limitante;
enquanto nas regiões de Cerrado, a precipitação é o fator climático limitante. De acordo
com o zoneamento agrícola para a cultura de milho, os cultivares são classificados, em
função do ciclo, em três grupos: precoce, ciclo médio e ciclo tardio.
Para o cultivo do milho, os solos ideais precisam apresentar textura média, com teores
de argila de 30 a 35%. Solos argilosos também podem ser usados, desde que apresen-
tem boa estrutura. Os latossolos apresentam características físicas adequadas, visto
que possibilitam a drenagem com boa capacidade de retenção de água e nutrientes.
Como o milho é uma planta cujo sistema radicular tem grande potencial de desenvolvi-
mento, o solo precisa ser profundo (mais de 1 m). Solos rasos dificultam o desenvolvi-
mento das raízes, têm menor capacidade de armazenamento de água e estão sujeitos
a um desgaste mais rápido.
Após a fase de maturação fisiológica, o milho já pode ser colhido. Esse momento ocorre
quando 50% das sementes na espiga apresentam uma pequena mancha preta no ponto
de inserção do sabugo.
O teor de umidade ideal para o grão de milho ser colhido e armazenado com segurança
varia entre 13 e 15%. Na faixa de 18 a 25%, o grão já pode ser colhido, entretanto,
faz-se necessário a secagem artificial antes do armazenamento. Caso o produtor decida
pela secagem artificial, deve considerar o elevado gasto de energia.
Comentários do autor
O armazenamento das espigas normalmente ocorre em peque-
nas propriedades, por ser menos dispendioso. Nesse sistema,
manter as palhas favorece a conservação e dificulta o ataque de
pragas. A construção destinada ao armazenamento de milhos
em espigas é chamada paiol.
5.1 Histórico
A primeira referência à soja como alimento foi há 5 mil anos. O grão foi citado e descrito
pelo imperador chinês Shen-nung, que deu início ao cultivo de grãos como alternativa
ao abate de animais. A soja descrita pelo imperador chinês era muito diferente da que
conhecemos hoje – eram plantas rasteiras, que se desenvolviam ao longo de rios e
lagos, uma espécie de soja selvagem. O processo de “domesticação” da soja ocorreu
no século XI a.C. (mil anos antes de Cristo) a partir de cruzamentos naturais feitos por
cientistas chineses.
Dezenas de séculos depois, a partir de 1900 (início do século XX), a soja passou a ser
comercializada e produzida pelos EUA e, a partir daí, expandiu-se mundialmente, e
passou a ocupar lugar de destaque dentro do mercado mundial.
No Brasil, a soja foi introduzida pelos japoneses imigrantes que a trouxeram em 1908,
mas a predominância do café e a falta de tecnologia não permitiram a expansão da
cultura. O crescimento da soja no país começou, nos anos 1970, quando a indústria de
óleo passou a ser ampliada. O aumento da demanda internacional pelo grão foi outro
fator que contribuiu para o início dos trabalhos comerciais em grande escala, inicial-
mente no Rio Grande do Sul.
A introdução da soja para além dos estados da Região Sul só foi possível devido ao
desenvolvimento de cultivares adaptados ao clima mais quente e aos solos mais ácidos
e fracos. O Centro-Oeste surgiu como uma nova opção produtiva da cultura, a partir da
década de 1980, com a mecanização intensa da agricultura e o surgimento de insumos
que corrigiam as deficiências do solo. O trabalho da Embrapa apoiou o desenvolvimento
de variedades adaptadas às condições dos cerrados e possibilitou maiores produtivi-
dades econômicas.
A expansão da soja também foi favorecida pelo relevo mais plano e as grandes ex-
tensões dos cerrados do Centro-Oeste do país. Além disso, o fato de a soja permitir a
fixação no solo de nutrientes essenciais para o plantio de outras culturas, como o feijão
e o milho – entressafra produtiva, aliada ao plantio direto – favoreceu a expansão para
outras regiões do país, como Norte e Nordeste.
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
(Angiospermas)
Classe: Magnoliopsida
(Dicotiledôneas)
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Gênero: Glycine
A planta de soja é uma dicotiledônea cuja estrutura é formada pelo conjunto de raízes
e pela parte aérea. O desenvolvimento pode ser dividido em dois períodos: o vegeta-
tivo (V), da semeadura até o florescimento, e o reprodutivo (R), do florescimento
à colheita.
As subdivisões da fase vegetativa são designadas numericamente como V1, V2, V3 até
Vn – menos os dois primeiros estágios, designados como VE (emergência) e VC (estágio
de cotilédone). O último estágio vegetativo é designado como Vn – em que n represen-
ta o número do último nó vegetativo formado por um cultivar específico. O valor de n
varia em função das diferenças varietais e ambientais. A fase reprodutiva apresenta
nove subdivisões ou estágios e tem início com a floração.
VE
Emergência
1 – radícula
VC
Da emergência aos cotilédones
2 – hipocótilo
3 – cotilédone
4 – primeiras folhas unifoliadas
5 – folhas unifoliadas desdobradas
V4
Quarto nó. Terceiro trifólio aberto
6 – nó cotiledonar
7 – nó unifoliado
9 – quarto nó
10 – terceiro trifólio
R1
Início da floração: até 50% das plantas com uma flor
11 – gemas florais fechadas
R2
Floração plena: maioria dos racemos com flores abertas
12 – flores abertas
R3 e R4
Final da floração: vagens de 1,5 cm a 4 cm de comprimento
13 – vagens
14 – nó terminal
15 – folha pequena totalmente em desenvolvimento
16 – folha grande totalmente desenvolvida
R6
18 – vagens com enchimento pleno e folhas verdes
R7.1-R7.3
Início de amarelecimento até quando tiver mais de 75% das folhas
amarelas
19 – vagens amadurecendo
R8-R9
Início da desfolha à maturação de colheita
20 – grãos prontos para colheita
Vale destacar que a planta de soja tem grande capacidade de regeneração. Se o ápice
do caule for danificado ou quebrado, as gemas axilares remanescentes vão produzir
ramos, pois não terão mais o efeito inibitório da dominância apical. A gema apical do
caule apresenta dominância sobre as gemas axilares durante a fase vegetativa de
crescimento.
Na produção da soja, o sistema de plantio direto pode ser a melhor opção para diminuir
problemas no solo, pois o uso contínuo proporciona efeitos significativos na conservação
e na melhoria do solo e da água, no aproveitamento dos recursos e dos insumos, como
os fertilizantes, na redução dos custos de produção, na estabilidade de produção e nas
condições de vida do produtor rural e da sociedade.
Para garantir os benefícios desse sistema, tanto os agricultores como a assistência téc-
nica devem estar abertos à mudança, conscientes de que o plantio direto é importante
para alcançar êxito e sustentabilidade na atividade agrícola.
Fonte: Shutterstock.
Atenção
Qualquer que seja o sistema adotado para a implantação da cul-
tura principal, a queima dos restos culturais ou das vegetações de
cobertura do solo deve ser evitada. Além de reduzir a infiltração
de água e aumentar a suscetibilidade à erosão, contribui para a
diminuição do teor de matéria orgânica do solo e, consequente-
mente, da capacidade da retenção de cátions trocáveis.
A soja se adapta melhor a temperaturas entre 20 e 30 °C, mas a ideal para seu cresci-
mento e desenvolvimento é em torno de 30 °C. A semeadura da soja não deve ser feita
quando a temperatura do solo estiver abaixo de 20 °C, porque prejudica a germinação
e a emergência. A faixa de temperatura do solo adequada para a semeadura varia de
20 a 30 °C, e 25 °C é a temperatura ideal para uma emergência rápida e uniforme.
A floração da soja é induzida somente em temperaturas acima de 13 °C. Por esse mo-
tivo, pode haver diferenças de data de floração de acordo com as variações de tem-
peratura. A floração precoce ocorre, principalmente, em decorrência de temperaturas
mais altas, o que pode acarretar diminuição na altura da planta. Esse problema pode
se agravar se, paralelamente, houver insuficiência hídrica e/ou fotoperiódica durante
a fase de crescimento.
Dica
As diferenças de datas de floração entre cultivares, em uma
mesma época de semeadura, também ocorrem como resposta
aos diferentes comprimentos do dia e, consequentemente, ao
tempo de exposição à luz – fotoperíodo. A sensibilidade ao foto-
período é característica variável entre cultivares, ou seja, cada
um tem seu fotoperíodo crítico, acima do qual o florescimento
é atrasado.
No preparo do solo, considere que o sistema de plantio direto é o mais adequado. Caso
não possa adotá-lo, lembre-se de que o preparo do solo compreende um conjunto de
práticas que, se usadas racionalmente, podem permitir a preservação do solo e boas
produtividades das culturas a baixo custo. Entretanto, quando usadas de maneira in-
correta, podem rapidamente levar o solo às degradações física, química e biológica e
diminuir seu potencial produtivo.
O preparo do solo, portanto, deve ser feito considerando, além da profundidade de trabalho:
Ação no campo
Para detectar a condição ideal de umidade no campo, aperte,
entre o polegar e o indicador, um torrão de solo coletado na
profundidade média de trabalho do implemento – ele deve de-
sagregar-se sem oferecer resistência.
Regiões onde a época de colheita coincide com períodos de chuvas intensas exigem
maior atenção do produtor quanto ao planejamento e à execução dessa etapa de cul-
tivo. O início da colheita deve ser quando a cultura atingir o ponto de colheita,
o estádio fenológico R9.
O nível de umidade adequado para a colheita da soja está entre 13% e 15%, que garante
que as atividades sejam feitas com o mínimo de injúrias mecânicas aos grãos. Os danos
aumentam quando o teor de água é superior a 18% ou inferior a 13% (SAAVEDRA DEL
AGUILA; THEISEN, 2011).
O preparo de toda a infraestrutura deve acontecer com antecedência, visto que, quan-
do a cultura atinge a maturação, inicia-se deterioração do grão e a degrana à medida
que a colheita atrasa. O momento ideal da colheita é quando as folhas já caíram
quase todas e as vagens estão secas.
Antes de dar sequência nos seus estudos, teste seus conhecimentos com a ativida-
de proposta.
e) As primeiras sementes de soja foram trazidas para o Brasil pelos europeus no sé-
culo XVI.
A classificação das plantas frutíferas, quanto ao clima, agrupa-as de acordo com suas
necessidades climáticas semelhantes. Logo, classificam-se em:
Necessitam de climas mais frios, com temperatura média anual entre 5 e 15°C para
crescimento. Exemplos: macieira, pessegueiro, pereira, videira, ameixeira e cerejeira.
Não toleram temperaturas baixas; a temperatura média ideal para seu desenvolvi-
mento é entre 22 e 30°C. Exemplos: bananeira, cajueiro, abacaxizeiro, mamoeiro,
mangueira e maracujazeiro.
SEMENTE
OVÁRIO
ENDOCARPO
MESOCARPO
EPICARPO
Embora existam diferentes métodos para classificar os frutos, o principal critério utilizado
é a textura ou o grau de firmeza das paredes do pericarpo, o qual pode ser duro, seco,
carnoso ou macio. Na sequência, acompanhe alguns tipos de frutos e suas características.
a) Frutos simples
São derivados de um único ovário de uma flor. Podem ser secos ou carnosos, uni ou
multicarpelares, deiscentes ou indeiscentes. Frutos simples carnosos apresentam pe-
ricarpo suculento e se dividem em dois tipos:
Já os frutos simples secos apresentam pericarpo seco. São exemplos: feijão, vagem,
girassol, trigo, milho, arroz e romã.
b) Frutos carnosos
Entre os frutos carnosos, os simples são predominantes, embora também sejam encon-
trados diferentes tipos de frutos compostos agregados (por exemplo: morango, fruta-
-do-conde e framboesa) ou compostos múltiplos (por exemplo: abacaxi, figo e amora).
c) Pseudofrutos
São procedentes de uma única flor que, em decorrência da fecundação, tem desen-
volvimento de qualquer outra parte além do ovário. Às vezes, são classificados como
verdadeiros, mas não os são, uma vez que o pericarpo se desenvolve a partir de um
órgão acessório, como o pedicelo, o receptáculo etc. São exemplos de pseudofrutos o
caju e os frutos do pomo (maçã, pera e marmelo).
FRUTO
FRUTO
Os tratos culturais dos pomares são um pouco diferentes das culturas anuais, uma vez
que muitas das frutíferas necessitam de poda ou tutoramento.
O mercado consumidor de produtos in natura está cada vez mais exigente. Por isso, o
planejamento das atividades de colheita e armazenamento deve ser baseado em pa-
drões estabelecidos por esse mercado.
O transporte e o armazenamento das frutas podem ser feitos sob condições normais
atmosféricas ou sob condições controladas. Nas condições controladas, as principais
medidas são a redução da umidade e da temperatura, para reduzir ataques de pragas
e doenças e o processo natural de senescência.
O que diferencia a fruticultura das demais culturas é que, nela, cuida-se das plantas
individualmente, ou seja, planta por planta.
a) I apenas.
b) II apenas.
c) III apenas.
d) I e II apenas.
e) I e III apenas.
Tópico 7: Olericultura
A cada dia, o consumidor está mais consciente de que uma dieta balanceada e segura é
fator-chave para se manter saudável. Relacionadas a isso estão as frutas e as hortaliças
frescas, que são naturais, saudáveis, previnem doenças e, além de tudo, são saborosas.
O frescor e a diversidade de opções e cores atraem o paladar e os olhos – são vários
os tamanhos, as cores, os sabores e as texturas, ofertados em diferentes embalagens
e provenientes de variadas origens.
Hortaliças tuberosas
Hortaliças herbáceas
Hortaliças-frutos
Cujas partes consumidas pelo homem são os frutos ou pseudofrutos colhidos ima-
turos ou maduros. Exemplos:
• frutos imaturos: abobrinha, quiabo, berinjela, jiló, pimentão (verde), feijão-va-
gem, vagem-de-metro, milho-verde, milho-doce;
• frutos maduros: abóboras, morangas, melancia, melão, morango (pseudofruto),
pimentão (vermelho e amarelo), tomate;
• sementes: feijões e lentilhas.
Comentários do autor
A família Solanaceae é de grande importância para a alimenta-
ção mundial. Fazem parte dela a batata (Solanum tuberosum),
o tomate (Solanum lycopersicum) e as pimentas (Capsicum
spp.). O tabaco (Nicotiana tabacum) também é uma solanácea.
Dias 0 15 30 42 63 120
b) Cebola
Haste floral
Semente
Flor
Folha
Bulbo
Raízes
Fonte: Shutterstock.
Implantação
Preparo
Transplante Colheita da cultura
do solo
sucessória
Assim como nas outras culturas, a implantação das hortaliças deve ser precedida por
atividades de manejo do solo, pela correção do pH e dos teores de nutrientes baseada
em análises químicas do solo.
Atenção
A escolha das hortaliças deve ser feita com cuidado, visto que
a maioria é de ciclo curto e sempre serão implantadas novas
culturas ao longo do ano. Nessa fase, é muito importante sis-
tematizar a rotação de culturas nos canteiros.
As hortaliças são plantas bem sensíveis às condições ambientais, como regime hídrico
e temperatura. Logo, é comum a produção delas sob sistema protegido, em que as
condições ambientais podem ser melhores controladas. Isso exige maior planejamento
do produtor antes da implantação, já que os gastos com infraestrutura são maiores.
O fotoperíodo (duração do período luminoso dos dias) também pode influenciar dire-
tamente o ciclo fenológico, pois determina o crescimento vegetativo, a floração e a
produção de algumas hortaliças, como o alho e a cebola.
A umidade relativa do ar influencia diretamente a perda de água das plantas, por meio
da transpiração, e o teor de umidade do solo, com consequências diretas na absorção
de água e nutrientes pelas culturas. O excesso de umidade do ar favorece o apareci-
mento e o desenvolvimento de doenças; já a baixa umidade do ar pode favorecer o
estabelecimento de pragas, como ácaros.
Por fim, cada cultura vai necessitar de um tipo de solo específico. No geral, as hortaliças
não carecem de solos muito profundos. Para o manejo do solo, as atividades incluem
adubações (química e orgânica), incorporação de restos de culturas, adubações verdes
e coberturas mortas (palha ou mulching), entre outras. Em alguns sistemas de cultivos,
como na hidroponia, o cultivo é feito diretamente na água.
Observe, na tabela a seguir, os índices técnicos para produção escalonada que auxiliam
no planejamento da produção.
Produtividade da
kg/ha; t/ha; caixa/ha
cultura (PC)
Margem de
5% a 20%
segurança (MS)
Demanda (D) kg ou t
Intervalo de
IS = ½ PC
semeadura (IS)
Área da unidade de
AUP = (½ D x PC) / P
produção (AUP)
Área mínima
AMN = NUP x AUP
necessária (AMN)
Caso prático
Imagine que um produtor precisa de orientação para a produção
de alface. Ele deseja produzir 900 unidades (pés) por sema-
na. Como ele já tem definido o que produzir (alface), quanto
produzir (900 unidades) e quando produzir (semanalmente),
praticamente, todo o trabalho preliminar já foi feito para definir
a demanda. O “como produzir” se refere à parte técnica e é de
suma importância para que a demanda seja atendida.
• Área ocupada por planta: 0,075 m + 25% = 0,094 m (na área ocupada por planta,
ou seja, m²/planta, considera-se o espaçamento da cultura acrescido de porcenta-
gens relativas a carreadores, espaçamentos entre canteiros etc. Esse valor varia de
10% a 40%. Nesse caso, consideramos 25%)
• Frequência: semanal
A simulação para escalonamento deve ser elaborada com base na cultura. Para isso,
devem-se observar os seguintes detalhes:
• saber que, quanto melhor o nível tecnológico do produtor, maior a produtividade das
culturas e menor a área necessária;
8.1 Feijão
É uma das culturas mais importantes para a alimentação da população brasileira. Exis-
tem várias espécies da família leguminosa que recebem a denominação de feijão. No
geral, a mais consumida é a Phaseolus vulgaris.
Dados da Conab apontam que, em 2021, os três maiores estados produtores de feijão
(Phaseolus vulgaris) foram São Paulo, Paraná e Bahia. Apesar de ter havido aumento
na área produzida da safra de 2019/2020, a produção e a produtividade ficaram abaixo
do esperado, devido ao clima desfavorável à produção.
8.2 Sorgo
O sorgo é um cereal da família das gramíneas, de nome científico Sorghum bicolor. Tem
origem no continente africano e asiático e, apesar de poder ser usado na alimentação
humana, a maior parte da produção é destinada à alimentação animal (BRITO, 2016).
Para a safra brasileira 2020/21, segundo a Conab, a previsão é de 2,6 milhões de tone-
ladas produzidas, 4,8% maior que a anterior, em uma área de 840,5 mil hectares, com
incremento de 0,6%, e uma produtividade estimada de 3.116 kg/ ha, um aumento de
4,2% em relação ao ano anterior.
8.3 Trigo
O trigo (Triticum aestivum L.), sozinho, representa cerca de 1/3 da produção mundial
de grãos. É a gramínea mais cultivada em todo o mundo devido às diversas possibili-
dades de utilização, que vão além da alimentação.
8.5 Aveia
8.6 Girassol
O girassol (Helianthus annuus) é uma das poucas grandes culturas que não pertence
à família das gramíneas ou das leguminosas, mas à família botânica Compositae (As-
teraceae). Acredita-se que seu centro de origem tenha sido, em parte, da América do
Norte e da América Central.
Antes de encerrar este tema, teste seus conhecimentos com a atividade a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. Sobre as plantas ornamentais, indique a alternativa correta:
b) Grande parte das plantas ornamentais são produzidas pela agricultura familiar.
d) Em 2021, mais de 20 mil produtores eram responsáveis por suprir o mercado na-
cional de plantas ornamentais.
Nos próximos temas, nosso foco será nos principais aspectos da criação animal.
Capacidades técnicas
Com os conhecimentos adquiridos, você desenvolverá as se-
guintes capacidades:
• contextualizar o agronegócio; e
A produção de leite está presente em quase todos os municípios brasileiros e gera em-
prego e renda para diversos segmentos da cadeia produtiva. Segundo Ximenes (2021),
o Brasil ocupa atualmente o 6º lugar no ranking mundial de produção de leite, com 38
bilhões de litros. E, de acordo com o IBGE (2021) os cinco estados maiores produtores,
no Brasil, em 2020, foram:
1º lugar, com
9.692.389
4º lugar, com
3.188.868
5º lugar, com
2º lugar, com
3.137.219
4.638.685
3º lugar, com
4.290.389
De acordo com a Embrapa (2021), em 2020, o rebanho bovino brasileiro foi o maior
do mundo, representando 14,3% do rebanho mundial, com 217 milhões de cabeças,
seguido pela Índia, com 190 milhões de cabeças. Apesar de o país ser o maior produtor
de bovinos do mundo, ao adicionarmos a produção de aves e de suínos, o país passa
a ocupar a terceira posição mundial no mercado internacional, com uma produção que
corresponde a 9,2%, em 2020, ou 29 milhões de toneladas, atrás da China e dos Es-
tados Unidos.
Fonte: Shutterstock.
No Brasil, o principal fornecedor de couro é o boi, e o motivo é que o país está entre os
maiores rebanhos do mundo, como vimos anteriormente. E, com tanta oferta de ani-
mais, consequentemente, o Brasil também é um dos grandes produtores mundiais
de couro: movimenta mais de R$ 8 bilhões por ano.
Fonte: Shutterstock.
Atenção
As indústrias que processam lã são as maiores compradoras
do produto dos ovinocultores. A elas interessa todo tipo de lã
produzida, pelas quais pagam preços diferenciados conforme a
qualidade, desde que a tosquia seja feita de forma adequada.
Segundo Amaral et al. (2016), no ranking das proteínas mais consumidas no mundo,
os ovos estão no quinto lugar, atrás do leite, dos pescados, dos suínos e dos frangos,
mas à frente dos bovinos. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal
(ABPA, 2021), o Brasil alojou 124.317.339 aves de postura em 2020, produziu 53,5
bilhões de ovos e destinou 99,69% da produção para o mercado interno. O consumo
per capita de ovos foi de 251 ovos por habitante/ano.
Em relação ao mercado externo, o Brasil tem exportado, nos últimos anos, apenas 1%
de sua produção, do qual cerca de 80% (em valor) em ovos em casca. As exportações
não são maiores em razão, principalmente, de barreiras não tarifárias, como a falta
de reconhecimento da União Europeia e dos Estados Unidos do status sanitário e do
controle de resíduos nos alimentos do Brasil.
Neste tópico, você viu importantes dados sobre diferentes produções vinculadas ao agro-
negócio. Antes de prosseguir com seus estudos, reflita e responda à questão a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. O desafio da bovinocultura de corte é elevar a produtividade de carne de qualidade.
Neste sentido, analise os possíveis objetivos da pecuária de corte nas assertivas
abaixo:
a) I, III e V.
c) II, III, IV e V.
d) III, IV e V.
e) I, II, III e V.
Leitura complementar
Além das cadeias produtivas do leite, da carne, da pele, da lã
e dos ovos, o Brasil tem características de clima e fauna muito
propícias para a criação de abelhas com e sem ferrão. Para
saber mais sobre essa cadeia produtiva, consulte o material
complementar, disponível na biblioteca do AVA.
No entanto, nos últimos anos, houve uma evolução e, consequentemente, está ocorrendo
um intenso processo de modernização do campo, com a utilização de insumos e
tecnologia, e, consequentemente, o aumento da produtividade.
Segundo as estatísticas oficiais (IBGE, 2019), em 1996, o país contava com mais de
1,80 milhão de estabelecimentos rurais que produziam leite. Em 2006, esse número
caiu para 1,35 milhão e, em 2017, o mais recente levantamento censitário identificou
1,17 milhão de produtores.
Apesar da queda, o Brasil segue com números expressivos no mercado mundial. Observe
a tabela a seguir, que trata da quantidade de produtores de leite em diferentes países:
Brasil 1.176.295
Alemanha 69.200
Argentina 10.200
Cria
Cria e recria
Difere da anterior, pelo fato de os machos serem retidos até 15 a 18 meses de idade,
quando, então, são comercializados. Estes são comumente denominados garrotes.
Recria e engorda
Atividade de ciclo completo, pois tem início com o bezerro desmamado ou com o
garrote e termina com o boi gordo.
Engorda (terminação)
2.3 Avicultura
Saiba mais
Está disponível na biblioteca do AVA um link no qual você pode
ler notícias e conhecer mais sobre a avicultura. Não deixe de
acessá-lo.
2.4 Suinocultura
Dica
Uma preocupação importante da suinocultura é a destinação dos
dejetos. Uma dica valiosa é usá-los na fertilização das plantas.
2.5 Piscicultura
A piscicultura é o cultivo de peixes e tem como objetivo produzir alimentos de alto valor
biológico e de baixo custo.
Ainda segundo o Anuário da Piscicultura (2021), a tilápia continua a ser o principal peixe
no país. Em 2020, registrou crescimento de dois dígitos, com alta de 12,50%, um total
de 486.155 toneladas, quase 55 mil toneladas a mais. Com isso, a espécie também
aumentou sua participação, de 57% para 60,6% na produção nacional total de peixes.
O Brasil se consolida como 4º maior produtor mundial de tilápia.
Saiba mais
Para saber mais sobre a produção de peixes no Brasil, consulte
o link da Sociedade Nacional de Agricultura, disponível no AVA.
A seguir, você poderá fixar seus conhecimentos sobre o tópico que acabou de estudar.
Leia com atenção a questão e a responda.
a) Carpa espelho.
b) Pacu.
c) Traíra.
d) Cascudo.
e) Tilápia.
A opção por diferentes sistemas de produção por parte do produtor rural vai depender
de fatores técnicos e econômicos regionais. As instalações usadas podem ser simples,
desde que proporcionem conforto aos animais, para que expressem todo seu poten-
cial genético.
A decisão de como produzir depende do gestor rural. Pode ser em sistema confinado,
com alto uso de insumos externos, mas também com o uso de pastagens, de modo a
respeitar o bem-estar animal e o meio ambiente, desde que seja rentável ao empresário
rural e satisfatório ao consumidor. Para tomar a melhor decisão, torna-se necessário
compreender as características de cada sistema. Vejamos:
Pasto ou confinamento
Manejo sustentável
Como os animais ficam estabulados, todo o esterco pode ser
coletado e ter o destino adequado após a fermentação. Assim,
evita-se a contaminação do meio ambiente e aproveita-se esse
dejeto como fonte de nutrientes para as lavouras de produção
de forragem.
Informação extra
Uma boa tecnologia é a produção de leite à base de pasto, que
prevê a interação entre solo, planta, animal e homem. Neste
sistema de produção, mais de 50% da dieta animal vem da pas-
tagem e é feita a suplementação com concentrados, conforme
a necessidade. Esse modelo é desenvolvido com sucesso há
muito tempo, principalmente na Nova Zelândia.
Fonte: Shutterstock.
Hoje em dia, um conceito novo empregado com o objetivo de obter um boi de 21 arrobas
em 24 meses é o 777. Ou seja, 7 arrobas na cria, 7 na recria e 7 arrobas na terminação.
Assim, obtém-se um boi viável e com a qualidade da carne que o consumidor quer em
menos de dois anos.
Sistema de integração
Sistema cooperativo
O criador participa da organização e das decisões e, por isso, corre mais riscos. Os
insumos são repassados pela cooperativa aos cooperados, e os lucros podem ser
destinados a investimentos na cooperativa ou à distribuição de cotas aos associados,
por meio da cota capital.
Sistema independente
Ação no campo
Como exemplo de policultivo, temos a criação de carpas-hún-
garas (fundo), capim (pasto) e prateada (meio), além de peixes
carnívoros, como o jundiá e a traíra, que mantêm a limpeza do
viveiro e controlam a desova. No entanto, antes de optar pelo
policultivo, é necessário avaliar as espécies e seus hábitos.
Antes de encerrar este tópico, que tal fixar seus conhecimentos? Faça a atividade a seguir.
Encerramento do tema
Ao longo do Tema 7, foram apresentados aspectos sobre a importância de cadeias
produtivas de animais ruminantes (bovinos, caprinos e ovinos) e monogástricos (aves,
suínos e peixes) para o agronegócio, bem como a consequente importância socioeco-
nômica dessas atividades para os produtores rurais. Assim, agora, você pode identificar
as principais características dessas atividades, o que vai contribuir para um melhor
entendimento das cadeias produtivas e favorecer sua inserção no mercado de trabalho.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você desenvolverá a seguinte capacidade:
Atenção
Animais que ingerem alimentos com baixa densidade energética
e, por isso, precisam comer grandes quantidades de alimentos,
têm órgãos volumosos. Dentro dessa classe, alguns animais
têm o estômago compartimentado – os ruminantes, o que lhes
permitem aproveitar a fibra que ingerem com maior eficiência.
Para Rocha (2012), o trato gastrointestinal pode ser resumido como a parte do orga-
nismo necessária à ingestão dos alimentos (nutrientes), suas transformações e
absorção. Por outro lado, aquilo que não pode ser absorvido é eliminado com as fezes.
o
ôfag
Intestino Es
Rúmen
Omaso
Abomaso Retículo
Fonte: Shutterstock.
Segundo Silva (2020), para avaliar a capacidade reprodutiva dos machos, é primordial
conhecer a anatomia e a fisiologia do aparelho reprodutor. Os órgãos genitais
incluem testículos, epidídimos, canais deferentes, ampolas deferentes, uretra, glândulas
acessórias (próstata, glândulas seminais e glândulas bulbouretrais), pênis e prepúcio,
que apresentam diferenças entre as espécies domésticas.
A avaliação dos animais pela aparência é um dos mais antigos métodos de seleção
feitos pelo homem. Os pecuaristas sempre deram preferência a animais com estrutura
corporal robusta, de aspecto produtivo e bem desenvolvidos de acordo com a idade.
Atualmente, os métodos modernos de seleção associam os resultados de avaliação
genética com a avaliação morfológica dos animais, e dá-se preferência aos mais
equilibrados.
Atenção
Animais leiteiros são mais descarnados ou angulosos e apre-
sentam úbere volumoso e bem inserido ao corpo. Os animais
de corte, por sua vez, têm musculatura bem desenvolvida e
convexa, sempre sustentados por bons aprumos.
Atividade de aprendizagem
1. Ao contrário do que ocorre nos animais monogástricos, o estômago dos ruminan-
tes, a exemplo dos bovinos, caprinos e ovinos, é dividido em quatro partes. Nesses
compartimentos, ocorrem diferentes processos, como a fermentação por micror-
ganismos e a digestão enzimática. Assinale a alternativa que apresenta a correta
denominação das partes que compõem o estômago dos ruminantes:
Encerramento do tema
No Tema 8, foram abordados assuntos relativos às características anatômicas e mor-
fológicas dos diversos animais de produção. Com o conhecimento adquirido, você vai
poder distinguir as particularidades de cada animal e associá-las, inclusive, ao manejo
e à escolha dos animais a serem criados nos respectivos sistemas de produção.
E não é tudo igual: cada espécie possui características específicas quanto aos manejos
alimentar e nutricional, e essas propriedades devem ser levadas em consideração, in-
dependentemente do sistema de produção, pois isso dará aos seus animais condições
de expressarem todo seu potencial produtivo.
Capacidades técnicas
Ao estudar este tema, você conhecerá as melhores práticas
para aplicar no manejo alimentar dos animais e terá adquirido
a seguinte capacidade:
Comentários do autor
A produção animal depende de uma alimentação balanceada e
de um manejo animal eficiente.
Atenção
É por meio da nutrição que os seres vivos crescem, mantêm as
funções do organismo e repara tecidos corporais.
Atividade de aprendizagem
1. A alimentação representa um alto custo em sistemas de produção animal. Assim, é
preciso ter conhecimento sobre vários aspectos em relação a essa prática. Assinale
qual das alternativas representa um os principais pontos a serem considerados na
alimentação dos animais.
a) Planejamento alimentar.
b) Escolha da raça.
c) Tipo de instalação.
d) Sistema de criação.
e) Preferência do criador.
• Alimentos concentrados: são aqueles com alto teor de energia, mais de 60%
de nutrientes digestíveis totais (NDT) e menos de 18% de fibra bruta (FB).
Dividem-se em:
Após conhecer a classificação dos alimentos, você deve considerar também o seu
potencial de nutrição. Vale ressaltar que a alimentação atual já não se restringe
ao uso de alimentos naturais que, cada vez mais, são substituídos por resíduos ou
subprodutos industriais. Por isso, conhecer os valores nutritivos daquilo que você dispõe
é fundamental.
Para refletir
De acordo com Jacquot (1960): “O valor nutritivo de um ali-
mento determinado não é uma característica imutável em si,
ela depende da composição da ração, quer dizer, dos outros
alimentos que a constituem”.
Fonte: Shuttestock
Agora que você já aprendeu muitas coisas sobre a alimentação e a nutrição animal,
que tal fazer uma atividade para fixar seus conhecimentos?
Atividade de aprendizagem
1. O conhecimento em relação à classificação dos alimentos é importante para que
o produtor possa escolher o alimento mais adequado para seus animais. Diante
disso, qual é a correta definição de alimentos volumosos?
a) São alimentos de baixo teor energético, com altos teores de fibra ou água.
b) São alimentos com alto teor de energia, mais de 60% de NDT e menos de 18% de FB.
d) São alimentos proteicos, ou seja, concentrados, com mais de 20% de PB, 50% de
FDN e 60% de NDT.
Para Cruz e Rufino (2017), a formulação de rações pode ser considerada a aplicação
prática dos princípios de nutrição, pois o objetivo, ao formular uma ração, é aten-
der todas as exigências nutritivas do animal, bem como as exigências do produto final
– carne, leite, ovos ou lã.
Exigências nutricionais
Existem diferentes métodos para formular rações visando o custo mínimo (CARDINAL
et al., 2019). Na sequência, você conhecerá dois deles: o quadrado de Pearson e o
método algébrico.
Quadrado de Pearson
Este método é muito usado quando se necessita balancear apenas duas matérias-primas
e um nutriente na formulação da ração.
Teor de proteína
da mistura desejada
• nos dois vértices da direita, coloca-se a diferença em valor absoluto entre o valor de
cada vértice esquerdo e o valor do centro, na extremidade da respectiva diagonal.
Milho: 9% 24 partes
de PB de milho
20
35 100
35
35 100
35
Formular 100 kg de uma mistura com 18% de PB, com milho (9% de PB) e farelo de
soja (45% de PB). Denominamos M = milho e FS = farelo de soja.
(M + FS = 100 kg)
Onde:
M = kg de milho
FS = kg de farelo de soja
100 = kg de mistura
18 = requerimento de PB da mistura
M + FS = 100 x (0,09)
0,09M + 0,45FS = 18 x (-1)
Igual:
0,09M + 0,09 FS = 9
- 0,09M - 0,45 FS = -18
- 0,36 FS = - 9
FS = - 9 / - 0,36
FS = 25 kg
Que tal treinar os cálculos para as fórmulas que você acabou de estudar com as ativi-
dades de aprendizagem a seguir?
2. Formule uma ração com 76% NDT, com milho (80% de NDT) e farelo de soja (72%
de NDT).
Para Mendes (2018), garantir bons indicadores é fundamental para melhorar os pro-
cessos e observar se os resultados estão compatíveis com as ações. Os indicadores
essenciais a serem considerados em uma fábrica de ração são:
Granulometria da ração
Homogeneidade da ração
Produtividade da fábrica
Saiba mais
Para saber quais fatores podem afetar a qualidade da mistura
de ração total e avaliar sua homogeneidade, acesse o artigo
disponível na biblioteca do AVA.
Agora que você conhece os indicadores necessários para a gestão de uma fábrica de
rações, é hora de conhecer sua estrutura básica. São diversos os setores e, para Couto
(2008), eles devem estar inter-relacionados.
Departamento de compras
Controle de produção
Suprimento e almoxarifado
Manutenção
Transporte
Logística
2 3 5 6
Local para
ensaque e
estocagem
do produto
9
1 4
Moega para Equipamentos
receber a
matéria-prima
de dosagem e
de pesagem 7
Local para
resfriamento e
Caldeira a 8 eliminação dos finos
vapor
Por ser um mercado competitivo, as indústrias que produzem ração buscam, cada vez
mais, ferramentas que as ajudem a melhorarem os sistemas de produção, assegurarem
a qualidade de seus produtos e alcançarem a satisfação de seus clientes (OLIVEIRA;
BORGES, 2018). Dentre essas ferramentas, são as mais comuns (RIBEIRO-FURTINI;
ABREU, 2006):
• BPF (Boas Práticas de Fabricação);
• ISO 22000.
Agora, é hora de fazer uma atividade para fixar seus conhecimentos. Leia com atenção
o enunciado e responda à pergunta.
a) Tamanho da fábrica.
b) Localização da fábrica.
d) Preço do produto.
e) Portfólio de produtos.
Encerramento do tema
No Tema 9, você viu conceitos vinculados aos alimentos e à alimentação animal. Com
o conhecimento adquirido, você poderá fazer o manejo alimentar dos animais e pro-
porcionar uma melhor resposta biológica e econômica da atividade.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você desenvolverá a seguinte capacidade:
Forragem
Partes comestíveis das plantas, exceto os grãos, que podem servir à alimentação
dos animais.
Pastagem
Piquete
Capacidade de suporte
Oferta de forragem
Relação entre o peso (matéria seca) de forragem por unidade de área e o número
de unidades animais.
Lotação contínua
Método de pastejo onde os animais têm acesso irrestrito a toda a área pastejada,
sem subdivisão em piquetes.
Lotação rotacionada
Método de pastejo que usa a subdivisão de uma área de pastagem em dois ou mais
piquetes que são submetidos a períodos controlados de pastejo (ocupação) e descanso.
• fluxos de energia
• gases
Gramíneas São as plantas que têm flores. Por exemplo, as gramas e os capins.
Uma das suas características é o seu rápido desenvolvimento, o
forrageiras que favorece a recuperação da pastagem.
Atividade de aprendizagem
1. Alguns conceitos sobre manejo das pastagens são de extrema importância para a
produção de ruminantes a pasto. Com base no que você estudou, defina capacidade
de suporte das pastagens.
Neste sistema de pastejo, os animais têm acesso irrestrito e ininterrupto a toda a área
de pastagem. É importante respeitar a capacidade de suporte da pastagem, para que o
rebanho consiga se alimentar de porções com qualidade superior à da média do pasto.
Atenção
Como você viu no subtópico sobre as terminologias, o piquete
é uma área de pastejo correspondente a uma subdivisão de uma
unidade de manejo de pastejo, fechada e separada de outras
áreas por cerca.
Este sistema usa diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro
de uma mesma área. Entre as suas vantagens, destacam-se:
• conservação das características produtivas do solo;
• diversificação da produção; e
Em relação ao desempenho dos animais, eles podem ter melhorias em seu bem-estar,
porque são favorecidos pelo maior sombreamento nas áreas de pasto. Isso faz com
que haja maior consumo de alimentos e, consequentemente, maiores ganhos de peso
e produção de leite.
Antes de finalizar este tópico, leia com atenção a atividade a seguir e responda à pergunta.
Fonte: Shutterstock.
Apesar das vantagens, é importante considerar que a porção a ser usada deve ser
diariamente retirada do silo e há a necessidade de maiores cuidados durante a
produção, sob risco de perda total da forragem.
Estamos chegando ao fim deste tema. Mas, antes de encerrá-lo, que tal fixar seus co-
nhecimentos? Para isso, faça a atividade a seguir.
c) é uma fonte de alimentação volumosa e nutritiva, de baixo custo, que permite re-
duzir os custos com o uso de concentrados.
e) tem maiores exigências durante a confecção do que o feno, sob risco de perda total
da forragem.
Encerramento do tema
No Tema 10, o foco esteve no conhecimento da importância das plantas forrageiras e
da conservação desse recurso para os animais ruminantes, de modo a associar esse
conhecimento à alimentação deles.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você desenvolverá a seguinte capacidade:
Ação no campo
A mudança no material hereditário pode servir para produzir
mais economicamente o rebanho em um determinado ambiente,
por exemplo.
• clima da região onde serão criados os animais (temperatura, ventos, radiação solar,
umidade relativa do ar, precipitação média anual);
• fertilidade do solo;
• topografia do terreno;
• capacidade de investimento.
Ação no campo
A raça mais usada no mundo para a produção de leite é a Ho-
landesa, por ser a mais especializada e de maior produção. Po-
rém, são os animais de maior exigência em termos de cuidados,
conforto, manejo e, principalmente, os que sofrem mais com
bernes, carrapatos e calor.
Informações extras
A temperatura crítica, ou seja, acima da qual o consumo cai e
a produção de leite também, está entre 24 °C e 26 °C para a
Holandesa; e 27 ºC e 29 °C para a Jersey. O conforto térmico
para raças europeias situa-se entre -1 °C e 21 °C, e para as
raças zebuínas, entre 10 °C e 32 °C, com temperatura máxima
crítica acima de 35 ºC e mínima de 0 °C.
Gado Nelore
Fonte: Getty Images.
Merino
Fonte: Getty Images.
Raças caprinas
Cabra Saanen
Fonte: Getty Images.
Linhagens de aves
As principais linhagens de corte puras são Plymouth Rock Branca, New Hampshire,
Cornish Branca e Sussex.
Raça de suínos
Hampshire
Fonte: Getty Images.
Atividade de aprendizagem
1. A definição do termo raça pode ser dada como sendo um grupo de indivíduos da
mesma espécie, que têm uma série de características comuns, distintas de outros
da mesma espécie, e transmissíveis à descendência. Diante do exposto, assinale
a alternativa em que todas as raças bovinas possuem como principal aptidão a
produção de leite:
Para se obter uma produção eficiente na pecuária leiteira, é essencial atentar-se não
apenas à capacidade produtiva do rebanho, mas também aos aspectos morfológicos
dos animais, com foco em características funcionais como:
• corpo; • úbere anterior;
• Garupa (10%);
• Estatura
• Largura do peito
• Profundidade corporal
• Angulosidade • Largura
• Condição corporal • Ângulo
• Nivelamento da linha superior • Força lombar
Força
Garupa
Leiteira
• Qualidade óssea
• Vistas lateral e
traseira das pernas Pernas
• Ângulo do casco e pés
• Profundidade
Como você viu anteriormente, foram criados alguns indicadores importantes para ava-
liar uma vaca leiteira da raça Holandesa. No entanto, essas características podem ser
observadas também nas demais raças. Em suma, as vacas leiteiras longevas devem
apresentar as seguintes características:
No entanto, existem duas principais características da curva que determinam sua for-
ma: a persistência e o pico da lactação. O último, como citado anteriormente, é a fase
na qual a vaca apresenta a máxima produção; já a persistência é a medida da queda
diária da produção após ter atingido o pico, até o fim da lactação. Confira:
16
Per
14 sist
ênc
ia d
e la
Produção de leite (Kg)
12
cta
ção
10
2
Vaca 1 Vaca 2 Vaca 3
0
1 3 5 7 9
Mês de lactação
A produção individual de leite é fator preponderante para selecionar boas fêmeas lei-
teiras. Sobre este assunto, responda à questão a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. Entende-se por persistência de lactação:
c) a medida da queda diária da produção após ter atingido seu pico, até o fim da lactação.
Prediz visualmente a área que o animal abrange visto de lado, ao olhar-se, basica-
mente, para o comprimento corporal e a profundidade de costelas.
Precocidade (P)
Musculosidade (M)
Umbigo (U)
Todos os itens previstos nos padrões raciais das respectivas raças usadas devem
ser considerados.
Aprumos (A)
São avaliados por meio das proporções, direções, angulações e articulações dos
membros anteriores e posteriores.
Seleção Aqui, a seleção do bovino é feita com base nas informações dos
por parentes registros de produção de seus parentes (valores fenotípicos).
Seleção Toma como base o valor fenotípico do animal. É o mais usado para
individual o melhoramento genético de bovinos.
Você conheceu alguns métodos de seleção animal. Sobre esse assunto, faça ativida-
de a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. O EPMURAS é um método que avalia a estrutura, a precocidade, a musculatura,
o umbigo, as características raciais, os aprumos e as características sexuais. Em
relação à precocidade, ela pode ser definida como:
e) todos os itens previstos nos padrões raciais determinados pela Associação Brasileira
dos Criadores de Zebu (ABCZ).
Fonte: Shutterstock.
Para Fávero e Figueiredo (2009), os genes de maior importância para a suinocultura são:
Atividade de aprendizagem
1. A qualidade de carne dos animais está relacionada a diversos fatores antes, du-
rante e após o abate, além de fatores genéticos. Na suinocultura, qual é o gene
responsável pela produção de carne pálida, flácida e exsudativa?
a) Booroola.
b) IMF.
d) Halotano.
e) MC1R.
Fonte: Shutterstock.
Glossário
Conversão alimentar: medida de produtividade animal defi-
nida pelo consumo total de ração, dividido pelo peso médio do
lote. Melhorar esse indicador é de extrema importância, pois,
como vimos, os gastos com alimentação são altos e, no caso da
avicultura, chega a aproximadamente 65% do custo do frango.
CA
Sendo:
Fonte: Shutterstock.
Às aves
Peso do ovo, unidades Haugh (relação entre peso do ovo com a altura da clara es-
pessa, espessura de casca, viscosidade da clara e presença de sangue).
À reprodução
À resistência
Como você viu, o melhoramento de aves vem evoluindo ao longo dos anos. Sobre isso,
responda à pergunta a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. Em relação ao melhoramento de aves, qual dos itens abaixo é um dos principais
critérios adotados?
a) Gordura de cobertura.
b) Marmoreio.
c) Conversão alimentar.
e) Características raciais.
• bons aprumos;
• ausência de doenças.
Fonte: Shutterstock.
Estamos chegando ao fim deste tema. Antes de encerrá-lo, que tal fixar os conheci-
mentos adquiridos até aqui?
Atividade de aprendizagem
1. A seleção de cabras leiteiras por meio da morfologia tem sido usada por vários
criadores. Assinale a alternativa que descreve uma característica morfológica con-
siderada na seleção de cabras leiteiras.
b) Corpo compacto.
c) Membros curtos.
d) Corpo longilíneo.
e) Formas angulares.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido as seguintes
capacidades:
Informações extras
Em 1973, o consumo era de cerca de 4 kg por habitante por
ano; hoje em dia, é de mais de 25 kg por habitante por ano.
Como você viu no Tema 7, no Brasil, existem três sistemas de produção de frango: o
de integração; o cooperativo; e o independente. Cada um tem suas características e
peculiaridades.
Dica
Releia as características dos sistemas de produção. Relembrá-
-las será importante para a total compreensão dos próximos
subtópicos.
Fonte: Shutterstock.
• época do ano em que se desenvolve a engorda, com diferentes efeitos das estações
do ano, principalmente, os relacionados a temperatura e umidade;
Ação no campo
Em um aviário de 1.000 m², é possível criar 15.000 frangos,
que consomem cerca de 3 kg de ração cada. Portanto, 45.000
kg de ração para o lote, e a produção de cerca de 26.000 kg
de frango.
1.3 Instalações
O aviário deve ser instalado no sentido leste-oeste, para reduzir a incidência de raios
solares no interior da instalação.
Oeste
Leste
É imprescindível ter cuidados na escolha dos pintinhos, que devem ser saudáveis e de
boa qualidade.
Além disso, deve-se distribuir água em bebedouros e ração nos comedouros. Para
manter o controle térmico do ambiente, deve-se usar campânulas e cortinas internas.
Campânula
Glossário
Maravalhas: aparas de madeira, maiores que a serragem, pro-
duzidas por raspadores e/ou outras ferramentas para madeiras.
Geralmente, apresentam formato em espiral.
É importante que o material seja livre de doenças, não tóxico às aves e com umidade
de aproximadamente 12%. Ao fim da criação, a cama terá cerca de 40% de umidade
e poderá ser reutilizada para outros lotes ou servir de adubação orgânica na lavoura.
Atenção
O excesso de umidade, principalmente próximo aos bebedouros,
favorece o aparecimento do gás amônia, que irrita os olhos e as
vias respiratórias das aves e causa-lhes queda de desempenho.
Fase de cria
A ração inicial vai até a 6ª semana; deve-se fazer uso da cama de frango; fazer a
debicagem entre 6 a 9 dias para evitar o canibalismo entre aves e aumentar a con-
versão alimentar por não seleção do alimento.
Fase de pré-alojamento
Acontece da 16ª a 18ª semana. As galinhas são postas nas gaiolas de postura para
que se adaptem ao ambiente, o que corresponde ao início da maturidade sexual da
ave. Nesta fase, é usada ração de pré-postura, com finalidade de engorda da ave.
Fase de alojamento/postura:
A avicultura deve seguir um rigoroso programa de prevenção. Deve ser feito um vazio
sanitário de 15 dias, bem como aplicadas diversas vacinas. Dentre elas:
• Newcastle;
• bronquite infecciosa;
• encefalomielite;
• bouba aviária;
• Doença de Marek;
• Eds-76;
• Gumboro;
• laringotraqueite; e
• artrite viral.
Além disso, deve-se ter precaução com prostação, ascite e morte súbita dos animais.
Agora, é hora de testar seus conhecimentos sobre a produção avícola. A questão a se-
guir trata dos sistemas de criação de aves, que vimos com detalhes no Tema 7.
Atividade de aprendizagem
1. Dentre os sistemas de criação de aves que existem no Brasil, um em especial tem
a participação da empresa, que fornece ao criador os pintos de um dia, a ração, a
assistência técnica e se responsabiliza pelo abate. Ao criador, cabe a responsabi-
lidade sobre as instalações, os equipamentos e a mão de obra. Neste sistema, a
remuneração varia de acordo com o desempenho zootécnico das aves. O sistema
a que nos referimos é definido:
a) cooperativo.
b) independente.
c) integração.
d) verticalizado.
e) horizontalizado.
Comentários do autor
Na escolha do local, é importante levar em consideração a to-
pografia, a qualidade do solo e a pluviometria da região.
Já o arranjo da carne suína com produtores independentes representa maior risco para
o suinocultor, principalmente pela falta de garantia de escoamento da produção. No en-
tanto, permite ter maior remuneração, sobretudo em períodos de mercado aquecido.
Atenção
Também fazem parte da suinocultura industrial independente
os produtores organizados em pequenas cooperativas e outras
iniciativas associativas, que organizam redes de suprimento ou
processam os animais em agroindústrias familiares.
Creche
O desempenho dos animais nessa fase influencia em até 30% o ganho de peso até o
abate. Uma boa estratégia nutricional é o uso de rações complexas, com ingredientes
de alta qualidade e digestibilidade, tais como: leite em pó; concentrado proteico de
soja; soro de leite; farinha de peixe; nucleotídeos; minerais orgânicos; leveduras;
palatabilizantes; acidificante e aromatizantes.
Crescimento
Terminação
Nesta fase, podem ser fornecidos milho, soja e cereais alternativos, como sorgo,
milheto, triguilho e triticale, assim como resíduos agroindustriais. É importante, tam-
bém, prover todos os minerais e vitaminas essenciais para a manutenção da saúde
dos animais. No manejo alimentar, o monitoramento do consumo da dieta também
deve fazer parte do planejamento da produção.
Estresse
Fase Conforto
Calor Frio
Recém-nascidos 32 a 34 - -
Desmamados 22 a 26 27 17
Crescimento 18 a 20 26 15
Terminação 12 a 21 26 12
Fêmeas em gestação 16 a 19 24 10
Fêmeas em lactação 12 a 16 23 7
Existem algumas orientações para projetar as instalações, de acordo com cada fase,
conforme tabela a seguir:
Macho 6
Gestação coletiva/reposição/pré-cobrição 6 a 10
Maternidade
É a instalação usada para o parto e fase de lactação das porcas. Deve ser construída com
atenção e cuidado aos detalhes. Como a faixa de temperatura de conforto das porcas é
diferente da dos leitões, torna-se obrigatório o uso do escamoteador para os últimos.
Cela parideira
Baia convencional
Escamoteador
Corredor de serviço
Declividade do piso 5%
Crescimento e terminação
É o local destinado ao crescimento e terminação dos animais, desde a fase que vai da
saída da creche até a comercialização.
O manejo dos dejetos deve ser feito do lado de fora da edificação e por sala. Para pos-
sibilitar maior higiene e limpeza, o piso da baia deve ter uma declividade entre 3 e 5%,
e as paredes laterais podem ser ripadas, em placas pré-fabricadas em cimento ou em
outro material, para facilitar a ventilação natural.
As fêmeas estão aptas à cobrição quando pesam, no mínimo, 110 kg, com cerca de
8 meses de idade. Três semanas antes da cobrição, deve-se fornecer cerca de 3,5 kg
de ração da fase de gestação, o que vai estimular a reprodução e, principalmente, o
aumento da ovulação, chamado flushing.
Atenção
As reprodutoras devem ser mantidas em lotes de seis fêmeas
para facilitar o controle e devem ser levadas à baia do macho
para serem cobertas, nunca o contrário.
Depois da cobertura, as fêmeas devem ser levadas de volta à baia e observadas por
um período de 18 a 25 dias, para ver se não há retorno ao cio. As leitoas devem ser
cobertas no segundo cio e depois do primeiro parto; as porcas podem ser cobertas no
primeiro cio após o desmame.
O local de gestação deve ser limpo, ventilado e calmo. A gestação de uma fêmea suína
dura aproximadamente 114 dias.
Na fase de gestação, deve ser fornecidos 2 kg de ração por matriz por dia, dividido em
duas vezes, até os 80 primeiros dias de gestação. Depois, até o parto, deve-se fornecer
2,5 kg de ração por dia, em duas vezes.
É fundamental que, no local do parto, haja uma caixa com fonte de calor, o chamado
escamoteador, onde os leitões se abrigam do frio, com área de 0,8 m² e temperatura
de aproximadamente 30 °C.
Atenção
Quando a hora do parto se aproxima, é possível extrair leite das
tetas da porca com leve pressão manual. Além disso, a fêmea
fica inquieta, apresenta corrimento vaginal e não se alimenta.
1. limpar e enxugar o leitão com papel toalha, para desobstruir as vias respiratórias;
3. cortar os dentes dos leitões, sem machucar as gengivas, logo após as primeiras
mamadas;
5. colocar os leitões para mamar o colostro; os mais fracos, nas tetas da frente.
Porcas com mais de oito leitões devem receber 5 kg de ração por dia, em duas vezes,
para aumentar a produção de leite e manter seu estado físico. Saiba que o fornecimento
de ração úmida favorece e aumenta o consumo.
Os leitões devem receber ração pré-inicial a partir dos sete dias de vida, em pequena
quantidade (devem ser retiradas as sobras), além de água disponível, de qualidade e
à vontade, desde o primeiro dia.
Ação no campo
A leitegada (ninhada de leitões) deve receber, no terceiro dia
de vida, 200 mg de ferro-dextrano via intramuscular.
Desmame e creche
O desmame dos leitões deve ocorrer na maternidade, com a retirada da mãe. Devem
ser deixados por cinco dias na baia para minimizar o estresse da perda. O recomendado
é que o desmame seja feito de 21 a 35 dias.
A alimentação deve ser dividida em quatro refeições diárias, em pouca quantidade e mais
vezes por dia, para evitar problemas com diarreia, frequentes nessa fase de transição.
O parto deve ser acompanhado e pode durar de 3 a 8 horas, entre o início da expulsão
dos leitões e da placenta. Extrapolado este tempo, deve ser chamado auxílio técnico
de profissional habilitado.
Equipamentos como seringas, agulhas, tesouras, bisturis, facas e alicates devem sempre
ser limpos com água e sabão e desinfetados com álcool iodado. As agulhas e seringas
devem ser fervidas ou descartadas quando necessário.
Atenção
É importante destacar que deve ser evitada a entrada de pessoas
não autorizadas na granja suína e o fluxo intenso de veículos,
além de não se permitir a circulação de outros animais, como
gatos e cachorros, pois são vetores de inúmeras doenças.
Que tal, agora, fixar seus conhecimentos sobre o sistema de produção suíno? Para isso,
faça a atividade a seguir.
Atividade de aprendizagem
1. Um sistema de criação de suínos tem várias fases que devem ser conduzidas com
bastante cuidado. Em relação às fases dos suínos, a única alternativa correta é:
b) na creche, os animais ficam até 70 dias de idade e não precisam de fonte de calor.
e) toda mudança de fase deve ser feita de forma gradativa para evitar o estresse, além
de ofertar área necessária, para cada suíno, na terminação, 0,8 m² por animal.
Glossário
Viveiros: tanques construídos com a escavação da terra, do
centro para as laterais, onde são levantadas as paredes, chama-
das de talude. Esses viveiros, em geral, têm formato retangular,
com fundo uniforme, para facilitar a captura dos peixes com
rede. É desejável, ainda, que possam ser drenados e enchidos
em qualquer época do ano e que não apresentem infiltração
excessiva.
Fonte: Shutterstock.
Atenção
O local de instalação do tanque-rede deve ter profundidade
suficiente e largura de pelo menos 1,5 vezes a do tanque, que
também precisa ser instalado perpendicular à correnteza da água.
Qualidade da água
A temperatura ótima da água deve estar entre 24 e 29 °C. Acima ou abaixo disso, há
estresse e diminuição, ou mesmo interrupção da alimentação, o que pode causar a
morte dos peixes. O pH, que mostra a acidez ou alcalinidade da água, deve ser neutro,
para que haja boa produção de plâncton.
Fonte: Shutterstock.
A alimentação varia em função da quantidade de peixes por m², que vai depender da
qualidade e da vazão da água e da espécie a ser criada. A quantidade de plâncton do
viveiro determina o quão produtivo ele é – por isso temos que estimular sua produção.
Glossário
Plâncton: microrganismo de origem vegetal (fitoplâncton) ou
animal (zooplâncton), é fonte de alimento para os alevinos ou
durante toda a vida dos peixes filtradores.
Antes de encher o viveiro, é fundamental deixar o solo exposto ao sol por cerca de
cinco dias. Depois, fazer a calagem com cerca de 500 kg de calcário por hectare, dis-
tribuído manualmente e de forma mais homogênea possível. Contudo, a quantidade
de calcário depende do pH do solo. Se estiver entre 5,5 e 6,5, cerca de 1.500 kg por
hectare serão necessários.
Ação no campo
Antes de liberar a água para encher o tanque, coloque uma tela
fina para evitar a entrada de predadores no viveiro, libere a água
até completar cerca de 1 m e interrompa a vazão. Somente
reponha a água até esse nível no primeiro momento.
Para definir a alimentação, o ideal é saber a biomassa do viveiro, de forma que se retire
uma amostra e faça a multiplicação pela quantidade total estimada de peixes.
Até 5 10
5 a 20 8
20 a 50 6
50 a 100 4
200 a 300 3
Exemplo: se o peso médio dos peixes foi de 30 gramas e colocaram-se 1.000 alevinos,
tem-se 30 kg de biomassa de peixe no viveiro. Portanto, deve-se fornecer 6%, ou seja
1,8 quilo de ração por dia, em três vezes.
Vale lembrar que, dois dias antes da captura e do abate dos peixes, deve ser suspensa
a alimentação. E 15 dias antes, deve-se interromper a adubação do viveiro.
Saiba mais
Para conhecer mais sobre o manejo na piscicultura, acesse o
material disponível na biblioteca do AVA.
O viveiro construído na terra deve começar com uma boa limpeza da área, remoção da
vegetação e de restos de raízes; ser, preferencialmente, escavado, com pouca profun-
didade (1,5 m) e possibilitar o esvaziamento total. O ideal é que esteja próximo das
instalações, para facilitar a alimentação e a vigilância, além de ser construído em um
local com insolação direta.
Atenção
O solo do viveiro também é importante: deve conter grande
quantidade de argila (mais de 20%) para, assim, reter água.
A fonte de água deve chegar, de preferência, por declividade (não ser poluída e em
abundância) que permita o controle da vazão para dentro do viveiro, por meio de canal
ou tubo plástico.
O tamanho varia bastante, mas o mais indicado é de 2.000 a 5.000 m² para facilitar
o manejo. O fundo do viveiro deve ter declividade de cerca de 0,5% a 1% em direção
ao escoadouro, que deve ficar do lado oposto à entrada de água.
A saída de água pode ser controlada por um cano de PVC, de cerca de 100 mm con-
forme o tamanho do açude, feito em forma de cotovelo, e retirada quando chegar no
nível indicado. Além do cotovelo, é necessária a construção do escoadouro, que evita
o transbordamento, 10 cm acima do nível da água.
Várias espécies de peixes são recomendadas para a criação, a depender das condições
climáticas, da adaptação local e da disponibilidade de alevinos para o povoamento. O
ideal é focar em peixes com alta produtividade, resistentes ao manejo e ao transporte.
A seguir, veja alguns dos principais peixes de água doce cultivados no Brasil:
Saprolegniose
Doença causada por fungo. Os peixes desenvolvem manchas brancas por todo o corpo.
Intoxicação alimentar
Ocorre devido à baixa temperatura. O corpo do peixe fica coberto com pequenos
pontos brancos; os animais ficam inquietos e se raspam.
Argulose
Hidropisia infecciosa
A maioria dos estados brasileiros tem grande potencial para a piscicultura, em vista da
disponibilidade de água e de temperaturas elevadas o ano todo. Essas características
edafoclimáticas favorecem a piscicultura e a criação consorciada com outras espécies,
como camarão.
As duas espécies, embora usem o mesmo ambiente de criação, não competem entre
si pelo alimento fornecido e podem conviver simultaneamente com benefícios mútuos
durante o ciclo de cultivo.
Estamos chegando ao fim deste tópico. Mas, antes de encerrá-lo, que tal fazer a ativi-
dade a seguir para fixar seus conhecimentos?
Atividade de aprendizagem
1. A alimentação dos animais é uma prática importante para que possam ingerir todos
os nutrientes necessários à sua produção. Em relação à alimentação dos peixes,
assinale a única alternativa correta.
a) A alimentação não varia conforme as estações do ano e sempre deve ser fornecida
na mesma quantidade.
b) A quantidade a ser fornecida varia de acordo com a quantidade de peixes por m²,
sem que seja necessário conhecer a espécie em cultivo.
e) Para definir a quantidade de ração a ser fornecida, é necessário ter uma estimativa
da quantidade de peixes no viveiro.
Capacidades técnicas
Com os conhecimentos adquiridos neste tema, você vai desen-
volver as seguintes capacidades:
O leite tem importante papel social em nosso país, pois garante renda mensal, emprega
diversas famílias e contribui para minimizar o êxodo rural.
Fonte: Shutterstock.
A criação de bezerras e novilhas, por não proporcionar ganho imediato, muitas vezes
é deixada em segundo plano. Todavia, o sucesso da pecuária leiteira está na produção
das bezerras e novilhas no presente. Assim, o objetivo é obter uma vaca ótima pro-
dutora de leite e crias com grande capacidade de ingestão de pasto, alta longevidade,
que tenha tamanho e peso segundo os padrões da raça. Então, confira, a seguir, quais
cuidados o produtor deve ter durante a criação desses animais.
Atenção
É importante ressaltar que os primeiros cuidados se iniciam
antes do nascimento da bezerra: a vaca gestante deve ter uma
nutrição adequada e, 30 dias antes do parto, no fim do período
seco, de 60 dias, deve ficar em um piquete-maternidade, com
uma dieta pré-parto apropriada, pasto baixo, água e sombra,
preferencialmente perto das instalações, para que possa ser
observada periodicamente.
Alimentação e manejo
Holandês 1,0 kg
Girolando 0,85 kg
Jersey 0,70 kg
É importante que a água esteja disponível à bezerra para suprir a falta de saliva e esti-
mular o consumo de concentrado. Também se deve observar a limpeza dos bebedouros,
pois só o fato de limpá-los estimula a ingestão de água. Em relação ao feno, o consumo
precoce permite o desenvolvimento mais rápido da musculatura do rúmen; pode ser
fornecido a partir dos 30 dias de vida.
Novilhas leiteiras
De acordo com Ramon (2012), o primeiro parto deve acontecer aos 24 meses, mas
com peso adequado à inseminação, aos 15 meses, conforme a raça:
Holandês 350 kg
Girolando 300 kg
Jersey 250 kg
Por isso, o ideal é garantir bom desenvolvimento à novilha, para que atinja o peso
necessário para a primeira inseminação aos 15 meses e peso ideal ao primeiro parto
aos 2 anos.
Para definir as exigências de uma vaca leiteira, é preciso considerar diversos fatores,
tais como:
• produção de leite;
• estágio de lactação;
• idade;
• condição corporal; e
Atenção
Muito cuidado com vacas excessivamente magras ou gordas,
pois podem apresentar distúrbios metabólicos, menor produção
de leite e baixa resistência a doenças.
Uma das fases de maior exigência nutricional de uma vaca são as primeiras semanas
pós-parto, quando não conseguem consumir alimentos suficientes para sustentar o
aumento de produção, quando ocorre o Balanço Energético Negativo (BEN). Por isso,
é recomendado alimentar a vaca com cerca de 2 kg de concentrado por dia para com-
pensar a queda na ingestão de pasto. Cerca de 70% dos distúrbios metabólicos aconte-
cem entre 21 dias antes e 21 dias após o parto. Portanto, esse é o principal período
crítico da vaca.
Lembre-se de que o período seco (60 dias antes do parto), fase em que a vaca não
produz leite e se prepara para a próxima lactação, é fundamental para obter ótimas
produções nas lactações seguintes.
Volumoso: concentrado
O aumento no teor de concentrado na dieta de uma vaca leiteira pode levar à diminuição
no teor de sólidos do leite. Quando a percentagem de concentrado ultrapassa 50% da
dieta total, há redução na concentração de gordura do leite. Isso ocorre devido a uma
alteração no rúmen do animal, onde há maior concentração de ácidos graxos. Eles re-
duzem o potencial de hidrogênio (pH), o que torna ambiente ruminal mais ácido e com
menor degradação de fibra, o que pode levar o animal à acidose.
Glossário
Acidose ruminal: doença metabólica que tem como causa
principal a alta ingestão alta ou outros carboidratos não fibrosos
que fermentam rapidamente no rúmen. Pode ser causada por
uma mudança brusca na dieta.
Mineralização
Com o avançar da produtividade das vacas de leite, é cada vez mais desafiador fornecer
todos os nutrientes e minerais necessários para a produção. O correto fornecimento de
minerais depende de muitos fatores, como a localização adequada dos cochos, o local
de armazenagem do sal mineral, a frequência do abastecimento do cocho e, principal-
mente, o controle a ser feito.
Importância da água
A melhor forma de fornecer água aos animais é por bebedouros artificiais, que facilitam
o monitoramento da qualidade da bebida. O consumo em fontes naturais, como lagos
e rios, pode trazer riscos à saúde dos bovinos, além de prejuízos ambientais devido ao
acesso dos animais aos cursos de água e à contaminação por fezes e urina.
Qualidade do leite
Por isso, é importante ter cuidado nesse processo, uma vez que produzir leite de quali-
dade é uma necessidade para conseguir vendê-lo para novos mercados consumidores,
pois há um crescimento na produção maior que o consumo.
• Determinação dos teores de gordura, lactose, proteína, sólidos totais e sólidos de-
sengordurados.
Além de determinar CBT e CCS, também é avaliada a composição do leite, que deve
ter os seguintes padrões mínimos, para o leite cru refrigerado:
Atenção
Leite com baixa CBT: indica que foi obtido com higiene, bem
resfriado e, assim, evita perdas com leite ácido.
Leite com baixa CCS: indica que as vacas não têm mastite,
estão saudáveis e, assim, evita quedas na produção e aumenta
o rendimento do produtor e da indústria.
Leite com alto teor de sólidos: indica que as vacas são bem
alimentadas. Assim, aumenta a produção de leite e a saúde
das vacas.
O leite deverá atingir 4 °C em tanques por expansão no tempo máximo de duas ho-
ras após a ordenha, para inibir o crescimento de bactérias. A acidez do leite aumenta
quando ele não é resfriado após a ordenha e permanece muito tempo em temperatura
ambiente antes de chegar ao laticínio.
Para eliminar resíduos no leite, deve-se aplicar medicamentos somente quando ne-
cessário; descartar o leite das vacas tratadas durante o prazo de carência, conforme
a bula; marcar as vacas tratadas com pulseira, para que todos saibam; lavar bem os
equipamentos sempre que ordenhar uma vaca tratada.
Inicialmente, deve ser feita a ordenha das vacas de primeira cria, seguidas das de maior
produção e, por fim, as de menor produção. Se existirem vacas com mamite (mastite),
devem ser ordenhadas separadas e seu leite deve ser descartado.
Além disso, o ordenhador deve estar sadio, manter as unhas bem aparadas, lavar as
mãos antes da ordenha e usar roupas limpas. Também deve usar botas, boné ou gorro
e não fumar ou comer durante a ordenha.
3º As tetas das vacas devem ser lavadas somente se estiverem muito sujas.
7º Abrir o registro sob o úbere e colocar as teteiras nas tetas sem a entrada de ar.
Dica
A inibição da descida do leite (quando a vaca “esconde o leite”)
ocorre devido a barulho, maus tratos, susto, estresse ou mu-
dança no manejo, o que libera adrenalina e provoca bloqueio
na liberação da ocitocina. Por isso, uma dica importante é ter o
máximo de cuidado, da condução das vacas ao local de ordenha
até o fim de todos os procedimentos.
Um dos principais cuidados que deve ser observado é a higiene dos equipamentos
de ordenha, o que depende muito do cuidado do ordenhador, que deve seguir uma
rotina à risca. É necessário lavar os equipamentos com água limpa e detergente sem
cheiro ou sabão neutro. Os latões de leite (recipientes de lata, geralmente de 50 L,
que servem para acondicionar o leite) deverão ficar de boca para baixo. A adequada
sequência de higiene da ordenha mecânica é a seguinte:
4º Uma vez por semana, circule detergente ácido em água a 40 ºC por 10 minutos.
• resfriamento do leite; e
Para aumentar a eficiência da atividade leiteira, é preciso ter muita atenção ao manejo.
Ele está diretamente ligado às instalações, à redução dos custos e à necessidade de
mão de obra e proporciona conforto e maior produtividade aos animais por meio de
instalações bem planejadas. Construir locais práticos e funcionais torna o trabalho diário
mais fácil, porém, devem ser construídos com o menor custo possível.
Comentários do autor
O planejamento é fundamental para definir o local adequado e
o uso das instalações. Mas não há uma receita que sirva para
todas as propriedades, pois, há muitas variáveis: raça, mão de
obra, relevo, área, financeiro, acessos e objetivo da explora-
ção leiteira.
Outro fator que precisa ser levado em consideração antes do início da construção é
o enquadramento nas leis ambientais, pois a atividade leiteira pode provocar um
grande impacto no meio ambiente.
Galpão
Área de espera
Sala de ordenha
Local que protege o tanque resfriador e serve para lavar e armazenar equipamentos
de ordenha.
Sanitários
Bezerreiras
Área de parto
Bebedouros
Serve para fazer os manejos e deve oferecer segurança às pessoas e aos animais.
Cercas
Comentários do autor
É importante que você compreenda que o objetivo de uma
instalação bem planejada e executada é o bem-estar huma-
no e animal.
A busca por melhorias na atividade para conseguir alavancar a produção de leite com
qualidade é constante. Dessa forma, alguns assuntos podem despertar o interesse do
produtor e servir de base para que sejam implantadas nas propriedades rurais leiteiras.
Nos rebanhos de bovinos de leite, há três tipos possíveis de genótipos para a produção
de caseína: as vacas A1A1, vacas A1A2 e vacas A2A2.
Estamos chegando ao fim deste tópico. Mas, antes de encerrá-lo, que tal fazer a ativi-
dade a seguir para fixar seus conhecimentos?
Atividade de aprendizagem
1. Vacas devem ser alimentadas com rações balanceadas para atender às suas exi-
gências diárias e evitar problemas na lactação. Devem também ser manejadas
corretamente para a evitar estresse. Assinale a resposta correta em relação à
alimentação e ao manejo de vacas leiteiras.
d) A água fornecida às vacas pode vir diretamente de fontes, lagos e rios sem a ne-
cessidade de se avaliar a qualidade.
Segundo Ramon (2012), o foco deve ser na melhoria dos índices produtivos e repro-
dutivos, conforme tabela a seguir:
Informações extras
Nosso país é o quinto maior do mundo em área. Tem cerca de
174 milhões de hectares de pastagens. No entanto, tem aproxi-
madamente 120 milhões de hectares de pastagens degradadas.
Ou seja, quase 70% dos pastos estão em algum estágio de
degradação, e o boi que se alimenta de pasto degradado de-
mora cerca de 50 meses para atingir o peso de abate (REVISTA
GLOBO RURAL, 2015).
2.2 Sustentabilidade
Neste item, vale a pena destacar que a preocupação com a sustentabilidade é a mesma
presente na pecuária leiteira. Porém, aqui, a atenção deve estar voltada aos diferen-
ciais relacionados à pecuária de corte, que tem os frigoríficos como elos importantes
desta cadeia.
Bovinos de corte podem ser alimentados tanto à base de pasto como também em sis-
temas confinados. Dessa forma, é importante o planejamento alimentar. Devem ser
considerados os alimentos a serem fornecidos, bem como as características dos animais
(raça, sexo, idade, estado fisiológico etc.).
É importante focar nas estratégias para aumentar a produtividade com foco em nutri-
ção, genética, reprodução e sanidade, e recordar que os machos são mais eficientes
na engorda do que as fêmeas, e assim, eles têm maior ganho de peso nas mesmas
condições.
Deve-se lembrar que o objetivo das instalações é facilitar o manejo e abrigar os animais
contra extremos climáticos. É necessário um bom planejamento para que cumpram sua
função e tenham custos racionais.
• brete;
• tronco;
• seringa;
• balança; e
• embarcadouro.
Alimentação em cocho privativo e dietas de alto grão são inovações que trazem algumas
vantagens na produção de bovinos de corte. Conheça quais são a seguir:
Com o uso dessa tecnologia, o objetivo é fazer a suplementação alimentar para os be-
zerros durante a fase em que mamam. Essa estrutura é bastante simples e compõe-se
basicamente de um pequeno cercado, onde ficam os cochos. A vantagem dessa técnica
é permitir a desmama de bezerros mais pesados e proporcionar redução no tempo de
abate dos animais.
Atenção
Para facilitar o acesso dos bezerros, a área de suplementação
deve estar localizada junto às áreas de descanso das vacas, dos
bebedouros ou nas proximidades do cocho de sal.
Deve ainda ter área de 1,5 m²/bezerro, com espaço de 2 m entre o cocho e a cerca, para
circulação. Disponibilizar cerca de 10 cm lineares de cocho por animal, um de cada lado.
Devido à facilidade de movimentação dos animais, cada vez mais, a pressão das doenças
é maior. Daí a importância das vacinações preventivas, como da aftosa, da brucelose,
da raiva e do carbúnculo.
Além das doenças já citadas para bovinos leiteiros, as doenças mais comuns que podem
atingir os de corte são:
• IBR (rinotraqueite infecciosa bovina), BVD (diarreia viral bovina), PI3 (pa-
rainfluenza) e BRSV (vírus sincicial respiratório bovino): viroses comumente
associadas a doenças respiratórias e perdas reprodutivas em bovinos; e
Atenção
Os principais ectoparasitos de bovinos são os carrapatos, os
bernes e a mosca-dos-chifres.
Quanto aos parasitas internos (vermes em geral), a preocupação maior é com os ani-
mais jovens, pois os adultos são mais resistentes. Portanto, o combate a verminoses
deve estar mais voltado aos animais com menos de 3 anos. A melhor época para a
everminação deve abranger o período das secas.
Atividade de aprendizagem
1. O controle de endo e ectoparasitas em bovinos tem importância para evitar queda
no desempenho. Porém, algumas práticas devem ser seguidas. Analise as afirma-
tivas abaixo, em relação ao controle de parasitas, e assinale a correta.
Comentários do autor
As ovelhas se adaptam a diferentes tipos de climas, relevos e
vegetações. A criação ovina está destinada tanto à exploração
econômica quanto à subsistência das famílias rurais.
Antes de dar início à criação de ovelhas, é necessário fazer um bom planejamento, es-
pecialmente para definir a finalidade da produção e o mercado consumidor, para saber
quais produtos são demandados.
Carne ovina
A carne de ovino tem, em média, 274 cal/100 g, ou o mesmo que a carne bovina, mas
é mais digerível que a bovina e a suína. Todavia, o consumo dessa carne no Brasil ain-
da é baixo, com uma estimativa de 0,7 gr/hab/ano, enquanto que, na Nova Zelândia,
pode chegar a 49 kg.
• Ovelha: fêmea adulta com idade acima de 15 meses, com peso vivo de mais de
35 kg;
• Carneiro: macho adulto, não castrado, com idade superior a 2 anos, carne pouco
atraente pelo aspecto, pela consistência e pelo sabor.
Dica
A carne de ovelhas e carneiros mais velhos deve ser mais usada
para o preparo de embutidos.
Leite ovino
Além de ser a principal fonte de nutrientes para os cordeiros durante as primeiras se-
manas de vida, o leite de ovelha e, principalmente, seus derivados, encontram ampla
oportunidade de mercado.
Lã ovina
A melhor época da tosquia varia de acordo com a raça, o clima da região e o amadu-
recimento de certos vegetais, como as leguminosas, cujas sementes aderem ao velo
e desvalorizam a lã.
Pele ovina
Glossário
Pelego: pele do carneiro com a lã.
A pele curtida pelo processo artesanal tem boa aceitação no mercado. O custo do curti-
mento equivale a 8 vezes o preço da matéria-prima bruta, enquanto o valor de mercado
da pele curtida vale cerca de 20 vezes mais.
O método de curtimento mais utilizado está alicerçado em sais de cromo, que conferem
maior elasticidade e maciez ao pelego, além de ser um produto facilmente encontrado
no mercado.
Comentários do autor
É importante que o ovino não seja abatido cansado ou ferido,
pois os animais nestas condições tendem a produzir pele sem
brilho e com queda de lã. A sangria deve ser completa.
Em geral, os ovinos podem ser mantidos a pasto, sempre com água e sal mineral à von-
tade. Em determinadas épocas do ano, pode ser necessário o fornecimento de forragem
conservada, como a silagem. Também é recomendável a suplementação alimentar de
ovelhas no terço final de gestação, em lactação, cordeiros desmamados e reprodutores
em serviço de monta.
Os ovinos preferem pastos com estatura média a baixa. Assim, as pastagens recomen-
dadas para ovinos são aquelas de hábito estolonífero, que emitem ramos rasteiros e
que enraízam rente ao solo, como:
• Gênero Cynodon - Jiggs, coast-cross, Tifton e estrelas;
Fonte: Shutterstock.
É recomendável que o cordeiro permaneça, pelo menos, 15 dias em local limpo. Confira
a seguir os cuidados a serem tomados durante o manejo:
• corte e desinfecção do umbigo feitos com tesoura desinfetada, a 5 cm do abdômen,
e tintura de iodo (10%);
• desmame, que pode ser precoce (35 a 45 dias), semiprecoce (45 a 70 dias), normal
(80 a 80 dias) ou tardio (após 80 dias).
Informações extras
O creep-feeding, ou alimentação em cocho privativo, é o sistema
de suplementação que permite somente o acesso das crias, com
o objetivo de desmamar cordeiros mais pesados, possibilitar
desmame precoce, reduzir a idade de abate, permitir rápida
recuperação das ovelhas e reduzir a contaminação dos cordei-
ros pelas ovelhas. Pode ser localizado junto à área de descanso
ou aprisco e deve ser provido de abertura com dimensões de
25 a 30 cm de altura e 15 a 17 cm de largura para impedir a
passagem das ovelhas.
A construção pode ser rústica, com pé direito com altura que favoreça a ventilação e
com paredes de 1,50 m de altura. Deve ter divisões internas (baias) de 2 x 2 m a 2 x
3 m cada uma, com comedouro e bebedouro para os reprodutores.
Cercas
Fonte: Shutterstock.
Atenção
O arame farpado jamais deverá ser usado, pois pode ocasionar
sérios ferimentos nos animais e depreciar o couro, além de in-
fringir normas de bem-estar animal.
Atenção
A criação integrada de bovinos e ovinos também apresenta
algumas necessidades básicas, como a adaptação das cercas e
dos currais de manejo, para que não haja fuga dos ovinos, que
são animais de menor porte.
Quanto ao hábito de pastejo, os ovinos são mais seletivos que os bovinos. Optam pelo
pasto mais nutritivo, principalmente pelas folhas. Já os bovinos com maior capacidade de
armazenamento no rúmen são menos seletivos e dão maior importância à quantidade.
Informações extras
Algumas espécies indesejáveis na pastagem, como carqueja
(Bacharis trimera), caraguatá (Eryngium horridum), maria-mo-
le (Senecio brasiliensis), picão-preto (Bidens pilosa) e caruru
(Amaranthus sp.), também são consumidas pelos ovinos e, por
isso, não é necessário controlá-las química ou mecanicamente
graças à criação mista.
Apesar de considerados animais rústicos, os ovinos podem ser acometidos por diversas
enfermidades, o que ocasiona queda no desenvolvimento do rebanho e prejuízos ao
produtor. Dessa forma, é preciso atentar-se às seguintes doenças:
• doenças causadas por bactérias: clostridioses; carbúnculo sintomático (manqueira);
gangrena gasosa (edema maligno); enterotoxemia (doença do rim polposo); tétano;
botulismo; linfadenite caseosa (mal-do-caroço); ceratoconjuntivite infecciosa; mas-
tite (mamite); pododermatite (podridão-dos-cascos ou foot rot); e dermatofilose;
Antes de prosseguir para o próximo tópico, que tal fixar seus conhecimentos com a
atividade a seguir?
Atividade de aprendizagem
1. Assim como para qualquer espécie animal, a preocupação com o manejo alimentar
é importante para que os ovinos possam expressar todo o seu potencial produti-
vo. Referente à alimentação dos ovinos, analise as afirmativas abaixo e assinale
a correta.
e) Devem ser usadas forrageiras produtivas com alto valor nutritivo e alta aceitabili-
dade pelos ovinos.
Informações extras
O Brasil tem um rebanho caprino de aproximadamente 8,4
milhões de cabeças. 93% desses animais concentram-se no
Nordeste; 2,4% no Sudeste, e o restante está distribuído nas
regiões Centro-Oeste, Sul e Norte.
O leite de cabra é muito digestivo. Recomendado para pessoas idosas, crianças ou in-
divíduos que tenham alergia ao leite de vaca.
Vamos, agora, conhecer um pouco mais sobre a composição do leite de diversas espécies:
Ação no campo
Os caprinos apresentam alta capacidade de adaptação a diversos
biomas e regiões. Uma boa fonte de alimentos é a vegetação
nativa da região, cujas folhas e ramos são bastante apreciados
pelos caprinos, principalmente arbustos.
A suplementação pode ser feita a partir de subprodutos ou restos das culturas agrícolas,
capineiras previamente instaladas na propriedade ou, ainda, bancos de proteína com
leguminosas, como leucena e feijão-guandu.
Informação extra
Lembre-se de que os animais apresentam maior exigência du-
rante as fases de pré-parto, pós-parto e lactação. Essas, por-
tanto, são as fases em que se recomenda fazer suplementação
alimentar, além da necessidade de se suplementar, também,
os reprodutores.
A instalação recomendada para a criação de caprinos deve ser rústica e barata, desti-
nada ao abrigo e manejo.
Fonte: Shutterstock.
Nessa instalação, estão contidas as baias de cabras secas e em lactação, as baias das
crias, baias para recria, baias-maternidade, baias de reprodutores, farmácia e sala de
ração. Alguns proprietários optam por ter a sala de ordenha dentro do capril.
• cabritos desmamados.
• sistemas de integração; e
Ceratoconjuntivite
Causada por bactéria altamente contagiosa que pode levar os animais à cegueira
permanente.
Clostridioses
Provocadas por bactérias que penetram nos animais através de cortes, injeções,
respiração, enquanto comem ou bebem.
Ectima contagioso
Causada por vírus que podem se alojar no nariz, nos tetos e na boca, o que dificulta
a alimentação.
Mastite
As piores são causadas por bactérias e, nos casos severos, podem levar o animal à
morte ou perda do teto afetado.
Podridão do casco
Verminoses
Quando acometidos pelos vermes, os caprinos se tornam fracos, magros, com pelos
arrepiados, apresentam diarreia, edema submandibular (papada) e anemia.
Para controlar a verminose, deve-se, além de usar de vermífugo, adotar medidas au-
xiliares, tais como:
• descontaminar a pastagem;
Comentários do autor
A vermifugação estratégica é feita nas ovelhas no terço final de
gestação, logo após o parto e no desmame (mãe e filho).
Estamos chegando ao fim deste tópico. Mas, antes de encerrá-lo, que tal fixar seus
conhecimentos com a atividade a seguir?
Atividade de aprendizagem
1. As instalações compõem um tópico de destaque na criação de caprinos, em vista
de apresentarem comportamento mais ativo do que outros ruminantes. Em relação
às instalações, assinale a alternativa correta.
b) O capril deve conter baias e divisões para todas as categorias animais do rebanho,
além de salas de apoio (escritórios, farmácia, sala de ração etc.)
Encerramento do tema
As informações referentes ao manejo de bovinos, caprinos e ovinos com vistas à pro-
dução de carne e de leite foram abordadas no Tema 13. Também foram estudadas
questões básicas sobre o bem-estar desses animais. O manejo geral desses rebanhos
é primordial para alcançar a expressão do potencial produtivo dessas espécies. Dessa
forma, você agora é capaz de propor e executar práticas de manejo racionais para fa-
vorecer a obtenção de bons resultados.
Capacidades técnicas
Ao fim deste tema, você terá desenvolvido a seguinte capacidade:
Manejo sustentável
A utilização das ferramentas de AP permite o uso racional de
defensivos agrícolas e fertilizantes, o que reduz os impactos
ambientais decorrentes da atividade agrícola.
Ação no campo
No caso das áreas de grãos e cana-de-açúcar, por exemplo, em
uma abordagem bastante simples, são retiradas amostras de
solo de forma sistemática. Após as análises, são gerados ma-
pas de aplicação de fertilizantes ou corretivos. O processo todo
leva menos de 20 dias, e as soluções podem ser implementadas
rapidamente.
1.2 Custo-benefício
Como dito, a AP é uma ferramenta de gestão que busca otimizar gastos. Mas, para
isso, é necessário utilizar as ferramentas adequadas para o melhor aproveitamento
dos recursos. Algumas delas, como os aplicativos, são gratuitas, mas a maioria tem
um custo associado. Assim, é preciso uma boa análise da propriedade e das finanças.
Somente uma avaliação eficiente vai trazer a segurança necessária para a utilização
das ferramentas de AP mais adequadas à propriedade e à lavoura.
Entre as várias ferramentas que podem ser utilizadas na produção animal, destacam-se:
• ferramentas de gerenciamento;
• microeletrônica;
• drones; e
Fonte: Shutterstock.
O rendimento das culturas sempre foi uma preocupação dos produtores e um dos princi-
pais fatores estudados pelos pesquisadores. Hoje, há diversas técnicas e equipamentos
disponíveis para esse propósito, como o monitoramento e o mapeamento da produção
de colhedoras automotrizes.
Os mapas são gerados a partir de modelos espaciais. A importância do uso deles está
em permitir que as aplicações sejam planejadas antes da execução no campo.
Comentários do autor
Na AP, você pode se deparar, ainda, com conceito de geoes-
tatística. Trata-se de uma ferramenta que utiliza variáveis re-
gionalizadas para avaliar a variabilidade espacial por meio da
extração e da organização dos dados disponíveis de acordo com
a semelhança entre pontos vizinhos georreferenciados.
Nos anos 2000, um sistema embarcado com GPS, ou um computador que pudesse fazer
processamento de imagens e mapas, era considerado sofisticado. A falta de máquinas
e o custo delas no Brasil eram apontados como o maior obstáculo para o desenvolvi-
mento da AP.
Planeja-se a
Processam-se
amostragem Coleta-se
Faz-se a análise os dados para
sistemática a amostra
no laboratório gerar os mapas
de solo (em no campo
de aplicação
grade ou grid)
Tudo isso não leva mais do que 15 dias. Essa agilidade satisfaz o produtor, que normal-
mente busca economia de insumos.
Comentários do autor
Uma maior quantidade de dados implica mais informações e,
consequentemente, se obtém um melhor diagnóstico referente
à variabilidade presente na área. Dessa forma, dados de produ-
tividade expressos por mapas são fundamentais, pois, a partir
deles, pode-se estudar a relação entre causas e efeitos.
A interpretação e a explicação dos fatos são as tarefas mais complexas, em que devem
ser identificados os fatores que podem estar causando as baixas produtividades onde
elas se manifestarem.
Outra grande diferença entre as estratégias de aplicação da tecnologia pode ser quanto
aos objetivos do usuário. Pode-se buscar o aumento da produtividade ou a redução
do consumo de insumos, por exemplo. Cada uma dessas visões tem muitos desdobra-
mentos e compromissos.
Para refletir
Em lavouras de grãos, por exemplo, o plantio direto é uma opção
devido à economia de insumos, especialmente em anos em que
os preços dos produtos estão baixos. Já um produtor de café,
que trabalha com cultura de valor agregado significativamente
maior, normalmente não deve focar na redução de consumo de
insumos, mas sim na busca pelo aumento de produtividade e
de qualidade do produto dentro dos limites econômicos. Ambos
podem utilizar a AP para auxiliar a tomada de decisão.
Já a busca por maiores produtividades, com o uso da AP, implica estratégias mais elabo-
radas, normalmente associadas àqueles usuários de maior porte, em lavouras comerciais
que investiram mais em dados e conhecimento e dispõem de mapas de produtividade.
O uso da condutividade elétrica aparente (CEa) do solo tem sido importante para os
trabalhos de AP. Suas facilidades, simplicidade e praticidade levam à economia de tempo
e custo para tomar decisões sobre áreas de manejo e variabilidade espacial das áreas
de estudos.
Com o SR, pode-se obter uma análise detalhada sobre a cobertura vegetal, o tipo de
solo, a topografia e as áreas que sofrem com erosão ou patógenos. Entre os pontos
identificáveis e que auxiliam a melhorar a produção, destacam-se:
• a estimativa de área plantada;
O SR usa sensores que têm como princípio básico a geração de dados por meio da
detecção da energia eletromagnética refletida por uma superfície, de forma direta ou
indireta. Eles estão divididos da seguinte forma:
Mapas de produtividade são a representação mais fiel da resposta da cultura, pois in-
formam a produtividade efetiva em cada pequena porção da lavoura, por meio do uso
de sensores acoplados às máquinas. As informações de produtividade de cada área são
especializadas para auxiliar a investigação da variabilidade apresentada e melhoram o
entendimento das relações de causa e efeito de zonas de alta ou baixa produtividade.
Fonte: Shutterstock.
Até aqui, você viu alguns exemplos de como os mapas podem auxiliar a gestão do sis-
tema agrícola. O mapa da colheita é a informação mais completa para se visualizar a
variabilidade espacial das lavouras. Várias outras ferramentas têm sido propostas para
identificar as manchas existentes em um talhão, como fotografias aéreas, imagens de
satélite e videografia. Todas têm seu potencial, porém, o mapa de produtividade mate-
rializa a resposta da cultura com a maior exatidão possível, consideradas as tecnologias
existentes para sua mensuração.
Na figura a seguir, você pode observar um mapa de produtividade gerado a partir dos
dados obtidos pelo monitor. Trata-se de um conjunto de pontos no qual cada um re-
presenta uma pequena área delimitada pela largura da plataforma da colhedora, com
intervalos de dois a três segundos.
Comentários do autor
Novas tecnologias ainda serão desenvolvidas, mas um dos pró-
ximos passos é a integração entre as máquinas agrícolas e os
sistemas de informação. Os formatos de dados de cada fabricante
ainda não são compatíveis entre si, o que dificulta a comunicação
e um fluxo mais dinâmico. Para saber mais sobre essa evolução,
informe-se sobre o Isobus – uma grande promessa!
Atividade de aprendizagem
1. A agropecuária é um ramo da economia com notável uso de tecnologias. Sobre a
temática, identifique a alternativa correta.
a) O uso de tecnologia no campo prejudica a proteção ambiental, uma vez que a apli-
cação de insumos acontece de forma indiscriminada.
b) A agricultura de precisão diz respeito às técnicas e aos métodos que buscam tornar
mais dispendioso e lento o manejo no campo com uso de tecnologia.
Lembre-se de que a prática associada à teoria é uma das melhores formas de aprender.
Tenha curiosidade e atualize-se constantemente sobre o setor. Assim, você será capaz
de atuar nessa atividade tão gratificante que é a agropecuária.
ANPOVINOS; SEBRAE – SP. Manual de boas práticas para ovinos dec. São José do Rio
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VARENNES, A. Produtividade dos solos e ambiente. 1. ed. Lisboa: Escolar Editora, 2003.
Tópico 2
Tópico 3
Tópico 3
Tópico 4
Tópico 6
1) Das plantas listadas, são dicotiledôneas (D): feijão, laranja, soja e mamona. Já as
monocotiledôneas (M) são: milho, alho e sorgo.
Tópico 2
Tópico 3
Tópico 2
1) As duas espécies de café mais cultivadas são a Coffea arabica (café Arábica) e a
Coffea canephora (café Robusta).
Tópico 3
Tópico 4
Tópico 5
Tópico 6
Tópico 8
Tópico 3
O produtor pode, ainda, utilizar o sistema de compost barn, que favorece a produção
e o bem-estar dos animais.
Tópico 2
1) A alternativa correta é a A. Os alimentos volumosos são aqueles que têm baixo teor
energético e altos teores de fibra ou de água. Têm menos de 60% de nutrientes
digestíveis totais (NDT) e/ou mais de 18% de fibra bruta (FB) e podem ser divididos
em secos e úmidos.
Milho: 9% 11,15
21
2) Para formular a ração com 76% de NDT, com milho (80% de NDT) e farelo de soja
(72% de NDT), devemos efetuar o seguinte cálculo:
Milho: 80% 4
76
Partes totais 8
Tópico 4
1) A alternativa correta é a A. Apenas as raças Holandesa, Gir e Sindi têm como aptidão
a produção de leite. As raças Senepol, Guzerá, Nelore, Angus, Simental e Wagyu
têm como principal aptidão a produção de carne.
Tópico 2
Tópico 3
Tópico 4
Tópico 5
Tópico 6
Tópico 3
Tópico 2
Tópico 3
Tópico 4
ETEC.SENAR.ORG.BR
SENAR.ORG.BR